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* * Curso de Graduação Engenharia de Sistemas Lagunares Conceituação e Introdução aos Processos Físicos de Sistemas Estuarino- Lagunares Aulas 2 e 3 Prof. Bastiaan A. Knoppers Professores Substitutos: Dra. Nilva Brandini; Elisamara Sabadini Santos Departamento de Geoquímica-UFF Categorias de Estuários Tipologia de Lagunas Geomorfologia e Evolução Processos Físicos Balanço Hídrico * * Engenharia de Sistemas Lagunares Aula 2 Processos Físicos Classificação Hidro-Geomorfológica, Evolução, Circulação, Maré e Estratificação * * Definições de Estuários Lagunas Costeiras correspondem a um Tipo de Estuário Ketchum (1951) e Pritchard (1952, 1967) desenvolveram os primeiros conceitos de definição de estuários: “ Um estuário corresponde a um sistema costeiro semi- enclausurado com livre acesso ao mar dentro qual água do mar é diluido com água doce da drenagem continental” Inúmeras outras definições surgiram em função da grande Diversidade destes sistemas. Kjerfve (1989) considerando também o impacto da maré na região límnica e lagunas costeiras que podem ser efêmeras ampliou a definição : “ Um sistema estuarino corresponde a uma incisão da costa que possui conexão restrita com o mar e permanece aberto pelo menos de forma intermitente podendo ser dividido em três regiões: A zona do rio de maré- sujeito ainda a influência de oscilações da maré mas sem intrusão salina, b) A zona de mistura estuarina- caracterizada pela mistura de água doce e marinha e gradientes expressivos de propriedades físicas, Químicas e biológicas, c) A zona costeira de turbidez- a pluma costeira a partir da foz do estuário até a margem da pluma “ Obs.: Conceitos básicos de estuários apresentados na disciplina “Ecossistemas Marinhos” ref. Geral: Miranda et alii. 2002. (incl. Ref´s de Ketchum e Pritchard * Categorias de Sistemas Estuarinos Serviços Impactos Ecologicos Gerenciamento Habitats Modificação bacias Bacias Filtro de Nutrientes Eutrofização Redução Carga Nutrientes Produção Hidrologia Restoração Urbanização Contaminação Redução Fontes Transporte Mudanças Nível do Mar Controle Emissões Maré RIO * * Características Específicas de Estuários e Lagunas Possuem alta diversidade hidrológica e geomorfológica A mistura de água doce e marinha resulta em diversas reações físico-químicas e biológicas alterando a composição da matéria dissolvida e particulada oriunda do aporte fluvial e marinho, -São sistemas dinâmicos governados pela alta variabilidade temporal e espacial dos processos físicos e biogeoquímicos, Correspondem a sistemas de retenção, transformação e acumulação de materiais (biogênicos, contaminantes, sedimentos) São sítios de elevada produtividade primária, metabolismo e de rendimento pesqueiro Sítios de portos, urbanização intensiva e recreação - Receptores de efluentes e contaminantes das atividades antrópicas * * Classificação Geomorfológica de Estuários, incl. Lagunas 1) Estuários de Planícies Costeiras (Estuários de Vales Inundados) Canal sub-aquático bem definido e geralmente se proliferam perpendicular à costa e em áreas de meso- e macro-marés . 2) Estuários Formados por Barreiras = LAGUNAS Sem canal sub-aquático bem definido. Se proliferam paralelamente á costa, possuem baixa profundidade, acesso restrito ao mar e podem ser intermitentes. Influência/energia da maré altamente dissipada pelo canal da maré. São altamente diversos e em geral compartimentados. 3) Fiordes- formados pela abrasão de glaciers no substrato e são Profundos ( i.e. 800 m). 4) Estuários Tectônicos- formados por falhas, atividade tectônica E erupções vulcânicas Miranda et alii., 2002. * * Classificação Física de Estuários/Lagunas Padrões de Mistura das Águas Tipo A- Homogeneamente Misturado. Fatores: > maré e < aporte de água doce Estuários de Vales Inundados e Lagunas Tipo B- Parcialmente Misturado Fatores: micro-/meso-maré e aporte fluvial moderado Estuários de Vales Inundados e em certas ocasiões Lagunas Tipo C- Altamente Estratificado Fatores: micro-/meso-maré e aporte fluvial alto Estuários de rios de médio-grande porte Tipo D- Cunha Salina Fatores: como Tipo C mas aporte fluvial mais acentuado Lagunas enquadram-se também no Tipo A uma vez que a Homogeinização e Circulação das massas de água é Principalmente controlada pelo vento. (Pritchard, 1955; Dyer, 1973; Miranda et al., 2002) * * Classificação de estuários em função do padrão de estratificação das massas d´água Tipo A: homogêneo Tipo B: parcialmente misturado Tipo C: altamente estratificado Tipo D: cunha salina * * * * Definição e Compartimentos da Interface Terra-Mar Localização de Lagunas Costeiras = * * Categorias Hidro- Geomorfológicas de Sistemas Estuarinos Sub-Categorias de Sistemas Lagunares Lagunas Costeiras Choked = “Sufocado” com único canal de acesso ao mar 2) Restricted= “Restrito” com um a três canais de acesso ao mar 3) Leaky = “Vazante” com múltiplos acessos ao mar (Kjerfve, 1994) * * Estuário de Vales Inundados Lagunas Costeiras do Tipo: Sufocado Restrito Vazante Lagos Costeiros = Lagunas Costeiras Definitivamente enclausuradas por barreiras arenosas Comparação entre outros sistemas costeiros * * Diversidade de Lagunas Costeiras * * Escala Espacial de Lagunas Costeiras Horizontal alcança kilometros Vertical alcança metros Consequência da baixa profundidade: Existe uma interação nítida dos processos físicos , biogeoquímicos e ecológicos entre a água e o sedimento Laguna * * Compartimentos Estruturais e Funcionais de Lagunas Modelo Conceitual Setor do Aporte Fluvial e Desenvolvimento de Macrófitas Emersas e Submersas 2) Setor de Formação de “Spits” (esporões) e Segmentação em Função da Circulação e Transporte de Sedimentos 3) Setor de Influência da Maré, Entrada de Água Marinha, Dissipação de Energia da Maré no Canal de Acesso ao Mar e Troca/ Exportação de Matéria Autóctone e Alóctone Gradiente Estuarino de Salinidade Setor Montante com aporte fluvial- mistura de água doce e eventual estratificação. Setor central: águas homogêneas misturadas verticalmente e horizontalmente e circulação dominada pela energia dos ventos Setor Jusante: estratificação vertical na área interna do canal de acesso ao mar devido a entrada de águas densas marinhas. Límnico (Rio), oligo-, meso-, poli- a eurihalino (Mar) S = 0, 0 a 5, 5 a 25, 25 a 33, 34 a 37 * * Resumo das Características Principais de Lagunas 1) Enclausuramento por Barreiras Arenosas 2) Acesso Restrito ao Mar 3) Baixa Profundidade sem Canal Sub-Áquatico bem Definido 4) Condições Homogêneas da Coluna de Água 5) Circulação dominada pelos Ventos 6) Compartimentação única ou múltipla 7) Interação Nítida entre a Coluna de Água e o Sedimento 8) Balanço Hídrico variável e sensível aos fatores climáticos e uso do solo ( aporte fluvial, estiagem) 9) Retentores de sedimentos e materiais associados 10) Formação em função dos processos de transgressão e regressão do nível do mar (Pleistoceno Tardio ou na maioria no Holoceno) * * Distribuição Principal das Barreiras Litorâneas Arenosas onde Proliferam Lagunas * * Regiões Principais de Ocorrência de Lagunas Costeiras No Brasil principalmente: Planícies do Quaternário do Setor Granítico do RJ Planície do Quaternário da Costa de SC e RG Outros: Nos deltas do rios de médio porte da Costa Leste e Nordeste * * Lagunas Costeiras Predominamem Regiões de Micro-marés (0- 2m) e Regime de Alta Energia de Ondas Microtidal = Micro-maré (0-2 m) Mesotidal = Meso-maré (2- 4 m) Macrotidal = Macro-maré (> 4m) Relação entre faixa da Maré e altura de ondas (energia) e maior incidência de agunas * * Setores Geológicos da Costa do Brasil 1) Costa do Quaternário Norte 2) Costa Leste do Terciário 3) Costa Granítica do Sudeste 4) Costa do Quaternário Sul Maior ocorrência de sistemas lagunares nas costas 3 e 4 devido ao alto regime de ondas e micromarés. * * Exemplos da Costa Sudeste do Brasil Litoral Fluminense (RJ) Litoral Sul São Paulo (SP) Lagunas do tipo “sufocado” e multi- compartimentado com único canal de maré Laguna do tipo “ Restrito” com 2 canais de maré * * Exemplos de Lagunas da Costa do Brasil Litoral de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS) Obs.: L.Patos-Mirim maior complexo lagunar sufocado do mundo L. Conceição (SC) L. Patos-Mirim Estuário L. Patos * * Origem e Evolução A existência de lagunas costeiras é diretamente relacionada a formação de barreiras arenosas litorâneas que delimitam o corpo de água das lagunas entre o mar e adentro (Barnes, 1980). Os 3 fatores que controlam e mantém as barreiras arenosas são: História da variação do nível do mar Dinâmica das correntes, energia de ondas e transporte de sedimentos marinhos ao longo do litoral e magnitude do aporte fluvial 3) Faixa e natureza da maré Na costa do Brasil , os principias terraços das barreiras e assim as lagunas enclausradas foram formadas durante dois episódios do aumento do nível do mar acima do atual : Durante o Pleistoceno Tardio 123.000 ± 5.700 anos B.P com nível do do mar em torno de 8 m acima do presente e, b) Durante o Holoceno 5.100 anos B.P com nível do mar em torno de 5 m acima do presente. Entretanto, desde os último episódio de elevação do nível do mar 5.100 anos B.P , houve regressão do nível do mar com diversas Oscilações. Existem evidências, que o nível do mar atual tornou-se a elevar com uma taxa ao redor de 0,3 cm/ano. A maioria das lagunas atuais foram formadas no Holoceno, algumas do Pleistoceno ainda estão presentes ao longo de cordões, tal como na Lagoas de Araruama (RJ) e Patos (RS), ou viraram pântanos ou paleo-lagunas, tal como nos estuários dos Rios Doce e Paraíba do Sul (RJ). A predominância das lagunas costeiras do Brasil nas regiões Sudeste e Sul é divido a presença de micro-marés (faixa 0- 2m), a alta energia de ondas e a alta dinâmica do transporte litorâneo de sedimentos. * * Formação de Lagunas por Barreiras * * Oscilações do Nível do Mar Relativo no Holoceno Períodos de Transgressão/Regressão Figura A: Curva do Nível do Mar Relativo da costa do Brasil - Períodos de Submergência (aumento do nível e intrusão das águas nas planícies) = 7000-5100; 3900-3600 e 2700-2500 B.P Períodos de emergência (diminuição do nível e recuo de intrusão) = 5100-3900; 3600-2700 e após 2700 anos B.P. As oscilações se manifestaram na faixa de 2- 3 m. Figura B: Comparação entre as variações do Nível do Mar Relativo entre a costa do Brasil (curva acima) e das costas do Atlântico Norte e do Golfo dos EUA. Ocasionaram padrões diferenciados na formação de lagunas e dinâmica de sedimentos entre as costas. Suguio et alii, 1984; Martin e Dominguez, 1994 (em Kjerfve, 1994 Ed. e Knoppers et alii. 1999. Eds.) * * Exemplos da Evolução da Sequencia de Barreiras do Pleistoceno e Holoceno de Lagunas da Costa Sudeste do Brasil: L. Araruama (RJ), L. Cananéia-Iguape (SP) e L. Patos-Mirim (RS) Em: Knoppers e Kjetfve (1999) * * Exemplo Lagunas do Estado de Alagoas Formados pela inundação de vales / escarpas da Formação Barreiras do Terciário * * Formação de Barreiras Porquê barreiras arenosas e lagunas se formam de preferência durante o aumento do nível do Mar (submergência/ Transgressão)? Uma zona/planície costeira arenosa possui um perfil em equilíbrio em função da hidrodinâmica local e da granulometria. Este fatores alteram como também o nível do mar. A regra de Bruun (1962) consta que o equilíbrio destruído pelo aumento do Nível do Mar é re-estabelecido com o deslocamento adentro do perfil (sedimentos) da praia., induzido por uma erosão acelerada do prisma da praia e transferência da areia erodida ao Mar (Perfil A). Desta forma, com aumento do Nível do Mar ao longo de planícies costeiras , a praia e a duna é alimentada por sedimentos da deriva litorânea de sedimentos. * * Cenários da Zona Costeira e Lagunas Sea-Level Rise = Aumento do Nível do Mar Sea-Level Drop = Diminuição do Nível do Mar Strandplains = Planícies * * Resumo dos Processos que Controlam o Estado de Acumulação de uma Laguna Costeira em função da variação do Nível do Mar Relativo Nichols e Boon, 1994. Em: Kjerfve, 1994. Ed. (na biblioteca GEO) * * Relação entre a Taxa de Acumulação de Sedimentos e o Aumento do Nível do Mar Relativo A linha tracejada no diagrama indica que os dois processos se mantém em equilíbrio . Déficit indica menor e ganho (surplus) maior taxa de acumulação de sedimentos em relação ao aumento relativo do nível do mar. Exemplo: 66 sistemas lagunares dos EUA Os sistemas lagunares do Litoral Fluminense se mantém perto do estado de equlibrio. Taxas de sedimentação se mantém em geral entre 0,1 a 0,6 cm/ano, com mediana ao redor de 0,3 cm/ano * * Entrada Bacia Processos de Transporte Laguna Diagrama esquemático das entradas e saídas de água e materiais e os mecanismos de transporte de lagunas Entradas: Escoamento superficial difuso Escoamento pontual pelos rios Transporte horizontal e Percolação lençol freático Precipitação- deposição atmosférica (bacia e laguna) Saídas: Evapo-transpiração/ evaporação Retenção e acumulação nos sedimentos (exportação final) Advecção horizontal ao mar Saída bacia * * Sedimentação em Lagunas Costeiras Natural vs. Acelerado pelo Uso do Solo nas Bacias Lagunas são preenchidas por sedimentos naturalmente e tendem a assorear até virarem pântanos. O desmatamento e a erosão de sedimentos ocasiona maior aporte de sedimentos e acelera o assoreamento. Caso o aumento do nível do mar não equivale a taxa de sedimentação/assoreamento as lagunas desaparecem . Escala Séculos Escala Décadas Natural Acelerado * * Caminhos de Transporte Sumidouros e Processos Processos de transporte de água e sedimentos e áreas de deposição e erosão Devido a grande diversidade Hidro-Geomorfológica e da interação entre os forçantes de energia física extrena (climáticos e oceanográficos) nenhuma Laguna Costeira Funciona igual * * Segmentação de Lagunas Costeiras devido a Erosão de Enseadas e Formação de “Spits” em Função da Circulação e de Ondas geradas pelo vento A geomorfologia de uma laguna costeira depende da interação entre inúmeros fatores: hidrológicos, geológicos, climáticos, oceanográficos (maré, ondas, alterações do nível do mar), transporte litorâneo de sedimentos e ecológicos (consolidação da flora e fauna) Exemplo: Lagoa de Araruama, RJ * * Engenharia de Sistemas Lagunares Aula 3 Processos Físicos Taxa de Renovação das massas d´água e balanço hídrico * * Alta dinâmica e variabilidade do balanço hídrico em função de fatores climáticos (P e E, Aporte Fluvial) e energia física externa dos processos oceanográficos (deriva litorãnea, ondas, Maré. Exemplo acima apresenta um estágio de fechamento do canal da maré pela deposição de sedimentos marinhos da deriva litorânea. Ocorre com gradiente hidráulico negativo entre laguna e o mar. * * Lagunas do Litoral Fluminense * * Variabilidade Sazonal da Temperatura das Lagunas * * Variabilidade Sazonal da Salinidade * * Processos Físicos de uma Laguna CosteiraSufocada Exemplo: Lagoa de Guarapina-RJ P * * Vazante Enchente Enchente Vazante Enchente Padrões da Distribuição e Dinâmica das Massas de Àgua em Função da Maré na Lagoa de Guarapina, RJ, do Tipo Sufocado. RIO Entrada Canal Interrno * * Maré Forma da maré: F=K1+O2 / M2+S2 M2= maré lunar principal semi-diurna; S2= Maré solar principal semi-diurna; O1= Maré lunar principal diurna K1= Maré principal diurna de declinação Os 4 são responsáveis por entorno de 70% do tipo da maré * * Dissipação de Energia da Maré no Canal de Acesso ao Mar Perda de 95 % da energia da maré resultando em elevações da maré na Laguna de somente 3 cm e intrusão esporádica de sal. * * Variabilidade Diurna da Temperatura, Salinidade e Direção das Correntes no Canal de Ligação de Bambuí entre os Setores de Guarapina e Padre. Nota-se a alta variabilidade da T com quedas de até 9 graus em alguns dias durante a passagem de frentes frias, como também, a recuperação da Tapós a passagem da frente. A S diminuiu em Função do transporte de água do interior do sistema para L. Guarapina. Convecção térmica importante para a Mistura das massas de água. * * Variabilidade Temporal do Nível de Água, da Maré e da Salinidade ao longo de 11 Dias no Canal de Maré da Lagoa de Guarapina-RJ Nível Direção e Velocidade Salinidade * * Balanço Hídrico Empírico Simplificado Desenvolvido e Aplicado para as Lagunas do Litoral Fluminense Kjerfve e Knoppers (1991); Knoppers e Kjerfve (1999) * * O Modelo * * O Modelo (cont.) * * Variação Sazonal da Vida Média do Tempo de Residência das Massas de Água e em Função do Aporte Fluvial das Lagunas de Guarapina e Maricá-RJ Ƭ50 % em dias Ƭ50 % em dias contra Qr (vazão) Observa-se o menor tempo de residência em L. Guarapina, jusante ao mar, em comparação a L. Maricá , a montante sem Influêmcia da maré e somente do aporte fluvial. * * Tabela 1: Localização Geográfica, Tipo Hidro-Geomorfológico e Número de Compartimentos (cells) Taxas de Renovação (T50%) dos Sistemas Lagunares do Litoral Fluminense Tabela 2: Parâmetros Fisiográficos, Hídricos e Taxas de Renovação Obs.: < T50% nos compartimentos externos jusante ao mar e > T50% Nos compartimentos internos montante da fonte fluvial * * Outros Métodos mais Tradicionais Simplificados de Estimativas da Taxa de Renovação/ Tempo de Residência e/ou Diluição das Massas de Água (Ref.: Dyer, K.R. 1973. Estuaries: a physical introduction. John Wiley & sons, London. 140 p. Obs: 01 Dia Lunar = 24 horas e 48 minutos = 01 ciclo de uma maré diurna durante Sizígia = 89428 s ½ Dia Lunar = 12 hora e 24 minutos = 01 ciclo de uma maré semi-diurna durante Sizígia = 44714 s 01 Dia Solar = 24 horas = 86400 * * Taxa de Renovação Método da Fração de Água Doce Uma das definições da taxa de renovação (T = “Flushing Time”) das massas de água corresponde ao tempo necessário para repor o total de água doce presente no sistema estuarino-lagunar em função da taxa da descarga de água doce. Sendo: T = Q/R Onde, Q é a quantidade (volume= m3) total de água doce acumulado no sistema ou um dos seus compartimentos e R é a descarga de água doce (m3/s). Pode ser estimado para eventos curtos, sazonais ou como média anual tendo medições da variabilidade temporal de Q e R. * * A média da fração de água doce (f) no sistema em qualquer compartimento ou do total da laguna é: f = Ss – Sn/ Ss Onde, Ss é a salinidade não diluída da água do mar (geralmente nas nossas águas do litoral S ≈ 33 ) e Sn é a média da salinidade na laguna ou num compartimento. O volume total Q de água doce é obtido multiplicando a concentração da fração de água doce “ f “ pelo volume total da laguna ou seu compartimento. * * Exemplo: Cálculo da média anual de T para a Laguna de Guarapina, RJ. Área Média da laguna: 6,5 x 106 m2 Profundidade Média (Zm): 1 m Volume Médio Q: 6,5 x 106 m3 Vazão R: 3 m3/s ( = aporte para L. Guarapina 1 m3/s + entrada de água doce do compartimento interno de L.Maricá de 2 m3/s) Fracão de água doce (média anual): Salinidade L.Guarapina S = 15; Salinidade mar S = 33 f = 33 – 15/33 f= 0,55 ou 55 % do volume total da laguna Volume total de água doce: Q = 6.5 x 106 m3 x 0,55 = 3,55 x 106 m3 Consequentemente T = Q/R é: T= 3,55 x 10 106 m3/ 3 m3/s T = 1.17 x 106 s T = 13,54 dias (fator conversão: 1 dia = 86400 segundos) * * Método da Prisma da Maré de Compartimento Único Nesta estimativa assume-se que toda a água que entra durante maré enchente é inteiramente misturada com a água da laguna e o volume introduzido pelo mar e o aporte fluvial é igual a Prisma da Maré. A Prisma da Maré corresponde ao volume de água entre o nível de água da maré baixa e maré alta. Durante vazante o mesmo volume de água introduzido pela maré é removido e o teor de água doce do volume removido iguala a entrada fluvial. Desta forma, a taxa de renovação por ciclo de maré é: T = V +P/ P Onde, V é o Volume de água da laguna durante baixa mar e P é o volume de água entre a maré baixa e a maré alta. Considera-se que este método estima taxas maiores de renovação ou seja menores tempos de residência das águas que outros métodos mais aprimorados, mas fornece uma ordem de grandeza de T em geral, útil para a obtenção de uma primeira estimativa sobre o impacto da maré. * * Exemplo Laguna de Guarapina, RJ: Variação média da maré dentro de L. Guarapina Δh = 3 cm = 0,03 m Volume da Prisma da Maré P Área da laguna maré baixa A = 6.3 x 106 m2 e Volume de 6.3 x 106 m3 com profundidade média de 1m Volume P = A x Δh = 6.3 x 106 m2 x 0,03 m = 0,19 x 106 m3 Sendo, T = 6.3 x 106 m2 + 0,19 x 106 m3 / 0,19 x 106 m3 T = 6,49 x 106 m3/ 0,19 x 106 m3 T= 34 ciclos de mare Considerando que a maré da costa de L. Guarapina é semi-diurna ou possui 44714 s de duração ou ocorre 1,93 vezes por dia , T = 34 / 1.93 O T estimado através do Método da Prisma da Maré é T= 17.6 dias (Obs. Um ciclo lunar de uma maré semi-diurna dura 44714 s de uma maré diurna 89428 s e um dia possui 86400 s) * * Método da Prisma da Maré Modificado Este possui a mesma abordagem que o método Ad. 2, mas considera sistemas multi-compartimentados em função das diferenças regionais da salinidade de cada compartimento e divide desta forma o sistema em segmentos e a influência do fluxo do sal de cada sobre o outro. É geralmente, adotado para sistemas estuarinos com acesso ao mar mais abertos que possuem gradientes de salinidade contínuas entre a fontes de água doce e marinha. Para sistemas lagunares com acesso restrito ao mar pode-se adotar a obordagem Ad 2 de forma separada para cada compartimento. Entretanto, a melhor alternativa para lagunas é uso do balanço hídrico empírico da vida média da taxa de renovação (T50%) de Kjerve e Knoppers (1999), apresentado anteriormente. Todas as abordagens são úteis para estudos de EIA-RIMA`s, pois fornecem informações genéricas. Não substituem modelos numéricos mais aprimorados. * * Referências Específicas (Além da Lista Geral da Bibliografia Entregue) Caracterização Hidro-Geomorfológicas, Evolução e Sedimentação Phleger, F.B.1969. Some general features of coastal lagoons. Pp.5-26. Em: Lagunas Costeiras. Ayala-castaneras, A. Ed. Universidad nacional Autónoma de México, México, DF. Nichols, M.M. 1989. Sediment accumulation rates and relative sea-level rise in lagoons. Marine Geology 88:201-219 Martin, L.; Dominhuez, J.M.L. 1994. Geological history of coastal lagoons. Pp. 41-68. Em: Coastal Lagoon Processes. Kjerfve, B. Ed., Elesevier, Amsterdam. Kjerfve, B.; Magill, K. 1989. Geographic and hydrographic characteristics of shallow coastal lagoons. Marine Geology 88:187-199 Processos Hidrodinâmicos/ Balanço Hídrico de L. Guarapina e outras Lagunas do BrasilKeulegan, G.H. 1967. Tidal flow in entrances: water level fluctuations in basins in communication with seas. Technical Bulletin 14. Commitee on Tidal Hydraulics. Corps of Engineers, U.S. Army, Vicksburg, M.I. 89 pp. Zimmerman, J.T. 1981. The flushing of well-mixed tidal lagoons and it´s seasonal variations. Pp. 15-26. Em: Coastal Lagoon Research, Present and Future. UNESCO, Paris Knoppers, B.; Kjerfve, B.; Carmouze, J-P. 1991. Trophic state and water trun-over time in six choked lagoons in Brazil. Biogeochemistry 14: 149-166 Kjerfve, B. et alii. 1996. Hydrology and salt balance in a large hypersaline coastal lagoon: Lagoa de Araruama, Brazil. Estuarine, Coastal and Shelf Science 42:701-725 Kjerfve, B.; Knoppers,B. 1999. Physical characteristics of lagoons of the East Fluminense coast, State of Rio de Janeiro, Brazil. Em: geoquímica Ambiental de Sistemas Lagunares do Rio de Janeiro, Brasil. Knoppers, B. et alii. Eds. Série geoquímica Ambeintal 6: 57-67. FINEP/UFF. Knoppers, B.; Kjerfve, B. 1999. Coastal lagoons of Southeastern Brazil. Pp. 35-63. Em: Estuaries of South America. Perillo, G.M.F. et alii. Eds. Springer Verlag, Berlin/New York. Miranda, L.B.; Castro, B.M.; Kjerfve, B. 2002. Princípios de Oceanografia Física de estuários. Editora da Universidade de São Paulo-EDUSP. 414 p.
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