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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO PROF. JOSÉ RICARDO BEZERRA NOGUEIRA LISTA DE EXERCÍCIOS II (16/09/2015) QUESTÕES ASSUNTO: FALHAS DE MERCADO 1) Seja uma sociedade composta por três indivíduos h, h = 1,2,3. Esses indivíduos consomem um bem público G de acordo com as seguintes equações de demanda: G = 60 – p1 G = 100 – p2 G = 140 – p3 Suponha que o bem público seja produzido a um custo marginal constante igual a 180. Qual a quantidade socialmente eficiente do bem público? Resposta: p1 = 60 – G; p2 = 100 – G; p3 = 140 – G ∑ph = 300 – 3G G = 40 2) Suponha que estudos científicos indiquem que os benefícios e os custos sociais marginais de emissão de dióxido de enxofre sejam dados por: Bmg = 400 – 10A Cmg = 100 + 20A em que A é a quantidade reduzida de emissão de dióxido de enxofre em milhões de toneladas. Com base nessas informações, responda: a) Qual o nível socialmente eficiente de redução das emissões de dióxido de enxofre? Resposta: Bmg = Cmg 400 – 10A = 100 + 20A A = 10 b) Quais são o benefício marginal social e o custo marginal social das reduções das emissões no nível socialmente eficiente? Resposta: Bmg = 400 – 10A = 400 – 10(10) = 300 Cmg = 100 + 20A = 100 + 20(10) = 300 3) Seja uma economia composta por dois consumidores h, h = 1,2. Esses consumidores demandam um dado bem público x, com suas demandas sendo representadas por: p1 = 100 – x p2 = 200 – 2x Determine: a) A quantidade total ótima do bem público quando o custo unitário de produção é igual a $60. Resposta: Bmg = Cmg ∑ph = p1 + p2 = 60 300 – 3x = 60 x = 80 b) O custo total do bem público e como o custo é dividido entre os dois consumidores Resposta: CTx = 80(60) = 4.800 p1 = 100 – 80 = 20 p2 = 200 – 2(80) = 40 4) Considere a seguinte situação. Uma firma produz um certo produto e durante o processo de produção emite poluentes no ar. Suponha que o custo marginal da firma, o custo marginal da externalidade e o benefício marginal associados à produção da firma sejam dados por, respectivamente: Cmg = 2 + ½q CmgE = ¼q Bmg = 9 – q onde q é o nível de produção. Considere agora que o governo planeja combater a poluição gerada pela firma através da instituição de um subsídio para a firma. Ou seja, ao invés de tributar ou multar a firma, o governo decide incentivar a firma a reduzir a emissão de poluentes através do uso de um subsídio relacionado a reduções na quantidade do produto. Mais especificamente, o subsídio é pago para cada unidade do produto que a firma reduz. Tal esquema pode ser chamado de subsídio pigouviano e é definido da seguinte forma: s = CmgE(q*), onde s é o subsídio e q* é o nível socialmente ótimo do produto. Com base nessas informações, calcule o valor do subsídio a ser pago pelo governo por unidade de produto. Resposta: CmgS = Cmg + CmgE = 2 + ¾q O nível socialmente ótimo do produto é tal que CmgS = Bmg 2 + ¾q = 9 – q q* = 4 Portanto o subsídio pigouviano é dado por s = CmgE s = ¼ q* = ¼ x 4 = 1 5) Uma firma produz certo produto q e ao fazê-lo gera uma dado nível de emissão de poluentes. Um grupo em defesa do meio-ambiente argumenta que a firma em questão deveria ser forçada a zerar a emissão de poluentes. Sabe-se que o benefício marginal social e o custo marginal social são, respectivamente: Bmg = 12 – 3q Cmg = 4 + q Pergunta-se: Zerar a emissão de poluição é socialmente eficiente? Justifique sua resposta através do cálculo dos custos marginais privado e social e do benefício marginal. Resposta: Zero de poluição requereria zero de produção e isso não seria socialmente eficiente. Zero de poluição seria alcançado para Cmg = 4 + q = 4 + 0 = 4 e Bmg = 12 – 3q = 12 – 0 = 12 Cmg ≠ Bmg O nível de q que maximiza o bem-estar social é dado por Cmg = Bmg 4 + q = 12 – 3q q* = 2 6) Seja uma economia composta por três indivíduos h, h = 1,2,3. Esses indivíduos consomem, respectivamente, as seguintes quantidades de um bem privado: x1, x 2 e x 3. Um bem público é consumido conjuntamente na quantidade G. Suponha que as preferências dos indivíduos sejam representadas pelas seguintes funções utilidade: U1 = x1G, U2 = x2G e U3 = x3G. Suponha ainda que as rendas desses indivíduos sejam, respectivamente: R1 = 30, R2 = 50 e R3 = 20. Dado que toda a renda é gasta no consumo dos bens e que o bem-estar social é definido como a soma das utilidades individuais, calcule a quantidade ótima do bem público (ou seja, aquela que maximiza o bem-estar) quando o preço do bem privado é px = 1 e o preço do bem público é pG = 10. Resposta: O bem estar-social é dado por W = U1 + U2 + U3 = x1G + x2G + x3G = (x1 + x2 + x3)G A restrição orçamentária agregada é dada por: p1x1 + p2x12 + p3x3 + pGG = R1 + R2 + R3 1. x1 + 1. x2 + 1. x3 + 10.G = 30 + 50 + 20 x1 + x2 + x3 + 10G = 100 x1 + x2 + x3 = 100 – 10G Portanto: W = (100 – 10G)G = 100G – 10G2 ∂W/∂G = 100 – 20G G = 5 7) Suponha que uma firma produza um bem q, cujo custo marginal de produção é dado por Cmg = 5 + 2q. A produção do produto q gera um resíduo tóxico que impõe um custo externo sobre os residentes da cidade onde a firma está localizada, sendo este custo, na margem, igual a 4q. Se a demanda pelo produto é dada por p = 20 - 2q, qual a quantidade socialmente ótima do produto? Resposta: Na presença de externalidades negativas, a regra ótima é dada pela igualdade entre o custo marginal social e o benefício marginal social. Temos que, Custo marginal social = (5 + 2q) + (4q) = 5 + 6q Benefício marginal social = 20 – 2q Portanto: 5 + 6q = 20 – 2q q = 15/8 = 1,87 8) Suponha uma cidade em que seus habitantes têm de decidir se usam seus carros ou o metrô. O tempo de deslocamento por metrô é de 70 minutos, qualquer que seja o número de usuários de metrô. O tempo de deslocamento por carro é dado por C(x) = 20 + 60x, onde x é a proporção de pessoas que usam carro, com 0≤ x ≤ 1. Responda: (a) Qual a proporção de pessoas que escolhem usar o carro se cada um toma sua decisão livremente e independentemente de forma a minimizar seu próprio tempo de deslocamento? Resposta: O que interessa aqui é qual a solução ótima do ponto de vista estritamente individual. Para os indivíduos, o ponto ótimo é dado pela proporção de usuários de carro será tal que os tempos de deslocamento por carro e por metrô são igualados, ou seja, 70 = 20 + 60x x = 5/6. (b) Qual a proporção de pessoas utilizando carro que maximiza o bem-estar social? Resposta: Do ponto de vista do ótimo social, o que interessa é minimizar o tempo total de deslocamento. O tempo total de deslocamento é (20 + 60x)x + 70 (1 – x). Derivando em relação à x e igualando a zero, temos que 120x – 50 = 0. Assim, x = 5/12. 9) Considere uma firma que emite uma unidade de poluente para cada unidade produzida de seu produto. Suponha que a função demanda pelo produto da firma seja p = 20 – q, onde q é a quantidade demandada e p é o preço. Suponha ainda que a curva de oferta da firma seja Cmg = 2 + q, onde Cmg é o custo marginal, e que o custo marginal da externalidade seja igual a CmgE = 0,5q. Responda: (a) No ótimo social, quais são preço e a quantidade de equilíbrio? Resposta: No equilíbrio socialmente ótimo, Cmg + CmgE = Bmg qS = 7,2 e pS = 12,8 (b) Se o governo decide impor um tributo T por unidade de emissão de poluente, qual deve ser o valor de T para que o mercado produza o nível socialmente ótimo do produto? Resposta: Cmg + T = Bmg q = qS quando T = 3,6 10) Explique porque é ineficiente excluir um indivíduo do consumo de um bem bem público produzido. Resposta: Sabe-se que um bem público é não rival, ou seja, pode ser consumido por vários consumidores simultaneamente. Isso implica que, uma vez que o bem público já tenha sido produzido, o custo marginal de atender a um consumidor extra é zero (pelo menos até aparecer algum problema de congestionamento). Assim, mesmo que a exclusão seja possível, é ineficiente praticá-la, pois o bem-estar social seria reduzido. 11) Suponha que a demanda de mercado seja dada por p = 100 – 2q. Suponha ainda que o custo marginal de um monopolista seja Cmg = ½q. Compare o excedente do consumidor e o excedente do produtor na situação de concorrência perfeita e na situação de monopólio. Qual é o peso morto devido ao monopólio? Resposta: Passo 1: Cálculo da quantidade e preço de equilíbrio para o monopolista. Dada a equação de demanda, podemos calcular a receita marginal do monopolista: RT = p.q = (100 – 2q).q = 100q – 2q2 Rmg = dRT/dq = 100 – 4q A quantidade ótima produzida pelo monopolista é dada no ponto onde Rmg = Cmg. Assim: 100 – 4q = 0,5q q = 22,2 O preço de equilíbrio para esse nível de produção é: p = 100 – 2(22,2) = 55,6 Passo 2: Cálculo da quantidade e preço de equilíbrio competitivo. p = Cmg 100 – 2q = 0,5q q = 40 p = 20 Passo 3: Cálculo dos excedentes na situação de monopólio. EC = ½ (base)(altura) = 0,5(22,2)((100 – 55,6) = 493,83 EP = ½ (custo marginal)(quantidade) + ½ (preço de monopólio – Cmg)(quantidade) = 0,5(11,1)(22,2) + 0,5(55,6 – 11,1)(22,2) = 1.111,11 Passo 4: Cálculo dos excedentes na situação de concorrência perfeita. EC = 0,5(40)(100 – 20) = 1.600 EP = ½ (custo marginal)(quantidade) = 0,5(20)(40) = 400 Passo 5: Cálculo da perda de peso morto devido ao monopólio. Excedente total = ET = EC + EP No monopólio: ET = 493,83 + 1.111,11 = 1.604,94 Em concorrência perfeita: ET = 1.600 + 400 = 2.000 Portanto, Perda de peso morto = ET(concorrência perfeita) – ET(monopólio) = 2.000 – 1.604,94 = 395,06 12) A curva de demanda pode ser vista como a curva de disposição a pagar dos consumidores, que reflete o benefício marginal decorrente do consumo de bens e serviços. Utilizando um gráfico de oferta e demanda, mostre que, na presença de poder de monopólio, o benefício marginal é inferior à situação de concorrência perfeita. Resposta: Desenhe um gráfico com uma curva de demanda e uma curva de oferta, digamos, lineares, e mostre que quando o preço aumenta devido ao markup cobrado pelo monopolista a área do excedente do consumidor é reduzida vis-à-vis a situação em que o markup não existe. 13) A presença de falhas de mercado implica que existem oportunidades por ganhos mútuos que não estão sendo explorados. Discuta essa afirmativa. Resposta: Na presença de externalidades, há em geral a ausência de um mercado para lidar com a mesma, o que faz com que possíveis negociações entre as partes envolvidas, que poderiam levar a ganhos mútuos, sejam dificultadas ou impossibilitadas. 14) O financiamento de bens públicos através da cobrança de um preço pelo uso dos mesmos é distorcivo. Mas o financiamento através de impostos também é distorcivo. Comente. Resposta: A cobrança de um preço pelos bens públicos é distorciva, pois o mercado, em geral, gera uma alocação que não é ótima de Pareto na presença desses bens. Entretanto, o financiamento de bens públicos através de impostos também é distorcivo, uma vez que esses impostos não são do tipo lump sum. Ambas as soluções sofrem do problema de informação relacionado ao conhecimento das verdadeiras preferências individuais. 15) Se um bem é público, então, mesmo se excludente, o custo de oportunidade de uma unidade vendida para um consumidor, para uma dada quantidade de G, é igual a zero. Discuta. Resposta: Sabe-se que um bem público é não rival, ou seja, pode ser consumido por vários consumidores simultaneamente. Isso implica que, uma vez que o bem público já tenha sido produzido, o custo marginal de atender a um consumidor extra é zero (pelo menos até aparecer algum problema de congestionamento). 16) Seja um mercado de carros usados, onde prevalece um certo grau de asimetria de informação entre vendedores e compradores, nos moldes do modelo de “limões” desenvolvido por Akerlof. Qual o nível máximo de bem-estar no equilíbrio desse mercado? Resposta: Varian, respostas das questões do capítulo 32 (Informação), questão 1. O nível máximo de bem-estar (W) é dado pela multiplicação do número de consumidores (N) pelo excedente que esses consumidores podem obter ao preço máximo de mercado para carros de baixa qualidade (Pbq). Assim, W = N.Pbq.
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