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A HISTÓRIA DA TEORIA DO EQUILÍBRIO PATRIMONIAL: A DOUTRINA DA ESTÁTICA DE VINCENZO MASI, E A TESE DAS PROPORÇÕES SIMETRICAS DE ANTÔNIO LOPES DE SÁ Autor: Anjo Gabriel “A Estática Patrimonial, como já dissemos, é doutrina do equilíbrio funcional e financeiro, já que tal equilíbrio pode permitir às empresas, a continuidade na consecução regular dos réditos; às entidades, a regular satisfação das necessidades. Portanto o exame das condições de equilíbrio entre os valores que constituem o capital ou o patrimônio se impõem, e será nesta tarefa que nós coadunaremos.” (MASI, Vincenzo. Statica Patrimoniale. 2ª ed. Padova: Casa Editrice Dottore Antonio Milani, 1945. V II. P. 271.) “As pesquisas que empreendemos levaram-nos à conclusão de que a velocidade ou prazo de tempo em que circulam os valores e o sistema de rédito, são, realmente, os fatores preponderantes dentro do nosso conhecimento, e que uma pesquisa séria em torno da matéria conduzir- nos-ia a conclusões valorosas, capazes de dar consistência a uma teoria do equilíbrio do capital” (SÁ, Antonio Lopes Teoria do capital das empresas. Rio de Janeiro: FGV, 1965. p. 42.) Resumo O fenômeno do equilíbrio patrimonial motivou magnânimas pesquisas e teorias de modo que foi considerado um dos principais alvos da inquirição contábil, e até objeto de nossa ciência, nas definições e doutrinas científicas existentes e emanadas entre a década de 20 e 70, como até, nos dias atuais. Tal fato gerou ensinamentos prolíficos de forma a considerarmos, teses, artigos, trabalhos monográficos e extensivos, eventos, congressos, obras que o sobrelevaram como um dos principais da Contabilidade. A evolução histórica da Contabilidade no Brasil, Portugal, e Itália, como no mundo, se despontou no esforço de estudar quase que especialmente, mas, não exclusivamente esta fatologia. De forma especial em nosso trabalho abordaremos não só os problemas históricos do equilíbrio, mas, as principais teorias que se elevaram sobre o mesmo, a doutrina da estática patrimonial de Vincenzo Masi (1893-1977), pai, e líder do patrimonialismo, e a teoria das proporções simétricas na promoção do equilíbrio de Antônio Lopes de Sá, pai e líder da atual corrente do Neopatrimonialismo. Estas duas teses em nosso entendimento proclamaram um excelente estudo analítico sobre a simetria do capital, o que influenciaram as demais, emanadas por cientistas do mundo todo. Nossa argumentação, em pesquisa exploratória, ou investigativa, também histórica, e analítica, terá o interesse de assim conceber a história da teoria do equilíbrio, em especial a de Masi, e Sá, sobre tal estado do capital, perante diversas outras citações que faremos também, emanadas de obras, pesquisas, e congressos de Contabilidade, sobre este fabuloso fenômeno ou fato patrimonial. Palavras – Chaves: História do Equilíbrio Patrimonial – Estática Patrimonial – Teoria das proporções simétricas dos componentes – Contribuições mundiais de Masi, e Sá – O futuro do estudo do equilíbrio da riqueza. 1 - INTRODUÇÃO Os esforços empreendidos desde o final da década de 20, chegando a momentos de glória na década de 60, e alcançando hoje períodos sublimes nos estudos filosóficos da contabilidade, tinham como interesse não só detectar as patologias ou problemas patrimoniais, ou a demonstração e análise dos fatos, seja das finanças, do rédito, da produtividade, ora dos riscos, mas, de sobressaltar por todos estes, os estudos do equilíbrio da estrutura patrimonial, senão da marcha deste objeto, isto é, da dinâmica do capital das empresas e patrimônio das entidades, por isso um equilíbrio estático e cinemático simultaneamente. A cronologia que se revela sobre os estudos do equilíbrio formou em especial duas vertentes teóricas admiráveis: a da “estática” do professor e acadêmico jubilado, e ganhador do prêmio “Píer Crescenzi”* Vincenzo Masi; e a das proporções simétricas de Antônio Lopes de Sá, todavia, sobre este estado de harmonia tivemos várias contribuições como as de Amorim, D`auria, Franco, Herrmann Júnior, Dias, Foulke, Gilman, Bliss, e diversos outros , mas, em nossos entendimentos, aquelas formidáveis teses de Masi, e de Sá, marcavam a história dos estudo do equilíbrio, o que terão a nossa menção em particular. O professor Masi fizera uma doutrina em torno dos estudos da simetria do capital das empresas, e patrimônio das entidades; na década de 50 no Brasil, Sá, fizera de seu escritório profissional, e do centro de perícias mineiro, um laboratório, cujo interesse estava em verificar as medidas proporcionais do patrimônio, isto é, quais os níveis de equilíbrio, de alguma forma, por influência que teve também, na teoria de Masi (pois, as doutrinas são teorias específicas). A doutrina de Masi havia provocado uma determinação significativa nos estudos do equilíbrio, sendo enquadrada num dos principais campos de estudo patrimonial que a Contabilidade deveria auspiciar. A teoria do equilíbrio de Lopes de Sá revolucionara a forma de se entender e praticar a Contabilidade, por isso, ganhara aplausos da banca na antiga Universidade do Brasil, hoje a Faculdade Federal do Rio de Janeiro. Cremos que as duas teorias não só revolucionaram toda o gênero da “Teoria do Equilíbrio”, todavia, também uma, foi o aperfeiçoamento da outra: Masi colocou o equilíbrio em uma doutrina e Sá aperfeiçoara as idéias Masianas ostentando aspectos e leis que até então não havia sido designados com total exposição de idéias. Hipotetizamos, então, já, que a teoria de Sá, aperfeiçoara a de Masi, como se fosse uma evolução de pensamento, e de bases, pois, o mestre brasileiro aludido, a fizera baseando-se na “Estática Patrimonial” principalmente. O tema de história da teoria do equilíbrio patrimonial é justo não só para os pesquisadores da Contabilidade, mas, para os atuais consultores que procuram modelos de estrutura para a prosperidade patrimonial. Podemos dizer que existem muitos aspectos destas duas principais teorias, que revolucionaram o estudo histórico do equilíbrio, que não é de conhecimento de todos, por isso, também a justificativa de fazer tal trabalho, em prol de uma divulgação do conhecimento e das leis que estes dois grandes mestres emitiram no devir do século XX, à Ciência Contábil. O assunto é importante, pois, sem o equilíbrio, e o entendimento teórico e prático do seu comportamento, é impossível fazer uma sã gestão, ou seja, conseguir a prosperidade da riqueza, objetivo geral almejado por todos os contadores. A abordagem é relevante em nosso entender porque trata de obra de célebres cientistas ou tratadistas da Contabilidade: especialmente, o professor Vincenzo Masi (1893-1977), pai do patrimonialismo responsável pelo grande arcabouço patrimonial e pela autonomia e qualidade científica da contabilidade; tal como o professor Antônio Lopes de Sá seu continuador, tratadista que mais publicou e mais escreveu livros de Contabilidade no mundo, pai do Neopatrimonialismo corrente conhecida por todos, como perseguidora de um aperfeiçoamento da linha de Masiana, tendo como padrão o patrimônio ou o fenômeno patrimonial das células sociais ou aziendas. Nossa pesquisa se dividirá nos seguintes passos: * - Refere-se a Pietro de Crescenzi figura insigne da idade Média. 1) Trataremos dos antecedentes históricos do equilíbrio, na Contabilidade; 2) A doutrina da estática de Vincenzo Masi como reunião dos conceitos sobre o equilíbrio; 3) Comentários e abordagens das idéias e definições dos pesquisadores e cientistas diversos, sobre tal fato; 4) Os estudos e pesquisas de Lopes de Sá, que culminaram na Teoria das proporções simétricas dos componentes do capital de funcionamento; 5) Contribuições mútuas para o desenvolvimento mundial da análise do equilíbrio;6) O futuro de nossa pesquisa, sobre o equilíbrio patrimonial numa filosofia Neopatrimonialista. O objetivo de nosso trabalho é propor a história da teoria do equilíbrio tendo em vistas principais estes dois insignes mestres, Vincenzo Masi, e Antônio Lopes de Sá, mas, compreendendo também as idéias de outros pensadores no curso da Contabilidade do século XX, que denotaram conceitos e definições, de ascensão a tal fenômeno ou estado patrimonial. 2 – O FATO DO EQUILÍBRIO PATRIMONIAL EM ANTECEDENTES DA HISTÓRIA Para tudo na vida existe um equilíbrio, uma harmonia a ser concebida, que gira sobre os fatores positivos e negativos que temos, pelos balanços que ora fazemos, até pela mente, numa medição eqüitativa oferecida e firmada por nossa intuição. Na ciência da Contabilidade sempre houve estudos para o equilíbrio e do equilíbrio patrimonial, pois, ela sempre produziu balanços. O balanço é, pois, uma medida eqüitativa do equilíbrio1. Até em etimologia podemos nos assegurar que a palavra “balanço” significa a mesma coisa que “equilíbrio”, por um erro de grafia, que em vez de colocar a “balança”, ficara no masculino, “balanço”, porque a balança é instrumento de medição do equilíbrio; então, passou-se a designar tal vocábulo como um sinônimo do Equilíbrio, ou instrumento de medida deste estado. Os estudos do equilíbrio sempre existiram até na pré-história, na qual existia o homem contábil primitivo. O professor Vincenzo Masi (1964: 41-45) bem nos conta que na dita “Contabilidade Natural”, uma da mais antigas formas contábeis concebidas, o homem tinha a primeira industria natural, cujos balanços formavam-se por dois estados. Eram os meios materiais de subsistência e as necessidades a serem debeladas (Veja Figura 1). Figura 1: O equilíbrio concebido por intuição na era da Contabilidade Natural 1 – Alguns doutrinadores comentam que a palavra “Balanço” é uma corruptela provinda do termo original do Latim “Bi” ou “Bini” que significa “dois”; e “Lancis”, que significa “Lados” ou “pratos”, ou seja, “dois pratos” ou “dois lados” que nada mais era do que o significativo feminino de “Balança” que ficou no masculino “Balanço”(NÓBREGA, 1959) = MEIOS PATRIMONAIS NECESSIDADES S Fonte: Elaboração Própria. Obs: Esta figura nada mais retrata que um Balanço Natural, que fornecia o equilíbrio entre os meios e necessidades patrimoniais ou de riqueza. Ele existia na intuição, ou na mente dos mais antigos homens contábeis da história, e sempre designavam o equilíbrio. Na mais antiga história do homem, portanto, o balanço foi mental, ou ao menos desenhado nas cavernas, o que nos traria não só a visão dos bens, mas, os grupos humanos que deles precisavam se servir, e assim tudo se formava conforme os balanços que demonstramos anteriormente, no chamado “balanço” do equilíbrio mental ou intuitivo, provocado por um ligeiro esforço da razão. E foram muitos os desenhos nas cavernas alguns dos quais, existente até no Brasil exploradas por Filho e Pereira (2007), como demonstramos adiante nas gravuras (Figuras 2 e 3): Figura 2: Desenhos criptográficos que data da pré-história Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional. Obs: Estes desenhos retratam o mais comum patrimônio da época, os semoventes, que nada mais designava do que os meios patrimoniais para se debelar as necessidades dos grupos que transparecem nos símbolos registrados, temos, inclusive, ao lado do primeiro homem ao centro, atrás do boi abaixo na figura, duas crianças, o que expressa a existência das famílias na prática de agricultura agropecuária. Os balanços se formavam então de meios e necessidades. Figura 3: Desenhos Contábeis pictográficos encontrados na Serra da Capivara no Piauí/ Maranhão – Brasil EQUILÍBRIO Fonte: Filho e Pereira (2007). Obs: O desenho expressa contas, e animais que eram ou caçados, ou capturados para a criação, na época. Tudo conforme o balanço que ora anteriormente desenhamos, havia os meios patrimoniais para se utilizar, e as necessidades a serem derrotadas. Tal gravura tem-se a hipótese de ser de dez a quinze mil anos antes de cristo aproximadamente, o que não deixe de indicar que seja mais antiga a sua idade, nas fases ainda, da idade da pedra, o que a enquadra na pré-história própria para os estudos arqueológicos. Os desenhos nada mais significavam do que os balanços patrimoniais de meios e necessidades humanas a serem satisfeitas, tendo um grosso sinal de equilíbrio, visto que, rudimentar ainda era a noção de qualificar a riquezas em dimensões mais gráficas ou inteligíveis como nos dias de hoje (pois, nem alfabeto organizado ou definido, naquela época existia, e sim um grosso meio de se falar ou comunicar). Depois, quando surgiu a conta escrita, a ostentação do equilíbrio era mais evidente. Mas, o equilíbrio da mecânica de contas era simplesmente nominal, e não possuía um nível de estudo substancial, ao menos no inconsciente humano. A forma de se mostrar o equilíbrio era pelas contas. Veja por exemplo este balanço de contas (Figura 4): Figura 4 : Um balanço Sumeriano que data de 2.500 a 3.000 antes de Cristo. Fonte: Cosenza (2001: 47). Obs: Tal desenho representa nada mais do que um balanço, agora com contas mais representativas e claras. O balanço era organizado em duas partes, ou seja, a parte da frente, e o verso, designando os “dois lados”. Neste caso temos apenas uma demonstração de bens, todavia, as contas mostravam nada mais do que o equilíbrio. Esta é uma demonstração, pelas contas, do equilíbrio entre duas partes patrimoniais. Neste caso as duas partes são representadas pelo “rosto” – parte da frente -, e “verso” – parte de trás-, mas, não deixa de ser dois pratos de uma “balança” ou de um “balanço patrimonial” rudimentar e bem histórico. Embora sem ter necessariamente os “valores” em moeda – porque nem esta noção sólida ainda havia -, mas, com qualidade e quantidades era de sobre maneira uma informação sobre um especifico equilíbrio harmônico das riquezas. Ajuntou-se a isso tudo, outras práticas mais evoluídas na era Romana antiga, quando os balanços públicos com valores e qualidades eram expostos em praça pública mostrando as entradas e saídas financeiras (dois lados de um balanço), senão bens permanentes e outros elementos patrimoniais (MASI, 1971: 410-413; SÁ, 1997: 30-32). Tudo isso eram formas de se expressar a equação do equilíbrio. Assim foi até a idade média, senão o fim desta era, quando se descobrira o débito e o crédito, a causa e efeito, que nada mais denotam em síntese, que o equilíbrio patrimonial. A igualdade do débito e crédito revela nada mais que o Ativo e o Passivo, a receita e o resultado, a despesa e o custo, a se formarem uma harmonia. Até Luca Pacioli (1494), houvera muitos débitos e créditos, mas, ele que ensinou com metodologia o mesmo sistema em respeito a um equilíbrio normal e patrimonial do balanço. Mas, também, o equilíbrio está em tudo e em todos, e não apenas na história da Contabilidade. Como pelas coisas, e até nas pessoas forma-se um equilíbrio (entre o amor, o desejo, a vontade, a paixão, a razão, e outros sentimentos emocionais e intelectuais), tudo que existe tem um equilíbrio, a tudo, existe um débito e um crédito, tal como numa generalização que o professor Sacristan y Zayala reproduzido por Gonçalves da Silva transcrito por Viana fizera: “Como tudo é suscetível de ser contado, tudo pode ser contabilizado. Se houvesse um meio de fixar uma valorização exata para os atos morais, até estes atos poderiam ser contabilizados. Em definitivo, o Todo-Poderoso haverá de levarou de liquidar a conta de nossas boas ou nossas más ações”( Apud - VIANA, Cibilis da Rocha. Teoria Geral da Contabilidade. Volume I, 5. Ed., Porto Alegre: Livraria Sulina Editora, 1971. p. 93) Se não deixássemos de apelar para uma generalização basta até colocarmos o equilíbrio contábil em cada coisa, como dizia D`auria (1959) nos seus princípios de Contabilidade Pura, afirmando que tudo poderia ser objeto da Contabilidade até nossa moral, porque dela, e de cada elemento do universo, se forma um balanço, ou seja, se tem um equilíbrio. Foi então na visão de equilíbrio mostrado pelos balanços univérsicos ou existentes, que D`auria fizera sua tese de “Universalismo Sistemático” na Contabilidade. Portanto, estes foram alguns dos antecedentes históricos sobre o equilíbrio contábil, iniciando-se na Contabilidade Natural, até nas coisas atuais que foram embasadas em cientistas modernos; sempre houve uma menção do equilíbrio patrimonial, lembrando que numa generalização, o equilíbrio está presente em tudo, até nos momentos de nossa vida, e em nosso pensamento, ou ação. 3 – O PATRIMONIALISMO DE VINCENZO MASI (1893-1977) E OS SEUS CAMPOS DE ESTUDOS, RESSALTANDO UMA DOUTRINA DO EQUILÍBRIO Na linha de correntes doutrinárias Italianas, e contábeis do mundo, existiu sempre uma ligada ao aspecto material-patrimonial, em nível gerencial, e nesta mentalidade um dos seus maiores defensores e precursores foi Fabio Besta (1845-1922) da escola de Veneza. O mestre, pois, numa linha de gerencialismo, defendia que o objeto da contabilidade era o governo econômico, na forma de “controle econômico” do patrimônio, ou das grandezas ativas e passivas, tudo objetivando uma ocular, satisfatória, e prudente administração e gestão das riquezas aziendais. No ano escolástico 1912-1915 integrou na escola de Veneza, um aluno chamado Vincenzo Masi que teve contato com o ensino de Besta (1922) nas idéias de gestão econômica das empresas ligada ao materialismo das contas , ou seja, o conteúdo patrimonial, embora, o mestre tenha se inclinado mais para a atividade de controle e gerenciamento, do que o objeto deste, apesar de haver dito menções notáveis deste alvo. Terminando Masi, em 1919 o curso – devido ao serviço da guerra – de Contabilidade, com a tese sobre “Agendologia” ou “Aziendologia”2, baseando-se nos estudos caros de Rossi, Besta e Taylor sobre as ciências ou sistemas científicos que estudavam toda a azienda, anos depois, após um outro curso de docente e formador, foi cumprir já com a sua tese de doutorado, um cargo de acadêmico- professor na Universidade de Economia e Comércio de Bolonha, em 1935( portanto, dezessete anos depois de sua tese ser defendida, e alcançar a laureação). Antes desta época, no curso de suas pesquisas sobre a Contabilidade e sobre as idéias do governo ou controle econômico das aziendas, Masi indagava o que seria o verdadeiro conteúdo da Contabilidade, e quais que eram os seus instrumentos, conseguindo em maturidade científica colocar a descoberta de uma essência definida como o patrimônio das células sociais, e seus instrumentos, como a informação da contas; o mestre a chamou de “Ciência do Patrimônio” como sempre fora no devir dos tempos, mas, devido à confusão mental, não ainda era ostentado. A maior confusão na época de Masi, era a de querer reconhecer a informação como objeto da Contabilidade, até mesmo em algumas obras dos alunos de Besta, sendo que este dizia que as contas representavam fenômenos de gestão, e não qualquer gestão, mas, a administração e controle dos patrimônios das aziendas ou células sociais. Masi, englobou a informação contábil apenas como um instrumento da Contabilidade para que ela fosse estudante dos fenômenos patrimoniais. Então, ele a postou num campo de estudos denominado de “relevação”( conjunto de meios e técnicas contabilísticas), para que a confusão entre os meios de demonstração, e objeto patrimonial terminassem, fora que quase simultaneamente outra corrente doutrinária queria supor3. Definiu então, como disse Carqueja (2003) que a Contabilidade é a ciência do patrimônio desde a noite dos tempos mais longínquos. Assim definira tais campos de estudos patrimoniais: a Estática, Dinâmica, e a Relevação. 1. A Estática Patrimonial seria o estudo das qualidades e quantidades do capital das empresas e patrimônio das entidades, pelo ângulo de equilíbrio estrutural e financeiro de suas partes. 2. A Dinâmica Patrimonial o estudo dos movimentos e marchas fenomênicas dos investimentos, financiamentos, custos, receitas, e réditos do capital e do patrimônio. 2 - Na verdade a tese de Masi chamava-se “A agendologia como doutrina da constituição, da vida e organização das aziendas” conforme relatou Antinori na revisão de sua obra editada em 1997(MASI, Vincenzo. La Ragioneria Nell`età Moderna e Contemporanea. Texto revisado e completado por Carlo Antinori. Milão: Giuffré Editore, 1997.). Sobre o termo “Agendologia”, como igual a “Aziendologia”, não há problemas de dupla impostação, porque a palavra “agenda” no latim, é a mesma coisa que “Azienda” em Italiano, então, tanto faz, utilizar um ou outro termo, deixando a critério do leitor fazer a escolha( ambas são adequadas). 3 – Estamos falando da “Economia Aziendal” que teve a perspectiva de criar um estudo de toda a Azienda, pensando que a Contabilidade era apenas uma relevação, pela confusão que havia até o momento; Gino Zappa, resolvera tirar o nome Contabilidade, e colocar “Economia Aziendal” para que a parte do controle e gestão fosse guiada pela administração – respeitando a linha da confusão entre a “informação” e “fenômeno” contábil -, assim, tendo nossa disciplina, a função apenas de metodologia de informação, ou seja, mecânica de contas e demonstrações dos fatos. A peleja foi feia. Estes dois mestres defendiam mentalidades diferentes, apesar da verdade ser uma só. Todavia Zappa nunca respondeu às críticas, sendo seu pensamento entendido na sua maior parte como correto em Itália, mas, não no restante do planeta. Até o momento as discussões que querem colocar a Contabilidade apenas como informação ainda subsistem, mesmo demonstrando ilogicidade dos termos. Masi, definira nossa disciplina como “Ciência do Patrimônio” como uma defesa contra tais idéias, ou até mesmo um antídoto contra as mentalidades que já existiam, e que Zappa fizera consolidar em suas tentativas doutrinais, e em sua obra maior(ZAPPA, Gino. Il Rédito di Impresa. 2ª edição.Milão: Dott. A. Giuffrè - Editore, 1950.) 3. A Relevação Contábil um conjunto de informações que nos fazem conhecer a estática e a dinâmica patrimonial, ou os fenômenos patrimoniais. Estes três campos de estudos que guiavam as suas pesquisas, e os seus portentosos volumes. Mas, a forma com que desenvolveu as suas pesquisas foi transmitida vários anos depois de sua definição dos campos de estudo, e objetivo patrimonial que data de 1926 em artigo publicado na “Rivista Italiana di Ragioneria” (Revista Italiana de Contabilidade). 4 – A DOUTRINA DA ESTÁTICA E DO EQUILÍBRIO PATRIMONIAL Na Física quando Galileu-Galilei (1564-1642) queria apontar o equilíbrio dos corpos chamou o mesmo fenômeno de “Estática”. Na Contabilidade aos fins da década de 30, o professor Masi, utilizara um termo de equilíbrio voltado para a Contabilidade, o que ele denominou não somente “Estática”, mas, “Estática Patrimonial”. A doutrina do equilíbrio seria de fato a da “Estática Patrimonial” como afirmava o professor Vincenzo Masi (1893-1977), que a Contabilidade estudaria a sanidade da estrutura financeira, e as proporções das qualidades e quantidades da riqueza aziendal. A doutrina “Estática” é, pois, no entender Masiano um sinônimo de “doutrina do Equilíbrio patrimonial”. Os primeirosvolumes da estática patrimonial datam de 1939, nos quais, Masi se esforçou em reunir as doutrinas dos norte-americanos - como Foulke, Gilman e Bliss –, Franceses – Calmés e Quesnay -, e Italianos – Ceccherelli, e Besta principalmente -, em torno da análise dos balanços do equilíbrio. A segunda edição revista e ampliada de tal obra data de 1945, na qual o I volume trata do capital e sua mensuração nas empresas, e no segundo volume trata sobre o patrimônio das entidades, o qual no último livro de mais de 250 páginas especificou os problemas do equilíbrio geral do capital e do patrimônio (Veja a figura 5). Figura 5: Capa da Famosa obra “Statica Patrimoniale” de 1945, elaborada pelo professor Vincenzo Masi (1893-1977) Fonte: Elaboração Própria. Obs: Esta obra é o segundo Volume da série estática patrimonial; o primeiro data do mesmo ano e trata sobre o capital das empresas. Este volume já trata do patrimônio das entidades. Porém, nele há um livro conclusivo o “L`Equilibrio Statico del capitale delle imprese e del patrimônio degli enti”( O equilíbrio estático do capital das empresas e do patrimônio das entidades), o qual disserta não somente sobre os conceitos de capital, mas, o equilíbrio em si, sua análise e sua constatação nas empresas e entidades. Para o mestre a estática é doutrina do equilíbrio, não só funciona mas, financeiro: “Na perseguição do seu fim, a estática patrimonial estuda os caminhos do equilíbrio funcional nas empresas e nas entidades de toda natureza, e, sucessivamente, e mais amplamente, aqueles sobre os quais estende o equilíbrio financeiro... “A estática patrimonial, no setor que nos interessa, é portanto o estudo dos valores coexistentes em um patrimônio em dado momento, mas é estudo sobretudo das condições de equilíbrio as quais devem satisfazer os valores que, coexistentes, constituem o capital de uma empresa e o patrimônio de uma entidade.” (MASI, Vincenzo. Statica Patrimoniale. 2ª ed. Padova: Casa Editrice Dottore Antonio Milani, 1945. V II. P. 272.)( O negrito é nosso). Portanto, ao se analisar a estrutura logicamente estaremos observando a solvência, liquidez, e as medidas de proporções que competem à cobertura das exigibilidades, ou desembolsos a serem realizados pela empresa ou entidade. O problema do equilíbrio seria, pois, resolvido pela análise financeira e estrutural, por meios dos quocientes, índices, e percentuais estatísticos e matemáticos de didática avançada na Contabilidade: “Na condução do estudo das condições de equilíbrio estático do patrimônio aziendal, ocorre proceder com convenientes métodos que podem ser contábeis, estatísticos e também mistos... Nós nos serviremos dos dados que podem oferecer os procedimentos de relevação patrimonial e daqueles podem ser recolhidos e elaborados mercê os procedimentos estatísticos.” (MASI, Vincenzo. Statica Patrimoniale. 2ª ed. Padova: Casa Editrice Dottore Antonio Milani, 1945. V II. P. 274.) O balanço – designativo até histórico do equilibrio - seria a medida principal dos estudos do equilíbrio estático do capital das empresas e entidades: “O balanço de funcionamento, nas empresas, manifesta, na sua expressão qualitativa e quantitativa de elementos e de valores, mais lata e mais correta, esta posição de equilíbrio estático do capital de funcionamento, entre momentos imediatamente precedentes e sucessivos que em continuidade se renovam no incessante vir a ser.” (MASI, Vincenzo. Op. Citada. p. 273) Por isso consideramos no início de nosso trabalho o balanço até mental, como medida histórica e primitiva do equilíbrio; agora com as palavras de Masi, temos uma confirmação de nossas idéias e pensamentos até metafísicos, que nos foram dada em inspiração divina. O mestre foi claro em dizer: “ o primeiro problema que se apresentará é aquele do estudo de coordenação dos bens, créditos , dívidas e atribuições dos quais resulta constituído o capital de funcionamento”(MASI, 1945: 275). Fora muito perspicaz em colocar o equilíbrio do capital como o de coordenação dos valores, pois, toda a qualidade que assume uma quantidade, deve ter ligação tanto no Ativo, quanto no Passivo Patrimonial. Ou seja, os meios e necessidades para possuírem um equilibrio deveriam ter equivalências de grandezas. Um estoque deve ter relações com fornecedores, mas de modo que se transforme em dinheiro no tempo suficiente, para mudar-se em disponibilidades para o pagamento do mesmo fornecedor que criou o bem de venda. Esta condição é chamada de correlação patrimonial, Masi (1945: 275), a chamava de correlação entre os investimentos e financiamentos, mas, entendemos que a outra forma que utilizamos se generaliza mais facilmente no fenômeno mencionado. Portanto, esta condição ou fenomenologia é fundamental para os estudos das aplicações e origens do capital, junto com as variações redituais, para os estudos de equilíbrio da estrutura da riqueza. Masi, para delimitar termos colocava os problemas de dinâmica separados, embora, reconhecendo a sua influência na estática, resolveu tratá-los em especial, no caso, do equilíbrio descreveu o mesmo “por si” para validar as abordagens de sua pesquisa: “É porém um problema de dinâmica patrimonial o estudo dos investimentos e dos correlativos financiamentos, mas isso não pode ser conduzido na ausência daqueles conhecimentos de estática patrimonial, e por isto também de equilíbrio estático do capital de funcionamento, sem o qual se poderia por em prática os super ou subinvestimentos, super ou subfinanciamentos, com graves conseqüências além daquelas nos resultados da gestão, isto é nas manifestações do fenômeno do rédito da empresa também na mesma funcionalidade e solvibilidade do seu capital.” (MASI, Vincenzo. Idem. p. 281) Tal concepção é original de Ceccherelli (1950) o qual nas suas “Le prospettive economiche e finanziarie nelle aziende commerciali” (As prospectivas econômicas e financeiras nas aziendas comerciais) – obra consultada e contada por Masi -, fizera um estudo em mais de 450 empresas procurando uma razão entres as proporções; como o problema era por demais complexo tivera que criar um nome para o fenômeno, assim sendo, o chamou de correlação entre financiamentos e investimentos (origens e aplicações de capital), o que generalizamos agora para correlação patrimonial. O mestre Masi acabou por apropriar alguns estudos das prospectivas de Ceccherelli, para defender a sua doutrina da estática patrimonial, como este das empresas mercantis em Lucros: Tabela 1: O equilíbrio estático médio nas empresas lucrativas segundo pesquisa de Ceccherelli Substância Valores Contrasubstância Valores % % Implantações.................................... Mercadorias .................................... Valores e Créditos .......................... 12 34 54 Capital Próprio ............................... Capital de Crédito .......................... 43 57 Total 100 Total 100 Fonte: MASI (1945: 294). Obs: Esta medida proporcional Ceccherelli a tinha obtido pesquisando cerca de 187 empresas comerciais lucrativas. Possivelmente ele utilizou uma média de três ou cinco balanços, cremos, portanto, cerca de 561 a 935 peças demonstrativas apenas nas empresas comerciais. Como vemos cerca de quase 90% em ativo está em Mercadorias, valores e Créditos, e a estrutura do passivo, conta com 57% em terceiros e 43% em recursos próprios. Estas empresas são as lucrativas. Masi se embasou em tais estudos para firmar a sua doutrina de Estática Patrimonial. Assim dentro de uma media ou de uma mesma medida de patrimônio, de alguma forma esta demonstração poderia ser uma base para o equilíbrio. E se os estudos históricos comparados constataram cerca de quase 90% em estoques,disponibilidades ou valores, e créditos, o que não dizer que eles podem valer agora? Para o momento atual? Possuem este certa validade sim, tais medidas e mensurações para termos uma idéia do que pode ser uma estrutura comercial equilibrada. Mas, logicamente, nestes mais de 70 anos que envolveram as pesquisas de Ceccherelli, os mercados mudaram muito, principalmente na forma de manter os estoques4. O que não revela que ter grandes estoques e créditos a se receber seja por si um sinal de desequilíbrio, quando esteja havendo boas correlações entre a atividade, passividade, investimentos, e financiamentos. Segundo o professor Masi agora citando Bliss diversas empresas poderiam apresentar algum equilíbrio com no seguinte quociente de liquidez: Tabela 2: Os quocientes médios indicativos de Equilíbrio segundo a pesquisa de Bliss Empreendimentos Número de Aziendas Observadas Quociente de Liquidez Anos Observados Quociente Automobilística( Fábricas ) ................................... Automobilística (Acessórios) ................................ Conservação de Carnes ......................................... Fábricas de Papel .................................................. Químicas ............................................................... Comércio (em geral) ............................................. 5 6 4 2 4 3 1915-21 1916-21 1913-21 1913-21 1915-21 1914-21 2,67 2,62 2,- 3,08 2,12 2,67 4 – Diga-se estas mudanças que tiveram causa na moderna Contabilidade e análise dos custos (especialidade contábil), que depois se desprendeu e formou uma Administração dos Recursos Materiais e Patrimoniais da matéria de administração (que nada mais é que uma análise de materiais utilizada na Contabilidade). Hoje temos diversos sistemas para reduzir o custo das compras e otimizar os investimentos em estoques, temos os de “Movimento e reposição” o “Just-in-Time”( tempo certo ou justo), alguns já aplicáveis em indústrias e comércios que facilitam o uso de estoques mínimos e vendas elevadas ao máximo. Portanto, as proporções hoje de estoque devem ser menores que na época de Ceccherelli na qual as empresas faziam vultosas compras, ou investimentos em grandes lotes de estoques para efetuar as suas operações, até por uma questão inflacionária. Mas, isto não indica também que elas não tenham grande proporção de Ativo Circulante, ou ainda, uma razoável proporção percentual, não igual aos tempos do mestre, mas, razoavelmente consideráveis. Couros e Peles ...................................................... Algodão ................................................................ Elétricas( máquinas, etc.) ..................................... Explosivos ............................................................ 2 4 3 2 1913-21 1913-21 1914-21 1915-21 7,49 2,90 3,18 6,31 Total de empresas 35 70 anos no total das observações de cada empresa Resultados Maiores que 2,00 Fonte: Masi (1945: 397). Adaptado para o português, e para a formação da tabela, pois, demonstramos apenas algumas empresas e não todas, estudadas por Bliss. Obs: Perceba que na experimentação de Bliss, os quocientes de Liquidez ou de “Disponibilidades gerais ou ordinárias”- como diriam os Italianos, e o próprio Masi – seriam maiores que 2,00 em média. Esta posição histórica, apoiada em outras pesquisas empíricas e experimentais, que acreditamos ter formado aquela tese de 2 para 1 da liquidez; o famoso “Two for one”- que para cada unidade de dívida deve- se ter duas para o pagamento. Foi neste trabalho histórico que havia gerado e consolidado a idéia do “dois para um” acreditamos segundo as fontes informativas e literárias que consultamos. Estes quocientes foram os médios encontrados, que passaram a se chamar de “standards” ou “padrão” para a análise financeira dos bancos, consultores, e contadores em geral. Esta pesquisa histórica, da famosa obra de Bliss “Financial and Operating ratios”( Finanças e Quocientes Operacionais) de 1923, repassada por Masi, raríssimas vezes foi mencionada nos estudos modernos de análise de Balanço, ou de temas de ciência. Masi, ainda, no seu estudo de análise de balanço (datado de 1939, o qual já havia produzido a primeira edição dos grandes volumes de sua Estática) definiu as patologias em número de quatro espécies, os super e subinvestimentos, e os super e subfinanciamentos. Que poderiam ser ligados a quaisquer elementos, ou seja, aos estoques, créditos, disponíveis, imobilizados, dívidas a curto prazo, fornecedores, etc. “Ocorre portanto perguntarmos antes de tudo se existiriam ou não super e subinvestimentos e super e subfinanciamentos. O desequilíbrio, em sede financeira, de fato reassume neste quatro grupos de causas: 1º superinvestimentos 2º subinvestimentos 3º superfinanciamentos 4º subfinanciamentos A isto ocorre ajuntar os fatores, no setor reditual, que concorrem às situações do rédito. Por estes motivos é oportuno proceder metodicamente analisando as causas dos super e subinvestimentos e super e subfinanciamentos, já que uns e outros podem mais ou menos profundamente influenciar a solvibilidade e a redibilidade da empresa. (MASI, Vincenzo. Analisi finanziarie e reddituali in relazione al capitale in gestione nelle imprese. Milano: Cada editrice Dottor Francesco Vallardi, 1939. p. 148. )( O negrito é nosso). Então assim desenvolveu com bases teóricas e experimentais, toda a sua doutrina da estática que assim concluía: “Em outros termos a estática patrimonial, nas empresas e nas entidades, tem tarefa de importância basilar porque por meio do estudo das condições as quais sujeita-se o equilíbrio estático, funcional e financeiro estende dados para uma prudente ação administrativa patrimonial futura, estende isto é à dinâmica patrimonial um orgânico instrumento sem o qual a gestão patrimonial procederia incerta e vacilante.” “Mas a estática patrimonial fornece também o material para o estudo das alterações do equilíbrio funcional e financeiro nas empresas e nas entidades, isto é dos super e subinvestimentos e dos super e subfinanciamentos, que nos reservaremos de examinar em sede de dinâmica patrimonial.” (MASI, Vincenzo. Statica Patrimoniale. 2ª ed. Padova: Casa Editrice Dottore Antonio Milani, 1945. V II. P. 519.) Portanto, para o mestre os fenômenos de super e subinvestimentos, tal como os de super e subfinanciamentos seriam uma alteração do equilíbrio patrimonial, uma variação da estrutura financeira e patrimonial, que teria que ser examinada por ele, em outros dois volumes extensivos os da “Dinamica Patrimoniale”( Dinâmica patrimonial). Concluía, portanto, na citação acima, pela estática, e pelo estudo de suas patologias e sanidades, o mestre fundamentou toda uma das mais importantes doutrinas que depois seria a maior base ao Dr. Lopes de Sá, em sua tese de doutorado – sobre o equilíbrio ou as proporções simétricas dos componentes do capital de funcionamento. Em sua época Masi, fizera uma genialidade: a de assumir a Estática Patrimonial nos estudos da Contabilidade, como atinentes ao equilíbrio, e estudá-lo como uma sub-doutrina de uma doutrina maior ligado ao patrimônio, que foi o patrimonialismo, que criara cientificamente. Fora realmente um evento marcante, um conceito moderno e novo, e não apenas com valor histórico, mas, cultural para se assumir até nos dias de hoje. O professor Italiano realmente desprendeu barreiras criando uma doutrina do equilíbrio, de aceitação mundial, com fundamentos bastante firmes que não se rompem sem muita dificuldade. 5 - O EQUILÍBRIO COMO “OBJETO” DA CONTABILIDADE NA CONCEPÇÃO E DOUTRINADE JAIME LOPES AMORIM Tão importante é o estudo do equilíbrio que fortes doutrinadores o designaram como objeto da Contabilidade. Três anos exatamente, após a definição de “Ciência do Patrimônio”, que data de 1926, o professor Jaime Lopes Amorim emitira a sua concepção de Contabilidade, e de seu objeto. Para ele a Contabilidade seria a ciência do “Equilíbrio Estático”. Como definindo tal ciência como estudante de um equilibrio, e não qualquer um, mas, o estático, praticamente relevava a dotes sublimes o fenômeno de harmonia momentânea do capital, e da doutrina da “estática”. Várias pelejas surgiram desta rigorosa conceituação, inclusive com Lopes de Sá que considerava o equilíbrio como um estado, ou um fenômeno de um objeto maior, o patrimônio, então, que no estudo contábil, a análise da simetria teria valor até com excelência, mas, não com exclusividade. Então, muito menos poderia considerá-lo como um dogma de objeto da ciência Contábil. Nesta influência até mesmo o português Fernando Caetano Dias (1953: 45), concordou, todavia, reconhecendo que haveria um “Equilíbrio Nominal” e um “Substancial”, sendo que, aquele que se apresentava em um balanço era apenas o da relevação, ou seja, o estático, e não o substancial, ou das qualidades dos fenômenos, apesar de nele ser expresso. Poderíamos dizer que o equilíbrio do balanço era um estado pseudo, falso, e o verdadeiro equilíbrio seria aquele designado pelo desempenho do comportamento patrimonial. Isto é, poder-se-ia verificar balanços equilibrados com patrimônios em desequilíbrio, e vice- versa pela lei da equação contábil das mesmas peças balanceantes. O balanço é apenas uma relevação, uma demonstração do equilibrio, podendo estar desequilibrado o patrimônio mesmo “fechado” a “balança”. Ou seja, patrimônios em desequilíbrios se denotam com balanços sempre equilibrados, porque a equação contábil do débito e do crédito, sempre providenciará o Ativo como igual ao Passivo, o que revelará uma igualdade de valores. Resumindo haverá sempre balanços iguais em valores, logo, denotando uma eqüitativa forma de equilíbrio, no entanto, o mesmo em substância não existirá dependendo do mau comportamento da riqueza patrimonial. Tudo em si depende da qualidade da substância patrimonial, ou seja, aquela que se expressa no giro, nos lucros, no capital próprio, na produtividade, produção, operação recuperadora de gastos, baixos custos, liquidez suficiente, entre outros fenômenos mais. O mestre Dias (1943) de alguma maneira fizera evoluir a concepção de equilibrio de Amorim para o ângulo substancial e dinâmico, não deixando de transparecer o aspecto patrimonial como um gênero dos estudos de contabilidade, juntos com os de solvência e finanças, que nele deveriam estar, por serem de um objeto marcado por uma contenção maior. 6 – OUTRAS CONCEPÇÕES DE CIENTISTAS SOBRE O EQUILÍBRIO E SUA IMPORTÂNCIA NOS ESTUDOS DO CAPITAL De outras maneira outros mestres desenvolveriam estudos do equilibrio como D`auria, Foulke, Herrmann Júnior, Florentino, Pfaltzgraf, Garcia Garcia, e diversos outros no Brasil, Portugal, América Latina, Estados Unidos, Itália, e até da Ásia. De qualquer forma todos contribuíram, porém, houve estudos que seriam de grande importância citá-los. Se citássemos, porém, todos os tratadistas que pregaram sobre o equilíbrio, se esgotariam as páginas de nosso trabalho, o que não é aqui a nossa intenção, pois, não vamos citar todos, apenas alguns. No Brasil, o professor Herrmann Júnior (1972, 1975) apoiou seus estudos em, possivelmente, consultas as obras de Masi, acabando por concluir e definir o estudo do equilíbrio como atinente às relações de interdependência entre a produção, o rendimento, as finanças, e a resultabilidade. O Dr. Francisco D`auria fora mais profundo nos seus estudos sobre o equilibrio, a ponto de mencionar os fenômeno de suficiência e proporcionalidade, colocando na análise qualitativa e quantitativa diversos detalhes para o estudo da simetria estrutural: “Deduzimos, ainda, que o capital tem função de estabilidade e de mobilidade(...) O capital maior ou menor determina seu proporcional aumento... Os objetivos patrimoniais, isto é, a consecução de um resultado econômico individual ou social, requerem uma composição de riqueza em condições qualitativas e quantitativas convenientes e à disposição do órgão administrador... Estabelecidas estas premissas, resta saber quais as proporções entre disponibilidades e o vulto dos negócios a realizar e quais as proporções entre o capital próprio e as disponibilidades, entre capital próprio e de terceiros. Da primeira destas relações decorre uma razoável suficiência ou uma desproporção comprometedora da regularidade funcional do organismo econômico; a segunda relação indicará: uso moderado ou abuso de crédito. Destas hipóteses se conclui que é objeto de ponderação o limite de capital em função do círculo de negócios a realizar.” “Aplicando estas observações ao caso concreto de um empreendimento(...) verificam-se as proporções entre capital próprio e imobilização. Se o vulto da atividade faz com que seja o capital imobilizado inteiramente ou quase, capital fixo, ressalta a necessidade de financiamento passivo, como provisão suplementar para alimentar o capital circulante. (D`AURIA, Francisco. Variação do Valor Efetivo do Capital. São Paulo: Ed. Atlas, 1953. p. 14; 25-26.)( O negrito é nosso) Vimos que D`auria tinha as suas convicções que um capital para manter o seu objetivo, deveria ter um proporcional aumento, ou uma medida de composição de riqueza qualitativa e quantitativa adequada. Mencionava então, os problemas ligados à sustentação das disponibilidades pelo capital próprio (o dinheiro contido no capital original da empresa), a relação entre créditos e disponíveis (que indicaria excesso de vendas a prazo, ou carência de dinheiro), a participação do capital de terceiros (abuso de débitos ou endividamento), e a imobilização de capital (que poderia ser base para se obter recursos de terceiros), como medidas importantes para se estabelecer decisões administrativas sobre os comportamentos dos investimentos e financiamentos. O mestre ainda comentava sobre as proporções do capital próprio e de terceiros, a comparação desta relação, com as disponibilidades, como condição fundamental para este estudo. O professor Tolstoi Klein (1954) fora mais expositivo em deduzir inúmeras leis, como ele mesmo havia apelidado, de “leis sobre o Equilíbrio Contábil”. Para ele em sua “Contabilidade Superior” o resultado e as variações (custos e receitas) teriam fundamental relação pra com o equilíbrio do capital: “Primeira Lei do Equilíbrio Contábil - Os débitos se contrapõem aos créditos na base da igualdade dos seus valores. Segunda Lei do Equilíbrio Contábil - As mutações provocam sempre um equilíbrio patrimonial na base da igualdade dos seus valores. Terceira Lei do Equilíbrio Contábil - Do resultado das variações é que depende o equilíbrio ou desequilíbrio patrimonial. Quarta Lei do Equilíbrio Contábil - O aumento do ativo com capitais de Terceiros Provoca igual aumento do passivo.” (KLEIN, Tolstoi C. Contabilidade Superior: Estrutura e Análises de Balanços. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Aurora, 1954. p. 67-68. ) Em torno dos estudos da simetria Lopes de Sá (1953: 86-89), em sua “Filosofia da Contabilidade” considerava o resultado estático como uma resultante, e o resultado dinâmico como uma variante, para o equilíbrio patrimonial. O professor Aldo Amaduzzi, da Itália, considerava que o sistema de equilibrio da empresa deveria ser estudado nas suas bases fundamentais, e no tempo por ser determinativo dos valores dinâmicos em relação ao futuro: “Necessário é construir tal sistema,mostrando- lhe, com lógica quantitativamente determinada, as suas bases fundamentais; e de tal sistema que se deve pesquisar as condições de equilíbrio, de um equilíbrio que seja expresso em grandezas relativas a um futuro mais ou menos próximo, de um equilíbrio dinâmico, isto sim; e de tais condições deve- se pesquisar as espécies de variações que o tempo pode produzir...” “Os conceitos, que teorizam aquelas manifestações, resultam também esses ligados cada um ao outro, e no tempo, são determinados os valores quantitativos.” (AMADUZZI, Aldo. Per la determinatezza degli studi aziendali. Rivista Italiana di Ragioneria, Federazioni Nazionale dei Collegi dei Ragioneri, nº 1, Ano XLII, Série 2ª, Gennaio - Febbraio, 1949. p. 1.)(O negrito é nosso.) Temos também a pesquisa experimental de Roy Foulke (MELLO, 1954: 183) determinava os pontos de equilíbrio padrão entre capital de terceiro e o próprio: Tabela 3: Os quocientes-padrão da pesquisa de Foulke Nº de empresas Ramo da Atividade Média dos 5 anos(%) Mediana (%) 57 Camisaria, roupa para homem 55,3 64,8 43 Cervejaria 25,1 22,4 57 Colchoaria 36,6 34,0 48 Confeitaria 23,4 19,2 22 Conservas de frutas e legumes 74,1 85,8 133 Empreiteiros, Construção Civil 68,8 84,3 39 Empreiteiros, Eletricidade 45,6 60,1 Total de Empresas Pesquisadas: 399 de ramos dos mais variados Fonte: MELLO (1954: 183) adaptado colhendo apenas os resultados de algumas empresas e não de todas que foram demonstradas na pesquisa de Foulke e transcritas por Mello. Obs: A pesquisa de Roy Foulke foi uma das mais famosas da história da análise norte-americana de alguma maneira ela fortaleceu a idéia que a doutrina anglo-saxônica tinha sobre o quociente-padrão, que depois não se tornou apenas padrão para as finanças, ou para a análise geral de balanços, todavia, para até os custos variados de produção. A pesquisa de Foulke indica os seguintes resultados para uma média de proporção das empresas colhidas e estudadas. Na verdade são medidas, ou resultados médios, que podem ser guias para o equilíbrio patrimonial, ou até substancial, visto que se transpareciam na estática, em especial da participação das fontes de financiamento, o capital de terceiro e o próprio. Eram, pois, resultados médios indicativos de equilíbrio, ou guias para a consecução e observação dos mesmos nas empresas. É histórica a colocação desta pesquisa, não só no país norte-americano, mas, nas pesquisas contábeis mundiais. Portanto muitos outros mestres colocavam a sua posição sobre o equilíbrio, ou sempre argumentavam, sem, no entanto, prescindí-lo das averbações. Vejamos como fora uma dessas importantes teses brasileiras sobre o equilibrio do capital ou patrimônio, sob o codinome geral de “Fundamento Científico da Contabilidade” do professor e Doutor Hilário Franco. 7- A IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO NO FUNDAMENTO CIENTÍFICO DA CONTABILIDADE: A TESE DE HILÁRIO FRANCO NO AUSPICIOSO V CONGRESSO DE CONTABILIDADE BRASILEIRO Com a linha doutrinária da estática patrimonial, os estudos contábeis sobre o equilíbrio se despontaram. Tal como ocorreu em Portugal com Jaime Lopes Amorim, ocorrera no Brasil no V Congresso de Contabilidade em 1950, com Hilário Franco, porém, com a exceção deste mestre, em não considerar o objeto exclusivo da Contabilidade como o equilíbrio do capital ou patrimônio. Sua tese chamou-se então de “Fundamento Científico da Contabilidade” ganhadora dos mais altos encômios e da unânime aprovação dos membros da banca do V Congresso Brasileiro de Contabilidade (Vede adiante a Figura 6). Figura 6: Capa da obra da teoria de Hilário Franco “Fundamento Científico da Contabilidade” a qual trazia inúmeras leis sobre o equilíbrio patrimonial. Fonte: Elaboração Própria. Obs: Esta foto traz a capa de uma das mais importantes obras que no Brasil se defendeu sobre os fundamentos científicos da Contabilidade. Pelo frontispício temos a sua data marcada em 1950. Temos pela história Brasileira inicialmente os trabalhos de Francisco D`auria, e Herrmann Júnior sobre a qualidade científica da Contabilidade apresentados em Congresso, e finalmente esta obra que foi uma das primogênitas a defenderem o vigor científico de nossa ciência, ainda, com várias leis do Equilíbrio da riqueza que Franco denominou de “Leis da Composição Patrimonial”. Na verdade queria o mestre conforme Masi, atribuir à Contabilidade o dote de ciência tentando arrefecer a discussão do seu caráter superior e intelectual, de forma que se aplainassem os debates da Economia Aziendal, que podendo até para ele, ser considerada como uma disciplina em particular, não poderia subtrair o ramo de ciência da Contabilidade. O mestre também queria que se suprimissem as idéias que consideravam nossa disciplina como “Ciência Matemática”, portanto, fizera a sua tese para que a mesma fosse reconhecida como uma “Ciência Patrimonial”, ou ainda, que tinha por excelência o estudo do equilíbrio dos empreendimentos. A verdade é que, o mestre para defender os substratos dos fundamentos científicos da Contabilidade, acabava por deduzir leis da estrutura e composição patrimonial, isto é, as suas famosas leis do Equilíbrio. O mestre definiu cinco leis para o equilíbrio patrimonial que denominou de “composição patrimonial”: “1) A permutação de valores ativos não aumenta nem diminui a aplicação dos capitais. 2) A permutação de valores passivos não aumenta nem diminui a obtenção de capitais. 3) O aumento ou diminuição de valores ativos, com igual aumento ou diminuição de valores passivos, não altera a situação líquida do patrimônio. 4) Há uma proporção necessária e definida entre os capitais próprios e os de terceiros. 5) Há uma proporção necessária e definida entre os vários grupos que compreendem a aplicação dos capitais.” (FRANCO, Hilário. Fundamento Científico da Contabilidade. São Paulo: Ed. Revisora Gramatical, 1950. p. 28) O mestre se guiou pelos conceitos dos fenômenos de permutação, e variação (aumento ou diminuição) para formar as suas leis de composição patrimonial. E também formulou cinco leis de variação patrimonial com escopo na harmonia, que só caba a nós citarmos apenas duas leis para uma explicitação ao leitor, e para a exposição: “1) O aumento de ativo sem igual aumento de passivo acarreta aumento da situação líquida positiva ou diminuição da situação líquida negativa... 3) O aumento de passivo sem igual aumento de ativo determina diminuição da situação líquida positiva ou aumento da situação líquida negativa...” (FRANCO, Hilário. Op. Citada. P. 28-29.) Portanto, ficou claro que um aumento ou diminuição dos valores Ativos sem um igual aumento ou diminuição do Passivo provoca influência no equilibrio. Pode, pois, existir aumento do Ativo sem resultado da atividade, e aumento do endividamento, sem uma diminuição do Ativo com aumento de resultados - quando se elimina ativos obsoletos ou da operação patrimonial. O mesmo se dá no Passivo: quando ele aumenta com aumento dos resultados e sem muita queda do Ativo, não quer dizer necessariamente que as dívidas são negativas para o equilíbrio. Quando ele diminui (o passivo de terceiros) junto com a situação líquida, e o ativo, pode indicar falência do desempenho. Cada caso é um caso e é a relatividade que guia estas noções. Portanto, como as leis do equilibrio de Franco foram bem famosas na História da Contabilidade Brasileira, sua obra teve um papel de influência relevante, e que se guiou em outras pesquisas do mestre (até em sua análise de balanços, quando abordava sobre os quocientes-padrões ou ideais a serem considerados), mas, com um particular interesse. Também podemos dizer que a influência de semelhança das Leis de Franco, teve algum subsidio daobra de Klein (1954), apesar dele propor uma sua originalidade, houve sim, aspectos símiles e de influência, o que não indica, porém, a falta de consulta de suas obras, pois o mesmo autor havia assim o citado. O professor Lopes de Sá, na época, assistiu e participou do V Congresso Brasileiro de Contabilidade, que fora realizado em Belo Horizonte. Não é sem razão, que a melhor tese, a de Hilário Franco, que ganhou o concurso em unânime aprovação, tenha ao mesmo tempo influenciado e muito, o professor mineiro na elaboração de suas obras, tal como, de sua futura tese sobre o equilíbrio patrimonial do capital das empresas. 8 – OS ESTUDOS DE ANTÔNIO LOPES DE SÁ SOBRE AS PROPORÇÕES SIMÉTRICAS NO INÍCIO DA DÉCADA DE 50 E 60 Um contador brasileiro filho de pais Italianos e Portugueses (família Taranto da Itália, e Lopes de Sá de origem portuguesa, de Beira Alta), Antônio Lopes de Sá se despontou como pesquisador e mestre no final da década de 40 e início da de 50, estudando principalmente em bases Italianas, tal como em bases brasileiras que havia em sua época, nas obras de Carlos de Carvalho, Francisco D`auria, e não por menos, em outras obras Européias, latinas, e norte-americanas. Desde tenra idade trabalhando inicialmente como operário, o mestre ao 17 anos, ingressou na Escola Técnica de Comércio Brasileira de Belo Horizonte, aos 19 anos concluindo o seu curso, depois de 3 anos formado (ingressara no curso em 1944, diplomando-se em 1946), já como diretor e professor, fizera então a sua primeira obra os “Lineamentos da Contabilidade Geral” editada em 1949( com apenas 22 anos). Assim, o professor no início da década de 50, particularmente antes de 1953, passava a estudar balanços de empresas diversas no moldes dos renomados norte-americanos e na doutrina dos Italianos principalmente, mas, não preterindo outras bases Brasileiras, Latinas, e Européias mutuamente. Na terceira edição de sua obra “Análise de Balanços ao Alcance de Todos” editada em 1962 publicando já, conhecimentos de suas pesquisas experimentais em cerca de 800 balanços, fornecendo resultados trazidos por inúmeros quocientes, formando uma média de equilíbrio entre as relações auferidas. Sendo estes resultados, por exemplo, do sistema de liquidez comum, nas seguintes empresas estudadas: Tabela 4: Média de quocientes na pesquisa de Lopes de Sá em 800 balanços Empresas Resultados Químicas Cigarros Roupas Feitas Sedas e Acetatos Drogas (Remédios) Material Elétrico Conservas Moveis de Madeira 2,81 3,69 2,99 2,01 2,87 3,12 1,61 3,51 Fonte: Sá(1962: 92) Adaptado para apenas alguns resultados. Obs: O resultado desta pesquisa indica também pouquíssimos quocientes abaixo de 2,00; todavia, o professor Lopes de Sá(1962:92), foi muito cauteloso e sempre se asseverou de dizer “É lógico que tais quocientes não podem ser chamados de ideais”, porque não acreditava muito no famoso “Two for one” e o caminho de sua pesquisa de certa forma acabou derrubando esta tese, quando em seqüência, criara a teoria da liquidez dinâmica do capital. No quociente de participação relativa da origem dos capitais estes foram os resultados da pesquisa: Tabela 5: Média dos Quocientes de participação relativa das origens dos capitais da Pesquisa de Lopes de Sá em 800 balanços Empresas Resultados Químicas Cigarros Roupas Feitas Sedas e Acetatos Drogas (Remédios) Material Elétrico Conservas Moveis de Madeira 1,33 1,62 0,47 1,15 0,93 0,85 0,89 0,76 Fonte: Sá (1962: 109) Adaptado para alguns quocientes. Obs: Os resultados destes cálculos são bem expressivos. O quociente de participação relativa das origens de capitais é obtido com a divisão do capital próprio pelo capital de terceiros a curto prazo. A maior parte das empresas possui cerca de quociente maior que 0,40. Ou seja, para cada um real de capital de terceiros a curto prazo, existem cerca de 0,40 de capitais próprios, o que indica geralmente, cautelosa situação na maioria dos casos, geralmente, tais quocientes devem ser relativamente maiores que 0,50 ou 1. Mas, só por isso também não indicaria também, ótima situação. Da imobilização de capital estes foram os resultados dos quocientes: Tabela 6: Média dos Quocientes de Imobilização de Capital próprio na pesquisa de Lopes de Sá em 800 balanços Empresas Resultados Químicas Cigarros Roupas Feitas Sedas e Acetatos Drogas (Remédios) Material Elétrico Conservas Moveis de Madeira 0,99 0,44 0,39 0,57 0,26 0,56 0,33 0,60 Fonte: Sá (1962: 142) Adaptado para alguns quocientes. Obs: A pesquisa de Sá também comprovara estes quocientes de imobilização, o maior quociente desta extração por nós realizada é de 0,99(das empresas químicas), ou seja, raramente tal grande de capital é imobilizada, o que indica resultados de quocientes relativamente baixos em relação ao capital próprio. A relação matemática é obtida por uma divisão do Ativo Fixo pelo capital próprio. E por último, em nossa apresentação neste trabalho, ele também apresentou os resultados dos quocientes de giro dos estoques: Tabela 7: Média dos quocientes de Giro dos Estoques na pesquisa de Lopes de Sá em mais de 800 balanços Empresas Resultados Químicas Cigarros Roupas Feitas Sedas e Acetatos Drogas (Remédios) Material Elétrico Conservas Moveis de Madeira 15,77 87,89 22,67 10,34 10,69 4,18 11,01 17,88 Fonte: Sá (1962: 151) Adaptado para alguns quocientes. Obs: É muito importante observar bem estes quocientes, ou estes resultados, pois, expressam que pela média daquela pesquisa, o giro geralmente foi veloz nas empresas auferidas, algumas delas (como a de Cigarros) giravam cerca de 87,89 vezes o que indica cerca de 4,09 dias, ou 4 dias completos (em 360 dias), é, pois, um giro muito veloz. O mais lento resultado é o das empresas de materiais elétricos com 4 vezes completas de giro dos seus estoques, o que determina cerca de 90 dias ou 3 meses para a sua completa renovação. Lembremo-nos que o resultado é de giro dos bens para a venda. Ou seja, obtido pelo Custo de Mercadorias Vendidas, dividido pelos estoques. Mencionamos, pois, o resultado de apenas alguns dos quocientes estudados, pois, o mestre fizera mais pesquisas em sua obra, com os 800 balanços coletados. Vimos que Lopes de Sá, desde 1953(data da primeira edição desta sua obra), ou até muito antes, já desenhava o quadro de sua tese, com as pesquisas que coletara sobre os quocientes médios, ou determinando medidas para o equilíbrio do capital das empresas. Com tais estudos e experiências começou a se inclinar para a doutrina da Estática Patrimonial de Vincenzo Masi, considerando que pelos quocientes de análise não conseguiria padronizar como os norte-americanos, mas estimular medidas que compenetrariam na eficácia do campo de estudos dos equilíbrios das empresas representadas pelos balanços. Dessa forma, chegava até a julgar como bons, alguns tipos de comportamentos, como os seguintes, atinentes ao quociente relativo da origens do capital( capital próprio/capital de terceiros( a curto prazo)): Empresa, com capital inferior a $ 1.000.000,00 .................. 0,50 Empresa, entre $ 1.000.000,00 e $ 5.000.000,00 .................. 0,66 Empresa, Superior a 5.000.000,00 ........................................ 0,75 Estes andamentos que poderiam ter o tom de “normais” Sá (1962: 104) chegara a emitir com bases atuais na sua época, que também eram comprovados pela experiência em inúmeras empresas, até como consultor e analista. As investigações que no início da década de 50, começaram com 800 balançosde 30 sub- ramos dos negócios evoluiu para 7110 balanços de cerca de 1422 empresas, num empreendimento maior, até financiado para custear as despesas de terminação, com peças contábeis de várias regiões do país, e de 17 ramos do gênero de atividades, resultando em uma grande pesquisa. O resumo desse empreendimento científico ficou expresso numa obra chamada “O Equilíbrio do Capital das Empresas” editada em 1959(Veja figura 9); tal obra que forneceu valor de base a sua tese de doutorado editada em 1965, numa parceria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o ISC (Instituto Superior de Contabilidade), defendida na antiga Universidade do Brasil. 9 – A TEORIA DAS PROPORÇÕES SIMÉTRICAS DE ANTÔNIO LOPES DE SÁ E CONTRIBUIÇÕES À TEORIA DO EQUILÍBRIO MUNDIAL, E À DOUTRINA MASIANA DA ESTÁTICA Os empreendimentos experimentais que o professor Lopes de Sá fizera na década de 50 terminaram na sua tese de doutorado - encetada com suas análises de balanços em ramos de negócio diversos - terminada com a sua defesa em 1964; segundo ele mesmo nos conta a história de sua teoria, o mestre se inspirou nas teses de Proust (1754- 1826) e Dalton (1766-1844)5, conseguindo reunir cerca de 10 anos, em média, de coletas experimentais. Na verdade podemos afirmar que não seriam apenas 10 anos, mas, então 15 anos, entre as suas atividades de contador e escritor, e suas experiências de análise de balaços, que culminaram na sua pesquisa do equilibro. Na verdade sua tese chama-se : “Teoria das Proporções dos Componentes na Promoção do Equilíbrio do capital de Funcionamento e as Tendências Contemporâneas da Pesquisa Científica na Contabilidade”(Veja Figura 8), na contra capa da obra editada pela FGV( Fundação Getúlio Vargas) e ISC(Instituto Superior de Contabilidade) em uma parceria( Veja Figura 10), com o vulgo de “Teoria do Equilibrio”, ou “das proporções simétricas” como apelidamos, ou das “Proporções dos 5 – Proust foi o primeiro na química a estabelecer o princípio da composição dos elementos; Dalton formulou por sua vez a teoria das proporções definidas; Proust dizia que “os corpos que se combinam guardam entre si relações constantes”; e vem do próprio Sá (1965: 6) a história dessa inspiração: “Embora o procedimento analógico não nos impressionasse, na perseguição metódica das verdades científicas, o fato é que foi a lei de Proust que nos estimulou à pesquisa”. Componentes na Promoção do Equilibro do Capital de Funcionamento” em tom mais abrangente, como queira entender o leitor, podemos portanto, denominar abreviadamente a tese do Dr. Sá. Todavia, editada foi pela com o nome de “Teoria do Capital das Empresas” (Veja a Figura 7) devido a ser um estudo ligado ao gênero do equilibrio do capital. Como já dissemos por uma correlação de parceria com o ISC (Instituto Superior de Contabilidade), poderíamos compreender que ela seguira o leme de uma coletânea de volumes, de uma série chamada de “Cadernos de Contabilidade”( Veja Figura 9) cujo primeiro número data de 1963, outra tese de doutorado e livre docente, a do professor Américo Matheus Florentino6 (grande nome brasileiro das letras gerenciais e de análise de custos). Figura 7: A capa da Obra da tese de Doutorado de Lopes de Sá com o nome “Teoria do Capital das Empresas”, de edição em 1965 Fonte: Elaboração Própria. Obs: A capa da obra editada pela Fundação Getúlio Vargas, e com a parceria do Instituto Superior de Contabilidade, como coleção “Cadernos de Contabilidade” no seu número 2, trouxe o codinome “Teoria do Capital das Empresas”, o que expressava nada mais do que a “Teoria do Equilíbrio” de Antônio Lopes de Sá que se figurou numa exaustiva pesquisa, de mais de 10 anos, em cerca de 1422 empresas, de ramos de negócios diversos. Encapamos esta obra para a conservação, visto que, ela é uma das teses de um dos mais prolíficos cientistas brasileiros, ou das letras portuguesas, e um dos mais importantes do mundo, por isso a revestimos cuidadosamente para conservar até porque está obra é de 1965, portanto, já possui cerca de 43 anos. Assim Sá apresenta a sua tese como um estudo longo, mas embasado principalmente na doutrina da Estática, do Equilíbrio Patrimonial, de Masi: 6 – O volume número 1 da coleção “Cadernos de Contabilidade” trazia a tese de doutorado do amigo, colega de trabalho, e contemporâneo de Lopes de Sá, o professor Américo Matheus Florentino – autor com diversas obras no território nacional Brasileiro - com o nome “Classificação de Patrimônio para uma Análise Econômica dos Balanços das Empresas”(1963), de excelente abordagem sobre a análise econômica, inclusive, com outras teses como a da pulsação do Ativo Circulante, a da inclusão de Despesa no Ativo, e de quocientes de análise, favorecendo sempre o ângulo de produtividade e operacionalidade, e uma essencial classificação econômica, conforme aquela que os Balanços Russos de sua época preconizavam tão bem. “Quem diz Estática Patrimonial, diz de fato doutrina do equilíbrio de valores refletindo os elementos patrimoniais: equilíbrio que encontra a sua base na mesma natureza de tais elementos enquanto por meio da sua assídua transformação esse é assegurado. Não é portanto a estática expressão de Imobilidade, de permanência, mas de equilíbrio de forças patrimoniais juntamente manifestadas e mensuradas daqueles valores da Substância e da Contrasubstância.” (MASI, Vincenzo. Statica Patrimoniale. 2ª ed. Padova: Casa Editrice Dottore Antonio Milani, 1945. V II. P. 272; In: SÁ, Antonio Lopes Teoria do capital das empresas. Rio de Janeiro: FGV, 1965. p. 3) Em 7 linhas gerais de negócios que se subdividem em 17 ramos, como dissemos, apropriou cerca de 12 quocientes básicos para os estudos estruturais de forma até a aperfeiçoar os estudos de Masi (colocando uma grande dose experimental de verificação). Apresentando as conclusões de Ceccherelli, Foulke, Vianelli, como as de Masi, principalmente, passava a entender os seus pontos-de-vistas, de uma forma também agregativa, pois, concluía aspectos muito importantes, segundo nosso entendimento, até em relação a uma revolução na época nos estudos da harmonia do capital (que muitos comentavam como importante, mas, eram poucos que aprofundavam as pesquisas, sendo estes citados até agora que na literatura mundial se destacaram). Figura 8: A contra-capa da Tese de Sá a chamada “Teoria do Capital das Empresas” Fonte: Elaboração Própria. Obs: Veja que este frontispício marca a essência desta obra, trazendo o seu verdadeiro nome: “Teoria das Proporções dos Componentes do Capital de Funcionamento na Promoção do Equilíbrio e as Tendências Contemporâneas da Pesquisa Científica na Contabilidade” editada em 1965, tinha Sá apenas 38 anos. Em contrário a outros pesquisadores, no desenvolvimento de sua tese, na análise da Teoria das proporções dos componentes, Sá considerou a estrutura do capital como essencialmente dinâmica, na interdependência de causa e efeito, entre a composição e proporção, admitindo a variação destas grandezas, no giro dos valores e formação do rédito, tangendo as seguintes vozes para as considerações do equilíbrio: “I – O equilíbrio processa-se através de uma composição harmônica e interdependente dos elementos que estruturam o patrimônio, possibilitando a livre circulação da riqueza e a obtenção do rédito suficiente. II – Não existe equilibrio absoluto posto que a situação harmônica é atingida no tempo através de uma sucessão de estados, podendo, em certo momento, o desequilíbrio de uma fase ser apenas aparente.” (SÁ, Antonio Lopes. Teoria do capital das empresas. Rio de Janeiro: FGV, 1965. p. 69)( O negrito é nosso). É notável que Sá considerava o equilíbrio como uma composiçãointerdependente dos elementos, que mais do que composição e proporção, tinha uma condição fundamental: a de possibilitar ou proporcionar a livre circulação dos valores da riqueza, juntamente com o lucro, ou resultados satisfatórios. Portanto, logo, nunca deixou de desconsiderar os efeitos da dinâmica ligados inteiramente à estática, e mais, como condição fundamental. O professor Masi (1945: 281) também considerava a velocidade dinâmica como elemento considerável para a Estática, no fenômeno chamado de correlação entre financiamentos e investimentos, tanto foi, que considerou que seria “porém um problema de dinâmica patrimonial o estudo dos investimentos e dos correlativos financiamentos”, todavia, o tratamento de Sá foi mais inclinado pela e para a circulação dos valores, pois, ele notara que as estruturas não eram semelhantes por causa de posições de giros diferentes, como em caso, os Bancos, como veremos adiante no decorrer desta abordagem. Portanto, Masi (1945: 281), mesmo considerando a correlação entre os financiamentos e investimentos, não havia ostentado de forma explicita uma inclinação forte derivada da circulação dos valores em relação ao equilíbrio, embora, tivesse em todos os momentos de sua obra a mencionado de forma formidável, todavia, a dinâmica desta fenomenologia estava contida na dita “correlação patrimonial” que Ceccherelli (1950) também considerava. Além disso, sobre o problema de correlação patrimonial, Masi (1945: 281), dizia que “Daqui descende a importância daquela função Estática que explica a Contabilidade coordenando financiamentos e investimentos”, então o professor o considerava também como dentro de uma função estática. Daí nossa menção que sua inclinação não estava totalmente ligada à dinâmica, até porque ele queria delimitar os assuntos, ou seja, tratar cada um em separado apesar das suas convicções que as noções dinâmicas não poderia ser entendidas com a “ausência dos conhecimentos da Estática” e vice-versa, como afirmava várias vezes na sua gigantesca e superior obra. Sá assumia o giro dos valores, e a circulação dos bens, como elementos inseparáveis do tratamento do equilíbrio, sem os quais, não se poderia medi-lo ou tê-lo de forma significativamente eficaz. Nos campos do equilíbrio. Sá considerou as empresas mercantis, uma conveniente proporção, com os seguintes movimentos: Tabela 8 – A harmônica estrutura do comércio na pesquisa de Sá Elementos Até % Imobilizações 5 Bens de Venda 75 Créditos e Valores 20 Capital Próprio 40 Capital de Terceiros 60 Tempo do Giro de Estoques e Créditos 60 a 90 dias Tempo do Giro dos Débitos gerais e dos Fornecedores 90 a 120 dias Fonte: Sá(1965: 77) Adaptado. Obs: A pesquisa de Sá colocara estes limites para o equilíbrio de um comércio, apesar de ser uma investigação histórica, já de décadas, possui conhecimentos que valem para os tempos de hoje, todavia, com algumas alterações como já dissemos com relação aos valores proporcionais em estoque, especialmente. No entanto isto não invalida a pesquisa, muito pelo contrário a fortalece, pois, ela possui essências universais, leis realmente científicas, fortes para os rigores do tempo e do espaço, dizendo que estas proporções, ou até 75% de estoque mantendo um giro de 60 a 90 dias no máximo junto com os créditos, abaixo dos prazos dos débitos e fornecedores, estaria equilibrada a empresa desde que tenha lucros. Estão muito claras as conclusões que o mestre Sá tinha produzido em sua tese, ou seja, além dos percentuais específicos, ele considerou também a variável tempo nas suas abordagens. Por exemplo, se um Bem de Venda estivesse em limites altos com 75% de todo o Ativo, poderíamos crer que ele deveria ter uma velocidade que se incluísse dentro dos 30 e 60 dias, neste caso, tendo um giro de 6 a 12 vezes no ano, bem mais rápido, que possivelmente os fornecedores que deveriam girar de 90 a 120 dias, ou seja, deveriam ter um giro igual ou maior do que tais elementos. Mas, o exemplo de Sá serve para quaisquer empresas comerciais, e isto, sempre, ainda, independente das proporções, nos limites ora auferidos por ele, deveriam elas ter uma compatibilidade circulatória suficiente, a ponto dos elementos do Ativo se renovarem em tempo menor que os do Passivo. Estas foram importantes conclusões de Sá, aplicáveis nas empresas comerciais. Figura 9: Obra “O equilíbrio do Capital das Empresas” de Lopes de Sá editada em 1959 Fonte: Elaboração Própria. Obs: A contracapa da obra de Sá retrata a pesquisa que lhe dera os maiores fundamentos de sua tese, portanto, “O equilíbrio do Capital das Empresas” é uma obra que transmite os dados analíticos da sua experimentação, as empresas, os anos de investigação, os ramos de negócios, as conclusões obtidas, algumas leis sobre a variação dos custos, receitas, e estrutura patrimonial com o giro de valores; tudo como um compêndio do que seria a sua tese de doutorado ampliada que foi editada cerca de 6 anos depois, pois, esta, data de 1959, e fora publicada em Belo Horizonte, pelos “Estabelecimentos Gráficos Santa Maria S/A”, e financiada por empresas, algumas das quais cremos serem clientes do próprio professor, e que cederam recursos devido à qualidade consultiva, útil, e didática do seu conteúdo, que reconhecemos ter, inclusive, sintomas mais nítidos do Neopatrimonialismo em comparação com outras obras suas de anos anteriores e de anos posteriores. Esta obra trata de conceitos Neopatrimoniais nítidos, assim entendemos. Para as indústrias, foram estas as suas conclusões: Tabela 9 – A média de proporção das empresas industriais na pesquisa de Sá em 1965 Elementos Até % Imobilizações 49 Bens de Venda 21 Créditos e Valores 30 Capital Próprio 55 Capital de Terceiros 45 Tempo do Giro de Estoques e Créditos 30 a 65 dias Tempo do Giro dos Débitos gerais e dos Fornecedores 75 dias Fonte: Sá (1965: 86). Obs: Segue o mesmo critério o mestre de demonstrar as estruturas percentuais com um limite, e o prazo de circulação dos valores como medida fundamental. Neste caso o giro deveria ser mais rápido, pois, os débitos giram em média de 75 dias, então, os bens de vendas e créditos de funcionamento deveriam se movimentar de 30 a 65 dias para se ter uma segurança no equilíbrio. Além disso, a estrutura proporcional de uma indústria é totalmente diferente da de um comercial, enquanto, esta guarda maiores valores em estoques, aquela guarda imobilizações como maior percentual dos Investimentos Totais. Também os capitais próprios colocam-se em maior volume em relação ao de terceiro, o que revela um nível razoável de sustentabilidade acima da metade do Passivo. Nos Bancos, Sá(1965:91) havia comprovado que a circulação do capital é muito veloz, por isso não havia tanta facilidade em se dar desequilíbrios. Também concluira que o maior investimento é o de empréstimo, e o menor de imobilizações, todavia, não denotou uma estrutura que considerasse ótima, até porque eram muito variadas, e na maioria dos casos, encontrara menos tendências aos desequilíbrios devido à velocidade de capital que possuem tais aziendas. Apresentou, então, uma estrutura média em sua pesquisa: Tabela 10 – Estrutura média do patrimônio dos Bancos na pesquisa de Sá Investimentos % Financiamentos % Caixa e Carteira 60 Capital Próprio 8 Antecipações 8 Depósitos 65 Títulos 22 Débitos c/ Correspondentes 18 Outros Valores e Créditos 10 Débitos Diversos 9 Total do Ativo 100 Total do Passivo 100 Fonte: Sá(1965:90). Obs: Nesta estrutura vemos coisa interessante: a maior parte dos investimentos é composta de capital circulante, porque o dinheiro e o crédito, são como se fossem os “estoques” dos bancos, enquanto os valores imobilizados reúnem apenas uma proporção dentro dos 10% de “Outros”.