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Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3929 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES SUBMETIDOS A CATETERISMO CARDÍACO EM UMA UNIDADE DE CARDIOLOGIA NURSING DIAGNOSIS IN PATIENTS UNDERGOING A CARDIAC CATHETERIZATION IN A UNIT OF CARDIOLOGY DIAGNÓSTICO DE ENFERMERÍA EN PACIENTES SOMETIDOS A UN CATETERISMO CARDÍACO EN UNA UNIDAD DE CARDIOLOGÍA Eunice Moreira Aquino1, Hellen Roehrs2, Marineli Joaquim Méier3 RESUMO Objetivo: identificar os diagnósticos de enfermagem de pacientes submetidos a cateterismo cardíaco em uma unidade de cardiologia. Metodologia: estudo exploratório, descritivo, realizado com sete enfermeiros de uma unidade de cardiologia de um hospital universitário de Curitiba/PR. A coleta de dados foi realizada em três etapas: elaboração de estudos de caso; resolução individual dos diagnósticos de enfermagem pelos participantes e discussão de grupo e os dados foram submetidos à análise descritiva. A pesquisa teve o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE 0166.0.208.000-11. Resultados: a partir das discussões surgiram nove diagnósticos de enfermagem específicos para pacientes submetidos a cateterismo cardíaco. Conclusão: os diagnósticos de enfermagem contribuem para nortear, organizar e fundamentar o conhecimento do enfermeiro, de forma que possa prever os cuidados indispensáveis a uma população específica. Descritores: Enfermagem; Processos de Enfermagem; Diagnósticos de Enfermagem; Cateterismo Cardíaco. ABSTRACT Objective: identifying nursing diagnoses of patients undergoing cardiac catheterization in a cardiology unit. Methodology: an exploratory, descriptive study conducted with seven nurses from the cardiology unit of a university hospital in Curitiba/PR. Data collection was performed in three stages: preparation of case studies; individual resolution of nursing diagnoses by participants and group discussion and the data were subjected to descriptive analysis. The research had the project approved by the Research Ethics Committee, CAAE 0166.0.208.000-11. Results: from the discussions nine specific nursing diagnoses for patients undergoing cardiac catheterization emerged. Conclusion: nursing diagnoses contribute to guiding, organizing and supporting the knowledge of nurses, so that it can provide the necessary care to a specific population. Descriptors: Nursing; Nursing Process; Nursing Diagnoses; Cardiac Catheterization. RESUMEN Objetivo: identificar los diagnósticos de enfermería de pacientes sometidos a cateterismo cardíaco en una unidad de cardiología. Metodología: un estudio exploratorio, descriptivo, realizado con siete enfermeras de la unidad de cardiología de un hospital universitario de Curitiba/PR. La recolección de datos se llevó a cabo en tres etapas: la preparación de estudios de caso; resolución individual de los diagnósticos de enfermería por los participantes y la discusión en grupo y los datos fueron sometidos al análisis descriptivo. La investigación tuvo el proyecto aprobado por el Comité de Ética de Investigación, CAAE 0166.0.208.000-11. Resultados: a partir de las discusiones surgieron nueve diagnósticos de enfermería específicos para los pacientes sometidos a cateterismo cardíaco. Conclusión: los diagnósticos de enfermería contribuyen para orientar, organizar y apoyar el conocimiento de las enfermeras, para que pueda brindar la atención necesaria a una población específica. Descriptores: Enfermería; Proceso de Enfermería; Diagnósticos de Enfermería; Cateterismo cardíaco. 1Enfermeira Residente de Enfermagem, Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar - área Cardiovascular, Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná/UFPR. Curitiba (PR), Brasil. E-mail: nice.aquino@yahoo.com.br; 2Enfermeira, Professora Mestre em Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Paraná/UFPR. Curitiba-PR, Brasil. E-mail: hellenroehrs@gmail.com; 3Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Graduação / Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Coordenadora da CIPEAD- Coordenação de Integração de Políticas de Educação à Distância. Curitiba (PR), Brasil. E-mail: mmarineli@ufpr.br ARTIGO ORIGINAL Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3930 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia científica, cada vez mais utilizada pelos enfermeiros, para direcionar, organizar e sistematizar as atividades realizadas, conferindo maior segurança ao paciente por favorecer maior contato e a criação de vínculo, o que resulta na melhora da qualidade assistencial. Ao utilizar a SAE, o profissional aplica seus conhecimentos técnico-científicos, o que lhe confere maior autonomia, credibilidade, competência, satisfação profissional, além de proporcionar maior visibilidade à profissão.1 O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da Resolução 358/2009, propõe como fundamento do processo de enfermagem (PE), cinco fases interdependentes e concomitantes: 1) Coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem, 2) Diagnóstico de enfermagem, 3) Planejamento de enfermagem, 4) Implementação e 5) Avaliação de enfermagem.2 Destaca-se que a segunda fase consiste na identificação das respostas do indivíduo, família ou comunidade frente ao processo saúde-doença, as quais direcionam de maneira precisa a seleção das intervenções pelo enfermeiro, para o alcance dos resultados esperados, que visem melhorar a qualidade de vida.2 Tem como finalidade, entre outras, uniformizar e universalizar a nomenclatura usada para aludir aos problemas relacionados ao processo saúde-doença apresentados pelo paciente, os quais são de responsabilidade do enfermeiro. Foi padronizada a partir de taxonomias, cuja proposta de classificação dos DE alcança aceitação e reconhecimento entre muitos autores e pesquisadores para nortear o planejamento, a implementação e a avaliação das intervenções de enfermagem.3-4 Para maior acurácia na escolha dos DE, os enfermeiros precisam desenvolver competências intelectuais, interpessoais e técnica, além de aperfeiçoar o desenvolvimento de elementos pessoais consistentes de tolerância à ambiguidade e uso de prática reflexiva.5 Os DE contribuem de maneira sólida para identificar as respostas dos pacientes frente às doenças cardiovasculares (DCV), especialmente diante da necessidade intervencionista de um cateterismo cardíaco. Este consiste numa modalidade diagnóstica e terapêutica utilizada em pacientes com DCV. Devido a crescente taxa de doenças coronárias no mundo, esta técnica é uma das mais relevantes da medicina.6 O cateterismo cardíaco apresenta riscos potenciais de complicações, tais como hematoma, pseudoaneurisma e hemorragia, entre outras. Deste modo exigem assistência sistematizada de acordo com as diretrizes nacionais, que compreende desde a chegada do paciente até sua alta hospitalar.6 Na instituição de ensino onde a pesquisa foi realizada a Direção de Enfermagem tem envidado esforços para uniformizar e universalizar o processo de enfermagem. Assim, de forma a contribuir com os enfermeiros locais e outros, a pesquisatraçou como objetivo: ● Identificar os diagnósticos de enfermagem de pacientes submetidos a cateterismo cardíaco em uma unidade de cardiologia. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, na Unidade Funcional Cardiovascular e de Pneumologia (UCP) de um hospital de ensino, no período de abril a junho de 2013, na cidade de Curitiba, Paraná, Brasil. A UCP conta com doze enfermeiros (as) distribuídos da seguinte maneira: cinco no Centro de Terapia Intensiva Cardiológica (CTI- C) e Unidade Coronariana (UCO); uma na Unidade de Internação Cardiológica; três no Laboratório de Hemodinâmica, um nos Métodos Cardiológicos e dois no setor de Pneumologia. Participaram da pesquisa os enfermeiros que aceitaram e preencheram os seguintes critérios de inclusão: ser enfermeiro de um dos setores da UCP relacionado à cardiologia da referida instituição, prestar cuidados diretos aos pacientes submetidos a cateterismo cardíaco, assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ter experiência prática assistencial mínima de um ano e seis meses na área de cardiologia, em DE e estar em atividade durante a etapa de coleta de dados da pesquisa. Foram considerados critérios de exclusão: não prestar cuidados diretos aos pacientes submetidos a cateterismo cardíaco, sendo que quatro enfermeiros participaram. A fim de ampliar as discussões, foram convidadas três enfermeiras, que apresentavam características pertinentes aos critérios de inclusão: uma docente da disciplina Enfermagem Clínica; uma enfermeira ligada à Direção de Enfermagem envolvida na implementação da SAE; uma MÉTODO INTRODUÇÃO Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3931 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 residente de enfermagem do segundo ano, vinculada ao Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar – Área Cardiovascular. Dessa forma, a pesquisa contou com sete participantes. A pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição mediante CAAE 0166.0.208.000-11 e registro 2553.160/2011-08, respeitadas as normas da Resolução nº 466/12 e outras correlacionadas.7 A coleta de dados aconteceu em duas etapas. Inicialmente foi entregue para cada enfermeiro seis estudos de caso de pacientes submetidos a cateterismo cardíaco. As informações que subsidiaram os estudos de caso foram obtidas por meio de instrumento próprio de coleta de dados dos pacientes e de pesquisa nos prontuários. Na segunda etapa os enfermeiros tiveram um período de uma a três semanas para identificar, individualmente, os DE pertinentes a cada caso, segundo a taxonomia II NANDA-I. Após a devolução a pesquisadora compilou os DE e cada paciente tinha uma única lista diagnóstica. Na terceira etapa os DE compilados foram apresentados aos participantes em três encontros, com o intuito de discutir a acurácia dos mesmos e eleger os DE mais precisos para pacientes submetidos a cateterismo cardíaco. Os DE incluídos na lista diagnóstica final obtiveram aprovação maior ou igual 70 por cento. Os dados foram submetidos a análise descritiva e de acordo com a taxonomia NANDA-I. Para fins didáticos, os DE foram classificados da seguinte maneira: relacionados ao motivo de internação, aos fatores de risco de doença cardíaca, ao cateterismo cardíaco e ao internamento hospitalar. Estes foram discutidas com base na literatura e em outros trabalhos convergentes ao tema desta pesquisa. Participaram da pesquisa sete enfermeiros, seis do sexo feminino e um do sexo masculino, com faixa etária entre 24 e 45 anos. Quanto ao tempo de formação, variou de dois a dez anos e de atuação no setor da cardiologia compreendeu entre um e seis anos, sendo que o sujeito com um ano de atuação já tinha experiência anterior de seis anos na prática assistencial. Dos sete enfermeiros, um apresenta outro vínculo empregatício. Quanto à titulação, dois enfermeiros têm especialização lato sensu e três stricto senso (mestrado); os demais estão em qualificação. A partir da resolução individual dos casos pelos enfermeiros, foi compilada uma lista diagnóstica que variou de 27 a 38 DE, com média de 32,8 diagnósticos por paciente. Após as discussões nas reuniões de consenso, a variabilidade foi de 17 a 20 diagnósticos, com média de 17,5 diagnósticos por caso, conforme mostra a Figura 1. Caso Quantidade de DE / caso Antes consenso Pós consenso 1 27 17 2 28 15 3 35 20 4 38 18 5 35 19 6 34 16 Figura 1. Descrição da quantidade de diagnósticos de enfermagem por caso e da média, em relação às reuniões de consenso em grupo. Curitiba, 2013 Os DE foram agrupados conforme a classificação didática, o que possibilitou identificar os diagnósticos relacionados especificamente ao procedimento de cateterismo cardíaco: ● Motivo de internação - Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais, Débito cardíaco diminuído, Intolerância à atividade, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída. ● Internamento hospitalar - Risco de constipação, Padrão de sono prejudicado, Mobilidade física prejudicada, Risco de perfusão gastrintestinal ineficaz. ● Internamento hospitalar - Sentimento de impotência, Risco de quedas, Risco de resposta alérgica, Fatores de risco de doença cardíaca, Estilo de vida sedentário, Autocontrole ineficaz da saúde, Comportamento de saúde propenso a risco, Risco de glicemia instável, Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, Padrão de sexualidade ineficaz, Ansiedade. ● Procedimento (cateterismo cardíaco) - Mobilidade no leito prejudicada, Risco de perfusão renal ineficaz, Risco de perfusão tissular periférica ineficaz, Risco de infecção, Risco de sangramento, Risco de integridade da pele prejudicada, Risco de resposta adversa a RESULTADOS Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3932 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 meio de contraste com iodo, Dor aguda, Conforto prejudicado. Ressalta-se que alguns enfermeiros relataram dificuldades na elaboração individual dos DE quanto à acurácia dos mesmos, devido à fragilidade pessoal de interpretação dos dados apresentados. Também afirmaram que as discussões em grupo favoreceram um melhor entendimento dessa etapa do processo de enfermagem. Nesta pesquisa foi encontrada uma média de 17,5 DE por paciente. Estudos sobre doenças isquêmicas do coração e angioplastia transluminal coronária percutânea (ATCP) encontraram uma média de 16 e 19 DE/paciente.3,8 Evidencia-se que a ACTP é similar ao cateterismo cardíaco no que diz respeito à técnica de intervenção e à recuperação do paciente pós-procedimento. A maioria dos DE selecionados nesta pesquisa são do domínio quatro (Atividade/repouso), classe quatro (Respostas cardiovasculares/pulmonares) da NANDA-I. Alguns desses diagnósticos foram associados a dados de caracterização sociodemográfica e clínica, o que permite a identificação precoce dos sujeitos quanto ao risco.5,9 Ressalta-se que o DE Risco de perfusãogastrintestinal ineficaz não está diretamente relacionado ao sistema cardiovascular tampouco ao cateterismo cardíaco. Porém, esse diagnóstico foi considerado em função de um paciente que, segundo avaliação do grupo, apresentou essa necessidade. Neste caso considerou-se, portanto, que o PE configura-se como uma ferramenta relevante na prática qualificada do enfermeiro e requer deste um olhar holístico sobre o indivíduo, capaz de realizar uma avaliação completa das suas necessidades afetadas.10 Entretanto, para fins de discussão consideraram-se os DE relacionados especificamente ao cateterismo cardíaco: Mobilidade no leito prejudicada. Diagnóstico definido como “limitação para movimentar-se de forma independente de uma posição para outra no leito”.5 O cateterismo cardíaco é um método diagnóstico e terapêutico que consiste na introdução de um cateter por uma artéria, geralmente a femoral, que vai até o coração. Este exame apresenta complicações potenciais ao paciente, tais como risco de sangramento, hematoma no local da punção, pseudoaneurisma, traumatismo decorrente da cateterização, formação de coágulo, vasoespasmo e infarto agudo do miocárdio. Assim, as intervenções do enfermeiro diante desse DE envolve a orientação ao paciente sobre a necessidade de repouso absoluto por, pelo menos, 12 horas sem mobilizar o membro puncionado e monitorar os pulsos.6 Risco de perfusão renal ineficaz. Este diagnóstico foi encontrado em estudos similares.4,8 É definido como “risco de redução na circulação sanguínea para os rins, que pode comprometer a saúde”.5Está relacionado aos efeitos secundários do tratamento, exposição a nefrotóxico e comorbidades como hipertensão, hiperlipidemia e Diabetes Melito (DM).5 O meio de contraste (MC) faz vasoconstrição renal, reduz a taxa de filtração glomerular e, consequentemente, pode levar a insuficiência renal aguda (IRA). Apesar da evolução dos MC, eles constituem a terceira causa de IRA no meio hospitalar, aumentando o tempo de internação, os custos e a morbimortalidade.11-12 Embora menos de 1% dos pacientes necessitem de diálise após a administração de MC, cerca de 36% destes podem evoluir para óbito durante o internamento e 19% têm sobrevida a dois anos.11 Os principais fatores de risco são a insuficiência renal crônica (IRC) e o DM; outros fatores incluem a desidratação, idade avançada, administração de grande quantidade de MC, fármacos nefrotóxicos e infarto agudo do miocárdio.11-12 Estudos demonstram a necessidade de cuidados redobrados aos pacientes com necessidade de procedimentos angiográficos por apresentarem um ou mais fatores de risco. Estes cuidados incluem atenção ao volume de contraste administrado, hidratação oral e/ou endovenosa prévia e posterior ao exame.11-12 Risco de resposta adversa a meio de contraste com iodo. Este é definido como “risco de resposta nociva ou não intencional, associada ao uso de meio de contraste com iodo, que pode ocorrer dentro de sete (7) dias após a injeção do meio de contraste”.5 Estudos apontam que a utilização de MC na realização de exames pode levar, não raro, à nefropatia induzida por contraste (NIC).11-12 A NIC é uma forma mais severa de IRA que ocorre, especialmente, em pacientes de alto risco. Há um aumento da creatinina sérica em 0,5 mg/dl ou aumento de 25% em relação a creatinina basal em até 48 horas após a infusão de MC e ocorre oligúria após 24 horas do procedimento. A oligúria é transitória, podendo persistir por 2 a 5 dias. O pico da DISCUSSÃO Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3933 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 creatinina sérica acontece em 5 a 10 dias, com retorno ao valor inicial em 14 a 21 dias.13 O enfermeiro deve estar atento aos pacientes de risco por meio da consulta de enfermagem pré-procedimento: observar os níveis de creatinina; histórico de hipersensibilidade e/ou alergia ao MC; necessidade de hidratação pré e pós o exame, conforme o estado clínico do paciente; tempo de pausa nas medicações nefrotóxicas; tempo de suspensão do uso de metformina para os diabéticos e reintrodução das medicações excretadas pelos rins são orientações relevantes que o enfermeiro deve dar aos pacientes.11-12,14 Os fatores de risco são determinantes para o aparecimento de reações adversas ao MC que podem ser leves, moderadas ou graves e contraindicam seu uso. Nestes casos, é recomendável um esquema de medicações prévias que incluem a combinação de corticosteróides e anti-histamínicos, capazes de minimizar essas reações.14 Risco de perfusão tissular periférica ineficaz. É definido como “risco de uma redução na circulação sanguínea periférica, que pode comprometer a saúde”.5 O cateterismo cardíaco realizado pela via transradial pode levar à oclusão da artéria radial (OAR) precoce ou tardia. Esta é uma complicação que predispõe à isquemia de extremidade, porém com menor incidência que a via femoral. Também está associada à forma como o curativo é aplicado. Este deve permitir a continuidade do fluxo arterial durante a compressão.15 Outros fatores de risco para a OAR incluem introdutores calibrosos, múltiplas cateterizações da artéria radial, baixas doses de heparina.15 O reprocessamento de cateteres hidrofílicos até quatro vezes, com controle criterioso, não apontou associação com OAR.15 Risco de infecção. Definido como “risco de ser invadido por organismos patogênicos”5, este DE corrobora com resultados de estudos prévios que encontraram o mesmo resultado em 100% dos pacientes cardíacos estudados, alguns com necessidade de cateterismo cardíaco.3-4 O procedimento de cateterismo cardíaco envolve complicações que podem variar desde eventos adversos leves e transitórios até eventos adversos graves. A bacteremia é uma das complicações considerada como moderada e, embora de baixa frequência, não énula. O procedimento pode servir como porta de entrada para micro-organismos e causar infecção local ou à distância, especialmente se for o cateter for reutilizado.16-17 A despeito da equipe de enfermagem, sob coordenação do enfermeiro, representa os profissionais que estão mais tempo em contato com o paciente, com maior possibilidade de atuar na profilaxia e controle das infecções. Programas de educação permanente devem atingir toda a equipe multiprofissional, além da elaboração de protocolos institucionais sobre medidas preventivas, como adoção de rígidas medidas assépticas na execução do procedimento e atenção quanto à segurança do uso de materiais reutilizados.16-18 Risco de sangramento. Definido como “risco de redução no volume de sangue capaz de comprometer a saúde”5, este DE foi selecionado por configurar-se como uma das possíveis complicações do cateterismo cardíaco, que aumento o risco de eventos isquêmicos. O sangramento aumenta o risco de eventos isquêmicos e está relacionado a fatores como idade avançada, medidas farmacológicas e intervencionistas agressivas precoces, necessárias para estabilizar o quadro, além de uma compressão difícil, especialmente em obesos são determinantes que podem aumentar o risco de complicações hemorrágicas hospitalares.6,19-20 O sangramento hospitalar mais frequente estárelacionado à punção femoral, em cerca de 79% dos casos e é mais expressivo nos idosos. A técnica correta de retirada do cateter e da agulha, bem como uma compressão efetiva podem minimizar esta complicação.6,19Embora o sangramento seja uma complicação comum, sua ocorrência é notificada em apenas 14% dos casos.6 A compressão pode ser tanto manual quanto mecânica, sem que haja diferença impactante no controle de sangramentos maiores no sítio de inserção entre uma técnica e outra.21O protocolo da instituição preconiza a compressão manual no local da punção arterial e a realização do curativo compressivo composto por coxim feito de chumaço de gaze e faixas de esparadrapo ou micropore. O curativo não deve impedir o fluxo sanguíneo para a extremidade do membro cateterizado. Assim, o membro deve ser observado quanto à temperatura, coloração, perfusão, pulsos periféricos e sintomas subjetivos de parestesia.6 Outro aspecto importante que requer a atenção do enfermeiro é a monitorização da hemoglobina. De acordo com o score BARC Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3934 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 (Bleeding Academic Research Consortium), o sangramento pode ser classificado como tipo 3A (se houver queda de 3-5g/dl) ou 3B (se queda >5g/dl), desde que relacionada ao sangramento.22 Risco de integridade da pele prejudicada. Neste estudo a escolha consensual deste DE, definido como “risco de epiderme e/ou derme alteradas”, se deu por entenderem os enfermeiros que as características definidoras apresentadas pelos pacientes não estão relacionadas ao cateterismo cardíaco em si, mas a uma condição individual de cada paciente que predispõe ao rompimento da pele, especialmente os idosos. Outro estudo apresentou o DE de Integridade da pele prejudicada, porém, relacionado a uma cardioversão necessária durante o cateterismo.4 Dor aguda. Este diagnóstico é definido como “experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão com término antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses”.5 A queixa de dor intensa no local da punção arterial, associada à hipotensão e palidez cutânea, pode indicar hemorragia retroperitoneal, mesmo na ausência de sangramento ou hematoma.6 Outra queixa que requer atenção do enfermeiro e da equipe é a dor ou desconforto torácico. Pode indicar isquêmia relacionadas ao cateterismo como a angina, e varia desde leve a moderada ou a ocorrência de infarto agudo do miocárdio (IAM), considerada uma complicação grave.6,16 O paciente pode relatar a dor de maneira verbal ou não verbal, com comportamentos tais como choro, gemência, inquietação, alterações na sudorese e/ou pressão arterial, entre outras.23 Conforto prejudicado. Definido como “falta percebida de sensação de conforto, alívio e transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental, cultural e social”.5 Este DE foi selecionado por entenderem os enfermeiros que é abrangente e engloba outros apontados em estudo prévio tais como Medo, Ansiedade, Padrão de sono prejudicado.4 Esses DE estão relacionados a estressores que afetam o conforto do paciente, os quais podem ser amenizados e até eliminados com estratégias propostas pelo enfermeiro, tais como a flexibilização de normas e educação permanente da equipe, informações e/ou orientações precoces, abordagem multiprofissional, manutenção de acompanhante o maior tempo possível com o paciente antes do exame. A orientação diminui a tensão e, consequentemente, as complicações vagais por ansiedade e dor.16,24- 25 A seleção dos diagnósticos listados nos itens dois e três pode parecer redundante. Ressalta-se, entretanto, que os enfermeiros de modo geral referiram dificuldades de interpretar os dados durante a fase de levantamento individual dos diagnósticos de enfermagem e, ainda, que tiveram dúvidas quanto à acurácia dos mesmos. Estes resultados estão de acordo com outros estudos que apontaram dificuldades variadas para a execução do PE na prática com um percentual de 58,5% com a fase de DE, sendo a única não registrada nos prontuários.26-28 Com o termo “diagnóstico de enfermagem”, os enfermeiros são considerados “diagnosticadores”, com enfoque nas necessidades do indivíduo como um todo e a profissão ganhou maior visibilidade. Entretanto, nas instituições de saúde onde os enfermeiros não utilizam essa tecnologia, ou fazem uso dela sem preocupação com a precisão ou acurácia, a invisibilidade de seu papel como tal ainda pode existir.5 Para serem bons diagnosticadores, os enfermeiros necessitam considerar que um dos elementos principais nas interpretações dos dados é o fato de que estão sujeitas a erro. Dessa forma, é necessário que desenvolvam competências intelectuais, interpessoais e técnicas, além de elementos pessoais consistentes de tolerância à ambiguidade e uso de prática reflexiva.5 O objetivo deste estudo foi alcançado e demonstrou a relevância sobre o reconhecimento dos DE na prática profissional dos enfermeiros, pois facilita a ligação entre os dados clínicos de maior complexidade e o cuidado de enfermagem. Contribui para nortear, organizar e fundamentar o conhecimento do enfermeiro, de forma que possa prever os cuidados indispensáveis a uma população específica. Ademais, é imprescindível para a organização dos serviços hospitalares e programas de educação, tanto dos pacientes como dos profissionais. A falta de conhecimento por parte dos enfermeiros dificulta a sua atuação quanto ao julgamento clínico das respostas do paciente frente ao estado de saúde deste. Porém, quanto maior familiaridade o enfermeiro tiver CONCLUSÃO Aquino EM, Roehrs H, Méier MJ . Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(11):3929-37, nov., 2014 3935 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.6679-58323-1-ED.0811201416 ISSN: 1981-8963 com os DE, maior será sua habilidade, agilidade e acurácia em diagnosticar, o que resultará em maior visibilidade para a profissão. É impreterível que o enfermeiro busque se aperfeiçoar com as metodologias de assistência em enfermagem, a fim de fundamentar o conhecimento e viabilizar um cuidado integral, humanizado e resolutivo. Assim, é necessário promover a conscientização desses profissionais quanto aos benefícios da utilização da SAE por meio de capacitação, para que o sujeito submetido a cateterismo cardíaco possa receber atenção eficaz, contribuindo com a melhora em seu prognóstico. A metodologia proposta possibilitou discussões ricas no sentido de aprimorar os conhecimentos prévios dos enfermeiros, além de fomentar novas descobertas. Assim, acredita-se que este estudo possa contribuir na organização, bem como na continuidade da assistência de enfermagem nesta instituição, uma vez que possibilitará a consolidação de algumas prioridades no planejamento das intervenções de enfermagem em pacientes submetidos a cateterismo cardíaco, com o intuito de otimizar o tempo da equipe de enfermagem, melhorar a qualidade da assistência e favorecer as ações de educação paraos pacientes. Quanto ao aprimoramento do conhecimento, raciocínio crítico e clínico, a residência de enfermagem apresentou-se como uma ótima condição de treinamento em serviço, no sentido de melhorar a qualidade da prática profissional e aperfeiçoar a qualidade da formação. Ressalta-se a necessidade de investigações futuras, no sentido de contribuir para a consolidação do PE. 1. Tannure MC, Pinheiro AM. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. 2. ed. [Reimp.] Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 2. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução no 358/2009 de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem e dá outras providências. In: Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. 2009. [cited 2014 Jan 17]. Available from: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo- cofen-3582009_4384.html 3. 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