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Aula 02 LAURO ESCOBAR

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DIREITO CIVIL – Analista Judiciário do Superior Tribunal de Justiça 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 11
AULA 02 
BENS: Objeto do Direito 
(arts. 79 a 103 do Código Civil) 
 
Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: 5. Bens: conceito e 
espécies. 
Subitens: BENS: Diferentes Classes de Bens. Conceito. Espécies. Classificação 
Geral: considerados em si mesmos; reciprocamente considerados; considerados em 
relação ao titular da propriedade; considerados quanto à possibilidade de 
comercialização. Bem de família legal e bem de família convencional. 
 
Meus amigos e alunos 
Não existe uma unanimidade na doutrina quanto à distinção entre os 
conceitos de coisa e bem. O Código atual usa apenas a expressão BEM. 
Baseado nisto, podemos fornecer o seguinte conceito: bens são valores 
materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. 
A primeira classificação que é feita sobre os bens não está prevista 
expressamente no Código Civil. Esta importante divisão é feita pela doutrina, 
classificando os bens em: 
a) Corpóreos (sinônimos: materiais, tangíveis ou concretos)  
são aqueles que possuem existência física; podem ser tocados e são 
visíveis, percebidos pelos sentidos. Ex: terrenos, edificações, joias, 
veículos, dinheiro, livros, etc. 
b) Incorpóreos (sinônimos: imateriais, intangíveis ou 
abstratos)  são aqueles que não existem fisicamente, pois possuem 
uma existência abstrata. No entanto podem ser traduzidos em 
dinheiro, sendo objeto de direito. Ex: No caso de um programa de 
computador (software), o importante não é o CD ou o meio que o 
contém, mas sim a produção intelectual de quem elaborou o 
programa. Outro exemplo: ainda que dois produtos sejam idênticos, 
um consumidor pode decidir comprar de acordo com a marca do 
produto, pois esta lhe transmite maior sensação de confiança no 
produto. Muitas vezes o importante não são as características 
materiais ou físicas do produto, mas sim a própria marca. Por isso é 
que as empresas investem na criação e desenvolvimento de uma 
marca, que pode ajudá-la a conquistar o consumidor e aumentar seus 
lucros. O mesmo ocorre com o nome de uma empresa. Outros 
exemplos: propriedade literária e/ou científica, direitos autorais, 
propriedade industrial (marcas de propaganda, logotipos, patentes de 
fabricação), concessões obtidas para a exploração de serviços 
públicos, fundo de comércio (ponto comercial), etc. 
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Na prática, os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e 
venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão 
(transferência a outrem). Mas ambos podem integrar o patrimônio de uma 
pessoa. 
PATRIMÔNIO 
É o conjunto das relações jurídicas ativas e passivas (abrange bens, 
direitos e obrigações) de uma pessoa (natural ou jurídica), apreciável 
economicamente. Inclui-se a posse, os direitos reais, as obrigações e as ações 
correspondentes. O patrimônio é composto de elementos ativos ou positivos 
(bens e direitos) e passivos ou negativos (obrigações). Patrimônio positivo é 
aquele em que o ativo é maior que passivo (falamos em solvente). Ainda que 
as dívidas superem os bens e direitos o patrimônio existe. Neste caso falamos 
em patrimônio negativo (insolvente). O patrimônio do devedor responde por 
suas dívidas e constitui garantia geral dos credores. 
PATRIMÔNIO 
Bens e Direitos (a Receber) Obrigações (a serem pagas) 
CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS 
Costuma-se fazer a seguinte classificação: 
• Bens considerados em si mesmos. 
• Bens reciprocamente considerados. 
• Bens considerados em relação ao titular do domínio. 
• Bens considerados quanto à possibilidade de alienação (coisas 
fora do comércio). 
Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação. Vejamos 
cada uma delas de forma minuciosa. 
I. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
I.1 – BENS QUANTO À MOBILIDADE (arts. 79/84, CC) 
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81, CC) 
São aqueles que não podem ser removidos ou transportados de um lugar 
para o outro sem a sua destruição ou alteração em sua substância. Ocorre que 
com avanço da engenharia e da ciência em geral esse conceito perdeu parte de 
sua força. Atualmente há modalidades de imóveis que não se amoldam 
perfeitamente a este conceito (ex: edificações que, separadas do solo, 
conservam sua unidade, podendo ser removida para outro local – arts. 81, I e 
83, CC). Os bens imóveis também são chamados de “bens de raiz” e podem 
ser divididos em: 
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1) Por Natureza (ou por essência)  é o solo (terreno) e tudo quanto 
se lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes, etc.), mais 
adjacências (espaço aéreo e subsolo). Alguns autores entendem que apenas o 
solo seria bem imóvel por natureza. Os acessórios e as adjacências seriam 
bens imóveis por acessão natural. 
O art. 1.229, CC dispõe que a propriedade do solo abrange a do espaço 
aéreo e a do subsolo correspondente em altura e profundidade úteis ao seu 
exercício. Quem compra um sítio é o proprietário do subsolo? Resposta para o 
Direito Civil: SIM!! O proprietário do solo é também é proprietário do subsolo 
(e do espaço aéreo), especialmente para construção de passagens, garagens 
subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas 
limitações. Pelo art. 176, CF/88, as jazidas, os recursos minerais e hídricos, 
embora sejam considerados como bens imóveis, constituem propriedade 
distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o 
domínio (propriedade) da União. Lógico que é difícil alguém comprar um 
terreno e nele “achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou mesmo um 
lençol petrolífero. No entanto se isso ocorrer, esta pessoa não será o “dono” 
deste recurso mineral. 
2) Por Acessão Física, industrial ou artificial (acessão quer dizer 
aumento, acréscimo ou aderência de uma coisa a outra)  trata-se de tudo 
quanto o homem incorporar permanentemente (o que não significa 
eternamente) ao solo, não podendo removê-lo sem destruição, modificação ou 
dano. Abrange os bens móveis que, incorporados ao solo pelo trabalho do 
homem, passam a ser bens imóveis. Ex: um caminhão de tijolos, cimento, 
caibros, etc. são bens móveis; quando se realiza uma construção, sendo 
incorporados ao solo pela aderência física, passam a ser imóveis, pois não 
podem ser retirados se causar dano à construção onde estão. Outros 
exemplos: sementes lançadas ao solo ou as plantações (café, cana, etc.), as 
construções de uma forma geral (edifícios, casas, pontes, viadutos, etc.) e 
seus acessórios (ex: piscina, garagem). É bom que acrescentemos: não 
perdem o caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis): 
a) Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local (ex: “casa pré-fabricada” transportada de 
uma localidade para outra). 
b) Materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem (telhas retiradas de uma casa para reforma do telhado, sendo 
reempregado posteriormente). 
3 – Por Acessão Intelectual (destinação do proprietário)  são os 
bens móveis que aderem a um bem imóvel pela vontade do dono, para dar 
maior utilidade ao imóvel. Trata-se de uma ficção jurídica. Ex: um trator 
destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola, máquinas de uma 
fábrica têxtil, para aumentar a produtividade da empresa, veículos, animais e 
até objetos de decoração de uma residência. Seguindo a doutrina moderna 
sobre o tema, o Código qualifica esses bens como pertenças, onde a coisadeve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, 
a categoria de bens acessórios (veremos adiante). 
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4 – Por Disposição Legal  são bens que são considerados imóveis 
somente porque o legislador assim resolveu enquadrá-los, possibilitando, como 
regra, receber maior segurança e proteção jurídica nas relações que os 
envolve. Trata-se, também, de uma ficção jurídica. São eles: 
 Direito à sucessão aberta. Falecendo uma pessoa, mesmo que a 
herança seja formada apenas por bens móveis, o direito à sucessão será 
considerado como um bem imóvel. Ex: uma pessoa faleceu e deixou um carro, 
uma joia e dez mil reais em uma conta-poupança. É aberto o processo de 
inventário. O conjunto dos bens deixados pelo falecido (de cujus) é chamado 
de espólio. E este tem a natureza de bem imóvel por força de lei. Assim, o que 
se considera imóvel não é o direito aos bens que compõe a herança, mas sim o 
direito à herança como uma unidade. 
 Direitos reais sobre os imóveis (ex: direito de propriedade, de 
usufruto, uso, superfície, habitação, servidão predial, enfiteuse, etc.). A lei, 
para dar maior segurança às relações jurídicas, trata os direitos reais sobre 
bens imóveis com se imóveis fossem. Encaixam aqui também as ações que 
asseguram os bens imóveis, como uma ação reivindicatória da propriedade, 
hipotecária, etc. 
 Penhor agrícola e as ações que o asseguram. 
 Jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia 
hidráulica são consideradas bens distintos do solo onde se encontram (arts. 
20, inciso IX e 176, CF/88). 
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84, CC) 
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar 
para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da 
destinação econômico-social. Podemos classificá-los em: 
1) Móveis por Natureza  são os bens que podem ser transportados 
de um local para outro sem a sua destruição por força alheia, ou que possuem 
movimento próprio. Força alheia – são os bens móveis propriamente ditos - 
carro, cadeira, livro, joias, etc. Força própria (suscetíveis de movimento 
próprio) – são os semoventes, ou seja, os animais de uma forma geral (bois, 
cavalos, carneiros, etc.). 
Observações: 
a) Os materiais de construção enquanto não forem empregados nesta 
construção, ainda são considerados como bens móveis. 
b) As árvores, enquanto ligadas ao solo, são bens imóveis por natureza, 
exceto se se destinam ao corte. Quando isso ocorre, elas se convertem em 
móveis por antecipação. 
2) Móveis por Antecipação  a vontade humana pode mobilizar bens 
imóveis em função da sua finalidade econômica. Ex: uma árvore é um bem 
imóvel; no entanto se ela pode ser plantada especialmente para corte futuro 
(fábrica de papel, transformação em lenha, etc.). Portanto, embora imóvel ela 
tem uma finalidade última como bem móvel. Assim, mesmo que 
temporariamente imóvel isto não lhe retira o seu caráter de bem móvel, em 
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razão de sua finalidade. Outros exemplos: Os frutos de um pomar que ainda 
estão no pé, mas destinados à venda (safra futura); pedras e metais aderentes 
ao imóvel, etc. 
3) Móveis por Determinação Legal  O art. 83, CC considera como 
bens móveis para efeitos legais: 
a) as energias que tenham valor econômico – a energia elétrica, embora não 
seja um bem corpóreo, é considerada pela lei como sendo um bem móvel. 
Observem que o art. 155, §3° do Código Penal também a equipara com um 
bem móvel, podendo ser objeto do crime de furto (ex: desvio do medidor, 
quando a corrente passa do fornecedor ao consumidor – trata-se do famoso 
“gato” ou “gambiarra”). Notem que a lei menciona “energias”, pois não existe 
apenas a energia elétrica. 
b) direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes (ex: direito 
de propriedade e de usufruto sobre bens móveis, etc.). 
c) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações. 
d) ainda incluem-se: direitos autorais, propriedade industrial (direitos 
oriundos do poder de criação e invenção da pessoa), quotas e ações de capital 
em sociedades, etc. 
Observação Importante: Os navios e aeronaves são bens móveis 
ou imóveis? A doutrina diz que eles são bens móveis sui generis. Apesar de 
serem fisicamente bens móveis (pois podem ser transportados de um local 
para outro), são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro 
especial e admitindo hipoteca. O navio tem nome e o avião marca, 
possuindo identificação e individualização próprias. Ambos têm nacionalidade. 
Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto). Alguns autores 
os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se constituírem num 
centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de direitos, embora 
não tenham personalidade jurídica. 
Importância prática na distinção entre Imóveis X Móveis 
Os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição da 
propriedade, necessidade ou não de outorga, prazos de usucapião e os direitos 
reais. Vejamos: 
1) Formas de aquisição da propriedade 
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a 
tradição. Ou seja, em uma compra e venda de bens móveis, somente com a 
entrega destes é que se adquire a sua propriedade. Já os bens imóveis são 
adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no 
Registro de Imóveis (art. 1.245, CC). Enquanto não houver o registro do título, 
o vendedor continua sendo o proprietário do imóvel. 
2) Outorga 
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por 
pessoa casada sem a outorga do outro cônjuge, exceto se o regime de 
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bens escolhido pelo casal for o da separação absoluta de bens (art. 1.647, CC). 
Já os bens móveis não necessitam dessa outorga. A outorga pode ser: 
• Marital  o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à 
mulher e o marido assina também os documentos anuindo na venda do 
imóvel. 
• Uxória  a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a 
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor – em 
latim quer dizer mulher casada). 
Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? – Sim! 
Trata-se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação 
total de bens? – Sim! Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (uxória ou 
marital). 
3) Usucapião 
Tanto os bens imóveis quanto os móveis podem ser objeto de usucapião. 
O que vai diferenciar é o prazo para que isso ocorra. Os prazos para se adquirir 
a propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. 
A) Bens Imóveis 
1) Usucapião Extraordinária 
• 15 anos – sem título, sem boa-fé. 
• 10 anos – sem título, desde que resida no local ou tenha 
realizado obras produtivas. 
2) Usucapião Ordinária 
• 10 anos – com título, boa-fé. 
• 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde 
que resida no local ou tenha realizado investimento de interesse 
social e econômico. 
B) Bens Móveis 
1) Usucapião Extraordinária – sem justo título →→→ 05 anos. 
2) Usucapião Ordinária – com justo título e boa-fé →→→ 03 anos. 
Lembrando que justo título é definido como sendo o ato jurídico 
destinado a habilitar uma pessoa a adquirir o domínio de uma coisa, mas que 
por algum motivo acabou não produzindo efeito. Na boa-fé o possuidor está 
convicto que a sua posse não prejudica ninguém e desconhece eventuais vícios 
que lhe impedema aquisição do domínio. 
- A Constituição Federal (e o próprio Código Civil) estabelecem 
outras formas de usucapião de bens imóveis. Confiram: Art. 
183 e 191, CF/88. 
4) Direitos Reais sobre coisa alheia 
• Bens imóveis  regra →→→ hipoteca. 
• Bens móveis  regra →→→ penhor. 
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I.2 – BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85, CC) 
A) INFUNGÍVEIS 
São os bens que possuem alguma característica especial, que os tornam 
distintos dos demais, não podendo ser substituídos por outros, mesmo que da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens considerados em sua 
específica individualidade, pois, de alguma forma, estão devidamente 
personalizados. Ex: imóveis de uma forma geral, veículos, um quadro famoso, 
etc. 
B) FUNGÍVEIS 
São os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. São as coisas que se contam, se medem ou 
se pesam e não se consideram objetivamente como individualidades. Ex: uma 
saca de arroz, uma resma de papel, gêneros alimentícios de uma forma geral, 
etc. Lembrando que o dinheiro é o bem fungível por excelência. Trata-se do 
mais constante objeto nas obrigações de dar. 
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. 
 
Explicando. Os bens imóveis são personalizados (há uma escritura, 
possuem um registro, um número, etc.), daí serem eles infungíveis, pois 
estão individualizados. Excepcionalmente é possível que sejam tratados como 
fungíveis. Ex: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de 
terreno, sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso 
não integra o negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico. 
Já os bens móveis, como regra, são fungíveis. Em alguns casos eles 
podem ser considerados como infungíveis. Ex: um selo de carta, como regra é 
fungível. Mas um “selo raro” é infungível, pois se destina a colecionadores. 
Outros: uma moeda rara, o cavalo de corrida Furacão, um quadro pintado por 
Renoir, etc. Um veículo automotor é considerado como um bem infungível, 
pois possui número de chassis, número de motor, etc., personalizando e 
diferenciando dos demais. 
A fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade 
manifestada pelas partes. Ex: uma cesta de frutas é fungível, mas pode se 
tornar infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa 
(chamamos esta hipótese de: comodatum ad pompam vel ostentationem) para 
ser devolvida posteriormente, intacta. Outro: Como regra um livro pode ser 
um bem fungível. Mas se nele contiver uma dedicatória ou estiver autografado 
pelo autor, este fato faz com que ele se torne único. 
Uma obrigação de fazer também pode ser infungível ou fungível. Ex: 
contrato o famoso pintor “Z”, para pintar um quadro; percebam que a atuação 
de “Z”, neste caso, é personalíssima, pois ele foi contratado tendo-se em vista 
suas habilidades especiais. Portanto trata-se de uma obrigação infungível. Já a 
pintura de um muro que foi pichado, ou a troca da resistência de um chuveiro 
elétrico são exemplos de obrigações fungíveis, pois não requer uma habilidade 
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excepcional para o seu cumprimento, podendo ser realizada por qualquer 
pessoa. 
Consequências práticas da fungibilidade 
• A diferença básica entre a locação, o comodato e o mútuo (que são 
espécies de contratos de empréstimo) está na sua fungibilidade. Enquanto o 
mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, 
ou seja, o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual, o 
comodato é um contrato de empréstimo (gratuito) de coisas infungíveis. E a 
locação também é um empréstimo de bens infungíveis, só que oneroso. 
Nestes dois últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. 
• Outra consequência: o credor de coisa infungível não pode ser obrigado 
a receber outra coisa, mesmo que esta seja mais valiosa (art. 313, CC). Isto é 
o credor tem o direito de receber a coisa exata que foi pactuada. 
• Outro efeito: a compensação legal (isto é, “A” deve para “B”, mas “B” 
também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas 
fungíveis entre si. Ou seja, dinheiro se compensa com dinheiro; café se 
compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc. 
I.3 – BENS QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86, CC) 
A) CONSUMÍVEIS 
São bens móveis, cujo uso normal importa na destruição imediata da 
própria coisa. Admitem um uso apenas. Ex: gêneros alimentícios, bebidas, 
lenha, cigarro, giz, dinheiro, gasolina, etc. 
Observação – Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que 
o homem lhes dá. Ex: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois 
permitem usos reiterados. Mas expostos numa livraria são considerados como 
consumíveis, pois a destinação é a venda. Observem que o art. 86, CC possui 
a seguinte redação: são consumíveis os bens móveis cujo uso importa 
destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os 
destinados à alienação. 
B) INCONSUMÍVEIS 
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire 
toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade. Ex: roupas de uma forma 
geral, automóvel, casa, etc., ainda que haja possibilidade de sua destruição 
em decorrência do tempo. 
Quando alguém empresta algo (ex: frutas) para uma exibição, devendo 
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a 
doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem). A consuntibilidade não 
decorre propriamente da natureza do bem, mas sim da sua destinação 
econômico-jurídica. Assim, o usufruto somente pode recair sobre bens 
inconsumíveis. Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina 
de quase-usufruto ou usufruto impróprio. 
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Não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Em geral um bem 
fungível é também consumível (ex: gêneros alimentícios). No entanto um bem 
pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex: partitura de um 
compositor famoso colocada à venda; uma garrafa de um vinho famoso e 
raro). Por outro lado, um bem pode ser também inconsumível e fungível (ex: 
uma ferramenta ou um talher). 
I.4 – BENS QUANTO À SUA DIVISIBILIDADE (arts. 87/88, CC) 
A) DIVISÍVEIS 
São os bens que podem se fracionar em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito, sem alteração em sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Ex: 
uma folha de papel, uma quantidade de arroz, milho, etc. Se repartirmos uma 
saca de arroz, cada metade conservará as mesmas qualidades do produto. 
Quanto à expressão “diminuição considerável de valor” é interessante notar o 
seguinte Ex: 05 pessoas herdaram um diamante de 50 quilates. Esta pedra 
preciosa pode ser dividida em 05 partes iguais (05 diamantes de 10 quilates 
cada). No entanto esta divisão fará com que haja uma diminuição considerável 
no valor do bem, ou seja, o brilhante inteiro terá muito mais valor do que os 
cinco pedaços reunidos. Por isso esse bem é considerado indivisível (ao menos 
em tese). 
B) INDIVISÍVEIS 
São os bens que não podem ser fracionados em porções, pois deixariam 
de formar um todo perfeito. Ex: uma joia, um anel, um par de sapatos, etc. No 
entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada em: 
• por natureza  Ex: um cavalo, um relógio, um quadro, etc. 
• por determinação legal  alguns bens poderiam ser divididos 
fisicamente.No entanto é a lei que os torna indivisíveis. O exemplo clássico 
é o da herança. Antes da partilha ela é indivisível por determinação legal. 
O art. 1.791, CC determina que a herança defere-se como um todo unitário, 
ainda que vários sejam os herdeiros. E continua o parágrafo único: até a 
partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, 
será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 
Outros exemplos: o módulo rural (art. 65 do Estatuto da Terra), os lotes 
urbanos, a hipoteca, etc. 
• por vontade das partes (convencional)  um bem fisicamente é divisível, 
mas pode se tornar indivisível por força de um contrato. Ex: entregar 100 
sacas de café. Em tese é uma obrigação divisível (eu poderia entregar 50 
sacas hoje e 50 na semana que vem). Mas pode ser pactuado no contrato a 
indivisibilidade da prestação: ou seja, todas as 100 sacas devem ser 
entregues hoje. 
I.5 – BENS QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91, CC) 
A) BENS SINGULARES 
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São singulares (ou individuais) os bens que, embora possam estar 
reunidos, são considerados de modo individual, independentemente dos 
demais. Ex: um cavalo, uma casa, um carro, uma joia, um livro, etc. Os bens 
singulares podem ser classificados em: a) singulares simples formam um 
todo homogêneo, cujas partes componentes estão unidas em virtude da 
própria natureza ou da ação humana, sem que seja necessária qualquer 
regulamentação (pedra, cavalo, árvore, folha de papel, etc.); b) singulares 
compostos são os que as partes heterogêneas estão ligadas artificialmente 
pelo engenho humano; na realidade são vários objetos independentes que se 
unem em um só todo, sem que desapareça a condição jurídica de cada uma 
das partes. Ex: materiais de construção. Uma porta ou uma janela, embora 
estejam ligados à edificação de uma casa, continuarão assim a ser chamados. 
E quando vendemos uma casa, é obvio que está subentendido que a porta e a 
janela acompanharão a venda. Outros exemplos: navio ou avião, carro, 
relógio, etc. 
B) BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS 
Universalidade é a pluralidade de coisas autônomas que, embora 
ainda conservem sua identidade, são consideradas em seu conjunto, formando 
um todo único (universitas rerum), passando a ter individualidade própria, 
distinta da dos seus objetos componentes. As universalidades podem se 
apresentar como sendo de fato ou de direito: 
• Universalidade de Fato  é a pluralidade de bens singulares, 
corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana. Ex: 
biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho (bovino, ovino, suíno, 
caprino, etc.), hemeroteca (jornais e revistas), alcateia (lobos), cáfila 
(camelos), panapaná (borboletas), cambada (porção de objetos enfiados; por 
extensão passou a significar o coletivo de caranguejos), etc. Acrescenta o 
Código Civil que esses bens devem pertencer à mesma pessoa e ter uma 
destinação unitária. 
• Universalidade de Direito  é a pluralidade de bens singulares, 
corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma jurídica, com 
a intenção de produzir certos efeitos, dá unidade; é o complexo de relações 
jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Exemplo: o patrimônio, 
que é o conjunto de relações ativas e passivas (bens, direitos, obrigações) de 
uma pessoa (natural ou jurídica), incluindo a posse, os direitos reais, as 
obrigações e as ações correspondentes. Outros exemplos: a herança (ou 
espólio) é uma universalidade de bens que passa do falecido aos seus 
sucessores no exato momento de sua morte, a massa falida, etc. 
Observação: a doutrina majoritária entende que o estabelecimento 
empresarial é exemplo de universalidade de fato (e não de direito), na 
medida em que sua unidade não decorre da lei, mas da vontade do 
empresário, que também teria liberdade para reduzir ou aumentar o 
estabelecimento, alterar o seu destino, etc. Recentemente a Fundação Carlos 
Chagas, em um concurso para o ISS/SP elaborou uma questão assim: “O 
estabelecimento é definido como o complexo de bens organizado, para 
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A partir 
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dessa definição, extrai-se que a natureza jurídica do estabelecimento é a de: 
(A) universalidade de fato, entendida como conjunto de bens pertencentes à 
mesma pessoa, com destinação unitária”. No entanto a professora Maria 
Helena Diniz, muito consultada para elaboração de questões concursos, 
entende que se trata de uma universalidade de direito, em face do art. 1.143, 
CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios 
jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua 
natureza” (Curso de Direito Civil Brasileiro, Ed. Saraiva, 26ª edição, 2009, pág. 
356). 
Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os 
indivíduos, menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito 
sobre o que sobrou. 
II. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97, CC) 
Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os 
bens. O que um bem é em relação a outro bem. Segundo esta classificação os 
bens podem ser Principais ou Acessórios. 
A) PRINCIPAIS 
São os que existem por si, abstrata ou concretamente, 
independentemente de outros; exercem função e finalidades autônomas. Ex: o 
solo, um crédito, uma joia, etc. 
B) ACESSÓRIOS 
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de outro bem; sua 
existência e finalidade dependem de um bem principal. Ex: um fruto em 
relação à árvore, uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao 
solo, os juros, etc. Esta regra também se aplica aos contratos. Ex: a fiança 
somente existe como forma de garantia se houver outro contrato principal, 
como a locação; a multa contratual em relação ao contrato em si, etc. 
Regra →→→ o bem acessório segue o principal (salvo 
disposição especial em contrário) – acessorium sequitur suum 
principale. 
É interessante esclarecer que esta regra não está mais explícita no atual 
Código Civil. No entanto a doutrina é unânime em considerar que tal regra 
ainda prevalece em nosso direito. Por essa razão, quem for o proprietário do 
principal, em regra, será também o do acessório. Outro efeito: a natureza do 
principal será também a do acessório. Ex: se o solo é imóvel, a árvore nele 
plantada também o será. Trata-se do princípio da gravitação jurídica (um 
bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime 
jurídico: o principal atrai acessório; o acessório segue o principal). Isto 
também se aplica aos contratos. Ex: se um contrato de locação (principal) for 
considerado nulo, nula também será considerada a fiança, posto que ela é 
acessória em relação ao contrato de locação (já o contrário não é verdadeiro – 
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ou seja, se a fiança for considerada nula, o contrato principal pode continuar a 
produzir efeitos). 
São Bens Acessórios: 
1) Frutos  são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente; 
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do 
bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em: 
a) Naturais – são os que se desenvolvem pela própria força orgânica da 
coisa (ex: frutas, crias de animais, ovos, etc.). 
b) Industriais – são os que surgem em razão da atividade humana (ex: 
produção de uma fábrica). 
c) Civis – são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude sua 
utilizaçãopor outrem que não o proprietário (ex: juros de caderneta de 
poupança, aluguéis, dividendos ou bonificações de ações, etc.). 
Os frutos ainda podem ser classificados, quanto ao seu estado em: 
Pendentes (ainda estão ligados fisicamente à coisa que os produziu, mas 
podem ser destacados, sem nenhum risco para a inteireza da coisa); 
Percebidos ou Colhidos (são os já destacados ou colhidos da coisa principal da 
qual se origina); Estantes (colhidos e armazenados em depósitos); 
Percipiendos (podem ser colhidos, mas ainda não o foram) e Consumidos (já 
colhidos e não existem mais – utilizados ou alienados). 
2) Produtos  são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a sua 
substância, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento. E isto é 
assim porque eles não se reproduzem. Ex: pedras de uma pedreira, minerais 
de uma jazida, carvão mineral, lençol petrolífero, etc. 
Observação. Os frutos e os produtos, mesmo que não separados do 
bem principal, já podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95, CC). Ex: posso 
vender uma possível safra de laranjas que ainda estão ligadas ao principal, por 
ser prematura a sua colheita no momento do contrato. 
Frutos X Produtos 
Os frutos se renovam quando são utilizados ou separados da coisa, 
não alterando a substância da coisa principal. Ex: colhendo as frutas de um 
pomar, as árvores não diminuem e continuam produzindo nas próximas 
safras. Já os produtos se exaurem com o uso, sendo que a extração do 
produto determina a progressiva diminuição da coisa principal. Ex: a 
extração do minério de ferro de uma mina faz com que a mesma vá 
diminuindo a produção, até o seu esgotamento. 
3) Rendimentos  na verdade eles são os próprios frutos civis ou prestações 
periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem 
(ex: aluguel). 
4) Produtos orgânicos da superfície da terra (ex: vegetais, animais, etc.). 
5) Obras de aderência  obras que são realizadas acima ou abaixo da 
superfície da terra (ex: uma casa, um prédio de apartamentos, o metrô, 
pontes, túneis, viadutos, etc.). 
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6) Pertenças  segundo o art. 93, CC, são os bens que, não constituindo 
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex: a 
moldura de um quadro; acessórios de um veículo; um trator destinado a uma 
melhor exploração de propriedade agrícola, etc. 
Atenção – Pertença vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). 
Trata-se de um bem acessório, pois depende economicamente de outra coisa. 
Mas apesar de ser acessório, conserva sua individualidade e autonomia, tendo 
com a principal apenas uma subordinação econômico-jurídica. É necessário, 
para caracterizá-la, o vínculo intencional duradouro (estável), estabelecido 
por quem faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. 
Segundo a regra do art. 94, CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao 
bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei 
ou da vontade das partes. Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode 
se usar o adágio de que “o acessório segue o principal”. Por isso, quando se 
tratar de negócio que envolva transferência de propriedade que contenha uma 
pertença é conveniente que as partes se manifestem expressamente sobre os 
acessórios (se eles acompanham ou não o bem principal), evitando situações 
dúbias posteriores. Ex: quando se vende um carro deve o vendedor mencionar 
se o equipamento de som está incluso ou não no negócio; quando se vende 
uma casa, os bens móveis não acompanham, salvo disposição em contrário. 
Só são pertenças os bens que não forem partes integrantes, isto é, aqueles 
que, se forem retirados do principal não afetam a sua estrutura. Ex: uma casa 
é composta por diversas partes integrantes. Uma porta ou uma janela são 
fundamentais para a existência desta casa, portanto são consideradas como 
partes integrantes. Já o ar condicionado ou um quadro desta casa podem ser 
considerados como pertenças (eles pertencem a casa, mas não são partes 
integrantes). Quando se vende uma casa, as portas e as janelas (partes 
integrantes) acompanham a venda. Já o ar condicionado e o quadro 
(pertenças) podem ser vendidos juntos ou podem ser retirados da casa pelo 
vendedor, não fazendo parte do negócio. Tudo vai depender do que estiver 
escrito no contrato. Da mesma forma os instrumentos agrícolas e os animais 
em relação a uma fazenda. A jurisprudência vem entendendo que “o negócio 
celebrado acerca de um negócio principal só abrange as pertenças se houver 
manifestação (expressa ou tácita) das partes ou decorrer de dispositivo de lei”. 
7) Acessões (de modo implícito)  aumento do valor ou do volume da 
propriedade devido a forças externas (fatos fortuitos, como: formação de ilhas, 
aluvião, avulsão, abandono de álveo, construções e plantações). Em regra não 
são indenizáveis. 
8) Benfeitorias  são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel ou 
imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. As benfeitorias são bens 
acessórios, introduzidos no principal pelo homem. Se for realizado pela 
natureza não é considerado como benfeitoria. O art. 97, CC prevê que não se 
consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindo ao bem 
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Dividem-se as 
benfeitorias em (art. 96, CC): 
 
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a) Necessárias  são as que têm por finalidade conservar ou evitar 
que o bem se deteriore (art. 96, §3o, CC); se elas não forem feitas a coisa 
pode perecer. Ex: reforços em alicerces, reforma de telhados, substituição de 
vigamento podre, desinfecção de pomar, etc. 
b) Úteis  são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (art. 96, 
§2o, CC); elas não são indispensáveis, mas se forem feitas darão um maior 
aproveitamento à coisa. Ex: construção de uma garagem, de um lavabo dentro 
da casa, instalação de aparelho hidráulico moderno, etc. 
c) Voluptuárias  são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, 
que não aumentam o uso habitual do bem, mas o torna mais agradável, 
aumentando o seu valor comercial (art. 96, §1o, CC). Ex: construção de uma 
piscina, uma churrasqueira, uma pintura artística, um jardim com flores 
exóticas, etc. 
Esta classificação não é absoluta, pois uma mesma benfeitoria pode 
enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo de uma circunstância 
concreta. Ex: uma pintura pode ser necessária em uma casa de praia para 
evitar uma infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la. 
Relevância jurídica da distinção das benfeitorias 
Se o possuidor estiver de boa-fé (isto é, desconhecia eventuais vícios 
que esta posse tinha) ele tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis. Caso elas não sejam indenizadas, o possuidor tem o 
direito de retenção pelo valor das mesmas. Isto é, ele pode reter o bem até 
que seja indenizado pelas benfeitorias feitas. Já as benfeitorias voluptuárias 
não serão indenizadas, mas elas poderão ser levantadas (isto é, retiradas do 
bem – a doutrina chama isso de jus tollendi), desde que não haja danificação 
da coisa. Tais direitos estão previstos no art. 1.219, CC. 
Por outro lado, se o possuidor estiver de má-fé (ele sabia que aquele 
bem não era seu; conhecia os defeitos de sua posse) serão ressarcidas 
somente as benfeitorias necessárias. Este possuidor não será indenizado pelas 
benfeitorias úteis e nem pelas voluptuárias. Além disso, não poderá levantar 
nenhuma das benfeitorias realizadas e também não terá direito de retenção 
sobre nenhumadelas. Nem mesmo sobre as necessárias. Isto está previsto no 
art. 1.220, CC. É o preço que se paga por estar de má-fé. Vejam o quadrinho 
abaixo que retrata bem o que foi dito agora sobre as indenizações das 
benfeitorias. 
Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé 
Necessárias Indeniza Indeniza 
Úteis Indeniza Não indeniza 
Voluptuárias Não indeniza, mas podem ser 
levantadas 
Não indeniza 
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É interessante acrescentar que a atual Lei sobre Locações (Lei n° 
8.245/91), dispõe de forma um pouco diferente, pois permite disposições 
contratuais em contrário. Vejamos: 
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as 
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas 
pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e 
permitem o exercício do direito de retenção. 
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser 
levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a 
estrutura e a substância do imóvel. 
Outro cuidado que devemos ter: não confundir acessão artificial 
com benfeitoria: 
Acessão Artificial  é uma obra que cria uma coisa nova, 
como uma construção ou uma plantação (ex: construção de uma 
casa, plantação de cana ou café, etc.). 
Benfeitoria  é uma obra ou despesa realizada em bem já 
existente, para conservar, melhorar ou embelezar, sem modificar a 
sua substância. 
É interessante frisar que alguns bens deixam de ser acessórios e passam 
a ser principais. Estas exceções se justificam para valorizar um trabalho 
artístico. Daí essa inversão. Ex: a pintura em relação à tela, a escultura em 
relação à matéria-prima, a escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à 
matéria-prima, etc. 
III. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO 
Na realidade esta classificação é feita não sob o ponto de vista dos 
proprietários, mas do ponto de vista do modo pelo qual se exerce o domínio 
sobre os bens. Neste sentido eles podem ser divididos em particulares, 
públicos ou coisas de ninguém. Vejamos: 
A) BENS PARTICULARES (ou privados) 
São os que pertencem às pessoas naturais (físicas) ou às pessoas 
jurídicas de direito privado. Não vemos necessidade de aprofundar o tema. 
B) RES NULLIUS 
São as chamadas “coisas de ninguém”. Existem no Universo, mas não 
são públicas nem particulares, pois não têm dono. Ex: animais selvagens em 
liberdade, pérolas de ostras que estão no fundo do mar, peixes no mar, 
conchas na praia, etc. As coisas abandonadas (também chamadas de res 
derelictae) são espécies do gênero ‘coisas de ninguém’; já pertenceram a 
alguém, mas foram abandonadas. 
C) BENS PÚBLICOS (res publicae) 
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Estabelece o art. 98, CC que são públicos os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, 
Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias e Fundações de Direito 
Público). Os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem. Os bens públicos, por sua vez, possuem uma classificação legal 
quanto à sua destinação. Vejamos. 
Classificação dos Bens Públicos (art. 99, CC) 
A) Uso Comum (ou Geral) do Povo – São os destinados à utilização 
do público em geral; podem ser usados sem restrições por todos, sem 
necessidade de permissão especial. O próprio Código Civil fornece uma 
enumeração exemplificativa (art. 99, I, CC): praças, jardins, ruas, estradas, 
mares, rios navegáveis, praias, etc. Não perdem a característica de uso 
comum se o Estado regulamentar seu uso, restringi-lo (ex: fechamento de 
uma praça à noite por questão de segurança) ou exigir uma contraprestação 
(ex: pedágio nas rodovias). É franqueado o uso e não a propriedade, pois esta 
pertence à entidade de Direito Público, estando presente o poder de polícia do 
Estado, enquanto o povo é o usuário do bem. 
B) Uso Especial – São os bens imóveis (em regra edifícios ou terrenos) 
utilizados pelo próprio poder público para a execução de serviço público 
(federal, estadual, territorial ou municipal). Ex: Prefeituras, Secretarias, 
Ministérios, prédios onde funcionam Tribunais, Assembleias Legislativas, 
Escolas Públicas, Hospitais Públicos, etc. Incluem-se, também, os bens das 
Autarquias. O Direito Administrativo se refere a todos estes bens públicos 
como sendo afetados. Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, 
um ônus a um bem público. Isto é, indica ou determina que um bem está 
sendo utilizado para uma determinada finalidade pública. 
C) Dominicais (ou dominiais – do latim: dominus  relativo ao domínio, 
senhorio) – São os bens que constituem o patrimônio disponível da pessoa 
jurídica de direito público. Abrange os bens imóveis e também os móveis. Na 
verdade são os demais bens públicos, por exclusão (pois eles não são de uso 
comum do povo e nem têm uma destinação especial), que não possuem uma 
destinação pública definida. São eles (apenas exemplificativamente): terrenos 
de marinha e terras devolutas. Outros bens considerados (pela 
doutrina) como dominicais: prédios públicos desativados, móveis 
inservíveis, estradas de ferro (se forem públicas, pois algumas são privadas); 
títulos da dívida pública; quedas d’água, jazidas e minérios; sítios 
arqueológicos, etc. 
Características dos Bens Públicos 
• Inalienabilidade  os bens públicos não podem ser vendidos, doados 
ou trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, 
ou seja, enquanto tiverem afetação pública (art. 100, CC). Já os bens 
públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais 
previstas para a alienação de bens da administração (art. 101, CC). 
• Impenhorabilidade  penhora é um instituto de Direito Processual 
Civil; trata-se de um ato judicial pelo qual se apreendem os bens de um 
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devedor para saldar uma dívida que não foi paga. O bem penhorado pode ser 
vendido judicialmente e com o produto da venda se paga o credor, 
satisfazendo-se o seu crédito. No entanto ela não é possível em relação aos 
bens públicos, posto que estes não se sujeitam ao regime da penhora. 
Impede-se, assim, que um bem público passe do devedor ao credor, ou seja, 
vendido, mesmo que por força de uma execução judicial. A doutrina costuma 
citar apenas uma exceção prevista na Constituição Federal (art. 100, §6o), 
uma vez que nesta hipótese admite-se o sequestro (ou seja a apreensão) do 
dinheiro para assegurar o pagamento do precatório em caso de ser preterido o 
seu direito. 
• Imprescritibilidade  trata-se da impossibilidade de aquisição da 
propriedade dos bens públicos por usucapião (também chamada de 
prescrição aquisitiva). A Constituição Federal proíbe a aquisição da 
propriedade, por usucapião de bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 
191, parágrafo único da CF/88 – neste sentido também o próprio art. 102, 
CC). Prevê a Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do 
Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem 
ser adquiridos por usucapião”. A Constituição somente menciona os bens 
imóveis, mas há unanimidade no sentido de que o dispositivo também se 
aplica aos bens móveis. Até porque o art. 102, CC foi genérico. 
••• Não-onerabilidade  os bens públicos não podem ser objeto de 
direitos reais de garantia como o penhor e a hipoteca em favor de terceiros. 
• Conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidosem 
bens de uso comum ou de uso especial. Por meio da afetação o bem passa da 
categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do 
domínio público. Já a desafetação permite que um bem de uso comum do 
povo ou de uso especial seja reclassificado como sendo um bem dominical; 
retira-se do bem a função pública à qual ele se liga. Esta classificação 
afetação/desafetação tem vital importância para se possibilitar a alienação do 
bem. Os bens afetados, enquanto permanecerem nesta situação, não podem 
ser alienados. 
IV. BENS CONSIDERADOS QUANTO À POSSIBILIDADE DE 
COMERCIALIZAÇÃO (COISAS FORA DO COMÉRCIO) 
Este item não consta mais do atual Código Civil. Não que esta categoria 
de bens não exista mais. Ela continua existindo e a doutrina ainda continua a 
se referir a ela. Os bens que se acham no comércio podem ser alienados e 
adquiridos livremente. Já os que estão fora do comércio não podem ser 
transferidos de um acervo patrimonial a outro. Comércio (em sentido técnico) 
= possibilidade de compra e venda, doação, ou seja, liberdade de circulação e 
transferência. Estão fora do comércio: 
A) Coisas insuscetíveis de apropriação  são bens de uso 
inexaurível (ex: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.); como não são raros não 
despertam interesse econômico. São também chamados de “coisas comuns a 
todos” (res communes omnium). 
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B) Bens Personalíssimos  são os preservados em respeito à 
dignidade humana (ex: vida, honra, liberdade, nome, bens como os órgãos do 
corpo humano, cuja comercialização é expressamente proibida pela lei, etc.). 
C) Bens Legalmente inalienáveis  apesar de suscetíveis de 
apropriação, têm sua comercialidade excluída pela lei para atender a 
interesses econômicos-sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Só 
excepcionalmente podem ser alienados, exigindo uma lei específica ou uma 
decisão judicial (alvará). Alguns exemplos: 
• bens públicos (uso comum do povo e especial – art. 100, CC) 
• bens das fundações (arts. 62 a 69, CC) 
• terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4°, CF) 
• bens de menores (art. 1.691, CC) 
• terreno onde foi construído um edifício de condomínio por andares, 
enquanto persistir o regime condominial (art.1.331, §2°, CC) 
• bens de família 
• bens gravados com cláusula de inalienabilidade 
BEM DE FAMÍLIA 
(arts. 1.711 a 1.722, CC) 
CONCEITO 
Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual se vincula o 
destino de um prédio para ser domicílio ou residência de sua família. Originou-
se no direito norte-americano. 
No Brasil a regra é que o devedor responde, para o cumprimento de suas 
obrigações, com todos os seus bens, presentes ou futuros, salvo as exceções 
previstas em lei (art. 591, CPC). Portanto o Bem de Família é uma exceção. 
Assim, podem os cônjuges ou entidade familiar (famílias legítimas ou 
uniões estáveis entre homem e mulher), mediante escritura pública ou 
testamento, destinar parte de seu patrimônio (desde que não ultrapasse um 
terço do patrimônio líquido) para instituir o bem de família (voluntário). É 
necessário que seja imóvel residencial (rural ou urbano, com seus acessórios 
e pertenças), não havendo limite de valor. Admite-se que também sejam 
gravados valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do 
imóvel e no sustento da família. O Bem de Família é mais uma forma de se 
proteger a família reforçando o art. 6o da Constituição Federal que determina: 
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. A tendência atual 
sobre o bem de família é não apenas considerá-lo em relação ao indispensável 
para subsistência, mas também ao necessário para uma vida digna. 
CONSEQUÊNCIAS 
Com a instituição do bem de família, o imóvel se torna inalienável e 
impenhorável. Esta situação pode ser oposta em qualquer processo (civil, 
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fiscal, previdenciário, trabalhista, etc.), ficando o prédio isento de execuções 
por dívidas posteriores à instituição, salvo (portanto não é um direito 
absoluto) as que provierem de: 
a) Tributos relativos ao prédio (ex: IPTU). 
b) Despesas de condomínio (relativas ao próprio prédio). 
Portanto, impostos como o Imposto de Renda, ISS, etc., não autorizam a 
Fazenda Pública solicitar a penhora do bem de família. 
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública e o 
registro no Registro de Imóveis, além de publicação na imprensa local, para 
ciência de terceiros. A condição para que se faça esta instituição é que 
inexistam ônus (dívidas) sobre o imóvel bem como dívidas anteriores. Não terá 
validade a instituição se for feita com fraude contra credores (trata-se de um 
vício do negócio jurídico que veremos em aula mais adiante). 
A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo 
que, se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a 
instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um 
dos consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado 
enquanto viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade 
de todos os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente 
quando a cláusula for eliminada. Desta forma, a dissolução da sociedade 
conjugal (separação judicial ou divórcio), por si só, não extingue o bem de 
família. No entanto o art. 1.721, CC faz a ressalva de que dissolvida a 
sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá 
pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal. 
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família 
instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando 
houver. Havendo a participação de incapazes o Juiz irá designar um curador 
especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser 
levantada por mandado judicial (também chamado de mandado de 
liberação), justificado o motivo relevante. Se foi solenemente instituído pela 
família como domicílio desta, não pode ter outro destino. 
Se houver menores impúberes (menores de 16 anos) a situação ainda 
fica mais complicada: a cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver 
sub-rogação (substituição da coisa por outra; transferência das qualidades de 
uma coisa para outra) em outro imóvel para a moradia da família. 
LEI Nº 8.009/90 
Atualmente a Lei n° 8.009/90 dispõe sobre a impenhorabilidade 
(observem que a lei não fala em inalienabilidade) do bem de família, que 
passou a ser o imóvel residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da 
entidade familiar, independentemente de inscrição no Registro de Imóveis. A 
impenhorabilidade compreende, além do imóvel em si, as construções, 
plantações, benfeitorias de qualquer natureza, equipamentos de uso 
profissional, mas também os bens móveis que guarnecem a casa. Não só 
aqueles indispensáveis à habitabilidade de uma residência, mas também 
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aqueles usualmente mantidos em um lar comum (necessários para uma vida 
sem luxos, porém digna). Ressalvam-se os veículos de transporte, obras de 
arte e adornos suntuosos. A jurisprudência vem admitindo que a 
impenhorabilidade pode alcançar um imóvel alugado. Ex: um casal possui uma 
casa muito grande. No entanto, devido às altas despesas que esta casa exige, 
resolve alugá-la,sendo que com o dinheiro alugam um apartamento pequeno 
e ainda sobra um “dinheirinho”. Para a jurisprudência mesmo não morando na 
casa, a mesma é impenhorável, pois se trata do único bem residencial de 
propriedade familiar. 
No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex: locação, usufruto), a 
impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a 
residência e que sejam da propriedade do locatário (geladeira, fogão, 
televisão, etc.). Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis, 
a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor (salvo se outro tiver sido 
registrado). 
EXCEÇÕES 
Vimos que o bem de família do Código Civil só pode ser penhorado em 
duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel ou 
condomínio. Já os bens de que trata a Lei n° 8.009/90 tem um número maior 
de exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a 
dívida. Assim esses bens (da lei especial), não responderão por dívidas 
civis, mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for 
movido em razão de (art. 3o): 
• crédito de trabalhadores da própria residência (ex: empregada 
doméstica, cozinheira, “babá”, jardineiro, etc.). 
• execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia. 
• crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à 
aquisição do imóvel. 
• cobrança de impostos (ex: IPTU ou ITR) taxas e contribuições devidas 
em função do imóvel. 
• dívidas de condomínio também referente ao próprio imóvel. 
• credor de pensão alimentícia. 
• bem adquirido com produto de crime. 
• obrigação decorrente de fiança nos contratos de locação. 
Cuidado com o último exemplo = Fiança nos contratos de locação. 
Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem: Se uma pessoa 
é proprietário de um imóvel e quiser alugá-lo vai desejar que o locatário 
(inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ser proprietário de um bem 
imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o 
aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. Se este não conseguir pagar, o 
proprietário aciona o fiador e este será o responsável pela dívida. Poderá o 
fiador alegar que aquele é o único bem que dispõe e requerer o chamado “bem 
de família” para não pagar a dívida? Resposta: atualmente não (depois de 
várias idas e vindas de nossos Tribunais). Ou seja, se uma pessoa se dispuser 
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a ser fiador, neste momento está abrindo mão do chamado bem de família. 
Não poderá invocar esse benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino. 
Nos últimos anos essa posição já foi alterada diversas vezes. Atualmente é 
essa a posição que está vigorando, inclusive com decisão do Supremo Tribunal 
Federal (o direito social à moradia incluído na EC 26/2000, não se confunde 
necessariamente com o direito de propriedade imobiliária). Devemos estar 
bem conscientes de que ao assumirmos o risco de sermos fiador de alguém, 
estaremos abrindo mão do bem de família da Lei n° 8.009/90. Mas é evidente 
que esta situação não se aplica àquele bem de família previsto no Código Civil, 
pois neste caso o bem foi registrado e se tornou, além de impenhorável, 
também inalienável. 
Observação. É interessante mencionar que quando se tratar de pessoas 
casadas, a fiança deve ser prestada por ambos, sob pena de anulação. Neste 
sentido é a Súmula 332 (nova redação) do Superior Tribunal de Justiça: “A 
fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total 
da garantia”. 
DIFERENÇAS: 
1) Bem de Família (previsto nos arts. 1.711 a 1.722, CC): 
a) Ato voluntário – deve ser registrado. 
b) Deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da pessoa 
que está registrando. 
c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do bem. 
d) admitem-se apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio 
e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem. 
2) Bem de Família (previsto na Lei n° 8.009/90) – na verdade não torna a 
coisa propriamente em um “bem de família”; esta coisa fica apenas 
impenhorável, ou seja, não pode recair penhora sobre ele. Assim: 
a) Aplica-se a famílias que possuem apenas um único imóvel para sua 
residência – este bem, de forma automática é considerado bem de 
família; decorre da lei. 
b) Acarreta somente a impenhorabilidade (e não a inalienabilidade, ou 
seja, o bem não pode ser penhorado por terceiros, mas se o proprietário 
quiser, poderá vendê-lo). 
c) Possui um número maior de exceções (art. 3o da lei especial), conforme 
vimos acima (ex: trabalhista, hipoteca financiamento, impostos, 
condomínio, pensão alimentícia, produto de crime e fiança nos contratos 
de locação). 
BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE 
São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio 
de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato 
inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: testamento). Ex: um pai, 
percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz um testamento, com 
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essa cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho, 
protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de 
irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência - 
dívidas superiores aos créditos. O art. 1.911, CC determina que “a cláusula de 
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica 
impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor 
um pouco mais restrito, pois o testador deve apontar expressamente a justa 
causa para essa sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848, CC), ou 
seja, deverá justificar o porquê desta medida. Um caso justificável, como 
vimos, é a prodigalidade do filho. 
RESUMO DA AULA 
OBJETO DO DIREITO – BENS 
(arts. 79 a 103, CC) 
I. CONCEITO – são as coisas (materiais ou imateriais) enquanto economicamente 
valoráveis, satisfazendo a necessidade humana. 
II. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
 A doutrina (não há previsão legal expressa) inicialmente classifica os bens em 
Corpóreos (são os que têm existência material, como um terreno, uma casa, um carro 
ou um livro) e Incorpóreos (são os que possuem existência abstrata e que não podem 
ser percebidos pelos sentidos, mas podem ser objeto de direito, como os direitos 
autorais, a propriedade industrial, etc.). 
A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS – arts. 79/91, CC 
1. Quanto à Mobilidade 
1.1 – Imóveis – são os que não podem ser removidos ou transportados 
de um lugar para o outro sem a sua destruição. Subdividem-se em: a) 
imóveis por natureza (ex: solo, subsolo e espaço aéreo); b) acessão física ou 
artificial (ex: plantações e construções); c) disposição legal (ex: direito à 
sucessão aberta, ainda que a herança seja formada apenas por bens 
móveis). Não perdem o caráter de imóvel: as edificações que, separadas do 
solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem. 
1.2 – Móveis – são os que podem ser transportados de um lugar para 
outro, por força própria ou estranha, sem alteração da sua substância ou da 
destinação econômico-social. Subdividem-se em: a) móveis por natureza – 
podem ser transportados por força própria (semoventes – animais de uma 
forma geral) ou alheia (carro, joia); b) móveis por antecipação (árvore 
plantada para corte ou frutos de um pomar que ainda estão no pé, mas 
destinados à venda - safra futura); c) móveis por determinação legal 
(energias que tenham valor econômico, direitosautorais). 
1.3 – Observações: a) os materiais de construção enquanto não forem 
empregados nesta construção, ainda são considerados como bens móveis; b) 
as árvores, enquanto ligadas ao solo, são bens imóveis por natureza, exceto 
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se se destinam ao corte. Quando isso ocorre, elas se convertem em móveis 
por antecipação. 
1.4 – Importância prática na distinção entre Imóveis e Móveis: forma de 
aquisição da propriedade (tradição para móveis e registro para os imóveis), 
necessidade de outorga uxória ou marital em casos de bens imóveis (sendo 
dispensada tal providência se for bem móvel), prazos de usucapião 
(geralmente maiores para os bens imóveis) e os direitos reais (como regra 
hipoteca para imóveis e penhor para os móveis). 
1.5 - Navios e Aeronaves - fisicamente são bens móveis, mas possuem 
uma disciplina jurídica como se imóveis fossem. 
2. Quanto à Fungibilidade 
2.1 – Infungíveis – não podem ser substituídos por outros do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade (ex: um apartamento, um veículo, um 
quadro famoso). Os imóveis só podem ser infungíveis. 
2.2 – Fungíveis – podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade (ex: gêneros alimentícios, dinheiro, etc.). 
3. Quanto à Consuntibilidade 
3.1 – Inconsumíveis – proporcionam reiterados usos, permitindo que se 
retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex: imóveis, roupas, 
livros, etc.). 
3.2 – Consumíveis – são bens móveis, cujo uso importa na destruição 
imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso (gêneros alimentícios, 
bebidas, dinheiro, etc.). 
3.3 – Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que o homem 
lhe dá. Ex: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem 
usos reiterados. Mas expostos numa livraria são considerados como 
consumíveis, pois a destinação é a venda. 
4. Quanto à divisibilidade 
4.1 – Divisíveis – podem ser partidos em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito. 
4.2 – Indivisíveis – não podem ser fracionados em porções, pois 
deixariam de formar um todo perfeito. A indivisibilidade pode ser: por 
natureza (um cavalo), por determinação legal (herança, módulo rural, lotes 
urbanos) e pela vontade das partes (contrato). 
5. Quanto à Individualidade 
5.1 – Singulares – são os que, embora reunidos, se consideram de per 
si, independentemente dos demais. 
5.2 – Coletivos (ou Universais) – são as coisas que se encerram 
agregadas em um todo. a) Universalidade de Fato – pluralidade de bens 
singulares, corpóreos e homogêneos, que, pertinentes à mesma pessoa, 
tenham destinação unitária pela vontade humana (biblioteca, pinacoteca, 
rebanho, etc.). b) Universalidade de Direito  pluralidade de bens 
singulares, corpóreos, dotadas de valor econômico, ligadas pela norma 
jurídica (patrimônio, herança, massa falida, etc.). 
 
B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS – arts. 92/97, CC 
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1. Principais – existem por si mesmos, exercendo função e finalidade 
independentemente de outro bem (terrenos, joias, etc.). 
2. Acessórios – sua existência depende da existência de outro. Regra → o 
acessório acompanha o principal. 
2.1 – Frutos – são as utilidades que a coisa principal produz 
periodicamente; nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém 
intacta a substância do bem que as gera (frutas, aluguéis, etc.). 
2.2 – Produtos – são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a 
substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento. 
2.3 – Pertenças – são os bens que, não constituindo partes integrantes 
(como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de modo duradouro, 
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex: acessórios de um 
veículo; ornamentos de uma residência, um trator destinado a uma melhor 
exploração de propriedade agrícola, etc. 
2.4 – Benfeitorias – são obras ou despesas que se fazem em um bem 
móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Espécies: a) 
necessárias (realizada para a conservação do bem – alicerce da casa), úteis 
(são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa – garagem) e voluptuárias 
(mero embelezamento, recreio ou deleite – piscina). 
2.5 – Indenização das Benfeitorias: A) Possuidor de Boa-fé: direito 
à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso elas não sejam 
indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo valor das mesmas. Já 
as benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas poderão ser 
levantadas (art. 1.219, CC). B) Possuidor de Má-fé: são ressarcidas 
somente as benfeitorias necessárias. Não há indenização pelas benfeitorias 
úteis e voluptuárias. Não pode levantar nenhuma das benfeitorias realizadas 
e não tem direito de retenção sobre nenhuma delas (art. 1.220, CC). 
2.6 – Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais: a 
pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a 
escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, qualquer 
trabalho gráfico em relação ao papel utilizado. 
 
C) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO – arts. 
98/103, CC 
1. Particulares – são os que pertencem às pessoas naturais (físicas) ou às 
pessoas jurídicas de direito privado. 
2. Res Nullius – são as coisas de ninguém (ex: um peixe no fundo do mar; 
as coisas abandonadas – estas são conhecidas como res derelictae). Não 
confundir coisa abandonada, onde há um ato voluntário, o abandono, com a 
coisa perdida, em que o ato foi involuntário e a coisa continua a pertencer (ao 
menos em tese) ao patrimônio do titular. 
3. Públicos – são os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público interno. 
3.1 – Uso comum do povo – destinados à utilização do público em geral 
(rios, mares, estradas, ruas, etc.). 
3.2 – Uso especial – imóveis utilizados pelo próprio poder público para a 
execução de serviço público (hospitais e escolas públicas, secretarias, 
ministérios, etc.). 
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3.3 – Dominicais – constituem o patrimônio disponível das pessoas de 
direito público: terras devolutas e terrenos de marinha. 
3.4 – Característica dos Bens Públicos: inalienáveis, impenhoráveis, 
imprescritíveis (não podem ser objeto de usucapião, qualquer que seja a sua 
natureza – Súmula 340 STF). 
3.5 – Observação – Os bens públicos de uso comum do povo e os de 
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação. Os 
bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da 
lei. 
3.6 – Conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidos 
em bens de uso comum ou de uso especial (afetação). Já pela desafetação 
permite-se que um bem de uso comum do povo ou de uso especial seja 
reclassificado como sendo um bem dominical. 
 
D) BENS CONSIDERADOS QUANTO À POSSIBILIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO 
(COISAS FORA DO COMÉRCIO) 
1. Coisas insuscetíveis de apropriação – coisas de uso inexaurível (ar, 
luz solar, água do alto-mar, etc.). 
2. Bens personalíssimos – são os preservados em respeito à dignidade 
humana (ex: vida, honra, liberdade, nome, bens como os órgãos do corpo 
humano, cuja comercialização é expressamente proibida pela lei, etc.). 
3. Bens legalmente inalienáveis – apesar de suscetíveis de apropriação, 
têm sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-
sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Estes bens somentepodem 
ser alienados de forma excepcional. Ex: bens públicos (uso comum do povo e 
especial – art. 100, CC), bens das fundações (arts. 62 a 69, CC), terras ocupadas 
pelos índios (art. 231, §4º, CF), bens de menores (art. 1.691, CC), bens 
gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911, CC), bens de família. 
4. Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911, CC) – 
tornam-se inalienáveis por vontade humana inter vivos (ex: doação) ou causa 
mortis (testamento), de forma vitalícia ou temporária. A pessoa deve apontar a 
“justa causa” para tornar o bem inalienável (art. 1.848, CC). 
5. Bem de Família – arts. 1.711 a 1.722, CC (voluntário) X Lei n° 
8.009/90 (ou Impenhorabilidade do único imóvel – legal) – Não confundir os 
institutos!! Cuidado, também, com a fiança nos contratos de locação (trata-se 
de uma exceção que se aplica somente em relação à Lei n° 8.009/90). 
GRÁFICO – RESUMO 
CÓDIGO CIVIL LEI ESPECIAL 
 1. Artigos 1.711 a 1.722 do CC 1. Lei n° 8.009/90 
 2. Ato voluntário. Necessita de 
registro. Máximo 1/3 do patrimônio 
líquido. 
 2. Instituído pela lei. Automático. 
Único imóvel para residência da família. 
 3. Acarreta inalienabilidade e 
impenhorabilidade. 
 3. Acarreta somente a 
impenhorabilidade. 
 4. Exceções: somente condomínio e 
tributos que recaem sobre o próprio 
 4. Exceções previstas no art. 3°. Ex: 
trabalhistas (empregados do imóvel), 
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imóvel. hipoteca, financiamento, impostos, 
condomínio, pensão alimentícia, produto 
de crime e fiança nos contratos de 
locação. 
 
TESTES 
As questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB costuma 
usar, julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO. 
QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – Ministério Público/AM - 2005) A respeito 
das pessoas e dos bens, julgue os itens seguintes. 
a) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece residência 
definitiva, mesmo que dele se ausente. Esse domicílio é único, pois 
determina o local onde a pessoa deve cumprir suas obrigações e onde é 
aberta a sucessão hereditária. 
b) No negócio jurídico de alienação de um bem imóvel, incluem-se os bens 
acessórios, ainda que não constem expressamente do contrato, pois, em 
regra, a coisa acessória segue a principal e pertence ao titular da principal. 
c) As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de gravitação 
jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal. 
Por isso, se uma propriedade rural for vendida, desde que não haja cláusula 
que aponte em sentido contrário, o vendedor não estará obrigado a entregar 
máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. 
COMENTÁRIOS: 
a) Errado. Vimos na aula passada que o Brasil adotou a pluralidade 
domiciliar. Prevê o art. 71, CC que se a pessoa natural tiver diversas 
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu 
qualquer delas. 
b) Certo. A regra em relação aos bens é que o acessório segue o principal. 
Isto fica mais claro com a análise do art. 233, CC: a obrigação de dar coisa 
certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
c) Certo. Ver arts. 93 e 94, CC. 
QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – Juiz de Direito – Sergipe/2007) 
Considerando o direito civil dos bens, julgue os itens a seguir. 
a) Os armários embutidos instalados em um imóvel residencial são 
considerados bens imóveis por acessão. 
b) A cota de capital e as ações que o indivíduo possua em uma sociedade 
empresária constituem exemplos de bens imóveis por determinação legal. 
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c) Não perdem o caráter de imóvel os materiais provisoriamente separados 
de um prédio, para nele se reempregarem. 
d) Os materiais de construção, enquanto não forem empregados para tal 
finalidade continuam sendo bem móveis. 
COMENTÁRIOS: 
a) Certo. Acessão significa acréscimo. Assim, os bens móveis que forem 
incorporados a um imóvel, passam também a ter esta natureza. 
b) Errado. Embora não haja previsão expressa do Código Civil neste 
sentido, a doutrina entende que “estão na classe dos móveis incorpóreos a 
quotas de capital ou ações que possua o indivíduo em uma sociedade 
empresária” (Caio Mário da Silva Pereira – Instituições de Direito Civil). 
c) Certo. Ver art. 81, inciso II, CC. 
d) Certo. Ver art. 84, CC. 
QUESTÃO 03 (UnB/CESPE – Juiz de Direito Substituto/SE – 2007) 
Quanto ao bem de família, julgue os itens subsequentes. 
a) O bem de família, quer seja voluntário ou legal, institui-se com o registro 
da escritura pública no registro imobiliário competente. Esse bem permanece 
vinculado enquanto viver um dos cônjuges ou enquanto existirem filhos 
menores ou incapazes. 
b) O imóvel, urbano ou rural, destinado à moradia da família é 
impenhorável (Lei n° 8.009/90). Por essa característica, não responde por 
dívida civil ou bancária, mesmo quando se tratar de obrigação decorrente de 
fiança concedida em contrato de locação. 
COMENTÁRIOS: 
a) Errado. Somente o chamado bem de família voluntário (previsto no 
Código Civil) exige o registro da escritura pública no registro imobiliário. O 
bem de família legal (Lei n° 8.009/90) além de não exigir o registro, não 
determina a vinculação. Ou seja, neste caso o bem é impenhorável, mas pode 
ser vendido (não é inalienável). 
b) Errado. Depois de muitas idas e vindas, a jurisprudência dominante é de 
que se uma pessoa se dispuser a ser fiador, estará abrindo mão do chamado 
bem de família legal (Lei n° 8.009/90), não podendo invocar esse benefício 
para deixar de pagar eventual dívida de inquilino. Portanto o imóvel, mesmo 
destinado à moradia da família, pode ser penhorado para pagamento de 
obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Procurador Federal – 2007) No Código Civil 
de 2002, no capítulo da parte geral dedicado aos bens reciprocamente 
considerados, introduziu-se a figura das pertenças, verdadeira novidade 
legislativa no âmbito do direito privado brasileiro. A respeito dos bens 
reciprocamente considerados, julgue os itens a seguir. 
a) Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. 
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b) De acordo com o direito das obrigações, em regra, a obrigação de dar 
coisa certa abrange os acessórios dessa coisa, ainda que não mencionados. 
c) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, destinam-se, 
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
d) As pertenças são bens acessórios. 
e) Em regra, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não 
abrangem as pertenças. 
f) Frutos e produtos, por serem bens acessórios, não podem ser objeto de 
contrato, enquanto não forem separados do bem principal. 
COMENTÁRIOS: 
a) Certo. É o que prevê o art. 92, CC. 
b) Certo. Confiram, mais uma vez, o art. 233, CC. 
c) Errado. As pertenças não se constituem partes integrantes de outro bem 
(art. 93, CC). 
d) Certo. As pertenças são bens acessórios. 
e) Certo. Observem o raciocínio desenvolvido na questão. Pertença é um 
bem acessório. O acessório segue o principal... Porém os negócios jurídicos 
que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o 
contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do 
caso (art. 94, CC). 
f) Errado. Nos termos do art. 95, CC, apesar

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