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PROVA NP2_HOMEM E SOCIEDADE_RESUMO PARA ESTUDO_Maio2022

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MATÉRIA: HOMEM E SOCIEDADE
UNIDADE I – SER HUMANO, CULTURA E SOCIEDADE
	A RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
	· Cada indivíduo é produto do meio ou produto de herança genética? As ciências humanas procuram enfatizar a importância do meio social como modelador das capacidades inatas, que podem ou não ser desenvolvidas ao longo da vida de cada um. Nosso comportamento é resultado da combinação entre a influência de nossa cultura (Cultura), nossas capacidades inatas (Filogênese) e a história de vida pessoal (Ontogênese). A herança genética por si só não garante necessariamente a tendência aos indivíduos de desenvolverem hábitos e característica tão marcantes (ser um gênio, um herói, um criminoso etc.). Para a antropologia, a experiência estimulada e garantida pelo meio social pode ser muito mais determinante do que qualquer característica inata. 
· Como individuo, cada um de nós passa a vida sendo influenciado e influenciando a sociedade. Uma sociedade que cria condições favoráveis, para permitir que um número cada vez maior de indivíduos possa desenvolver plenamente suas potencialidades, se tornará uma sociedade melhor. Portanto, consideramos “individuo“ e “sociedade” aspectos inseparáveis para falarmos de seres humanos. 
	A INFLUÊNCIA DA NATUREZA SOBRE A CULTURA
	· Elementos naturais podem influenciar, mas nunca serão os únicos fatores a determinar o comportamento de um povo. A Antropologia preocupa-se em demonstrar a importância da cultura e minimizar coisas como nossas características físicas ou o clima e a geografia do lugar em que nascemos. Roque de Barros Laraia, antropólogo, discorda das teses deterministas e argumenta que mesmo em ambientes muito semelhantes, mas distantes geograficamente, os grupos humanos desenvolvem hábitos muito diferentes (exemplo: em locais muito frio, os lapões constroem casas com peles de ovelha, enquanto em outra parte do mundo, igualmente frio, os esquimós constroem os Iglus). Ou seja, a cultura não é uma mera herança “natural” e a espécie humana é mais complexa do que a combinação de genes e clima.
· O comportamento cultural é um conjunto complexo de conhecimentos desenvolvidos ao longo de gerações, como necessidades, crenças, valores e ética de vida coletiva, entre outras coisas. O julgamento sem conhecimento de causa se chama preconceito. 
· O ser humano depende da cultura para realizar suas capacidades inatas, como inteligência e comunicação. Apesar de nascermos com algumas características inatas, ao longo de nossas vidas, as oportunidades sociais para desenvolvê-las serão extremamente importantes. A Antropologia recusa as teses deterministas, pois afirma que somos seres complexos e nossa espécie é resultado de influências biopsicossociais. Ou seja, apenas o componente biológico ou apenas o psicológico ou apenas o social, não determinam nada. A interferência dos 3 aspectos é que produz o ser humano. 
	O SURGIMENTO DA CULTURA
	· Cultura: voltar às origens da cultura é também voltar à origem da humanidade. Ter costumes e hábitos aprendidos é um comportamento relacionado com a nossa sobrevivência e evolução enquanto espécie. A biologia e a cultura modelaram nossos ancestrais. 
	A TEORIA DA EVOLUÇÃO 
(Charles Darwin – XIX)
	Biologia, cultura, evolução, adaptação, troca, reciprocidade, Sociedade
· Cada ser vivo, para chegar até hoje, passou por sucessivas e pequenas transformações que possibilitaram sua sobrevivência (adaptação ao meio) e sobrevivência por mais tempo de indivíduos mais aptos a sobreviver (seleção natural). Essas mudanças ocorrem em conjuntos em populações, então é necessário considerar cada uma delas como grupo e não apenas as características individuais. Certo?
· Quais são as espécies que conseguem se adaptar? São as que possuem alguns indivíduos de seu grupo dotados de características tais que permitem sobreviver e gerar uma prole, que dá continuidade a essas características. Falar em evolução e adaptação nem sempre significa dizer que sobrevivem os mais fortes. Muitas vezes são outras as habilidades exigidas para a sobrevivência (ex.: enxergar no escuro, voar mais alto, mais baixo). 
· A necessidade de agir de forma cada vez mais humana (distante dos macacos) afeta a seleção natural, acentuando o ritmo evolutivo. 
	O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS - Uma espécie que trabalha
	· O homem descendo do macaco. Essa foi a afirmação polêmica de Darwin na segunda metade do Sec. XIX e que dividiu opiniões na sociedade moderna. Teoria esta que encontrou como opositor uma prática muito mais antiga que a teoria da evolução: a religião, que traz que a criação da vida é atribuída a um “ser criador”. 
· A ciência não reconhece como possível a existência de seres superiores que tenham dado origem à vida e muito menos que entende que o ser humano é uma espécie “privilegiada” ou “superior”. Nossa espécie surgiu devido à mudanças biológicas e ao surgimento da cultura (aumento da caixa craniana, postura ereta e o surgimento do polegar opositor, permitindo o movimento de pinça). É a partir dessas 3 mudanças básicas que desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes, como a capacidade da fala ou a fabricação de instrumentos para a nossa sobrevivência. 
· Mas essas características não teriam surgido se não fosse pela presença de um tipo de comportamento que ajudou a modelar o corpo de nossos ancestrais, que é o comportamento baseado na cultura. Ou seja, a necessidade de comunicação, cooperação e divisão de tarefas facilitou o desenvolvimento dessas características biológicas. É o resultado do conjunto de características biológicas e características culturais. 
· Hoje sabemos que nossa cultura foi determinante para modelar nossas características biológicas ao longo do tempo. 
· A evolução humana ou antropogênese é a origem da evolução do Homo Sapiens como espécie distinta de outros hominídeos. 
	PERÍODO NEOLÍTICO
	· A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa evolução, durante o qual o ser humano desenvolveu técnicas determinantes para a história da espécie: a agricultura e a domesticação de animais, que significaram a garantia de alimentação dos grupos humanos. 
· Essas mudanças no estilo de vida permitiram o sedentarismo; nosso ancestral começou a construir abrigo e povoados (o que colaborou com o crescimento demográfico). 
· É nesse momento que o ser humano começa a trabalhar e não mais viver da caça/coleta.
· A introdução do trabalho estabeleceu: divisão de tarefas; cooperação com o grupo, especialização. 
· Começa-se então a produzir mais que o necessário para a sobrevivência, permitindo as trocas entre as comunidades humanas e surge, então, a produção de excedentes. 
· Essas características permitiram que cada um de nós realize um tipo de tarefa. A capacidade de dividir tarefas, cooperar e se especializar permite atingir objetivos com resultados mais efetivos e possibilita um conjunto social com melhor qualidade de vida. 
· Importante: surge a organização social baseada na sociedade e através da comunicação, o surgimento da escrita. 
· Humanidade: é a soma de características que unem habilidades físicas, comportamento coletivo e valores de ética de mundo, e, enfim, a história de uma espécie. Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se não tivéssemos desenvolvido um tipo de comportamento baseado em regras de convivência social. Foram nossas capacidades de organização e comunicação que definiram tal resultado, afastando nossa espécie do comportamento instintivo. 
	A CULTURA DO HOMEM – uma espécie que troca e se organiza
	· O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss defende que a proibição do incesto foi a primeira atitude cultural” do ser humano, e que permitiu uma mudança fundamental no comportamento do animal humano: as trocas. 
· Quando vamos à compras, trocamos dinheiro (valor) por mercadorias; essa é uma das muitas formas de troca. Mas, o mundo do mercado e dos negócios só passou a existir a partir do momento em que o ser humano, em sua evolução, começou a praticar essetipo de atitude como algo rotineiro, que só foi possível com a lógica das trocas. Outra forma de troca é a “troca simbólica”, que é quando damos algo e recebemos amizade, carinho. 
· As trocas foram determinantes na evolução de nossa espécie, que até então viviam como “bandos”, que tem como característica o fato de ser uma coletividade, um ajuntamento sem grande organização e carente de laços que o torne definitivo. Nesse período de bandos, não existia mercado, e muito menos troca, o que dificultava imensamente a sobrevivência, pois cada bando deveria assegurar apenas com seus recursos o abrigo e alimentos para todos. Houve então a evolução do comportamento para uma nova forma de organização coletiva, orientada pela cultura. . 
· A proibição do incesto indica que em determinado momento da nossa evolução começou a existir a noção de família e parentesco. Assim, os bandos eram obrigados a “trocar mulheres” com outros bandos (questão de sobrevivência, pois sem a presença das mulheres nas trocas não haveria descendentes). Serem trocadas implicava que os homens criariam laços de parentesco com outro banco. Elas passam a ser o que há de maior valor para a sociedade. 
· Trocando mulheres e formando grupos de parentesco, os bandos foram se transformando em sociedade, organizando melhor a produção e a distribuição de alimentos e recursos. 
· É a regra da reciprocidade, característica de nosso comportamento, que orienta nossa conduta para recompensar quem nos presenteia. Portanto, a ideia da troca traz consigo a ideia de reciprocidade.
· A noção de valor não é um dado objetivo: é cultural, histórica, subjetiva e contextual. 
· A troca de mulheres proporcionou uma mudança histórica para a Humanidade. Os laços de reciprocidade entre pessoas antes estranhas, que através do casamento se tornam solidários por toda a sua vida. Isso é o parentesco – grupo social solidário que garante aos seus membros não quebrar o “contrato” de reciprocidade por qualquer desavença ou desacordo. Podemos abandonar um sócio ou amigo, mas é muito raro e difícil abandonar um filho. 
· O ser humano depende do modelo encontrado no meio social como um reforço e uma rotinização de comportamentos. Muito mais que genes o meio social vai influenciar profundamente cada um de nós durante toda a vida. 
· Por que a proibição do incesto é importante para entender a cultura humana? O humano é a única espécie que tem como princípio em seu comportamento sexual/reprodutivo evitar contato com pessoas que são consideradas parentes. É uma regra universal. Mas essa proibição não atinge todas as culturas da mesma forma, pela simples razão de que a atribuição de parentesco não é universal. 
· Para haver sociedade humana, precisa haver parentesco e regras; para haver parentesco, precisa haver reciprocidade e troca; para haver mercado, emprego e produção de riqueza, é necessário reconhecer regras, a importância de trocas e contar com reciprocidade. Nada surge por acaso em nossa cultura. 
· Vivemos em sociedade porque somos capazes de nos organizar e seguir regras. Nossa organização e a obediência às regras são um recurso evolutivo que nos capacitou na luta pela sobrevivência. 
· Somos humanos com necessidades afetivas tanto quanto racionais. 
· A lógica das trocas está presente nas culturas humanas: trabalho, lazer, família. Sem organização não há sociedade e sem trocas não há humanidade. 
· IMPORTANTE: em cada esfera da vida social – família, trabalho, lazer, religião – podemos manifestar nossas características pessoas e nos realizar individualmente. 
· Sociabilidade: característica do que é sociável; prazer em levar vida em comum, inclinação a viver em companhia do outro; domínio e exercício das regras de boa convivência. 
	O SENSO COMUM E A CIÊNCIA ANTROPOLÓGICA EXPLICAM A CULTURA
	· A cultura determina hábitos e rotinas, conceitos e formas de encararmos o mundo. Cada povo desenvolve um conjunto diferente de formas de pensar e agir, e o resultado é que para uma mesma situação temos tantas soluções e julgamentos de acordo com quantas culturas existem. 
· A cultura explicada pelo Senso Comum: de acordo com o senso comum a cultura diferencia as pessoas: as que têm daquelas que não têm. 
· O conceito antropológico de cultura: para explicar a grande diferença de comportamento entre os nativos das Américas, Australia e África (outros povos) e os povos europeus, a Antropologia acabou se concentrando no conceito de cultura. 
· Atualmente, a ciência não estuda apenas as tribos ou pequenas comunidades distantes dos centros desenvolvidos, mas qualquer ambiente social. Isso ocorreu, pois ficou comprovado que a diversidade cultural não gira apenas em torno de “povos primitivos” e “povos civilizados”, mas está em toda parte onde haja contato entre dois povos que cultivam costumes e valores diferentes. 
· Em nossa história, com o início da chamada “globalização”, o contato entre pessoas e organizações com diferentes referenciais de mundo e diferentes culturas intensificou-se num ritmo frenético. Por isso, compreender o conceito científico de cultura é tão importante. 
· Cultura: Nas diferentes definições de cultura por vários autores, o que há em comum é a tentativa de abarcar todas as realizações humanas, representadas em dois níveis complementares que são as realizações materiais (todo o universo de coisas fabricadas pelo ser humano, de arados até ônibus espaciais) e as imateriais (nossas crenças, conhecimento, arte, ideias e todos os sentimentos). 
	O HOMEM COMO PRODUTO DO MUNDO MATERIAL
	· Aqueles que dão maior importância às nossas realizações materiais procuram ressaltar a nossa capacidade adaptativa, mostrando a cultura como sendo uma forma de solução da sobrevivência, em que grupo social, recursos e meio ambiente se combinam para determinar os hábitos de um povo. Aqui podemos dizer que cultura equivale a soluções práticas para a existência humana. 
	O HOMEM COMO PRODUTO DO MUNDO IMATERIAL
	· Outros autores entendem que a solução prática para a vida humana é uma consequência de outras capacidades, que muito mais do que nos fazer capazes de fabricar instrumentos, nos faz diferentes de todas as outras espécies existentes. São as capacidades de criar, planejar, prever, avaliar, imaginar, atribuir significado e modificar a natureza, não apenas por necessidade de sobrevivência, mas por necessidade de se sentir bem. A isso chamamos de simbolização. Para esses autores, cultura equivale à nossa incansável capacidade intelectiva de carregar o mundo de símbolos e seus significados. 
· Não somo apenas um “animal fabril”, somos um “animal simbólico”. 
	POR QUE É INCORRETO AFIRMAR QUE HÁ CULTURAS EVOLUIDAS E CULTURAS ATRASADAS?
	· Para afirmar isso, teríamos que escolher entre todas as culturas humanas, uma única que fosse tomada como medida e parâmetro para julgarmos todas as outras. E, cientificamente, isso não é possível. 
· É equivocado o fato de uma cultura tomar a outra como avançada ou atrasada. Ou seja, os que se assemelham mais à nossa cultura seriam considerados avançados; já aqueles que não se assemelham em nada com nossa cultura seriam julgados atrasados. Cientificamente, em termos de cultura, não dá pra se dizer que uma ou outra cultura é mais ou menos avançada. 
· Ao fazer julgamentos sobre a cultura, o senso comum não esclarece quais foram os critérios morais ou da ordem da razão e que orientaram as conclusões. 
	EVOLUCIONISMO SOCIAL OU DARWINISMO SOCIAL
	· A ANTROPOLOGIA SOCIAL é uma das ciências da sociedade, voltada à compreensão do comportamento humano orientado pela cultura. 
· SOCIALIZAÇÃO: É o processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade. Para as Ciências Sociais, somos “animais culturais”, capazes de produzir conhecimento, mas dependentes do aprendizado social, que é a Socialização. Por meio da compreensão de conceitos como cultura, natureza e socialização é possível uma nova perspectiva do comportamento humano. Podemos concluir que, a Socialização compreende todas as formas de aprendizadoem sociedade. A cultura e os processos de socialização modelam nossa forma de perceber o mundo e agir em cada situação. 
· A comunicação, a cooperação, a capacidade de estabelecer regras de convívio coletivo foram ferramentas importantes para o desenvolvimento humano e tudo isso só foi possível uma vez que o comportamento humano, diferentemente de outras espécies que vivem coletivamente, foi orientado pela cultura ao invés do instinto. Nascemos com a capacidade da fala, porém esta de nada serviria se vazia de cultura (idiomas, dialetos, etc). 
· CULTURA: sua caracterização se dá pelo resultado de processos de aprendizagem. Cada cultura corresponde a um padrão diferente de realizar todas as coisas necessárias à vida social, e que consideramos “normal” todos fazerem. A cultura tem uma influência tão profunda em nossa forma de encarar o mundo que pensamos, durante a maior parte do tempo, que tudo é muito natural. 
	A COMUNICAÇÃO HUMANA É SIMBÓLICA
	· Comunicação - Símbolos: Ao se comunicar, o ser humano utiliza símbolos que significam algo para ele. Atribuir significado ao mundo é parte de um processo relacionado à cultura e nos auxilia nos processos de relacionamento humano. Para expressar a cultura, dependemos da utilização dos símbolos. 
· Interpretação: Língua, conceitos, valores, crenças, ideias, tudo o que faz parte da cultura humana, é baseado em símbolos, por meio de uma convenção social e isso faz com que seja possível a interpretação dos conteúdos comunicados. E esses significados variam de uma cultura para a outra. 
· O universo dos símbolos inclui todas as formas de comunicação humana e também nossa vida social. O símbolo é uma ferramenta humana para pensar e agir, e simbolizar nada mais é do que criar um símbolo para as convenções sociais. A capacidade de simbolizar é “inata” à nossa espécie.
· A linguagem, a escrita, a forma de associar datas a sentimentos e a eventos coletivos muda de uma cultura para a outra. Porém, vale lembrar que existem também os símbolos que são universais, na propagação da religião ou da ciência (ex.: os símbolos da química e da matemática são os mesmo para todo mundo). 
· Os símbolos representam coisas, ideias e pessoas que não estão presentes. Através deles, a Humanidade atribui, de forma sistemática, racional e estruturada, significados e sentidos às coisas do mundo. Portanto, tudo na comunicação é símbolo! 
· Simbolização: ato ou efeito de simbolizar; processo que procura expressar o raciocínio por meio de um sistema simbólico. 
· Na comunicação verbal precisamos de palavras, da nossa língua. Na comunicação não verbal, há todo um universo de símbolos que não dependem das palavras, como os sons sem palavras, os gestos e as cores.
· O repertório simbólico é o que nos orienta a compreender os sentidos da vida social em cada cultura. Os símbolos estão presentes em todas as nossas experiências sociais; precisamos deles para nos sentirmos parte de uma comunidade. O símbolo é a mais antiga forma de expressar a cultura de um povo. 
· Convenção social: a maior parte de nossa comunicação é composta de conteúdos que se tornaram convenção social. Serem membros da mesma cultura é uma garantia de que todos estejam interpretando de forma muito semelhante os conteúdos comunicados. 
· É muito comum que os símbolos quando utilizados num contexto diferente do original, sejam interpretados de formas completamente diferentes da convenção da cultura que lhe deu origem. 
UNIDADE II
CULTURA, CULTURAS – CIÊNCIA, RELAÇÕES HUMANAS, SÍMBOLOS E COMUNICAÇÃO
	AS RELAÇÕES HUMANAS DEPENDEM DE VALORES E REGRAS
	· Todos nós enfrentamos diariamente situações em que existe a necessidade de conhecermos e nos conformarmos com as regras. Outras vezes somos responsáveis por cria-las ou por zelar pela conduta de todos.
· Compreender como e por que a sociedade cria regras ou qual a sua importação em nossas relações sociais, cria habilidades de relacionamento com o grupo, provendo integração e bem-estar.
· As relações sociais em qualquer cultura são mediadas por valores, normas e regras. São elas que orientam o nosso comportamento e nos tornam menos individualistas e mais coletivistas. 
· Esse é o papel das regras sociais, que aprendemos repetitivamente até que se tornem hábitos. O que torna possível essa educação para agir de acordo com as regras de uma sociedade é a Socialização. 
· As regras não existem apenas no tratamento com os outros, elas fazem parte também de todo o universo cultural de forma a organizar a vida (Ex.: preparar alimentos, servir e comê-los, tomar banho, manter a higiene pessoal, arrumar a casa, vestir-se para um evento, se comportar no trabalho). Tudo em nossa cultura possui uma regra ou uma forma de normalizar o comportamento, que é transformada em hábito.
	PRINCIPAIS CONCEITOS
REGRAS, VALORES, NORMAS, HÁBITOS, SOCIALIZAÇÃO
	VALORES E REGRAS - Desenvolvimento
· O que nos torna humanos não é apenas a inteligência, mas o conjunto de nossas capacidades biológicas somados às nossas tendências de comportamento social. Para isso, é necessário entrar em uma lógica que pressupõe uma forma de controle do grupo sobre os indivíduos. Esse controle se dá por meio da aplicação das normas e valores. 
· Normas e valores são orientações para a conduta social e prevalecem em um grupo social. Valores são modelos de referência para a nossa moral, enquanto as normas garantem que nosso comportamento seja adequado ao do grupo. Na maior parte do tempo, certos valores prevalecem, mas, nem sempre concordamos com todos os valores e normas do grupo. 
· VALORES: são responsáveis por noções coletivas que possibilitam aos indivíduos considerar/julgar as atitudes dos outros como “boas” ou “ruins”, “justas” ou “injustas”, “desejáveis ou indesejáveis”. 
· NORMAS: nos ajudam a diferenciar entre condutas “próprias” ou “impróprias”. As regras são conjuntos de normas que regulam o nosso comportamento.
· REGRA: é aquilo que regula, dirige, rege; fórmula que indica o modo apropriado de falar, pensar e agir em determinados casos. Aquilo que se tem como obrigatório pela força da lei, dos costumes, etc. Existem diferentes universos de regras (regras sociais, regras de jogos, etc). 
· Quando uma regra é insistentemente repetida, ela se transforma em hábito. De certa forma, o jeito de tomar banho, comer, dormir e uma infinidade de coisas diárias que fazemos são regras. Transformamos algumas regras em hábitos e alguns hábitos em regras. Existem valores e regras muito gerais, que nos dão a noção de como agir em “qualquer situação”. 
· Há normas e regras que devem ser seguidas por todos os indivíduos de uma sociedade, e há aquelas que são aplicadas apenas a alguns grupos específicos (ex.: clubes, instituições religiosas, associações e partidos).
· É a partir de um modelo que os indivíduos e os grupos podem estabelecer concordância ou discordância com a totalidade da sociedade. A sociedade está o tempo todo debatendo sobre seus próprios valores, e a maior parte deles dificilmente é um consenso absoluto. O consenso, em relação aos valores, é obtido quando a grande maioria da sociedade concorda com alguma atitude e lhe atribui importância.
· As normas e valores precisam ser mantidos e, para isso, há uma espécie de “vigilância”. Existem vários níveis de vigilâncias que a sociedade cria para zelar pelo cumprimento dos valores e normas (Ex.: escolas, prefeituras, a polícia, as leis e jurisdição, além do Estado). O convívio social também é um nível / tipo de vigilância (os que não seguem as normas e os valores são repreendidos, e recebem um tipo de punição moral, psicológica. Muitas vezes o indivíduo abre mão de suas vontades em função do que os outros iriam falar ou pensar. 
· Aprendemos desde muito cedo a seguir as regras do “jogo social”. Para participar, aprendemos que é necessário seguir as regras, do contrário, o jogo não desenrola. Em grupos pequenas, a mudança de uma regra é mais rápida e efetiva. Já, para mobilizar toda a sociedade, o processo é bem mais lento, pois, podehaver um longo período de transição sem muito consenso em torno de determinado valor ou norma. 
· Mas, seguir regras, não aprisiona o indivíduo; trata-se de um atributo humano, em tudo a nossa cultura depende delas. Ex.: A linguagem falada/escrita é um conjunto de regras e não seria possível nos comunicarmos se não as seguíssemos. Então, a exemplo da linguagem, podemos dizer que tudo, mas tudo mesmo, em nossa cultura é uma aplicação de regras. Língua e cultura não existem separadamente. Pois, sem o desenvolvimento de uma língua, os indivíduos não se comunicariam e sem a cultura, a linguagem seria limitada às necessidades de nosso instinto. 
· Os sentimentos são inatos, mas forma que encontramos para expressá-los não são. Todos os sentimentos humanos recebem influência da cultura de um povo para que adquiram expressão (Ex.: casamento monogâmico na cultura Brasileira, desperta o sentimento de ciúmes; já em culturas poligâmicas, o ciúme não é um sentimento aflorado / presente na cultura. Esses são exemplos de como, ao longo da vida, a influência da cultura transforma em coisas naturais as regras que são sociais, ou seja, externas a cada um de nós. 
· Se os valores são um conjunto de ideias que um grupo social considera desejável no comportamento de seus indivíduos, as normas são as regras de conduta baseadas nesses valores. 
· O mesmo acontece no mundo do trabalho. Quando mudamos para um novo emprego, precisamos passar por um período de adaptação, e isso é uma forma de socialização. 
· As regras são a garantia do grupo social de que cada um de nós tome atitudes, a maior parte do tempo, de acordo com a convenção coletiva e não por impulsos pessoais. 
	AS MUDANÇAS DE REGRAS E VALORES
	· O conjunto de regras e valores de uma sociedade está em constante transformação. 
· Não é possível manter indefinidamente o mesmo conjunto de valores e regras, porque tudo em uma cultura se transforma com o tempo. Um exemplo muito claro são as mudanças que a tecnologia trouxe para as vidas das famílias, levando à mudança de hábitos. Os membros de uma família tendem a empregar cada vez mais tempo interagindo com aparelhos eletrônicos do que com os próprios familiares; o ritmo das relações face a face perdeu espaço na vida das pessoas. 
Segundo Laraia (2006), as mudanças podem resultar de dois fatores principais: internos e externos:
· Uma transformação de valores leva à outra, porque a cultura funciona em conjunto. As transformações são geradas a partir da vida coletiva de um povo, mesmo sem qualquer influência de eventos ou povos externos. O choque de gerações é um bom exemplo para perceber esse fenômeno. 
· Já as externas são mais repentinas e, normalmente, resultam do contato com uma cultura alheia. Um caso exemplar foi a chegada dos europeus ao continente americano. Para os povos nativos das Américas, os chamados indígenas, as transformações decorrentes do contato com culturas alheias foi um fato inegável. 
· Hoje há um intenso contato entre culturas do mundo todo, a ponto de tornar mais difícil para as pessoas leigas perceberem os impactos de uma cultura na outra (um mundo cada vez mais globalizado). Atualmente, não é tão nítida a influência, pois quase não existem mais povos isolados e as culturas passaram a ter cada vez mais valores que são mundiais, sendo o processo de influência perceptível apenas para os estudiosos das ciências sociais. 
· O importante em diferenciar essas fronteiras é compreendermos que fazemos parte de um processo de transformações que tendem a ampliar a consolidação de valores mundiais, mas que não impedem de haver regras e valores locais. Afinal de contas nossa vida cotidiana se faz, ainda, no convívio com o “nosso povo” e com o “nosso lugar”.
Como é que uma sociedade vivência a transformação de valores que são tão importantes para a maioria de seus membros? 
· A transformação do conjunto predominante de valores; valores estes em que, sempre há uma norma vigente que atravessa toda a sociedade. . 
· Toda transformação de valores acarreta consequências desagradáveis para algumas pessoas, porque há um controle social sobre nosso comportamento individual. Quando alguém age de forma considerada inadequada ou imoral, fica sujeito a punições de ordem pessoal, que acabam atingindo sua vida por meio da desmoralização pública, do isolamento ou mesmo da perseguição moral. Nesse momento torna-se claro quem são os conservadores (os que rejeitam), que defendem a manutenção da ordem e dos valores e quem são os inovadores (os que aceitam), que, apesar dos custos para sua vida pessoal, assumem consequências em nome das mudanças. 
· Como todo sistema, a cultura e os valores vigentes também têm dois níveis de existência, que são o ideal e o real. O ideal corresponde àquilo que as pessoas idealizam, portanto não é algo concreto, mas uma construção mental. 
· Já, o real corresponde à forma como as pessoas colocam em prática , de fato, os valores vigentes. Porém, o ideal é um, mas a prática é outra, como diz a frase: “na prática, a teoria é outra”. 
· Toda cultura sofre uma constante transformação, a cultura é algo vivo e dinâmico. Estar preparado para entender as mudanças de nossa época, e se posicionar como indivíduo capaz de construir uma opinião é um grande desafio. 
· Um bom caminho para saber se posicionar em relação às atitudes muito simples do cotidiano até questões que colocam em risco a ordem das coisas, é tentar ponderar os seguintes aspectos: 1) As mudanças / inovações beneficiam a quem e por quê? 2) As mudanças / inovações prejudicam a quem e por quê?. Assim podemos considerar, de forma mais justa, a necessidade ou não da defesa das inovações ou da manutenção da ordem. 
	CADA POVO UMA CULTURA, CADA CULTURA UMA SENTENÇA: A DIVERSIDADE CULTURAL
	Objetivo: Tentar compreender outra cultura é um exercício muito parecido com o de tentar compreender o outro, ou seja, alguém que pensa bem diferente de você. 
· Entrar em contato com diferentes perspectivas ou formas de reagir ao contato com as diferenças culturais, possibilita uma flexibilidade pessoal para compreender que, ao aceitar o ponto de vista do outro, pode-se enriquecer a visão de mundo pessoal, além de ampliar possibilidades de soluções criativas. 
· Existe uma tendência do senso comum em classificar as diferentes culturas em graus evolutivos – mais ou menos “atrasadas” ou “evoluídas”.
· Etnocentrismo, relativismo, diversidade cultura, alteridade, cultura evoluída x cultura primitiva, endoculturação, aculturação. 
· Diversidade cultural: ao formar uma coletividade, o ser humano desenvolve hábitos de convívio e soluções para a sua vida social que podem ser extremamente variados. A isso damos o nome de diversidade cultural. Nossas reações perante as diferenças de comportamento de um lugar para outro podem ser orientadas de duas formas: pelo etnocentrismo (rejeição do diferente) ou pelo relativismo cultural (aceitação do diferente). ´E muito importante exercitarmos nossa capacidade de relativizar as diferenças, considerando a perspectiva a partir da qual o “outro” vê o mundo. 
	A DIVERSIDADE CULTURAL
	· A cultura é construída socialmente (coletividade), e não herdada biologicamente. Isso faz com que em cada lugar e em cada época histórica, exista uma imensa diversidade de regras (diversidade cultural). Com isso, podemos considerar algumas consequências deste fato:
· O primeiro deles é que, em cada cultura o ser humano desenvolve respostas e soluções pra a sua vida em sociedade, tanto relacionadas às técnicas de sobrevivência e transformação da natureza, como nas regras de convívio social. 
· A outra consequência da diversidade cultural é que, quando colocadas em contato, as diferenças culturais suscitam reações que podem ir da simples admiração até o ódio mais violento. Quando essa reação ao diferente faz com que as pessoas julguem a sua própria cultura como sendo superior à outra, chamamos de Etnocentrismo. 
· ETNOCENTRISMO: é uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todosos outros são pensados e sentidos a partir dos nossos valores, nossos modelos e nossas definições do que é existência. É o mesmo que colocar a minha própria cultura no centro do mundo. O Etnocentrismo se torna um problema quando se apresenta como uma forma sistemática, repetitiva e inflexível de enfrentar a diferença. Ou pior ainda quando se torna tão radical que uma etnia deseja exterminar a outra simplesmente por não tolerar seus costumes e sua forma de encarar o mundo. 
· A diversidade cultural existe tanto de um povo para outro ou de uma nação para outra, como dentro de uma mesma cultura; cada variação entre as culturas, torna cada povo único, especial. 
· A nossa capacidade de nos relacionar com o “outro” é chamada de alteridade. 
· ALTERIDADE (ou Outridade): é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do “eu individual” só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro – a própria sociedade diferente do indivíduo).
· Quanto mais fechados em nosso universo cultural menos possibilidades temos de compreender a riqueza humana em criar diferentes perspectivas para uma mesma questão. 
Existe uma oposição ao Etnocentrismo: O relativismo cultural.
· RELATIVISMO CULTURAL: Quando somos capazes de avaliar a cultura alheia, sem utilizar o tempo todo a nossa própria cultura como parâmetro de comparação. O relativismo cultural faz parte da antropologia desde meados do Sec. XX, quando muitos pensadores passaram a defender que não era correto um cientista julgar algumas culturas como “evoluídas” ou “atrasadas” em relação às outras. O relativismo rompe com a noção de uma história e uma cultura únicas e comum a todos os povos, assumindo que cada povo tem a sua história particular, relativa às experiências que cada um viveu naquele tempo e espaço em que se inserem. Cada cultura é um sistema articulado e integrado, produto de um desenvolvimento histórico único, dinamizado pelas constantes interações entre os indivíduos e a sociedade. 
· RELATIVIZAR: é aceitar outras soluções de mundo, sem querer transpor de forma simples essa solução para um contexto onde ela não se encaixa. É ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou transformação. É olhar o mundo a partir do ponto de vista do outro.
· RELATIVIZAR é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores, bem ou mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferente. 
· Não podemos generalizar nossas comparações, não podemos julgar com preconceitos, ou seja, antes é necessário conhecer e ponderar as implicações e aspectos de cada traço de uma cultura, como sua tecnologia, seu conhecimento, seus hábitos, suas leis e suas crenças. Isso é relativizar; analisar cada aspecto de uma cultura de acordo com seu próprio contexto. Por isso, a antropologia nega a existência de uma hierarquia de culturas, que começaria com as mais “primitivas” ou “atrasadas” e iria até o topo das mais “avançadas” e “evoluídas”. Cada um evolui ao seu próprio modo! Nenhuma cultura é isoladamente perfeita, daí a riqueza da diversidade cultural, que consiste em mostrar diferentes pontos de vista para questões semelhantes. 
· INCLUSÃO: A diversidade deve ser tratada como um direito de expressão, como um patrimônio humano, e não como fonte de intolerância entre povos e pessoas. 
· Uma frase famosa de um cientista português, que nos dá sentido a essa discussão: “As pessoas têm o direito a serem iguais sempre que as diferenças as tornam inferiores; contudo, têm também o direito a serem diferentes sempre que a igualdade colocar em risco suas identidades” (Santos, 1997, pg122)
	CULTURA E VISÃO DE MUNDO
	· A cultura humana, em sua diversidade, não se expressa apenas através de diferentes formas de vestuário, culinária, hábitos cotidianos e rituais. Pois, é, sobretudo, através dos conceitos que aprendemos em nossa endoculturação que somos capazes de atribuir qualidades e significados à vida. 
· ENDOCULTURAÇÃO: refere-se ao processo de aprendizados dos valores e hábitos de nossa cultura, do lugar onde nascemos. É um processo em que, alguns valores, ideias, hábitos e crenças de nossa cultura são tão internalizados por cada indivíduo, que se tornam inconscientes, ou seja, o indivíduo nem percebe como algo foi aprendido, parece já fazer parte da natureza, ou personalidade. 
· Entre o mundo que nos rodeia e a nossa mente, existe uma espécie de “filtro” que nos possibilita conceituar, qualificar e dar sentido a tudo que nossa mente apreende. E cada ser humano interpreta de forma diferente o que vê, como entender fenômenos e situações, como julgar e conceituar tudo o que acontece à sua volta, e até mesmo em sua própria mente. 
· Existem métodos de conhecimento que podem chegar a uma maior objetividade, como a ciência ou a filosofia. Já o senso comum e as religiões não exigem objetividade, pois são formas de conhecimento atravessadas por valores muito próprios, dos quais não podem abrir mão. 
· Visão de mundo do senso comum: quando conversamos sobre o mundo baseados no senso comum, afirmamos aquilo que nossa cultura nos ensina ser verdadeiro, pois tudo é visto através de suas lentes. É a forma como as pessoas interpretam o mundo de acordo com seus valores e reagem de forma adequada ao seu grupo social. 
· Visão de mundo e religião: quando conversamos sobre o mundo baseados em uma religião, afirmamos aquilo que nossa Fé nos ensina ser verdadeiro.
· Visão de mundo e ciência ou filosofia: quando conversamos sobre o mundo baseados na ciência ou na filosofia, precisamos aceitar certas verdades, mesmo que não sejam adequadas à nossa moral, aos nossos princípios religiosos ou preconceitos.
· ACULTURAÇÃO: significa, literalmente, negar a cultura. Termo utilizado por muitos cientistas sociais para descrever fenômenos de perda de tradições, de referenciais próprios. Mas, muitos antropólogos entendem que não existe cultura totalmente pura, isolada ou que não aproveite traços e se deixe influenciar por outras. Nenhuma cultura cria sozinha, a não ser por isolamento, todo o conhecimento e técnicas do mundo. 
	7 DIFERENTES CULTURAS, CARACTERÍSTICAS HUMANAS UNIVERSAIS 
	Objetivo: Diferenciar o que é universal no comportamento humano e o que é particular. 
· Não somos apenas diversos. Somos uma espécie que compartilha características que nos assemelham, nos tornando iguais e não diferentes. Por isso, é importante entender os conceitos de “características universais”. Há elementos particulares às culturas humanas, mas também temos muitas coisas em comum, que são os elementos universais da humanidade. 
· CARACTERÍSTICAS UNIVERSAIS: são aquelas que não se alteram em função do contexto ou condição momentânea. Características particulares são aquelas que encontramos apenas em determinados contextos. 
Principais conceitos:
SIMBOLIZAÇÃO, ESTRUTURALISMO, PESQUISA DE CAMPO, DIVERSIDADE CULTURAL.
Diversidade cultural, relações humanas: A humanidade sempre convivei, se espantou e reagiu à diversidade cultural. 
· Para as Ciências Sociais, o ser humano é um animal cultural, ou seja, jamais será capaz de viver em sociedade sem produzir símbolos, interpretar ao seu modo o mundo que o rodeia e, assim, produzir uma cultura original. Alguns indivíduos adoram a Dues, outros a Alá e outros ainda que têm não um único, mas vários Deuses. Independente do nome ou da forma como ritualizamos essa fé, o que leva o ser humano a fixar um nome ou um ritual é a nossa capacidade totalmente idêntica para todas as culturas, de ter crenças. Assim, independente da forma, somos seres dotados da capacidade de acreditar em coisas que transcendem, que vão para além da matéria. Outro exemplo é a nossa capacidade de dividir socialmente as tarefas. Ou ainda, seja por escambo ou moeda, existe a nossa capacidade de avaliar trocas. 
· Apesar de vivermos de formas muito diferentesde um lugar para o outro, temos as mesmas necessidades, enquanto seres da mesma espécie. Nos organizamos coletivamente, criamos instituições capazes de resolver certos problemas, dividimos socialmente as tarefas, entre muitas outras coisas em comum. 
· Somos dotados das mesmas necessidades e capacidades, mas produzimos arranjos sociais bem originais e diferentes entre si. Essa perspectiva explicativa é conhecida como estruturalismo. 
· ESTRUTURALISMO: o homem em sua estrutura mental tem a capacidade (inata) de ter em comum com os homens uma estrutura mental comum, que os possibilita a capacidade de universalizar a cultura. Compartilhamos de uma estrutura mental que é universal, entretanto, nos expressamos de formas diferentes (Lévi-Strauss). Ele explica que a diversidade cultural é apenas a aparência, uma forma de expressão diferente, de uma estrutura mental que é universal à nossa espécie. 
	A PESQUISA DE CAMPO PRODUZ CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO
	· Todo o conhecimento antropológico e as novas formas de conceituar a diversidade cultural, que extrapolam imensamente o senso comum e a forma como nos relacionamos com as diferenças culturais, resultam de uma sistemática metodologia de pesquisa. 
· Pesquisa de campo (ou pesquisa de observação participante): para descrever, compreender e conceituar todo o universo cultural, o pesquisador permanece durante um longo período de tempo convivendo com a cultura que deseja conhecer, abandonando sua mera condição de “observador alheio”. O antropólogo faz um mergulho profundo na visão de mundo e no cotidiano do “outro” (método criado por B. Malinowski). Isso uma mudança profunda na forma de interpretar o mundo por parte do pesquisador, pois ele deixa de ver o mundo com suas lentes anteriores, e passa a ver o mundo através da perspectiva do outro. 
· Após esse período de permanência em um universo completamente estranho, o pesquisador se retira e coloca em avaliação tudo o que conseguiu registrar daquela cultura em seu “caderno de campo”. Capaz de refletir sobre essa determinada cultura de maneira mais imparcial, o pesquisador apresenta ao leitor uma nova forma de interpretar essa cultura, baseada nos princípios científicos de objetividade e experimentação. 
· Esse tipo de pesquisa é que apontou o etnocentrismo e criou o relativismo cultural. 
· O relativismo cultural teve um grande impulso durante o Sex. XX, sendo bastante criticado e debatido, porque, ...em1947. “um grupo de Antropólogos, liderado por Herkovits, é convidado pela ONU para escrever o relatório preparatório para à Carta dos Direitos Humanos (...)seus autores debatem entre a afirmação dos direitos e o horizonte relativista dos valores. O ocorrido, invalidaria a Declaração Universal dos Direitos Humanos e, e colocava os antropólogos que defendessem radicalmente o relativismo em uma fronteira moral complicada. Não se poderia julgar o infanticídio e a mutilação sexual das mulheres em nome do respeito à diversidade
· Não é a totalidade dos antropólogos que defende o relativismo interpretado dessa forma. “O relativismo cultural possui um mérito, ele inocula no pensamento uma sensibilidade pelo diverso. Isso não é pouco”. Atualmente, compreendemos melhor como podemos ter um contato mais equilibrado entre as diferentes nações. 
	GLOBALIZAÇÃO: QUEM SOMOS, QUEM SÃO ELES
	Objetivo: Conhecer as características das culturas atuais, considerando as novas tecnologias e os meios de comunicação interativos. Refletir sobre as novas formas de construção de identidades culturais que passam pelo mundo real-presencial e também pelo mundo virtual.
· Com o imenso desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, as culturas humanas se aproximam como nunca na história da humanidade. Aqui nos levaremos à uma reflexão de como a globalização afeta o processo de identidade cultural de todos nós. 
Principais conceitos:
Globalização, inclusão, exclusão, identidade cultural, desenraizamento, tradição
· A Globalização é um fenômeno que coloca em contato constante um número cada vez maior de povos e pessoas do mundo todo. Para a Globalização, contribuíram de forma decisiva a intensificação de atividades como o comércio exterior, a transnacionalização das grandes industriais e empresas, o turismo, a valorização de serviços como a gastronomia, a disseminação dos meios de comunicação de massa, ou, ainda, a valorização da escola como forma de educação no mundo todo. 
· Os grandes avanços nos meios de transporte e comunicação tiveram um papel fundamental para permitir ampliar imensamente as fronteiras comerciais entre os países, bem como estreitar suas relações culturais e políticas. 
· A Globalização, é um fenômeno que inclui aspectos econômicos, tecnológicos, culturais e políticos. E vem cada vez mais ganhando potencialidade com o desenvolvimento da tecnologia. 
· Entretanto, sabemos que essa circulação intensa de bens e ideias acaba impondo um certo modelo de cultura que é considerada “melhor” e “mais avançada”, em detrimento de outras consideradas “exóticas”, “atrasadas” ou “piores”. Atualmente, a língua universal, não por acaso, é o inglês, e o que se globalizou, sendo encontrado em cada esquina do mundo todo, foram as redes de sanduiches fast food, do tipo McDonald’s, e não o famoso pão de queijo mineiro ou o taco mexicano. Portanto, sabemos que o país dominante economicamente, se torna dominante também culturalmente. 
· O que há de novidade na globalização, quando falamos a respeito de diversidade cultural, é que agora, mais do que em qualquer outro momento histórico, temos a oportunidade de que as coisas comuns e costumes de culturas não dominantes, também sejam conhecidos globalmente. Procura-se na literatura especializada, tanto quanto na literatura tradicional desses outros povos, inspiração para planejar, solucionar, criar, relacionar ou reconstruir métodos e técnicas de trabalho, forma de nos relacionarmos uns com os outros, estruturas mentais que possibilitem novas soluções pessoais/coletivas. 
· Ao mesmo tempo em que admiramos e tomamos como exemplo certas condutas culturais ‘novas’, temos um conflito, pois também temos preconceito e não sabemos como enfrentar o diferente. Pensar, por exemplo, que não temos nada a aprender com os índios, por acreditarmos que esses povos são “primitivos” e “não têm nada” é um desses tipos de preconceitos. Trata-se de uma visão completamente equivocada. 
· A resposta da antropologia é simples. Essas são sociedades onde há hierarquia e divisão de tarefas, mas onde não há desigualdades sociais. As tribos são socialmente organizadas e possuem figuras como “Pajé”, “Cacique” ou “guerreiro”. Apesar dessa organização, não existe diferença econômica entre seus membros, eles formam o que chamamos de “sociedade planificada”, onde todos estão em um mesmo plano de recursos econômicos. Portanto, não existem classes sociais. As figuras acima mencionadas possuem o mesmo tipo de moradia e dispõem da mesma quantidade de alimentos que qualquer indivíduo de seu grupo. O fato de ocupar uma função de influência, não lhes dá a prerrogativa de maior conforto material, a não ser em ocasiões rituais. No caso das tribos, o poder de dominado sobre o dominante inexiste. Assim, o reconhecimento social da autoridade está baseado em coisas como a tradição, as habilidades pessoais demonstradas pelo individuo, a linhagem de seus ancestrais, etc. As tribos não são sociedades perfeitas, mas o fato de se organizarem sem criar grandes diferenciações sociais, gera um grupo no qual existe total ausência de fenômenos como: criminalidade, prostituição, trabalho infantil, violência urbana e onde são desnecessárias instituições como asilos, abrigos de menores e moradores de rua, manicômios, prisões etc. 
· O que temos a aprender com os índios? Eles conseguiram produzir uma sociedade em que existe respeito, liderança e organização, sem haver discriminação, autoritarismo e imposição e exclusão. 
· Concluindo, o ser humano pode produzir uma sociedade mais justa, se conseguir, por meiodo debate, da exposição de conteúdos culturais cada vez mais diversificados e da reflexão coletiva, chegar à soluções menos etnocêntricas e mais originais. A globalização pode nos oferecer ferramentas para esse tipo de conduta. Mais do que oferecer a cultura das culinárias exóticas e espetáculos artísticos tradicionais, isso pode ser aproveitado também, de forma a sensibilizar as pessoas a desenvolverem atitudes que respeitem a diversidade cultural, que agucem a a curiosidade de conhecimento dos outros povos. Afinal cultura é algo que está o tempo todo em transformação. 
 
	IDENTIDADE CULTURAL EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO
	· Com o fenômeno cultural que coloca num ritmo acelerado de contato um grande número de culturas, podemos nos questionar a respeito do processo de construção de identidades culturais. Ainda existe identidades próprias, ou somos um grande e flexível mercado global? 
· Na antropologia, os fenômenos culturais da globalização são denominados de “pós-modernidade”. Essa época está sendo caracterizada por um fenômeno original em relação às identidades culturais, pois, até a modernidade, antes da globalização, as culturas eram mais enraizadas, faziam parte da história de um povo e de um lugar. Agora, em tempos de Globalização e pós-modernidade, os símbolos de muitas culturas migram por meio do mercado, do turismo,, da aceleração do contato mundial. 
· Antes da globalização, as culturas rotuladas de “atrasadas” eram submetidas aos símbolos das culturas dominates, na tentativa de incorporar uma identidade de “avançados”, “evoluídos”. Os povos considerados “atrasados” tinham que, necessariamente, seguir as culturas mais avançadas. 
· Assim, havia uma “mão única” de influência cultural; era questão de estaus se parecer e se comportar como um europeu. Eles levaram seus símbolos e costumes para os países sob sua influência, e isso era considerado sinal de avanço, de progresso.
· Agora, a diferença é que esse tipo procedimento tem uma “mão dupla”. Em tempos de pós-modernidade, os europeus, os norte-americanos passam a utilizar, símbolos e costumes de culturas tradicionais, sem que isso pareça “atraso” ou “esquisitice”.
COMPARAÇÃO: 
ATÉ A MODERNIDADE, PRÉ GLOBALIZAÇÃO: 
APÓS A GLOBALIZAÇÃO, PÓS-MODERNIDADE: 
· Em tempos de globalização, todos os lugares estão se comunicando culturalmente e mutuamente, e os símbolos culturais flutuam livremente em lugares virtuais, como o mercado e os objetos de consumo e as comunicações não presenciais e interativas. Estamos vivendo, atualmente, fenômenos que ainda prometem uma infinidade de manifestações culturais, em função do desenraizamento simbólico. 
· Muitos autores veem no desenraizamento cultural uma ameaça às certezas humanas, que antes tinha seus territórios onde ficavam suas raízes. 
· A Globalização tem como um dos resultados mais importantes a intensa aproximação entre as diferentes culturas do mundo. Essa aproximação afeta a todos, tanto países mais desenvolvidos e dominantes desse processo, quanto países mais frágeis que precisam se adaptar à nova ordem mundial. 
· Surgem novas formas de identidade cultural, que são fortemente influenciadas pela diversidade e que exigem mentalidade baseada em novos valores mais inclusivos e democráticos.

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