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PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 1 Bom dia, Como estão? Espero que firmes e determinados. Então, vamos nessa. É hora de maior concentração e intensificar os estudos. Hoje vamos tratar de dois temas. O primeiro, serviços públicos. É ponto bastante cobrado nos certames. O outro, bens públicos. Já não é cobrado com tanta frequência, a não ser a classificação. Fica a dica então. Por isso, veremos o seguinte: AULA 07: 7 Serviços públicos. 7.1 Conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação. 7.2 Concessão e autorização dos serviços públicos. 3.5 Contratos de concessão de serviços públicos. 2.2 Domínio público. 2.3 Bens públicos: conceito; utilização; afetação e desafetação; regime jurídico; formas de aquisição e alienação. 2.4 Proteção e defesa de bens de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Assim, vamos ao que interessa. QUESTÕES COMENTADAS 1. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2005) O conceito de serviço público não é uniforme, pois varia em função do país e do momento histórico, e, além disso, é a legislação de cada Estado soberano que define, em cada época, quais atividades são classificáveis como serviço público. Comentário: Vê-se, pois, a difícil tarefa em definir o que seja serviço público. O curioso é que nem mesmo a Constituição ou as Leis o fazem. Com efeito, o art. 175, CF/88 assim dispõe: Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 2 sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Então, vamos perceber que a expressão serviço público pode ser concebida sob várias acepções. Em sentido geral, poder-se- ia dizer que serviço público é qualquer atividade prestada pelo Estado, ou, sob outro ângulo, serviço público poderia ser compreendido como atividades prestadas no sentido de satisfazer os anseios da coletividade. Segundo o Prof. Carvalho Filho a expressão serviço público admite dois sentidos. Um subjetivo que se considera o órgão do Estado responsável pela execução do serviço. E, outro, objetivo que diz respeito à atividade prestada pelo Estado. No entanto, há três correntes distintas que consideram serviço público segundo o critério orgânico, ou seja, serviço público é aquele prestado por órgão público do próprio Estado. Pelo critério formal que se refere ao regime jurídico. E, finalmente, pelo critério material que diz respeito à natureza da atividade. Roberto Dromi esclarece que os serviços públicos, numa interpretação positiva, podem ser vistos sob três vertentes. A primeira, uma compreensão máxima (sentido amplíssimo), serviço público corresponderia a toda atividade do Estado cujo desempenho deva ser garantido e regulado por este. Essa corrente é baseada na escola do serviço público, cujo representante máximo é Leon Duguit, para a qual a expressão serviço público englobaria todas as atividades prestadas pelo Estado, inclusive as atividades legislativas e judiciais. Em um sentido médio (sentido amplo), os serviços públicos representariam toda e qualquer atividade da Administração Pública. E, enfim, numa compreensão mínima, ou restrita (sentido estrito), serviço público seria uma importante, mas não única ou exclusiva atividade prestada pela administração pública. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 3 Nesse sentido, a par dessas concepções, o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua serviço público como “toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais -, instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo”. Hely Lopes, de forma mais simples, conceitua serviço público como sendo “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”. A profa. Di Pietro define serviço público como “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público”. E o prof. Carvalho Filho entende que é “toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”. Vê-se, portanto, que não há uma precisão acerca do conceito de serviço público, noção que, inclusive sofreu severas críticas, de maneira que se cogitou mesmo que se tivesse em decadência, culminando na França com a denominada crise da noção de serviço público, ante ao caráter relativo de seus elementos, conforme tese defendida por Louis Corail. Isso porque o Estado começou a ampliar o rol de atividades que se intitulavam serviços públicos, passando, inclusive, a englobar atividades industriais, afetando-se o elemento material. E, PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 4 também, pelo fato de o Estado não dispor de meios para prestar ele mesmo todos os serviços, tendo que delegá-los aos particulares, afetando-se o elemento o formal. No Brasil, pode-se dizer, não fomos afetados por tal crise, na medida em que para nós, serviços públicos são todos aqueles definidos por lei como dessa natureza. Assim, podemos definir serviço público como toda atividade desempenhada pela Administração Pública, direta ou indiretamente, visando à satisfação dos anseios dos administrados, sob o regime jurídico de direito público e definida em lei como tal. A título de exemplo, veja que a própria Constituição definiu algumas atividades como serviço público, tal como loteria, transporte coletivo, dentre outros. Portanto, não se pode exatamente dizer o que é serviço público, variando de Estado para Estado, de sociedade para sociedade, conforme o tempo, devendo, sobretudo, verificar o que a lei define a tal respeito. Para arrematar, vale citar, novamente, o Prof. Hely Lopes, para quem “o conceito de serviço público não é uniforme na doutrina, que ora nos oferece uma noção orgânica, só considerando com tal o que é prestados por órgãos públicos; ora nos apresenta uma conceituação formal, tendente a identificá-lo por características extrínsecas; ora nos expõe um conceito material, visando a defini-lo por seu objeto. Realmente, o conceito de serviço público é variável e flutua ao sabor das necessidades e contingências políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comunidade, em cada momento histórico, como acentuam os modernos publicistas”. Gabarito: Certo. 2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRT 9ª REGIÃO – CESPE/2007) Prevalece o entendimento de que o conceito de serviço público deve ser pautado pelo critério PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 5 orgânicoou subjetivo, segundo o qual serviço público é aquele prestado pelos órgãos ou entidades de natureza pública. Comentário: É cediço que a doutrina tem entendimento no sentido de que os serviços públicos podem ser caracterizados por três elementos essenciais, o material (objetivo), o subjetivo (orgânico) e o formal. O elemento material consiste na prestação de utilidade ou comodidade que seja fruível individualmente pelo cidadão. O formal, por outro lado, configura-se na submissão da atividade a regime jurídico diferenciado, especial, ou seja, o regime jurídico público. O elemento subjetivo ou orgânico, defendido por parte da doutrina, sobretudo pela profa. Di Pietro, indica que o serviço público se caracteriza pela presença do Estado com titular da atividade, o qual poderá prestá-la direta ou indiretamente. Assim, a fim de caracterizar serviços públicos, o que tem prevalecido não é o critério subjetivo (da pessoa que o titulariza), tampouco objetivo (da atividade prestada) e nem mesmo o formal (regime jurídico utilizado), mas sim a vontade soberana do Estado, que através de lei estabelece o que seja serviço público. Demonstra-se isso no que diz respeito ao transporte coletivo, as telecomunicações, que não são prestados por órgãos ou entidades da Administração, sendo delegado a particulares. Gabarito: Errado. 3. (AFCE – TCU – CESPE/2011) O direito administrativo tem como objeto atividades de administração pública em sentido formal e material, englobando, inclusive, atividades exercidas por particulares, não integrantes da administração pública, no exercício de delegação de serviços públicos. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 6 Comentário: De fato, até por força da definição de serviço público, é que se verifica que o direito administrativo tem como objeto atividades de administração pública em sentido formal e material, englobando, inclusive, atividades exercidas por particulares, não integrantes da administração pública, no exercício de delegação de serviços públicos. Gabarito: Certo. 4. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Serviço público é toda atividade material que a lei atribui diretamente ao Estado, sob regime exclusivo de direito público; assim, as atividades desenvolvidas pelas pessoas de direito privado por delegação do poder público não podem ser consideradas como tal. Comentário: Conforme o art. 175 da CF/88, devemos observar que nem todo serviço público é executado diretamente pelo Estado, eis que pode ser delegado a particulares sob o regime de concessão, permissão ou autorização. Diante disso, não se pode adotar definição que estabeleça como atividade exclusiva do Estado e submetida a regime exclusivamente público. Com efeito, conforme define a profa. Di Pietro, serviço público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público”. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 7 Vê-se, portanto, que a Administração Pública poderá prestá-los diretamente ou sob o regime de delegação, e, neste caso, a sujeição ao regime de direito público será parcial. Gabarito: Errado. 5. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) O conceito de serviço público compreende não somente a execução de determinada atividade, como também sua gestão, que deve ser desempenhada pelo Estado por intermédio da atuação exclusiva da administração centralizada. Comentário: É oportuno dizer que os serviços públicos podem ser outorgados à entidade administrativa, ou seja, à Administração Pública Indireta (serviço público outorgado), ou poderá ser delegado a particulares que passarão a executá-los, de forma temporária, sem terem a titularidade da atividade (serviço público delegado). Assim, novamente temos o mesmo erro, ou seja, de que os serviços públicos somente são prestados pelo Estado, e nesse caso, somente pela Administração centralizada (Administração Direta). É necessário destacar que a doutrina majoritariamente tem entendido que a grande diferença entre outorga e delegação é que na delegação somente se transfere a execução do serviço, enquanto na outorga tanto a execução quanto à titularidade são transferidas. Contudo, é preciso ter cuidado, pois para o Prof. Carvalho Filho, a titularidade sempre será da pessoa política (Administração Pública direta), sendo que num caso ou noutro somente se transfere a execução, seja por lei (outorga) seja por contrato (delegação). PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 8 Gabarito: Errado. 6. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) Quando o Estado processa a descentralização do serviço público por delegação contratual, ocorre apenas a transferência da execução do serviço. Quando, entretanto, a descentralização se faz por meio de lei, ocorre a transferência não somente da execução, mas também da titularidade do serviço, que passa a pertencer à pessoa jurídica incumbida de seu desempenho. Comentário: Veja essa questão. Eis aqui o ponto que citei anteriormente. E por vezes as bancas fazem exatamente isto, cobrando o posicionamento de um dado autor. Bem, como disse, para o Prof. Carvalho Filho a titularidade do serviço público sempre será da pessoa política (Administração Pública direta) na medida em que se trata de competência definida constitucionalmente e, portanto, irrenunciável. Assim, tanto a delegação quanto a outorga somente se transfere a execução, sendo a diferença apenas de natureza do ato, ou seja, na outorga a transferência da execução ocorre por força de lei, e na delegação, ocorre em razão de contrato ou ato administrativo. Ressalvo aqui, no entanto, que o entendimento majoritário da doutrina é que a outorga transfere tanto a titularidade quando a execução do serviço. Porém, o CESPE aderiu ao posicionamento do Carvalho Filho. Gabarito: Errado. 7. (ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCU – CESPE/2007) No Brasil, segundo entendimento doutrinário dominante, a PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 9 atividade em si não permite decidirmos se um serviço é ou não público, uma vez que há atividades essenciais, como a educação, que são exploradas por particulares sem regime de delegação, e há serviços totalmente dispensáveis, a exemplo das loterias, que são prestados pelo Estado como serviço público. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito administrativo.13.ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2007 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens que seguem, acerca dos serviços públicos. Segundo a corrente doutrinária conhecida como essencialista, não é possível identificar um núcleo relativo à natureza da atividade que leve à classificação de uma atividade como serviço público. Comentário: De fato, a atividade em si não nos permite definir se estamos diante de um serviço público ou não. Mas daí surge uma pergunta: Então, como poderemos saber se uma atividade é ou não serviço público? Para dar uma explicação, tentando responder a tal questionamento, duas correntes se apresentam: os essencialistas e os formalistas (legalistas). Para a corrente essencialista, uma atividade para ser considerada serviço público deveter a natureza, essência, de serviço público, ou seja, a atividade é definida como serviço público segundo a sua essencialidade à coletividade. Assim, haveria um núcleo mínimo de atividades que dada a sua natureza, essencialidade, se caracterizaria como serviço público. Para os formalistas não seria possível identificar esse núcleo de atividades essenciais a fim de caracterizar os serviços públicos. Por isso, serviço público seria toda e qualquer atividade que a Constituição ou as leis definam como tal. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 10 Vê-se, portanto, que na questão se trocou uma corrente por outra, ou seja, adotou-se a definição usada pela corrente formalista, quando se pergunta acerca do entendimento dos essencialistas. Gabarito: Errado. 8. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) Todo serviço público tem por finalidade atender a necessidades públicas, razão pela qual toda atividade de interesse público constitui serviço público. Comentário: Adentramos, mais uma vez, nos elementos que caracterizam o serviço público. Aqui se cobra o elemento material (objetivo), ou seja, a atividade em si. Poderíamos dizer que se o serviço público fosse caracterizado tão-somente pela atividade (critério material), sua definição alcançaria tudo àquilo que tivesse a natureza de ser essencial à coletividade (teoria essencialista), de modo que tudo que fosse de interesse público constituiria serviço público. Contudo, não se pode dizer que tudo que é de interesse público seja serviço público, bem como que serviço público seja qualquer atividade de interesse público. É que existem atividades que são consideradas serviços públicos sem terem o caráter de essenciais, tal como loterias. Gabarito: Errado. 9. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) Os serviços públicos, em qualquer hipótese, estão sujeitos ao regime jurídico público. Comentário: PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 11 Caracterizamos, de modo geral, o serviço público sob três aspectos: o material (atividade concreta), o subjetivo (presença do Estado) e o formal (submissão a regime jurídico público, ainda que parcialmente). Portanto, é de se concluir que os serviços públicos estão submetidos a regime jurídico de direito público. No entanto, quando prestado por particulares, por delegação, não estarão sujeitos totalmente a regime jurídico de direito público, sujeitando-se a regime de direito privado. Assim, nessa hipótese, haverá situação em que o serviço público não estará sujeito ao regime jurídico de direito público, ainda que parcialmente. Por exemplo, numa Universidade particular (autorização para prestar serviço público educacional) o regime é o privado, e só parcialmente se aplicará o público, tal como no cabimento de mandado de segurança contra ato do reitor/diretor acadêmico que não permite a matrícula de aprovado no vestibular. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DE DIRETOR DE UNIVERSIDADE PARTICULAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. Compete à Justiça Federal o processamento e julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato de dirigente de instituição particular de ensino superior no exercício de suas funções, uma vez que se trata de ato de autoridade federal delegada. Precedentes da 1ª Seção desta Corte Superior. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 661.404/DF, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2008, DJe 01/04/2008) Gabarito: Errado. 10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) Para se PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 12 atender ao princípio da igualdade dos usuários, devem-se impor prazos rigorosos ao contraente. Comentário: É consabido que os serviços públicos se sujeitam, ainda que parcialmente, a regime jurídico de direito público, o que significa submissão a regime especial, que se traduz em uma série de limitações e poderes, bem como na observância de diversos princípios, dos quais podemos citar o seguinte: Princípio da supremacia do interesse público: trata-se de princípio geral do Direito Administrativo, segundo o qual o interesse público deve preponderar em relação ao interesse particular, de modo que os serviços públicos visam satisfazer os anseios da coletividade, ressalvando-se as limitações impostas pela própria Constituição. Princípio da adaptabilidade ou mutabilidade: os serviços públicos devem acompanhar a modernização, a fim de se manterem atualizados. Assim, é permitida mudanças no regime de execução (regime jurídico) a fim de adaptá-lo ao interesse público. Princípio da impessoalidade: na prestação dos serviços públicos não pode haver discriminação entre os usuários/beneficiários. Princípio da igualdade dos usuários: estabelece que é direito do usuário ter tratamento isonômico em relação ao acesso, assim como na prestação dos serviços públicos, desde que atendidas às condições legalmente estabelecidas. Princípio da universalidade: corolário do princípio da igualdade, estabelece que os serviços públicos devem ser prestados indistintamente, de forma a abranger o maior número de beneficiários que seja possível. A propósito, o ilustre prof. Carvalho Filho cita o princípio da generalidade, que compreenderia a universalidade, PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 13 impessoalidade e a igualdade, ao salientar que “significa, de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível” e “de serem eles prestados sem discriminações entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Cuida-se de aplicação do princípio da isonomia ou, mais especificamente, da impessoalidade (art. 37, CF)”. Princípio da continuidade: os serviços públicos não podem sofrer lapso de continuidade, quer dizer que não podem ser interrompidos. É importante dizer que a Lei nº 8.987/95 (Lei de concessões e permissões de serviço público) excepciona esse princípio nos casos de a) emergência; b) prévio aviso (I - por motivos técnicos; II - por falta de pagamento). Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que não é possível o corte de energia por débitos pretéritos, ressalvando-se, no entanto, o corte por falta de pagamento (débito atual), quando tais serviços são prestados por concessionário e são remunerados por tarifa, conforme o seguinte: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. ART. 535, II, DO CPC NÃO VIOLADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO HOSTILIZADO. ENERGIA ELÉTRICA. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO PELA CONCESSIONÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR. DÉBITO SOB DISCUSSÃO JUDICIAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. SUPORTE FÁTICO DESSEMELHANTE. 1. Cuida-se, na origem, de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por CEAL - Companhia Energética de Alagoas contra decisão que, nos autos de ação declaratória negativa ajuizada por Exata Empreendimentos e Participações Ltda, deferiu a antecipação de tutela requerida, determinando a então agravante não suspender o fornecimento de energia elétrica na unidade consumidora da PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTAJUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 14 agravada, impedindo, ainda, a inclusão do nome desta no rol de devedores inadimplentes. 2. Não se vislumbra afronta aos arts. 165, 459, e 535, II, do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal local, mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos apresentados pela vencida, adotou, entretanto, fundamentação suficiente para decidir de modo integral a questão controvertida. 3. Deve ser rejeitada a alegada violação ao art. 535 do CPC, uma vez que o acórdão recorrido está devidamente fundamentado. A jurisprudência desta Corte é uníssona no sentido de que o julgador não está adstrito a responder a todos os argumentos das partes, desde que fundamente sua decisão. Precedente: AgRg no Ag 1124027, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 16/9/2009. 4. A Primeira Seção desta Corte firmou o entendimento de que a empresa concessionária do serviço poderá suspender o fornecimento de energia desde que precedido de aviso prévio, no caso de inadimplemento da conta. Precedentes: REsp 460.271/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJU 21.2.2005; REsp 591.692/RJ, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 14.3.2005; REsp 615.705/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, DJU 13.12.2004. 5. Tal orientação não se aplica ao caso dos autos, tendo em vista que o Tribunal a quo não reconheceu a inadimplência da recorrida, já que as partes discutem, na via judicial, a existência e o valor da dívida. 6. O dissídio pretoriano não restou configurado ante a ausência de similitude fática e jurídica entre os casos confrontados, o que inviabiliza o conhecimento da divergência, porquanto desatendidos os requisitos dos arts. 541, parágrafo único, do CPC, e 255 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. 7. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 854.204/AL, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/11/2010, DJe 18/11/2010) PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 15 AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E NESTA PARTE IMPROVIDO. CORTE DE ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO PRETÉRITO. PRECEDENTES DO STJ. – Conforme entendimento firmado neste Superior Tribunal de Justiça, é ilegítimo o corte de fornecimento de energia elétrica quando a inadimplência do consumidor decorrer de débitos pretéritos. Subsistentes os fundamentos do decisório agravado, nega-se provimento ao agravo regimental. (AgRg no REsp 1145884/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/11/2010, DJe 17/11/2010) Princípio da transparência: os serviços públicos devem primar pela publicidade, devem ser explícitos, devendo ser levados ao conhecimento público até para efeito de controle. Princípio da motivação: na prestação dos serviços públicos as decisões devem ser sempre fundamentadas, apresentando os fundamentos de fato e de direito. Princípio da modicidade das tarifas: significa dizer que os serviços públicos não são prestados visando ao lucro, mas visando a satisfação dos anseios da coletividade, devendo considerar àqueles que não têm condições materiais, por isso, deve sem de baixo custo, cujo intuito é, primordialmente, de apenas custear os gastos efetuados. Princípio do controle: É dever do Estado, como titular dos serviços públicos, exercer permanentemente a fiscalização sob sua prestação. A Lei nº 8.987/95 ao definir o que seria serviço adequado positivou alguns desses princípios no seu art. 6º, §1º ao expressar que serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidades das tarifas. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 16 Assim, não se trata de aplicação do princípio da igualdade dos usuários a fixação de prazos rigorosos para o contraente, eis que os serviços devem ser voltado a atendê-los, diante de suas necessidades, podem sofrer mutações (princípio da mutabilidade). Gabarito: Errado. 11. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) O princípio da igualdade dos usuários não é aplicável ao serviço público, na medida em que devem ser considerados, como regra, aspectos de caráter pessoal de cada usuário na prestação do serviço público. Comentário: Aplica-se no âmbito dos serviços públicos os princípios da impessoalidade, segundo o qual na prestação dos serviços públicos não pode haver discriminação entre os usuários. É que os serviços devem ser concebidos a atender a todos aqueles que atendam as condições e requisitos para recebê-los (igualdade dos usuários), que, como regra, deve ser estipulada de forma objetiva. Contudo, é fato que, em razão do princípio da igualdade, poderá haver tratamento no sentido de diminuir desigualdade entre aqueles que estiverem em situações desiguais. Gabarito: Errado. 12. (ANALISTA PROCESSUAL – MPU – CESPE/2010) Com base no princípio da igualdade de usuários, não cabe a aplicação de tarifas diferenciadas entre os usuários de serviços públicos. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 17 Comentário: Lembremos que o princípio da igualdade disciplina que se deva dar tratamento isonômico entre os usuários (beneficiários). Todavia, na visão mais abalizada da igualdade devemos considerar que se devam tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade a fim de diminuir suas diferenças (igualdade material/substantiva). Assim, poderá haver tarifas diferenciadas no fornecimento de energia elétrica, por exemplo, o que se denomina de tarifa social, tal como no transporte coletivo que em alguns lugares os estudantes não pagam ou pagam apenas 1/3 da tarifa. Gabarito: Errado. 13. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) Pelo princípio da continuidade do serviço público, a pessoa que satisfaça as condições legais estabelecidas faz jus à prestação de serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. Comentário: Como já observamos, de acordo com o princípio da igualdade dos usuários é direito deste, desde que atendidas às condições legalmente estabelecidas, à prestação do serviço, sem distinção, ou seja, a pessoa que satisfaça as condições legais estabelecidas faz jus à prestação de serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. Observe que o princípio da continuidade determina que os serviços públicos não podem sofrer lapso de continuidade, quer dizer que não podem ser interrompidos. Assim, não é por força do princípio da continuidade que a pessoa que satisfaça as condições legais estabelecidas faz PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 18 jus à prestação de serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal, mas por força do princípio da igualdade. Gabarito: Errado. 14. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – CESPE/2010) Um dos princípios que regem a prestação de todas as modalidades de serviço público é o princípio da generalidade, segundo o qual os serviços públicos não devem sofrer interrupção. Comentário: O princípio que estabelece que os serviços públicos não podem sofrer interrupção é o da continuidade. O princípio da generalidade, apresentado pelo prof. Carvalho Filho, estabelece que os serviços devam alcançar a maioramplitude possível, sem fazer discriminações em relação àqueles que atendam as condições para recebê-los. Gabarito: Errado. 15. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Os serviços públicos devem ser prestados ao usuário com a observância do requisito da generalidade, o que significa dizer que, satisfeitas as condições para sua obtenção, eles devem ser oferecidos sem qualquer discriminação a quem os solicite. Comentário: Conforme ressaltado, o princípio da generalidade estabelece que os serviços devam alcançar a maior amplitude possível, sem fazer discriminações em relação àqueles que atendam as condições para recebê-los. Gabarito: Certo. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 19 16. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) O reconhecimento de privilégios para a administração, como, por exemplo, a encampação, fundamenta-se no princípio da continuidade do serviço público. Comentário: De fato, tendo em vista o princípio da continuidade dos serviços públicos é conferido à Administração prerrogativas de modo a não permitir a descontinuidade dos serviços públicos. Assim, tem a Administração o poder de encampar, que significa a retomada dos serviços públicos por razão de interesse público, bem como ocupar provisoriamente instalações, pessoal ou bens dos delegatários, conforme prevê o art. 37, §3º, da Lei nº 8.987/95 (Lei de concessões e permissões): Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior. § 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis. Gabarito: Certo. 17. (AUDITOR DO ESTADO – SECONT – CESPE/2009) Tendo em vista o princípio da continuidade do serviço público, na hipótese de rescisão do contrato administrativo, a administração pública detém a prerrogativa de, nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 20 Comentário: De acordo com o art. 37, §3º, da Lei nº 8.987/95 a Administração tem o poder de encampar os serviços públicos que tenham sido objeto de delegação, podendo, ainda, ocupar provisoriamente instalações, pessoal, bens e serviços vinculados a sua prestação. AGRAVO REGIMENTAL EM SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. REQUISITOS. LEI Nº 4.348/64, ART. 4º. LESÃO À ORDEM E SAÚDE PÚBLICAS CONFIGURADA. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO. DECURSO DO PRAZO CONTRATUAL. ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. RETOMADA DO SERVIÇO PELO PODER PÚBLICO CONCEDENTE. 1. Nos casos de Mandado de Segurança, quando indeferido o pedido originário de suspensão em segundo grau, o novo pedido de suspensão, em se tratando de matéria infraconstitucional, pode ser requerido ao STJ, como na exata hipótese dos autos (Lei nº 4.348/64, art. 4º, § 1º). 2. A suspensão de liminar, como medida de natureza excepcionalíssima que é, somente deve ser deferida quando demonstrada a possibilidade real de que a decisão questionada cause conseqüências graves e desastrosas a pelo menos um dos valores tutelados pela norma de regência: ordem, saúde, segurança e economia públicas (Lei nº 4.348/64, art. 4º). 3. Extinto o contrato de concessão - destinado ao abastecimento de água e esgoto do Município -, por decurso do prazo de vigência, cabe ao Poder Público a retomada imediata da prestação do serviço, até a realização de nova licitação, a fim de assegurar a plena observância do princípio da continuidade do serviço público (Lei nº 8.987/95). A efetividade do direito à indenização da concessionária, caso devida, deve ser garantida nas vias ordinárias. 4. Com a demonstração do risco de dano alegado, impõe-se a manutenção da suspensão concedida. 5. Agravo Regimental não provido. (AgRg na SS 1.307/PR, Rel. Ministro EDSON VIDIGAL, CORTE ESPECIAL, julgado em 25/10/2004, DJ 06/12/2004, p. 175) PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 21 Gabarito: Certo. 18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) O uso compulsório dos recursos humanos pela administração está fundamentado no princípio da mutabilidade do regime jurídico. Comentário: O princípio da mutabilidade indica que o regime jurídico aplicado ao serviço poderá ser modificado para melhor atender ao interesse público. Assim, não é por força de tal princípio que a Administração Pública poderá fazer uso dos recursos humanos da delegatária do serviço público. Com efeito, é por força do princípio da continuidade dos serviços públicos que poderá, compulsoriamente, a Administração utilizar recursos humanos da delegatária, conforme art. art. 37, §3º, da Lei nº 8.987/95. Gabarito: Errado. 19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) Pelo princípio da mutabilidade do regime jurídico, tanto os servidores públicos quanto os usuários dos serviços públicos têm direito adquirido de manutenção de determinado regime jurídico. Comentário: Conforme estabelece o princípio da adaptabilidade ou mutabilidade os serviços públicos devem acompanhar a modernização, de modo a se manterem atualizados, permitindo-se mudanças no regime de execução a fim de adaptá-lo ao interesse público. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 22 Dessa forma, não há direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico de prestação dos serviços, eis que podem ser modificados a fim de se adaptar ao interesse público. Gabarito: Errado. 20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MG – CESPE/2009) O princípio da mutabilidade do regime jurídico é aplicável ao serviço público, motivo pelo qual são autorizadas mudanças no regime de execução do serviço para adaptações ao interesse público, o que implica ausência de direito adquirido quanto à manutenção de determinado regime jurídico. Comentário: Não há direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico de prestação dos serviços, eis que podem ser modificados a fim de se adaptar ao interesse público, conforme estabelece o princípio da mutabilidade. Questão é na verdade uma réplica da anterior. Ora, como destaquei, o princípio da mutabilidade permite mudanças no regime de execução a fim de adaptá-lo ao interesse público. Gabarito: Certo. 21. (TODOS OS CARGOS – SUPERIOR – ANEEL – CESPE/2010) Aplica-se ao serviço público o princípio da mutabilidade do regime jurídico, segundo o qual é possível a ocorrência de mudanças no regime de execução do serviço para adequá-lo ao interesse público, que pode sofrer mudanças com o decurso do tempo. Comentário: PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 23 Uma dica. O Supremo Tribunal Federal há muito tem firme entendimento no sentido de que não há direito adquirido a manutenção de regime jurídico. Assim, conforme o princípio da mutabilidade, é possível a ocorrência de mudanças no regime de execução do serviço público para adequá-lo ao interesse público, que pode sofrer mudanças com o decurso do tempo. Gabarito: Certo. 22. (ANALISTA DE TECNOLOGIADA INFORMAÇÃO – EMBASA – CESPE/2010) Considere a seguinte situação hipotética. O prefeito de um município baiano, verificando que grande parte da população desse município não tinha acesso a água potável, procurou a Fundação Nacional de Saúde para celebrar um convênio para a construção de uma estação de tratamento de água. Celebrado o ajuste, a estação foi construída. Dias após a festa de inauguração da obra, os moradores do município perceberam que não estavam se beneficiando da nova estação de tratamento, pois, na localidade, não havia rede subterrânea e ligações prediais para levar a água tratada às casas e edificações da cidade. Nessa situação, houve violação ao princípio fundamental da integralidade na prestação dos serviços públicos de saneamento básico. Comentário: Olha, quando você pensa que já viu tudo na vida, é nesta hora que devemos tomar mais cuidado. Vem o CESPE como essa: princípio fundamental da integralidade na prestação dos serviços públicos. Ora, esse princípio não diz respeito propriamente aos serviços públicos em si, mas diz respeito ao saneamento básico, e está previsto na Lei de Diretrizes Nacional do Saneamento Básico, Lei nº 11.445/2007, a qual estabelece o serviço de saneamento em si e PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 24 significa a maximização da eficácia e dos resultados do serviço em toda sua integralidade. Assim, se o serviço não foi implementado em toda a sua integralidade, não restou observado o princípio fundamental da integralidade, conforme (art. 2º, inc. II, LDNSB). Gabarito: Certo. 23. (AFCE – TCU – CESPE/2010) Os serviços públicos não essenciais, em regra, são delegáveis e podem ser remunerados por preço público. Comentário: Os serviços públicos podem ser classificados sob diversos aspectos. Nesse sentido, sobressai a lição de Hely Lopes Meirelles ao discorrer que se pode classificar os serviços públicos levando-se em conta a essencialidade, a adequação e os destinatários dos serviços. Com base nisso, podemos classificá-los em: públicos e de utilidade público; próprios e impróprios do Estado; administrativos e industriais; “uti universi” e “uti singuli”. Assim, quanto à essencialidade, temos: a) serviços públicos essenciais: são os considerados essenciais à coletividade e ao próprio Estado, prestados exclusivamente por este, por estarem ligados intimamente com suas atribuições. Tais serviços são considerados privativos do Poder Público, não podendo ser delegados. Ex. segurança pública, defesa nacional etc. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 25 A propósito, o prof. Celso Ribeiro Bastos entende que tais atividades, ligadas à soberania nacional, não são serviços públicos, sendo atos de natureza política. b) serviços de utilidade pública (não-essenciais): são os que, muito embora não sejam essenciais, são convenientes para a sociedade, visa à melhoria de vida do indivíduo na coletividade. O Poder Público pode prestá-los diretamente ou por terceiros (delegados), mediante remuneração (preço público), sendo que a regulamentação e o controle são exercidos pelo Estado. Porém, a prestação se dá por conta e risco dos delegatários. Exemplos: fornecimento de energia elétrica, telefone, de transporte coletivo. No tocante ao fornecimento de energia há entendimento no sentido de caracterizá-lo como serviço essencial (STJ). Quanto ao titular dos serviços, podem ser considerados serviços públicos próprios aqueles que são da titularidade do Estado, podendo ser prestados por este direta ou indiretamente, e serviços públicos impróprios aqueles que não são da titularidade do Estado, muito embora possam ser prestados por este. Maria Silvia Zanella Di Pietro (págs. 120/121), na linha do pensamento de Cretella Júnior (pág. 312), entende que os serviços públicos próprios podem ser prestados indiretamente, ou seja, por meio de concessão ou permissão, enquanto os serviços públicos impróprios não são assumidos, nem executados pelo Estado, mas apenas por ele autorizado, regulamentado e fiscalizado. Assim, recebem o nome de serviços públicos porque atendem aos interesses gerais, o que para alguns são serviços públicos autorizados, apenas. Quanto aos destinatários, temos: PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 26 a) serviços públicos gerais (uti universi): são os serviços públicos prestados à coletividade em geral, sem ter usuário determinado, específico, por isso não podem ser mensurados de forma individualizada. Ex. iluminação pública, educação, saúde. Tais serviços são remunerados mediante impostos ou contribuições, tal como os serviços de asfaltamento, Iluminação Pública, urbanização etc. Nesse sentido, vale citar a Súmula 670-STF: Os serviços de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. b) serviços públicos específicos (uti singuli) – são os que têm usuários determinados, individualizáveis, são também serviços postos à disposição de qualquer usuário, contudo, pode-se mensurar quanto cada um se beneficia ou utiliza dos serviços. Nesta hipótese, podemos ter serviços públicos compulsórios, ou seja, aqueles que não podem ser recusados pelo destinatário, eis que estabelecidos de forma coativa, os quais poderão ser gratuitos ou remunerados. Quando remunerados, será utilizada a taxa de serviço, espécie tributária (art. 77, CTN). Ou serão facultativos, isto é, são aqueles postos à disposição do usuário, de modo que somente pelo efetivo uso é que haverá a contraprestação remuneratória (pagamento de tarifa, que é espécie de preço público), tal como exemplo dos transportes coletivo. Quanto ao objeto temos: a) Serviços públicos administrativos são os serviços denominados meio, ou seja, aqueles destinados a atender as demandas internas da Administração ou preparatórios de outros serviços a serem prestados. (Ex: imprensa oficial) PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 27 b) serviços comerciais ou industriais são os serviços exercidos pela Administração visando a satisfação das necessidades coletivas de ordem econômica ou industrial. (Ex: atividade bancária) c) serviço público social são serviços voltados ao atendimento de necessidades sociais da coletividade, tal como educação, saúde etc. Além dessas classificações, é interessante citar o prof. Carvalho Filho, que apresenta os serviços públicos classificados em: a) delegáveis e indelegáveis; b) administrativos e de utilidade pública; c) coletivos e singulares; d) sociais e econômicos. Os delegáveis são aqueles que em razão de sua natureza podem ser exercido pelo Estado ou este poderá permite que particulares os exerça em colaboração com o poder público (transporte coletivo, fornecimento de energia elétrica). E, indelegáveis os que somente podem ser prestados pelo Estado (defesa nacional, segurança pública etc). Administrativos são aqueles exercidos para sua melhor organização do Estado (imprensa oficial etc). Os de utilidade pública são aqueles destinados aos indivíduos para sua fruição direta (postos médicos, fornecimento de energia, gás etc). Coletivos (uti universi) são os destinados à coletividade indistintamente, de acordo com as prioridades e opções definidas pela Administração Pública e em conformidade com seus recursos, ou seja, não são prestados a pessoas determinadas (ex. pavimentação deruas, iluminação pública). E, singulares (uti singuli) são prestados a pessoas ou grupos determinado de pessoas, ou seja, é individualizado, mensurável quanto cada indivíduo utilizado (ex. energia domiciliar, telefonia etc). Além disso, serviços sociais são aqueles destinadas a atender aos anseios sociais básicos, ou seja, serviços relevantes ou assistenciais e protetivos (hospitais, educacional, saneamento etc). E PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 28 econômicos representam atividades de caráter industrial ou comercial (atividade bancária). Assim, a par dessas classificações, pode-se afirmar que os serviços públicos não essenciais, em regra, são delegáveis e podem ser remunerados por preço público. Gabarito: Certo. 24. (AGENTE ADMINISTRATIVO – AGU – CESPE/2010) Entre os serviços públicos classificados como individuais, pode-se citar a disponibilização de energia domiciliar. Comentário: Os serviços públicos individuais, também denominados uti singuli, são aqueles disponibilizados de forma a ser usufruído por usuário determinado (individualizável). Significa dizer que podem ser mensurados, adotada medida de verificação do quanto é utilizado de forma singular. Observe, assim, que os serviço de iluminação pública é uti universi (geral) e o serviço de fornecimento de energia domiciliar é uti singuli (individual). Gabarito: Certo. 25. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AL – CESPE/2009) Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm por finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos, tais como os serviços de iluminação pública e de saneamento. Comentário: PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 29 Os serviços públicos individuais (uti singuli) são destinados a usuários determinados ou determináveis, de modo a usufruírem diretamente do benefício que lhe é gerado, podendo ser mensurando o quanto foi utilizado. Já os serviços gerais (uti universi) são destinados à todos indistintamente, ou seja, à coletividade, visando a satisfação geral, e só de forma indireta aos anseios de cada cidadão. São exemplos os serviços de iluminação pública, saneamento básico, saúde, educação etc. Gabarito: Errado. 26. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Consideram-se serviços públicos uti universi os que são prestados à coletividade, mas usufruídos indiretamente pelos indivíduos, como são os serviços de defesa do país contra inimigo externo e os serviços diplomáticos. Comentário: Como já observamos, os serviços públicos coletivos ou uti universi são aqueles prestados à coletividade, mas usufruídos indiretamente pelos indivíduos, como são os serviços de defesa do país contra inimigo externo e os serviços diplomáticos. Gabarito: Errado. 27. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Os serviços de iluminação pública podem ser classificados como serviços singulares ou uti singuli, já que os indivíduos possuem direito subjetivo próprio para sua obtenção. Comentário: PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 30 O serviço de iluminação pública é classificado como coletivo ou uti universi, pois utilizado por todos indistintamente. Gabarito: Errado. 28. (ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – MS – CESPE/2010) Os serviços públicos podem ser classificados, quanto ao objeto, em exclusivos e não exclusivos do Estado. Comentário: Quanto ao objeto, os serviços públicos são classificados em serviços administrativos, serviços comerciais ou industriais e serviço social. Os serviços exclusivo ou não exclusivos do Estado, para o prof. Bandeira de Mello e profa. Di Pietro, dizem respeito à execução e prestação. Os exclusivos são aqueles de prestação pelo Estado e os não-exclusivos podem ser prestados pelo Estado ou pelos particulares, indistintamente, e neste caso sob o regime de autorização e controle do poder público. Gabarito: Errado. 29. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – ANAC – CESPE/2009) O serviço postal, o Correio Aéreo Nacional, os serviços de telecomunicações e de navegação aérea são exemplos de serviços públicos exclusivos do Estado. Comentário: De fato, conforme a doutrina, e por força da Constituição, os serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X, CF/88), os serviços de telecomunicações (art. 21, XI, CF/88) e de navegação aérea (art. 21, XII) são considerados exclusivos do Estado. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 31 Cuidado que, muito embora tais serviços sejam exclusivos do Estado, não impede de haver a delegação de sua prestação, sob o regime de concessão ou permissão. Veja que aí a prestação será indireta pela Estado. O prof. Celso Bandeira os trata como de prestação obrigatório e não-obrigatório pelo Estado. Os de prestação obrigatória são exclusivo e só por este podem ser prestados ou são não- exclusivos daí podendo ser delegados facultativamente ou obrigatoriamente. Gabarito: Certo. 30. (ADVOGADO – CORREIOS – CESPE/2011) No tocante ao critério da exclusividade, o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional são considerados exemplos de serviços públicos exclusivos. Comentário: É quase repetição da questão anterior. Observe, portanto, que o serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X, CF/88) são considerados exclusivos do Estado. Gabarito: Certo. 31. (ASSESSOR TÉCNICO JURÍDICO – TCE/RN – CESPE/2009) Considera-se concessão de serviço público a delegação, a título precário, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente, a pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Comentário: Sabemos que os serviços públicos podem ser prestados diretamente pelo Estado ou indiretamente. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 32 Assim, quando o Estado os presta diretamente, denominados de prestação direta ou centralizada, ocorre quando a própria Administração direta ou entidade sua (Administração indireta), criada especificamente para isso, os executa. Os serviços serão prestados indiretamente, prestação indireta ou descentralizada do serviço, quando o Estado permite que terceiros o execute (delegação). É importante, portanto, não confundir Administração Pública indireta com a prestação indireta de serviços públicos. Esta ocorre quando terceiro executa o serviço público que é da titularidade do Estado. Lembre-se que quando a Administração transfere a prestação dos serviços à entidade sua criada para tal fim, dá-se a outorga (serviço público outorgado). Ocorre a outorga, portanto, quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público. Por outro lado, quando a execução do serviço, ou seja, a prestação é transferida ao terceiro, por meio de contrato ou ato unilateral da Administração, tem-se a delegação de serviço público, que significa a transferência temporária do serviço público a quem não é seu titular. (art. 2º, Lei nº 9.074/95), o que se denomina delegação de serviço público. No tocante à delegação de serviço público, a doutrina não é uníssona quanto às suas formas, ou espécies. Para alguns como Celso Antônio Bandeira de Mello, há duas espécies, a concessão e a permissão, para outros, como MariaSylvia e Hely Lopes, há três espécies, a concessão, a permissão e a autorização. Para efeitos didáticos, adotaremos a posição dominante, no sentido de que a delegação de serviços públicos PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 33 pode se realizada utilizando-se os institutos da concessão, permissão e autorização. Outrossim, modernamente, alguns autores vêm citando o arrendamento e a franquia como espécie de contratos que transferem a prestação de serviços públicos a particulares (arrecadação de correio, loterias etc), todavia, dado o objetivo desse curso, não entraremos em tal seara. Com efeito, no tocante à concessão de serviços públicos, verificamos a existência de duas espécies, a chamada concessão comum e a concessão especial. A concessão comum está prevista na Lei nº 8.987/95 (Lei de Concessões e Permissões) que prevê duas modalidades: concessão de serviços públicos (art. 2º, II); concessão de serviços públicos precedida de obra pública (art.2º, III). A concessão de serviço público (art. 2º, inc. II) é a delegação da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente, por meio de contrato, tendo lei que autorize, mediante licitação, na modalidade concorrência à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade para prestá-lo, por sua conta e risco e em nome próprio, com prazo determinado. A concessão de serviço público precedido de obra pública (art. 2º, inc. III) consiste na construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra, por prazo determinado. A concessão especial foi criada pela Lei nº 11.079/04 (Lei das Parcerias Público-Privadas), prevendo, também, duas hipóteses, sendo a concessão patrocinada (art.2º, §1º) e a concessão administrativa (art.2º, §2º). PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 34 A concessão patrocinada é a concessão comum, ou seja, de serviços públicos ou de obras públicas, quando envolver, além da tarifa cobrada dos usuários, contraprestação do parceiro público ao parceiro privado (art. 2º, §1º). A concessão administrativa é o contrato de prestação de serviço de que a Administração seja usuária direta ou indiretamente, ainda que envolva a execução de obra ou fornecimento e instalação de bens (art. 2º, §2º). Há também a delegação por meio da permissão de serviço público, prevista na Lei nº 8.987/95, em seu art.2º, inc. IV, definindo-a como a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. É bom saber, e eu já reprovei num concurso por causa disso (risos), que a doutrina é divergente acerca da natureza jurídica da permissão, especialmente no que diz respeito à sua formalização, se é realizada por contrato ou ato unilateral. Contudo, a Lei de concessões estabelece que se trata de contrato de adesão, nos termos do art. 40, em que pese ser instituto precário, discricionário e intuitu personae. Por isso, a permissão pode ser unilateralmente revogada, a qualquer tempo, pela Administração, sem que se deva pagar ao permissionário qualquer indenização exceto quando se tratar de permissão condicionada que é aquela em que o Poder Público se autolimita na faculdade discricionária de revogá-la a qualquer tempo, fixando o prazo de sua vigência (é denominada permissão contratual). Para facilitar nossa vida, apresento o seguinte resumo: Concessão Permissão Caráter mais estável Caráter mais precário PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 35 Exige autorização legislativa Não exige autorização legislativa, em regra Licitação só por concorrência Licitação por qualquer modalidade Só pessoas jurídicas ou consórcio de empresas Para pessoas físicas ou jurídicas Finalmente, devemos considerar ainda a autorização de serviço público, instituto que se coloca ao lado da concessão e da permissão de serviços públicos, destinando-se aos serviços mais simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência, seguindo no que couber a Lei nº 8.987/95. Ex. serviço de táxi, serviços de despachante, serviços de segurança particular. A autorização tem a característica de ser ato precário, discricionário, conferida no interesse do particular e intuitu personae, podendo ser vinculada quando lei estabelece requisitos para a concessão ou discricionária quando, muito embora se tenha requisito, caberá à administração avaliar a conveniência ou oportunidade de editar o ato. Visto isso, vê-se que a questão está errada, pois a concessão não é conferida a título precário, ante a sua natureza contratual. Gabarito: Errado. 32. (PROFESSOR – IFB – CESPE/2011) A permissão de determinado serviço público a particular pode ser interrompida pelo Estado a qualquer tempo sem a necessidade de indenização. Comentário: A permissão de serviço público é feita a título precário. Por isso, pode ser retomada a qualquer tempo e, em regra, não há direito à indenização por tal fato. Gabarito: Certo. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 36 33. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/ES – CESPE/2011) É vedada a outorga de concessão ou permissão de serviços públicos em caráter de exclusividade, uma vez que qualquer tipo de monopólio é expressamente proibido pelo ordenamento jurídico brasileiro. Comentário: A Constituição não veda todo e qualquer tipo de monopólio, na medida em que inclusive há serviços públicos prestados em regime de monopólio, como é o caso dos Correios. Assim, não é vedada a concessão ou permissão em caráter de exclusividade, muito embora não seja a regra. Gabarito: Errado. 34. (AFCE – TCU – CESPE/2010) Toda concessão de serviço público terá de ser objeto de licitação prévia na modalidade de concorrência. Comentário: De fato, tanto a concessão comum (Lei nº 8.987/95) quanto à especial (Lei nº 11.079/04) são precedidas de licitação na modalidade concorrência. A lei só não indicou a modalidade de licitação para a permissão de serviço público. Gabarito: Certo. 35. (ANALISTA DE CONTROLE INTERNO – TI – TCU – CESPE/2008) Um parlamentar apresentou projeto de lei ordinária cujos objetivos são regular integralmente e privatizar a titularidade e a execução dos serviços públicos de sepultamento de cadáveres humanos, diante da falta de PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 37 condições materiais de prestação desse serviço público de forma direta. Aprovado pelo Poder Legislativo, o referido projeto de lei foi sancionado pelo chefe do Poder Executivo. Com base na situação hipotética descrita acima, julgue o item subseqüente. O poder concedente pode intervir, por meio de decreto, na concessão, com o fim de assegurar a adequação da prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legaispertinentes. Comentário: Dentre os poderes conferidos à Administração Pública, nos contratos de concessão, temos a intervenção, que se caracteriza por ser instrumento pelo qual o poder concedente assume a administração do serviço público concedido a fim de assegurar a sua adequada prestação ou o cumprimento regular das cláusulas contratuais ou legais, conforme estabelece o art. 32 da Lei nº 8.987/95, que assim dispõe: Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes. A intervenção, de fato, ocorre por meio de decreto do poder concedente, que designará o interventor, além do prazo da intervenção, os objetivos e limites da medida, conforme preceitua o art. 32, parágrafo único, da Lei nº 8.987/95. Gabarito: Certo. 36. (AUDITOR DO ESTADO – SECONT/ES – CESPE/2009) Na concessão de serviços públicos, a concessionária poderá celebrar contratos com terceiros objetivando o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, os quais serão regidos pelo direito privado e não se estabelecerá qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 38 Comentário: De acordo com o art. 25 da Lei nº 8.987/95, incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade. Para tanto, isto é execução dos serviços concedidos, a concessionária poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados, sem prejuízo de sua responsabilidade direta. Tais contratos, celebrados entre a concessionária e os terceiros, devem observar as normas regulamentares dos serviços concedidos, e serão regidos pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente, conforme determina o §2º do art. 25. Gabarito: Certo. 37. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STF – CESPE/2008) O Ministério da Saúde firmou convênio com uma instituição privada, com fins lucrativos, que atua na área de saúde pública municipal. O objeto desse convênio era a instalação de uma UTI neonatal no hospital por ela administrado. Conforme esse convênio, a referida instituição teria o encargo de, utilizando-se de subvenções da União, instalar a UTI neonatal e disponibilizar, para a comunidade local hipossuficiente, pelo menos 50% dos leitos dessa nova UTI. No entanto, essa instituição acabou por utilizar parte desses recursos públicos na reforma de outras áreas do hospital e na aquisição de equipamentos médico-hospitalares de baixíssima qualidade. Maria, que ali foi atendida, viu sua filha recém-nascida falecer nesse hospital. Apurou-se, por meio de perícia, que a morte da recém-nascida ocorreu por PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 39 falha técnica na instalação e devido à baixa qualidade dos equipamentos ali instalados. Em face dessa constatação e visando evitar novas mortes, o município suspendeu provisoriamente o alvará de funcionamento da referida UTI, notificando-se o hospital para ciência e eventual impugnação no prazo legal. Considerando a situação hipotética apresentada acima, julgue os itens de 76 a 85, acerca dos contratos administrativos, dos serviços públicos, da responsabilidade civil e da Lei n.º 8.429/1992. A escolha pela subvenção a uma instituição privada para a prestação de um serviço público de saúde representa forma de desconcentração do serviço público. Comentário: Os serviços públicos além da prestação de forma direta (centralizada) ou indireta (descentralizada), também poderão ser prestados de forma concentrada ou desconcentrada. A prestação de forma desconcentrada se dá pelos órgãos do ente ou entidade a que incumbe a realização dos serviços. Assim, quando o Estado escolhe outra pessoa (entidade privada) para prestar o serviço público, seja por meio de subvenção, estará descentralizando a prestação do serviço e não desconcentrando. Gabarito: Errado. 38. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STJ – CESPE/200) Uma concessionária de serviços telefônicos, empresa privada, suspendeu o fornecimento do sinal de telefone da residência de Paulo, após notificá-lo da falta de pagamento das faturas referentes aos meses de abril e maio de 2008. Paulo alegou, perante a concessionária, que, nesse período, estava viajando, não promovendo qualquer ligação, fato esse constatado pela concessionária, já que lhe foi cobrado somente o valor mínimo. Com referência a esse caso PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 40 hipotético e aos serviços públicos, julgue os itens que se seguem. O valor cobrado pela concessionária caracteriza-se como taxa de serviço público, a qual pode ser cobrada pela efetiva ou potencial utilização do serviço público, já que o mesmo estava à disposição de Paulo. Comentário: A remuneração dos serviços públicos pode ocorrer mediante os impostos, por taxa de serviço público ou por tarifa (preço público). Os serviços públicos gerais são remunerados pelos impostos, e às vezes por contribuições criadas especificamente para isto, tal como a CIP (contribuição de iluminação pública). Os serviços públicos individuais é que podem ser remunerados por taxa, quando são compulsórios, de modo que usando ou não usando, quando postos à disposição do usuário, haverá a cobrança da taxa (Ex.: taxa de limpeza urbana). Quando não são compulsórios, o usuário somente pagará pelo uso do serviço, sendo, portanto, cobrada tarifa (preço público), tal qual a tarifa de água, de luz. Contudo, é possível que no contrato de fornecimento se fixe o consumo mínimo, e, neste caso, o usuário ainda que não utilize o serviço irá pagar por isso, salvo se cancelar o serviço. É certo, no entanto, que o preço cobrado pela concessionária no fornecimento de energia domiciliar não se caracteriza como taxa, mas como tarifa. Gabarito: Errado. 39. (ADVOGADO – CEHAP/PB – CESPE/2009) Como os serviços públicos objeto de concessão e de permissão são prestados por pessoas jurídicas de direito privado, os danos causados por estas aos usuários dos serviços devem ser PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 41 reparados, desde que comprovados o nexo de causalidade e a culpa da concessionária/ permissionária na ocorrência do evento danoso. Comentário: A questão aqui é envolve o disposto no art. 37, §6º, da CF/88, o qual estabelece que as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos, respondem pelos danos que seus agentes, nesta condição, causarem a terceiros. Trata-se da responsabilidade objetiva, que independe de dolo ou culpa. Assim, a concessionária ou permissionária também responderá objetivamente. Gabarito: Errado. 40. (ADVOGADO – CEHAP/PB – CESPE/2009) A doutrina brasileira é unânime ao afirmar que, caso a concessionária não tenha condições financeiras de reparar o dano por ela causado ao usuário dos serviçosprestados, o lesado somente poderá cobrar da pessoa jurídica de direito público interno que transferiu a execução dos serviços se comprovar que esse ente público concorreu para a ocorrência do evento danoso. Dessa forma, a responsabilidade subsidiária do concedente pressupõe a existência de culpa concorrente. Comentário: A doutrina é uníssona no sentido de que o poder público responde subsidiariamente em relação aos serviços prestados pelo concessionário, entendimento que também é consagrado pela jurisprudência. Vejamos: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PODER CONCEDENTE. CABIMENTO. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 42 1. Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em situações em que o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização pelos prejuízos a que deu causa. Precedentes. 2. No que tange à alegada ofensa ao art. 1º, do Decreto 20.910/32, mostra-se improcedente a tese de contagem da prescrição desde o evento danoso, vez que os autos revelam que a demanda foi originalmente intentada em face da empresa concessionária do serviço público, no tempo e no modo devidos, sendo que a pretensão de responsabilidade subsidiária do Estado somente surgira no momento em que a referida empresa tornou-se insolvente para a recomposição do dano. 3. Em apreço ao princípio da actio nata que informa o regime jurídico da prescrição (art. 189, do CC), há de se reconhecer que o termo a quo do lapso prescricional somente teve início no momento em que se configurou o fato gerador da responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, in casu, a falência da empresa concessionária, sob pena de esvaziamento da garantia de responsabilidade civil do Estado nos casos de incapacidade econômica das empresas delegatárias de serviço público. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1135927/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 19/08/2010) No entanto, ainda que seja subsidiária, trata-se de responsabilidade objetiva nos moldes do art. 37, §6º, CF/88, não qual é necessária a demonstração de culpa, em especial concorrente (culpa do lesado e do agressor). ADMINISTRATIVO. DANOS MATERIAIS CAUSADOS POR TITULAR DE SERVENTIA EXTRAJUDICIAL. ATIVIDADE DELEGADA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem julgou procedente o pedido deduzido em Ação Ordinária movida contra o Estado do Amazonas, condenando-o a pagar indenização por danos imputados ao titular de serventia. 2. No caso de delegação da atividade estatal (art. 236, § 1º, da Constituição), seu desenvolvimento deve se dar por conta e risco do PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 43 delegatário, nos moldes do regime das concessões e permissões de serviço público. 3. O art. 22 da Lei 8.935/1994 é claro ao estabelecer a responsabilidade dos notários e oficiais de registro por danos causados a terceiros, não permitindo a interpretação de que deve responder solidariamente o ente estatal. 4. Tanto por se tratar de serviço delegado, como pela norma legal em comento, não há como imputar eventual responsabilidade pelos serviços notariais e registrais diretamente ao Estado. Ainda que objetiva a responsabilidade da Administração, esta somente responde de forma subsidiária ao delegatário, sendo evidente a carência de ação por ilegitimidade passiva ad causam. 5. Em caso de atividade notarial e de registro exercida por delegação, tal como na hipótese, a responsabilidade objetiva por danos é do notário, diferentemente do que ocorre quando se tratar de cartório ainda oficializado. Precedente do STF. 6. Recurso Especial provido. (REsp 1087862/AM, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/02/2010, DJe 19/05/2010) Gabarito: Errado. 41. (ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TI – TCU – CESPE/2009) Embora não empregada na atual Constituição, entidade paraestatal é expressão que se encontra não só na doutrina e na jurisprudência, como também em leis ordinárias e complementares. Os teóricos da reforma do Estado incluem essas entidades no que denominam de terceiro setor, assim entendido aquele que é composto por entidades da sociedade civil de fins públicos e não lucrativos; esse terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o Estado, e o segundo setor, que é o mercado. Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo. 21.ª ed. 2008, p. 464-5 (com adaptações). Com referência ao tema do texto acima, julgue os itens subsequentes. O Estado, quando celebra termo de parceria com organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs), abre mão de serviço público, transferindo-o à PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 44 iniciativa privada. Comentário: Qualquer que seja a forma de descentralização negocial do serviço público deve-se compreender que não há a transferência da titularidade, mas apenas da prestação do serviço (delegação). Por isso, quando se celebra termo de parceria com entidade do terceiro setor, descentraliza-se a prestação do serviço, não ocorrendo, contudo, a transferência da titularidade. Gabarito: Errado. 42. (OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – ABIN – CESPE/2010) Constitui hipótese de caducidade a retomada do serviço público pelo poder concedente, durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizadora específica e após prévio pagamento da indenização. Comentário: A concessão de serviço público, conforme prevê o art. 35 da Lei nº 8.987/95, será extinta pelo seu advento ou termo (conclusão natural), por encampação, caducidade, rescisão, anulação e falência ou extinção da pessoa jurídica (empresa concessionária) ou falecimento ou incapacidade da pessoa física (titular de empresa individual). Com efeito, extinção é termo genérico utilizado para indicar o desfazimento do contrato de concessão durante o prazo de execução ou pelo decurso desse prazo. Assim, adota-se o termo rescisão contratual. A rescisão do contrato poderá ocorrer por ato unilateral do poder concedente nos casos de encampação, caducidade e PACOTE DE EXERCÍCIOS – STJ/2012 ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 45 anulação, por decisão judicial (anulação) ou por acordo entre as partes (rescisão consensual). Em regra a rescisão irá ocorrer pelo decurso do prazo contratual (advento do termo contratual), tal como prevê a Lei nº 9.074/95 ao fixar prazos de trinta e cinco anos para concessão de geração de energia elétrica; trinta anos para a concessão de distribuição, podendo ocorrer uma prorrogação. A Encampação ou resgate é o término do contrato antes do prazo, feito pelo poder público, de forma unilateral, por razões de interesse público. Tendo em vista a conveniência do interesse público e por razões supervenientes o concessionário retoma a prestação dos serviços, conforme art. 37 da Lei nº 8.987/95, que assim dispõe: Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior. A Caducidade ou decadência é forma de extinção do contrato, antes de seu termo, pelo poder público, de forma unilateral,
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