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O Organismo Humano Imagem a cores de microscopia electrónica de varrimento (SEM [Scanning electron micrograph]) do peritoneu que recobre o fígado. Estas células achatadas têm muitas microvilosidades curtas, de aparência pilosa, e segregam um fluido lubrificante que protege o fígado da fricção à medida que este se move na cavidade abdominal. Está prestes a iniciar uma experiên- cia fantástica: o estudo da estrutura e funcionamento do corpo humano e o modo como estes são regulados por intrincados sistemas de controlo e equilíbrio. Por exemplo, pequenos aglo- merados de células implantadas no pân- creas afectam a captação e a utilização do açúcar do sangue pelo corpo. Comer um choco- late conduz a um aumento da glicemia, o que actua como um estímulo. Aqueles pequenos aglomerados de células respondem ao estí- mulo segregando insulina. A insulina é transportada na corrente sanguínea até às células onde intensifica a passagem do açúcar para o interior destas, forne- cendo-lhes uma fonte de energia e o teor de açúcar no sangue diminui. O conhecimento da estrutura e do funcionamento do corpo humano per- mite também compreender os estados de doença. Por exemplo, num dos tipos de diabetes mellitus as células do pâncreas não segregam quantidades ade- quadas de insulina. A entrada insuficiente de açúcar nas células priva-as da sua fonte de energia e interfere com o seu funcionamento. O conhecimento da estrutura e da função do corpo humano é essencial para todos aqueles que pretendem construir um percurso profissional no domí- nio das ciências da saúde. Também é importante para os todos os outros por- que os ajuda a compreender melhor a saúde e a doença, a avaliar os tratamen- tos recomendados e a adquirir um juízo crítico sobre artigos e produtos/trata- mentos publicitados. Este capítulo define anatomia e fisiologia (2). Também explica a organi- zação e estrutura funcional (5) do corpo e faz uma abordagem geral do organis- mo humano (5) e da homeostase (11). Finalmente neste capítulo é ainda apresentada a terminologia e planos do corpo humano (13). 1 C A P Í T U L O Pa rt e 1 O rg an iz aç ão d o Co rp o H um an o Parte 1 Organização do Corpo Humano2 Anatomia e Fisiologia Objectivo ■ Definir os termos anatomia e fisiologia e identificar as diferentes formas como podem ser estudados. Anatomia é a ciência que estuda a estrutura do corpo. Descreve, por exemplo, a forma e o tamanho dos ossos do corpo, bem como a relação entre a estrutura de uma parte do corpo e a sua função. Da mesma forma que um martelo apresenta a estrutura adequa- da para martelar pregos, a estrutura apresentada pelas diferentes partes do corpo permite-lhes desempenhar eficazmente funções específicas. Os ossos, por exemplo, proporcionam resistência e suporte, uma vez que as suas células estão rodeadas por uma substância dura e mineralizada. Compreender a relação entre a estrutura e a função facilita a compreensão e o apreço pela ana- tomia. A anatomia pode ser abordada a diferentes níveis. A ana- tomia do desenvolvimento estuda as alterações estruturais que ocorrem entre a concepção e a idade adulta. A embriologia, uma subespecialidade da anatomia do desenvolvimento, consi- dera as alterações desde a concepção até ao final da oitava sema- na de desenvolvimento. Muitas das malformações congénitas ocorrem durante o desenvolvimento embrionário. Algumas estruturas, tais como as células, são tão pequenas que o seu estudo requer a utilização de um microscópio. A citologia examina as características estruturais das células e a histologia estuda os tecidos (p. ex., células e material circun- dante). A anatomia geral ocupa-se do estudo das estruturas que podem ser observadas sem o auxílio do microscópio e pode ser abordada numa perspectiva descritiva ou topográfica. Na ana- tomia descritiva o corpo é estudado por sistemas e aparelhos e é esta a abordagem usada pela maior parte dos textos básicos. Um sistema ou aparelho é constituído por um grupo de estrutu- ras que tem uma ou mais funções em comum. São exemplos: o sistema cardiovascular, o sistema nervoso, o aparelho respirató- rio, o sistema ósseo e o sistema músculo-esquelético. Na anato- mia topográfica o corpo é estudado por áreas e é esta a aborda- gem mais habitual nas escolas de medicina. Em cada uma das regiões, tais como a cabeça, o abdómen ou o braço todos os sis- temas e aparelhos são estudados simultaneamente. A anatomia de superfície ocupa-se do estudo da forma externa do corpo e da sua relação com as estruturas internas. O esterno e porções das costelas podem ser vistos e palpados no tórax; estas estruturas podem ser usadas como referências para identificar as regiões do coração e os pontos do tórax em que se podem ouvir melhor os sons cardíacos. O uso de técnicas imagiológicas envolve a utilização de raios X, ultrassons, res- sonância magnética (RM), e outras tecnologias que fornecem imagens das estruturas internas. Quer a anatomia de superfície quer o uso de técnicas imagiológicas reúnem informação im- portante para o diagnóstico de uma doença. Anomalias Anatómicas Não existem dois seres humanos estruturalmente idênticos. Um indivíduo pode ter dedos mais compridos do que outro. Apesar desta variabilidade, a maior parte dos seres humanos exibe um padrão básico. Normalmente, os seres humanos possuem dez dedos da mão. As anomalias anatómicas são estruturas invulgares que diferem do padrão normal. Alguns indivíduos possuem doze dedos, por exemplo. Estas anomalias variam em gravidade, desde situações inócuas a situações em que existe perigo de vida, comprometendo a função normal. Por exemplo, cada rim é normalmente irrigado por um vaso sanguíneo, mas nalguns indivíduos o pode ser irrigado por dois. Em qualquer dos casos o rim recebe a quantidade de sangue adequada. Já quando certos vasos sanguíneos, originários do coração, não se encontram posicionados correctamente, o sangue não é bombeado eficientemente para os pulmões. Nestes casos, nasce uma “criança azul” (blue baby syndrome) uma vez que os seus tecidos não são oxigenados adequadamente. A Fisiologia é a ciência que estuda os processos ou fun- ções dos organismos vivos. Embora muitas vezes não seja óbvio, os seres vivos são estruturas dinâmicas em permanente alteração, nunca estáticas e imutáveis. Os principais objectivos da fisiolo- gia são compreender e prever as respostas do organismo aos di- ferentes estímulos e perceber de que forma o organismo man- tém certas condições, dentro de uma estreita amplitude de valo- res, num ambiente permanentemente em mudança. À semelhança da anatomia, a fisiologia pode ser abordada a diferentes níveis. A fisiologia celular, por exemplo, estuda os processos celulares e a fisiologia sistémica estuda as funções dos sistemas de órgãos. A neurofisiologia ocupa-se do sistema ner- voso e a fisiologia cardiovascular trata do estudo do coração e dos vasos sanguíneos. Frequentemente, a fisiologia estuda os sis- temas e não as suas regiões porque as diferentes partes de um sistema podem estar relacionadas com mais de uma região numa dada função. O estudo do corpo humano deve englobar a anatomia e fisiologia porque as estruturas, funções e processos estão inter- relacionados. A patologia é a ciência que se dedica ao estudo de todos os aspectos da doença, com ênfase na causa e desenvolvi- mento das condições anómalas, bem como das alterações estru- turais e funcionais resultantes da doença. A fisiologia do exer- cício tem por objecto o estudo das alterações na função e na estrutura provocadas pelo exercício. 1. Defina anatomia e fisiologia. Descreva os diferentes níveis em que cada uma pode ser estudada. 2. Defina fisiologia e fisiologia do exercício. 3Capítulo 1 O Organismo Humano Perspectiva Clínica Técnicas Imagiológicas em Anatomia A ciência médica foi revolucionadapela imagiologia anatómica. Foi estimado que os progressos na medicina clínica dos últimos 20 anos igualam todos os anteriores com- binados, tendo as técnicas de obtenção de imagem contribuído grandemente para tal. Estas técnicas permitem a observação do interior do corpo humano, com uma preci- são espantosa, evitando o risco e o trauma- tismo da cirurgia exploratória. Apesar de a maior parte destas técnicas ser muito recente, o conceito e as primeiras técnicas empregues são bastante antigas. Wilhelm Roentgen (1845-1923) foi o pri- meiro a usar raios X na medicina em 1895 para ver o interior do corpo humano. Foram denominados de raios X porque ninguém sabia o que eram. Esta radiação electromag- nética de pequeníssimo comprimento de onda (ver capítulo 2) atravessa o corpo e sen- sibiliza uma película fotográfica para dar ori- gem a uma radiografia. Os ossos e as subs- tâncias radiopacas absorvem os raios e criam áreas sub-expostas que aparecem brancas na película fotográfica (figura A). Já há muitos anos que a utilização dos raios X se tornou comum e com grande variedade de aplicações. Quase todos nós já fizemos uma radiografia, quer para visualizar um osso par- tido, quer para confirmar a existência de uma cárie. A principal limitação das radiografias é o facto de apenas produzirem uma imagem bidimensional (2D) do corpo, que é uma es- trutura tridimensional (3D). A ecografia é a segunda técnica mais anti- ga da imagiologia. Foi desenvolvida no início dos anos 50 como extensão da técnica de sonar usa- da na 2ª Grande Guerra e utiliza ondas sonoras de alta-frequência (ondas ultrassónicas). As ondas ultrassónicas são emitidas a partir de um transmissor-receptor colocado na pele, sobre a área a ser sondada. As ondas sonoras incidem sobre órgãos internos e são reflectidas para o receptor colocado na pele. Apesar de a tec- nologia de base ser bastante antiga, os avan- ços mais importantes ocorreram quando se tor- nou possível analisar por computador as ondas sonoras reflectidas. Uma vez analisado, em com- putador, o padrão das ondas sonoras a infor- mação é transferida para um monitor, onde o resultado é visualizado como uma imagem de ultrassons, denominada sonograma (Figura B). Um dos avanços mais recentes na tecnologia da ecografia é a capacidade de computadores mais avançados analisarem alterações de posição ao longo do tempo e mostrarem essas mudanças como movimentos “em tempo real”. Entre ou- tras utilizações médicas, a ecografia é vulgar- mente utilizada para avaliar o feto durante a gra- videz. A análise por computador é ainda o ponto de partida de outra grande inovação na obten- ção de imagens em anatomia. A tomografia computorizada desenvolvida em 1972 e ini- cialmente denominada tomografia axial computorizada (TAC) consiste em imagens de raios X analisadas por computador. Um tubo de raios X de baixa intensidade descreve um arco de 360 graus em torno do utente e as ima- gens vão sendo introduzidas no computador. O computador constrói então uma imagem de corte no ponto para onde foi dirigido o feixe de raios X (Figura C). Também é pos- sível, com alguns computadores, produzir várias imagens deste tipo a curtas distâncias e usá-las para produzir uma imagem tridi- mensional (3D) duma parte corpo humano (Figura D). Figura A Raios X Radiografia produzida por raios X que mostra uma imagem de perfil da cabeça e pescoço. Figura B Ecografia Sonograma produzido com ultrassons que mostra uma vista lateral da cabeça e mão de um feto dentro do útero. Figura C Tomografia axial computo- rizada Corte transversal do crânio ao nível dos olhos. Figura D Tomografia axial computorizada (TAC) Agrupamento de imagens produzidas por TAC. Continua Capítulo 1 O Organismo Humano Parte 1 Organização do Corpo Humano4 (Continuação) A reconstrução dinâmica espacial (DSR, Dynamic Spatial Reconstruction) é uma evo- lução da técnica referida anteriormente. Em vez de utilizar um único aparelho rotativo de raios X que regista cortes simples adicionan- do-os no final, esta técnica utiliza cerca de 30 tubos de raios X. As imagens obtidas são compiladas simultaneamente, produzindo rapidamente uma imagem 3D. Dada a velo- cidade do processo, podem ser compiladas imagens múltiplas para mostrar variações ao longo do tempo, dotando o sistema de um certo dinamismo. Este sistema permite-nos partir da observação de uma estrutura está- tica para a observação de uma estrutura di- nâmica e da sua função. A angiografia digital de subtracção ou ADS vai também além da tomografia com- putorizada. É obtida uma imagem tridi- mensional de um órgão como o cérebro, por exemplo, que fica armazenada num compu- tador. Após a injecção de uma substância radiopaca na circulação é produzida uma segunda imagem por raios X. A primeira é então subtraída à segunda, acentuando as diferenças, sendo a principal a presença da substância radiopaca (Figura E). Estas ima- gens por computador podem ser dinâmicas e podem ser usadas, por exemplo, para orien- tar um cateter numa artéria carótida durante uma angioplastia (i.e. a insuflação de um minúsculo balão numa artéria carótida para comprimir o material que causa obstrução da artéria). As imagens por ressonância magnética nuclear (RMN) são obtidas pela exposição de um indivíduo dentro de um campo electromag- nético a ondas de rádio directas. O campo mag- nético provoca um alinhamento dos protões de vários átomos (ver capítulo 2). Dada a elevada quantidade de água no corpo, o arranjo de protões dos átomos de hidrogénio é o aspecto mais importante neste sistema de imagem. On- das de rádio de certas frequências, que alteram o arranjo dos protões dos átomos de hidrogé- nio, são então dirigidas ao doente. Quando as ondas deixam de ser emitidas os átomos de hi- drogénio rearranjam-se de acordo com o cam- po magnético. O tempo que os átomos de hi- drogénio demoram a rearranjar-se é diferente para os vários tecidos do corpo. Estas diferen- ças podem ser analisadas por computador de forma a produzir cortes bem definidos de todo o corpo humano (figura F). Esta técnica é tam- bém bastante sensível na detecção de algumas formas de cancro e pode detectar um tumor mais facilmente que uma tomografia computorizada. As tomografias por emissão de positrões são capazes de identificar os estados metabóli- cos dos diversos tecidos. Esta técnica é particu- larmente útil na análise do cérebro. Quando as células se encontram activas utilizam energia fornecida pela decomposição da glicose (açú- car do sangue). Se um doente ingerir glicose marcada radioactivamente, as células activas consomem a glicose marcada. À medida que a radioactividade na glicose diminui são emiti- das partículas sub-atómicas positivas, deno- minadas positrões. Quando os positrões co- lidem com electrões as duas partículas des- troem-se, formando-se raios gama. Estes podem ser detectados marcando as células que se encontram metabolicamente activas (figura G). Sempre que o corpo humano se expõe a raios X, ultrassons, campos electromagné- ticos ou substâncias marcadas radioactiva- mente existe um risco potencial. Na aplica- ção médica dos sistemas de imagem, o ris- co deve ser pesado em função dos benefí- cios. Têm sido e continuam a ser feitos di- versos estudos para determinar as conse- quências de exposição de diagnóstico e te- rapêutica por raios X. O risco da utilização dos sistemas de ima- gem para o estudo da anatomia é minimizado pelo emprego das doses mínimas passíveis de fornecerem a informação necessária. É bem sabido, por exemplo, que os raios X podem causar lesões nas células, particular- mente nas células reprodutivas. Como resul- tado deste conhecimento, o número de raios X e o nível de exposição são mantidos no mí- nimo, o feixe é focado tanto quanto possível para evitar dispersão, as áreas do corpo que nãosão radiografadas são protegidas bem como os técnicos que trabalham com raios X. Não são conhecidos riscos de utilização de ultrassons e de radiações electromagnéticas nos níveis usados para diagnóstico. Figura E Angiografia digital de subtracção Mostra os principais vasos sanguíneos que irrigam a cabeça e os membros superiores. Figura F Ressonância magnética nuclear (RMN) Apresenta uma imagem de perfil (corte sagital) da cabeça e pescoço. Figura G Tomografia por emissão de positrões Apresenta um corte transversal do crânio. O nível mais elevado da actividade cerebral está representado a vermelho e níveis mais baixos representados a amarelo, verde e azul respecti- vamente. Capítulo 1 O Organismo Humano 5 Organização e Estrutura Funcional Objectivos ■ Descrever e dar exemplos dos diferentes níveis da organiza- ção do corpo. ■ Enumerar e enunciar as funções dos onze sistemas e aparelhos de órgãos do corpo. O corpo humano pode, teoricamente, ser estudado em seis ní- veis estruturais: químico, celular, tecidos, órgãos, sistemas de ór- gãos e organismo na totalidade (figura 1.1). 1. Nível químico. O nível químico da organização envolve interacções entre os átomos, pequenas partículas consti- tuintes de matéria. Os átomos podem combinar-se para formar moléculas tais como água, açúcar, gorduras e proteínas. A função de uma molécula encontra-se intima- mente ligada à sua estrutura. Por exemplo, as moléculas de colagénio são fibras resistentes que fornecem à pele estrutu- ra e flexibilidade. Com a idade, a estrutura do colagénio altera-se e a pele torna-se mais frágil, formando-se soluções de continuidade mais facilmente. No capítulo 2 é feita uma breve revisão de conceitos de química. 2. Nível celular. As células constituem a unidade básica da vida em plantas e animais. As moléculas podem combi- nar-se para formar organelos, pequenas estruturas que constituem as células. A membrana plasmática forma a fronteira externa da célula e o núcleo contém toda a informação hereditária da célula. Embora os tipos de células variem na sua estrutura e função, apresentam muitas características em comum. O conhecimento dessas características e das suas variações é essencial à compreensão básica da anatomia e da fisiologia. A célula é abordada no capítulo 3. 3. Nível dos tecidos. Um tecido é constituído por um grupo de células semelhantes e pelas substâncias que as ro- deiam. As características das células e das substâncias que as rodeiam determinam as funções do tecido. Os muitos tecidos que constituem o nosso corpo são classificados em quatro tipos principais: epitelial, conjuntivo, muscu- lar e nervoso. Os tecidos são abordados no capítulo 4. 4. Nível dos órgãos. Um órgão é composto por dois ou mais tipos de tecidos que desempenham uma ou mais funções em comum. A bexiga, o coração, a pele e o olho são exemplos de órgãos (figura 1.2). 5. Nível do sistema orgânico. Um sistema orgânico é um grupo de órgãos considerado como uma unidade, já que apresenta uma função, ou conjunto de funções, comum. O aparelho urinário, por exemplo, é constituído por rins, uréter, bexiga e uretra. Os rins produzem a urina que é transportada pelos ureteres até à bexiga, onde é armaze- nada e depois eliminada do corpo através da uretra. Neste livro considera-se que o corpo humano possui 11 siste- mas e aparelhos principais: tegumentar, ósseo, muscular, nervoso, endócrino, cardiovascular, linfático, respiratório, digestivo, urinário e reprodutor. A figura 1.3 apresenta um resumo dos aparelhos e sistemas de órgãos e das suas funções. 6. Nível do organismo global. Um organismo é qualquer ente vivo considerado como um todo, quer seja constituí- do por uma só célula como uma bactéria, quer tenha triliões de células como o ser humano. O organismo humano é um complexo sistema de órgãos interdependentes. 3. Enumere e defina, do mais pequeno para o maior, os seis níveis segundo os quais o corpo pode ser teoricamente conceptualizado. 4. Quais são os quatro principais tipos de tecidos? 5. Quais são os dois sistemas de órgãos responsáveis pela regulação dos demais? Quais são os dois responsáveis pelo suporte e movimento? 6. Quais são as funções dos sistemas e aparelhos tegumentar, cardiovascular, linfático, respiratório, digestivo, urinário e reprodutor? E X E R C Í C I O Um dos tipos de diabetes é uma doença em que o pâncreas (um órgão) não consegue produzir insulina, uma substância química produzida normalmente pelas células pancreáticas e libertada na circulação sanguínea. Enumere todos os níveis de organização a que esta doença pode ser combatida. O Organismo Humano Objectivo ■ Enumerar as seis características de vida e dar exemplos de como se aplicam ao organismo humano. Características da Vida Os seres humanos são organismos vivos e têm muitas coisas em comum com outros organismos. A característica comum a todos os organismos mais importante é a vida. As caracte- rísticas essenciais da vida são a organização, o metabolismo, a capacidade de resposta, o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução. Entende-se por organização a situação na qual as par- tes de um organismo têm relações específicas umas com as outras e interagem para executar funções específicas. Os se- res vivos são altamente organizados. Todos os organismos vivos são constituídos por uma ou mais células que por sua vez são compostas por organelos altamente especializados que dependem da organização precisa das macromoléculas. A ruptura deste estado de organização pode resultar na perda de função e na morte. O metabolismo é o conjunto de reacções químicas que ocorrem num organismo. Inclui a capacidade de desdobrar mo- léculas alimentares, que são usadas como fonte de energia e ma- térias-primas para sintetizar as moléculas do próprio organis- mo. A energia é também usada quando uma parte duma molé- cula se move relativamente a outra, originando uma alteração na conformação dessa mesma molécula. Por sua vez, as mudan- ças conformacionais podem alterar a conformação das células, o que pode produzir movimento. O metabolismo é necessário às funções vitais, tais como a capacidade de resposta, crescimento, desenvolvimento e reprodução. Parte 1 Organização do Corpo Humano6 1. Nível químico. Os átomos (bolas coloridas) combinam-se para formar moléculas. 2. Nível celular. As moléculas formam organelos, como a membrana plasmática e o núcleo, que constituem as células. 3. Nível dos tecidos. As células semelhantes e as substâncias envolventes constituem tecidos. 4. Nível dos órgãos. Diferentes tecidos combinam-se para formar órgãos, como a bexiga. 5. Nível do sistema orgânico. Órgãos como a bexiga e rins constituem um sistema orgânico. 6. Nível do organismo. Sistemas orgânicos formam um organismo. Rim Uréter Bexiga Uretra Aparelho urinário Bexiga Tecido muscular liso Célula de músculo liso Membrana plasmática Núcleo Molécula (ADN) Átomos Epitélio Tecido conjuntivo Tecido conjuntivo Tecido muscular liso Organismo Parede da bexiga 1 2 3 4 5 6 Figura 1.1 Níveis de Organização São seis os níveis de organização que constituem o corpo humano: nível químico, celular, dos tecidos, dos órgãos, do sistema e do organismo. Capítulo 1 O Organismo Humano 7 A capacidade de resposta é a propriedade de um organis- mo para se aperceber de alterações no seu ambiente interno e externo e de se adaptar a elas. As respostas incluem a procura de alimentos ou de água, a fuga do perigo ou de condições ambien- tais desfavoráveis. Os organismos também se adaptam de forma a manterem o seu ambiente interno estável. Por exemplo, num ambiente quente a temperatura do corpo aumenta e as glându- las sudoríparas produzem suor, o que possibilita a descida de temperatura para níveis normais. O crescimentoocorre quando as células aumentam em tamanho ou número, produzindo um avolumar de todo o orga- nismo ou de parte dele. Por exemplo, um músculo aumentado pelo exercício tem um maior número de células do que outro não exercitado; a pele de um adulto tem mais células do que a pele de uma criança. Um aumento das substâncias envolventes das células pode também contribuir para o crescimento. Por sua vez, o crescimento do osso resulta de um aumento no número de células e da aglomeração de materiais mineralizados em vol- ta delas. O desenvolvimento inclui as modificações que o organis- mo sofre ao longo do tempo, inicia-se com a fertilização e termi- na com a morte. As grandes modificações no desenvolvimento ocorrem antes do nascimento, mas muitas continuam e prosse- guem ao longo da vida. O desenvolvimento implica, geralmente, o crescimento mas implica também a diferenciação e a mor- fogénese. A diferenciação é a alteração na estrutura e função da célula, de indiferenciada a especializada; e, a morfogénese é a alteração na forma dos tecidos, dos órgãos e de todo o organis- mo. Por exemplo, a seguir à fertilização, células indiferenciadas especializam-se em vários tipos de células, epiteliais, ósseas, musculares ou nervosas. À medida que as células se vão especia- lizando, os tecidos e os órgãos ganham forma. A reprodução é a formação de novas células ou organis- mos. Sem reprodução, o crescimento e o desenvolvimento não seriam possíveis. Sem reprodução do organismo haveria a extinção das espécies. Pesquisa Biomédica Os seres humanos partilham muitas características com outros organismos vivos e muito do nosso conhecimento sobre os seres Intestino delgado Rim (atrás do estômago) Estômago Baço (atrás do estômago) Diafragma Traqueia Laringe Cérebro Medula espinhal Esófago Artéria carótida Arco aórtico Pulmão Coração Fígado Rim (atrás do intestino) Pâncreas (atrás do estômago) Vesícula biliar Intestino grosso Uréter (atrás do intestino delgado) Bexiga Uretra Figura 1.2 Órgãos do Corpo Conhecimento Humano Versus Conhecimento Animal A incapacidade para perceber as diferenças entre seres humanos e outros animais conduziu os primeiros cientistas a muitos erros. Um dos primeiros grandes anatomistas foi o médico grego Claudius Galeno (130-201 AC). Galeno descreveu um grande número de estruturas anatómicas supostamente presentes em seres humanos, mas observa- das apenas em outros animais. Por exemplo, descreveu o fígado como tendo cinco lobos. Isto é verdadeiro para as ratazanas, mas não para os humanos, que têm quatro lobos hepáticos. Os erros introduzidos por Galeno mantiveram-se por mais de 1300 anos até um anatomista flamengo, Andreas Vesalius (1514-1564) considerado o primeiro anatomista moderno, ter examinado cuidadosamente cadáveres humanos, corrigindo os textos escritos até então. Este exemplo deve servir de chamada de atenção: alguns dados comprovados em biologia molecular e fisiologia não foram ainda confirmados em seres humanos. Parte 1 Organização do Corpo Humano8 Cabelo Pele Crânio Clavícula Esterno Úmero Coluna vertebral Rádio Cúbito Fémur Costelas Ilíaco Tíbia Perónio Cavidade oral (boca) Fígado Vesícula biliar Apêndice Recto Ânus Faringe Glândulas salivares Esófago Estômago Pâncreas Intestino delgado Intestino grosso Timo Vaso linfático Amígdalas Gânglio linfático cervical Gânglio linfático axilar Plexo mamário Canal torácico Baço Gânglio linfático inguinal Nariz Cavidade nasal Faringe Laringe Traqueia Brônquios Pulmões Temporal Grande peitoral Bicípite braquial Recto do abdómen Costureiro Quadricípide crural Gémeos Sistema Tegumentar Protege, regula a temperatura, evita a perda de água e produz os precursores da vitamina D. É constituído pela pele, cabelo, unhas e glândulas sudoríparas. Sistema Esquelético Protege e suporta, permite os movimentos do cor- po, produz células sanguíneas e armazena minerais e gordura. É constituído por ossos, cartilagens asso- ciadas, ligamentos e articulações. Sistema Muscular Produz os movimentos do corpo, mantém a postura e produz calor. É constituído pelos músculos liga- dos aos ossos por tendões. Sistema Linfático Remove substâncias estranhas do sangue e da linfa, combate a doença, mantém o equilíbrio hídrico nos tecidos e absorve gorduras do tubo digestivo. É cons- tituído por vasos linfáticos, gânglios linfáticos e ou- tros órgãos linfáticos. Aparelho Respiratório Promove as trocas gasosas (oxigénio e dióxido de carbono) entre o sangue e o ar e regula o pH do san- gue. É constituído pelos pulmões e pelas vias aére- as. Aparelho Digestivo Desempenha as funções mecânicas e químicas da digestão, absorção de nutrientes e elimina produ- tos de excreção. É constituído pela boca, esófago, estômago, intestinos e órgãos anexos. Figura 1.3 Sistemas e Órgãos do Corpo Capítulo 1 O Organismo Humano 9 Cérebro Medula espinhal Nervo Hipotálamo Hipófise Timo Glândula suprarrenais Ovários (nas mulheres) Glândula pineal ou Epífise Glândula tiroideia Paratiroideia (parte posterior da tiróide) Pâncreas (ilhéus) Testículos (nos homens) Veia cava superior Veia cava inferior Artéria umeral Artéria carótida Veia jugular Artéria pulmonar Aorta Artéria e veia femoral Rim Uréter Bexiga Uretra Glândula mamária Trompa de Falópio Ovário Útero Vagina Vesícula seminal Próstata Testículos Pénis Canal deferente Epidídimo Sistema Nervoso O principal sistema regulador: percepciona sensações e controla movimentos, controla funções fisiológicas e intelectuais. É constituído por cérebro, medula es- pinhal, nervos e receptores sensoriais. Sistema Endócrino O principal sistema regulador que influencia o me- tabolismo, o crescimento, a reprodução, e muitas ou- tras funções. É constituído por glândulas, como a hipófise que segrega hormonas. Aparelho Cardiovascular Transporta nutrientes, produtos de excreção, gases e hormonas através do corpo; desempenha um pa- pel importante na resposta imunitária e na regulação da temperatura do corpo. É constituído por coração, vasos sanguíneos e sangue. Aparelho Urinário Remove produtos de excreção do sangue, regula o pH e o equilíbrio hidro-electrolítico do sangue. É constituído por rins, bexiga e vias urinárias. Sistema Reprodutor da Mulher Produz óvulos e é o local da fertilização e do desen- volvimento fetal; produz leite para o recém-nascido; produz hormonas que influenciam as funções e o comportamento sexual. É constituído por ovários, vagina, útero, glândulas mamárias e estruturas as- sociadas. Aparelho Reprodutor do Homem Produz e transfere as células do esperma para a mu- lher e produz hormonas que influenciam as funções e comportamento sexuais. É constituído por testícu- los, estruturas acessórias, canais e pénis. Figura 1.3 (continuação) Parte 1 Organização do Corpo Humano10 humanos partiu do estudo de outros organismos. O estudo de seres unicelulares como as bactérias, por exemplo, forneceu muita informação sobre as células humanas. Contudo, parte da pes- quisa biomédica não pode ser realizada usando seres unicelulares ou células isoladas. Por vezes são estudados outros mamíferos. Os grandes progressos na cirurgia do coração aberto e trans- plante renal foram possíveis aperfeiçoando técnicas noutros ma- míferos, antes de serem tentadas em seres humanos. Há leis ri- gorosas que regulamentam o uso de animais em pesquisa biomédica. Estas leis foram criadas para assegurar um sofrimen- to mínimo da parte do animal e para desencorajar experimenta- ção desnecessária. Embora seja possível aprendermuito com outros organis- mos, as últimas respostas sobre seres humanos só podem ser obtidas a partir de humanos, uma vez que frequentemente os outros organismos diferem muito dos humanos. In te rv al o no rm al Um centro de controlo responde à informação oriunda do receptor. A actividade de um efector altera-se. É detectada um aumento na variável pelo receptor. Aumento do valor Decréscimo do valor A resposta do efector provoca um decréscimo na variável. Um decréscimo na variável é detectado pelo receptor. A resposta do efector provoca um aumento na variável. Um centro de controlo responde à informação oriunda do receptor. A actividade de um efector altera-se. In te rv al o no rm al Mantém-se a homeostase 3 4 6 5 2 7 1 In te rv al o no rm al Setpoint Tempo Figura 1.4 Homeostase A homeostase é a manutenção de uma variável em torno de um valor normal ideal ou setpoint. O valor da variável oscila em torno deste, estabelecendo uma amplitude normal de valores. (Homeostase) Figura 1.5 Mecanismo de Feedback Negativo (retroacção negativa) Ao longo do texto, as figuras de homeostase têm o mesmo formato que se encontra nesta figura. As alterações causadas por um aumento da variável estão ilustradas nas caixas a verde, as alterações causadas por uma diminuição da variável estão ilustradas nas caixas vermelhas. Para ajudar a interpretar as figuras da homeostase os passos na figura estão numerados: (1) a variável está dentro do intervalo normal. (2) O valor do aumento da variável está fora do intervalo normal. (3) O aumento na variável é detectado pelos receptores. (4) O centro de controlo reage às alterações na variável detectadas pelos receptores. (5) O centro de controlo gera actividade do efector para a alteração. (6) A alteração na actividade do efector provoca o decréscimo do valor da variável. (7) A variável regressa ao seu intervalo normal e a homeostase mantém-se. Ver as respostas dum decréscimo da variável seguindo as caixas vermelhas. Capítulo 1 O Organismo Humano 11 Os mecanismos homeostáticos, tais como o transpirar ou os tremores, mantêm normalmente a temperatura perto de um valor normal ideal, setpoint (figura 1.4). De notar que estes mecanismos não são capazes de manter a temperatura precisamente no setpoint. Em vez disso, a temperatura corporal aumenta e diminui ligeira- mente em torno do setpoint, produzindo uma amplitude normal de valores. Desde que as temperaturas do corpo se mantenham den- tro da amplitude normal, a homeostase é mantida. Os sistemas orgânicos ajudam a controlar o ambiente inte- rior de forma a mantê-lo relativamente constante. Os aparelhos digestivo, respiratório, circulatório e o urinário, por exemplo, fun- cionam em conjunto de modo a que cada célula receba quanti- dades adequadas de nutrientes e oxigénio, e a que os produtos de excreção não atinjam níveis tóxicos. Se o líquido intersticial se desvia dos níveis de homeostase, as células não funcionam normalmente e podem mesmo morrer. A perturbação da ho- meostase tem como resultado a doença e por vezes a morte. Feedback negativo (retroacção negativa) A maior parte dos sistemas do corpo humano são regulados por mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) ou que P re ss ão a rt er ia l (in te rv al o no rm al ) Elevação da pressão arterial Diminuição da pressão arterial P re ss ão a rt er ia l (in te rv al o no rm al ) A homeostase da pressão arterial é mantida O centro de controlo cerebral controla as respostas da frequência cardíaca. A frequência cardíaca diminui. Uma elevação na pressão arterial é detectada nos vasos sanguíneos pelos receptores. A diminuição da pressão arterial é provocada pela diminuição da frequência cardíaca. A diminuição da pressão arterial é detectada pelos receptores nos vasos sanguíneos. A elevação da pressão arterial é provocada pela elevação da frequência cardíaca. O centro de controlo cerebral que controla a frequência cardíaca responde. A frequência cardíaca aumenta. (Homeostase) Figura 1.6 Exemplo de Feedback Negativo (retroacção negativa) A pressão arterial é mantida dentro de uma amplitude normal de valores através de mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa). 7. Descreva seis características da vida. 8. Porque é importante ter presente que os humanos partilham muitas, mas não todas, características com outros animais? Homeostase Objectivo ■ Definir homeostase. Dar exemplos de mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) e feedback positivo (retroacção positiva) e explicar a sua relação com a homeostase. A homeostase é a existência e manutenção de um meio am- biente relativamente constantes dentro do corpo. Cada célula do organismo está rodeada por uma pequena quantidade de lí- quido. Para que as células funcionem normalmente, o volume, a temperatura e a constituição química – denominadas variá- veis porque os seus valores podem alterar-se – deste líquido de- vem permanecer dentro de limites estreitos. A temperatura do corpo é uma variável que pode aumentar num ambiente quente ou diminuir num ambiente frio. Parte 1 Organização do Corpo Humano12 mantêm a homeostase. A palavra negativo significa que qualquer desvio do setpoint é reduzido ou contrariado. Muitos dos meca- nismos de feedback negativo (retroacção negativa) têm três com- ponentes: o receptor que é sensível ao valor da variável, como a pressão arterial; o centro de controlo, que estabelece o setpoint à volta do qual a variável é mantida; e, o efector, que pode alte- rar o valor da variável. Um desvio relativamente ao setpoint toma o nome de estímulo. O receptor detecta o estímulo e informa o centro de controlo que analisa a informação recebida pelo re- ceptor. O centro de controlo envia depois a informação analisa- da e o efector produz uma resposta, que tende a fazer regressar a variável ao setpoint (figura 1.5). A manutenção da pressão arterial dentro de valores nor- mais é um exemplo de mecanismo de feedback negativo que mantém a homeostase (figura 1.6). A manutenção da pressão arterial dentro de valores normais é importante uma vez que é a responsável por conduzir o sangue do coração aos tecidos. O sangue fornece oxigénio e nutrientes aos tecidos e remove os produtos de excreção. Desta forma é necessária uma pressão ar- terial normal para assegurar a manutenção da homeostase dos tecidos. Os receptores que monitorizam a variação da pressão arte- rial encontram-se localizados em grandes vasos sanguíneos per- to do coração, o centro de controlo da pressão arterial encontra-se no cérebro e o coração é o órgão efector. A pressão arterial de- pende, em parte, das contracções (batimentos) do coração: quan- do a frequência cardíaca aumenta, a pressão arterial eleva-se; quando a frequência cardíaca diminui, a pressão arterial baixa. Se a pressão arterial aumentar ligeiramente, os receptores detectam a elevação e enviam a informação para o centro de con- trolo no cérebro. O centro de controlo provoca uma diminuição na frequência dos batimentos cardíacos, resultando numa dimi- P re ss ão a rt er ia l Tempo PA normal em repouso Pressão arterial normal depois do exercício físico Pressão arterial normal durante o exercício físico Figura 1.7 Alterações na Pressão Arterial Durante o Exercício Físico Durante o exercício físico a necessidade de oxigénio dos tecidos musculares aumenta. Para fazer face a esta necessidade, a pressão arterial aumenta provocando um aumento de fluxo sanguíneo nos tecidos. A pressão arterial mais elevada não é uma situação anormal, ou não-homeostática, mas é uma redefinição da amplitude normal homeostática para fazer face à maior necessidade de oxigénio. A amplitude redefinida é maiselevada e mais alargada do que a amplitude em condição de repouso. Depois do exercício físico a amplitude regressa à da condição de repouso. In te rv al o no rm al Aumento constante acima do valor do intervalo normal A homeostase não se mantém Diminuição constante abaixo do valor do intervalo normal Tempo Figura 1.8 Feedback Positivo (retroacção positiva) Os desvios do setpoint normal provocam desvios adicionais a partir do valor de equilíbrio normal quer na direcção positiva quer na direcção negativa. nuição da pressão arterial. Se a pressão arterial diminui ligeira- mente, os receptores informam o centro de controlo, que au- menta a frequência dos batimentos cardíacos produzindo uma elevação da pressão arterial. Como resultado, a pressão arterial sobe e desce, constantemente, dentro de uma amplitude normal de valores. Apesar de homeostase significar a manutenção de uma am- plitude normal de valores, isto não significa que todas as variá- veis sejam mantidas dentro da mesma amplitude estreita de va- lores em todos os momentos. Existem situações durante as quais um desvio da amplitude dos valores normais pode ser benéfica. Durante o exercício físico, por exemplo, a amplitude normal de valores da pressão arterial é diferente da que se verifica em situa- ções de repouso, ou seja, significativamente elevada (figura 1.7). A elevação da pressão arterial é necessária para conduzir o san- gue aos músculos para que todas células musculares tenham os nutrientes e oxigénio extra de que necessitam para manter a ele- vada taxa de actividade. 9. Defina homeostase, variável e setpoint. Se ocorrer um desvio da homeostase, qual o mecanismo que a restabelece? 10. Quais são os três componentes de muitos dos mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa)? Como é que eles produzem uma resposta a um estímulo? E X E R C Í C I O Explique como é que os mecanismos de retroacção negativa controlam a frequência respiratória, quando uma pessoa se encontra em repouso e quando realiza exercício físico. Feedback Positivo (retroacção positiva) As respostas dos mecanismos feedback positivo (retroacção po- sitiva) não são homeostáticas e são raras em indivíduos saudá- veis. O termo positivo significa que sempre que ocorre um des- vio do valor normal, a resposta do sistema é no sentido de au- mentar esse desvio. (figura 1.8). Desta forma, os mecanismos de feedback positivo (retroacção positiva) criam um ciclo que se afas- ta da homeostase e que, em alguns casos, provoca a morte. Capítulo 1 O Organismo Humano 13 P re ss ão a rt er ia l (In te rv al o no rm al ) A pressão arterial desce abaixo do valor normal Diminui o fluxo sanguíneo ao músculo cardíaco A pressão arterial diminui ainda mais Figura 1.9 Exemplo de um mecanismo de feedback positivo (retroacção positiva) destrutivo Uma diminuição na pressão arterial abaixo da amplitude de valores normais provoca uma diminuição do fluxo sanguíneo ao coração. O coração é incapaz de bombear sangue suficiente para manter a pressão arterial e o fluxo sanguíneo para o coração diminui. Desta forma, a capacidade para bombear o sangue continua a diminuir e a pressão arterial diminui ainda mais. O fornecimento inadequado de sangue ao músculo cardíaco (coração) é um exemplo de mecanismo de feedback positivo (retroacção positiva). A contracção do músculo cardíaco gera a pressão arterial e força o sangue através dos vasos sanguíneos para os tecidos. A existência de um sistema de vasos sanguíneos exterior ao coração assegura o fornecimento de sangue suficiente para que as contracções normais tenham lugar. De facto, o cora- ção bombeia sangue para si próprio. Da mesma forma que em outros tecidos, a pressão arterial deve ser mantida de forma a assegurar o fornecimento adequado de sangue ao músculo car- díaco. Após grandes hemorragias, a pressão arterial desce a um ponto em que o fornecimento de sangue ao músculo cardíaco é inadequado. Como resultado, a homeostase do músculo cardía- co é perturbada e o músculo cardíaco deixa de funcionar nor- malmente. O coração bombeia menos sangue, o que provoca uma descida ainda maior da pressão arterial. Esta diminuição adicio- nal da pressão arterial traduz-se num ainda menor fornecimen- to de sangue ao músculo cardíaco e o coração bombeia ainda menos sangue, o que mais uma vez diminui a pressão arterial (figura 1.9). Se o processo se mantiver até a pressão arterial ser baixa demais para suportar o músculo cardíaco o coração pára de bater, dando-se a morte do indivíduo. Após uma perda moderada de sangue (após doar sangue, por exemplo) os mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) produzem um aumento na frequência cardíaca que recupera a pressão arterial. Contudo, se a perda de sangue for grande, os mecanismos de feedback negativo (retroacção negati- va) poderão ser incapazes de manter a homeostase e o efeito de feedback positivo (retroacção positiva) de uma pressão arterial a diminuir constantemente pode sobrepor-se. As circunstâncias em que os mecanismos de retroacção negativa são incapazes de manter a homeostase ilustram um princípio básico, ou seja, muitos estados de doença resultam do insucesso dos mecanis- mos de feedback negativo (retroacção negativa) para manter a homeostase. As medidas de tratamento médico procuram ultra- passar a doença ajudando os mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) (uma transfusão de sangue inverte a ten- dência decrescente da pressão arterial e recupera a homeostase). São poucos os mecanismos de retroacção positiva que ac- tuam no corpo humano sob condições normais e acabam por ser sempre limitados. O nascimento é um exemplo de um meca- nismo de retroacção positiva que ocorre normalmente. No final da gravidez o útero é distendido pelo aumento de tamanho do feto. Esta deformação, especialmente em torno do colo uterino, estimula contracções dos músculos uterinos. As contracções empurram o feto em direcção ao orifício do colo do útero, dila- tando-o ainda mais e estimulando a ocorrência de mais contrac- ções que vão fazer com que o útero se contraia ainda mais. Este mecanismo de feedback positivo (retroacção positiva) termina apenas quando o feto sai do útero e o estímulo de contracção é eliminado. 11. Defina feedback positivo (retroacção positiva). Por que é que os mecanismos de feedback positivo (retroacção positiva) são muitas vezes prejudiciais? E X E R C Í C I O A sensação de sede encontra-se associada a um mecanismo de feedback negativo ou positivo? Explique. Terminologia e Planos do Corpo Humano Objectivos ■ Definir a posição anatómica e a sua importância para os termos direccionais. ■ Identificar e definir os termos direccionais, porções e planos do corpo humano. ■ Enumerar as principais cavidades do tronco e descrever as membranas serosas associadas a cada uma delas. O estudo da anatomia e da fisiologia implica a aprendizagem de muitos termos. A aprendizagem destas novas palavras pode ser mais fácil e mais interessante se prestar atenção à origem das palavras, ou seja, à sua etimologia. A maior parte dos termos deriva do latim ou do grego que são línguas muito descritivas. Por exemplo, foramen, é uma palavra latina para orifício e magnum significa grande. O foramen magnum é um orifício grande no crânio através do qual a medula espinhal se liga ao encéfalo. As palavras são frequentemente alteradas pela adição de um prefixo ou de um sufixo. O sufixo “ite” significa uma infla- mação; então, apendicite é uma inflamação do apêndice. À me- dida que os novos termos vão sendo introduzidos no texto os seus significados são explicados. O glossário e a lista de palavras compostas, prefixos e sufixos apresentados nas páginas interio- res da capa e contracapa deste livro fornecem informação adicio- nal sobre os termos técnicos. Parte1 Organização do Corpo Humano14 A aprendizagem destes novos termos é importante para as- segurar uma comunicação clara e eficaz quando se comunica oralmente ou através da escrita. Posições do Corpo A posição anatómica refere-se a estar de pé e erecto, com a face orientada para a frente, os membros superiores ao longo do cor- po e as faces palmares das mãos orientadas para a frente (figura 1.10). Uma pessoa está em supinação quando deitado de costas e em pronação quando deitado de barriga para baixo. A posição do corpo pode afectar a descrição das partes do corpo, relativamente umas às outras. Na posição anatómica, o cotovelo está acima da mão, mas na posição de supinação ou pronação, o cotovelo e a mão estão ao mesmo nível. Para evitar confusão, as descrições relacionais são sempre baseadas na posi- ção anatómica, independentemente da posição da pessoa em causa. Assim, o cotovelo é sempre descrito como estando acima do punho, independentemente da pessoa estar deitada ou a fa- zer o pino. Termos Descritivos ou de Referência Os termos descritivos descrevem as partes do corpo humano re- lativamente umas às outras. Na figura 1.9 é ilustrada uma série Direito Esquerdo Superior (cefálico) Proximal Midline Inferior (caudal) Distal Proximal Medial Lateral Distal Superior (cefálico) Inferior (caudal) Proximal Distal Anterior Posterior (ventral) (dorsal) Figura 1.10 Termos Descritivos ou de Referência Todos estes termos são definidos em relação a uma pessoa na posição anatómica: uma pessoa, em pé, com os pés e as palmas das mãos viradas para a frente, com os polegares virados para fora. de termos descritivos ou de referência importantes que é resu- mida no quadro 1.1. É importante a familiarização com estes termos, uma vez que serão encontrados repetidamente ao longo do texto. A direita e a esquerda mantêm-se como termos descri- tivos na terminologia anatómica. Em cima é substituído por su- perior, em baixo por inferior, em frente por anterior, e atrás por posterior. Nos seres humanos, superior é sinónimo de cefálico, o que significa em direcção à cabeça, porque, quando falamos em posições anatómicas, a cabeça é o ponto mais alto. Infe- rior é sinónimo de caudal, o que significa em direcção à cau- da que estaria localizada no final da coluna vertebral, caso existisse. Os termos cefálico e caudal podem ser utilizados para descrever a direcção dos movimentos no tronco, mas não podem ser usados para descrever os movimentos nos mem- bros. A palavra anterior significa “aquele que vem antes de...”, e ventral significa abdómen. Desta forma a superfície anterior do corpo humano é a superfície ventral, ou abdominal, porque o abdómen é a região mais proeminente do corpo quando esta- mos na posição anatómica. A palavra posterior significa “aquele que se segue a...” e dorsal significa costas/dorso. A superfície posterior do corpo é a superfície dorsal, ou dorso, a região que nos segue quando caminhamos. Capítulo 1 O Organismo Humano 15 posição medial da face e os olhos são laterais ao nariz. O termo superficial refere-se a uma estrutura perto da superfície do cor- po e profundo significa em direcção ao interior do corpo. A pele é superficial ao músculo e aos ossos. 15. Defina os seguintes termos indicando os seus antónimos: proximal, externo e superficial. E X E R C Í C I O Descrever com tantos termos direccionais quanto possível a relação entre a sua rótula e o seu calcanhar. Partes e Regiões do Corpo São utilizados diversos termos quando nos referimos às diferen- tes partes ou regiões do corpo (figura 1.11). O membro superior encontra-se dividido em braço, antebraço, punho e mão. O bra- ço estende-se do ombro até ao cotovelo e o antebraço estende-se do cotovelo ao punho. O membro inferior encontra-se dividido em coxa, perna, tornozelo e pé. A coxa estende-se da anca até ao joelho e a perna estende-se do joelho até ao tornozelo. De notar que, contrariamente ao que se diz vulgarmente, os termos braço e perna dizem respeito a apenas uma parte dos respectivos mem- bros. As regiões medianas (ou axiais) do corpo consistem na ca- beça, pescoço e tronco. O tronco pode ser dividido em tórax, Quadro 1.1 Termos Descritivos Utilizados no Ser Humano Termo Etimologia* Definição Exemplo Referente ao lado direito do corpo Referente ao lado esquerdo do corpo Uma estrutura acima de outra Uma estrutura abaixo de outra Mais perto da cabeça do que outra estrutura (normal- mente sinónimo de superior) Mais perto da cauda do que outra estrutura (normal- mente sinónimo de inferior) A frente do corpo A parte de trás do corpo Referente ao ventre (sinónimo de anterior) Referente ao dorso (sinónimo de posterior) Mais próximo do ponto de inserção no corpo do que outra estrutura Mais distante do ponto de inserção no corpo do que outra estrutura Em direcção oposta à linha média do corpo Em direcção à linha média do corpo Referente à superfície (não é apresentado na figura 1.10) Em direcção oposta à superfície, interior (não é apresentado na figura 1.10) Direito Esquerdo Superior Inferior Cefálico Caudal Anterior Posterior Ventral Dorsal Proximal Distal Lateral (externo) Mediano (interno) Superficial Profundo O ouvido direito. O olho esquerdo. O queixo é superior ao umbigo. O umbigo é inferior ao queixo. O queixo é cefálico em relação ao umbigo. O umbigo é caudal em relação ao queixo. O umbigo é anterior à coluna vertebral. A coluna vertebral é posterior ao esterno. O umbigo é ventral à coluna vertebral. A coluna vertebral é dorsal ao esterno. O cotovelo é proximal ao punho. O punho é distal ao cotovelo. O mamilo é lateral ao esterno. O dorso do nariz é mediano em relação ao olho. A pele é superficial ao músculo. Os pulmões são profundos relativamente às costelas. L., mais elevado L., mais baixo G., kephale, cabeça L., cauda, cauda L., antes de L., posterus, depois de ... L., ventr-, ventre L., dorsum, costas/dorso L., proximus, o mais próximo L., di- mais sto, ficar distante L., latus, lado L., medialis, meio L., superficialis, em direcção à superfície Profundo *Origem e significado da palavra: L, Latim; G, Grego. 12. Qual é a posição anatómica nos humanos? Por que é importante? 13. Enumere dois termos que nos humanos indiquem “em direcção à cabeça”. Refira dois termos que signifiquem o oposto. 14. Indique dois termos que nos humanos indiquem “atrás”. Que dois termos significam “à frente”? E X E R C Í C I O A posição anatómica de um gato refere-se a este em pé, erecto, apoiado nos quatro membros, orientado para a frente. Baseando-se na etimologia dos termos direccionais, quais os dois termos que indicariam o movimento em direcção à cabeça? Quais os dois termos que indicariam movimento para trás? Compare estes termos com os referentes aos seres humanos na posição anatómica. Proximal significa “mais próximo”, enquanto distal signi- fica “ mais distante”. Estes termos são usados para referir estru- turas lineares, como os membros, nas quais uma extremidade se encontra perto de outra estrutura e a outra extremidade se en- contra afastada. Cada membro está ligado ao corpo pela sua ex- tremidade proximal e, a extremidade distal, como a mão, por exemplo, encontra-se mais afastada. Interno significa mais próximo da linha média, e externo significa mais afastado da linha média. O nariz encontra-se numa Parte 1 Organização do Corpo Humano16 17. Descreva os métodos dos quadrantes e das nove regiões na subdivisão do abdómen por regiões. Qual é o objectivo destas subdivisões? E X E R C Í C I O Com base nas figuras 1.2 e 1.12, determinar em que quadrante está localizado cada um dos seguintes órgãos: baço, vesícula biliar, rins, a maior parte do estômago e a maior partedo fígado. Planos Muitas vezes é conceptualmente útil descrever o corpo como ten- do superfícies planas imaginárias que o atravessam, denomina- das planos (figura 1.13). Um plano divide ou secciona o corpo tornando possível observar o seu interior e a sua estrutura. Um plano sagital atravessa verticalmente o corpo e separa-o em duas porções, a direita e a esquerda. A palavra sagital significa literal- mente “o voo de uma flecha” e refere-se à forma como o corpo seria dividido por uma flecha que o atravessasse anteropos- teriormente. Um plano mediano ou sagital mediano divide o Cabeça (cefálica) ou craniana) Tórax (torácica) Tronco Membro superior Membro inferior Testa (frontal) Olho (orbital) Nariz (nasal) Boca (oral) Pescoço (cervical) Peito (peitoral) Esterno Peito (mamária) Abdómen (abdominal) Umbigo (umbilical) Pélvis (Pélvica) Virilha (inguinal) Região genital (púbico) Queixo (mentoniana) Clavícula (clavicular) Axila (axilar) Ombro Braço (braquial) Cotovelo (cubital) Antebraço (antebraquial) Punho (cárpica) Palma da mão (palmar) Dedos (digital) Anca (coxal) Coxa (femoral) Rótula (rotuliana) Perna (crural) Tornozelo Peito do pé (dorso) Dedos (digital) Bochecha (bucal) Orelha (auricular) Pé (podal) Mão (manual) Figura 1.11 Regiões e Partes do Corpo Para algumas partes e regiões do corpo estão indicados os nomes comum e anatómico (entre parêntesis). (a) vista anterior. (a) abdómen e pélvis (a extremidade inferior do tronco que se en- contra articulada com as ancas). O abdómen é frequentemente subdividido superficialmente em quadrantes por duas linhas imaginárias – uma horizontal e outra vertical – que se intersectam no umbigo (figura 1.12a). Os quadrantes formados são o quadrante superior-direito, o supe- rior-esquerdo, o inferior-direito e o inferior-esquerdo. O abdó- men é ainda, por vezes, subdividido em nove regiões por quatro linhas imaginárias: duas horizontais e duas verticais. Estas qua- tro linhas criam um xadrez imaginário que resulta em nove re- giões: epigástrica, hipocôndrios direito e esquerdo, umbilical, flanco direito e esquerdo, hipogástrica e ilíaca direita e esquerda (figura 1.12b). Os quadrantes ou regiões são usados pelos médi- cos como pontos de referência para localizar órgãos subjacentes. Por exemplo, o apêndice encontra-se no quadrante inferior-di- reito e a dor de uma apendicite aguda é normalmente sentida nesse mesmo local. 16. Qual é a diferença entre o braço e o membro superior, e entre a perna e o membro inferior? Capítulo 1 O Organismo Humano 17 Cavidades Corporais O corpo contém muitas cavidades, tais como a nasal, a craniana e a abdominal. Algumas destas cavidades abrem para o exterior do corpo, outras não. Os livros de introdução à anatomia e fisio- logia, por vezes, descrevem uma cavidade dorsal, na qual se en- contram o cérebro e a medula espinhal, e uma cavidade ventral onde se encontram as restantes cavidades do tronco. O conceito de cavidade dorsal não é descrito na maior parte dos textos ana- tómicos. Não existem semelhanças embrionárias, anatómicas ou histológicas entre o espaço preenchido por líquido que rodeia o sistema nervoso central e as cavidades do tronco. Por isso, a dis- cussão neste capítulo limita-se às grandes cavidades do tronco que não abrem para o exterior. O tronco contém três grandes cavidades: a cavidade torá- cica, a cavidade abdominal e a cavidade pélvica (figura 1.15). A cavidade torácica encontra-se rodeada pela caixa torácica e se- parada da cavidade abdominal pelo diafragma. Está dividida em (b) Omoplata (escapular) Coluna vertebral (vertebral) Base do pescoço (nuca) Base do crânio (occipital) Dorso (dorsal) Tronco Membro superior Membro inferior Lombar Sagrada Nádegas (glútea) Períneo (perineal) Ponto do ombro (acrómio) Ponto do cotovelo (olecraneo) Face posterior da mão (dorso) Atrás do joelho (popliteia) Posterior da perna (região sural) Planta (plantar) Calcanhar (calcânea) Figura 1.11 (continuação) (b) vista posterior. corpo em duas metades iguais, direita e esquerda, e um plano parassagital atravessa o corpo verticalmente, para um dos lados da linha sagital. Um plano transversal ou horizontal atravessa o corpo paralelamente ao chão e divide-o corpo em duas por- ções, superior e inferior. Um plano frontal ou coronal atravessa o corpo verticalmente da direita para a esquerda e divide o cor- po em duas porções: anterior e posterior. Os órgãos são frequentemente seccionados de forma a re- velar a sua estrutura interna (figura 1.14). Um corte ao longo do eixo maior do órgão constitui um corte longitudinal e um corte ao longo do plano que forma um ângulo recto com o eixo maior constitui um corte transversal. Se o corte for realizado ao longo do eixo maior formando um ângulo diferente do ângulo recto, denomina-se oblíquo. 18. Defina os três planos do corpo. Qual é a diferença entre uma secção parassagital e uma secção sagital mediana? 19. De que três formas pode ser seccionado um órgão? Parte 1 Organização do Corpo Humano18 duas porções, direita e esquerda, por uma estrutura mediana de- nominada mediastino (parede do meio). O mediastino é o es- paço que contém o coração, o timo, a traqueia, o esófago e ou- tras estruturas como vasos sanguíneos e nervos. Os pulmões lo- calizam-se um de cada lado do mediastino. Os músculos abdominais constituem o limite exterior da cavidade abdominal que contém o estômago, os intestinos, o fígado, o baço, o pâncreas e os rins. A cavidade pélvica é um pequeno espaço delimitado pelos ossos pélvicos e contém a be- xiga, parte do intestino grosso e os órgãos reprodutores inter- nos. As cavidades pélvica e abdominal não se encontram fisica- mente separadas e por vezes atribuem-lhes a designação de ca- vidade abdominopélvica. Membranas Serosas As membranas serosas revestem os órgãos das cavidades do tronco e delimitam-nas. Imagine um punho empurrando um balão (figura 1.16). O punho representa o órgão, a parede inter- na do balão em contacto com o punho representa a membrana serosa visceral revestindo o órgão e a parte externa do balão representa a membrana serosa parietal. Existe um espaço ou cavidade entre as membranas serosas visceral e parietal, normal- mente preenchido por uma película fina e lubrificante de líqui- do produzido pelas membranas serosas. À medida que os órgãos roçam contra a parede do corpo ou contra outros órgãos, a asso- ciação do líquido produzido pelas membranas e das membranas serosas lisas reduz a fricção. Na cavidade torácica existem três cavidades revestidas por membranas serosas: uma cavidade pericárdica e duas cavidades pleurais. A cavidade pericárdica rodeia o coração (figura 1.17a). O coração é revestido pelo pericárdio visceral e está contido num saco de tecido conjuntivo revestido pelo pericárdio parietal. A cavidade pericárdica, que contém líquido pericárdico, encontra-se entre o pericárdio visceral e o pericárdio parietal. Cada pulmão é envolvido por uma cavidade pleural (pleural: associada às costelas) e revestido pela pleura visceral (figura 1.17b). A pleura parietal reveste a superfície interna da parede torácica, as superfícies laterais do mediastino e a superfí- cie superior do diafragma. A cavidade pleural localiza-se entre a pleura visceral e a pleura parietal e contém líquido pleural. A cavidade abdominopélvica contém uma cavidade revestida por uma membrana serosa, a cavidade peritoneal (fi- gura 1.17c). O peritoneu visceral reveste muitos dos órgãos da cavidade abdominopélvica. O peritoneu parietal reveste a pare- de da cavidade abdominopélvica e a superfície inferior do dia- fragma. A cavidade peritoneal localiza-se entre o peritoneu visceral e o peritoneu parietal e contém líquido peritoneal. O peritoneu visceral de alguns órgãos abdominopélvicosencontra-se ligado ao peritoneu parietal na parede do corpo ou ao peritoneu visceral de outros órgãos abdominopélvicos atra- vés dos epíplons, que consistem em duas camadas de peritoneu Quadrante superior direito Quadrante superior esquerdo Quadrante inferior direito Quadrante inferior esquerdo Hipocôndrio direito Hipocôndrio esquerdo Epigastro Flanco direito Região umbilical Flanco esquerdo Região inguinal direita Hipogastro Região inguinal esquerda (a) (b) Figura 1.12 Subdivisões do Abdómen As linhas são apresentadas sobrepostas aos órgãos internos para demonstrar a relação entre estes e as subdivisões. (a) Os quadrantes abdominais constituem quatro subdivisões. (b) As regiões abdominais constituem nove subdivisões. Inflamação das Membranas Serosas As membranas serosas podem tornar-se inflamadas devido a uma infecção. A pericardite é uma inflamação do pericárdio, a pleurisia é uma inflamação da pleura e a peritonite é uma inflamação do peritoneu. Capítulo 1 O Organismo Humano 19 Plano mediano ou sagital Plano parassagital Cérebro Plano transverso ou horizontal Plano frontal ou coronal Cerebelo Tronco cerebral Medula espinhal Coluna vertebral Cavidade nasal Língua Faringe Traqueia Corte sagital da cabeça Corte frontal através do ilíaco direito Corte transversal através do abdómen Fígado Pele Gordura Rim Medula espinhal Estômago Intestino grosso Baço Vértebra Rim Músculo da anca Fémur Coxa Músculos da coxa Figura 1.13 Planos de Corte do Corpo Os planos de corte através de todo o corpo são indicados por folhas de “vidro”. São também mostrados os cortes através da cabeça, do ilíaco e do abdómen. Parte 1 Organização do Corpo Humano20 Corte longitudinal Corte transversal Corte oblíquo Intestino Traqueia Esófago Coração Timo Vasos sanguíneos Mediastino (divide a cavidade torácica) Cavidade abdominopélvica Cavidade abdominal Diafragma Cavidade torácica Cavidade abdominal Cavidade pélvica Cavidade pélvica Figura 1.14 Planos de Corte Através de um Órgão Os planos de corte através do intestino delgado são indicados por folhas de “vidro”. Também são mostradas observações do intestino delgado depois de seccionado. Embora o intestino delgado seja basicamente um tubo, os cortes têm formas diferentes. Figura 1.15 Cavidades do Tronco (a) Vista anterior mostrando as principais cavidades do tronco. O diafragma separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. O mediastino, que inclui o coração, é uma partição de órgãos e divide a cavidade torácica. (b) Vista sagital das cavidades do tronco. A linha tracejada representa a divisão entre as cavidades abdomi- nal e pélvica. O mediastino foi removido para evidenciar a cavidade torácica. (a) (b) fundidas (ver figura 1.17c). Os epíplons fixam os órgãos à pare- de do corpo e proporcionam uma via para os nervos e vasos san- guíneos alcançarem os órgãos. Existem órgãos abdominopélvicos que, por se encontrarem mais próximos da parede do corpo, não possuem epíplons. Estes órgãos são revestidos pelo peritoneu parietal e dizem-se retroperitoniais. Os órgãos retroperitoneais são os rins, as glândulas supra-renais, o pâncreas, parte dos in- testinos e a bexiga (ver figura 1.17c). 20. Defina membranas serosas. Distinga as membranas serosas parietais de membranas serosas viscerais. Qual é a função das membranas serosas? 21. Enumere as membranas serosas que ligam cada uma das cavidades do tronco. 22. O que são epíplons? Explique a sua função. 23. O que são órgãos retroperitoniais? Dê quatro exemplos. E X E R C Í C I O Explique como pode um órgão estar dentro da cavidade abdominopélvica mas não na cavidade peritoneal. Capítulo 1 O Organismo Humano 21 Parede exterior do balão Parede interior do balão Cavidade Punho Parede exterior do balão (membrana serosa parietal) Parede interior do balão (membrana serosa visceral) Cavidade Punho Pericárdio parietal Pericárdio visceral Cavidade pericárdica contém o líquido pericárdico Coração Pleura parietal Pleura visceral Cavidade pleural, contém o líquido pleural Diafragma Pulmão Órgãos retroperitoneais Peritoneu parietal Peritoneu visceral Cavidade peritoneal contendo o líquido peritoneal Órgãos retroperitoneais Epíplon Órgão envolvido pelo peritoneu visceral Figura 1.16 Membranas Serosas (a) Punho empurrando um balão. Uma superfície de “vidro” indica a localização de um corte através do balão. (b) Vista interior produzida pelo corte em (a). O punho representa um órgão, e as paredes do balão, as membranas serosas. A parede interna do balão representa uma membrana serosa visceral em contacto com o punho (órgão). A parede exterior do balão representa uma membrana serosa parietal. Figura 1.17 Localização das Membranas Serosas (a) Corte frontal mostrando o pericárdio parietal (azul), o visceral (vermelho), a cavidade pericárdica. (b) Corte frontal mostrando as pleuras parietal (azul) e visceral (vermelho) e as cavidades pleurais. (c) Corte sagital através da cavidade abdominopélvica evidenciando o peritoneu parietal (azul), o peritoneu visceral (vermelho), a cavidade peritoneal, os epíplons (púrpura), e os órgãos retroperitoneais. (b) (a) (c) Parte 1 Organização do Corpo Humano22 R E S U M O O conhecimento funcional da anatomia e fisiologia pode ser utilizado para resolver problemas que dizem respeito ao corpo humano saudável ou doente. Anatomia e Fisiologia (p. 2) 1. Anatomia é o estudo das estruturas do corpo. • A anatomia do desenvolvimento estuda as modificações anatómi- cas desde a concepção à idade adulta. A embriologia estuda as primeiras 8 semanas do desenvolvimento. • A citologia estuda as células e a histologia os tecidos. • A anatomia geral realça os órgãos do ponto de vista sistémico ou regional. 2. A anatomia de superfície utiliza estruturas superficiais para referenciar estruturas mais profundas; a produção de imagens anatómicas é uma técnica não invasiva usada para identificar estruturas profundas. 3. Fisiologia é o estudo das funções do corpo. Esta disciplina pode ser abordada do ponto de vista da célula ou dos sistemas e aparelhos. 4. A patologia dedica-se ao estudo de todos os aspectos da doença. A fisiologia do exercício estuda as alterações causadas pelo exercício. Organização e Estrutura Funcional (p. 5) 1. As características químicas básicas são responsáveis pela estrutura e funções da vida. 2. As células são as unidades básicas da vida de plantas e animais e têm muitas características em comum. Organelos são pequenas estrutu- ras dentro das células que desempenham funções específicas. 3. Os tecidos são grupos de células de estrutura e função semelhantes associados às substâncias que os rodeiam. Os quatro principais tipos de tecidos são o epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso. 4. Os órgãos são estruturas compostas por dois ou mais tecidos que desempenham funções específicas. 5. Os órgãos estão agrupados em 11 sistemas ou aparelhos do corpo humano (ver figura 1.2). 6. Os sistemas do corpo humano interagem para formar um organis- mo completo e operante. O Organismo Humano (p. 5) Características da Vida Os seres humanos possuem muitas características em comum com outros organismos vivos, como a organização, o metabolismo, a capacidade de resposta, o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução. Investigação Biomédica Muito do que se sabe sobre os organismos humanos é resultado da investigação em outros organismos. Homeostase (p. 11) A homeostase é a condição sob a qual as funções do corpo, os líquidos e outros factores do ambiente interno são mantidos a níveis adequados à vida. Feedback (retroacção)negativo 1. Os mecanismos de retroacção negativa operam no sentido de manter a homeostasia. 2. A maior parte dos mecanismos de retroacção negativa compõem-se de um receptor, um centro de controlo e um efector. Feedback (retroacção) positivo 1. Os mecanismos de feedback positivo (retroacção positiva) normal- mente aumentam os desvios à normalidade. 2. Embora existam alguns mecanismos de feedback positivo (retroacção positiva) no corpo humano, a maior parte deles são destrutivos. Terminologia e Planos do Corpo Humano (p. 13) Posições do Corpo 1. A posição anatómica de um ser humano é de pé, erecto, com a face orientada para a frente, os braços pendentes ao longo do corpo e a face palmar da mão também orientada em frente. 2. Um indivíduo está em supinação quando deitado de costas; e em pronação quando de barriga para baixo. Termos Descritivos ou de Referência Os termos descritivos referem-se sempre à posição anatómica, qualquer que seja a posição real do corpo (ver quadro 1.1). Partes e Regiões do Corpo 1. O corpo pode ser dividido em membros, superiores e inferiores, e regiões medianas ou axiais: cabeça, pescoço e tronco. 2. Superficialmente, o abdómen pode ser dividido em quadrantes ou em nove regiões. Estas divisões são úteis para localizar os órgãos internos ou para descrever a localização de uma dor ou tumor. Planos 1. Planos do corpo • Uma secção sagital mediana divide o corpo em duas partes iguais, esquerda e direita. Um corte parassagital produz duas partes desiguais, esquerda e direita. • Um plano horizontal divide o corpo em duas partes, superior e inferior. • Um plano frontal (coronal) divide o corpo em duas partes, anterior e posterior 2. Secções de um órgão • Um corte longitudinal de um órgão divide-o ao longo do eixo maior. • Um corte transversal faz um ângulo recto com o eixo maior de um órgão. • Um corte oblíquo faz um ângulo com o eixo maior diferente do ângulo recto. Cavidades do Corpo 1. A cavidade torácica é subdividida pelo mediastino. 2. O diafragma separa a cavidade torácica da abdominal. 3. A cavidade pélvica é rodeada pelos ossos ilíacos. Membranas Serosas 1. As cavidades do tronco são revestidas por membranas serosas. A porção parietal de uma membrana serosa reveste a parede da cavidade e a porção visceral está em contacto com os órgãos internos. • As membranas serosas segregam líquido que preenche o espaço entre as membranas visceral e parietal. As membranas serosas protegem os órgãos da fricção. • As membranas pleurais envolvem os pulmões, o pericárdio envolve o coração e o peritoneu delimita as cavidades abdominal e pélvica, envolvendo os órgãos nelas contidos. 2. Os epíplons são porções do peritoneu que suportam os órgãos abdominais e proporcionam uma via de acesso aos vasos sanguíneos e nervos para os órgãos. 3. Os órgãos retroperitoneais localizam-se “por detrás” do peritoneu parietal. Capítulo 1 O Organismo Humano 23 R E V I S Ã O D E C O N T E Ú D O S 1. Fisiologia a. estuda processos ou funções dos seres vivos. b. é a disciplina científica que investiga as estruturas do corpo. c. estuda organismos mas não os diferentes níveis de organização, tais como células e sistemas. d. Reconhece a natureza estática dos seres vivos (por oposição à dinâmica). e. Pode ser utilizada para estudar o corpo humano sem se ter a anatomia em consideração. 2. Considerando os seguintes níveis conceptuais no estudo do corpo humano: 1. célula 2. químico 3. órgão 4. sistema/aparelho orgânico 5. organismo 6. tecido Escolher, do menor para o maior, a ordem correcta destes níveis conceptuais. a. 1,2,3,6,4,5 b. 2,1,6,3,4,5 c. 3,1,6,4,5,2 d. 4,6,1,3,5,2 e. 1,6,5,3,4,2 Para as questões 3 – 8, relacionar cada sistema orgânico com a sua função correcta. a. regula os outros sistemas orgânicos b. elimina os produtos tóxicos do sangue; mantém o balanço hídrico c. regula a temperatura, evita a perda de água, confere protecção d. elimina substâncias estranhas do sangue, combate a doença, mantém o equilíbrio hídrico dos tecidos e. produz movimento, mantém a postura; produz calor 3. sistema endócrino 4. sistema tegumentar 5. sistema linfático 6. sistema muscular 7. sistema nervoso 8. aparelho urinário 9. A característica da vida definida como “ todas as reacções químicas que ocorrem num organismo” é o/a a. desenvolvimento. b. crescimento. c. metabolismo. d. organização. e. capacidade de resposta. 10. Os mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) a. diminuem os desvios do setpoint. b. mantêm a homeostase. c. estão associados a um aumento da sensação de fome à medida que o tempo de jejum aumenta. d. todas os anteriores. 11. Os acontecimentos que se seguem fazem parte de um mecanismo de feedback negativo (retroacção negativa) 1. Aumento da pressão arterial. 2. O centro de controlo compara a pressão arterial actual com a pressão arterial do setpoint. 3. Aumenta a frequência cardíaca. 4. Os receptores detectam um decréscimo da pressão arterial. Escolher a combinação que ordena estes acontecimentos sequencialmente. a. 1,2,3,4 b. 1,3,2,4 c. 3,1,4,2 d. 4,2,3,1 e. 4,3,2,1 12. Qual destas afirmações respeitantes ao feedback positivo (retroacção positiva) é correcta? a. As respostas de feedback positivo (retroacção positiva) mantêm a homeostase. b. As respostas de feedback positivo (retroacção positiva) acontecem continuamente nas pessoas saudáveis. c. O nascimento é um exemplo de um de feedback positivo (retroacção positiva) que ocorre naturalmente. d. Quando o músculo cardíaco tem um aporte sanguíneo inadequa- do o mecanismo de feedback positivo (retroacção positiva) aumenta o fluxo sanguíneo para o coração. e. Os tratamentos médicos procuram tratar a doença com a ajuda dos mecanismos de feedback positivo (retroacção positiva). 13. A clavícula é __________________ ao mamilo: a. anterior b. distal c. superficial d. superior e. ventral 14. O termo que significa “mais próximo da porção final de um membro” é a. distal b. lateral c. mediano d. proximal e. superficial 15. Quais dos seguintes termos direccionais se podem associar como opostos? a. superficial e profundo b. mediano e proximal c. distal e externo d. superior e posterior e. anterior e inferior 16. A porção do membro superior entre o cotovelo e o punho é o a. braço b. antebraço c. mão d. braço inferior 17. Um doente com apendicite normalmente tem dor no quadrante __________________ do corpo a. inferior esquerdo b. inferior direito c. superior esquerdo d. superior direito 18. Um plano que divide o corpo em porção anterior e porção posterior é um a. plano frontal. b. plano sagital. c. plano transversal. 19. A cavidade pélvica contém a. os rins b. o fígado. c. o baço. d. o estômago. e. a bexiga. 20. Os pulmões a. fazem parte do mediastino. b. estão envolvidos pela cavidade pericárdica. c. encontram-se dentro da cavidade torácica. d. estão separados um do outro pelo diafragma. e. estão envolvidos por membranas mucosas. 21. Dadas estas características: 1. reduz a fricção entre os órgãos 2. reveste as cavidades que contêm líquido 3. reveste as cavidades do tronco que abrem para o exterior do corpo Parte 1 Organização do Corpo Humano24 Quais destas características descrevem as membranas serosas? a. 1,2 b. 1,3 c. 2,3 d. 1,2,3 22. Dadas as seguintes combinações entre órgão e cavidade: 1. coração e cavidade pericárdica 2. pulmões e cavidade pleural 3. estômago e cavidade peritonial 4. rins e cavidade peritonial Qual o órgão correctamente associado com o espaço que o envolve? a. 1,2 b. 1,2,3 c. 1,2,4 d. 2,3,4 e. 1,2,3,4 23. Quais destas combinações de membranas se encontram na superfície do diafragma? a. pleura parietal – peritoneu parietal b. pleura parietal – peritoneu visceral c. pleura visceral – peritoneuparietal d. pleura visceral – peritoneu visceral 24. Os epíplons a. encontram-se nas cavidades pleural, pericárdica e abdominopélvica. b. consistem em duas camadas de peritoneu fundidas. c. ancoram órgãos como os rins e a bexiga à parede do corpo. d. encontram-se principalmente nas cavidades do corpo que se abrem para o exterior. e. todas as anteriores. 25. Qual dos seguintes órgãos não é retroperitonial? a. as glândulas suprarrenais b. a bexiga c. os rins d. o pâncreas e. o estômago Respostas no Apêndice F Q U E S T Õ E S C O N C E P T U A I S 1. A exposição a um ambiente quente provoca transpiração. Quanto mais quente for o ambiente, mais se transpira. Dois estudantes de anatomia e fisiologia discutem os mecanismos envolvidos: o estudante A afirma que se trata de mecanismos de retroacção negativa; o estudante B afirma que se trata de mecanismos de retroacção positiva. Concorda com o estudante A ou com o B? Porquê? 2. Uma pessoa que foi vítima de um ferimento por bala apresentava os seguintes valores: frequência cardíaca elevada e a aumentar. Pressão arterial muito baixa e a diminuir. Após se ter estancado a hemorragia e de se ter efectuado uma transfusão de sangue a pressão arterial subiu. Qual/quais das seguintes afirmações é/são consistente(s) com estas observações? a. Os mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) são por vezes inadequados na ausência de intervenção médica. b. A transfusão de sangue interrompeu um mecanismo de feedback positivo (retroacção positiva). c. A transfusão de sangue interrompeu um mecanismo de feedback negativo (retroacção negativa). d. A transfusão de sangue não era necessária. e. a e b 3. Indique os termos descritivos correctos para a seguinte afirmação: quando um rapaz faz o pino, o nariz encontra-se __________________ à boca. 4. Complete as seguintes afirmações usando os termos descritivos correctos para um ser humano. De notar que pode ser aplicado mais do que um termo. a. O umbigo é ______________________ ao nariz. b. O mamilo é ______________________ao pulmão. c. O braço é ____________ ao antebraço. d. O 5º dedo é ___________ ao indicador. 5. O esófago é um tubo muscular que liga a faringe ao estômago. Em que quadrante e região está localizado o esófago? Em que quadrante e região está localizada a bexiga? 6. Dados os seguintes procedimentos: 1. Fazer uma abertura no mediastino. 2. Deitar o doente de costas. 3. Deitar o doente de barriga para baixo. 4. Fazer uma incisão através da membrana serosa do pericárdio. 5. Fazer uma abertura no abdómen. Qual dos procedimentos deveria ser executado para expor a superfície anterior do coração do doente? a. 2, 1, 4 b. 2, 5, 4 c. 3, 1, 4 d. 3, 5, 4 7. Durante a gravidez, qual das cavidades do corpo da mãe aumentará mais de tamanho? 8. Uma bala perfura o lado esquerdo de um homem, atravessa o pulmão esquerdo e aloja-se no coração. Indique, sequencialmente, as membranas serosas e as cavidades por onde a bala passou. 9. Uma mulher cai enquanto pratica esqui e, acidentalmente, é empalada pelo batom de esqui. O batom atravessa a parede abdomi- nal e o estômago, perfura o diafragma e aloja-se no pulmão esquer- do. Enumere, sequencialmente, as membranas serosas que o batom perfura. Respostas no Apêndice G Capítulo 1 O Organismo Humano 25 R E S P O S T A S A O S E X E R C Í C I O S 1. O nível químico é o nível sobre o qual a correcção está presentemen- te a ser realizada. A insulina pode ser obtida e injectada na circulação para substituir a insulina produzida normalmente pelo pâncreas. Outra abordagem é usar fármacos que estimulem as células pancreá- ticas a produzir insulina. A investigação actual visa o transplante de células que produzem insulina. Outra possibilidade é o transplante parcial de tecido ou o transplante total de um órgão. 2. Os mecanismos de feedback negativo (retroacção negativa) actuam no sentido de controlar a frequência respiratória para que as células tenham oxigénio em quantidades adequadas e sejam capazes de eliminar o dióxido de carbono. Quanto maior for a frequência respiratória, maior será a troca de gases entre o corpo e o ar. Quando um indivíduo repousa existe menor necessidade de oxigénio, sendo produzido menos dióxido de carbono do que durante o exercício físico. Em repouso, a homeostase pode ser mantida com uma frequência respiratória baixa. Durante o exercício físico existe uma maior necessidade de oxigénio e deve ser eliminado mais dióxido de carbono. Consequentemente, para manter a homeostase durante o exercício físico, a frequência respiratória aumenta. 3. A sensação de sede está relacionada com um mecanismo de feedback negativo (retroacção negativa) que mantém os líquidos corporais. A sensação de sede aumenta com a diminuição dos líquidos corporais. O mecanismo da sede provoca vontade de ingerir líquidos, o que faz regressar ao normal o nível de líquidos do corpo, mantendo a homeostase. 4. No gato, cefálico e anterior significam “em direcção à cabeça”; e dorsal e superior, “em direcção ao dorso”. Nos seres humanos, cefálico e superior significam “em direcção à cabeça”; dorsal e posterior, “em direcção ao dorso”. 5. A rótula é proximal e superior ao calcanhar. É também anterior ao calcanhar porque se encontra no lado anterior do membro inferior, enquanto o calcanhar se encontra no lado posterior. 6. O baço localiza-se no quadrante superior esquerdo; a vesícula biliar no quadrante superior direito; o rim esquerdo encontra-se no quadrante superior esquerdo; o rim direito no quadrante superior direito; o estômago encontra-se maioritariamente no quadrante superior esquerdo; e, o fígado encontra-se maioritariamente no quadrante superior direito. 7. Há duas formas de localizar um órgão dentro da cavidade abdomi- nopélvica, mas não dentro da cavidade peritoneal. Primeiro, o peritoneu visceral envolve os órgãos. Assim, a cavidade peritoneal envolve o órgão mas este não se encontra na cavidade peritoneal. A cavidade peritoneal contém apenas líquido peritoneal. Segundo, os órgãos retroperitoneais encontram-se na cavidade abdominopélvica, mas encontram-se entre a parede da cavidade abdominopélvica e a membrana peritoneal parietal.