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CLASSIFICAÇÃO E VERTENTES DA DANÇA – PARTE I Existem diferentes ritmos e modalidades de dança e, para que possamos trabalha-los dentro da prática pedagógica é preciso compreender em que consiste cada um deles e quais suas possibilidades. Segundo Gaspari (2015, p.201), o Brasil pela própria diversidade de manifestações rítmicas e expressivas existentes de norte a sul é conhecido como país dançante. Entretanto o incentivo para o aprofundamento de estilos específicos de dança é restrito. A hipótese para esta realidade é a educação para dança, o processo de formação para dança, tanto na Universidade, como no ensino regular desde a educação infantil. Sabe-se que esta prática corporal pode estar na escola de acordo com os pressupostos educacionais e ser adaptada conforme as necessidades e características do contexto de aula (GASPARI 2015, p.201). Nesta aula conheceremos os ritmos: Ballet Clássico, Dança Moderna e Contemporânea e Dança de Salão. Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula espera-se que vocês sejam capazes de: • Compreender os elementos básicos dos ritmos estudados. • Identificar as diferentes modalidades de dança de salão. • Refletir sobre as possibilidades dos diferentes ritmos de dança estudados. Organização da aula: 6.1. BALLET CLÁSSICO 6.1.1. Ballet Romântico 6.2. DANÇA MODERNA E CONTEMPORÂNEA 6.3. DANÇA DE SALÃO 6.3.1. Maxixe 6.3.2. Merengue 6.3.3. Bolero 6.3.4. Cha-cha-cha 6.3.5. Rumba 6.3.6. Tango 6.3.7. Salsa 6.1. BALLET CLÁSSICO O termo balé é derivado da palavra francesa ballet, originado do verbo ballare que, em italiano, significa bailar ou dançar (GARCIA e HAAS, 2006 p. 77). No século XV a dança, como as outras artes, começam a ressurgir, com regras conforme o gosto dos nobres, que imperavam nos reinos (...). Neste período, especificamente no século XVII surge pela primeira vez o profissional da dança e os termos bailarino e mestre (GARCIA e HAAS, 2006). Este período é considerado como o surgimento do balé. Nesta época o bailarino interpretava e dançava o que o professor “mestre” ensinava, tanto em passos quanto em termos de coreografia a serviço das cortes – balés dançados nas festas da corte (GARCIA e HAAS, 2006 p. 75). Em 1851, é realizado o Ballet Comique de la Reine (Balé Teatral da Rainha), no reinado de Henrique III, pela primeira vez, a dança, a música e o drama teatral num balé encomendado pela mãe dele, que se chamava Catarina de Médicis, para celebrar as bodas de casamento. Esse espetáculo marcou como referência de balé de corte e conhecido como balé –espetáculo. Segundo GARCIA e HAAS, p. 76 (2006), após este ocorrido outras cortes adotaram o balé-espetáculo como modelo, possibilitando a ampliação do mercado para os profissionais da área, os mestres franceses e italianos. Porém uma grande mudança ocorreu no reinado de Luiz XIV, o balé de corte foi para o tablado, contribuindo para uma significativa revolução no caráter artístico dentro do balé da corte. (GARCIA e HAAS, 2006). As danças populares neste período continuaram existindo, mas introduzindo linguagens novas, vindas dos balés da corte. A dança clássica recebeu um importante impulso evolutivo após a criação da Academia Real da Dança, em 1661, na França, que fez o balé se desenvolver no aspecto da estética e com princípios coreográficos, passos e movimentos definidos (GARCIA e HAAS, 2006). O bailarino Noverre, considerado como o construtor do balé, uniu a dança com a música, poesia e pintura, baniu as narrações, recitais e canto, injetou energia e vida ao balé clássico francês, ao criar a forma muda de dança com influência na representação da metodologia da Antiguidade. Neste momento as vestimentas do balé foram modificadas, aparecendo peças como túnicas, maiôs e sapatos sem saltos, extinguindo as máscaras e perucas, ou seja, os trajes ficaram mais leves e a expressão facial passou a ser mais valorizada. Essas transformações incluíram o balé como patrimônio de uma classe mais rica (GARCIA e HAAS, 2006). Segundo GARCIA e HAAS, p. 76 (2006), algumas breves considerações do balé os gestos característicos do balé envolviam reverências e movimentos elegantes que refletem a origem palaciana. 6.1.1. Ballet Romântico O romantismo surgiu no século XIX e o balé clássico sofreu influência deste período. Foi incorporado o irreal, o imaginário, a fantasia, a negação da realidade. Narravam lendas de lagos e bosques do Norte (GARCIA e HAAS, p. 79 (2006). Ou seja, a natureza estava presente e as histórias eram essencialmente românticas. Neste período são substituídos os deuses gregos e romanos por ninfas e fadas, modificando então os personagens e as cenas. Os temas que mais empolgavam os bailarinos e também coreógrafos eram amor e sonhos (GARCIA e HAAS, p. 76 2006). Sobre a figura da bailarina no ballet romântico GARCIA e HAAS, p. 76 (2006) afirma: que a figura da bailarina que encarnava a perfeição, capaz de dançar sobre as pontas, flutuar com a leveza de um pássaro e gesticular suavemente foi o auge do balé clássico no período romântico especialmente quando surge, em 1827, em Paris, a bailarina Maria Taglioni dançando na ponta dos pés com sapatilhas especiais. Esse fato representou um impacto no balé, sobretudo no aspecto relacionado aos exercícios nas pontas dos pés para as bailarinas clássicas, marcando a sua importância no balé. O primeiro balé romântico A Sílfide, que significa mulher esbelta e delicada, foi criado por Filippo Taglioni. A estreia ocorreu em 1832 na Ópera de Paris. Foram os grandes balés românticos que propiciou o auge do balé clássico, chamados, também, balés brancos, devido ao uso de gazes, tules e musselines brancos (GARCIA e HAAS, p. 80 2006). Imagem 9: Ballet. Fonte: Imagens do Google. 6.2. DANÇA MODERNA E CONTEMPORÂNEA No século XX ocorreu o surgimento de novas ideias em todas as áreas do conhecimento, inclusive as artes cênicas. O foco das atenções neste período foi a necessidade de transformações, liberdade, ideias renovadoras e inovadoras. E os seres humanos sentiram essa vontade de mudar suas concepções, de ir além no que estava habituado a vivenciar (GARCIA e HAAS, 2006). A dança também se transformou, não escapou da regra. Por meio de toda uma geração de bailarinos, coreógrafos, intelectuais que pensavam a dança para além das dimensões existentes (GARCIA e HAAS, p. 88 2006). Surge neste cenário, Isadora Duncan, provocando a sociedade. Nascida em 1878, bailarina, inconformada com a técnica, as regras rígidas existentes e modelos tradicionais e arcaicos do balé clássico, criou sua própria forma de dança (GARCIA e HAAS, p. 88 2006). Segundo GARCIA e HAAS, (p. 89 2006) sobre Isadora: Era dotada de uma força interior que a impulsionava e tornava sua dança fascinante. Era inteligente, ousada e feminista. Expressou-se a partir de movimentos naturais, instintivos e intuitivos que, juntamente com sua expressão nata, foram intituladas de dança livre. Acredita- se que ela exerceu influência em várias personalidades intelectuais e artísticos da época como os bailarinos e coreógrafos russos Michel Fokine, Vaslav Nijinski, Sergei Diaghilev. Era de uma pureza profunda, absoluta e de uma integridade sem limites não só no que dizia respeito a sua arte, mas também a sua vida (...). GARCIA e HAAS, (p. 89 2006) apontam sobre o que era e como era a dança para Isadora: Dizia sobre a dança “Eu não a inventei; ela existia em mim, mas estava adormecida; eu apenas a revelei”. Dançavacom túnicas drapeadas e leves, com os pés nus e, na maioria das vezes, com os cabelos totalmente soltos. Inspirada na Grécia, dançava peças compostas por grandes mestres da música como Chopin e Brahms. Realizou várias tournées pelo mundo. Fundou sua primeira escola em Berlim. Não deixou “discípulos”, por ser uma arte tão pessoal, mas seu carisma, talento e sensibilidade foram suficientes para torna-la imortal. Faleceu em Nice, no ano de 1927, em trágico acidente de carro. A partir das influências de Isadora Duncan, vários bailarinos e coreógrafos passaram a elaborar um novo vocabulário de dança e linguagem corporal. Outro nome importante foi Martha Graham. Ela nasceu em 1984, nos Estados Unidos. Filhas de pais conservadores e presbiterianos, teve especialmente no pai psiquiatra a influência mais marcante em suas composições coreográficas: a verdade. Ele advertia que se ela mentisse, ele perceberia isso na tensão do seu corpo (GARCIA e HAAS, (p. 92 2006). GARCIA e HAAS, (p. 93 2006) descreve a trajetória de Martha Graham: Aos vinte e dois anos de idade ingressou na Denishawn School e, somente sete anos mais tarde, dançou como profissional na Escola. Estimulada pelo diretor musical da Escola. Estimulada pelo diretor musical da Escola, pianista e compositor Louis Horst, em 1926, trilhou um caminho que se tornou uma trajetória pessoal, constante de pesquisa e descoberta de um processo de criação que ultrapassou os ensinamentos do misticismo exótico e outras experiências vivenciadas na Denishawn,pois era a realidade de seu tempo, das transformações e acontecimentos do país e do mundo que a cercava. Em 1927, fundou sua Companhia de Dança. Em 1929 e 1930, criou seus dois primeiros trabalhos solos, respectivamente Heretic e Lamentation. Em 1931, seus bailarinos dançaram sua obra Primitive Mysteries, inspirada num tema religioso-cristão. Interpretou e coreografou muitas obras. Faleceu em 1991. A técnica de Martha Graham fundamentava-se nas mudanças físicas do corpo, no momento da inspiração e expiração, desenvolvida a partir dos princípios de contração e relaxamento. Ela acreditava que o corpo exprimia tudo o que de maravilhoso o homem poderia ter. Sua obra coreográfica é composta por mais de cento e setenta trabalhos (GARCIA e HAAS, p. 93 2006). Conhecida como dotada de grande capacidade de criar, era dona de um vigor físico e psicológico admirável. Sua última performance ocorreu no ano de 1976, com oitenta e dois anos de idade, e sua última criação foi aos noventa e sete anos GARCIA e HAAS, (p. 93 2006). Ela interpretava suas criações muito influenciada por sua batalha contra a solidão. Afirmava que: “Não escolhemos a dança; ao contrário, nós é quem somos escolhidos por ela”, ... “cada dança é um termômetro, um gráfico do coração”; e “Na dança moderna, o movimento não é produto da invenção, mas a descoberta de que ele pode expressar a emoção”. GARCIA e HAAS, (p. 83 2006) conta sobre Cunnighan: Merce Cunnigham foi um nome importante nesta modalidade de dança. Nasceu em Washington em 1919. Estudou em Seatle, na Cornishshool, preparando-se para a profissão de ator. Em contato com o compositor John Cage (1912-1992), apaixonou-se pela dança, ingressando em 1939 na Martha Graham Company, na qual permaneceu até 1945. Contrariou os princípios de Graham, criando uma obra considerada como serenamente abstrata, que pode ser situada como pós-moderna repousada especialmente em não-formalismos. Sua técnica coreográfica resultou em uma variedade de movimentos instantâneos que existem em qualquer espaço e devem dar a impressão de serem criados por acaso, sem significação determinada, apenas para envolver, condicionar e motivar. Criou a Merce Cunnigham Company Dance que se fixou como a Companhia residente da Brooklin Academy of Music. Suas criações fundiram-se na chamada dança pura, puro movimento, caracterizados pela abstração amparada nos acentos fortes e fracos das composições musicais. Entre suas obras estão a Dime e DANCE, Fragments, Galaxy, Story Time After, entre outros. Com uma técnica forte, balanceada e rítmica, que permite ao bailarino executar rápidas e frequentes transferências de peso, mudanças bruscas de direção e de focos, ocupando o espaço, uma de suas preocupações maiores, no intercâmbio com o tempo, resultando dessa combinação uma ampla combinação e possibilidades de movimentos. Cunnigham também deu uma liberdade total para os bailarinos de dançarem, entrarem e saírem de cena. Utilizou o uso de acessórios para dar tom e forma na coreografia em cena e, com intuito, também de distrair o público (GARCIA e HAAS, (p. 98 2006). Outros nomes que também se destacaram nesta dança, foram o bailarino, coreógrafo e diretor americano Paul Taylor e a alemã Pina Bauch, um dos maiores destaques da dança- teatro do mundo. Em suma, a dança moderna e contemporânea trouxe um avanço significativo da arte da dança, com o rompimento de movimentos esteotipados e fragmentados, para movimentos livres, soltos e algumas vezes improvisados. Com coreografias que envolviam aspectos profundos do ser humano, muitas vezes escondidos dentro de cada um. Imagem 10: Dança Moderna e Contemporânea Fonte: Imagens do Google Imagem 11: Dança Moderna e Contemporânea. Fonte: Imagens do Google. 6.3. DANÇA DE SALÃO Com origem da danças da corte durante a Idade Média, a dança de salão é normalmente praticada por prazer, integração, união e socialização em bailes e eventos dançantes (GARCIA e HAAS, p. 105 2006). Segundo GARCIA e HAAS (2006), desde o seu surgimento até os dias atuais, as danças de salão sofreram um grandiosa evolução, por meio da codificação das formas, passando pelos benefícios pela prática, tanto motores, sociais e afetivos, que provocam em seus adeptos uma popularização, propondo como lazer, profissão e como terapia. Nas décadas de 40 e 50 conquistou grande popularidade, devido, especialmente, ao sucesso dos musicais encenados na Broadway e nos filmes. Entretanto perdeu muito seu público na década de 60 pelo surgimento do musical Rock and Roll, que resultou na primeira dança feita por jovens. Dançar separados em pares no meio do salão, cheio de energia e disposição ao som de Elvis Presley, grande ídolo e artista neste período (GARCIA e HAAS, p. 106 2006). É importante ressaltar que cada país e região tem suas danças de salão tradicionais, criadas a partir de suas culturas, conhecidas e dançadas em várias partes do mundo. Nos países europeus são consideradas como um esporte. Estilizadas e renovadas por meio das influências, provocam o surgimento de uma outra dança de salão e assim sucessivamente. 6.3.1. Maxixe O maxixe é originário do Rio de Janeiro e é uma dança urbana de par. Aproximadamente entre 1870 e 1880, como resultado da fusão da Habanera e da Polka, com uma adaptação do ritmo sincopado africano. (GARCIA e HAAS, p. 111 2006). Dançada normalmente em ritmo instrumental e com movimentos caracterizados por movimentos de quadril, voltas, quedas, movimentos de roscas (parafuso), acompanhados de passos convencionais ou improvisados pelos bailarinos. Considerada a primeira dança nacional, foi substituída na segunda metade do século XX pelo samba. Imagem 12: Maxixe. Fonte: Imagens do Google. 6.3.2. Merengue O merengue surgiu na República Dominicana influenciada pelos bailes da África, trazidos pelos escravos negros que dançavam com um companheiro e ao ar livre (GARCIA e HAAS, p. 1122006). O nome “merengue” foi derivado do modo com os dominicanos chamavam os invasores franceses do século XVII (merenque). Seu ritmo é considerado veloz. Segundo GARCIA e HAAS, p. 11 2006), a classe alta não aceitavam essa dança pelo vínculo com a dança africana e pelo aspecto malicioso do movimento e erótico das letras. Com o passar do tempo a dança foi incorporando e fundindo-se com a cultura dos colonizadores, nascendo então o Merengue. Imagem 13: Merengue. Fonte: Imagens do Google. 6.3.3. Bolero Segundo GARCIA e HAAS, (p. 109 2006), a origem do bolero apresenta controvérsias. Enquanto alguns autores acreditam que o bolero originou-se de Cuba, aproximadamente, em 1880, inspirada no danzón, uma dança semelhante a um bailado medieval característico do século XIX neste país. Já, outros crêem teve surgimento na Inglaterra, passando pela França e Espanha com nomes variados (dança e contradança), sendo que neste último país adquiriu as características mais marcantes. O nome “bolero” tem relação as roupas utilizadas pelas ciganas (vestidos ornados com pequenas bolas) – as boleras. É considerado uma das danças mais românticas, dançadas ao som de composições que têm no amor a sua marca registrada. Os casais dançam juntos por todo o salão e sua movimentação lembra em muitos momentos uma caminhada (GARCIA e HAAS, p. 109 2006). Imagem 14: Bolero. Fonte: Imagens do Google. 6.3.4. Cha-cha-cha Com o surgimento em Cuba nos anos 50, o cha-cha-cha, teve nome inspirado no barulho realizado pelos dançarinos nas pistas de dança. É uma dança alegre, atrevida e despreocupada (GARCIA e HAAS, p. 109 2006). O primeiro a utilizar o termo foi Enrique Jorrin, em 1951, quando denominou sua música de cha-cha-cha. A partir de então, o número de orquestras e de composições musicais foi aumentando até alcançar o nível internacional. Em 1954, chegou nos Estados Unidos, onde passou a ser considerado um ritmo latino mais conhecido da época (GARCIA e HAAS, p. 109 2006). O ápice do cha-cha-cha foi no ano de 1954 e seu declínio foi marcado em 1957. Imagem 15: Cha-cha-cha. Fonte: Imagens do Google. 6.3.5. Rumba A Rumba surgiu em Cuba e é considerada como uma dança popular afro-cubana, sua popularidade se deu especificamente na década de 30. A história da Rumba deve-se a algumas situações, como a mulher tentando dominar o homem por meio do seu charme feminino (GARCIA e HAAS, p. 114 2006). Durante a coreografia de Rumba sempre haverá um elemento de “provoque e corra”. O homem é seduzido e após rejeitado. Na dança, ele mostra por meio dos seus movimentos a sua masculinidade através da força física que sempre falha no final. A melodia da música se repete incansavelmente (GARCIA e HAAS, p. 114 2006). Imagem 16: Rumba. Fonte: Imagens do Google. 6.3.6. Tango O tango é uma dança sul-americana, que surgiu aproximadamente em 1880, século XIX, nos subúrbios e cabarés do cais de Buenos Aires, no gueto de Barri ade Las Rana, mais especificamente (GARCIA e HAAS, p. 119 2006). Considerada como uma música de dança popular, o tango se tornou mundialmente famoso a partir da voz e interpretação de Carlos Gardel. É chamada pelo povo argentino de música urbana, pois tem a peculiaridade de apresentar letras na gíria típicas de Buenos Aires, o lunfardo (GARCIA e HAAS, p. 119 2006). A partir de 1990, o tango, foi introduzido em Paris, França, mesmo diante da resistência dos bispos franceses, que eram contra a dança, porque acreditavam que o tango colocava em perigo os mandamentos sagrados, devido sua natureza sensual (GARCIA e HAAS, p. 80 2006). Na Argentina, assim como o samba no Brasil, tornou-se símbolo nacional. Imagem 17: Tango. Fonte: Imagens do Google 6.3.7. Salsa A Salsa é uma dança originada em Cuba a partir do danzón, citado anteriormente. Sob influência do ritmo musical desenvolvido a partir da segunda metade do século XX, com contribuições das danças folclóricas da região, como Congo e Mambo. Os instrumentos de percussão são os que predominam em seu acompanhamento. Na década de 80, fazia muito sucesso com a juventude cubana, que a conhecia e chamava como Som (GARCIA e HAAS, p. 114 2006). O nome salsa originou-se no bairro latino de New York, sendo caracterizada como um termo genérico que os americanos colocavam em todos os tipos de músicas que chegavam ao sul dos Estados Unidos. Considerada como um ritmo quente, picante e saboroso, teve como um dos grandes sucessos, em 1993, a canção Mi Tierra. A cubana, Célia Cruz é bastante conhecida por suas Salsas. Além dela, Glória Estefan também gravou canções neste ritmo que se popularizaram (GARCIA e HAAS, p. 114 2006). Imagem 18: Salsa. Fonte: Imagens do Google. Retomando a aula A dança possui diferentes ritmos e modalidades que apresentam uma abrangência cultural e de movimentação. Para que seja possível pensar possibilidades frente a prática pedagógica, precisamos conhecer os diferentes ritmos, saber diferenciá-los e buscar possibilidades de inserção dos mesmo nos diferentes campo de atuação do profissional de Educação Física. Nessa aula compreendemos o ballet dentre suas ramificações e transformações ao longo da história. Conhecemos a dança moderna dentro de suas técnicas expressivas. Por fim, observamos a diversidade de ritmos que a dança de salão pode englobar. Bibliografia sugerida: CAMINADA E. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint; 1999. GARCIA, ÂNGELA & HAAS, ALINE NOGUEIRA. Ritmo e Dança. 2 edição. Canoas: Editora ULBRA, 2007. KRISCHKE, Ana M. Alonso. Dança e improvisação: uma relação a ser trilhada com o lúdico. Anexos. Monografia defendida no curso de especialização em educação física escolar da CDS/UFSC. Florianópolis (SC): 2004. ORTIZ, Paula Emboava; ROSA, Marcelo Victor da. O ensino da dança de salão com base na abordagem crítico-emancipatória. 1ª Edição. Campo Grande: Editora UFMS, 2015. AULA 07 CLASSIFICAÇÃO E VERTENTES DA DANÇA – PARTE II Existem diferentes ritmos e modalidades de dança e, para que possamos trabalha-los dentro da prática pedagógica é preciso compreender em que consiste cada um deles e quais suas possibilidades. Segundo Gaspari (2015, p.201), o Brasil pela própria diversidade de manifestações rítmicas e expressivas existentes de norte a sul é conhecido como país dançante. Entretanto o incentivo para o aprofundamento de estilos específicos de dança é restrito. A hipótese para esta realidade é a educação para dança, o processo de formação para dança, tanto na Universidade, como no ensino regular desde a educação infantil. Sabe-se que esta prática corporal pode estar na escola de acordo com os pressupostos educacionais e ser adaptada conforme as necessidades e características do contexto de aula (GASPARI 2015, p.201). Nesta aula conheceremos os ritmos: Danças Folclóricas, Contato-Improvisação e a Dança de Rua. Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula espera-se que vocês sejam capazes de: • Compreender os elementos básicos dos ritmos estudados. • Identificar as diferentes modalidades de danças folclóricas. • Refletir sobre as possibilidades dos diferentes ritmos de dança estudados. Organização da aula: 7.1. DANÇASFOLCLÓRICAS OU DA CULTURA POPULAR 7.2. CONTATO-IMPROVISAÇÃO 7.3. DANÇA DE RUA 7.1. DANÇAS FOLCLÓRICAS OU DA CULTURA POPULAR Considerada uma das formas mais antigas de manifestação do corpo, a dança nasceu e se desenvolveu à medida que o ser humano sentiu a necessidade de se expressar e comunicar (...) Em todas as épocas e espaços geográficos, a dança desempenhou para os povos uma representação de suas manifestações, de seus “estados de espírito”, de emoção, de expressão e comunicação de suas características culturais. As Danças folclóricas podem ser definidas assim por Miranda (1998) apud Garcia e Haas (2006), afirmam que a dança folclórica é aquela produzida espontaneamente numa comunidade com laços culturais em comum resultantes de um longo convívio e troca de experiências, ela funciona como fator de integração celebrando eventos de relevo ou como simples manifestações de vitalidade e regozijo, ela pode observar influências diversas e, por vezes, até contraditórias. Nanni (2001) apud Garcia e Haas (2006) afirma que a dança folclórica nada mais é do que o efeito das consequências desses impulsos gerados por esforços definidos e causados pelos aspectos funcionais de sentir, pensar e agir de uma comunidade. Abaixo, quadro com danças características das regiões brasileiras. Quadro 1: Danças Folclóricas Brasileiras. Fonte: Google Imagem 19: Danças Folclóricas Brasileiras. 7.2. CONTATO-IMPROVISAÇÃO Improvisar significa compor e atuar simultaneamente. Na improvisação considera-se a estrutura, a ordem, o espaço, o tempo, os materiais, o “tom”, e deve-se praticar diariamente para tomar as decisões de modo rápido, consciente e controlado. A improvisação não pretende ser um recurso, mas a própria dança realizada no instante da sua execução. Esta visão demonstra que não é uma dança coreografada, que acontece segundo um planejamento. Segundo Krischke e Souza (2004), a improvisação, no contexto geral, propicia o desenvolvimento da capacidade de adaptação para uma atividade não planejada, por meio de movimentos não padronizados. Além disso, para que ocorra, o processo da improvisação necessita da espontaneidade. Ou seja, se ela não estiver presente não haverá improvisação. Para a improvisação, por exemplo, essa característica pode ser manifestada em sua prática – contudo, o professor e/ou coréografo propicia maior variabilidade de alternativas. Os participantes precisam conhecer seus potenciais e limites. Além disso, durante o jogo da improvisação, se houver uma plateia, a tendência é de que as regras sejam reveladas, mesmo que isso não configure uma tradição. E não é raro que esse exercício de descoberta, por parte da plateia, se torne parte da dança e estimule inclusive novas relações com o público (KRISCHKE E SOUZA, 2004). Imagem 20: Contato-Improvisação. Fonte: Imagens do Google. 7.4. DANÇA DE RUA Imagem 21: Dança de Rua. Fonte: Imagens do Google. RETOMANDO A AULAA aula Como mencionado anteriormente, a dança possui diferentes ritmos e modalidades que apresentam uma abrangência histórica e cultural. Esse contexto acaba abrindo uma gama de movimentação e passos dentro da dança. Para que seja possível pensar possibilidades frente a prática pedagógica, precisamos conhecer os diferentes ritmos, saber diferenciá-los e buscar possibilidades de inserção dos mesmo nos diferentes campo de atuação do profissional de Educação Física. Nesta aula observamos a diversidade de ritmos que as danças folclóricas podem englobar, tendo uma dança característica em cada região do Brasil. Assim, cada uma destas danças possui seus passos e roupas característicos. Outra modalidade de dança estuda foi o Conta-Improvisação que busca a expressão de sentimentos e pensamentos a partir da liberdade do movimento. Essa dança ainda apresenta a presença do contato entre os participantes e a construção espontânea de determinados sentimentos. Por fim, conhecemos a Dança de Rua que também é uma forma de expressão e protesto as danças elitistas e com técnicas fechadas. Como o nome diz, ela nasce da expressão de rua ganhando proporções mundiais. Bibliografia sugerida: DOS SANTOS, Analu Silva. Dança de rua: a dança que surgiu nas ruas e conquistou o palco. Monografia defendida no curso de graduação em educação física da UFRGS. Porto Alegre: 2011. HASELBACH, Barbara. Dança Improvisação e movimento: expressão corporal na Educação Física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1988. AULA 08 PERSPECTIVAS PRÁTICAS Ao longo desta disciplinas, conhecemos diferentes possibilidades dentro da dança, aprendemos seus conceitos básicos, seus principais elementos, e suas possibilidades de expressão por meio do movimento. Chegando ao final desta caminhada falta agora pensar em possibilidades de atuação dentro da área do Bacharel em Educação Física. Nesta aula conheceremos possibilidades de trabalho e atuação profissional a partir da dança. Assim, conheceremos algumas manifestações da dança nas academias e teremos um plano de aula para exemplificar estas possibilidades. Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula espera-se que vocês sejam capazes de: • Compreender as possibilidades de atuação do Bacharel em Educação Física na dança. • Identificar os diferentes campos de atuação • Refletir sobre as possibilidades profissionais na dança. Organização da aula: 8.1. DANÇA DE ACADEMIA 8.2. PLANO DE AULA 8.3. COREOGRAFIA 8.3.1. Frase musical e frase de movimentação 8.3.2. Compasso musical 8.3.3. Acento 8.3.4. Período 8.3.5. Mapeamento Musical 8.4. MONTAGEM COREOGRÁFICA O estilo de vida da sociedade contemporânea é caracterizado pela adoção de hábitos sedentários e consumo de dietas hipercalóricas palatáveis, com alto aporte de lipídeos e carboidratos (MENSAH et al., 2004). Tal comportamento constitui importante fator de risco na fisiopatologia de afecções metabólicas, incluindo-se dislipidemia, hiperglicemia e remodelação cardíaca, um processo predisponente à ocorrência de doenças cardíacas (FRANCISCHI R.P, PEREIRA, L.O, LANCHA JR A.H, 2001; MENSAH et al., 2004; SOUZA M.F.M, ALENCAR A.P, 2009). Com o aumento da expectativa a procura por exercícios físicos regulares vêm crescendo, seja com o intuito de tratamento ou de prevenção de determinadas doenças, com o objetivo de melhorar a saúde e obter uma melhor qualidade de vida. Neste contexto, a procura por exercícios físicos em academias é grande e uma das aulas com elevada procura, são as aulas de dança. Independentemente da modalidade oferecida, a dança é muita escolhida por mulheres, principalmente as que não gostam de musculação. 8.1. DANÇA DE ACADEMIA Em 2001, Alberto Perlman e Alberto Aghion associaram-se a Beto Perez para a criação da empresa Zumba Fitness LCC. Seis anos após sua criação, o programa já contava com 10.000 instrutores, era disponibilizado em mais de 30 países e já havia vendido mais de três milhões de DVDs. (INSTRUCTOR training manual, 2011). Aulas de zumba vêm sido frequentemente procuradas. Mesmo sendo uma franquia, nome foi aderido pela maior parte das academias em aulas que envolvem músicas recentes com diversas melodias, sendo funk, axé e sertanejo as normalmente utilizadas. Além disso existem academias que oferecem dança de salão. Neste caso, cursos ainda mais específicos são necessários para que o professor. Visando atender de forma eficienteessa demanda de alunos, se faz importante o conhecimento sobre a montagem de um plano de aula de dança. Independentemente da modalidade e do objetivo, com o planejamento e preparativos é possível realizar aulas diferentes, que os alunos saiam satisfeitos por terem atingido seus objetivos e o professor consiga atrair ainda mais alunos para sua aula. 8.2. PLANO DE AULA Para o sucesso efetivo de uma aula, sabe-se que é necessário a elaboração de um programa ou como popularmente conhecemos, plano de aula. Os preparativos garantem ao professor uma maior chance de alcançar seu objetivo com os alunos, pois pensa antes em objetivos, tema da aula, materiais que serão utilizados e músicas que podem estimular ainda mais os alunos a participarem da aula. Neste sentido, segue abaixo um modelo de plano de aula a ser utilizado por professores que irão ministrar aulas de dança, seja na academia, em clubes, eventos, etc. O mesmo pode servir de referência para outras aulas, inclusive para modalidades esportivas, como natação e aulas que envolvem músicas, como hidroginástica e spinning. No primeiro momento são colocadas informações do local e turma que será trabalhada a dança, ou seja, a diagnose. Esses dados são importantes para organização do professor durante a aula e principalmente se ele trabalha com várias turmas e ministra aulas diferentes. Além disso, um plano de aula deve ter informações suficientes para que um professor que precisar substituir o colega, entenda como conduzir a aula. No segundo momento são determinados a temática e o tema. A primeira (temática), é importante realizar pelo menos uma vez por mês, podendo ser utilizadas datas comemorativas para servir de referência, como por exemplo carnaval, outubro rosa, festa junina, dia das mãos, novembro azul, início da primavera, entre outras. Aulas dinâmicas e diferentes chamam atenção dos alunos. O tema é algo mais direto, normalmente a modalidade trabalhada na aula, como “Dança Zumba” ou “Zumba” ou “Dança de Salão- salsa”, etc. Imagem 22: Dança na academia. Fonte: Imagens do Google. No terceiro momento são determinados as metas a serem atingidas na aula, não para o professor, mas sim para o aluno. Devem ser claras e diretas. O geral é voltado para a dança em si e os específicos os complementares e vivenciados em uma aula. No quarto momento, segue para o desenvolvimento da aula. A estrutura serve para referenciar os itens e o tempo de cada um. Após consiste nas atividades, onde será descrito o que e como será realizado em cada momento citado anteriormente na estrutura ou a música utilizada em cada parte. No quinto momento acrescenta os materiais que serão necessários para a realização da aula, como som e pen drive com músicas. Importante verificar antes os materiais disponíveis no local que irá dar aula, para não chegar no momento da aula com os alunos e ficar na mão de alguma forma. Se for a primeira aula, verificar antes o local (espaço) que irá utilizar, para elaborar a aula de acordo com os recursos disponíveis. Levar um som, pen drive, notebook podem salvar de empecilhos caso algum material da academia ou clube apresente defeito de funcionamento. Lembre-se um bom professor, sempre pensa no que pode acontecer durante a aula e vai preparado para os imprevistos. Na sequência, segue a descrição de como os alunos serão avaliados durante a aula, ou melhor dizendo, de como o professor saberá se a aula foi satisfatória. Em academias, sabemos normalmente pela frequência dos alunos e a animação deles durante as aulas. Por fim, acrescenta-se referências (se possível) que foram utilizadas para elaboração das atividades. Por exemplo, em aula temática, locais e sites de pesquisa sobre a data comemorativa e em datas com objetivos voltados a alguma aptidão, como ritmo, referência da área. PLANO DE AULA Diagnose Academia: Qualidade de Vida Data: 05/05/2017 Turma: Segunda e quarta-feira Horário: 18h às 19h Quantidade de alunos: 20 Tema: Carnaval Subtema: Zumba Objetivo geral da aula: - Vivenciar aula de zumba com ênfase na perda de calorias. Objetivos específicos da aula: - Reduzir percentual de gordura e peso corporal; - Melhorar capacidade cardiorrespiratória; - Socialização entre alunos. Desenvolvimento da aula - Estrutura: Cumprimentos e direcionamento sobre a aula – 3’ Alongamento – 5’ Aquecimento – 4’ Hidratação – 3’ Músicas principais/ Parte principal – 37’ Hidratação – 3’ Alongamento final – 5’ - Atividades: Cumprimentos e direcionamento sobre a aula – 3’ Alongamento com música ... – 5’ Aquecimento com música ... – 4’ Hidratação – 3’ Músicas principais/ Parte principal – 37’ Música 1: “Brasil meu brasil brasileiro” 3’20’’ Música 2: .... 3’ Música 3: .... 3’40’’ Música 4: .... 3’10’’ Música 5: .... 3’30’’ Música 6: .... 3’30’’ Música 7: .... 2’50’’ Música 8: .... 3’ Música 9: .....3’ Música 10: Take on Me – versão samba 3’ Totalizando as dez músicas deu 32 minutos, pois foi considerado 5 minutos para demonstração dos passos principais entre as coreografias, ou seja sendo portanto descontado um tempo dos 37’. Hidratação – 3’ Alongamento final com música ... – 5’ - Materiais utilizados: som, pen drive com músicas, colares havaianos para alunas, mesa para frutas e enfeites para decoração de carnaval. - Avaliação (Como e quando?): As alunas serão avaliadas durante a aula pela participação e interação entre as colegas da turma. - Referências: http://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm 8.3. COREOGRAFIA É importante ressaltar que o professor/a deverá previamente elaborar a coreografia de cada música, de modo que na aula saiba passar aos alunos os movimentos principais. Desde as músicas mais simples, as músicas mais complexas é importante o professor falar e demonstrar os passos de cada música antes de coloca-lá, para que os alunos possam acompanhar melhor e se sentirem motivados durante a aula. Segundo Nanni (1998) apud Garcia e Haas (2006), coreografia são criações sequenciais, sucessivas e com alternâncias das formas e movimentos dentro de um espaço temporal, com trajetórias no espaço físico, concretizando e desenvolvendo formas e são veiculadas pelo vocabulário formal da dança. Na academia, as coreografias tem como características principais, a repetição e gestos motores mais simples. Diferente das academias de ballet clássico por exemplo, em que as alunas vão lá para aprender a técnica daquela modalidade, as danças na academia, como a Zumba, tem o intuito de fazer com que todos os alunos, sem exceção consigam acompanhar, gastar muita energia e calorias e se sintam motivados durante toda a aula. Assim eles sentiram vontade de retornar. Ou seja, o foco nas danças de academia fitness não é aprender técnica ou se aperfeiçoar na modalidade, mas realizar um exercício físico que proporcione prazer, motivação e melhora da aptidão e condicionamento físico. A coreografia serve portanto para auxiliar o professor no momento da sua aula e como uma forma de seleção de movimentos para determinada música ou canção. Portanto, se faz importante compreender como elaborar uma coreografia. Mas antes de saber como elaborar uma coreografia, vamos entender sobre alguns conceitos importantes para um professor de dança. 8.3.1. Frase musical e frase de movimentação No universo do Fitness, da Dança ou das modalidades que trabalham com música, sempre ouviu falar em contagens de oito tempos e de frase musical. O grande problema é que esses termos entraramno nosso vocabulário e, muitas vezes, não se sabe de onde eles saíram. Por que contar em oito e não em dez? Porque muitas vezes o professor fica esperando iniciar um movimento? Ou algumas vezes parece que seus movimentos não tem sentido com o que você está ouvindo, principalmente se a pessoa tem sensibilidade musical, mesmo sem ter conhecimento teórico musical, apenas parece que seu movimento está em desequilíbrio (fora) com a música. Conti (1999), antes de tratar da elaboração de uma sequência coreográfica no step, aborda a importância de conceitos relacionados ao uso adequado da música nas aulas. O autor se preocupa em explicar que suas sequências coreográficas devem respeitar as da música: “o que popularmente chamamos de oito, na verdade, são dois compassos de quatro pulsos cada (isto é, um compasso quaternário como trataremos posteriormente), que somados constituem oito batimentos”. 8.3.2. Compasso musical É a pulsação rítmica que se repete regularmente, dividindo-a em partes iguais, em sequências de 2, 3, 4 ou mais tempos. Ou, a quantidade de batimentos que colocamos em um ciclo pré-determinado, medidas em igual valor de um trecho musical. Compreende o espaço entre dois travessões, medindo exatamente a duração dos valores e contendo os seguintes tempos: binário, ternário e quartenário. Chama-se ritmo binário a divisão da unidade de tempo em duas partes iguais. Em ternário a divisão da unidade de tempo em três partes iguais. E em quaternário a divisão da unidade de tempo em quatro partes iguais. Consideram-se esses compassos como simples. 8.3.3. Acento É o segundo elemento que se percebe quando se tem automatizado o pulso. São as pulsações que se destacam na intensidade e se repetem de forma periódica por concentrar maior energia que as restantes. Se escutarmos um tema musical, perceberemos que dentro da repetição constante, umas são mais fortes que outras. Elas se agrupam em sons de formas elementares que determinam o que determinam os ritmos. 8.3.4. Período Um tamanho comum para um período são oito compassos (se for quartenário = 32 tempos). Embora o período de oito compassos seja encontrado como norma, podemos encontrar muitos exemplos de períodos que parecem ter sido encurtados ou ampliados pela omissão ou adição de um ou mais compassos (KÁROLYI, 1990). Nomeamos este período musical de bloco musical (nomenclatura dada pelos profissionais de Educação Física) que são 8 compassos ou 4 frases musicais ou 32 pulsos. 8.3.5. Mapeamento Musical Fica praticamente impossível a elaboração de uma coreografia sem conhecer a maneira como a música escolhida é desenhada, isto é, composta em relação aos compassos. Para isso, fazemos o mapeamento, que nada mais é que a divisão dos compassos, frases cadências da música. Temos de saber a divisão dos compassos (quarternário, binário ou ternário), quantos compassos a música apresenta, quantos compassos têm a introdução (se é instrumental ou não), quantos compassos têm o vocal, a parte instrumental da música, etc. Ou seja, muitas informações podem ser destacadas da música. 8.4. MONTAGEM COREOGRÁFICA Elaborar uma coreografia pode ser tranquilo para alguns e um desafio, pois exige além do ritmo e gosto pela dança, a criatividade. Iremos focar na montagem de coreografia em academias fitness. Como foi falado anteriormente, em ambientes assim, as pessoas buscam melhorar a qualidade de vida, se sentir bem, elevar o gasto energético e melhorar a autoestima. Desta forma, é importante que seja pensado em passos que todos os alunos consigam acompanhar. No início é normal que alguns tenham mais dificuldade, porém cabe ao professor saber como trabalhar com diferentes tipos de alunos, com diferentes habilidades e dificuldades. Desta forma, montar uma coreografia não é somente pensar em passos de dança, mas sim em todo o processo que aquela coreografia e aula pode transformar a realidade daqueles seus alunos. Segundo Garcia e Haas (p. 159, 2006), alguns dos principais fatores importantes para a criação coreográfica são: o A faixa etária dos alunos e ou bailarinos (infância, adolescência e idade adulta); o O tema (concreto ou abstrato); o O nível de desenvolvimento cognitivo e social (atenção e memorização, cooperação, respeito); o Os objetivos dos alunos e ou bailarinos; o Os objetivos do professor e ou coreógrafo; o O número de alunos e ou bailarinos; o O nível técnico dos alunos e ou bailarinos (iniciantes, intermediários ou avançados); o Os movimentos (fundamentos e suas variações e combinações); o O estilo de dança (clássico, folclórico, moderno); o O espaço (onde será ensaiado e apresentado); o O figurino da dança (coerente com o tem e estilo); o Os elementos cênicos (materiais tradicionais e alternativos); o O potencial criativo, imaginativo e original; De acordo com o plano de aula, abaixo segue roteiro prático para elaborar uma coreografia: 1º Diagnose: primeiro diagnosticar que tipo de alunos iremos trabalhar; 2º Temática e Tema: escolher qual será o tema da aula. 3º Escolha das músicas: pesquisar músicas que farão parte da aula (se for tema abrangente ver as que estão sendo mais tocadas, músicas que as pessoas gostam de dançar). 4º Montagem dos passos: por meio da teoria descrita acima, utilizar as frases musicais, os acentos, os compassos, para elaborar os passos principais de cada uma. Uma sugestão é repetir passos dentro da música de acordo com as frases musicais. Ex: Na frase...Brasil, meu brasil brasileiro...os alunos mexeram as pernas fazendo um oito e os braços acompanharão as pernas. Fazer isto com todas as músicas da aula. Pode ser a parte mais difícil, mas também a mais importante. O aluno muitas vezes percebe quando o professor não sabe a coreografia ou está inventando na hora. A música serve como um importante apoio para a montagem coreográfica. Ela pode ter infinitos estilos, ritmos e letras. Com intuito de deixar a aula diversificada e interessante para os alunos, é importante selecionar músicas de ritmos e estilos diferentes, levando em consideração sempre os objetivos da aula. Alterações no ritmo, humor e movimento para criar profundidade e versatilidade também devem ser consideradas. Se a aula começa e termina com músicas e coreografias lentas os alunos não sairão motivados. Acrescente mudanças de ritmo (lento, médio e rápido), direção (frente, trás, lateral, diagonal), planos (alto, médio e baixo) entre as músicas. São ferramentas para deixar a aula mais dinâmica. 5º Ensaiar as coreografias: após a montagem, ensaiar como se estivesse ministrando a aula, para fixar em você e no seu corpo a coreografia de cada música. O mais importante, seja criativo/a e contagie seus alunos. Todos gostam de ter aula de dança com professor simpático, alegre e que colocam todos para cima. Use a criatividade! E o mais importante de tudo: Divirta-se! Retomando a aula A dança na academia é uma modalidade antiga e que está em constante reinvenção, se adaptando aos padrões atuais da sociedade. Para tanto, é necessário que o professor estruture e planeje suas aulas. Contudo, este planejamento deve atender aos objetivos pretendidos pelos alunos que participam desta aula, pois em geral, a dança de academia tem grande procura de pessoas que buscam perder peso. Bibliografia sugerida: DE OLIVEIRA, Miriam Fernandes; ALVAREZ, Bárbara Regina. Fatores motivacionais para a adesão e aderência nas aulas de zumba fitness em academias das microrregiões de Criciúma e Araranguá. EFDeportes.com Revista Digital. Buenos Aires.19, nº 195, 2014.FRANCISCHI, R.P, PEREIRA, L.O, LANCHA, JR A.H. Exercício, comportamento alimentar e obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.15, n. 2, p. 117-140, 2001. MENSAH, G.A.; MOKDAD, A.H.; FORD, E.; NARAYAN, K.M.V.; GILES, W.H.; VINICOR, F.; DEEDWANIA, P.C. Obesity, metabolic syndrome, and type 2 diabetes: emerging epidemics and their cardiovascular implications. Cardiology Clinics, v. 22, n. 4, p. 485-504, 2004. SOUZA, M.F.M.; ALENCAR, A.P. Mortalidade por doença cardiovascular no Brasil. In: Serrano CV Jr, Timerman A, Stefanini E, Eds. Tratado de Cardiologia – Socesp. 2ª ed. São Paulo: Manole. 17-26, 2009.