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Bens no Código Civil

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Introdução 
Primeiramente temos que começar 
diferenciando bens de coisas. Segundo doutrinadores, 
coisas são tudo aquilo que não é humano e bens são 
coisas suscetíveis de apropriação e com valor 
econômico e jurídico. Vale lembrar que esta é a 
definição usada pelo nosso Código Civil ao tratar de 
bens. 
A Teoria do Patrimônio Mínimo idealizada por Luiz 
Edson Fachin está intimamente ligada a um dos pilares 
do nosso ordenamento jurídico: a dignidade da pessoa 
humana. Segundo esta teoria, faz-se necessário 
garantir um mínimo de patrimônio com base no 
ordenamento jurídico; o indivíduo precisa de 
um mínimo existencial como forma de garantir-lhe a 
sua dignidade. 
Exemplo em que isso se faz presente em nosso 
Código Civil: 
 
 
O instituto do bem de família é consequência desta 
teoria e será tratado mais adiante na matéria.
 Classificacao dos Bens 
Quanto a tangibilidade (esta classificacao nao 
consta na lei). 
 Corpóreos, materiais ou tangíveis – como a 
caneta, o carro e a mesa. Estes existem 
materialmente e podem ser tocados. 
 Incorpóreos, imateriais ou intangíveis – como 
direitos fundamentais ou direitos autorais. Não 
podem ser tocados, pois não existem 
materialmente. 
Quanto a sua mobilidade 
 Imoveis 
 (artigos 79 a 81 do CC): são imóveis os bens que não 
podem ser movidos ou removidos sem perderem as 
suas características. Por exemplo, uma casa.. 
Existem subclassificações dos bens imóveis: 
1. Por acessão física, industrial ou artificial – tratam 
dos bens que são incorporados 
permanentemente ao solo, como construções. 
2. Por natureza ou por essência – são bens 
imóveis por natureza, representam o solo e 
tudo o que lhe incorporar naturalmente, como 
o espaço aéreo e o subsolo. 
3. Por disposição legal – trata dos bens 
determinados imóveis por meio do 
ordenamento jurídico, como os direitos reais e 
as ações que o asseguram, e o direito à 
sucessão aberta. 
 Moveis 
 (artigos 82 a 84): são móveis os bens que possuem 
movimento próprio ou que podem sofrer remoção por 
força alheia sem que isso altere as suas características 
essenciais. Por exemplo, eletrodomésticos. Para efeitos 
legais são considerados também as energias, materiais 
destinados a alguma construção e materiais de 
demolição. 
Também existem subclassificações dos bens móveis: 
1. Por antecipação – aqueles que passem a ser 
móveis por força alheia, por exemplo, uma 
colheita que é retirada do solo 
2. Por natureza – bens que possuem movimento 
próprio. Aqui pode entrar o exemplo dos bens 
semoventes, que são bens que se movem por 
força própria, como os animais. 
3. Por determinação legal – classificados pelo 
ordenamento jurídico como bens móveis. A 
exemplo disso, temos a -já mencionada- 
energia elétrica. 
 
 
 
 
Classificação dos Bens 
Quanto a fungibilidade 
 Infungíveis – não podem ser substituídos por 
outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade. Por exemplo, o carro é um bem 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem 
reserva de parte, ou renda suficiente para a 
subsistência do doador. 
Observação: os Navios e Aeronaves são 
classificados como bens sui generis, ou seja, 
apesar de serem móveis, a lei os trata 
como imóveis. 
infungível por possuir chassi e número de 
identificação próprios. 
 Fungíveis (art. 85 CC) - são fungíveis os 
móveis que podem ser substituídos por outros 
da mesma espécie, qualidade e quantidade. 
 
 
 
 
Quanto a divisibilidade 
 Divisíveis (art. 87 CC) – bens divisíveis são os 
que se podem fracionar sem alteração na sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou 
prejuízo do uso a que se destinam. Por 
exemplo, sacas de cereais, que se podem 
dividir indeterminadamente sem prejuízo de 
suas características essenciais. 
 Indivisíveis – são bens que, quando fracionados, 
deixam de constituir um bem perfeito, pois 
perdem sua qualidade, sua essência. Por esta 
razão, qualquer obrigação referente a esses 
bens também será indivisível. 
Subclassificações de bens indivisíveis (art. 88): 
 Indivisibilidade Natural – pela própria natureza do 
bem, por exemplo, o relógio. 
 Indivisibilidade legal – a lei determina que seja 
indivisível, por exemplo, a herança. 
 Indivisibilidade convencional – as partes 
envolvidas em um contrato combinam que 
esse bem, no contrato, é indivisível, ou seja, 
isso se dá por meio do que elas acordam. 
Quanto sua individualidade 
Esta classificação não é tão intuitiva, mas subdividem-se 
em bens singulares ou bens coletivos. 
Os bens singulares (art. 89 CC) são aqueles que, mesmo 
que formem um conjunto, podem ser considerados em 
si mesmo, por exemplo, os materiais de construção 
usados numa casa. 
Já no caso dos bens coletivos, regidos pelos artigos 90 
e 91 do código civil, são aqueles formados por vários 
bens singulares que, quando juntos, transformam-se em 
um bem coletivo, podendo ser coletivo por 
universalidade de fato, ou seja, com destinação unitária, 
pertencentes a uma única pessoa, e, ainda, por 
universalidade jurídica, que se trata de um complexo de 
relações jurídicas de uma pessoa. 
Exemplo de universalidade fato: Boiada -> bens (bois) 
reunidos com uma destinação única e própria. 
Exemplo de universalidade jurídica: Massa falida -> é um 
complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas 
de um valor econômico. 
O patrimônio, para o Prof. Silvio Rodrigues, nada mais é 
que o acervo de bens de uma pessoa que podem ser 
convertidos em dinheiro. 
Vale lembrar que as relações jurídicas podem significar 
tanto um débito quanto um crédito; 
Os bens reciprocamente considerados vertem quanto a 
dependência ou não entre eles. Dessa maneira, entra-se 
na seara dos bens principais ou acessórios. 
Quanto aos bens principais ou acessorios 
O artigo 92 do CC define estes dois tipos de bens 
sendo principal o bem que existe por si só, abstrata ou 
concretamente, e o acessório, aquele cuja existência 
pressupõe a do principal. 
Aliás, há uma conhecida frase do direito civil: “o 
acessório segue o principal”, justamente porque existe 
uma espécie de gravitação jurídica, ou seja, o bem 
acessório gravita em torno do bem principal. 
Classificações de bens acessórios: 
 Naturais – surgem da própria essência do bem 
principal, por exemplo, uma árvore e seus 
frutos. 
 Industriais – têm sua origem numa atividade 
humana, como a cadeira e a mesa. 
 Civis – são bens mais complexos, têm sua 
origem numa relação jurídica entre pessoas. 
Por exemplo, o aluguel (acessório) decorre do 
contrato de aluguel (principal), sendo os juros e 
os dividendos também acessórios. 
Espécies de bens acessórios: 
 Frutos – são uma espécie de bem acessório 
que se originam do bem principal sem 
prejudicá-lo. Por exemplo, os frutos de uma 
árvore. 
Frutos, quanto ao seu estado, são definidos por Clóvis 
Bevilacqua como: 
OBS: Os contratos de empréstimos são regidos de 
acordo com a natureza particular do bem de que 
se trata. 
a) Pendentes – prontos para serem retirados, mas ainda 
ligados ao principal. 
b) Percebidos – (estado que vem após a pendência 
acima mencionada) os percebidos são aqueles que já 
foram colhidos. 
c) Estandes – bens armazenados para serem vendidos, 
por exemplo. 
d) Percipiendos – aqueles que deveriam ter sido 
colhidos, mas estão apodrecendo. 
e) consumidos – já cumpriram o seu destino, ou seja, já 
foram colhidos e vendidos. 
Os produtos diferem dos frutos, pois, ao se desligarem 
da coisa principal, diminuem na sua quantidade e 
substância. 
 
 
 
 Pertenças – representam os bens cuja função 
ou destino é de servir o bem principal. Por não 
constituírem partes integrantes, destinam-se 
somente ao serviço ou aperfeiçoamento do 
bem. Por exemplo, máquinas de uma fazenda. 
Salvo disposto em contrato, o negócio jurídico 
não abarca as pertenças! 
 Partes Integrantes – são os bens acessórios 
unidos ao principal, formando um todo 
independente, logo, ficam desprovidas de suas 
funções quando não ligadas aos bens principais. 
Por exemplo, a lentede uma câmera. 
Diferenciam-se das pertenças, que continuam 
tendo uma função mesmo longe do principal. 
 Benfeitorias (art. 96 CC) – valendo para bens 
móveis ou imóveis: 
1. Necessárias – são benfeitorias com a finalidade 
de conservar o bem ou prevenir que ele se 
deteriore. 
2. Úteis – benfeitorias que aumentam ou facilitam 
o uso do bem. Por exemplo, uma grade na 
janela de uma casa. 
3. Voluptuárias – benfeitorias de mero deleite ou 
recreio, como a piscina. (De acordo com o 
artigo 97, os melhoramentos sobrevindos ao 
bem sem intervenção do proprietário 
são considerados como acessão, logo, não se 
caracterizam como benfeitoria). 
Exemplo sobre o tema: MP3 player no carro - se já 
vem no veículo é parte integrante, quando instalado 
pelo proprietário é pertença, e se existe um contrato 
de comodato a seu respeito, é benfeitoria voluptuária. 
Bens privados, bens públicos e bem 
de família 
Bens Publicos e Privados 
Basicamente, no artigo 98 do CC, tem-se que bem 
privado é aquele que não é público. 
A respeito dos bens afetados ao regime do direito 
público: 
 Uso geral ou comum do povo – não precisa de 
permissão especial para sua utilização de modo 
ordinário, como no caso de uma praça pública. 
Mesmo que haja cobrança para uso de 
determinados bens como esses, eles não 
deixam de ser classificados como comuns do 
povo. 
 Uso especial – bens que o Estado usa para a 
realização de exercício públicos específico. 
 Dominicais – constituem patrimônio das pessoa 
jurídica de direito público interno e, 
portanto, podem ser alienados. Podem ser bem 
móvel ou imóvel, como estrada de ferro. 
Os artigos 100 e 101 do CC tratam da inalienabilidade dos 
bens públicos, enquanto que o artigo 102 determina que 
os bens públicos não podem sofrer usucapião. 
Já quanto ao uso comum de um bem público (art. 103 
CC), pode ele ser gratuito ou pago conforme 
estabelecido legalmente pela entidade a cuja 
administração pertencerem, já vimos. 
OBS: Não se sabe bem ao certo que tipo de bem seria 
o meio-ambiente. Classifica-o, assim, como corrente, por 
ser interesse de todos. É um bem difuso por abarcar 
matéria civil e constitucional, já que sua regulação visa à 
proteção de nossa geração e de futuras. 
Quando se tratar de res nullis, faz-se referência àquele 
bem, móvel ou imóvel, que não tem dono, não 
pertence a ninguém. 
 Bens de familia por uma abordagem 
civilista 
Art. 95 CC: Apesar de ainda não separados do bem 
principal, os frutos e produtos podem ser objeto de 
negócio jurídico. 
Súmula 364 do stj: “o conceito de impenhorabilidade de 
bem de família abrange também o imóvel pertencente 
a pessoas solteiras, separadas e viúvas.” 
 Bem de familia voluntario (art. 1711 do cc): 
Instituído por meio de vontade do casal ou entidade 
familiar com a sua formalização no registro de imóveis 
ou por testamento, não por instrumento particular. 
Após esta inscrição, o bem de família só poderá ser 
alienado com autorização dos interessados. Como maior 
exemplo de interessados, figuram os cônjuges 
obviamente. 
Os valores mobiliários e os rendimentos do título são 
usados para a sobrevivência da unidade familiar. 
Considerando-os o mínimo essencial à família, os bens 
familiares não poderão ser penhorados, mas também 
não serão considerados isentos das dívidas anteriores à 
constituição do bem de família, (como IPTU) e nem das 
obrigações propter rem (lembram-se das 
obrigações propter rem? Se o direito de que se 
originam tais obrigações é transmitido, elas o seguem!), 
como o condomínio. Os bens de família duram 
enquanto os cônjuges viverem ou, na falta destes, até 
que os filhos completem a maioridade. 
Não podem ter destino diverso ao de servir à entidade 
familiar. 
 Bem de familia legal (lei 8.009/90) 
Súmula 205 do STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora 
realizada antes de sua vigência. 
 De acordo com a mencionada lei, a 
impenhorabilidade pode ser conhecida de ofício 
pelo juiz: 
 
 
 
 
 
 
 
 Excluem-se do artigo primeiro, parágrafo único: 
os veículos, as obras de arte e os adornos de 
luxo. No caso de imóvel locado, a 
impenhorabilidade vai recair sobre os bens 
móveis que nele estiverem (vide súmula 486 
do STJ). 
Súmula 449 STJ: "A vaga de garagem que possui 
matrícula própria no registro de imóveis não constitui 
bem de família para efeito de penhora". 
 Há discussão quanto à decisão do STJ de não 
considerar a vaga de garagem como bem de 
família. Ora, se o acessório segue o principal e a 
vaga de garagem é parte acessória do imóvel, 
não deveria ela constituir também bem de 
família? 
Art. 3 expõe exceções à aplicação da 
impenhorabilidade. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1: O imóvel residencial próprio do casal, ou da 
entidade familiar, é impenhorável e não responderá 
por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, 
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos 
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus 
proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses 
previstas nesta lei. 
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o 
imóvel sobre o qual se assentam a construção, as 
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e 
todos os equipamentos, inclusive os de uso 
profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde 
que quitados. 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em 
qualquer processo de execução civil, fiscal, 
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, 
salvo se movido: 
II - pelo titular do crédito decorrente do 
financiamento destinado à construção ou à 
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e 
acréscimos constituídos em função do 
respectivo contrato; 
III – pelo credor da pensão alimentícia, 
resguardados os direitos, sobre o bem, do seu 
coproprietário que, com o devedor, integre 
união estável ou conjugal, observadas as 
hipóteses em que ambos responderão pela 
dívida; 
IV - para cobrança de impostos, predial ou 
territorial, taxas e contribuições devidas em 
função do imóvel familiar; 
V - para execução de hipoteca sobre o 
imóvel oferecido como garantia real pelo casal 
ou pela entidade familiar; 
VI - por ter sido adquirido com produto de 
crime ou para execução de sentença penal 
condenatória a ressarcimento, indenização ou 
perdimento de bens. 
VII - por obrigação decorrente de fiança 
concedida em contrato de locação. 
Trata-se de rol exemplificativo de exceções, porque 
podem também ser reconhecidos outros casos, como 
a má fé do devedor que, em caso de dívidas, vende 
todos seus bens para restarem apenas os bens de 
família.

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