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i i Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................................ 1 1.1 EMENTA ............................................................................................................................. 1 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL .................................................................................................... 1 1.3 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 1 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ............................................................................................. 2 1.5 METODOLOGIA .................................................................................................................. 2 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................................ 2 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ......................................................................................... 2 2. VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO .............................................................................. 3 2.1 CONCEITOS IMPORTANTES ................................................................................................ 3 2.2 REGIME DE CAPITALIZAÇÃO EM JUROS SIMPLES .............................................................. 4 2.3 REGIME DE CAPITALIZAÇÃO EM JUROS COMPOSTOS ........................................................ 5 3- SUMÁRIO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA............................................................... 6 3.1- REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO .......................................................................................... 6 3.2- INDICADORES DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ................................................................ 6 3.3- CONSIDERAÇÕES SOBRE O SIGNIFICADO DO VPL ............................................................ 7 3.4- UTILIZAÇÃO DA TIR EM CASOS PARTICULARES .............................................................. 8 4- CONCEITOS DE ANÁLISE DE PROJETOS .................................................................. 9 4.1- TIPOS DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS .......................................................................... 9 4.2- ÁREAS DE ESTUDO PRINCIPAIS ....................................................................................... 10 4.3- IDENTIFICAÇÃO DOS CUSTOS E BENEFÍCIOS ................................................................... 11 4.3.1- PAGAMENTOS DE TRANSFERÊNCIAS ............................................................................... 11 4.3.2- DEPRECIAÇÃO E VALOR SALVADO ................................................................................. 12 4.3.3- CUSTOS PASSADOS ("SINKING COSTS").......................................................................... 12 4.3.4- EXTERNALIDADES OU EFEITOS EXTERNOS ..................................................................... 12 4.3.5- EFEITOS ENCADEADOS .................................................................................................. 13 4.3.6- EFEITOS INTERNACIONAIS ............................................................................................. 13 4.3.7- DUPLA CONTAGEM ........................................................................................................ 13 4.4- QUANTIFICAÇÃO DE BENEFÍCIOS E CUSTOS ................................................................... 14 4.4.1- CRITÉRIOS DE VALOR .................................................................................................... 14 4.4.2- EXCEDENTE DO CONSUMIDOR ....................................................................................... 15 4.4.3- EFEITOS DAS POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS ................. 15 ii ii 5- FLUXO DE CAIXA .......................................................................................................... 18 5.1- COMPONENTES DE UM FLUXO DE CAIXA ........................................................................ 18 5.2- ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ................................................................................ 24 6. INDICADORES DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS .............. 27 6.1- INDICADORES EXPEDITOS ............................................................................................... 27 6.1.1- RAZÃO RECEITA/CUSTO (R/C) ...................................................................................... 27 6.1.2- RAZÃO RECEITA MÉDIA/CUSTO (RM/C) ....................................................................... 28 6.1.3- TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL INVESTIDO (PAYBACK SIMPLES) ................................. 28 6.1.4- PAYBACK DESCONTADO (TD) .......................................................................................... 30 6.2- INDICADORES MAIS PRECISOS ........................................................................................ 31 6.2.1- VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) ................................................................................. 31 6.2.2 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ................................................................................ 32 6.2.3- TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA (TIRM) ...................................................... 35 6.2.4- VALOR UNIFORME LÍQUIDO (VUL) ............................................................................... 36 6.2.5- RAZÃO BENEFÍCIO/CUSTO (RBC) .................................................................................. 37 6.3- FLUXO DE CAIXA EM AMBIENTE INFLACIONÁRIO .......................................................... 38 6.4- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................... 39 7- SELEÇÃO DE PROJETOS ............................................................................................. 44 7.1- ALTERNATIVAS MUTUAMENTE EXCLUSIVAS – ANÁLISE INCREMENTAL - VIDAS ÚTEIS IGUAIS .................................................................................................................................... 44 7.2- ALTERNATIVAS MUTUAMENTE EXCLUSIVAS - VIDAS ECONÔMICAS DIFERENTES .......... 46 7.3- PROJETOS INDEPENDENTES– RACIONAMENTO DE CAPITAL........................................... 48 7.3.1– TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .............................................................................. 48 7.3.2 – VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) ............................................................................... 48 8- FONTES DE FINANCIAMENTO ................................................................................... 51 8.2- SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES ................................................................................................... 52 8.3- LANÇAMENTO DE DEBÊNTURES ...................................................................................... 52 8.4- AGÊNCIAS E INSTITUIÇÕES DE FOMENTO ....................................................................... 53 8.4.1- BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL ................................ 54 8.4.1- FINEP- FINANCIADORA DE ESTUDO E PROJETOS ........................................................... 54 8.4.2- BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) .............................................. 54 8.4.3- BANCO MUNDIAL (WORLD BANK) ................................................................................ 55 8.4.4- EXIMBANKS .................................................................................................................. 55 8.4.5- EMPRÉSTIMOS EXTERNOS .............................................................................................. 56 9- ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL ............................................................................. 57 9.1- CONCEITUAÇÃODE RISCO .............................................................................................. 57 9.2- CUSTOS DE FINANCIAMENTOS ........................................................................................ 57 9.3- CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMEPC) ...................................................... 58 9.4- DETERMINAÇÃO DO CMEPC.......................................................................................... 60 9.5- CMEPC EM ANÁLISES DE INVESTIMENTOS ................................................................... 60 9.6- ESTRUTURA DE CAPITAL................................................................................................. 64 iii iii 10- INCERTEZA E RISCO EM PROJETOS DE INVESTIMENTOS .............................. 66 10.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................ 66 10.2- ANÁLISE DE INCERTEZA ............................................................................................... 66 10.2.1- ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO .......................................................... 67 10.2.2- ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ........................................................................................ 68 10.3- ANÁLISE ESTOCÁSTICA DE RISCO ................................................................................. 74 11- INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS ......................................................................... 75 11.1-INTRODUCÃO ................................................................................................................. 75 11.2- DEFINIÇÃO DAS AMOSTRAS .......................................................................................... 76 11.3- COLETA DE DADOS ........................................................................................................ 76 11.4- CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................ 76 11.5- AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................ 79 11.6- RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES ............................................................................... 80 12. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICAS ... 81 12.1 FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DAS EMPRESAS ................................................... 81 12.2 VENTURE CAPITAL ......................................................................................................... 83 12.3 VENTURE CAPITAL E O FINANCIAMENTO ÀS INOVAÇÕES ............................................... 85 12.4 PRINCIPAIS PROGRAMAS DE VENTURE CAPITAL NO PAÍS ............................................... 86 12.4.1 BNDESPAR/BNDES- .................................................................................................. 86 12.4.2 FINEP – FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS ....................................................... 90 12.4.3 SEBRAE ........................................................................................................................ 91 13. MANUAL DE UTILIZAÇÃO DA HP-12 C ................................................................... 93 13.1 FLUXO DE INVESTIMENTO DE UMA EMPRESA ................................................................ 93 13.2 CÁLCULO DA TAXA INTERNA DE RETORNO .................................................................. 94 13.3 CÁLCULO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO ..................................................................... 94 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 95 ANEXO I: LISTA DE EXERCÍCIOS ........................................................................................... 97 Viabilidade Econômica de Projetos 1 1. Programa da disciplina 1.1 Ementa Fundamentos para a elaboração de fluxo de caixa de projetos. Modelos determinísticos: Payback, Payback Descontado, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno, Índice de Lucratividade, Custo de Capital Próprio e Custo Médio Ponderado de Capital, Decisão de Financiamento: fontes de financiamento. Relação risco versus retorno. Análise do risco econômico-financeiro de projetos. 1.2 Carga horária total 60 horas/aula 1.3 Objetivos - Familiarizar o Engenheiro de Produção com os modelos determinísticos de avaliação de projetos e decisões de financiamento e investimentos. Viabilidade Econômica de Projetos 2 1.4 Conteúdo programático Fundamentos para a elaboração de fluxo de caixa de projetos . Valor do dinheiro no tempo; Risco, retorno e valor; Modelos determinísticos: Payback, Payback Descontado, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno, Índice de Lucratividade, Custo de Capital Próprio e Custo Médio Ponderado de Capital, Decisão de Financiamento: . Sumário de matemática financeira; . Conceitos de análise de projetos . Método de avaliação de projetos; . Fluxo de caixa; Seleção de projetos; Decisão de Financiamento: fontes de financiamento . Estrutura ótima de capital Relação risco versus retorno. Análise do risco econômico-financeiro de projetos. . Incerteza e risco em projetos de investimentos 1.5 Metodologia Exposição dialogada, discussão de estudo de casos, resolução de exercícios com incentivo à utilização da calculadora eletrônica, HP 12-C, e planilha eletrônica. 1.6 Critérios de avaliação Haverá uma prova individual (peso 70%) e uma nota de trabalhos (peso 30%). 1.7 Bibliografia recomendada COPELAND Tom et. al.: Avaliação de Empresas- Valuation; Editora MAKRON Books, 2000. DAMODARAN, Aswath: Avaliação de Investimentos; Editora Qualitymark; 1997. GITMAN, Lawrence J.: Princípios de Administração Financeira; Editora Bookman; 2001. LAPONI, Juan Carlos. Avaliação de Projetos de Investimento. São Paulo: Laponi Treinamento Editora Ltda., 1996. MARTINS, Eliseu: Avaliação de Empresas: da mensuração contábil à econômica; Editora Atlas; 2001. Viabilidade Econômica de Projetos 3 2. Valor do dinheiro no tempo Ao considerarmos um projeto de investimento como um empreendimento contínuo, seu respectivo valor, bem como as decisões de seus investidores devem ser consideradas sob as perspectivas tanto de presente como de futuro. Esta visão de longo prazo significa, portanto, considerar o valor do dinheiro no tempo.Os conceitos de valor futuro e valor presente na definição do valor do dinheiro no tempo são de importância fundamental na determinação do valor da empresa, bem como dos benefícios futuros advindos. Neste capítulo será feita uma apresentação dos conceitos básicos utilizados em matemática financeira (fluxo de caixa, fator de produção, juros, etc.), e os regimes de capitalização, simples e composto. 2.1 Conceitos importantes - Fluxo de caixa Definição: conjunto das entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo. Convenção: o fluxo de caixa pode ser representado pelo diagrama abaixo: - Fatores de produção Em relação à economia, os fatores de produção são constituídos de trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia e capacidade empresarial. A cada fator de produção está associada uma remuneração que são: salário, juro, aluguel e lucro. 1 2 n Pagamento (-) Recebimento (+) Tempo Viabilidade Econômica de Projetos 4 - Juros Remuneração atribuída ao fator de capital, isto é, se 100 unidades de moeda são trocadas hoje por 105 a serem recebidas daquia um ano, o prêmio sobre a quantidade de moeda em termos de moeda futura são 5 unidades. - Regimes de capitalização É o processo de formação de juros e a maneira com que são incorporados ao capital. Podem ser do tipo simples ou composta, conforme será mostrado nas seções subseqüentes: 2.2 Regime de capitalização em juros simples Regime de capitalização em juros simples: os juros são calculados sempre em função do capital inicial empregado. Exemplo 2.1: Suponha que uma pessoa entregou R$100,00 a um banco que paga juros simples a razão de 10% ao período. Calcule o saldo credor no final de cada um dos quatro períodos. Período Saldo no início de cada período Juros acumulados no período Saldo no final de cada período - - - 100,00 1o 100,00 0,1 x 100 = 10,00 110,00 2o 110,00 0,1 x 100 = 10,00 120,00 3o 120,00 0,1 x 100 = 10,00 130,00 4o 130,00 0,1 x 100 = 10,00 140,00 - Fórmula: S = P(1+n.i), onde P = Principal ou Capital Inicial n = número de períodos i = taxa de juros S = montante Viabilidade Econômica de Projetos 5 Exemplo 2.2: Calcular o montante obtido pela aplicação de um capital de R$ 100.000,00 pelo prazo de 1 ano, à taxa de 5% ao mês. P = R$ 100.000,00 n = 1 ano 12 meses i = 5% ao mês = 5/100 = 0,05 Solução S = P.(1+ n.i) S = 100.000.(1 + 12 . 0,05) S = R$ 160.000,00 2.3 Regime de capitalização em juros compostos Regime de capitalização em juros compostos: os juros são calculados sempre em função do saldo existente no início do período correspondente. Exemplo 2.3: Suponha que para o problema anterior, os juros pagos sejam compostos. Calcule o saldo credor no final de cada um dos quatro períodos. Período Saldo no início de cada período Juros acumulados no período Saldo no final de cada período - - 100,00 1o 100,00 0,1 x 100 = 10,00 110,00 2o 110,00 0,1 x 110 = 11,00 121,00 3o 121,00 0,1 x 121 = 12,10 133,10 4o 133,10 0,1 x 133,10 = 13,31 146,41 - Fórmula: Sn = P (1+i) n Exemplo 2.4: Determinar o montante relativo a empréstimo de R$100.000,00 pelo prazo de 1 ano na taxa de 5% ao mês. Em juros compostos a compatibilização dos dados é obrigatoriamente feita em função da taxa de juros porque é ela que define o período de capitalização. Desta forma, a compatibilização será, no caso, passar o prazo de 1 ano para 12 meses. S = P(1+i)n = 100.000(1+0,05)12 = R$179.585,63 Viabilidade Econômica de Projetos 6 3- Sumário de matemática financeira 3.1- Regimes de capitalização - Regime de capitalização em juros simples: Sn = P (1+ i.n) - Juros compostos: Sn = P (1+i) n 3.2- Indicadores de análise de investimentos - Valor Presente Líquido (VPL) - Taxa Interna de Retorno (TIR): VPL (TIR) = 0 j n j j i c VPL )1( 0 Viabilidade Econômica de Projetos 7 3.3- Considerações sobre o significado do VPL Seja As Seguintes Alternativas de Projetos de Investimento A, B E C: Projeto A S= 179,69 n= 12; i = 5% B/A = 134,25 P= 100 S= 313,84 Projeto B n= 12; i = 10% B/C = - 221,19 P= 100 Projeto C S= 535,03 P= 100 n= 12; i = 15% Em t= 0: B/A = 134,25 X FSP(12; 5%) = 74,74 B/C = - 221,19 X FSP(12; 15%) = - 41,34 Interessante notar que quando traçamos o gráfico do Valor Atual versus taxas de juros para o Projeto B, encontramos o seguinte: TIR = 10% 5% 10% 15% 74,76 -41,34 VPLA(5%) = - 100 + 313,84 FSP(12; 5%)= 74,76 VPLB(10%) = - 100 + 313,84 FSP(12; 10%)= 0 VPLC(15%) = - 100 + 313,84 FSP(12; 15%)= -41,34 taxa de juros VPL Viabilidade Econômica de Projetos 8 3.4- Utilização da TIR em casos particulares Caso do Cambista 10.000,00 0 12 meses 5.000,00 n= 12 meses TIR= ? Compras de Obras de Arte 30 UM 25 UM 0 n= 1 dia 20 UM (10 + 10) TIR= ? Atividade de Mineração e Reflorestamento (Supor TMA igual a 8% aa.) 1000 UM 0 TIR= 5%; VA (8%)= 144.15 4 anos (Melhor Projeto!!) 4310 UM 1000 UM 0 TIR= 10%; VA (8%)= -99.15 4 anos 4641 UM 1000 UM 0 4 anos TIR= 15%; VA (8%)= -358.164993, 38 UM Viabilidade Econômica de Projetos 9 4- Conceitos de análise de projetos 4.1- Tipos de projetos de investimentos Seja {c0 , c1 , c2 , ... , cn } a seqüência de um fluxo de caixa. De Faro (1995) define os projetos de investimento da seguinte maneira: Projeto de Investimento Simples – aquele tal que c0 < 0, cj 0 para j = 1,2,..., n bem como Verifica-se então que este fluxo de caixa apresenta apenas uma mudança de sinal na seqüência {c0 , c1 , c2 , ... , cn }. Projeto Convencional – aquele no qual c0 < 0, cj 0 para j = 1,2,...,k, cj 0 para j = k+1,..., n, bem como Nesse caso, tem-se também apenas uma mudança de sinal. Observa-se, que um projeto de investimento simples é um caso especial de projeto de investimento convencional. Projeto não Convencional – aquele tal que c0 < 0 e apresenta mais de uma variação de sinal no fluxo de caixa. Contudo, ainda satisfaz a condição: Quanto a dependência entre projetos, pode-se classificá-los como: 0 1 cc n j j k j j n kj j cc 01 0 0 n j jc Viabilidade Econômica de Projetos 10 - Projetos de Investimento Independentes – são aqueles em que a aceitação de um deles não exclui a possibilidade dos demais serem escolhidos posteriormente. Como exemplo, uma empresa de energia elétrica verticalizada, isto é, apresenta segmentos de geração, transmissão e distribuição/comercialização. Dessa maneira, pode-se aceitar projetos provenientes de qualquer uma das três áreas, cuja restrição está relacionada apenas à disponibilidade de capital. - Projetos de Investimento Mutuamente Exclusivos – a execução de um projeto implicará na eliminação dos demais, isto é, são projetos que competirão entre si uma vez que possuem a mesma função. Seja uma pequena cidade que apresenta um determinado crescimento na demanda de energia elétrica. Essa pode ser atendida por intermédio da construção no local de uma Pequena Central Hidrelétrica ou Pequena Central Térmica, como também via energia proveniente de outra localidade. Portanto, a escolha de uma delas, a partir de um determinado critério de decisão, implicará na eliminação das demais (Reis, 1997). 4.2- Áreas de estudo principais A análise e apresentação de um dado projeto deve envolver pelo menos seis áreas de estudo principais (Pimentel, 1994): - Análise do quadro setorial em que o projeto se enquadra, tendo em vista aspectos macro-econômicos, relacionamentos com o resto da economia, situação atual e tendências futuras daquele setor. - Análise de mercado dos produtos (bens ou serviços) resultantes do projeto, incluindo sua evolução histórica e tendências, considerando quantidade, preços e participações de mercado das empresas que atuam no setor. - Analise técnica (engenharia) sobre os aspectos técnicos e ambientais, incluindo disponibilidades de matéria primas, custos, etc. - Análise dos aspectos gerenciais, de recursos humanos e de organização do projeto, incluindo a análise do quadro regulador em que o projeto se insere. - Análise financeira. - Análise econômica. Viabilidade Econômica de Projetos 11 Observação: A análise financeira tem como objetivo avaliar alternativas, verificar os níveis de lucratividade possíveis e os esquemas de financiamento associados. Neste tipo de análise busca-se verificar se o projeto deverá ser lucrativo o suficiente para cobrir os custos do capital empregado pelos empreendedores e financiadores. No caso da análise econômica, parte-se de um ponto de vista mais amplo, de governo, e busca-se estudar se o projeto está aplicando de maneira eficiente os recursos nacionais (físicos, financeiros, humanos, etc.) envolvidos. As principais diferenças entre uma avaliação econômica e financeira, privada, são: (a) A seleção dos custos e benefícios a serem considerados; (b) Os sistemas de valores adotados para quantificar cada custo e benefício; (e) A taxa de preferência temporal adotada para atualizar os fluxos de benefício e custo. As técnicas de Análise de Custos e Benefícios Sociais (ACBS) procuram sistematizar o problema de como avaliar projetos do ponto de vista da sociedade como um todo. 4.3- Identificação dos custos e benefícios Na análise privada é relativamente simples identificar os custos e benefícios associados a um dado projeto. A situação se complica no caso da análise de custos e benefícios sociais. Veremos, a seguir, uma série de aspectos que devem ser considerados quando se aplica esta última abordagem. 4.3.1- Pagamentos de transferências Alguns pagamentos não representam exigibilidades contra os recursos do país, refletindo meramente uma transferência de controle. Deste modo não entram na análise social, a menos que se queira levar em conta aspectos redistributivos. Exemplos de transferências (de poder aquisitivo entre agentes) são impostos e subsídios. Viabilidade Econômica de Projetos 12 4.3.2- Depreciação e valor salvado Tanto na análise privada quanto social, o que nos interessa são os valores do fluxo efetivo de caixa. Não se leva em conta os valores contábeis da depreciação, a não ser que seja para cálculo de impostos na análise privada. Ao final do horizonte de tempo considerado, considera-se como receita o valor residual ou salvado do investimento. 4.3.3- Custos passados ("Sinking Costs") Para efeitos da análise sobre a continuação ou não de um dado projeto, custos já incorridos (assim como benefícios já recebidos) devem ser excluídos. O que importa é a análise do investimento incremental a ser realizado. 4.3.4- Externalidades ou efeitos externos O conceito de Externalidade (ou "spillovers") surgiu na literatura econômica com Marshall (1982), ao discutir um setor industrial com curva de oferta de inclinação descendente, em regime de concorrência. A medida que esta indústria cresce, ela produz a custos menores. Quando este setor se expande, pela entrada, por exemplo, de uma firma adicional, cai o custo de produção do setor como um todo, Além disto, cai este custo de produção não somente para esta firma, como para todas as outras que estavam no ramo, já instaladas, beneficiando, portanto, pelo aumento de escala, o setor como um todo. Assim, na determinação do "custo social,, desta firma, deve-se descontar todas as reduções de custo provocadas no setor pela sua instalação. O efeito da entrada desta firma é considerado um efeito externo, ou extemalidade. Estes efeitos, na verdade, não se restringem às indústrias mas na sociedade como um todo. As externalidades podem ser favoráveis ou desfavoráveis. Exemplos comuns de efeitos externos são: a poluição do ar ou da água gerada pela instalação de uma indústria; o aumento da população de mosquitos provocado pela construção de uma represa; o congestionamento de transito causado por uma obra, ou pela presença de uma escola, teatro, cinema, etc. Portanto, externalidades são efeitos provocados por uma firma ou projeto sobre outras firmas, indústrias e/ou pessoas, de natureza incidental (involuntária), que não implicam em recebimentos e pagamentos por parte de seus causadores e que são transmitidos diretamente através das variações de quantidade produzida ou consumida (e não apenas por variações em seus preços). Um caso típico, dentre os efeitos benéficos, é o treinamento de mão-de-obra; onde, em geral,as pessoas têm oportunidades de melhorarem suas habilidades ao estarem empregadas em determinadas funções. Quando saem daquele emprego para trabalharem em outras firmas, ou mesmo por conta própria, se beneficiam daquele treinamento. Outro exemplo é o de uma firma que inicia um novo produto ou processo, e que pode tomar mais simples para outras firmas fazerem o mesmo. Caso se possa Viabilidade Econômica de Projetos 13 associar um preço a um dado efeito externo a ser pago ou recebido pelo seu causador e incluí-lo entre as receitas ou despesas do projeto, ele deixa de ser um efeito externo. Dizemos, então, que a efeito externo foi "Intemalizado". Outra maneira de internalizar a externalidade é ampliar o escopo da análise e incorporar no sistema em estudo outras atividades e agentes econômicos. Por exemplo, em vez de se estudar uma represa, estudar o conjunto represa mais produção agrícola, incorporando-se eventuais benefícios de irrigação e regularização do fluxo dos rios. 4.3.5- Efeitos encadeados Existem alguns efeitos de um dado projeto sobre a cadeia produtiva situada a sua jusante ou a sua montante, transmitidos tanto pelos preços, quanto em função de variações de quantidades de bens produzidos ou consumidos pelo projeto. Estes efeitos encadeados são de dois tipos: (a) afetando a cadeia de produção de insumos - efeitos "backward"; (b) afetando a cadeia que utiliza os seus produtos como insumo - efeitos "forward". Um encadeamento 'forward" liga duas empresas, uma vendendo um produto e a outra comprando, do ponto de vista do vendedor. Do ponto de vista do comprador, este mesmo encadeamento é vista como um encadeamento "backward", 4.3.6- Efeitos internacionais Alguns efeitos de um projeto podem ultrapassar as fronteiras do país e afetar outros países (liberação de enxofre em termelétricas a carvão na região sul do país, resultando em chuva ácida no Uruguai, por exemplo). Caso o projeto esteja sendo avaliado por um organismo internacional, pode ser particularmente importante avaliar estes efeitos 4.3.7- Dupla contagem Na definição das fronteiras de um sistema, relativo a determinado projeto, é necessário se ter muito cuidado no sentido de evitar o que denominamos de dupla contagem. Um bom exemplo seria a avaliação econômica de ampliação de uma rodovia. À medida que já se tenha considerado a satisfação dos consumidores com a maior rapidez e conforto das viagens, não teria sentido considerar-se também os ganhos com um aumento da produção agrícola gerada pela maior facilidade de transporte, já que esta vantagem já está implicitamente considerada no valor que a sociedade confere Viabilidade Econômica de Projetos 14 às viagens naquela rota e que já teriam sido a base para a valorização dos benefícios diretos do projeto. 4.4- Quantificação de benefícios e custos 4.4.1- Critérios de valor Sob a perspectiva meramente financeira, o "valor” de uma garrafa de cerveja pode ser avaliado meramente por seu preço, como faz o investidor privado. Entretanto, do ponto de vista econômico, seria somente este preço um balizador de valor suficiente para a sociedade, como um todo, se levarmos, por exemplo, também em conta os malefícios que o excesso de bebida pode causar (acidentes de transito, baixa de produtividade, tratamento médico, etc.)? Dentro deste raciocínio, chegaríamos a conclusão que a visão social é bem mais ampla e requer que se considere um número maior de fatores, ligados aos objetivos da sociedade. Mesmo que o preço dos produtos e serviços disponíveis no mercado fosse um bom indicador do valor social, ainda assim ele pode ser menor do que o valor que o consumidor estaria disposto a pagar por um dado produto. A diferença entre estes dois valores nos fornece o chamado "excedente do consumidor', corno veremos a seguir, e que em alguns casos é usado corno indicador de custos e benefícios sociais, Seu calculo é normalmente muito difícil, pois envolve o conhecimento da curva de demanda do produto. Em resumo, algumas das dificuldades de mensuração dos benefícios e custos sociais, se vinculam as seguintes questões: (i) Quando medidos via preço: não levam em conta aspectos redistributivos e o excedente do consumidor. Ex: cigarros, automóveis. (ii) Os preços de mercado podem estar distorcidos (por exemplo, por taxas ou pela presença de monopólio). Ex.: setor de telecomunicações. (iii) Quando sua medida não passa pela mercado, requerem a quantificação de efeitos externos. Ex: bens não renováveis. (iv) Mesmo para os bens que tem preços de mercado, seus preços podem não levar em conta externalidades inerentes ao consumo daqueles bens e que muitas vezes escapam de nossas análises, quando se adota o critério de maximização do consumo agregado da sociedade. Ex: bebidas. Deve-se salientar que benefícios e custos estão intimamente ligados, a medida que um custo é um benefício que se abre mão. Seus processos de mensuração são, desse modo, similares, assim como, se procura usar a mesma unidade para ambos. Por comodidade, trabalha-se geralmente com unidades monetárias. O enfoque básico adotado para avaliação dos custos dos insumos usados em um dado projeto é o de que eles devem ser medidos através de seu custo de oportunidade, Viabilidade Econômica de Projetos 15 ou seja, em relação ao seu valor social em uso alternativo que se abre mão, ao empregá- los no projeto em questão. O conceito de custo de oportunidade é um conceito clássico na ciência econômica. No caso da análise de projetos, traz uma obrigação a mais de refletirmos sobro os usos alternativos (e qual o melhor deles) que cada fator empregado no projeto poderia ter. É a partir desses usos alternativos (e tendo como referência a disposição dos consumidores a pagar) que podemos determinar o valor social de nossos insumos. Quando um investimento resulta na utilização de fatores, que de outro modo estariam ociosos seu custo de oportunidade será, em geral, menor que o seu preço de mercado. O quão menor dependerá, entre outras coisas, da duração do tempo esperado em que aqueles recursos ficariam ociosos, caso o projeto não se concretizasse (Pimentel, op.cit.). 4.4.2- Excedente do consumidor O conceito de excedente do consumidor foi inicialmente usado por Jules Dupont, na França, em 1844, buscando quantificar o benefícios associados à construção de uma ponte. Posteriormente este conceito também foi discutido por Marshall. O conceito de excedente do produtor pode ser derivado do mesmo raciocínio, conforme ilustrado abaixo: Excedente do Consumidor (A): é a diferença entre o preço que o consumidor está disposto a pagar por determinada quantidade de um bem ou serviço e o preço que ele efetivamente paga. Excedente do Produtor (B): é a diferença entre o preço que o produtor aceitaria para vender determinada quantidade e o preço pelo qual, efetivamente, ele vende. 4.4.3- Efeitos das políticas governamentais sobre a formação de preços pe Excedente do consumidor A B De=Qe Excedente do produtor Q Oferta Demanda P Viabilidade Econômica de Projetos 16 Por diversas vezes os governos alteram o comportamento natural dos mercados via políticas de intervenção direta ou indireta. Utilizando os conceito de excedente do consumidor e do produtor pode-se mostrar de que forma políticas de comércio exterior (imposto de importação e cotas de importação)geram ganhos ou perdas para os agentes econômicos envolvidos, assim como a sociedade como um todo. 4.4.3.1- Imposto de importação P B A C D Qs Qs` Qe Qt` Qt Q Suponhamos que, no mercado interno de um produto qualquer o preço de equilíbrio seja Pe e o preço do similar importado seja Pw. Se o mercado é livre, os produtores nacionais deverão baixar seu preço até o ponto onde P= Pw, pois do contrário nada venderão. Entretanto, ao preço Pw; os produtores domésticos só aceitam vender Qs. Como a demanda total é dada por Qt e o mercado é livre, os consumidores importarão uma quantidade igual a diferença (Qt-Qs). Se o Governo pretende aumentar a produção nacional deste produto, poderá impor um imposto sobre o preço do produto importado. Sendo t tal imposto, o novo preço do produto importado passa a ser P* = Pw + t . Com isto os produtores nacionais podem vender seus produtos ao preço P* correspondendo a uma oferta Qs`; enquanto os consumidores demandam Qt`, o que reduz o volume de importações para a diferença (Qt`- Qt). Assim temos: Variação do Excedente do Consumidor ( EC) = -A-B-C-D-E Variação do Excedente do Produtor ( EP) = A Arrecadação do Governo (A. G.) = C + D, Ganho Social (G.S) = EC + EP + A. G = -A-B-C-D-E+A+C+D = -B-E Conclusão: a imposição de um imposto de importação provoca perda de bem- estar para a sociedade. 4.4.3.2- Cota de importação B E Pe Pw P* Viabilidade Econômica de Projetos 17 P B A C D Qs Qs` Qe Qt` Qt Q Se agora, ao invés de um imposto de importação, o governo imponha uma cota de importação, ou seja, limite o volume de importações em digamos (Qt`- Qs`). Neste caso, dado que a quantidade total transacionada agora é Qt`, o preço sobe para P com isto temos: Variação do Excedente do Consumidor ( EC) = -A-B-C-D-E Variação do Excedente do Produtor ( EP) = A Arrecadação do Governo (A. G.) = 0 Ganho Social (G.S) = EC + EP + A. G = -A-B-C-D-E+A = -B-C-D-E Interessante notar que, como o governo não arrecada com a cota, a perda social é maior em comparação com o imposto de importação, dado um preço igual para as duas medidas. O valor acrescentado na perda social é, justamente a arrecadação antes auferida pelo governo (C+D), que agora faz parte dos lucros dos produtores estrangeiros. Concluindo este capítulo, deve-se destacar ainda que estas análises, econômica e financeira, adotam, usualmente, abordagens determinísticas, levando-se em conta os valores mais prováveis (esperados para os parâmetros envolvidos). Em qualquer caso, as análises de sensibilidade (ou de cenários, em um caso mais geral) devem ser sempre empregadas, para avaliar as conseqüências de mudanças nas hipóteses básicas assumidas na caracterização do projeto. Este módulo, em função de seus objetivos está voltado para a análise financeira de projetos. B Pw Pe E P Viabilidade Econômica de Projetos 18 5- Fluxo de caixa 5.1- Componentes de um fluxo de caixa A avaliação de um projeto de investimento depende das estimativas de entradas e saídas de capitais durante a sua vida útil. Os principais componentes do fluxo de caixa são: Investimento – dispêndio de capital relacionado a compra de ativos, despesas relacionadas a instalação, frete, seguro e, caso haja transferência de tecnologia, treinamento de pessoal. Capital circulante líquido (ou capital de giro) - a implantação de um novo empreendimento acarretará em uma elevação da atividade da empresa e com isso em aumentos relacionados tanto aos ativos circulantes (títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoques) quanto aos passivos circulantes (títulos, duplicatas e contas a pagar)1. Essa imobilização de recursos, caso o capital circulante líquido seja positivo, será recuperada ao final da vida útil do empreendimento; Receitas – benefícios decorrentes da entrada de operação do projeto, calculados pelo produto entre as estimativas de preço e quantidade vendida ao longo da vida útil do projeto; Custos operacionais – gastos relacionados com mão de obra, matéria-prima, energia elétrica, transporte, etc. Nesta rubirica estão incluídos os impostos relativos ao PIS, COFINS e ICMS.. - Nas empresas tributadas pelo lucro presumido, as alíquotas do PIS e COFINS são as seguintes: Programa de Integração Social (PIS): 0,65%2 sobre a receita bruta; Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS): 3% sobre a receita bruta; 1 Projetos relacionados a substituição de equipamentos devem considerar, na componente de investimento, a parcela referente a venda do ativo velho e sua respectiva tributação. Esse resultado acarretará numa redução do investimento. 2 Instituições Financeiras a alíquota é de 0,75%. Viabilidade Econômica de Projetos 19 - Para as empresas tributadas pelo lucro real, as alíquotas do PIS e COFINS são as seguintes: PIS não cumulativo: 1,65% sobre a receita líquida de despesas permitidas pela Receita Federal. Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS): 7,6% sobre a receita líquida de despesas permitidas pela Receita Federal. - As alíquotas relativas ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços são diferenciadas por tipo de mercadorias e estados envolvidos na operação de compra e venda das mesmas. De forma genérica teríamos o seguinte: i. 7% em operações com Estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Estado do Espírito Santo e 12% para as demais regiões; ii. 18% nas operações internas e importações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e 17% nos demais estados; iii. 7% nas operações com produtos da cesta básica; iv. 25% em operações internas, interestaduais e importações de perfumes, cosméticos, cigarros, armas e munições, bebidas alcoólicas etc. Amortização (A) – pagamento do percentual do custo de implantação obtido de capital de terceiros. Despesas financeiras (DF) – representam os gastos relacionados ao pagamento de juros, que depende do plano de financiamento a ser negociado com o agente financeiro. Imposto de Renda (IR) – a alíquota referente às empresas tributadas pelo lucro real é de 15% sobre o lucro real, antes das despesas do imposto de renda e até R$240.000,00/ano. O que exceder a este limite estserá sujeito a um adicional de imposto de renda de alíquota de 10%; Contribuição Social sobre o Lucro (CSL) – 9% sobre o lucro real antes da despesa do imposto de renda. Valor residual – resulta da liquidação do investimento de um empreendimento na sua data terminal, estando incluída a reversão da expectativa da variação do capital circulante líquido que foi incluída, conforme apresentado, na parcela de investimento. Viabilidade Econômica de Projetos 20 Depreciação – dado que os ativos permanentes perdem valor com o tempo, é permitido lançar mão deste componente do fluxo de caixa o qual funciona, por um lado, como uma despesa apenas para reduzir o lucro tributável, não havendo uma saída efetiva de caixa. Por outro lado,apresenta-se como uma provisão (fundo de depreciação) para reposição futura de um determinado bem. Faro (op. cit.) define três tipos de depreciação: i. Física – perda do valor causada pelo desgaste do bem; ii. Econômica – referente ao declínio sofrido na capacidade que o bem apresenta para gerar receitas, causado seja pela exaustão física do equipamento, seja pelas constantes inovações tecnológicas ou até mesmo mudanças no gosto dos consumidores; iii. Contábil – estimativa da perda de valor sofrida pelo bem, com a finalidade de efetuar um registro contábil. Os principais métodos de depreciação são apresentados a seguir: Método da Linha Reta – relaciona a diferença entre o valor de aquisição do ativo a ser depreciado (I) e o seu valor residual (L) com a vida útil (n), como mostra a expressão abaixo: Exemplo 5.1: Seja um equipamento cujo preço quando novo é de $10.000,00, que apresente uma vida útil estimada em 5 anos, no fim dos quais apresente um valor residual de $1.000. Calcular a depreciação pelo Método da Linha Reta A quota anual de depreciação será: A Tabela abaixo apresenta a evolução do valor contábil do equipamento. Período Quota Anual ($) Fundo de Depreciação ($) Valor Contábil ($) 0 - - 10.000 1 1.800 1.800 8.200 2 1.800 3.600 6.400 3 1.800 5.400 4.600 4 1.800 7.200 2.800 5 1.800 9.000 1.000 800.1$ 5 100010000 D n LI D Viabilidade Econômica de Projetos 21 Método da taxa fixa de depreciação (Matheson)– este método contempla uma depreciação mais acelerada, nos primeiros períodos da vida útil, ao estabelecer uma taxa constante de depreciação (d) aplicada ao valor contábil do ativo no início do período considerado. Portanto, tem-se as seguintes relações: onde: DK – depreciação no “késimo” período; IK-1 – valor contábil no período “k-1”; d – taxa de depreciação; L – valor residual; n – vida útil do projeto I – investimento. Exemplo 5.2: Utilizar o método da taxa fixa de depreciação (Matheson) para o exemplo 5.1, anterior. Portanto, a taxa anual de depreciação é cerca de 37%, isto é, o valor contábil do equipamento ao fim de cada ano é cerca de 63% do valor no início do ano considerado. A tabela abaixo apresenta a evolução do fundo de depreciação e do valor contábil. Período Quota Anual ($) Fundo de Depreciação ($) Valor Contábil ($) 0 - - 10000 1 3.690,00 3.690,00 6.310,00 2 2.328,39 6.018,39 3.981,61 3 1.469,21 7.487,60 2.512,40 4 927,07 8.414,68 1.585,32 5 584,98 8.999,66 1.000,34 37,0 000.10 000.1 1 5 d n kK I L d IdD /1 1 1 Viabilidade Econômica de Projetos 22 Método do declínio em dobro – procura sinalizar uma rápida perda de valor nos primeiros períodos, sendo sua expressão dada por: Dk = 2. Ik-1 n Exemplo 5.3: Utilizar o método do declínio em dobros para o exemplo 5.1 Período Quota Anual ($) Fundo de Depreciação ($) Valor Contábil ($) 0 - - 10000,00 1 4.000,00 4.000,00 6.000,00 2 2.400,00 6.400,00 3.600,00 3 1.440,00 7.840,00 2.160,00 4 864,00 8.704,00 1.296,00 5 296,00 9.000,00 1.000,00 Método da soma dos dígitos periódicos (Cole)– também é um critério que proporciona uma depreciação mais acelerada, sendo dada pela expressão: Dk = 2. (n - k +1) . (I – L) n. (n+1) Exemplo 5.4: Utilizar o método da soma de dígitos para o exemplo 5.1. Período Quota Anual ($) Fundo de Depreciação ($) Valor Contábil ($) 0 - - 10000,00 1 3000,00 3000,00 7000,00 2 2400,00 5400,00 4600,00 3 1800,00 7200,00 2800,00 4 1200,00 8400,00 1600,00 5 600,00 9000,00 1000,00 I= $10000,00; L= $ 1000,00 O gráfico, a seguir, apresenta o comportamento dos quatro critérios de depreciação apresentados: Viabilidade Econômica de Projetos 23 Comparação de Regimes de Depreciação 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 1 2 3 4 5 6 Vida Útil do Equipamento Va lo r C on tá bil Linear Matheson Declínio em Dôbro Cole A legislação tributária brasileira estabelece que a taxa de depreciação depende do tipo de ativo, sendo fixado o prazo de vida útil. A tabela 5.1 apresenta as taxas anuais de depreciação e prazos de vida útil para alguns dos bens3 mais correntes. Tabela 5.1 Método da Linha Reta Ativo Taxa Anual de Depreciação Prazo de Vida Útil (anos) Instalações 10% 10 Edificações 4% 25 Móveis e utensílios 10% 10 Máquinas e equipamentos 10% 10 Equipamentos de informática 20% 5 O Fisco aceita que as taxas de depreciação sejam superiores as indicadas, desde que seja justificado por um laudo de perícia técnica do Instituto Nacional de Tecnologia ou outro órgão de pesquisa científica ou tecnológica. Existem também situações especiais, que a legislação tributária admite o uso da depreciação acelerada. Empresas com mais de um turno de trabalho e necessidade de estimular a implantação de um projeto, são exemplos de sua utilização. Valor Residual– resulta da liquidação do investimento de um empreendimento na sua data terminal, estando incluída a reversão da expectativa da variação do capital circulante líquido que foi incluída, conforme apresentado, na parcela de investimento. 3 Instrução Normativa no 162, de 31 de dezembro de 1998 (DOU 7/01/99) Viabilidade Econômica de Projetos 24 5.2- Elaboração do fluxo de caixa Descritos os seus componentes, pode-se agora elaborar o fluxo de caixa de um projeto de investimento, segundo duas atividades, quais sejam: - Atividades Operacionais – apresenta, durante a vida útil, as entradas e saídas de caixa, ou fluxo de caixa operacional, referentes a produção e venda dos produtos e serviços do projeto. Neste caso algumas definições contábeis são importantes, tais como: i. Lucro Bruto – Diferença entre a receita e o custo operacional; ii. Lucro Tributável – é igual ao Lucro Bruto menos Despesas menos Depreciação; iii. Imposto de Renda – calculado a partir de uma alíquota que incide sobre o Lucro Tributável; iv. Lucro Líquido Após o Imposto de Renda – diferença entre o Lucro Tributável e o Imposto de Renda. Portanto, o fluxo de caixa operacional pode ser definido como a soma do Lucro Líquido Após o Imposto de Renda e a Depreciação. - Atividades de Investimentos – relacionadas à compra de ativos imobilizados e às necessidades de capital de giro. Viabilidade Econômica de Projetos 25 A tabela 5.2, a seguir, apresenta o fluxo de caixa de um projeto de investimento4 Tabela 5.2 Fluxo de Caixa de um Projeto de Investimento Vida Econômica do Projeto Itens 0 1 2 3 ... n Receita R1 R2 R3 ... Rn Menos: Custo Operacionais C1 C2 C3 ... Cn Lucro Bruto LB1 LB2 LB3 LBn Despesas com vendas DV1 DV2 DV3 DVn Despesas gerais e administrativas DGA1 DGA2 DGA3 DGAn EBITDA5 Menos : Depreciação D1 D2 D3 Dn Lucro Antes dos Juros e Imp. Renda6 LAJIR1 LAJIR2 LAJIR3 ... LAJIRn Menos: Imposto de Renda IR1 IR2 IR3 ... IRn Lucro Líquido Após o Imposto de Renda LL1 LL2 LL3 ... LLn Mais: Depreciação D1 D2 D3 ... DnFluxo de Caixa Operacional FCO1 FCO2 FCO3 FCOn Menos: Investimento I0 Mais: Valor Residual VRn Menos : Imposto de Renda sobre VR IR Menos: Capital de Giro CG0 Mais :Recuperação do Capital de Giro CG0 Fluxo de Caixa do Projeto FC0 FC1 FC2 FC3 ... FCn Caso a empresa queira obter um financiamento para implementar o projeto deve-se também construir o Fluxo de Caixa do Acionista7, conforme apresentado na tabela 5.3, da página seguinte. 4 Também chamado de Free Cash Flow to Firm 5 EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization) 6 Também se usa a sigla em inglês EBIT (Earnings Before Interest & Tax). 7 Em inglês Free Cash Flow to Equity Viabilidade Econômica de Projetos 26 Tabela 5.3 Fluxo de Caixa de um Projeto de Investimento Vida Econômica do Projeto Itens 0 1 2 3 ... n Receita R1 R2 R3 ... Rn Menos: Custo Operacionais C1 C2 C3 ... Cn Lucro Bruto LB1 LB2 LB3 ... LBn Menos: Despesas com vendas DV1 DV2 DV3 DVn Menos: Despesas gerais e administrativas DGA1 DGA2 DGA3 DGAn EBITDA Menos : Depreciação D1 D2 D3 ... Dn Lucro Antes dos Juros e Imp. Renda LAJIR1 LAJIR2 LAJIR3 ... LAJIRn Menos: Juros J1 J2 J3 ... Jn Lucro Antes do Imposto de Renda LAIR1 LAIR2 LAIR3 ... LAIRn Menos: Imposto de Renda IR1 IR2 IR3 ... IRn Lucro Líquido Após o Imposto de Renda LL1 LL2 LL3 ... LLn Mais: Depreciação D1 D2 D3 ... Dn Fluxo de Caixa Operacional FCO1 FCO2 FCO3 FCOn Menos: Investimento I0 Mais: Valor Residual VRn Menos : Imposto de Renda sobre VR IR Mais: Capital de Giro CG0 Mais :Recuperação do Capital de Giro RCG0 Mais Financiamento F0 Menos: Amortização A1 A2 A3 An Fluxo de Caixa do Acionista FC0 FC1 FC2 FC3 ... FCn No capítulo 9, relativo à estrutura ótima de capital de uma empresa, será exemplificada a análise de viabilidade de um projeto, utilizando-se os conceitos de TIR e VPL para seus respectivos fluxos de caixa da equity e do projeto. Viabilidade Econômica de Projetos 27 6. Indicadores de avaliação de projetos de investimentos Uma empresa, ao implementar um novo projeto de investimento, busca uma maneira de aumentar sua riqueza. Portanto, deve-se utilizar indicadores que possibilitem avaliar a viabilidade do mesmo. Neste capitulo, serão apresentados, inicialmente, indicadores não acurados, que não levam em consideração o valor do dinheiro no tempo. Em seguida serão apresentados indicadores mais acurados, que levam em consideração a variação que o capital sofre com o tempo, isto é, considera que as entradas e saídas de caixa que ocorrem em diferentes pontos do tempo possuem pesos diferentes. São estes que efetivamente avaliam a viabilidade de um empreendimento. 6.1- Indicadores expeditos 6.1.1- Razão Receita/Custo (R/C) Esta técnica relaciona o total de receita líquida auferida ao longo da vida útil do projeto com o investimento inicial desembolsado. Portanto, tem-se: Exemplo 6.1: Uma empresa de Itajaí, SC, investe R$ 50.000,00 num projeto que apresenta o seguinte fluxo de caixa: Período Fluxo de Caixa (R$ 103) 0 -50 1 10 2 20 3 15 4 15 0 / c c CR j Viabilidade Econômica de Projetos 28 6.1.2- Razão Receita Média/Custo (RM/C) Calcula a razão entre a média aritmética da receita líquida e o investimento inicial desembolsado. Logo: Exemplo 6.2: Calcular a RM/C do exemplo 6.1. 6.1.3- Tempo de Retorno do Capital Investido (Payback Simples) Mede o tempo necessário para que o somatório das receitas líquidas futuras se iguale ao valor do investimento inicial para um projeto de investimento do tipo convencional. Supondo uma série uniforme de receitas líquidas (c1 = c2 = ... = cn = c), projeto de investimento simples, o tempo de recuperação do capital () é calculado da seguinte maneira: Exemplo 6.3: Calcular o período payback simples do projeto representado pela tabela abaixo: Investimento Inicial $ 40.000 Ano Receita Líquida 1 $10.000 2 $10.000 3 $10.000 4 $10.000 5 $10.000 2,1 000.50 000.60 RBC 0 1/ cn c CRM n i j 3,0 000.504 000.60 / CRM c c0 Viabilidade Econômica de Projetos 29 No caso de uma série mista as receitas líquidas devem ser acumuladas até a recuperação do investimento inicial. Explicando melhor, se a recuperação do investimento inicial estiver entre cj e cj+1 o payback será dado pela seguinte equação Figura 11.2: Quadro de Oportunidades de Investimento e do CMaPC; (Gitman; 1987) onde tj corresponde a receita líquida no período j. Portanto, dado um período máximo de retorno (PMÁX) estabelecido pela empresa, o projeto seria aceito se < PMÁX. Exemplo 6.4: Uma empresa de Blumenau, SC, está tentando avaliar a viabilidade de investir $95.000,00 num equipamento cuja vida útil é de cinco anos. A empresa estimou as receitas líquidas conforme a tabela abaixo: Ano Receita Líquida 1 $20.000 2 $25.000 3 $30.000 4 $35.000 5 $40.000 Calcular o período Payback para o investimento proposto. Verifica-se que o período Payback está entre o terceiro e o quarto ano. Logo aplicando fórmula: anosT 4 000.10 000.40 1 1 0 j j i i j c cc t anosT 57,3 000.35 000.75000.95 3 Viabilidade Econômica de Projetos 30 As vantagens das técnicas expeditas de análise de investimentos: 1. Cálculo é bastante simples e de fácil interpretação; 2. No caso do payback fornece medidas de risco e de liquidez, uma vez que quanto menor é o prazo de recuperação mais segurança e maior liquidez o projeto terá. As desvantagens das técnicas expeditas de análise de investimentos são: 1. Não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, isto é, trabalha com um custo de capital igual a zero; 2. Prazo máximo tolerado é definido de forma subjetiva; 3. No caso do Payback, este não reconhece as receitas líquidas após o tempo de recuperação do investimento, possibilitando assim a escolha de projetos de curta maturação e baixa rentabilidade, em detrimento daqueles que tenham longa maturação e alta rentabilidade. 6.1.4- Payback Descontado (Td) Neste caso as receitas líquidas não possuem o mesmo peso, isto é, dependem da taxa de desconto e do instante que ocorre no tempo. Sua fórmula é dada por: Exemplo 6.5: Calcular o Payback Descontado do exemplo 6.4, supondo uma taxa de desconto de 10% ao ano. Anos Fluxo de Caixa Valor Presente Acumulado (t=0) 0 -$95.000 -$95.000 -$95.000 1 $20.000 $18.182 -$76.818 2 $25.000 $20.661 -$56.157 3 $30.000 $22.539 -$33.617 4 $35.000 $23.905 -$9.712 5 $40.000 $24.837 $15.125 1 1 1 0 )1( )1( j j j k k k jd i c i c c tT Viabilidade Econômica de Projetos 31 5,4 837.24 288.8500.95 4 Td (quatro anos e seis meses) Observa-se que Td > T. Apesar de considerar o valor do dinheiro no tempo, ainda apresenta a desvantagem de não reconhecer o fluxo de caixa que ocorremapós o período de recuperação do investimento. 6.2- Indicadores mais precisos 6.2.1- Valor Presente Líquido (VPL) Também chamado de Valor Atual Líquido (VAL), desconta o fluxo de caixa de um projeto a uma taxa especificada (taxa de desconto ou custo de oportunidade de capital ou custo de capital). Portanto, sua expressão é dada por: onde: i – taxa de desconto. As demais variáveis já foram descritas anteriormente. j n j j i c VPL )1( 0 Viabilidade Econômica de Projetos 32 O critério de decisão desse método determina que enquanto VPL > 0, o projeto deve ser aceito. As vantagens do VPL são: i. Sinaliza se o valor da empresa está aumentando ou diminuindo com a entrada do projeto; ii. Inclui todos os benefícios e custos decorrentes tanto da implantação quanto da operação do projeto ao longo da sua vida útil; iii. Considera o fator tempo no valor do dinheiro ao estabelecer uma taxa de desconto; Já as desvantagens podem ser citadas: i. Obrigatoriedade de definir a taxa que descontará o fluxo de caixa; ii. Os analistas de investimentos normalmente preferem trabalhar com medidas que sejam expressas em percentagem do que em valores monetários. Exemplo 6.6: Analisar a viabilidade do projeto do exemplo 6.5, utilizando o método do VPL. Como VPL > 0 tem-se que o projeto é viável. 6.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) É a taxa de juros que iguala o valor atual do fluxo de caixa de um projeto a zero, isto é, deve ser verificada a seguinte expressão: VPL (TIR) = 0 O critério de decisão compara a TIR com o custo de capital da empresa (k)8, sendo que o projeto de investimento deve ser aceito se TIR > k. 8 Também pode ser comparada com uma taxa mínima de atratividade pré-estabelecida. 125.15$ )1,01( 000.40 )1,01( 000.35 )1,01( 000.30 )1,01( 000.25 )1,01( 000.20 000.95 5432 VPL Viabilidade Econômica de Projetos 33 Exemplo 6.7: Analisar a viabilidade do projeto do exemplo 6.5, utilizando o método da TIR. TIR 15,362 % ao ano. Como TIR é maior que a taxa de desconto (10% ao ano) tem-se que o projeto é viável. Observação: O gráfico, a seguir, apresenta a evolução do VPL em função da taxa de desconto. Análise do VPL -40.000,00 -30.000,00 -20.000,00 -10.000,00 0,00 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 60.000,00 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% i VP L( i) TIR=15,36% ao ano Observa-se pelo gráfico acima que o projeto apresenta-se viável para taxas de desconto inferiores a 15,362% ao ano, isto é, as receitas líquidas futuras compensam o capital investido para taxas inferiores a TIR. A TIR tem como principal vantagem o fato de seu resultado apresentar-se sob forma de taxa de juros, o que facilita a compreensão de todos os interessados no projeto. Todavia, dado que a expressão acima representa um polinômio de grau n pode acontecer, no caso de projetos não convencionais, dos resultados apresentarem soluções complexas, negativas ou mais de uma solução para taxa de retorno, caso haja mais de uma raiz positiva. Para saber se o polinômio originado do cálculo da TIR apresenta mais de uma solução real e positiva pode-se utilizar a Regra de Sinais Descartes oriunda do estudo das equações polinomiais. Esta enuncia que “...o número de raízes maiores que –1, ou maiores que 100%, é igual ou menor que o número de mudanças de sinais do fluxo de caixa” (Laponi, 1996). Um projeto do tipo convencional, por apresentar uma mudança de sinal no fluxo de caixa, possui apenas uma TIR. O projeto apresentado no exemplo 6.7 é do tipo convencional e, portanto, possuirá apenas uma raiz real (TIR = 15,362 % ao ano). 0 )1,01( 000.40 )1,01( 000.35 )1,01( 000.30 )1,01( 000.25 )1,01( 000.20 000.95 5432 Viabilidade Econômica de Projetos 34 A utilização deste método é visto com cuidado por Faro (1995): “... para que tal regra faça sentido é necessário que certas condições sejam satisfeitas; em particular, devem ser verificadas condições de consistência e de unicidade, que são de natureza matemática. Adicionalmente, deve também ser satisfeita uma condição de consistência, que é de cunho econômico. Isto é, o resultado da avaliação não pode entrar em conflito com o que seria obtido via o emprego do chamado método do valor atual (ou valor presente líquido).” Exemplo 6.8: Suponha que um projeto de investimento se comporte segundo o fluxo de caixa representado pela tabela abaixo. Anos Fluxo de Caixa ($) 0 0 1 180 2 100 3 50 4 -1.900 5 600 6 550 7 400 8 200 Viabilidade Econômica de Projetos 35 Pela Regra de Descartes verifica-se que existem duas TIR’s, o que é confirmado pelo gráfico de VPL (supondo i = 10% a.a.) abaixo. -100 -50 0 50 100 150 200 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% i VP L Pelo gráfico acima, o comportamento do VPL sinaliza que a primeira TIR está entre 5% e 10% e a segunda entre 65% e 70%. Utilizando a função financeira TIR da planilha Excel e informando taxas estimadas compatíveis com os intervalos apresentados, tem-se: TIR1 = 7,44% ao ano e TIR2 = 69,47% ao ano. 6.2.3- Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) A TIRM é definida como a taxa de desconto que iguala o valor futuro das entradas de caixa ao valor presente das saídas de caixa de um projeto. Esta medida é definida pela seguinte fórmula: onde: SCt - saída de caixa no período t; ECt – entrada de caixa no período t; n – vida útil do projeto; k – custo de capital. O Projeto de Investimento é viável se TIRM > k. n n t tn tn t t t TIRM kEC k SC )1( )1( )1( 0 0 Viabilidade Econômica de Projetos 36 Exemplo 6.9: Calcular a TIRM do exemplo 6.8, para um custo de capital de 10% aa. Verifica-se que TIRM 9,65 a.a., Portanto, o projeto não é viável. Brigham & Weston & (2000) apresentam algumas vantagens da TIRM: i. Supõe que os fluxos de caixa são reinvestidos ao custo de capital; ii. Soluciona o problema da TIR múltipla; iii. A TIRM é tão boa quanto o VPL quando da escolha entre projetos mutuamente exclusivos. 6.2.4- Valor Uniforme Líquido (VUL) O VUL é a diferença entre os valores das séries uniformes das entradas e saídas e caixa de um projeto. ou Exemplo 6.10: Calcule o VUL do exemplo 6.5, para uma taxa de desconto de 10% ao ano... VUL = $3.989,87, logo o projeto é viável Exemplo 6.11: Calcule o VUL do exemplo 6.8, para uma taxa de desconto de 10% ao ano. VUL = -$6,05, logo o projeto deverá ser rejeitado. 1)1( )1( )1()( 0 n n t n t tt k kk kSCECVUL 1)1( )1( n n k kk VPLVUL Viabilidade Econômica de Projetos 37 6.2.5- Razão Benefício/Custo (RBC) Relação entre o valor presente das receitas brutas (Bj) e o valor presente dos custos (Cj), cuja expressão é a seguinte: 0 )11( 0 )1( j SC n j i EC n RBC j j O critériode decisão, para esta medida, considera que o projeto será viável se, a uma taxa de atratividade (i), a razão benefício/ custo for superior a unidade. Apesar de ser bastante utilizado, este indicador tem como principal desvantagem a possibilidade de manipulações algébricas, que podem alterar a viabilidade de um projeto.9 Exemplo 6.12: Calcule o RBC do exemplo 6.5, para um custo de capital de 10% aa. Como RBC > 1, projeto é viável. Exemplo 6.13: Calcule o RBC do exemplo 6.8, para um custo de capital de 10% aa. . Conclusão: Como RBC < 1, o projeto é rejeitado. 9 Uma outra forma de definir o B/C seria colocar no numerador a receita líquida (receita menos custos operacionais), deixando no denominador apenas o custo de investimento. RBC = 110.421,90 = 1,16 95.000 RBC = 1.265,42 = 0,98 1.297,73 Viabilidade Econômica de Projetos 38 6.3- Fluxo de caixa em ambiente inflacionário O longo prazo de operação de um empreendimento requer a consideração, mesmo na hipótese de estabilidade monetária, da questão da inflação no fluxo de caixa. Conforme é do conhecimento geral, existem índices setoriais (construção civil, produtos agropecuários), como também aqueles cujo processo de cálculo é função de vários fatores (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna, da Fundação Getúlio Vargas)10 . Neste contexto, suponha um fluxo de caixa de um projeto de investimento simples, definido em moeda corrente, com vida útil igual a n períodos, k a taxa de inflação medida no período k e r o custo de capital medido pela taxa real de juros. O VPL desse projeto é dado por: Exemplo 6.14: Considere que um projeto de investimento se comporte segundo o fluxo de caixa representado pela tabela abaixo, em moeda corrente. Anos Fluxo de Caixa a Preços Correntes (R$) 0 -200.000,00 1 150.000,00 2 100.000,00 3 50.000,00 Suponha que o custo de capital, medido pela taxa real, seja de 10% a.a, para uma taxa de indexação constante igual a 5% a.a: Logo, VPL = $ 37.281,94. Se considerarmos o fluxo de caixa a preços constantes. Anos Fluxo de Caixa a Preços Constantes (R$) 0 -200.000,00 1 142.857,14 2 90.702,95 3 43.191,88 Neste caso o VPL deverá ser calculado com um custo de capital em termos de taxas de juros real, portanto: VPL = $ 37.281,94 10 Outras instituições que também calculam índices de inflação: IBGE, FIPE, DIEESE n j j j i c cVPL 1 0 )1( Viabilidade Econômica de Projetos 39 Observa-se que existe uma indiferença em considerar a inflação nas alternativas de investimento. Entretanto, deve-se tomar cuidado com essa afirmativa, uma vez que isso só acontece se e somente se a inflação afetar igualmente todos os componentes do fluxo de caixa. Como essa hipótese dificilmente acontece pois muitas vezes os financiamentos são realizados em moedas estrangeiras, enquanto o custo de pessoal tem sua fórmula de reajuste baseado em estimativas de evolução de índices econômicos. 6.4- Exercícios de fixação Exercício 6.15: Uma companhia do interior de São Paulo, estuda a instalação de uma turbina para produção de energia elétrica. Atualmente, a energia é comprada por R$280.000,00. A turbina exigiria uma investimento inicial de R$1.400.000,00, consumindo anualmente R$58.000,00 de manutenção e R$21.000,00 de mão de obra. Sua vida útil seria de 10 anos e os impostos de seguro seriam de 3% do investimento inicial. Considerando nulo o valor residual e sendo de 12% a taxa de desconto mínima, que decisão deve ser tomada? Ano Despesa Receita Fluxo de Caixa 0 1.442.000 - -1.442.000 1 79.000 280.000 201.000 2 79.000 280.000 201.000 3 79.000 280.000 201.000 4 79.000 280.000 201.000 5 79.000 280.000 201.000 6 79.000 280.000 201.000 7 79.000 280.000 201.000 8 79.000 280.000 201.000 9 79.000 280.000 201.000 10 79.000 280.000 201.000 P(i) = -1442.000 + 201.000 FRP(12%,10) = -1442.000 + 201.000 . 5.65022 = - 306.305,78. Conclusão: o projeto não deve ser aceito !! Resolvendo-se pela HP12-C : neste problema existem duas maneiras de resolvê-la: i) Utilizando as teclas tradicionais Dado Tecla Resultado 10 n 10,00 12 i 12,00 201.000 CHS PMT -201.000,00 PV 1.135.694,83 Enter 1.135.694,83 1.442.000 CHS -1.442.000,00 + -306.305,17 Viabilidade Econômica de Projetos 40 ii) Utilizando a tecla NPV (Net Present Value) Dado Tecla Resultado Observações 12 i 12,00 Taxa de atratividade 1.442.000 CHS g CFo -1.442.000,00 Investimento inicial 201.000 g CFj 201.000,00 Fluxo de caixa 10 Nj 10,00 Repetições sucessivas do Fluxo de Caixa f NPV -306.305,17 Valor Presente Líquido Exercício 6.16: Resolva o exemplo 6.15, visto anteriormente, utilizando a TIR: Dado Tecla Resultado Observações 1.442.000 CHS g CFo -1.442.000,00 Investimento inicial 201.000 g CFjj 201.000,00 Fluxo de caixa 10 Nj 10,00 Repetições sucessivas do Fluxo de Caixa f IRR 6,54 Taxa Interna de Retorno Verifica-se que também pelo critério da TIR o projeto é inviável. Viabilidade Econômica de Projetos 41 Exercício 6.17: Suponha que um empréstimo de R$6.000.000,00 deva ser pago da seguinte forma: Do 10 ao 100 ano, 10 parcelas de R$426.143,00 Do 110 ao 130 ano, 3 parcelas de R$3.621.378,00 Qual a taxa de juros mensal embutida neste plano? R$ 3.621.378,00 R$ 426.143,00 R$6.000.000,00 A resolução deste problema através da HP !2-C é imediata, conforme pode ser vista a seguir. A resolução através de fórmulas se torna um pouco mais trabalhosa pelo fato da necessidade ter que se utilizar interpolações para o cálculo da taxa de juros. Ativar tecla c f FIN 6000000 CHS g CF0 426143 g CFj 10 Nj 3621378 g CFj 3 Nj f IRR i = 10,19 1 10 11 13 Viabilidade Econômica de Projetos 42 Exercício 6.18: É proposta a compra de determinada máquina, no valor de R$92.087,08, para fins rentáveis, sendo que o comprador, em perspectiva, tem uma taxa mínima de atratividade de 10% ao ano. A máquina proporcionará uma receita líquida de R$20.000,00 no primeiro ano, diminuindo em seguida a base de R$1000,00. O valor estimado de revenda daqui a 12 anos é de R$26.000,00. Pede-se: a) Valor Atual b) TIR c) Compra deve ser efetuada? Por quê? 26.000 20.000
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