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REAÇÕES ALDÓLICAS ASSIMÉTRICAS CATALÍTICAS

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Quim. Nova, Vol. 26, No. 4, 531-541, 2003
R
e
v
is
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o
*e-mail: pilli@iqm.unicamp.br
REAÇÕES ALDÓLICAS ASSIMÉTRICAS CATALÍTICAS
Ivan R. Corrêa Jr. e Ronaldo A. Pilli*
Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, CP 6154, 13083-970 Campinas - SP
Recebido em 31/7/02; aceito em 27/11/02
CATALYTIC ASYMMETRIC ALDOL REACTIONS: This review describes the use of catalytic asymmetric aldol reactions of
silyl enol ethers and silyl (thio)ketene acetals with aldehydes (the Mukaiyama aldol reaction) in order to illustrate its synthetic
utility. A variety of Lewis acid and basic reagents were employed for catalytic aldol reactions with high diastereo- and
enantioselectivities. The origins of the selectivity of these reactions are discussed and some representative examples of their
application in the synthesis of natural products are presented. New developments in chiral heterobimettalic lanthanoid catalysis
and enantioselective aldol reactions in aqueous media are also included.
Keywords: aldol reaction; asymmetric catalysis; enantioselective synthesis.
INTRODUÇÃO
As adições aldólicas assimétricas estão entre as reações mais
importantes para a construção de ligações C-C e para o controle da
configuração absoluta dos novos centros estereogênicos criados1. A
utilidade desta reação foi demonstrada em diversas oportunidades
na síntese de produtos naturais tais como antibióticos macrolídeos,
poliéteres e carboidratos2.
As reações aldólicas assimétricas podem apresentar excelentes
níveis de estereosseletividade quando envolvem o uso de aldeídos
quirais ou de enolatos contendo auxiliares quirais ligados
covalentemente. O emprego de auxiliares quirais, em tese, permite a
obtenção de todos os estereoisômeros possíveis com alta
estereosseletividade, mas requer as etapas adicionais de introdução
e remoção do auxiliar. Da mesma forma, a utilização de enolatos e
aldeídos aquirais com bases ou ácidos de Lewis quirais tem como
limitação o uso de quantidades estequiométricas do ligante quiral1.
O desenvolvimento de reações aldólicas assimétricas catalíticas
que apresentem alta diastereo- e enantiosseletividade tem sido um
constante desafio em síntese orgânica3. Nos últimos anos explora-
ram-se vários métodos empregando biocatalisadores, como aldolases
e anticorpos catalíticos, e também catalisadores químicos, como áci-
dos e bases de Lewis quirais4. Mais recentemente, surgiram os pri-
meiros exemplos de reações aldólicas assimétricas realizadas em meio
aquoso5 e na presença de catalisadores heterobimetálicos6.
Neste contexto, embora a utilização de ácidos de Lewis quirais
em quantidades sub-estequiométricas seja um dos métodos mais pro-
missores, esta área apresentou pouco progresso em comparação com
o desenvolvimento alcançado com as reações de Diels-Alder7. Pro-
vavelmente isso se deve à maior dificuldade no controle da etapa de
indução assimétrica nas reações aldólicas.
Baseada na reação de Mukaiyama3, que envolve a adição de
olefinas ativadas como éteres enólicos de silício a aldeídos promovi-
da por ácidos de Lewis, a versão catalítica da reação aldólica
assimétrica requer a coordenação do ácido de Lewis quiral (M*) ao
aldeído para o ataque de um éter enólico de silício ou equivalente
pela sua face enantiotópica menos impedida (os éteres enólicos de
silício são análogos sintéticos de enolatos metálicos). Para que o
ciclo catalítico se mantenha, é necessário que ocorra a troca entre o
M* e SiR3, a qual produz o aldolato de silício correspondente e rege-
nera o ácido de Lewis quiral (Figura 1).
Figura 1
Para que ocorra a transferência de quiralidade, um catalisador
eficiente na reação aldólica assimétrica catalítica deve coordenar-se
com o oxigênio do aldeído de modo a formar um estado de transição
compacto, mas não deve se ligar fortemente ao aldolato resultante, a
fim de não interromper o ciclo catalítico. Outro fator importante a se
considerar é a geração da espécie R3Si+ no meio reacional, que tam-
bém pode catalisar a reação aldólica, mas de forma aquiral, ocasio-
nando um decréscimo da enantiosseletividade.
Inicialmente foi relatado por Mukaiyama e colaboradores o uso
das reações aldólicas entre éteres enólicos de silício e aldeídos medi-
adas por TiCl4 em quantidades estequiométricas8 e, posteriormente,
catalisadas por sais de tritila (5-10 mol%)9. Interessantemente, ob-
servou-se nestas reações que os enolatos de silício reagem com
aldeídos, produzindo os adutos aldólicos na forma dos seus respec-
tivos éteres de silício.
R2 H
O
M
R2
O
(E)
H
M
R3SiO
R1
R1 R2
O OSiR3
R1 (R) R2
O OM*
SiR3
* *
R3SiO
R1
M *-
532 Quim. NovaCorrêa Jr. e Pilli
A utilização de ácidos de Lewis quirais fortes e metais duros
como Al(III) e Ti(IV), empregados com sucesso para as reações de
Diels-Alder, foi inicialmente um obstáculo para as reações aldólicas,
já que estes metais fortemente oxofílicos poderiam, em princípio,
dificultar a troca entre o metal e o silício. Em 1986, Reetz e colabo-
radores relataram os primeiros resultados para a versão catalítica de
uma reação aldólica assimétrica promovida por quantidades sub-
estequiométricas de ácidos de Lewis quirais derivados de Ti(IV)-
BINOL e Al(III)-pinanodiol (Esquema 1)10.
Esquema 1
A utilização de ácido de Lewis quiral de estanho (II), preparado
in situ pela coordenação de derivados quirais da (S)-prolina com
Sn(OTf)2, propiciou algumas das primeiras indicações de que o con-
trole da estereoquímica absoluta poderia ser obtido nas reações
aldólicas empregando aditivos quirais não ligados covalentemente
ao substrato ou ao catalisador (Esquema 2)11. A escolha de Sn(II) foi
baseada na existência de quatro orbitais d vazios para o metal, o qual
poderia coordenar-se aos dois átomos de nitrogênio do ligante quiral
e também ao aldeído, criando assim um ambiente quiral favorável à
indução assimétrica12.
Esquema 2
De um modo geral, as investigações preliminares mostraram que
o perfil mecanístico das reações aldólicas de enolatos latentes
catalisadas por ácidos de Lewis quirais pode ser consideravelmente
mais complexo, sendo a enantiosseletividade dependente de fatores
como a geração do catalisador, da estrutura em solução das espécies
cataliticamente ativas e de variações nas condições reacionais, como
a presença de co-catalisadores12.
SISTEMAS CATALISADOS POR ESTANHO(II)
Os complexos de estanho divalente modificados com ligantes
derivados de diaminas quirais, associados a um co-catalisador (tipi-
camente um sal de Sn(IV) como n-Bu3SnF ou n-Bu2Sn(OAc)2),
mostraram excelentes níveis de controle estereoquímico relativo e
absoluto em reações aldólicas de aldeídos aromáticos, α,β-insaturados
e alifáticos com cetenotioacetais de silício derivados de acetatos e
propionatos (Esquema 3)13.
Esquema 3
A geometria da ligação dupla do cetenotioacetal apresenta forte
influência tanto na reatividade quanto na seletividade da reação. Por
exemplo, o enolato E(O) reage com o benzaldeído, produzindo o
aduto aldólico com seletividade sin em alto rendimento (77%,
sin:anti=93:7, 90% ee), enquanto o correspondente Z(O) reage mais
lentamente, produzindo o aduto em baixo rendimento e seletividade
(30%, sin:anti=59:41, 30% ee).
A presença de um co-catalisador nestas reações é fundamental
para a obtenção de altos níveis de seletividade. O co-catalisador de-
monstra uma afinidade por silício e presumivelmente serve para
mediar a interação entre o cetenotioacetal e o promotor quiral, per-
mitindo a transferência da quiralidade. Além disso, a formação
indesejada de produtos da reação promovida por TMSOTf, que oca-
siona um decréscimo na estereosseletividade, pode também ser
minimizada pela adição lenta dos reagentes à solução do catalisador
e pelo uso de solventes polares, como propionitrila14.
A seletividade nas reações aldólicas que empregam o promotor
Sn(II)-diamina quiraldeve-se à orientação do substituinte 1-naftil no
nitrogênio (1-Nf), em uma conformação do complexo tipo biciclo[3.3.0]
octano, a qual bloqueia a aproximação do enolato pela face Re do aldeído
(Figura 2). A adição ocorre através de um estado de transição acíclico,
de forma a minimizar a interação gauche entre o substituinte β do
cetenotioacetal e o grupo R do aldeído, interação esta que resulta no
aduto aldólico sin. A configuração absoluta do produto de reação pode
ser controlada pela escolha apropriada da diamina quiral15.
Figura 2
O sistema catalítico triflato de Sn(II)-diamina quiral foi aplicado
com sucesso no controle da seletividade facial de cetenotioacetais de
O
O
O
OAl
Cl
MeMe
Me N
O Al
SO2pTol
Cl
MeMe
Me
MeO Me
OSiMe3
Me
H iBu
O
MeO iBu
Me Me
O OH
+
*
Catalisador 20 mol%
PhMe, -78oC
8% ee 66% ee 25% ee
TiCl2
N
(S)
N
Sn
H
Me
OTfTfO
H
R H
O N
Sn
(S)
N
Me
O
(E) HR
R
O H
Me
H
OSiMe3
SEt EtS
(S)
(R) R
O OSiMe3
Me
1-Nf
Face Si
 L*Sn
H
(II) (Z)
SEt
OSiMe3
Me
H
2 +
2 +
- L*Sn(OTf)2
 L*Sn(OTf)2
2 TfO-
2 TfO-
EtS
OSiMe3
+
H R
O
EtS R
O OSiMe3
R= Ph, 4-MeOPh, 
(E)-CH3CH=CH, cC6H11, 
(E)-nBuCH=CH, C7H15
Sn(OTf)2, (nBu)3SnF
N
Me
N
H
20 mol%
rend. 71-80%
sin:anti 89:11 a 100:0
% ee (sin) 90 a >98
Me EtCN, -78oC Me
EtS
OSiMe3
H R
O
EtS R
O OH
N
Me
N
HN
Me
N
+
R= Ph, (CH2)2Ph, iPr, tBu
1) Sn(OTf)2, (nBu)3SnF
EtCN, -78oC
70-90%
78-98% ee
50-52%
81-92% ee
2) HCl 1N/THF (20:1)
533Reações Aldólicas Assimétricas CatalíticasVol. 26, No. 4
silício derivados de α-alcóxi tioésteres pelo uso do grupo protetor
adequado, permitindo a obtenção de sin- e anti-1,2-dióis com alta
estereosseleção (Esquema 4)16. O substituinte α-benziloxi do
cetenotioacetal, que permite a coordenação do Sn(II) ao oxigênio,
leva ao produto anti, ao passo que o substituinte α-sililoxi forma o
produto sin.
Esquema 4
Nos últimos anos foram publicados vários trabalhos que utili-
zam a reação aldólica catalítica assimétrica mediada por Sn(II) na
síntese de produtos naturais complexos, entre eles o Taxol17, a
Rapamicina18, a Cefalosporina D19, as Esfingofunginas B e F (Es-
quema 5)20, a Febrifugina e a Isofebrifugina21.
Esquema 5
SISTEMAS CATALISADOS POR BORO
Os heterociclos quirais de boro, como os aciloxiboranos e as
oxazaborolidinonas, estão entre os ácidos de Lewis quirais aplica-
dos com maior sucesso em síntese orgânica, sendo facilmente obti-
dos como quelatos bidentados derivados de amino ácidos, tartaratos
ou sulfonatos opticamente ativos (Figura 3)4,22. Os primeiros experi-
mentos foram realizados utilizando-se ácidos de Lewis quirais de
boro em quantidades estequiométricas23, mas subseqüentemente fo-
ram desenvolvidos métodos empregando quantidades sub-
estequiométricas do catalisador24,25.
Figura 3
Complexos aciloxiboranos
Os aciloxiboranos desenvolvidos por Yamamoto e colaborado-
res a partir de (R,R)- e (S,S)-tartaratos mostraram bons níveis de
estereosseletividade relativa e absoluta na adição de vários éteres
enólicos e cetenoacetais de silício a aldeídos aromáticos e alifáticos
(Esquema 6)26.
Esquema 6
A diastereosseletividade da reação independe da estereoquímica
E ou Z dos enolatos latentes, uma vez que ambos fornecem o produ-
to de aldol sin. Este resultado sugere que as reações sejam
intermediadas por estados de transição acíclicos antiperiplanares, os
quais minimizam as interações entre o substituinte β do enolato e o
grupo R do aldeído, independente da geometria inicial do éter enólico
de silício.
Os aciloxiboranos, analogamente aos sistemas catalíticos
Sn(OTf)2-diamina quiral, requerem solventes como propionitrila ou
nitrometano para aumentar a sua eficiência catalítica, provavelmente
devido à aceleração da transferência do silicío para o aldolato inter-
mediário24. O modelo de estado de transição que racionaliza a indução
assimétrica observada é baseado em interações do tipo π-stacking
entre o aldeído e o sistema aromático do catalisador (Figura 4)27.
Complexos oxazaborolidinonas
Os complexos oxazaborolidinonas apresentam analogia estrutu-
ral com os aciloxiboranos, comportando-se como ácidos de Lewis
eficientes para as reações de adição aldólica. Os complexos catalíticos
oxazaborolidinonas foram desenvolvidos por Masamune e colabo-
O
B
O
O
R2O
CO2H
R1
N
B
O
OR3
R1
ArO2S
Aciloxiboranos Oxazaborolidinonas
EtS
(Z)
OSiMe3
+
H R
O
EtS
(S)
(R) R
O OSiMe3
R= Ph, 
(E)-CH3CH=CH, 
(E)-PhCH=CH, C2H5
Sn(OTf)2
 (nBu)2Sn(OAc)2
20 mol%
rend. 46-86%
sin:anti 88:12 a 93:7
% ee (sin) 82-94
OTBS CH2Cl2, -78oC OTBS
N (S)
Pr
N
EtS
(Z)
OSiMe3
+
H R
O
EtS
(R)
(R) R
O OSiMe3
rend. 72-88%
sin:anti 91:9 a 99:1
% ee (sin) 95-98
OBn OBn
Seletividade Sin
Seletividade Anti
Sn(OTf)2
 (nBu)2Sn(OAc)2
20 mol%
CH2Cl2, -78oC
N (S)
Pr
N
SEt
OSiMe3
+
HC6H13
O
SEtC6H13
OOH
Sn(OTf)2, SnO
N
Me
N
H
20 mol%
EtCN, -78oC
OPh
OSiMe3
H
O
R
BnO+ OPh
OOH
OBnR
C6H13 OH
OH
OH
OH
OH
NH2
O
5
87%, % ee 94
87%, % ee 91
sin:anti = 97:3
2) HCl 1N/THF
 (4:1)
 Sn(OTf)2, SnO
N
Me
N
H
20 mol%
EtCN, -78oC
2) HCl 1N/THF
 (4:1)
1)
1)
Esfingofungina B
R=SiMe3
Bu
OSiMe3
+
H R
O
Bu R
O OSiMe3
R= Ph, nPr, 
(E)-CH3CH=CH
20 mol%
rend. 61-96%
sin:anti 80:20 a 94:6
% ee (sin) 88-96
Me EtCN, -78oC
Me
O
B
O
O
O
CO2H
H
OOiPr
OiPr
n
n
Bu
OSiMe3
+
H R
O
Bu R
O OSiMe3
R= Ph, nBu
20 mol%
rend. 70-98%
% ee 80-85
EtCN, -78oC
O
B
O
O
O
CO2H
H
OOiPr
OiPr
n
n
534 Quim. NovaCorrêa Jr. e Pilli
radores, pela incorporação de aminoácidos α,α-dissubstituídos28, por
Kiyooka29 e Corey30, pela incorporação de derivados da valina, e por
Corey30, pela incorporação de derivados do triptofano.
Os complexos catalíticos de aminoácidos α,α-dissubstituídos for-
neceram enantiosseletividades excelentes em reações de adição de
cetenoacetais de silício dissubstituídos a aldeídos alifáticos. Entre-
tanto, os resultados para cetenoacetais de silício terminais foram mais
limitados, mostrando uma dependência acentuada da estrutura do
nucleófilo (Esquema 7)28.
Esquema 7
Em contraste com os sistemas catalíticos aciloxiboranos e Sn(II)-
diamina, o diastereoisômero anti predomina como produto nas rea-
ções aldólicas de cetenotioacetais de silício de geometria E(O)
catalisadas por oxazaborolidinonas derivadas de aminoácidos α,α-
dissubstituídos (Esquema 8)28. A seletividade em favor do aduto
aldólico anti também foi recentemente reportada por Kobayashi e
colaboradores para o sistema catalítico Zr(IV)-[3,3´-BrBINOL]31.
Esquema 8
As oxazaborolidinonas derivadas do triptofano apresentaram
enantiosseletividade superior aos aciloxiboranos na adição de éteres
enólicos de silício a aldeídos (Esquema 9). Entretanto, como na
maioria das reações catalisadas por boro, mostraram baixa eficiên-
cia, sendo necessárias quantidades relativamente altas do catalisador
(20 mol%) recuperando-se, em alguns casos, o aldeído de partida
em grandes proporções. Os cetenoacetais de silício conduzem à bai-
xa enantiosseletividade na presença destes catalisadores30.
Esquema 9
As oxazaborolidinonas derivadas da valina, embora apresentan-
do sensibilidade à estrutura do nucleófilo, comportaram-se como
catalisadores efetivos para adição de cetenoacetais e éteres enólicos
de silício a aldeídos aromáticos e alifáticos (Esquema 10)32.
Esquema 10
O mecanismo proposto para as reações aldólicas catalisadas por
oxazaborolidinonas está baseado numa transferência intramolecularda espécie eletrofílica de silício assistida pelo ligante quiral de boro
(Figura 5). A regeneração do catalisador, com concomitante libera-
ção do aduto aldólico de silício, foi postulada como a etapa limitante
do processo, de forma que a afinidade entre o aldeído, o enolato e o
ligante quiral influenciariam na reciclagem do catalisador.
Apesar da homologia existente entre os vários ácidos de Lewis
derivados de oxazaborolidinonas, a estereosseletividade nas reações
de aldol destes catalisadores apresenta algumas divergências nos ele-
mentos de controle da estereoquímica (Figura 6). A enantios-
seletividade propiciada pelas oxazaborolidinonas derivadas da valina
e de aminoácidos α,α-dissubstituídos é consistente com a associa-
ção do aldeído em oposição aos grupos alquílicos no anel, forçando
a aproximação no nucleófilo pela face Si que é contrária ao resíduo
da sulfonamida28,32. Por outro lado, a coordenação do aldeído ao boro
para os derivados do triptofano ocorre sin ao substituinte indólico e
O
B
OO
O
HO2C
PriO OiPr
HH
H
O
R
H
R
OH
Me
H
Me3SiO
Bun
B(L*)
nBu R
O OSiMe3
Me
R
OH
Me
H
nBu
Me3SiO
B(L*)
O
Face Re
E(O) Z(O)
Figura 4
EtO
OSiMe3
+
H R
O
EtO R
O OH
R= Ph, cC6H11, nPr, iBu,
 Ph(CH2)2, BnO(CH2)2 rend. 59-89%% ee 84-99
 EtCN, -78oC
Me
Me
N
B
O
O
H
p-TolO2S
Me
MeO
MeO
N
B
O
O
H
p-TolO2S
iPr
Me
ou
Me Me2) HCl (aq)
1)
20 mol%
tBuS
OSiMe3
+
H R
O
tBuS R
O OH
R= Ph, 2-Furil anti:sin 88:12 a 94:6
% ee (anti) 79-82
N
B
O
O
H
p-TolO2S
iPr
Me
Me Me
 EtCN, -78oC
2) nBu4NF
1)
20 mol%
R1
OSiMe3
+
H R2
O
R1 R2
O OH
R2= Ph, nPr, 
cC6H11, 2-furil
rend. 86-93%
% ee 67-100
N
B
O
O
nBu
p-TolO2S
H
N
R1= Ph, nBu
EtCN, -78oC
2) HCl (aq)
1)
20 mol%
N
B
O
O
H
pTolO2S
Me
Me
PhO
OSiMe3
+
H R
O
PhO R
O OH
R= Ph, iPr
PhO
OSiMe3
+
H R
O
Me
PhO R
O OH
Me
rend. 60-66%
% ee 70-80
sin:anti 65:35 a 76:24
% ee (sin) 66-90
 CH3NO2, -78oC
2) HCl (aq)
R= Ph, iPr
1)
20 mol%
N
B
O
O
H
pTolO2S
Me
Me
 CH3NO2, -78oC
2) HCl (aq)
1)
20 mol%
535Reações Aldólicas Assimétricas CatalíticasVol. 26, No. 4
isso sugere uma interação do tipo π-π∗, a qual permite o ataque
nucleofílico pela face Re do aldeído30.
Figura 6
Alguns trabalhos foram publicados utilizando a reação aldólica
catalítica assimétrica mediada por boro, como na síntese da briostatina
(Esquema 11)33 e de azetidinonas com fusão de anel espiro (Esque-
ma 12)34. Interessantemente, na síntese do fragmento C1-C9 da
briostatina, foram utilizados enolatos de silício α,α-sulfurados, como
análogos sintéticos de cetenoacetais terminais, visando a obtenção
de altos níveis de enantiosseletividade.
Esquema 11
SISTEMAS CATALISADOS POR TITÂNIO(IV)
Os complexos baseados em Ti(IV) estão entre os ácidos de Lewis
mais utilizados nas reações aldólicas catalíticas assimétricas, espe-
cialmente os tetra(alcoxi)titânio derivados do (R) ou (S)-binaftol de-
senvolvidos independentemente por Keck35 e Carreira36 e os
diclorodi(alcoxi)titânio desenvolvidos por Mikami e colaboradores37.
As reações aldólicas entre cetenotioacetais de silício e aldeídos,
promovidas pelo sistema catalítico Ti(IV)-BINOL (preparado a par-
tir de Ti(Oi-Pr)4 e (S)-BINOL), apresentaram altos níveis de
enantiosseletividade, sendo entretanto bastante sensíveis não apenas
ao método de preparação do catalisador, como ainda à porcentagem
molar utilizada e também ao solvente da reação, usualmente tolueno
ou éter etílico. Vários aldeídos aromáticos, α,β-insaturados, alifáticos
e α-substituídos foram empregados com sucesso na obtenção dos
correspondentes adutos aldólicos (Esquema 13)35.
Esquema 13
Também foram obtidos excelentes resultados para a adição
assimétrica de éteres enólicos de silício a glioxalatos a partir do com-
plexo Ti(IV)-BINOL, preparado a partir de Cl2Ti(Oi-Pr)2 e (R)-
BINOL, o qual favorece a reação do tipo eno com a diastereos-
seletividade sin insensível à geometria do enolato (Esquema 14)38.
Esquema 14
Para a adição de cetenotioacetais de silício a aldeídos, catalisada
por Ti(IV)-BINOL, foram obtidos os produtos de reação com altos
níveis de enantiosseletividade, via um processo do tipo eno
silatrópico, no qual ocorre a transferência do grupo silício para o
oxigênio do aldolato incipiente (Esquema 15)37. Neste caso, há um
controle da estereoquímica relativa, segundo o modelo de estado de
transição de Zimmerman-Traxler, que resulta no aduto aldólico anti
REtO
OSiMe3O
N
B
O
O
H
p-TolO2S
Me
Me
OSiMe3
EtO
RCHO
N
B
O
O
p-TolO2S
Me
Me
R OEt
O O SiMe3H
R OEt
O O
N
BH
O
p-TolO2S
Me
Me
O
SiMe3
Figura 5
N
B
OH
HO
R
O
S
Me
O
O
H
Me
MeH
N
B
O
O
H
N
HO
R
H
p-TolO2S
Face Si
Face Re
N
B
O
O
H
pTolO2S
Me
Me
EtO
OSiMe3
H R
O
EtO R
O OH
S
S
BnO OEt
TBSO OTBSOH O
+ CH2Cl2, -78
oC
rend. 64%
% ee >98
2) Ni2B-H2
Fragmento C1-C9 
da Briostatina
R= BnOCH2
1)
20 mol%
O
O
OSiMe3
OEt
RH
O
N
B
O
O
H
p-TolO2S
Me
Me
O
O
OEt
O
RH
HO
N
HO F
Cl
OH
O
+
 CH3NO2, -78oC
2) Bu4NF/THF
rend. 90% 
ee% 91
Sch 59053
1)
40 mol%
R=4-(BnO)Ph
Esquema 12
OSiMe3
+ H CO2Me
O
CO2Me
Me3SiO OSiMe3
R1= H, Me. Et
R2=H, Me
5 mol%
rend. 54-75%
sin:anti 98:2
 ee (sin) 99%
CH2Cl2, 0oC
R2
O
O
Ti(OiPr)2
R1 R2 R1
536 Quim. NovaCorrêa Jr. e Pilli
para o (E)-O-cetenotioacetal e no aduto sin para o correspondente
(Z)-O-cetenotioacetal.
Esquema 15
Os melhores resultados para o sistema catalítico de titânio, em
termos de simplicidade operacional, eficiência e generalidade de
substratos, foram reportados por Carreira e colaboradores36 que em-
pregaram um complexo Ti(IV)-base de Schiff derivado de um ligante
tridentado, Ti(Oi-Pr)4 e o ácido di-terc-butilsalicílico.
Os equivalentes de enolatos derivados de acetato de metila rea-
gem com aldeídos alifáticos funcionalizados, aromáticos e insaturados
e utilizam o Ti(IV)-salicilato para produzir β-hidroxi ésteres com
excelentes enantiosseletividades (Esquema 16)36. O catalisador
Ti(IV)-salicilato também exibiu altas seletividades nas reações de
adição com o dienil cetenoacetal de silício (Esquema 16), resultando
em β-hidroxi dioxinonas opticamente ativas.
O mecanismo postulado para a reação de aldol catalisada por
Ti(IV)-salicilato foi baseado na aceleração da transferência do silí-
cio promovida pelo ácido di-terc-butilsalicílico através da formação
de um intermediário carboxilato de trimetilsilila que, atacado pelo
oxigênio do aldolato, regenera o complexo catalítico (Figura 7)36.
As reações aldólicas enantiosseletivas promovidas por Ti(IV)-
salicilato foram exploradas no contexto das sínteses totais tanto dos
antibióticos macrolídeos roflamicoina39 e macrolactina A (Esquema
17)40, quanto do depsipeptídeo FR-901.22841.
SISTEMAS CATALISADOS POR COBRE(II)
Os complexos catalíticos de cobre(II)-bisoxazolinas com eixo
de simetria C2 foram empregados com sucesso por Evans e colabo-
radores42 para a reação aldólica assimétrica de cetenotioacetais de
silício (Esquema 18). Excelentes seletividades enantiofaciais foram
obtidas para aceptores capazes de fazer quelação como α-benziloxi
aldeídos e piruvatos.
A reação aldólica que emprega o sistema catalítico Cu(II)-
bisoxazolina com piruvatos representa um método importante para a
tBuS
OSiMe3
H R
O
tBuS R
O OSiMe3
Me Me
EtS
OSiMe3
EtS R
O OSiMe3
Me
O
O
Ti(OiPr)2
Me
Me3Si
O
O
StBuH
RL*Ti
Me
H
H R
O
O
O
Ti(OiPr)2
Me3Si
O
O
SEt
H
RL*Ti
H
Me
+
R= BnOCH2
5 mol%
rend. 72%
anti:sin 92:8
 ee (anti) 90%
R= CO2nBu
rend. 64%
sin:anti 92:8
 ee (sin) 98%
+
5 mol%
Et2O, 0oC
E(O)
Z(O)
Et2O, 0oC
REtO
OSiMe3O OSiMe3
EtO
N
O Ti
O
O
O
O
tBu
Br
tBu
tBu
O
N
Ti
O
OO
O
tBu
Br
O
REtO
O
Me3Si
O
N
Ti
O
OMe3SiO
O
tBu
Br
O
REtO
O
RCHO
Figura 7
MeO
OSiMe3
+
H R
O
MeO (S) R
O OH
R= Ph, Ph(CH2)2, cC6H11, 
(E,E)-CH3CH=CHCH=CH,
Me3SiO (E)
O
rend. 72-98%
% ee 94-98
rend. 72-98%
% ee 80-92
O
Me Me
(R) N
O
Ti O
O
O
O
tBu
Br
tBu
tBu
O
O
(Z)
O
Me Me
(S) R
OH
 Et2O, 0oC
2) nBu4NF, THF
H R
O
+
1) 2 mol%
(R) N
O
Ti O
O
O
O
tBu
Br
tBu
tBu
 Et2O, 0oC
2) nBu4NF, THF
1) 2 mol%
iPr3SiC C
Esquema 16
obtenção de álcoois terciários com seletividade sin. Interessantemente,
com a troca de Cu(II) por Sn(II) no complexo, ocorre a formação
dos respectivos adutos anti com excelentes níveis de estereosseleção
(anti:sin 99:1; 99% ee)43.
Ambos os cetenotioacetais de silício E(O)- e Z(O)-α-substituí-
dos forneceram os adutos aldólicos de configuração relativa sin, mas
com uma significativa redução em rendimento e seletividade para o
isômero E(O) (Esquema 19)42. O complexo catalítico Cu(II)-bisoxa-
zolina também exibiu alta enantiosseletividade na reação aldólica
entre o α-benziloxi aldeído e o dienil cetenoacetal de silício, e em
reações eno com glioxalatos e piruvatos.
A origem da seletividade está baseada na coordenação bidentada
do aldeído com o metal através de um quelato de cinco membros,
formando-se um complexo piramidal de base quadrada entre o
catalisador e o aceptor (Figura 8). A coordenação do aldeído ocorre
de modo a permitir que a interação mais forte se alinhe no plano dos
ligantes do metal, enquanto a interação mais fraca ocupa a orienta-
537Reações Aldólicas Assimétricas CatalíticasVol. 26, No. 4
ção axial. Segundo este modelo, a aproximação do enolato ocorre
pela face Si menos impedida42.
Figura 8
Um complexo catalítico de Cu(II), gerado in situ a partir de (S)-
Tol-BINAP, Cu(OTf)2 e (Bu4N)Ph3SiF2, foi desenvolvido por Car-
reira e colaboradores44, e apresentou bons resultados na adição do
dienolato de silício a aldeídos aromáticos, heteroaromáticos e α,β-
insaturados (rend. 72-98%; 65-94% ee). Este complexo catalítico de
fluoreto de bisfosfanil-Cu(II) foi aplicado com sucesso na síntese do
fragmento C1-C13 da anfotericina (Esquema 20)45.
Esquema 20
CATALISADORES NUCLEOFÍLICOS: BASES DE LEWIS
No desenvolvimento das reações aldólicas assimétricas catalíticas
foram utilizados principalmente eletrófilos ativados através da
complexação com ácidos de Lewis quirais, com vistas à discrimina-
ção facial. Alternativamente, Denmark e colaboradores elaboraram
uma nova estratégia que envolve agora a ativação do nucleófilo
(enolato latente) via coordenação com uma base de Lewis quiral46.
Em contraste com a maioria dos catalisadores organometálicos,
as fosforamidas atuam como bases de Lewis catalisando a reação
aldólica pela coordenação transiente ao átomo de silício altamente
eletrofílico em enolatos de triclorosilila. Neste processo, o silício é
capaz de expandir sua valência para gerar uma espécie ativada que
reage com vários aldeídos.
Este efeito foi inicialmente observado por Denmark e colabora-
dores para a hexametilfosforamida (HMPA), que acelera a reação
aldólica quando empregada em quantidades catalíticas47. Após avali-
ação sistemática da influência de parâmetros como solvente, con-
centração, velocidade de adição e quantidade do catalisador, as
fosforamidas quirais derivadas da (S,S)-estilbenodiamina foram apli-
cadas com sucesso para a obtenção dos adutos aldólicos com níveis
de enantiosseletividade de moderados a excelentes (Esquema 21)48.
A reação aldólica entre o enolato de silício da cicloexanona e
aldeídos aromáticos e α,β-insaturados, catalisada pela fosforamida
quiral derivada da (S,S)-estilbeno-1,2-diamina, fornece os adutos anti
N N
O
Cu
NO O
HO
R H
RPh
H
H
Ph
Face Si
2+
H
O
Me3SiO
O O
Me Me
N
O
Ti O
O
O
O
tBu
Br
tBu
tBu
O
O O
Me Me
OSiMe3
SnBu3
SnBu3
N
O
Ti O
O
O
O
tBu
Br
tBu
tBu
O
O O
Me Me
OSiMe3
SnBu3
(S)-
(R)-
HO
HO
OH
OO
+
2 mol%
Et2O, 0oC
rend. 80%; ee 92%
2 mol%
Et2O, 0oC
rend. 80%; ee 92%
Macrolactina A
Esquema 17
Esquema 18
tBuS
OSiMe3
+ H
O
tBuS
O OH
CH2Cl2, -78oC
rend. 100%
 ee 99%
OBn OBn
tBuS
OSiMe3
+ Me
O
tBuS
O
10 mol%OMe OMe
Me O Me
OHMe
O
rend. 96%
sin:anti 98:2
 ee (sin) 99%
10 mol%
N
N
OO
N Cu
PhPh
2+
2 SbF6
N N
OO
Me Me
CutBu tBu
2+
CH2Cl2, -78oC
2 OTf
Esquema 19
+
H R
O
tBuS
O OH
OBnEtS
OSiMe3
Me Me
rend. 90%; sin:anti 97:3; ee 97%
rend. 48%; sin:anti 86:14; ee 85%
+
H R
O
O OH
OBnMe3SiO
O O
Me Me
Z:E = 95:5
Z:E = 1:99
O
O
Me Me
rend. 94%
 ee 92%
N
N
OO
N Cu
PhPh
2+
2 SbF6
CH2Cl2, -78oC
2) HCl 1N/THF
1)
10 mol%
N
N
OO
N Cu
PhPh
2+
2 SbF6
CH2Cl2, -78oC
2) HCl 1N/THF
1)
10 mol%
R=BnOCH2
R=BnOCH2
Me3SiO
O
rend. 95%; ee 99%
O
Me Me
O
O O
Me Me
OH
H
O
O
O
Me
O OH
HO
Me
Me
OMicosamina
COOHO
OH
OHOH
OH
OHOHO
Anfotericina
P
P
CuF2
Tol
Tol
Tol
Tol
2 mol%, THF, -78oC
2) CF3CO2H
1)
+
538 Quim. NovaCorrêa Jr. e Pilli
com bons níveis de seletividade, enquanto que na reação de enolatos
acíclicos Z, os adutos sin são formados preferencialmente (Esquema
22)48. Comparativamente, na reação de enolatos de triclorosilila com
aldeídos não catalisada por fosforamidas forma-se predominante-
mente o aduto sin.
Esquema 22
O mecanismo postulado para a reação aldólica catalisada por
fosforamidas envolve uma associação ternária entre o enolato, o aldeído
e a base de Lewis. A seletividade facial da aldolização depende funda-
mentalmente do tamanho e da concentração da fosforamida, de forma
que dois estados de transição podem estar envolvidos: um ET do tipo
cadeira com uma espécie de silício hexacoordenada octaédrica com
dois ligantes quirais ou um ET do tipo barco com o silício
pentacoordenado em bipirâmide trigonal (Figura 9)46.
Figura 9
CATALISADORES ELETROFÍLICOS E NUCLEOFÍLICOS
As versões assimétricas catalíticas aplicadas para as reações
aldólicas através da geração de eletrófilos ou nucleófilos, ativados
respectivamente por ácidos ou bases de Lewis quirais, necessitam
inevitavelmente da pré-conversão do composto carbonílico em es-
pécies mais reativas, tais como éteres enólicos ou cetenoacetais de
silício. Mais recentemente, Shibasaki e colaboradores desenvolve-
ram novos catalisadores que mimetizam os sistemas enzimáticos de
aldolases, onde ambos os sítios ácidos e básicos participam coopera-
tivamente na reação entre cetonas não modificadas e aldeídos6,49.
Os catalisadores multifuncionais incorporam um átomo central
de lantanídeo, que funciona como ácido de Lewis, assim como uma
porção composta por binaftóxido de lítio, que atua como base de
Brønsted. Esses catalisadores, conhecidos como complexos
heterobimetálicos (LLB), são preparados a partir de LnCl3 anidro e
quantidades equimolares do sal de lítio derivado do BINOL, na pre-
sença de quantidades catalíticas de água50. Apesar da aparente baixa
basicidade de Brønsted dos complexos heterobimetálicos, o efeito
sinérgico de ambas as funcionalidades permitiu a obtenção dos adutos
aldólicos em bons rendimentos e comníveis de seletividade de altos
a moderados (Esquema 23)49.
Esquema 23
A principal deficiência deste sistema catalítico é a necessidade
do uso da cetona correspondente em excesso e tempos de reação
longos para se atingirem resultados satisfatórios. Com o desenvolvi-
mento dos catalisadores heteropolimetálicos, LLB.KOH (Figura 10),
preparados in situ pela reação com KHMDS e H2O, a atividade
catalítica do complexo foi ampliada (3-8 mol%), possibilitando a
formação de uma variedade de adutos aldólicos a partir da reação
entre aldeídos alifáticos primários, secundários e terciários, e cetonas
aromáticas e alifáticas cíclicas e acíclicas, com rendimentos e
seletividades de nível bom a excelente49.
Outra modificação projetada por Shibasaki e colaboradores foi
ligar a base de Brønsted covalentemente ao anel naftílico através de
um ou mais carbonos, objetivando conseguir uma maior flexibilização
da base sem alterar a estrutura do complexo (Figura 10). Este cata-
lisador mostrou-se efetivo para a reação aldólica entre cetonas aro-
máticas e dialquílicas pouco ácidas, com rendimentos e seletividades
moderadas51. Também se pode destacar o uso de complexos metáli-
cos de bário52 e aminoácidos, tais como a prolina53, para promover
reações aldólicas catalíticas assimétricas diretas, ou seja, sem a pré-
ativação das cetonas.
O mecanismo postulado para a catálise multifuncional, que em-
prega o catalisador ligado covalentemente à base de Brønsted, suge-
re a coordenação intramolecular do oxigênio do espaçador e de um
dos alcóxidos de lítio ao metal, o qual estabiliza a estrutura mono-
Esquema 21
5 mol%
(S)
(S)
N
P
N O
N
Me
Me
Ph
Ph1)
2) NaHCO3 aq
R1
OSiCl3
+ H R2
O
R1 (R) R2
O OH
R= Ph, tBu, 1-Nf, 
(E)-PhCH=CH, 
(E)-PhCH=CCH3
rend. 60-98%
% ee 52-92
R= Ph, Me, iPr, 
nBu, iBu, tBu
 CH2Cl2, -78oC
O
O
(Z)
H
Cl
Si O-P(NR2)3
Cl
O=P(NR2)3
R1
(Z) O
O
Si
H
R1
P NR2
NR2
NR2
O
Cl
Cl
(R)
(R) R1
O OSiCl3
(R)
(S) R1
O OSiCl3
ET cadeira
hexacoordenado
ET barco
pentacoordenado
anti
sin
+
+
Cl -
Cl -
(R2N)3P=O
(R)
(R)
(R)O O
O O
O O
LiLi
Li
Ln
R1
O
+ H R2
O
R1 (R) R2
O OH
R= tBu, cC6H11, 
iPr, Ph(CH2)2, 
PhCH2C(CH3)2
(R)-LLB
 (20mol%)
rend. 28-90%
% ee 44-94
THF, -20oC
72-277 hR= Ph, 1-Nf, 
Me, Et
10 mol%
(S)
(S)
N
P
N O
N
Me
Me
Ph
Ph
 CH2Cl2, -78oC
1)
2) NaHCO3 aq
(E)
OSiCl3
+ H R
O
R= Ph, 1-Nf, 
(E)-PhCH=CH, 
(E)-PhCH=CCH3
rend. 90-98%
anti:sin 85:15-99:1
% ee (anti) 82-97
Ph (Z)
OSiCl3
+
H R
O
Ph
(S)
(R) R
O OH
rend. 89-97%
sin:anti 75:25-95:5
% ee (sin) 84-96
10 mol%
(S)
(S)
N
P
N O
N
Me
Me
Ph
Ph
 CH2Cl2, -78oC
1)
2) NaHCO3 aq
(R)
O
(R) R
OH
539Reações Aldólicas Assimétricas CatalíticasVol. 26, No. 4
mérica (I) (Figura 11)51. O alcóxido remanescente abstrai um próton
da posição α da cetona (etapa determinante na velocidade da reação)
para formar uma hidroxila e o enolato de lítio correspondente. A
quelação do lítio à hidroxila e a um oxigênio do BINOL, por fixar o
enolato dentro da cavidade do catalisador, gera o intermediário (II).
O aldeído substitui o alcóxido na coordenação ao centro metálico
(III) e então sofre o ataque do enolato para produzir o aldolato (IV).
Na última etapa, ocorre a protonação do aldolato incipiente pela
hidroxila, formando o aduto aldólico enantiomericamente enrique-
cido e regenerando o catalisador.
Figura 11
Os catalisadores heteropolimetálicos foram recentemente empre-
gados por Shibasaki e colaboradores na síntese assimétrica de pro-
dutos naturais, como a Epotilona A e a Briostatina 7 (Esquema 24)49.
REAÇÕES ALDÓLICAS CATALÍTICAS EM MEIO
AQUOSO
As reações aldólicas assimétricas catalíticas apresentam duas
características comuns: uso de baixas temperaturas e de solventes
apróticos estritamente anidros, tais como diclorometano, tolueno e
propionitrila. Provavelmente, isso se deve à baixa solubilidade dos
compostos orgânicos e à decomposição ou desativação de muitos
dos catalisadores e intermediários reativos em água. Por outro lado,
a possibilidade de emprego das reações orgânicas em meio aquoso é
de grande interesse do ponto de vista econômico e ambiental54.
Com esse intuito, Kobayashi e colaboradores desenvolveram
novos tipos de ácidos de Lewis estáveis em água para a formação de
ligações C-C55, assim como sistemas catalíticos combinados com
surfatantes56 e suportados em estruturas poliméricas57. Mais recente-
mente, surgiram os primeiros exemplos de reações aldólicas
assimétricas catalisadas por complexos quirais de cobre(II)58,
chumbo(II)59 e lantanídeos (Ln(OTf)3)5,60 em meio aquoso. Esses
metais foram escolhidos por apresentarem uma correlação favorável
entre a atividade catalítica em água e as constantes de hidrólise e de
velocidade de troca de água55.
Para esses sistemas catalíticos, o uso de solventes próticos, como
a água, é essencial para a obtenção de altos rendimentos e seletivi-
dades. Em meio aquoso, ocorre a supressão do processo aquiral catali-
sado por Me3Si+ e a aceleração da reação enantiosseletiva devido a
fatores tais como ligações de hidrogênio, solvatação específica e
interações hidrofóbicas, os quais, paralelamente à quelação do me-
tal, contribuem para o aumento da seletividade58. Além disso, em
muitos casos é possível recuperar não apenas os ácidos de Lewis
quantitativamente por simples extração da fase aquosa, mas também
os ligantes quirais após purificação59,60.
As reações aldólicas assimétricas catalisadas por complexos
quirais de cobre(II)-bis(oxazolina), entre os éteres enólicos de silí-
cio e aldeídos aromáticos, α,β-insaturados, heterocíclicos e alifáticos,
foram realizadas em uma solução 9:1 de água-etanol com níveis de
seletividade de bons a moderados (Esquema 25). Outras misturas de
solventes também foram analisadas, inclusive água pura, mas apre-
sentaram resultados inferiores.59
Esquema 25
Um fator importante para o controle da estereosseletividade das
reações catalíticas assimétricas em meio aquoso é que a coordena-
ção metal-ligante quiral seja superior à metal-água, e que essa
quelação não implique numa redução significativa da acidez de Lewis
MO
O
O
O OLi
LiO R R R OLiR
O O
O O
O O
LiLi
Li
KOH
La
m m
n n
M = La, Yb, Al, Ti, Zr
m,n = 0,1; R= H, CH3LLB.KOH
Figura 10
 La
O O
O
O
O O
Li
Li
R (R) R1
OH O O
R1
O
Li
 La
O O
O
O
O O
Li
Li
OH
Li
O
R1
 La
O O
O
O
O O
Li
Li
OH
Li
O
R1
O
(E)
R H
 La
O O
O
O
O O
Li
Li
OH
Li
O(E)
R1
O
(R)R
O
HR
(I)
(II)
(III)
(IV)
H
O
Ph
O OOHBnO
[O]70%
H
OTBSO
OR
BnO
BnO
O
Ph
OHTBSO
BnO Ph
O
+
(S)-LLB (8 mol%)
rend. 73%, 93% ee
THF, -20oC, 24 h
Epotilona A
KHMDS (7,2 mol%) 
H2O (16 mol%)
(S)-LLB (20 mol%)
THF, -20oC, 24 h
KHMDS (18 mol%) 
H2O (40 mol%)
+
rend. 90%, anti/syn 88:12
 ee (anti) 95 %
Briostatina 7
O O
O O
O O
LiLi
Li
Ln
Esquema 24
R1
OSiMe3
+ H R2
O
R1 R2
O OH
R= Ph, 4-MeOPh, 
4-ClPh, 2-Np, 2-Th, 
PhCH=CH, cC6H11
Cu(OTf)2 (20mol%)
rend. 56-98%
sin:anti 62:38 a 85:15
% ee (sin) 42-85
EtOH-H2O (9/1)
-15 - 0oC, 20 h
Me
R=iPr, Bn
N N
OO
Me Me
R R
R= Ph, Et, iPr
*
*
540 Quim. NovaCorrêa Jr. e Pilli
do metal. Assim, Kobayashi e colaboradores decidiram estudar o
uso de triflatos metálicos combinados com sistemas multicoordenados
quirais, sendo que o complexo catalítico de Pb(OTf)2 e um éter co-
roa quiral apresentou os melhores resultados (Esquema 26)5,59. A
natureza do contra-íon (triflato ou perclorato) e a combinação dodiâmetro iônico do Pb2+ (240 pm) com a cavidade interna do éter
coroa (260-320 pm) foram fundamentais para a obtenção bons ní-
veis de seletividade.
Esquema 26
Com base no mesmo pressuposto da multicoordenação, foram
avaliados os sistemas catalíticos de triflatos de lantanídeos (Ln(OTf)3)
e éteres coroa dissimétricos contendo anéis piridínicos (Esquema 27)60.
Também neste caso, os diâmetros iônicos dos metais afetaram subs-
tancialmente a seletividade da reação aldólica. Para cátions maiores,
tais como La(III), Ce(III), Pr(III) e Nd(III), tanto a diastereo- como a
enantiosseletividade foram de nível bom a moderado. Por outro lado,
para Sc(III) e Yb(III), que possuem diâmetros iônicos menores (174 e
198 pm, respectivamente), não houve enantiosseleção em meio aquo-
so. Interessantemente, a reação do enolato de silício derivado de um
tioéster, que como a maioria dos cetenoacetais é sensível à presença de
água, mostrou resultados satisfatórios nestas condições.
Esquema 27
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Os processos catalíticos experimentaram em geral um enorme
avanço nos últimos anos em relação à eficiência, à seletividade e, em
alguma extensão, à sua previsibilidade, embora ainda ocorram limi-
tações com respeito a seu escopo e preparação. Neste contexto, a
versão catalítica das reações aldólicas assimétricas, baseada na rea-
ção de Mukaiyama, alcançou significativo progresso para a adição
de enolatos de silício derivados de cetonas, ésteres e tioésteres em
aldeídos ativados por ácidos de Lewis quirais em quantidades sub-
estequiométricas.
O controle da estereoquímica nas reações aldólicas catalíticas
assimétricas continua sendo um dos principais desafios a serem su-
perados, já que os níveis de diastereo- e enantiosseletividade conse-
guidos são relativamente variáveis, embora possam ser altos em
muitos casos. Além disso, essas reações não apresentam, em sua
maioria, sensibilidade às características pro-estereogênicas dos
substratos não havendo, portanto, uma dependência entre a configu-
ração dos nucleófilos e a diastereosseletividade dos produtos. O aper-
feiçoamento dessa metodologia talvez se dê com um melhor conhe-
cimento da estrutura das espécies cataliticamente ativas ou do meca-
nismo pelo qual ocorre a transferência de quiralidade para a ligação
C-C incipiente.
Apesar do progresso atingido pelas reações aldólicas catalíticas
assimétricas há, no entanto, muito espaço para o desenvolvimento
de novos catalisadores, como pode ser observado para as versões
diferentes da reação de Mukaiyama, como o uso de bases quirais de
Lewis e as reações aldólicas catalíticas assimétricas diretas, ou seja,
sem a pré-ativação dos nucleófilos. Estas últimas, por mimetizarem
o mecanismo de ação das enzimas aldolases, oferecem grande opor-
tunidade para o desenvolvimento de sistemas catalíticos simples com
alta eficácia, seletividade e ampla especificidade.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-
tado de São Paulo (FAPESP) e ao Conselho Nacional para o De-
senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio finan-
ceiro e à Maria Lucia de Paula Leão pela revisão ortográfica e gra-
matical deste texto.
REFERÊNCIAS
1. Kim, B. M.; Williams, S. F.; Masamune, S. Em Comprehensive Organic
Synthesis; Trost, B. M.; Fleming, I., eds.; Pergamon Press: Oxford, 1991,
vol. 2, p. 239; Heathcock, C. H. Em Asymmetric Synthesis; Morrison, J.
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Ph (Z)
OSiMe3
+
H R
O
Ph R
O OH
R= Ph, 4-ClPh, 
C5H11, C8H17, 
iBu, iPr, 2-Tienil
Pb(OTf)2 (20mol%)
rend. 65-99%
sin:anti 82:18 a 94:6
% ee (sin) 62-87
iPrOH-H2O (4,5/1)
 0oC, 24 h Me
*
*
(R)
O
O
O
O
O
O
R1
OSiMe3
+
H R2
O
R1 R2
O OH
R= Ph, 4-MeOPh, 
1-Np, PhCH=CH, 
Ph(CH2)2
Pr(OTf)3 (10mol%)
rend. 33-92%
sin:anti 67:33 a 93:7
% ee (sin) 47-75
EtOH-H2O (9/1)
 -10oC, 24 h
Me
*
*
N
O
O O
O
N
R= Ph, Et, 
S tBu
541Reações Aldólicas Assimétricas CatalíticasVol. 26, No. 4
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