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DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Caro candidato, Prosseguindo com nossos exercícios sobre a matéria de Direito empresarial para o concurso de Analista Judiciário – Área Judiciária – STJ, teremos, hoje, uma bateria de exercícios sobre os títulos de crédito e institutos conexos: Disciplinas Títulos de crédito: conceito de títulos de crédito, características e princípios informadores; classificação dos títulos de crédito, letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, endosso e aval; títulos de crédito comercial, industrial, à exportação, rural, imobiliário, bancário; letra de arrendamento mercantil. Ação cambial: ação de regresso; inoponibilidade de exceções; responsabilidade patrimonial e fraude à execução; embargos do devedor; ação de anulação e substituição de título. Protesto de títulos e outros documentos de dívida: legislação, modalidades, procedimentos, efeitos, ações judiciais envolvendo o protesto. Inicialmente, é relevante ressaltar que esta aula encontra-se dividida em duas partes. A primeira apresenta questões na forma certo/errado, retiradas de provas das mais diversas bancas ou por nós elaboradas, enquanto a segunda é composta por questões de múltipla escolha. Ao fim de cada parte, é apresentado o gabarito dos exercícios com os respectivos comentários acerca dos enunciados. Ademais, para um entendimento mais profundo da matéria e melhor consolidação do conteúdo cobrado no edital, também iremos trazer à baila alguma teoria sobre os temas que estão sendo discutidos, com referência à doutrina e à respectiva legislação. Registre-se, por fim, que o número de questões relativas a cada tópico é determinado de acordo com a importância dos respectivos temas e com a frequência em que são cobrados em concursos públicos. Outrossim, algumas questões podem tratar, também, de tópicos vistos em aulas passadas, tendo em vista que as questões de concurso não necessariamente abordam apenas um tema específico de cada matéria. E então candidato, vamos aos trabalhos? DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 AULA 4 Responda Certo ou Errado 1. (PUC-PR - TJ-RO - Juiz, 2011, adaptada) Relativamente aos títulos de crédito, analise as proposições a seguir: I - Atos consubstanciados em documentos apartados não influenciam no conteúdo das obrigações retratadas no título, pois dele não são considerados parte. II - Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no mesmo documento. III - O devedor pode opor a quem recebeu o título por endosso exceções fundadas sobre as relações pessoais com o credor primitivo (endossante), em virtude do negócio jurídico que deu causa à emissão do título. 2. (TJ-DFT - TJ-DF - Juiz, 2007, adaptada) Julgue as proposições seguintes acerca dos títulos de crédito: I - No caso do título de crédito à ordem, a cessão dos direitos nele incorporados realiza-se mediante endosso ou por tradição, quando se tratar de título ao portador. II - O título de crédito abstrato é aquele cuja causa da emissão é determinada e a obrigação é vinculada a essa causa que gerou o negócio. III - O princípio da cartularidade no direito cambial significa que todos os atos, declarações e assinaturas referentes ao título de crédito devem constar do próprio título. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 3. (CESGRANRIO - ANP - Especialista em Regulação, 2008, adaptada) Quanto aos títulos de crédito, julgue as afirmações abaixo. I - O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título, sendo, nesse caso, necessário conter a data e a assinatura do avalista. II - A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. III - Considera-se não escrita no título a cláusula excludente de garantia do pagamento pelo sacador. 4. (FCC - MPE-CE - Promotor de Justiça, 2011, adaptada) Sobre o endosso da letra de câmbio e da nota promissória analise as afirmações abaixo: I - No endosso pignoratício, os co-obrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. II - O endosso, que pode ser parcial, deve ser puro e simples, não se admitindo subordiná-lo a condição. III - O endossante, salvo cláusula em contrário, não é garante da aceitação ou do pagamento da letra. 5. (CESGRANRIO - Petrobrás - Profissional Júnior, 2010, adaptada) Com relação aos títulos de crédito, analise as afirmações a seguir: I - O título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produzindo efeitos quando se coaduna com os requisitos da lei. II - A letra de câmbio é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo. III - A nota promissória é uma ordem de pagamento a prazo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 6. (IESES - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2011, adaptada) Analise as assertivas abaixo: I - A obrigação do avalista da Nota Promissória é assessória em relação à obrigação do avalizado. II - No endosso translativo o credor transmite a posse do título e também a propriedade do crédito. III - O endosso parcial é nulo. 7. (CESGRANRIO - Petrobrás - Advogado, 2011, adaptada) Com base na legislação aplicável aos títulos de crédito, analise as afirmativas abaixo: I - O cheque não admite aceite. II - A duplicata mercantil é um título causal. III - É proibido o aval em relação à nota promissória. 8. (IESES - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2011, adaptada) Analise as assertivas abaixo: I - A duplicata sem aceite não pode ser protestada. II - A duplicata com aceite pode ser executada judicialmente, protestada ou não. III - O protesto é facultativo para a execução do emitente da Nota Promissória. 9. (MPE-SP - MPE-SP - Promotor de Justiça, 2011, adaptada) Considere as seguintes assertivas, relacionadas com Títulos de Crédito: I - O aval dado, na duplicata, após o vencimento produz o mesmo efeito daquele prestado anteriormente ao vencimento. II - A ação de execução do cheque prescreve em 6 (seis) meses da data do vencimento da cártula. III - Na Nota Promissória, o seu subscritor não responde da mesma forma que o aceitante da Letra de Câmbio. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 10. (PUC-PR - TJ-RO - Juiz, 2011, adaptada) Sobre as cédulas de crédito comercial, industrial e rural, avalie as assertivas abaixo: I - São ordens de pagamento, e não promessas de pagamento. II - Não admitem aval nem garantia pignoratícia ou hipotecária. III - Admitem o pacto de capitalização dos juros remuneratórios. 11. (TRF - 4ª REGIÃO - Juiz, 2010,, adaptada) Os títulos de crédito são documentos que representam obrigação pecuniária. Um dos maisconhecidos é a nota promissória, que constitui uma promessa de pagamento que uma pessoa faz a outra. Dadas as assertivas abaixo sobre nota promissória, julgue- as certo ou errado. I. A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será considerada pagável no prazo de trinta dias contados da data da emissão. II. Na falta de indicação especial, o lugar onde a nota promissória foi passada considera- se como sendo o lugar do pagamento. III. Conquanto a nota promissória de regra tenha autonomia, quando vinculada a contrato de abertura de crédito ela perde esse atributo, em razão da iliquidez do título que a originou. 12. (VUNESP - TJ-SP – Juiz, 2011, adaptada) Emitida cédula de crédito comercial representativa de uma dívida: I. sua inadimplência poderá redundar, caso mencionada a circunstância no documento, na aplicação de juros capitalizados mensalmente; II. a cédula de crédito comercial é promessa de pagamento em dinheiro, com garantia real, cedularmente constituída; III. importa em vencimento antecipado da dívida resultante da cédula, independentemente de aviso ou de interpelação judicial, a inadimplência de qualquer obrigação do emitente do título ou, sendo o caso, do terceiro prestante da garantia real. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 13. (TRT - 6ª Região/PE – Juiz, 2010, adaptada) Analise as assertivas abaixo e julgando-as corretas ou erradas. I. As notas promissórias admitem endosso parcial. II. As notas promissórias necessitam de causa e do protesto para a execução do devedor principal. III. O aval pode ser prestado por mais de uma pessoa, sendo sempre considerado uma garantia autônoma. 14. (MPE-PB - Promotor de Justiça, 2010, adaptada) Considere as asserções a seguir, respondendo se estão certas ou erradas: I - Na cédula de crédito bancário, o protesto é dispensado para garantir direito de regresso contra endossantes, avalistas e terceiros garantidores. II - A cédula de crédito bancário será transferível mediante endosso em preto, ao qual se aplicarão, no que couberem, as normas do direito cambiário, caso em que o endossatário, mesmo não sendo instituição financeira ou entidade a ela equiparada, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos, inclusive, cobrar os juros e demais encargos na forma pactuada na cédula. III - Independentemente de ter agido com má-fé ou intuito fraudatório, o credor que em ação judicial, cobrar o valor do crédito exeqüendo em desacordo com o expresso na cédula de crédito bancário, fica obrigado a pagar ao devedor o dobro do cobrado a maior. 15. (FGV - SEFAZ-RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual, 2011, adaptada) O empresário individual ou a sociedade empresária que tenha por objeto a exploração de armazéns gerais, com finalidade de guardar e conservar mercadorias emitirá, quando pedido pelo depositante, títulos denominados warrant e conhecimento de depósito. Sendo assim, considere as assertivas abaixo, respondendo certo ou errado. I - O conhecimento de depósito e o warrant são títulos que devem ser emitidos simultaneamente pelo depositário, podendo ser transmitidos unidos ou separadamente, mediante endosso. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 II - O warrant é título de crédito que confere direito de penhor sobre a mercadoria depositada em armazém geral. III - O conhecimento de depósito não pode ser penhorado ou arrestado por dívidas do portador. Questões de múltipla escolha 16. (TRT - 23ª REGIÃO/MT – Juiz, 2011) Sobre a letra de câmbio é CORRETO afirmar que: a) deve ser emitida em modelo padronizado, sendo nula se emitida em qualquer papel, ainda que preenchidos os requisitos legais; b) é inadmissível sua emissão em moeda estrangeira; c) apresentada a letra ao sacado, este pode pedir nova apresentação no prazo de 10 (dez) dias, a fim de refletir sobre o lançamento ou não do aceite, o qual se denomina "prazo de respiro"; d) prescreve em 10 (dez) anos a pretensão de haver o seu pagamento, nesta condição; e) se for emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 17. (CESPE - 2007 - MPE-AM - Promotor de Justiça) Quanto aos títulos de crédito, assinale a opção correta. a) As relações cambiais são regidas pelos princípios da autonomia e da inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé, entre outros. Assim, quando o devedor for demandado pelo legítimo portador do título, não poderá alegar possíveis exceções pessoais que possui contra o credor originário. b) O título de crédito causal representa obrigações desvinculadas do negócio jurídico que deu origem à cártula, permitindo-se considerar, quando o título é DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 posto em circulação, apenas a existência da obrigação cambial, representada por uma cártula e seu conteúdo. Por isso, para que seu titular exerça o direito de crédito dele emergente, basta a apresentação do título. c) Em decorrência do princípio da literalidade, o título de crédito em branco ou incompleto é ineficaz cambialmente; por isso, o seu posterior preenchimento, mesmo quando houver acordo prévio, poderá constituir motivo para que sejam opostas ao portador as exceções que caberiam contra o primitivo credor. Assim, ainda que tenha havido a circulação desse título, será negado pagamento e o negócio jurídico que lhe deu origem será anulável. d) O meio próprio de transferência do título de crédito à ordem é o endosso seguido de sua tradição. O endosso não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificado; o endossante é responsável não só pelo aceite, mas também pelo pagamento do crédito nele mencionado, isto é, ele se responsabiliza pela solvência do crédito. e) O aval é autônomo em relação à obrigação do devedor principal e se constitui no vencimento do título de crédito. Assim, a morte do avalista ocorrida antes do vencimento do título extingue a obrigação, não se transmitindo aos herdeiros, por não possuir caráter personalíssimo. 18. (BB CERT – CESPE, 2010) A respeito dos títulos de crédito, assinale a opção correta. a) Nas cédulas de crédito bancário, eventual garantia deve ser constituída necessariamente na própria cédula. b) O credor pela nota de crédito rural não possui qualquer privilégio sobre os bens do devedor. c) A duplicata é um título que documenta o crédito decorrente de um contrato de compra e venda ou de uma prestação de serviços. d) A lei veda expressamente aos cheques a cláusula à ordem, o endosso e o aval. e) A ordem de pagamento a terceiro é a principal característica da nota promissória. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 19. (PGE - AM - Procurador do Estado - FCC – 2010) A respeito do regime jurídico das Nota Promissórias e Letras de Câmbio, é correto afirmar: a) O emitente de uma letra de câmbio tem a mesma responsabilidade pelo pagamento do título que o emitente de uma nota promissória. b) A cláusula "à ordem", expressa no título, define a responsabilidade solidária de todos os garantidores do direito de crédito nele mencionado. c) Para a validade do endosso é indispensável a prévia anuência do devedor original, a ser dada no própriotítulo ou em documento em separado. d) O aval dado em uma nota promissória tem os mesmos efeitos da fiança prestada sem benefício de exoneração. e) A cobrança judicial do crédito mencionado em nota promissória contra o devedor principal independe do prévio protesto do título. 20. (FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 3 - Primeira Fase) Com relação ao instituto do aceite de títulos de crédito, assinale a alternativa correta. a) A duplicata pode não ser aceita, sem qualquer fundamentação pelo sacado; neste caso, ele não será responsável pelo pagamento do título. b) Para a cobrança de uma duplicata não aceita, é necessária apenas a realização de seu protesto. c) O aceite de cheque é condição essencial para que o beneficiário possa executar o sacado. d) O aceite de uma letra de câmbio torna o sacado devedor direto do título. 21. (Receita Federal - Auditor Fiscal - ESAF – 2009) Sobre a nota promissória, o cheque e a duplicata, marque a afirmativa correta. a) À exceção do cheque, a duplicata e a nota promissória constituem títulos executivos. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 b) A nota promissória, o cheque e a duplicata são títulos de crédito impróprios. c) O cheque e a duplicata são ordens de pagamento, e a nota promissória é uma promessa de pagamento. d) A nota promissória é um título causal. e) Admite-se o endosso parcial do cheque. 22. (SEFAZ - RJ - Fiscal de Rendas - FGV - 01/08/2009) Assinale a afirmativa incorreta. a) Duplicata é título de crédito causal que encontra origem em contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços. b) Se o credor não realizar o protesto por falta de aceite ou por não devolução do título, ainda assim poderá realizar o protesto por falta de pagamento. c) Nos contratos de compra e venda mercantil, o devedor poderá deixar de aceitar a duplicata: por avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; por vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; e por divergência nos prazos ou nos preços ajustados. d) Nos contratos de prestação de serviços, o devedor poderá deixar de aceitar a duplicata: quando não houver correspondência com os serviços efetivamente contratados; por vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; e por divergência de prazos ou nos preços ajustados. e) A duplicata não se configura como título executivo extrajudicial. 23. (SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - FGV – 2008) Com relação aos títulos de créditos, é correto afirmar que: a) de acordo com as disposições do Código Civil, o endossante de título à ordem não responde pelo cumprimento da prestação constante do título, salvo se este contiver cláusula expressa em contrário. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 b) o endosso se aplica apenas para representar a transferência da titularidade do crédito. c) prescreve em seis meses, contados da data da apresentação do cheque ao sacado, a ação de execução assegurada ao portador da cambial. d) a nota promissória pode ser emitida ao portador. e) o aval, instituto típico do direito cambiário, é uma garantia subjetiva e acessória prestada em título de crédito, que confere ao avalista a qualidade de devedor solidário. 24. (TJ-DF – Juiz – 2011) A letra de câmbio, por expressa disposição legal: a) é transferível por endosso, somente se contiver explícita a cláusula à ordem; b) é transferível por endosso, mesmo não contendo explícita a cláusula à ordem; c) não admite a cláusula “não à ordem”; d) nenhuma das alternativas acima (a, b, c) é correta. 25. (BB/Certificação - CESPE – 2009) Os títulos de crédito são documentos que representam o direito creditório nele inserido sendo aptos à circulação. De acordo com esse entendimento, não é título de crédito a) o cheque. b) a letra de câmbio. c) a duplicata mercantil. d) o contrato particular assinado por duas testemunhas. e) a nota promissória. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 26. (OAB - SP - 137º Exame de Ordem - CESPE – 2009) Assinale a opção em que é apresentada declaração cambial que transmite, de modo imediato, a propriedade do título de crédito. a) endosso-mandato b) endosso-penhor c) endosso puro e simples d) mera assinatura do beneficiário ou tomador no anverso do título. 27. (TJ-DF - Juiz – 2011) Quanto à sua estrutura, constitui ordem de pagamento: a) o cheque; b) a duplicata; c) a letra de câmbio; d) todas as alternativas acima (a, b, c) são corretas. 28. (MPE - PE - Promotor de Justiça - FCC – 2008) A duplicata mercantil, enquanto título causal, a) está sujeita a regime jurídico diverso do cambial. b) sujeita-se ao regime jurídico cambial e, portanto, aos princípios da cartularidade, da literalidade e da autonomia das obrigações. c) pode ser sacada em qualquer hipótese, segundo a vontade das partes interessadas. d) não se vincula especificamente a nenhum negócio jurídico. e) não pode ser tida como um título de crédito abstrato, se examinada sua origem. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 29. (OAB - Exame de Ordem 2008.1 - CESPE – 2008) De acordo com a legislação em vigor relativa a títulos de crédito, não é passível de aceite a a) letra de câmbio. b) nota promissória. c) duplicata. d) duplicata rural. 30. (TJ-DF - Juiz – 2010) A pretensão à execução da duplicata prescreve: a) em três (3) anos, contados da data do vencimento do título, contra o sacado e respectivos avalistas; b) em um (1) ano, contado da data do protesto, contra o endossante e seus avalistas; c) em um (1) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título, de qualquer dos coobrigados contra os demais; d) todas as alternativas acima (a, b, c) são corretas. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 Gabarito Questão 1: I – C, II – C, III – E. Questão 2: I – C, II – E, III – C. Questão 3: I – E, II – C, III – C. Questão 4: I – C, II – E, III – E. Questão 5: I – C, II – C, III – E. Questão 6: I – E, II – C, III – C. Questão 7: I – C, II – C, III – E. Questão 8: I – E, II – C, III – C. Questão 9: I – C, II – E, III – E. Questão 10: I – E, II – E, III – C. Questão 11: I – E, II – C, III – C. Questão 12: I – C, II – C, III – C. Questão 13: I – E, II – E, III – C. Questão 14: I – C, II – C, III – C. Questão 15: I – C, II – C, III – E. Questão 16: E Questão 17: A Questão 18: C Questão 19: E Questão 20: D Questão 21: C Questão 22: E Questão 23: A Questão 24: B Questão 25: D Questão 26: C Questão 27: D Questão 28: B Questão 29: B Questão 30: D DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 Comentários1. (PUC-PR - TJ-RO - Juiz, 2011, adaptada) Relativamente aos títulos de crédito, analise as proposições a seguir: I - Atos consubstanciados em documentos apartados não influenciam no conteúdo das obrigações retratadas no título, pois dele não são considerados parte. II - Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no mesmo documento. III - O devedor pode opor a quem recebeu o título por endosso exceções fundadas sobre as relações pessoais com o credor primitivo (endossante), em virtude do negócio jurídico que deu causa à emissão do título. Questão 1 Questão interessante, pois aborda princípios gerais dos títulos de crédito. O item I está correto e podemos enxergar nele todos os princípios relativos aos títulos de crédito. Um título de crédito é um documento, devendo bastar-se para representar o direito literal e autônomo ali inserido — princípio da cartularidade. Da mesma forma, vale o que está escrito — princípio da literalidade —, pois, caso fosse necessário um documento apartado para garantir o direito ali inscrito, este seria mais do que o título representa. Além disso, um documento apartado afetaria a autonomia do título de crédito. Este princípio estende-se para conferir autonomia a todas as obrigações contidas em um título, o que faz com que o item II também esteja correto. Já o item III está errado, tendo em vista que, pelo mesmo princípio da autonomia, um devedor não pode opor exceções que não sejam diretamente referidas ao portador de um título de crédito — aquele que o cobra — como, por exemplo, vemos na LUG, no art. 17. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 Prezado candidato, título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado. Esta definição foi formulada pelo mestre italiano Cesare Vivante e acabou positivada no Código Civil de 2002: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Porém, muito antes desta positivação, a definição já era aceita pela doutrina como a melhor descrição de um título de crédito. Nela estão contidos todos os princípios formuladores do Direito Cambiário: os princípios da cartularidade, literalidade e autonomia. Esta definição é tão perfeita que, por si só, já basta para conceituar os títulos de crédito, e o aprofundamento desta definição será feito quando estudarmos os princípios e características dos títulos de crédito a seguir. Como podemos ver na definição supra, os títulos de crédito são documentos. Ademais, são documentos necessários para o exercício de um direito. Desta necessidade aduz-se o princípio da cartularidade: somente quem possui a cártula — o documento — pode pretender que o direito nela contido seja satisfeito. Este princípio irá gerar várias regras a respeito dos títulos de crédito, assim como dele emanará várias de suas características. Um exemplo é a obrigatoriedade de se instruir a petição inicial de execução com o original do título de crédito a ser cobrado. Vejamos o seguinte artigo do Código de Processo Civil: Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial: I - com o título executivo extrajudicial [...]. Os títulos de créditos, classificados como próprios — a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata e o cheque —, são títulos executivos extrajudiciais, como determina o Código de Processo Civil: DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque [...]. Em síntese, o princípio da cartularidade implica que os títulos de crédito devem ser materializados em um documento tangível, isto é, físico. Embora a doutrina e a lei, com o objetivo de atualizar-se diante dos avanços tecnológicos, a questão dos títulos de créditos virtuais é algo que ainda é debatido. A lei não obriga que o título de crédito materialize-se em um documento necessariamente de papel, mas deve ser algo que, por exemplo, possa ser anexado a uma petição inicial; que possa ser entregue ao devedor, quando este quitar a dívida; que possa ser entregue a terceiro, quando o título for negociado. Esta exigência, como se vê, está intimamente ligada à circulação de riquezas. Se o título de crédito não for um documento que possa circular, seu objetivo não será atendido. A partir do momento em que se possa circular títulos de créditos virtuais com segurança, estes poderão ser considerados como tais, pois atenderão ao objetivo do Direito Cambiário. O princípio da literalidade, embora seja autônomo, guarda certa relação com o princípio da cartularidade. Se o título de crédito é o documento necessário para a satisfação de um crédito, neste documente devem estar contidos todos os dados para a satisfação deste crédito. Desta inferência lógica surge o princípio da literalidade. Um credor não pode exigir mais do que está descrito em um título de crédito, assim como um devedor não pode pagar menos. Caso a quitação seja parcial, esta deverá ser descrita no próprio título. Da mesma forma, endossos, avais e aceites — institutos que veremos no decorrer de nossa aula — também deverão estar contidos no documento que materializa o título de crédito. Disto infere-se que o título de crédito não é apenas um documento necessário, mas suficiente para o exercício de um direito creditício. Como todo este direito está descrito na cártula, nada mais é necessário para que ele seja exercido. Em síntese, a melhor frase que exemplifica este princípio é vale o que está no título. Assim como se diz, no direito processual, que o que não está nos autos não está no mundo, podemos dizer que o que não está no título não está no mundo, pelo menos, no mundo jurídico. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 O título pode até conter disposições sobre a incidência de juros e correção monetária, mas estas correções devem ser feitas por meros cálculos aritméticos, não necessitando a consulta de qualquer outro documento. Mais uma vez, este princípio guarda relação com o objetivo dos títulos de crédito: a circulação de riquezas. Se para isto fosse necessário outro documento ou obter dados contidos em algum outro lugar, a circulação de riquezas estaria prejudicada. Também de acordo com a suficiência dos títulos de crédito, surge o princípio da autonomia. Isto significa que cada obrigação cambiária é autônoma — independente — de qualquer outra obrigação cambiária — mesmo que contidas na mesma cártula —, assim como é independente de qualquer outro tipo de obrigação como, por exemplo, uma obrigação civil. Em sentido estrito, a autonomia significa que as obrigações contidas em um mesmo título — endossos e avais —, mesmo que invalidadas, não prejudicam as demais. Em sentido amplo, surgem dois subprincípios: o da abstração e o da inoponibilidade. Segundo o princípio da abstração, uma obrigação cambiária torna-se autônoma — independente — da obrigação que deu ensejo ao título de crédito. Por exemplo, imaginemos que A venda o bem X para B a crédito e este emite uma nota promissória em favor de A no valorda venda, documentando a dívida. Esta nota é transferida para C que passa a ser seu titular. Pelo subprincípio da abstração, mesmo que a venda seja invalidada, a obrigação cambial persiste e C poderá cobrar a dívida de B. O subprincípio da inoponibilidade decorre desta mesma situação. Quando C propuser ação de execução contra B, se aquele estava de boa-fé, este não poderá alegar que o contrato de compra e venda com A foi desfeito. Por isso, alguns doutrinadores chamam este subprincípio por um nome mais completo: inoponibilidade a terceiros de boa-fé. Isto significa que, em uma ação de execução, o devedor não pode opor exceções no que tange terceiros alheios a ela, diferentemente, como ocorre em uma cessão civil de crédito. Por questões de economia processual, um devedor poderá até opor exceções diretas àquele que lhe cobra — por exemplo, caso C fosse devedor de B em alguma outra relação jurídica —, mas isto é uma questão muito mais processual civil do que cambiária. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 2. (TJ-DFT - TJ-DF - Juiz, 2007, adaptada) Julgue as proposições seguintes acerca dos títulos de crédito: I - No caso do título de crédito à ordem, a cessão dos direitos nele incorporados realiza-se mediante endosso ou por tradição, quando se tratar de título ao portador. II - O título de crédito abstrato é aquele cuja causa da emissão é determinada e a obrigação é vinculada a essa causa que gerou o negócio. III - O princípio da cartularidade no direito cambial significa que todos os atos, declarações e assinaturas referentes ao título de crédito devem constar do próprio título. Questão 2 Mais uma questão que aborda aspectos teóricos, geralmente positivados em lei, mas que dizem respeito à teoria geral dos títulos de crédito e não a um tipo específico. O primeiro item está correto e trata da forma cambial de circulação de crédito — em oposição à civil. O fato de nossa lei permitir apenas o cheque de valor não maior do que R$100,00 ser ao portador não invalida este aspecto teórico, no qual o título ao portador circula pela mera tradição. O item II está errado. O título de crédito cuja causa da emissão é determinada e a obrigação é vinculada a essa causa que gerou o negócio é o título causal e não o abstrato. Como exemplo, temos a duplicata mercantil, que só pode ser emitida para documentar a compra e venda mercantil a prazo superior a trinta dias (L. 5.474/68, arts. 1º e 2º). O item III está correto, pois descreve, com precisão, o princípio da cartularidade. Sobre o endosso, este é o meio cambiário de transmitir os direitos em um título de crédito a outrem. Cambiário, considerando que se distingue dos meios civis de cessão de crédito. Sendo assim, é a forma padrão pela qual os títulos de crédito circulam. É possível a inclusão de cláusula não à ordem, com a qual um título de crédito será proibido de circular por endosso, embora continue sendo possível uma cessão de crédito civil. Porém, a cláusula à ordem é padrão nos títulos de DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 crédito próprios (art. 11, 1ª alínea, Lei Uniforme de Genebra — LUG —, que regula as notas promissórias e as letras de câmbio; esta servirá como paradigma nesta explicação e sempre que não estivermos tratando de um títulos específico), enquanto que a cláusula não à ordem deve ser expressa na própria cártula (idem, 2ª alínea). Como já deve ser óbvio para o caro candidato, o endosso deve ser feito na própria cártula ou em um anexo, que não pode ser uma simples folha solta ou grampeada, mas deve ser colado ao título de crédito de modo que não se possa mais soltá-lo (art. 13). O endosso pode ser feito a qualquer pessoa capaz, inclusive ao sacado, aceitante ou não, ou ao sacador (idem, 3ª alínea), podendo ainda ser feito em branco, isto é, sem designar o beneficiário (art. 13, 2ª alínea). Neste caso, deverá ser escrito, necessariamente, no verso da cártula. Um título de crédito endossado em branco poderá circular como se ao portador fosse. O detentor de uma letra é considerado portador legitimo se justifica o seu direito por uma serie ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco (art. 16). E se alguém perde ou é desapossado de sua letra de câmbio ou promissória, o detentor, demonstrando a série ininterrupta de endossos e estando de boa-fé, não é obrigado a restituí-la (art. 16, 2ª alínea). O artigo 17 traduz expressamente o princípio da autonomia: As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. Podem ser feitos quantos endossos forem possíveis e, no caso de um endosso em branco, o portador poderá, conforme o art. 14, 2ª alínea: 1º) preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa; 2º) endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 3º) remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 21 O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra (art. 14), porém, o endossante não estará desobrigado do título. Ele será, assim como o sacador, garante tanto da aceitação como do pagamento da letra (art. 15). Isto não ocorrerá caso o portador tenha recebido o título endossado em branco e transmita-o na terceira forma supra: remetendo a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar. Porém, mesmo que faça de outra forma, poderá desobrigar-se aplicando a cláusula sem garantia (art. 15). O endossante também poderá proibir um novo endosso (art. 15, 2ª alínea). Neste caso, deverá inserir uma cláusula não a ordem ao endossar a cártula. Esta obrigação do endossante é muito importante e merece ser mais bem distinguida da cessão de crédito civil e da solidariedade civil. Diz-se que o endossante torna-se co-obrigado pelo pagamento do título de crédito. Alguns chamam-no de devedor solidário, porém, esta classificação não é precisa, pois esta solidariedade não será a mesma que a solidariedade civil. Na solidariedade civil, quando um devedor solidário paga uma dívida, ele poderá demandar dos outros devedores somente a quota que eles deviam (art. 283, CC/2002). Na solidariedade cambial o codevedor poderá cobrar de todos aqueles que estiverem abaixo dele na cadeia cambial o valor integral do título de crédito. Para entendermos melhor isto, precisamos esclarecer o conceito de cadeia cambial. Imagine que uma nota promissória foi emitida pelo subscritor A em benefício do tomador B; este endossou a nota para C; que endossou para D; que endossou para E; que endossou para F. Vencida a nota, F poderá cobrar de A, B, C, D ou E o valor integral expresso na nota. Digamos que F cobre a nota, com sucesso, de D. Este, como não era o devedor principal, poderá ainda cobrar o valor integral de A, B ou C, por estarem abaixo dele na cadeia cambial. Porém, não poderá cobrar o valor de E ou F por estarem acima dele, ou seja, não eram seus endossantes. Na solidariedade civil passiva, os devedores estão no mesmo plano. Se F fosse credor de A, B, C, D e E, poderia cobrar de qualquer um deles — C, por exemplo — e, neste caso, C poderia cobrar de A, B, C ou E, mas só a quota por eles devida. A solidariedade,na modalidade civil, também pode ocorrer nos títulos de crédito, mas ela é excepcional. Ocorre, por exemplo, se há dois sacadores — DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 sendo um deles cobrado, poderá exigir do outro apenas sua quota da dívida. O mesmo acontecer com coaceitantes, coendossantes e coavalistas. No caso de uma obrigação civil, o mais semelhante a uma solidariedade cambiária que poderia ocorrer seria uma fiança. Neste caso, o fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor (art. 831, CC/2002) e terá direito de regresso pela totalidade do valor contra o afiançado. Porém, a fiança não é idêntica a uma solidariedade cambial, como veremos quando tratarmos do aval. 3. (CESGRANRIO - ANP - Especialista em Regulação, 2008, adaptada) Quanto aos títulos de crédito, julgue as afirmações abaixo. I - O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título, sendo, neste caso, necessário conter a data e a assinatura do avalista. II - A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. III - Considera-se não escrita no título a cláusula excludente de garantia do pagamento pelo sacador. Questão 3 O primeiro item está errado, já que a mera assinatura no anverso — exceto a do sacador e a do sacado — caracteriza o anverso (por exemplo, art. 11, 3ª alínea, LUG). É o endosso que pode ser feito pela mera assinatura no verso (art. 13, 2ª alínea, LUG). O item II está correto. A omissão de um requisito legal necessário implica na descaracterização do documento como título de crédito, mas não extingue a obrigação originária. Tanto é que todo título de crédito, mesmo após prescrito o direito à ação cambiária, poderá ser intentada ação causal, utilizando o documento cambial como meio de prova. O item III está também correto, pois, por exemplo, no caso das Letras de Câmbio, esta vedação está expressa no art. 9º. Isto vale para qualquer título de crédito. As características dos títulos de crédito dizem respeito à sua constituição. Esta, por sua vez, está conectada com o saque dos títulos. Vejamos uma DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 ordem de pagamento, como no caso da letra de câmbio. Esta diz respeito a uma estrutura de título de crédito no qual há três partes: a) aquele que emite o título (sacador); b) o beneficiário que irá receber a quantia (tomador); e c) aquele que deve pagar (sacado). Estas três partes não precisam, necessariamente, ser constituídas por pessoas diferentes. O art. 3º da LUG dispõe que: A letra pode ser à ordem do próprio sacador. Pode ser sacada sobre o próprio sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro. Precisam, por óbvio, ter ao menos duas pessoas, pois seria inútil alguém sacar uma letra de câmbio, em benefício dela mesma, ordenando que ela própria se pague. Igualmente, o tomador e o sacado devem ser pessoas distintas, considerando que seria absurdo alguém ordenar que uma pessoa pague a si mesma. Porém, há duas possibilidades em que duas partes se confundem em uma ordem de pagamento. A primeira é quando a letra é sacada em nome à ordem do próprio sacador, como na primeira alínea do art. 3º. Neste caso, quem emite a nota é próprio beneficiário da mesma, ou seja, está ordenando que o sacado lhe pague. Como veremos quando tratarmos das duplicatas, nos contratos de compra e venda mercantis, a Lei das Duplicatas veda que sejam sacadas letras de câmbio neste modo — à ordem do próprio sacador. Porém, mesmo que não fosse vedado, a estrutura das duplicatas é muito mais eficaz, nesta situação, do que a das letras de câmbio, como veremos. O segundo modo de emissão de uma letra de câmbio — sacada sobre o próprio sacador — fará com que esta assemelhe-se a uma promessa de pagamento e, por consequência, a uma nota promissória. Assim sendo, sobra o modo de emissão no qual todas as partes são distintas: sacador, sacado e tomador. O qual será enfatizado em nosso estudo. Quanto à estrutura das promessas de pagamento, como podemos perceber pelo que acabamos de dizer, nesta só haverá duas partes: a) o sacador ou promitente (ou, ainda, subscritor, na terminologia utilizada pela DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 LUG), que promete pagar uma quantia; b) o tomador, que será a quem a quantia deverá ser paga. Como se vê, nas notas promissórias, o sacador é a mesma pessoa que o sacado, tal como na segunda alínea do art. 3º da LUG, porém, receberá a denominação de subscritor. Estrutura dos títulos de crédito Letra emitida à ordem do próprio sacador Letra emitida sobre o próprio sacador Sacador / Tomador SacadoManda pagar ecobra de... Paga a... Emite letra em benefício próprio Sacador / Sacado Tomador Emite letra em benefício de... Cobra de... Paga a... Letra emitida à ordem de terceiro Nota promissória Sacador Tomador Sacado Emite letra em benefício de... Cobra de... Paga a... Manda pagar ao tomador Subscritor TomadorEmite nota embenefício de... Cobra de... Paga a... Como se vê, a letra emitida — ou sacada — sobre o próprio sacador é idêntica, em efeitos, à nota promissória. Apesar da LUG não vedar a modalidade, ela é totalmente redundante, para não dizer inócua. Uma observação que deve ser feita sobre a figura do sacador de uma letra de câmbio é que, conforme o art. 9º, ele é garante tanto da aceitação como do pagamento da mesma. Em outras palavras, isto significa que, caso o sacado recuse-se a pagar a letra, o sacador passa a ser o devedor e a letra funcionará tal qual uma nota promissória. Prosseguindo, como visto anteriormente, os títulos de crédito são documentos formais — devem obedecer a certos requisitos determinados em DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 Lei. Sendo assim, na falta de um dos requisitos, tanto a letra de câmbio (art. 2º) como a nota promissória (art. 76), estas, na maioria dos casos, não serão considerados títulos de crédito. Na realidade, nem poderão ser considerados como letra de câmbio ou nota promissória. Vejamos estes requisitos como manda a LUG. Requisitos das letras de câmbio (art. 1º) Requisitos das notas promissórias (art. 75) 1. A palavra “letra” (ou a expressão “letra de câmbio”) inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título. 1. Denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título. 2. O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada. 2. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada. 3. O nome daquele que deve pagar (sacado). —x— 4. A época do pagamento. 3. A época do pagamento. 5. A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento. 4. A indicação do lugar em que se efetuar o pagamento. 6. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga. 5. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga. 7. A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada. 6. A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada. 8. A assinatura de quem passa a letra (sacador).7. A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Podemos perceber que os requisitos são quase idênticos, exceto pelo fato da letra de câmbio exigir a figura do sacado. Este requisito não existe na nota promissória, pois quem deve pagar é o próprio subscritor. No que concerne a regra da obrigatoriedade dos requisitos, há exceções, tendo em vista que, em certos casos, a ausência do requisito criará uma presunção. Não havendo época do pagamento (itens nº 4 da letra de câmbio e nº 3 da nota promissória), entender-se-á que o título de crédito deve ser pago a vista (art. 2º, segunda alínea, e art. 76, idem). Na ausência de indicação do lugar do pagamento (itens nº 5 da letra de câmbio e nº 4 da nota promissória), este será o mesmo do domicílio do sacado DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 ou do subscritor, conforme o caso (mesmo artigo, supra, terceira alínea). Igualmente, não havendo o lugar do saque (itens nº 7 da letra de câmbio e nº 6 da nota promissória), considerar-se-á, respectivamente, o local aposto ao lado do nome do sacador ou do subscritor. O local do pagamento pode ser em domicílio de terceiro, em qualquer localidade (art. 4º). Conforme o princípio da autonomia, caso haja assinaturas de pessoas incapazes, causando anulação desta obrigação, esta não afetará as outras obrigações (art. 7º). Ainda, sem alguém apuser sua assinatura como representante de outrem e não tiver ou exceder tais poderes, obrigar-se-á pessoalmente (art. 8º). Além disso, como já mencionado antes, poderá haver uma estipulação de juros a serem pagos (art. 5º). Porém, não será em qualquer situação que isto será permitido. Detalharemos este tópico quando tratarmos do vencimento. Uma última observação sobre os requisitos do saque é que, mesmo sendo obrigatórios, eles só precisam estar preenchidos na ocasião da cobrança, do protesto ou do ajuizamento de uma ação de cobrança. Este entendimento é firmado tanto na jurisprudência como na própria legislação. Art. 3º do D. 2.044/1908: esses requisitos são considerados lançados ao tempo de emissão da letra. A prova em contrário será admitida no caso de má-fé do portador. Art. 891. do Código Civil: o título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. Sum. 387, STF: a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Sobre o aval, prezado candidato, traçando uma analogia, o aval está para fiança assim como o endosso está para a cessão de crédito. Porém, assim como há semelhanças, há também diferenças entre o instituto DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 cambiário e o civil. O avalista — quem dá o aval — é responsável da mesma maneira que o avalizado — a pessoa que recebe o aval — (art. 32). Da mesma forma, o fiador garante satisfazer a um credor uma obrigação assumida pelo afiançado, caso este não a cumpra (art. 818, CC/2002). Ambos têm direito de regresso: o fiador contra o afiançado (art. 831, CC/2002) e o avalista contra o avalizado (art. 32, 3ª alínea). Porém, o avalista irá se inserir em uma cadeia cambiária, podendo cobrar de qualquer coobrigado que esteja abaixo dele. Em uma fiança, isto só pode ocorrer se houver uma fiança da fiança, o que é raro. Igualmente, pode haver coavalistas, caso em que, como na fiança, se um deles pagar integralmente a dívida, só poderá demandar a cada um dos outros coavalistas pela respectiva quota. Porém, no aval, a figura do avalista do avalista — o chamado aval sucessivo — não é tão incomum quanto a do fiador do fiador. Em ambos os casos, a garantia pode ser parcial (art. 30, para o aval, e art. 823, CC/2002, para a fiança). Porém, as semelhanças param por aí. A fiança é um contrato civil acessório. Isto significa que a invalidade do contrato principal invalida a fiança (art. 824, CC/2002). No caso do aval, graças ao princípio da autonomia, a obrigação mantém-se, mesmo no caso desta ser nula por qualquer razão que não seja um vício de forma (art. 32, 2ª alínea). Ainda em razão deste princípio, o avalista não pode opor exceções relativas ao avalizado a quem o cobra. No caso da fiança, o fiador pode opor ao credor as suas exceções pessoais e as extintivas da obrigação que competem ao afiançado, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor (art. 837, CC/2002). Outra característica pessoal do aval é que não há benefício de ordem. Na fiança, o fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor (art. 827, CC/2002). No aval isto não existe, em razão também do princípio da autonomia. Quanto à constituição do aval, esta se dá na própria cártula, expressa pelas palavras “bom para aval” ou semelhante, ou, ainda, pela simples assinatura na parte frontal do título, o que não vale para o sacado ou sacador (art. 31). O aval também pode ser dado em branco e, neste caso, o avalizado será o DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 sacador (art. 31, 4ª alínea; no caso da nota promissória, será o subscritor). 4. (FCC - MPE-CE - Promotor de Justiça, 2011, adaptada) Sobre o endosso da letra de câmbio e da nota promissória analise as afirmações abaixo: I - No endosso pignoratício, os co-obrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. II - O endosso, que pode ser parcial, deve ser puro e simples, não se admitindo subordiná-lo a condição. III - O endossante, salvo cláusula em contrário, não é garante da aceitação ou do pagamento da letra. Questão 4 O primeiro item está correto. É o texto literal do art. 19, 2ª alínea, da LUG. A única vedação ao endossatário pignoratício é o endosso translatício. No mais, para todos os efeitos, é tratado como um portador comum. O item II está errado, pois o endosso parcial é vedado (art. 12, 2ª alínea, LUG), assim como o item III, tendo em vista que o endossante, salvo cláusula em contrário, é garante do pagamento da letra. Como já vimos os aspectos teóricos do endosso, passemos para a próxima questão. 5. (CESGRANRIO - Petrobrás - Profissional Júnior, 2010, adaptada) Com relação aos títulos de crédito, analise as afirmações a seguir: I - O título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produzindo efeitos quando se coaduna com os requisitos da lei. II - A letra de câmbio é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo. III - A nota promissória é uma ordem de pagamento a prazo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 Questão 5 O item I está correto. É a definição de títulos de crédito expressa por Cesare Vivante, com o acréscimo do que alguns doutrinadores chamam de princípio da tipicidade: os títulos de crédito são típicos, isto é, definidos taxativamente em lei, de modo que um documento que não contenha os requisitos definidos legalmente não será um título de crédito. O item II está também correto, pois a letra de câmbio éuma ordem de pagamento à vista ou a prazo. Fora a definição doutrinária, ela é uma ordem de pagamento, tendo em vista que está expresso no item 2 da 1ª alínea do 1º art. da LUG. É a vista ou a prazo, pois o art. 33 assim permite. O item III, por sua vez, está errado. A nota promissória não é uma ordem de pagamento, mas uma promessa de pagamento. Igualmente, além de ser unânime entre a doutrina, é o que consta no item 2 da 1ª alínea do art. 75 da LUG. Ainda está errada a afirmação de que o pagamento é sempre a prazo, já que o mesmo art. 33 aplica-se às notas promissórias (em razão do art. 77). Esta questão trata do vencimento dos títulos de crédito. Para entendermos o vencimento, é necessário que entendamos também o aceite. Vejamos, então, alguns exemplos teóricos baseados nas letras de câmbio. O sacado, de início, é uma pessoa estranha a relação cambiária. Caso não fosse, a letra de câmbio poderia ser um instrumento muito perigoso, pois qualquer pessoa poderia emiti-la, obrigando um estranho a um pagamento qualquer, em uma relação que não lhe diria respeito. Sendo assim, nas letras de câmbio existe um elemento chamado aceite, que, de forma sintética, significa que o sacado, ao dar o aceito, concorda em pagar a letra de câmbio e, a partir deste momento, torna-se aceitante. O aceitante deve escrever na própria letra a palavra “aceite” ou qualquer outra equivalente, porém, a mera assinatura do sacado no anverso — parte posterior da letra — basta como aceite (art. 25). Na nota promissória, não existe o aceite, e a primeira alínea do art. 78 dispõe que: O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 As condições do aceite serão muito influenciadas pelas condições de vencimento, daí estudarmos estes dois elementos em conjunto. Existem quatro possibilidades de vencimento, conforme o art. 33: Uma letra pode ser sacada: à vista; a um certo termo de vista; a um certo termo de data; pagável num dia fixado. A letra — assim como uma nota promissória — à vista vence no dia de apresentação ao sacado; a a um certo termo de vista vence após determinado prazo, estipulado pelo sacador, após o aceite; a a um certo termo de data vence após certo prazo a ser contado da emissão; e a pagável num dia fixado vence em uma data certa. Como se pode deduzir, a letra a um certo termo de data e a pagável num dia fixado acabam por ter o mesmo efeito. Por exemplo, tanta faz sacar uma letra, no dia 21 de junho, com vencimento fixo para 21 de dezembro, como sacar uma, na mesma data, com termo de seis meses. O art. 36 da LUG esclarece como é feita a contagem dos termos e não traz nenhum mistério, bastando a leitura do mesmo. No caso da nota promissória a um certo termo de vista, como não existe o aceite, este será substituído por um visto dado pelo subscritor, como determina a segunda alínea do art. 78. Tendo data fixa, seja em qualquer destas duas modalidades, todavia, no caso de uma letra, esta pode ser apresentada para aceite antes do vencimento (art. 21). Dado o aceite, o sacado obriga-se a pagá-la (art. 28), mas só na data de vencimento. Porém, havendo recusa ao aceite, ocorrerá vencimento antecipado e o tomador poderá cobrá-la do sacador (art. 43). Caso o sacador queira limitar a possibilidade de vencimento antecipado, ele poderá estipular data fixa ou prazo, a partir do saque, para a apresentação ao aceite (art. 22, 1ª e 3ª alíneas). Assim, mesmo que o tomador procure o sacado, antes da data estipulada, e este já lhe avise que irá recusar a letra, o DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 vencimento antecipado só ocorrerá a partir daquela data. O sacador pode, ainda, estipular o que é chamado de cláusula não aceitável (art. 22, 2ª alínea), de modo que a letra só poderá ser apresentada no próprio dia de vencimento. Esta cláusula, porem, não pode ser utilizada quando a letra dever ser paga em domicílio de terceiro ou qualquer outro localidade diferente da do sacado. No caso das letras a certo termo de vista e à vista, por regra, o tomador tem o prazo de um ano para apresentá-la ao sacado para aceite (art. 23 e art. 34, respectivamente). Porém, este prazo pode ser modificado por vontade do sacador (idem). Igualmente, nestas modalidades de vencimento, é possível estipular um prazo mínimo para a apresentação das letras para aceite, porém, a letra pagável a certo termo de vista não aceita cláusula de não aceite (art. 22, 2ª alínea). O aceite pode ser total ou parcial (art. 26). O aceite parcial pode ser limitativo — quando reduz o valor — ou modificativo — quando impõe outras condições, como dilação de prazo. Todavia, em caso de aceite parcial, também ocorrerá o vencimento antecipado. A diferença é que o aceitante obriga-se nos termos de seu aceite (art. 26, 2ª alínea). Assim, o sacador poderá cobrá-lo nos termos aceitos, na data do vencimento da letra (art. 28, 2ª alínea). Sendo apresentado à letra, ele pode pedir que a mesma seja reapresentada no dia seguinte — é o chamado prazo de respiro (art. 24, 1ª alínea) — mas não poderá reter a letra (art. 24, 2ª alínea). O aceite, apesar de facultativo ao sacado, é irretratável. Porém, uma vez aceitada a letra, o sacado não poderá voltar atrás. Antes de restituí-la, ele poderá riscar o aceite, que será considerado recusado (art. 29, 1ª alínea). Porém, se houver comunicado por escrito o portador ou qualquer outro signatário que aceitaria a letra, ficará obrigado para com estes, nos termos de seu aceite (art. 29, 2ª alínea). Vencimento Início do prazo para aceite Fim do prazo para aceite À vista Padrão: a partir do saque. Padrão: um ano. Definição: vence ao ser apresentada para aceite. Opcional: pode ser definida data certa ou prazo a partir do saque para o início do prazo; também é possível a Opcional: o prazo pode ser encurtado ou dilatado. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 inclusão de cláusula não aceitável. A um certo termo de vista Padrão: a partir do saque. Padrão: um ano. Definição: vence em um prazo iniciado a partir do aceite. Opcional: pode ser definida data certa ou prazo a partir do saque para o início do prazo; NÃO é possível a inclusão de cláusula não aceitável. Opcional: o prazo pode ser encurtado ou dilatado. A um certo termo de data Padrão: a partir do saque. O mesmo do vencimento. Definição: vence em um prazo a partir da data do saque. Opcional: pode ser definida data certa ou prazo a partir do saque para o início do prazo; também é possível a inclusão de cláusula não aceitável. Pagável num dia fixado Padrão: a partir do saque. O mesmo do vencimento. Definição: vence em uma data certa, exemplo: 01/01/2013. Opcional: pode ser definida data certa ou prazo a partir do saque para o início do prazo; também é possível a inclusão de cláusula não aceitável. 6. (IESES - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2011, adaptada) Analise as assertivas abaixo: I - A obrigação do avalista da Nota Promissória é assessória em relação à obrigação do avalizado. II - No endosso translativo o credor transmite a posse do título e também a propriedade do crédito. III - O endosso parcial é nulo. Questão 6 O primeiro item está errado. A razão disto encontra-se no princípio da autonomia.Ao contrário da fiança, que é obrigação acessória, o aval é uma obrigação autônoma, pois todas as obrigações contidas em uma cártula DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 cambial são autônomas. O segundo item também está correto, tendo em vista que é a própria definição de um endosso translatício: transmissão da posse do título — pela tradição — e transferência da propriedade do crédito. O item III está correto, pois o endosso parcial é nulo, como já vimos. Como já trabalhamos o aval e o endosso, vamos dar prosseguimento aos nossos comentários. 7. (CESGRANRIO - Petrobrás - Advogado, 2011, adaptada) Com base na legislação aplicável aos títulos de crédito, analise as afirmativas abaixo: I - O cheque não admite aceite. II - A duplicata mercantil é um título causal. III - É proibido o aval em relação à nota promissória. Questão 7 O item I está correto. É uma característica do cheque não admitir aceite, e isto encontra-se expresso no art. 6º da L. 7.357/85. O item II também está correto, pois, como já vimos, a duplicata mercantil é um clássico exemplo de título causal. Já o item III está errado, já que não há nada na LUG que vede o aval de uma nota promissória. Ao contrário, a alínea 3ª do art. 77 informa que aplicam- se às notas promissórias as disposições relativas ao aval de uma letra de câmbio. Tracemos alguns comentários sobre o cheque, deixando a duplicata para a próxima questão. O cheque é visto por uma minoria da doutrina como título de crédito impróprio. Porém, embora a maioria não concorde com este posicionamento, mesmo que não fosse o caso, a discussão seria bastante inócua, pois a Lei do Cheque (LC, L. 7.357/1985) é bastante detalhista. Se não fosse, a discussão ainda faria algum sentido para completar as lacunas da Lei. O cheque é uma ordem de pagamento, tal qual uma letra de câmbio. De DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 fato, a estrutura é semelhante, pois haverá o sacado — a instituição financeira —, o sacador — o correntista da instituição financeira — e o tomador — a pessoa que recebe o cheque. No cheque, não existe o aceite (art. 6º, LC), tendo em vista que a situação do sacado é diferente do que ocorre em uma letra de câmbio. Nesta, não se sabe qual a relação que existe entre o sacado e o sacador, eis a insegurança referente ao aceite. No caso do cheque, não. O sacado — isto é, o banco — sempre irá pagar, se houver fundos. Vejamos os seguintes artigos da LC (doravante, quando não for mencionada a Lei, qualquer artigo será referente à Lei do Cheque): Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque. § 1º - A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento. § 2º - Consideram-se fundos disponíveis: a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não subordinados a termo; b) o saldo exigível de conta-corrente contratual; c) a soma proveniente de abertura de crédito. Ou seja, no cheque, a insegurança encontra-se em relação ao sacador e não ao sacado. Por isso, muitas lojas não aceitam cheques ou só aceitam cheques especiais ou de clientes cadastrados. O cheque ainda possui a garantia de ter modelo vinculado. Uma nota promissória, por exemplo, pode ser feita em qualquer papel, e quem a confecciona pode se equivocar e esquecer algum requisito, invalidando-a como título de crédito. O cheque será feito pelo banco e só faltará algum requisito se o emitente esquecer-se de preenchê-lo. O cheque, em teoria, pode ser um título ao portador (art. 8º), porém, o art. 69, da L. 9.069/95, veda a emissão de cheques ao portador em valores superiores à R$ 100,00. Desta forma, o cheque é emitido nominalmente à ordem, por regra, ou não à ordem, quando expressamente mencionado. Quanto à última característica dos títulos de crédito, no que diz respeito DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 à causa da emissão, o cheque é abstrato, no sentido que pode ser emitido para documentar obrigações de qualquer natureza. Vejamos então os requisitos do cheque, conforme seu art. 1º: Requisitos do cheque (art. 1º) I - A denominação “cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido. II - A ordem incondicional de pagar quantia determinada. III - O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado). IV - A indicação do lugar de pagamento. V - A indicação da data e do lugar de emissão. VI - A assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. Estes são os requisitos essenciais, sem os quais o documento não é um cheque. As exceções ficam por conta do art. 2º, que assim as define: I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão. II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. Como se vê, a indicação do tomador não é requisito essencial do cheque, mas condição de pagamento imposta por outra Lei. Ademais, como já visto anteriormente, o beneficiário pode preencher seu nome de boa-fé (art. 16). Outra questão muito curiosa diz respeito ao vencimento do cheque — é sempre à vista (art. 32). Ocorre que se tornou uma prática muito comum a DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 36 realização de crediários por meio de cheques pré-datados (alguns doutrinadores insistem em chamá-los de cheques pós-datados). O fato é que um cheque pré-datado depende da boa-fé de seu tomador, pois o parágrafo único do art. 32 assim determina: “o cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação”. Ou seja, pré-datado apresentado antes da data indicada deve ser pago pelo banco. Porém, como a prática é muito comum, tanto a doutrina quanto a jurisprudência consideram haver uma obrigação contratual de não fazer do credor com o devedor — uma obrigação de não apresentar o cheque antes da data indicada. Assim, caso o pré-datado seja apresentado antes da data combinada, o emitente fará jus à indenização. S. 370, STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado.” Este situação irá se agravar, caso o emitente tenha seu nome enviado para instituições de proteção ao crédito (CCF, SPC, SERASA, etc.), na situação do cheque pré-datado apresentado antes do prazo combinado não ser pago por falta de fundos. A emissão de cheques sem fundo é tipificada como estelionato (art. 171, §2º, VI, CP), porém, apenas será crime se a emissão for dolosa e fraudulenta. Quem passar um cheque sem fundos sem a intenção de fazê-lo — como no caso do pré-datado apresentado antes do combinado — não comete crime. S. 246, STF: “Comprovado não ter havido fraude, não se configura crime de emissão de cheques sem fundos.” Caro amigo, no que diz respeito a vários institutos — como o endosso e o aval —,o cheque é muito semelhante à letra de câmbio e a nota promissória. É claro que mudam os números dos artigos, tendo em vista que são instrumentos normativos distintos. Mas basta a leitura de Lei para perceber as DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 37 semelhanças e as diferenças são autoexplicativas. Daremos ênfase, então, às diferenças. A primeira delas diz respeito ao chamado prazo de apresentação, o que não existe semelhante nos outros títulos de crédito que vimos. Nestes títulos, quando pagáveis à vista, isto significa que quando apresentado o título, este deve ser pago de imediato. No caso do cheque, não. Sendo da mesma praça — isto é, do mesmo município —, o tomador terá trinta dias para apresentá-lo; sendo de outra praça, terá sessenta dias (art. 33). A perda de prazo não significa que o beneficiário não poderá apresentar mais o cheque ao banco para liquidação. O que acontecerá é que perderá o direito de ação contra os endossantes e avalistas, caso o cheque seja devolvido por insuficiência de fundos (art. 47, II). As exceções a esta regra ocorre quando o cheque é apresentado fora do prazo e o emitente não possui mais fundos, por razões alheias à sua vontade (art. 47, § 3º), e quando ocorrer a prescrição para ação cambial (art. 35, parágrafo único, contrario sensu). Em ambos os casos, o possuidor do cheque perderá o direito de propor ação cambial contra o sacador. A prescrição da ação cambial, no caso do cheque, é de apenas seis meses (art. 59), contados do fim do prazo de apresentação. A ação de regresso tem o mesmo prazo (art. 59, parágrafo único), contado a partir do pagamento. Perdida esta ação, o portador de um cheque terá direito a ação causal, igualmente como já vimos antes. Porém, há uma ação intermediária, chamada de ação por ilocupletamento sem causa, que prescreve só dois anos depois da prescrição da ação cambial principal (art. 61). No cheque, também há a figura do protesto, porém, como praticamente todos os casos de não pagamento ocorrerão por falta de fundos, neste caso, quando o cheque é devolvido, junto a ele vem declaração do banco que suprirá o protesto (art. 47, II). Um cheque pode ser sustado de duas formas: a revogação (art. 35), também chamada de contraordem; e a oposição (art. 36). A primeira só surte efeitos após o prazo de apresentação, enquanto a segunda pode ser feita a qualquer momento. Embora a lei só determine que somente na oposição o emitente deve DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 38 fundamentar-se em relevantes razões de direito, Fabio Ulhoa sustenta que esta deve ser apresentada em ambos os casos. Nossa posição, no entanto, é que o candidato deve ater-se ao teor da Lei. Conforme o §2º do art. 36, “não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente”, porém, estas razões, a princípio, somente se fundamentam em caso de desapossamento indevido do cheque. O descumprimento da obrigação que deu razão à emissão do cheque não autoriza sua sustação, embora a jurisprudência venha relativizando o princípio da autonomia em relação a este título de crédito. O candidato deve ter em mente que a Lei Penal equipara a sustação indevida à emissão de cheques sem fundos (CP, art. 171, §2º), de modo que aquele que susta o cheque deve ter razões consistentes para tal ato, caso contrário incorrerá em conduta típica. Um último tópico a ser mencionado em relação aos cheques diz respeito às suas modalidades. Existem quatro: visado, administrativo, cruzado e para se levar em conta. No cheque visado, a pedido do emitente, o banco lança e assina no verso a declaração da existência de fundos (art. 7º). Neste caso, é obrigado a fazer a reserva desses fundos da conta do correntista, durante o prazo de apresentação (idem, parágrafo único). Um cheque, para ser visado, não pode ter sido endossado e deve ser nominal. O cheque administrativo é um cheque do próprio banco, ou seja, o emitente e o sacado são a mesma pessoa (art. 9º, III). Deve ser, igualmente, nominal, pois, caso contrário, este tipo de cheque acabaria por se tornar substitutivo da moeda. A grande vantagem deste cheque é a sua segurança — um tomador se sentirá muito mais tranquilo de receber um cheque de uma instituição bancária do que qualquer outro. Por isso, normalmente, os bancos oferecem esse serviço aos seus clientes. O cheque cruzado, como o prezado amigo já deve saber, só pode ser pago por crédito em conta (art. 45). O que o amigo talvez não saiba é que existem duas modalidades: o cruzado em branco, que é a forma usual, com dois traços transversais na face posterior do cheque; e o cruzado em preto, no qual é indicado o nome do banco a ser creditado o pagamento (art. 44, § 1º). O cheque a ser levado em conta, apesar de modalidade específica, tem DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 39 como praxe inserir no cruzamento a conta a qual deverá ser creditada a quantia mencionada no cheque (art. 46). Na prática, o tipo mais comum será o cruzado em branco. Inclusive, é quase um ato mecânico cruzar os cheques ao recebê-los. O cheque administrativo é muito utilizado em situações que exigem muita segurança, como na compra de imóveis; o visado também tem sua utilidade. Já o cruzado em preto e o a ser levado em conta são muito raros e praticamente desconhecidos do público em geral. 8. (IESES - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros, 2011, adaptada) Analise as assertivas abaixo: I - A duplicata sem aceite não pode ser protestada. II - A duplicata com aceite pode ser executada judicialmente, protestada ou não. III - O protesto é facultativo para a execução do emitente da Nota Promissória. Questão 8 Os itens I e II tratam da duplicata. O primeiro está errado, pois, é típico da duplicata o protesto por indicações, na falta de aceite. O aceite de uma duplicata é considerado obrigatório, só podendo ser recusado nos casos do art. 8º da LD, devendo, ainda, ser justificado. O segundo item, por sua vez, está correto, conforme o art. 15, I, LD. Atente-se, porém, ao fato de que esta ação só poderá ser proposta contra o sacado. O §1º do mesmo artigo informa a necessidade do protesto contra o sacador, endossantes e avalistas. O item III está correto. Segundo o art. 53 da LUG, a falta de protesto implica na perda do direito de ação contra o sacador, os endossantes e avalistas, excluindo o aceitante. O art. 78, por sua vez, equipara o subscritor — emitente — de uma nota promissória ao aceitante de uma letra de câmbio. Vamos estudar a duplicata e o protesto, agora. O protesto é DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 40 regulamentado pela Lei 9.492/1997 (doravante, LP), que em seu art. 1º define-o como: Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Todavia, esta definição não é totalmente precisa. No caso de uma letra de câmbio, por exemplo, no caso do sacador recusar a letra, será necessário protestá-la por falta de aceite. Neste caso, o sacador não será inadimplente, tendo em vista que não tinha nenhuma obrigação de aceitá-la, mas será necessário o protesto para efetuar a cobrança dos codevedores. Por isso costuma-se falar de protesto facultativo e protesto
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