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123041 TCC Yasmin+Roquette

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O FUTURO 
DA MODA
Y A S M I N R O Q U E T T E T H E D I M 
M I R A N D A D E C A R V A L H O
PARÂMETROS PARA A FORMAÇÃO DO 
PROFISSIONAL DE DESIGN
 
 
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil 
Faculdade SENAI/CETIQT 
 
 
Yasmin Roquette Thedim Miranda de Carvalho 
 
 
 
 
 
O FUTURO DA MODA 
PARÂMETROS PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE 
DESIGN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2018 
Curso de Bacharelado em Design
2 
 
 
 
 
YASMIN ROQUETTE THEDIM MIRANDA DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O FUTURO DA MODA 
Parâmetros para a formação do profissional de design 
 
 
 
 
Monografia, apresentada ao Curso 
de Design de Moda da Universidade 
SENAI CETIQT, como requisito para 
a obtenção do título de bacharel em 
Design de Moda. 
 
Orientador: Profª. Gláucia Curtinaz 
Centeno 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2018 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todos aqueles que encontram na 
moda uma forma de se expressar e 
de construir um mundo sustentável
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Do something pretty while you can.” 
(Belle and Sebastian) 
6 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A presente pesquisa aborda os parâmetros para a formação do 
profissional de design de moda. O objetivo geral é compreender o 
panorama da cadeia da moda brasileira a partir dos três pilares principais 
(indústria, políticas públicas e academia) e dos fluxos da economia criativa 
e da indústria 4.0, identificando suas especificidades e construindo 
parâmetros que norteiam a formação do designer de moda. De acordo com 
o assunto abordado, é possível mostrar que a indústria da moda está em 
constante movimento e atualização, e que os profissionais que atuam 
nesse mercado também devem estar. Os métodos utilizados para 
aprofundamento desta análise foram de embasamento teórico e de estudo 
de caso da matriz curricular do bacharelado em Design de Moda da 
instituição de ensino SENAI CETIQT, por meio de entrevistas com 
profissionais da instituição. Por fim, a pesquisa constatou que existem 
parâmetros a serem seguidos para a formação do profissional que atua 
neste mercado de trabalho. 
 
 
Palavras chave: Design de Moda; Indústria; Ensino; Profissional. 
7 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The present research is a study of the parameters for the formation of the 
professional fashion designer. The overall objective is to understand the 
panorama of Brazilian fashion industry from the three main pillars (industry, 
public policies and academia) and flows of creative economy and industry 4.0, 
identifying their specific characteristics and building parameters to guide the 
formation of the fashion designer. According to the subject, it is possible to 
show that the fashion industry is constantly moving and updating, and the 
professionals working in this market must also be. The methods used for 
deepening this analysis were theoretical foundation and the case study of the 
updating of the curriculum matrix of Bachelor of Fashion Design School SENAI 
CETIQT, through interviews with professionals from the institution. 
Conclusively, the research found that there are parameters to be followed for 
the formation of the professional who acts in this job market. 
 
 
Keywords: Fashion Design; Industry; Teaching; Professional. 
 
8 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................09 
 
1. PILARES DA CADEIA DA MODA ........................................................12 
1.1 Indústria .......................................................................................12 
1.2 Políticas Públicas .........................................................................23 
1.3 Academia .....................................................................................35 
 
2. NOVOS FLUXOS E TENDÊNCIAS .......................................................45 
2.1 Economia Criativa ........................................................................45 
2.2 Indústria 4.0 .................................................................................50 
 
3. PARÂMETROS PARA A FORMAÇÃO DO DESIGNER DE MODA …57 
 3.1 Redesenho Curricular do SENAI CETIQT ..................................66 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................77 
 
REFERÊNCIAS .....................................................................................81 
 
APÊNDICE A – ENTREVISTAS TRANSCRITAS .................................85 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
No início de 2015, período em que estava estagiando no departamento 
de moda da FIRJAN, tive a oportunidade de imergir em um universo pouco 
explorado pela maioria dos estudantes de Design de Moda. Aos poucos fui 
ampliando meu interesse e conhecimento sobre o regionalismo do estado do 
Rio de Janeiro, através das constantes reuniões que participava com os 
sindicatos de Moda. 
Pude compreender que regionalidades são todos os aspectos 
econômicos, sociais e culturais de uma determinada região, e que falando de 
Brasil, isso se multiplicava de forma colossal. Essa constatação me despertou 
o desejo de ir além e tentar compreender mais profundamente como funciona a 
cadeia da moda brasileira, e isso deu origem a esse estudo. 
Sabe-se que a indústria da moda vem aumentando consideravelmente a 
velocidade de produção em virtude da instantaneidade da internet e está 
passando por um momento de grandes transformações tecnológicas. Dessa 
forma, o profissional que atua nesse mercado de trabalho também está 
passando por um processo de adaptação. 
Esse cenário influencia diretamente na formação do profissional, uma 
vez que ele precisa ser multidisciplinar para atuar em todas as áreas que já 
existem na cadeia da moda e também nas que estão surgindo. Por isso, é 
imprescindível que tanto a academia (responsável pela formação desse 
profissional) esteja atenta a essas transformações, assim como a indústria 
(mercado de trabalho onde ele atuará), que necessita dos resultados dessa 
atualização curricular para o crescimento econômico da empresa. 
Assim delineou-se os seguintes objetivos da pesquisa. O objetivo geral 
foi identificar parâmetros para a formação do profissional designer de moda, 
uma vez que o cenário atual desse segmento passa por significantes 
10 
 
 
 
 
transformações influenciando nas habilidades que ele deverá desenvolver. 
Para uma análise mais eficaz do objetivo geral foram traçados os seguintes 
objetivos específicos: analisar os três principais pilares da cadeia da moda 
brasileira (indústria, políticas públicas e academia) buscando compreender o 
panorama completo desse segmento e identificar as especificidades dos fluxos 
de economia criativa e indústria 4.0, que impactam diretamente na moda. 
Portanto, nos capítulos seguintes serão primeiramente verificadas as 
características particulares da indústria da moda no Brasil, o panorama das 
políticas de incentivo para o segmento nos últimos anos e a atuação da 
academia como pilar responsável pela formação desse profissional. O segundo 
capítulo será aprofundado em questões relacionadas aos fluxos de economia 
criativa e indústria 4.0, e no último capítulo serão apresentados parâmetros
para a formação do profissional designer de moda. Para isso, sentimos 
necessidade de buscar um caso concreto onde se pudesse verificar quais 
seriam as bases de conhecimento desse profissional. Pela proximidade com o 
curso de graduação do SENAI CETIQT realizamos um estudo de caso da 
atualização da matriz curricular da instituição que se deu entre 2017 e 2018. A 
intenção foi confirmar pontos discutidos anteriormente e habilidades que esse 
profissional deve ter. 
Assim sendo, apresenta-se a seguinte pergunta norteadora da pesquisa: 
Quais são as habilidades que o designer de moda necessita para atuar em 
uma indústria em constante movimento? Entende-se o quanto é importante que 
a academia e a indústria invistam na formação desse profissional, assim como 
o governo deve investir nas políticas de incentivo para este setor, uma vez que 
ele gera altos lucros para o Estado. Além disso, inúmeras tecnologias estão 
surgindo com o desenvolvimento da quarta revolução industrial e o cenário da 
economia criativa vem influenciando especificamente o segmento da moda. 
Além do interesse do pesquisador pela temática, o estudo justifica-se por 
gerar contribuições acerca dos conhecimentos necessários para a formação do 
11 
 
 
 
 
designer de moda, buscando servir de incentivo para futuras análises e 
constantes reflexões sobre o tema. Para mais, ele busca esclarecer questões 
relacionadas ao panorama geral da cadeia da moda brasileira, tais como: a 
realidade da indústria da moda brasileira, a questão da política de incentivo 
para este segmento e a atuação da academia perante a formação dos 
profissionais. 
O estudo busca compreender e transmitir o conceito de economia 
criativa e sua relação com as regionalidades, explorando também o conceito e 
a prática da Quarta Revolução Industrial e sua relação direta com a moda, 
identificando parâmetros para a formação do designer de moda e incentivando 
a constante atualização de suas habilidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
1. PILARES DA CADEIA DA MODA 
Este capítulo apresenta o panorama dos três pilares principais (indústria, 
governo e academia) relacionados a cadeia da moda brasileira. No subcapítulo 
1.1 temos uma apresentação da cadeia da moda brasileira e sua relevância 
nos cenários nacional e internacional, assim como suas especificidades e 
realidade. No subcapítulo 1.2 é realizada uma análise da história das políticas 
de incentivo para o setor da moda reconhecido como vetor cultural. Por último, 
no subcapítulo 1.3, procuramos entender como a academia procura formar os 
profissionais que atuam neste mercado de trabalho de acordo com a rapidez 
com que as demandas são atualizadas. 
 
1.1 INDÚSTRIA 
A cadeia da moda brasileira é formada por vários setores, desde a 
produção de fibras, como plantação de algodão, até os desfiles de moda, 
passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e varejo. 
Segundo dados da ABIT (dezembro, 2017), o Brasil possui a última cadeia 
têxtil completa do Ocidente e nossa indústria existe há quase 200 anos. 
Referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, 
além do notável crescimento dos segmentos fitness e lingerie, sua importância 
é notável tanto para o mundo como para o próprio país, dada sua relevância 
para a economia brasileira. Podemos identificar cinco elos na cadeia da moda 
brasileira, de acordo com as afinidades técnicas e tecnológicas dos processos 
envolvidos, sendo estes: têxtil; confecção; calçados, bolsas & acessórios; joias 
& bijuterias; e mercado. 
Para compreendermos com clareza a complexidade desse segmento, 
vamos analisar um infográfico onde cada um desses setores é detalhado: 
13 
 
 
 
 
Ilustração 1: 5 elos da cadeia da moda brasileira. 
 
14 
 
 
 
 
 
Fonte: FIRJAN, 2016. 
Como podemos observar, cada um desses setores possui 
particularidades e o conjunto deles forma uma cadeia de moda industrial 
complexa. Isso significa que cada uma dessas particularidades merece atenção 
especial para que possa ser desenvolvida de maneira coerente, trazendo 
lucros e resultados positivos para o governo e a sociedade de maneira geral. 
Porém, os investimentos no setor diminuíram consideravelmente nos 
últimos anos. Comparando os anos de 2015 e 2016 podemos notar uma queda 
de 28,6% e, desse modo, dados como produção média e faturamento da 
cadeia têxtil e de confecção, assim como exportação e importação também 
obtiveram declínio em seus números (ABIT, 2017). 
No quadro a seguir podemos comparar esses dados nos anos de 2015 e 
2016: 
15 
 
 
 
 
Ilustração 2: Declínio de dados da cadeia da moda brasileira 
 
Fonte: FIRJAN, 2016. 
16 
 
 
 
 
A partir desses dados podemos concluir que conforme os investimentos 
no setor diminuem, paralelamente os gráficos de faturamento, produção média, 
importação e exportação da cadeia têxtil e de confecção brasileiras tendem a 
diminuir também. 
O IBGE destaca que as indústrias atualmente se encontram em um 
estado onde grande parcela dos profissionais não possuem contrato formal 
com carteira de trabalho assinada. Isso afeta a indústria têxtil e de confecção 
brasileira também. 
Em 2016 foi constatado que houve uma queda de 3,9% da população 
que trabalha com carteira assinada no setor privado, somando mais de 13 
milhões de brasileiros desempregados. Essa taxa foi considerada a maior 
desde 2012. Já os trabalhadores por conta própria (autônomos ou sem carteira 
de trabalho) somam atualmente 22,2 milhões de pessoas. (IBGE, 2017). 
A parcela de trabalhadores que atuam por conta própria foi um dos 
fatores que impulsionou a Economia Criativa no Brasil. Formada por 
empreendedores que buscam novos nichos para atuar, além de qualidade de 
vida, essa tendência nasceu de uma sociedade onde as cadeias produtivas 
tradicionais estão se deteriorando diante das inovações tecnológicas da era 
digital. 
Apesar do conceito de Economia Criativa ainda estar em formação no 
país, segundo a ex-secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, 
Claudia Leitão, ele representa uma mudança radical da cultura industrial 
fordista. O mercado da Economia Criativa cresceu 90% entre 2004 e 2013, 
segundo dados do Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, da Federação 
das Indústrias do Rio de Janeiro. (FIRJAN, 2016). 
Dada a relevância deste segmento industrial autônomo dentro do 
contexto econômico, os trabalhadores puderam migrar para mercados de 
17 
 
 
 
 
trabalho informais ou se tornar empreendedores, e graças a essa atuação no 
mercado informal a taxa de desemprego no país recuou 0,2% no último ano. 
(IBGE, 2017). Dessa forma, podemos notar que mudanças pertinentes no 
cenário industrial brasileiro estão ocorrendo e se consolidando de maneira 
permanente. 
Toda essa dinâmica da estrutura industrial foi provocando uma mudança 
no cenário. Hoje, a chamada Indústria Criativa é parte essencial do nosso 
contexto e deve ser olhada e atendida pelos pilares do governo e da academia 
com tamanha atenção. 
Ainda assim, a Indústria de Transformação, aquela que transforma 
matéria prima em produto final ou intermediário, gerou 1.304 postos de trabalho 
para a indústria têxtil brasileira. (Ministério do Trabalho, 2016). Dentro dessa 
lógica, ela é responsável por 1,5 milhão dos trabalhadores diretos e 8 milhões 
se adicionarmos os indiretos. Além disso, 75% da mão de obra é feminina. 
(ABIT, 2017). 
Questões relevantes como a formação de mão de obra para atuar 
nesses novos mercados e como o governo
irá atender esse segmento em 
relação aos incentivos são importantes para que a indústria de moda brasileira 
continue dando lucros aos cofres do governo e aos membros atuantes da força 
de trabalho ali presente. 
Outra questão relevante quanto à indústria são os salários, que 
deveriam sofrer reajustes correspondentes ao aumento da produção, tanto em 
valor quanto em quantidade, porém, não é assim que acontece. Somando isso 
ao fato de que não há investimentos suficientes em tecnologia, podemos 
constatar que há uma junção de fatores que justificam o desempenho do 
trabalhador ser prejudicado. 
18 
 
 
 
 
Essas novas exigências mostram que em um futuro próximo, entidades 
relacionadas à cadeia da moda no Brasil deverão ter grande interesse em 
desenvolver as capacidades tecnológicas das empresas e dos profissionais da 
área, visando uma mudança maior e estrutural. O objetivo é reduzir 
progressivamente as atividades de baixa lucratividade pelas de alta. 
Dentro desse contexto, quatro tendências moldarão as bases da 
economia e da tecnologia de manufatura no setor, sendo estas: econômicas, 
sociológicas, ambientais e tecnológicas. 
Economicamente, o setor têxtil vem ganhando importância à medida que 
a manufatura passa a contribuir efetivamente para a agregação de valor aos 
produtos e a quantidade de marcas atreladas a responsabilidades 
socioambientais vem crescendo. Além disso, a complexidade da indústria com 
o advento de novas tecnologias trazidas pela indústria 4.0 exigirá profissionais 
mais produtivos e multidisciplinares, cujo trabalho irá gerar melhor 
remuneração e maiores lucros aos cofres do governo. 
Essa transição da indústria da moda não se trata apenas de uma 
mudança no que diz respeito a intensidade da produção, e sim da sua 
adaptação e adequação a revolução industrial atual, com a implementação de 
novas tecnologias. 
Sociologicamente, a principal tendência é a individualização e 
personalização (I&P) dos produtos, permitindo que os usuários tenham acesso 
a um produto único. O consumidor se torna criador e usuário dentro do sistema 
de produção. Essa tendência está dentro do conceito de mini fábricas, que será 
abordado no capítulo de Indústria 4.0, sistema modular base que permite ser 
desmontado e montado onde quer que seja, reduzindo o impacto ambiental e 
social. 
19 
 
 
 
 
A evolução das experiências de consumo começou com a simples 
satisfação dos desejos e necessidades, passando pela liberdade de consumir a 
qualquer hora e local com o uso da internet, dos modelos como o e-commerce 
e chegando no ponto onde o consumidor pode vivenciar a noção de 
conectividade com a possibilidade de cocriação dos produtos. 
Questões como flexibilidade no espaço e tempo de trabalho, altas e 
médias qualificações dos trabalhadores da indústria, transdisciplinaridade das 
competências e envelhecimento gradativo das forças de trabalho atuais 
mudarão o mercado de trabalho atual. 
Ambientalmente, o consumo durante o período de crises financeiras e 
econômicas se manteve em níveis elevados. Mesmo com a escassez de 
recursos naturais como água e energia a indústria da moda continua 
expandindo sua oferta de produtos e encurtando seus ciclos de vida. 
Por isso, pressões crescentes dos consumidores vêm enfatizando a 
cultura da sustentabilidade, assim como a criação de novos materiais mais 
fáceis de reciclar, que consomem menos água e energia, além de menor 
quantidade de produtos tóxicos e que sejam biodegradáveis. 
E, por último, tecnologicamente, as transformações da indústria de 
confecção apontam para diminuição gradativa da mão de obra de baixa 
qualificação. A proximidade entre a indústria e o consumo por meio da 
globalização do conceito de valor, ajuda a eliminar os desperdícios de material 
e tempo. Além disso, testes virtuais antes da produção permitirão que a 
indústria evite desperdícios. 
A integração digital com fornecedores permite a participação direta no 
desenvolvimento e no design do produto, assim como a interação com o 
consumidor se dará gradativamente à utilização de tecnologias de virtualização 
3D. 
20 
 
 
 
 
A indústria estará cada vez mais associada ao que chamamos de 
sistemas ciberfísicos. Essa complexidade exigirá profissionais mais 
capacitados, cujo trabalho será de maior valor agregado e melhor 
remuneração. 
A interação entre todos os setores da indústria com o consumidor final 
deverá se amplificar na área têxtil com o crescimento da tecnologia aplicada 
em tecidos e roupas tecnológicas. 
O intuito é que a indústria da moda de 2030 idealizada por 
pesquisadores brasileiros se concentre na manufatura (produção 
personalizada). Esse processo permite uma comunicação bilateral gerando um 
ciclo virtuoso de criação compartilhada em que as capacidades do consumidor 
final se ajustam às capacidades necessárias para a produção e para o uso do 
produto. (BRUNO, 2016). 
Essas tendências irão exigir cada vez mais da indústria da moda 
brasileira. Enxergando o cenário como um todo, podemos perceber que não há 
espaço para práticas que não estejam ligadas ao consumo e produção 
conscientes. 
As inovações tecnológicas na Confecção farão com que esta indústria 
assuma características atuais e futuras das indústrias intensivas em 
tecnologia, atraindo empreendedores com perfil tecnológico e criando 
empregos para profissionais com nível superior de formação. 
(BRUNO, 2016, p.78). 
Essa consciência se estende às práticas das indústrias para com seus 
funcionários. Estes, responsáveis pela indústria da moda de fato existir e ter 
sua devida importância, não possuem valorização profissional adequada. 
Atualmente, oferecer produtos e serviços de qualidade e comprometidos 
com o meio ambiente tornou-se obrigatório. Devemos buscar o diferencial e 
21 
 
 
 
 
também valorizar os colaboradores por meio da comunicação, compreendendo 
a importância de praticar esse processo continuamente. 
Para a indústria, investir em seus funcionários é tão ou mais importante 
quanto investir em tecnologia. Identificando suas habilidades e possibilitando 
seu desenvolvimento, as chances de sucesso das empresas é multiplicada. 
Estamos frente a uma situação um pouco diferente da qual a 
evolução vinha proporcionando. O desenvolvimento passou por 
várias fases em sua história, a iniciar pela Revolução Industrial onde 
máquinas ocuparam fábricas tornando atividades padronizadas, ao 
ser humano cabia a função sequencial de atividades rotineiras 
padronizadas que possibilitava formar o todo. Com a evolução 
tecnológica esse processo teve sua continuidade, mas já estava 
sendo desenvolvida a necessidade de um pouco mais de 
conhecimento, por que mesmo que atividades humanas sejam 
substituídas por máquinas, em alguma etapa do processo se fará 
necessário um comando manual, e para isso o operador precisa de 
conhecimento sobre procedimentos e funções. Na Era da Informação 
e Conhecimento, momento atual, as capacidades Intelectuais estão 
em foco. O valor de um Ser Humano está sendo avaliado pelo quanto 
pode contribuir para uma organização, os resultados oriundos de 
suas atitudes e ideias, os benefícios que pode gerar a esta e também 
ao desenvolvimento e evolução da sociedade (SEBRAE Nacional - A 
capacidade e importância das pessoas para as organizações, 2016). 
Segundo Brecher, “não é provável que sistemas técnicos avançados 
venham suprir completamente a versatilidade, o conhecimento, as capacidades 
e as habilidades humanas em um futuro próximo. ” Isso significa que o trabalho 
humano será parte essencial do sistema produtivo, enquanto as tecnologias
otimizarão e se adaptarão às habilidades dos funcionários. Falaremos mais 
profundamente sobre esse assunto no capítulo intitulado “Academia”. 
22 
 
 
 
 
Há uma extrema necessidade das empresas compreenderem a 
importância da valorização profissional. Mesmo que exija tempo e, às vezes 
dinheiro, dois pilares fundamentais nas visões lucrativas industriais. 
Contudo, a indústria têxtil e de confecção deverá estar pronta para 
atender a todas essas expectativas que estão surgindo e surgirão cada vez 
com mais com frequência, visando moldar o cenário da cadeia da moda como 
um todo para os próximos anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS 
O governo é a entidade responsável por incentivar economicamente as 
indústrias do país. A concessão de incentivos fiscais é essencial, uma vez que 
atrai investidores e permite que a indústria amplie sua capacidade, gerando 
emprego e aumentando a arrecadação. 
Uma das primeiras aproximações entre a cadeia da moda e o governo 
brasileiro se deu entre 2002 e 2010, com a chegada de Luis Inácio Lula da 
Silva à presidência da república. Podemos considerar assim pois foi nesse 
período em que o Ministério da Cultura reuniu-se com designers, profissionais 
da indústria e professores de cursos do setor no “Plano Nacional de Cultura” 
para debater sobre o desenvolvimento da cadeia e as novas possibilidades no 
campo da economia criativa para a mesma. 
Gilberto Gil era o ministro e seu objetivo foi aproximar e articular essa 
parcela da população ligada à indústria e à academia aos debates sobre 
cultura e futuro. O “Plano Nacional de Cultura” trouxe metas para sua gestão 
que foram continuadas por Juca Ferreira (2008-2010), seu sucessor. Esses 
debates levaram ao seguinte questionamento: Seria a moda produto do setor 
criativo além do setor industrial? A moda, por sua vez, foi então ganhando 
espaço no âmbito governamental e cada vez mais reconhecida como uma 
cadeia que vai além da produção industrial. 
“Caras amigas, caros amigos, é uma grande alegria participar desta 
reflexão comum sobre a moda brasileira e sua importância simbólica 
para o país e para o mundo. Por muito tempo, uma certa dificuldade 
de compreender a cultura em sua abertura plena, em sua 
categorização mais abrangente, fez das políticas culturais uma 
agenda desconectada de seu tempo, desconectada da vida real dos 
brasileiros. Hoje, como alguém que pensa essas questões e como 
alguém que tem responsabilidade em promover o desenvolvimento 
24 
 
 
 
 
do campo cultural brasileiro, quero propor um rearranjo da relação do 
Estado com a moda. Quero nesse sentido, reverter um equívoco do 
passado, e dizer a vocês, com muita segurança e alegria, que a moda 
é hoje reconhecida pelo Ministério da Cultura como parte vital da 
cultura brasileira. Esse é um reconhecimento necessário, que desejo 
fazer aqui e agora. E que espero venha para qualificar o Estado 
brasileiro, para trazer contemporaneidade às instituições, e para 
tornar essas estruturas ferramentas de desenvolvimento do setor 
(Pronunciamento do ministro Gilberto Gil no Fashion Marketing, 
2007). ” 
A relação entre moda, arte e indústria passou então, gradativamente, a 
influenciar o projeto de recurso de captação financeira do MinC, uma vez que o 
produto de moda feito dentro de um processo artístico, porém comercializado 
em escala industrial, passou a ser considerado um produto artístico-cultural, 
capaz de receber investimentos públicos do governo e do setor cultural. 
Ao assumir em 2008, Juca Ferreira pontua em seu discurso de 
pronunciamento à frente do MinC que a moda é “peça central da economia da 
cultura” e que nos próximos anos estaria cada vez mais próxima da 
sustentabilidade, uma vez que os hábitos no universo do consumo estão em 
transformação e que serão reposicionados na sociedade de maneira harmônica 
com o meio ambiente. Afirmou ainda que “seguiria os caminhos generosos 
abertos por Gil” e daria continuidade às suas políticas de incentivo cultural. 
“Há pouco assumi o Ministério da Cultura, que também entra com seu 
ritmo nessa história e se inscreveu com suas marcas nesse projeto 
cultural brasileiro. Foi na gestão dessa grande figura clarividente e 
ousada, deste visionário Gilberto Gil, que a área da cultura começou 
a ser olhada de um modo diferente e estrutural. Hoje minha 
responsabilidade pública é enorme, pois tenho que seguir os 
caminhos generosos abertos por Gil, gerindo uma instituição 
reconhecida no Brasil e no mundo. Não somos mais uma pasta de 
governo relegada às acomodações políticas e às composições de 
25 
 
 
 
 
última hora. O Ministério da Cultura que emergiu no Governo Lula é a 
possibilidade viva de que a cultura se torne um bem comum da 
sociedade brasileira. Temos hoje uma maneira contemporânea de 
olhar para as políticas culturais, dando conta dos desafios que a 
tecnologia e os conflitos da globalização nos apresentam nesse início 
do Século XXI (Pronunciamento do ministro Juca Ferreira na 
Solenidade de Condecoração da Ordem do Mérito Cultural, 2008). ” 
Em setembro de 2010 foi oficializado o reconhecimento da moda pelo 
governo como expressão artística e cultural, e, para consolidar este fato, foi 
realizado em Salvador o “I Seminário de Cultura de Moda” que tinha como 
objetivo traçar metas para o setor onde políticas culturais estivessem sempre 
presentes. 
Com a chegada de Dilma Roussef à presidência em 2011, Ana de 
Hollanda assume o Ministério da Cultura e começa a distanciar-se de Gil e 
Juca no que diz respeito, por exemplo, à questão dos direitos autorais. 
Gradativamente, a ministra começa a apostar em sua gestão na noção de 
“economia criativa” e cria, em junho de 2012, a Secretaria da Economia 
Criativa (SEC) que coordenava quatro setores: Artesanato, Arquitetura, Design 
e Moda. 
Esta medida agradou os agentes da moda pois tinha como objetivo 
conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas 
públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o 
fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos 
brasileiros. 
O objetivo da SEC seria liderar a formulação, implementação e 
monitoramento de políticas públicas para um novo desenvolvimento fundado na 
inclusão social, na sustentabilidade, na inovação e, especialmente, na 
diversidade cultural brasileira. 
26 
 
 
 
 
A Secretaria foi criada após o conceito de economia criativa ter obtido 
destaque no foco das discussões de instituições internacionais como a 
UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o 
Desenvolvimento), o PNUD (Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura). Estas instituições consideraram que o 
conceito seria um “eixo estratégico de desenvolvimento para os diversos 
países e continentes no novo século” e, por isso, o Plano da Secretaria de 
Economia Criativa (SEC) foi criado. 
A moda é um dos principais setores desse novo modelo de negócio e 
vale ressaltar que antes mesmo da criação da SEC, o MinC já havia atentado 
para a importância desta temática. Dentro do Plano, a moda foi categorizada 
como uma das atividades associadas ao setor criativo “Design e serviços 
criativos”. O objetivo desta categorização é agregar novos valores às indústrias 
tradicionais. 
Dentro das ações conjuntas propostas pelos ministérios parceiros de 
acordo com os eixos de ação da Secretaria de Economia Criativa, a moda 
passaria
por um processo de formação e qualificação dos profissionais 
atuantes em empreendimentos e negócios da moda, do design e do 
artesanato. 
Além disso, seriam feitas parcerias com Secretarias vinculadas ao 
Sistema MinC, como a Secretaria de Audiovisual (SAV). Uma das ações 
conjuntas seria o lançamento de editoriais para incentivar o desenvolvimento 
de Fashion Films por meio de editais para os principais eventos de moda no 
Brasil, estimulando, assim, a convergência de linguagens. 
Mais à frente, no capítulo de Economia Criativa, desenvolveremos este 
conceito com mais detalhes. O importante até então é compreender que a 
27 
 
 
 
 
moda foi sendo incorporada aos poucos ao segmento de Cultura, e, 
gradativamente, ganhando espaço e sendo percebida pelos olhos do governo 
como área de grande relevância tanto para a economia quanto para a 
sociedade. 
Sua atuação como ministra durou pouco menos de dois anos e embora 
a iniciativa de criação da SEC ter agradado no início, a própria Ana de Hollanda 
afirmou em um texto publicado em sua página na internet em 2013 que seria 
“um belo projeto que não saiu do papel”. 
Uma infinidade de seminários passaram a ocupar a agenda da SEC., 
porém, além das exposições teóricas e discussões acadêmicas, 
pouco se avançou em termos de gestão prática do setor. Em meados 
do ano passado preveni a Secretária ao sobrar, entre outras 
providências uma aproximação com os verdadeiros profissionais da 
cultura, vinculados a outras secretarias ou autarquias do MinC. O 
objetivo era de que conhecesse melhor o modo prático de 
funcionamento, necessidades e a forma como cada área busca seu 
sustento. Não obstante os esforços desenvolvidos, reconheço, com 
frustração, que praticamente nada se avançou nesses dois anos e 
meio, vista a ausência de qualquer resultado beneficiando 
diretamente o setor cultural. Assim, ao meu ver, o plano inovador da 
gestão da Presidenta Dilma para a Cultura lamentavelmente pode 
estar fadado a ser arquivado como um belo projeto teórico que nunca 
saiu do papel. (Ana de Hollanda, discurso à imprensa, 2013) 
Após dois anos como ministra, Ana de Hollanda é substituída por Martha 
Suplicy. A moda que adquiriu status de pilar cultural brasileiro capaz de receber 
investimentos públicos do governo e do setor cultural no período do ministro 
Gilberto Gil agora enfrenta um momento delicado devido às consequências de 
sua inclusão na captação de recursos financeiros pela Lei Rouanet. 
A inclusão gerou severas críticas tanto entre os ícones da moda nacional 
como na sociedade brasileira de maneira geral, e, por isso, Martha se reuniu na 
28 
 
 
 
 
sede da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) com 
representantes de entidades e profissionais da moda para “explicar o uso do 
mecanismo de incentivo fiscal da Lei Rouanet e apresentar o plano de políticas 
do ministério para a moda”. 
Nesse encontro, empresários questionaram não ter havido consulta das 
instituições de ensino para identificar as demandas do setor e ainda como 
esses projetos beneficiariam a formação dos profissionais. No caso, após a 
inclusão da moda na Lei Rouanet, três estilistas consagrados (Alexandre 
Herchcovitch, Ronaldo Fraga e Pedro Lourenço) teriam recebido uma quantia 
avaliada em milhões para realizarem seus desfiles. Martha afirma, então, que 
“o mais importante é a mídia que seus desfiles vão gerar” e que o interessante 
seria tornar a moda a nossa marca e um selo conhecido. 
E, no entanto, a despeito da construção que tem sido feita desde 
meados dos anos 1990, essa concepção desperta críticas tanto no 
que diz respeito ao bem comum quanto no que tange os interesses 
particulares. De uma parte, apareceram na sociedade críticas 
ferrenhas ao fato de a moda passar a ser alvo de políticas de 
incentivo no âmbito da cultura. Boa parte das críticas se fundamenta 
em uma concepção bastante generalizada de que a moda seria 
menos importante do que questões tomadas como prioritárias, como 
saúde, educação, saneamento. (A moda e o MinC: a posição da 
moda nas políticas culturais federais a partir dos anos 2000, 2014, p. 
13) 
Martha pede demissão em novembro de 2014 e Dilma Rousseff convoca 
Ana Cristina Wanzeler como ministra interina. Ao assumir o segundo mandato, 
Dilma nomeia Juca Ferreira novamente como Ministro da Cultura. 
Podemos considerar que esses anos de governo geraram profundas 
transformações sociais, além do notável crescimento da moda como setor 
industrial-cultural perante o governo. 
29 
 
 
 
 
Assim, em sentido oposto ao das correntes que promoveram o 
desenvolvimento tecnológico em muitos setores industriais dos 
países desenvolvidos, é a escassez da oferta de trabalho que está 
provocando a necessidade de automação industrial em setores 
intensivos em trabalho humano, mesmo em países que possuem 
grandes contingentes de mão de obra barata. (A quarta revolução 
industrial, 2016, p.19) 
A transformação do cenário social anterior, onde havia grande busca por 
profissionais de graduação e uma saturação nos postos de trabalho do nível 
técnico, resultou em uma situação reversa. Hoje em dia o número de pessoas 
que possuem graduação aumentou consideravelmente. Segundos dados do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2004 o número de 
estudantes entre 18 e 24 anos que frequentavam o ensino superior no Brasil 
era de 32,9%. Em 2014, esse número foi para 58,5%, o que representa um 
aumento de 25 pontos percentuais a mais do que dez anos antes. 
Dentro desse novo contexto social, o emprego industrial não é uma 
opção para os jovens. Tanto pelo incentivo da democratização do ensino 
superior por parte do governo, como pelo fato de que as próprias pessoas que 
executavam funções nas fábricas não incentivavam os mais novos a seguir 
este caminho, assegurando que seria um caminho difícil e sem muitas 
possibilidades de crescer profissionalmente. 
O que ocorre a partir desse momento, é que ao longo dos anos e até o 
momento presente, a escassez de mão de obra técnica é um problema real e 
que vem crescendo cada vez mais. 
Ao longo do meu percurso na graduação, tive a oportunidade de estagiar 
durante dois anos na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro 
(FIRJAN), onde realizávamos reuniões sindicais frequentemente para levantar 
questões pertinentes ao dia a dia da indústria. Um dos pontos discutidos 
inúmeras vezes foi o fator da escassez de mão de obra de costureiras. 
30 
 
 
 
 
Segundo os representantes dos sindicatos, estava sendo cada vez mais difícil 
contratar esse profissional, uma vez que os que ali já trabalhavam iam 
envelhecendo e, consequentemente, deixando seus postos de trabalho. 
Somado isto ao fato da parcela de jovens que trocou o ensino técnico 
pela graduação nos últimos anos aumentou potencialmente, conclui-se que não 
há profissionais de nível técnico suficientes para dar conta dos postos de 
trabalho existentes. 
Um caso exemplar é o desequilíbrio entre oferta e demanda de 
costureiras industriais. A carência de operadoras de máquinas de 
costura se deve mais às transformações sociais produzidas pela 
mobilidade econômica, programas nacionais de transferência de 
renda, explosão das redes sociais, regimes de cotas universitárias e 
valorização das identidades étnicas e culturais do que o emprego de 
novas tecnologias de produção. (A quarta revolução industrial, 2016, 
p.18) 
A necessidade de automação e robotização industrial em setores que 
sempre foram intensivos em trabalho humano está se concretizando com 
rapidez, uma vez que o conceito sólido de Indústria
4.0 vem se fortalecendo e 
ganhando espaço. Assim, novos postos de trabalho em diferentes áreas 
surgirão e precisarão de mão de obra especializada para ocupá-los. 
Com a chegada de Michel Temer ao poder, em agosto de 2016, uma 
das primeiras mudanças governamentais foi o anúncio de um Ministério mais 
enxuto. Nesse novo cenário o Ministério da Cultura foi primeiramente 
transformado em uma Secretaria ligada à presidência, fazendo com que ela 
perdesse o status de Ministério. 
Marcelo Calero foi nomeado Secretário nacional da Cultura no dia 20 de 
maio de 2017 e, pressionado pela revolta entre os artistas devido à extinção do 
MinC, no dia 23 do mesmo mês, Temer decide então recriar o Ministério e 
31 
 
 
 
 
nomeia Calero para o cargo. Em carta aberta ao presidente, artistas pedem a 
volta do Ministério e pontuam como este foi importante para que a Cultura 
como segmento conquistasse espaço onde antes não tinha acesso. 
Sem a promoção e a proteção da nossa Cultura, através de um 
ministério que com ela se identifique e a ela se dedique, o Brasil 
fechará as cortinas de um grandioso palco aberto para o mundo. Se o 
MinC perde seu status e fica submetido a um ministério que tem outra 
centralidade, que, aliás, não é fácil de ser atendida, corre-se o risco 
de jogar fora toda uma expertise que se desenvolveu nele a respeito 
de, entre outras coisas, regulação de direito autoral, legislação sobre 
vários aspectos da internet (com o reconhecimento e o respeito de 
organismos internacionais especializados), proteção de patrimônio e 
apoio às manifestações populares. (Carta aberta ao presidente Michel 
Temer – Associação Procure Saber e GAP-Grupo de Ação 
Parlamentar Pró-Música, 2016) 
Após seis meses à frente do ministério, Calero pede demissão e é 
substituído por Roberto Freire. Nesse período estava ocorrendo a reformulação 
da Lei Rouanet através de uma nova Instituição Normativa que estabeleceria 
novos parâmetros para a avaliação de projetos culturais. 
Freire pede demissão e é, então, substituído por João Batista de 
Andrade, que também não permaneceu no Ministério por muito tempo, pedindo 
demissão três meses após ser nomeado e sendo substituído por Sergio Sá 
Leitão, atual ministro. Ao deixar o cargo, Andrade classificou o MinC como um 
ministério “inviável”, sobretudo pelo corte de 43% no seu orçamento. 
É notório que a Cultura foi um segmento que passou por grande 
turbulência durante este governo. O desaparecimento do Ministério da Cultura 
foi considerado pela classe artística, e isso envolve boa parte dos atuantes da 
cadeia da moda brasileira, como um grande retrocesso. 
32 
 
 
 
 
Levando em conta que o segmento é predominantemente de micro e 
pequenas empresas, com perfil familiar, é necessário que haja incentivos que 
estimulem a indústria da moda como um todo. Ainda assim, essas empresas 
movimentam números expressivos para a economia do país. 
Tomando as exportações dos grupos têxtil; confecções e calçados 
bolsas & acessórios (isto é, desconsiderando o grupo de joias & bijuterias, que 
apresenta alto valor de exportação de matéria prima bruta, como o caso de 
minerais não metálicos brutos), podemos considerar que estes somam valores 
expressivos para a economia brasileira. 
No gráfico abaixo identificamos o preço médio das exportaçõoes de 
moda no Brasil por grupos com os valores totais. 
Ilustração 3: Preço médio das exportações de moda no Brasil 
 
Fonte: FIRJAN com dados Funcex, 2016. 
Embora o panorama mundial indique uma tendência à 
internacionalização dos negócios, com a formação de cadeias globais 
de produção, em geral comandadas por empresas dos países 
33 
 
 
 
 
centrais, a análise da indústria têxtil e de confecção brasileira mostra 
que esse setor tem se mantido em grande parte à margem desse 
movimento. A indústria brasileira sempre teve como principal destino 
da produção o mercado doméstico, e as exportações estiveram, 
historicamente, associadas a retrações da demanda interna. Até 
finais dos anos 1980, essa opção esteve fortemente associada ao 
cenário de proteção da indústria brasileira, com consequente atraso 
tecnológico e baixos índices de produtividade. (Globalização da 
economia têxtil e de confecção brasileira: Empresários, governo e 
academia unidos pelo futuro do setor, 2007, p. 142) 
Por esse motivo, desde 2000 a ABIT mantém um convênio com a 
Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para 
incentivar as vendas no exterior. Por meio do Programa de Exportação da 
Indústria da Moda Brasileira, o Texbrasil, são promovidas feiras, capacitação 
de profissionais, além do estabelecimento de contato entre empresas nacionais 
e estrangeiras. 
O diretor de negócios da Apex-Brasil, Rogério Bellini, afirma que um dos 
principais objetivos da iniciativa é auxiliar a inserção das empresas brasileiras 
no mercado internacional. Ele lembra que as companhias têxteis que 
participam do programa já apresentam um crescimento de 17%. Em 2012 
houve um investimento de R$17 milhões nas empresas voltadas para a 
indústria da moda e cerca de 1,46 mil empresas brasileiras participaram de 
eventos fora do Brasil devido ao programa. 
Uma das ações do programa é traçar o perfil das empresas brasileiras e 
encaminhar para compradores estrangeiros, além de desenvolver estudos 
sobre os mercados que têm potencial para os produtos. Ainda segundo o 
diretor negócios da Apex-Brasil, hoje o setor de confecções mantém relações 
comercial com a China, Estados Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes, 
34 
 
 
 
 
Austrália, França e República Dominicana. Já o setor têxtil comercializa com a 
Argentina, Colômbia e Peru. 
Dentro dessa lógica, podemos concluir que o segmento da moda é 
importante para a economia brasileira e que o governo deve estar sempre 
atento às necessidades, inovações tecnológicas e transformações deste 
segmento dada sua tamanha complexidade. 
No próximo capítulo iremos tratar das questões da indústria da moda no 
Brasil relacionadas ao âmbito acadêmico e o perfil dos profissionais que saem 
das universidades para atuar dentro desse novo cenário do mercado de 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
1.3 ACADEMIA 
As instituições de ensino responsáveis por formar e qualificar os futuros 
profissionais do setor da moda procuram estar sempre atualizadas no que diz 
respeito ao conteúdo transmitido. Essa constante atualização é necessária 
graças ao dinamismo no cenário da indústria da moda. Com o advento das 
novas tecnologias e a mudança nas necessidades do mercado de trabalho, a 
renovação é uma exigência. 
O objetivo é embasar as futuras funções profissionais dos alunos, 
proporcionando um ensino aplicado a soluções de problemas reais do dia a dia 
no mercado e à criação de novos produtos. 
Os indivíduos se qualificam através da formação profissional e, assim, 
aprimoram suas habilidades de acordo com as funções específicas que irão 
exercer demandadas pelo mercado de trabalho. Para aqueles que já atuam 
também é de suma importância que busquem alimentar as chances reais de 
crescimento na empresa através de constantes atualizações profissionais. 
A academia tem como objetivo ser o pilar responsável pela elevação da 
capacidade dos profissionais, enquanto o governo é responsável por desafios 
como a escassez dos mesmos, assim como desenvolver a política responsável 
por nutrir a integração estratégica e tecnológica das cadeias produtivas. 
No Brasil temos mais de 100 escolas e faculdades de moda (ABIT, 
2017). De acordo com o Ministério da Educação (MEC),
os cursos superiores 
de tecnologia em design de moda estão dentro do eixo tecnológico de 
“produção cultural e design” e estipulam uma carga horária mínima de 1600 
horas. Já os cursos superiores de graduação em design de moda têm uma 
duração média de 4 anos. A região Sudeste, especialmente São Paulo, é onde 
existe a maior quantidade de cursos de moda. A grande maioria dos cursos é 
oferecida em formato presencial. 
36 
 
 
 
 
Como podemos verificar abaixo, entidades importantes como SESI e 
SENAI vêm se engajando progressivamente em busca da ampliação de 
matrículas em instituições de ensino brasileiras. A busca por mão de obra 
especializada para atuar no novo mercado de trabalho que vem se formando a 
partir de novos conceitos como o de Indústria 4.0 e de Economia Criativa (que 
iremos mencionar com mais detalhes no próximo capítulo) é crescente e 
aponta que há escassez de profissionais. 
Ilustração 4: Ampliação da parceria entre governo e academia 
 
Fonte: Portal da Indústria, 2016. 
É necessário que a academia busque compreender as dezenas de 
demandas que surgem no mercado para que possa aplicar em sua matriz 
curricular de forma que esteja formando futuros profissionais capazes de lidar 
com inúmeras exigências. Esse tipo de problema, como muitos outros que 
surgem dia após dia no campo de trabalho, devem ser identificados pelas 
instituições de ensino e transmitidos em forma de conhecimento, para que 
assim possam ser colocados em prática. 
A qualificação profissional vem transformando o meio industrial com sua 
tentativa de constantes atualizações e novas ações que vêm sendo 
trabalhadas pelas empresas para manter seus funcionários atualizados. 
37 
 
 
 
 
De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial (SENAI, 2008/2012/2016), 
a demanda por profissionais de nível técnico no período de 2008 a 2011 foi de 
5,8 milhões. Essa demanda aumentou 24% de 2012 a 2015 e hoje, esse 
mesmo estudo aponta que a indústria precisará qualificar 13 milhões de 
trabalhadores em ocupações nos níveis superior e técnico até 2020. 
Ilustrações 5 e 6: Aumento da demanda de profissionais 
 
 
Fonte: Portal da Indústria, 2012-2016. 
Destes 13 milhões, a demanda da área de vestuário e calçados é 
responsável por 7,5% do total. Além disso, é importante lembrar que mesmo os 
profissionais já empregados precisam de capacitação para ingressar em novas 
oportunidades no mercado. 
38 
 
 
 
 
O profissional qualificado tem mais chances de manter o emprego e 
também pode conseguir uma nova vaga mais facilmente quando a 
economia voltar a crescer e as empresas retomarem as contratações. 
(Diretor geral do SENAI e Diretor de Educação e Tecnologia da 
Confederação Nacional da Indústria – CNI, Rafael Lucchesi) 
Em 2012, apenas 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos estavam em 
cursos de educação profissional. Três anos depois este índice aumentou para 
11%, e, na Alemanha, ele é de 53% (Censo da Educação Básica, 2015). Ao 
compararmos esses números podemos constatar que o Brasil está com índices 
extremamente baixos de matrículas no ensino profissionalizante. 
Ilustração 7: Índice de jovens em cursos de educação profissional 
 
Fonte: Censo da Educação Básica, 2015. 
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
divulgou o relatório “Education at a Glance 2016”, que apresenta dados 
preocupantes, apenas 8% das matrículas do ensino médio brasileiro são no 
ensino profissionalizante, enquanto na Finlândia, por exemplo, esse percentual 
chega a 70%. 
Por essas questões, nasce em 2011 no Brasil o Programa Nacional de 
Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), com objetivos como expandir e 
democratizar o acesso à educação profissional e tecnológica, reformar e 
39 
 
 
 
 
expandir as escolas profissionalizantes, ampliar as oportunidades educacionais 
dos trabalhadores brasileiros, favorecer o desenvolvimento das empresas e a 
geração de empregos e aumentar a quantidade de recursos pedagógicos. 
A partir de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) podemos verificar que em 2015 mais da 
metade das pessoas que iniciam seus estudos no ensino superior optam pelo 
Bacharelado, ocasionando um fenômeno de escassez de trabalho dos 
profissionais do ensino técnico. 
Ilustração 8: Porcentagem de estudantes por grau acadêmico 
 
Fonte: INEP, 2015. 
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Estágios, Seme 
Arone Junior, “os jovens estão cada vez mais motivados a dedicar-se à vida 
acadêmica, pois reconhecem a importância de uma formação para sua 
carreira”. O que não pode ser deixado de levar em consideração é que o 
ensino técnico, assim como o ensino bacharelado são de tamanha importância 
para a economia do país. 
40 
 
 
 
 
É preciso que o governo incentive todas as áreas responsáveis por 
formar e qualificar os profissionais que atuam e/ou atuarão no mercado de 
trabalho, visto que caso isto não esteja em equilíbrio, fatores preocupantes 
como escassez de mão de obra e pior desempenho da economia estarão 
presentes. 
De acordo com dados do MEC, em 2010, houve uma evolução do 
número de cursos no país tanto no segmento do Design de Moda quanto nas 
áreas correlatas ao viés têxtil, porém, é notório que devido à crescente 
automação industrial, a oferta de cursos Tecnológicos só tende a crescer. Para 
ser eficaz, os cursos terão de traçar novos percursos. 
Conforme mencionado anteriormente, a mão de obra humana é parte 
essencial do sistema produtivo. Segundo o grupo de pesquisa em Indústria 4.0 
da Academia Nacional de Ciências e Engenharia da Alemanha, “os 
trabalhadores estarão gradativamente mais livres da realização de tarefas 
rotineiras, concentrando-se em atividades mais criativas e de maior agregação 
de valor”. Isso significa que quanto mais inteligentes se tornarem as fábricas, 
mais profundas serão as mudanças no papel desempenhado pelos 
trabalhadores. (BRUNO, 2016). 
Essas mudanças farão com que o trabalhador invista em seu 
desenvolvimento profissional para que, assim, assuma mais responsabilidades 
dentro da empresa. Novos modelos empresariais gerarão novos empregos, 
atraindo esses profissionais qualificados capazes de atuar dentro das novas 
estruturas organizacionais. 
Cabe tanto aos profissionais quanto à academia atentar para as novas 
formas de organizações flexíveis de trabalho. É importante que se estabeleça 
um diálogo contínuo entre instituições e indústria para garantir que as 
41 
 
 
 
 
necessidades do mercado de trabalho reflitam na formação e qualificação das 
pessoas. 
A moda sempre foi associada no Brasil a questões relativas ao 
vestuário, indo da sua produção às diversas áreas afins devido sua 
complexidade. Deste modo, grande parte dos cursos superiores mantém suas 
metodologias focadas em estudo dos têxteis, desenvolvimento do vestuário, 
processos produtivos, marketing, modelagem, gestão de negócios e tópicos 
sempre presentes como história da moda e comunicação. 
Com o crescente afastamento da indústria dos bens padronizados e a 
aproximação dos bens personalizados, isto é, a ascensão de empresas que 
permitem o consumidor criar suas próprias peças a partir do conceito de mini 
fábricas (conceito que iremos abordar com maior profundidade no próximo 
capítulo), as instituições deverão focar também em instruir os profissionais a 
identificar as capacidades necessárias para que os consumidores utilizem os 
novos produtos e serviços. 
O uso intensivo e extensivo de grande diversidade e quantidade de 
dados carecerá de qualificações
transdisciplinares; a interação do 
mundo físico com o mundo digital precisará de trabalhadores 
habituados ao ambiente cibernético, com treinamento em automação 
e melhor compreensão de modelos de negócio radicalmente novos. 
(A quarta revolução industrial, 2016, p.75) 
As alterações da cadeia produtiva influenciarão na forma como é 
realizada a divisão do trabalho atualmente. A necessidade de profissionais 
habituados com o ambiente cibernético implicará na escassez de profissionais 
de níveis médios e altos de formação de trabalho. 
De acordo com a tese de doutorado “O processo de aprendizagem e 
inovação das empresas de moda na cidade do Rio de Janeiro” (Rodrigo da 
Silva Carvalho, 2018), ao analisar a matriz curricular das seguintes faculdades 
42 
 
 
 
 
de design de NY: Fashion Institute of Technology (F.I.T.), Parsons School of 
Design e Pratt Institute, Carvalho notou que em comum nessas instituições, os 
alunos tiveram formação nas competências criativas e projetuais típicas da 
formação de design, mas também foram treinados em planejamento de 
produção, planejamento de marketing e gestão de negócios em geral. 
O autor ainda acrescenta que nesses centros de formação, os designers 
também têm acesso a uma importante rede social que articula oportunidades 
de emprego, treinamentos e vivências nas principais empresas de moda da 
cidade. 
No Brasil, o currículo do bacharelado em moda tem maior ênfase na 
parte teórica e é mais abrangente, variando conforme as habilitações 
oferecidas pela instituição de ensino escolhida. Geralmente traz disciplinas 
básicas como história da arte, cultura da moda, criação, desenho e estilismo e 
costuma ter duração média de 4 anos. 
Os cursos com ênfase em design e modelagem propõem a criação ou o 
desenvolvimento de uma coleção de moda. Já aqueles focados em negócios e 
gestão de moda voltam-se para a elaboração de planos de negócios com 
ações para o fortalecimento de marcas e a comercialização dos produtos. Para 
obtenção do diploma, a maioria das instituições exige a realização de estágio e 
a entrega de um trabalho de conclusão de curso, que pode ser a concepção de 
uma coleção de moda, por exemplo (Guia do Estudante, 2012). 
As disciplinas mais comuns relacionadas à graduação de moda no Brasil 
são: história e teoria do design, história da arte e moda, estudos da cor, 
modelagem, moulage, tecnologia têxtil e estampas, moda e comunicação, 
planejamento e desenvolvimento de coleções, marketing de moda, fotografia 
de moda, gestão empresarial e negócios de moda. 
43 
 
 
 
 
Pode-se notar que a grade curricular desse setor é extensa, e, somado à 
introdução de disciplinas capazes de formar futuros profissionais para atuar no 
mercado de trabalho da indústria 4.0, podemos prever que será necessária 
uma grande reforma e atualização por parte das instituições de ensino. Além 
disso, deve ser levado em consideração as características relacionadas às 
regionalidades no momento de escolher como será a matriz curricular de uma 
instituição. 
Ao analisarmos a abordagem de algumas graduações de moda no 
exterior podemos notar que cada uma é voltada para uma área que atende 
melhor o mercado de trabalho daquela região. Por exemplo, o bacharelado da 
Humber College no Canadá é ministrado pela Escola de Negócios, e, segundo 
a instituição, a moda é um negócio internacional e o curso de Diploma de 
Negócios e Arte da Moda dá ênfase às operações de varejo de perspectivas 
tanto nacionais quanto internacionais. O curso tem foco nas disciplinas de 
marketing, tendências, merchandising na web, planejamento de eventos e 
vendas por atacado. 
Já o foco do bacharelado da Hong Kong Polytechnic University é em 
artes e nos primeiros três semestres as principais disciplinas são relacionadas 
às atividades da indústria da moda e têxtil, podendo depois escolher uma das 
seis especializações: design de moda e têxtil, marketing da moda e têxtil, 
varejo de moda, tecnologia da moda e têxtil, moda íntima e design e tecnologia 
de roupas de malha. 
Quando falamos das instituições de moda no Brasil devemos ter em 
mente que dependendo do estado, o curso deve ser adaptado para a realidade 
daquela região, além de possuir em sua matriz curricular as matérias comuns a 
todas as instituições, como as ditas anteriormente. 
44 
 
 
 
 
O ponto principal para entender a necessidade da constante atualização 
das matrizes curriculares dos bacharelados em moda no Brasil é a rapidez com 
que o setor se movimenta e gera novas demandas de aprendizado para os 
designers. Minhas experiências como aluna de design de moda e como 
estagiária da área de moda da FIRJAN me possibilitaram enxergar essa lacuna 
no campo do ensino, uma vez que passei por momentos em que foram 
exigidas habilidades que não desenvolvi na faculdade e identifiquei a 
necessidade de profissionais com habilidades que não eram encontradas no 
mercado de trabalho durante as reuniões sindicais, quando era estagiária. 
No capítulo a seguir serão abordados dois fluxos que permeiam o campo 
da moda e que reforçam a necessidade de atualização por parte das 
instituições de ensino, uma vez que ambos estão pautados em questões 
relacionadas ao surgimento de novas formas de consumo e novas tecnologias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
2. NOVOS FLUXOS E TENDÊNCIAS 
 
Este capítulo é dedicado a compreender duas tendências que estão 
ganhando grande espaço no cenário industrial mundial. No subcapítulo 2.1 
temos a análise da Indústria Criativa e a exploração da propriedade intelectual 
como papel inovador do sistema produtivo, uma vez que a indústria da moda é 
formada por profissionais e empreendedores que atuam intensamente para 
promover a Economia Criativa. No subcapítulo 2.2 apresentamos o conceito de 
Indústria 4.0, assim como sua origem, sua importância e seu constante 
desenvolvimento no cenário mundial. Identificada como a Quarta Revolução 
Industrial, já está alterando a forma como a indústria funciona e se posiciona e, 
por isso, é de extrema relevância para a análise do comportamento da cadeia 
da moda brasileira. 
 
2.1 ECONOMIA CRIATIVA 
 
Indústria Criativa é um conceito que diz respeito às empresas que 
passaram a reconhecer a importância da criatividade como insumo de 
produção e perceberam seu papel transformador e estratégico no sistema 
produtivo (FIRJAN, 2016). Este, por sua vez, está inserido dentro de um outro 
conceito chamado “Economia Criativa”. 
Em setembro de 2002 ocorreu o primeiro Fórum Internacional das 
Indústrias Criativas, organizado na cidade de St. Petersburg, na Rússia. Este 
definiu como Indústrias Criativas aquelas que têm sua origem na criatividade 
intelectual, habilidades e talentos que têm potencial de riqueza e criação de 
empregos através da geração e da exploração da propriedade intelectual. 
Dessa forma, podemos dizer que Indústrias Criativas são atividades 
empresariais na qual o valor econômico está ligado ao conteúdo cultural. 
46 
 
 
 
 
Os segmentos prioritariamente abrangidos por este conceito são: 
arquitetura, artes visuais, cinema, televisão, publicidade e outras mídias, 
design, games, editoração, música e comunicação (SEBRAE, 2017). A moda, 
por sua vez, se encaixa dentro do segmento “design” e tem papel econômico 
importante para o cenário brasileiro. 
Segundo dados do Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, a área 
criativa gerou uma riqueza de R$155,6 bilhões para os cofres do governo em 
2015. Além disso, a participação do PIB Criativo estimado no PIB brasileiro foi 
de 2,64% no mesmo ano.
Neste ano, a Indústria Criativa era composta por 
851,2 mil profissionais formais (SEBRAE, 2017). 
Ainda de acordo com os dados do Mapeamento realizado pela FIRJAN, 
o segmento da moda emprega 62.700 profissionais criativos no Brasil, o que 
representa mais de 28% de todos os empregos criativos na área de consumo. 
Contudo, podemos dizer que Economia Criativa é o conjunto de 
negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera 
valor econômico, enquanto a Indústria Criativa estimula a geração de renda, 
cria empregos e promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano 
(SEBRAE, 2017). 
O relatório “Economia Criativa – Uma opção de Desenvolvimento 
Viável”, de 2010, aponta que os números do comércio mundial para indústrias 
criativas deixam claro que estas constituem-se como um novo setor dinâmico 
no comércio mundial. Porém, ao compararmos o desempenho da economia 
criativa no mercado externo com a do mercado interno, podemos concluir que 
existe a necessidade de maior apropriação destas oportunidades. 
Conforme mencionado anteriormente, no Brasil a contribuição dos 
segmentos criativos foi de 2,84% do PIB nacional, enquanto a economia 
criativa representa de 8% a 10% o PIB mundial (IBGE, 2010). 
47 
 
 
 
 
A economia criativa em geral e as indústrias criativas, em particular, 
estão gradativamente abrindo novas oportunidades para que os países em 
desenvolvimento aumentem crescimento da economia e sua participação no 
comércio mundial. 
Segundo o artigo de Santos (2016) “A definição da moda em contextos 
de economia criativa: o relatório da UNCTAD/ONU e suas repercussões no 
Brasil”, as discussões em torno deste tema datam do início dos anos 1990. O 
artigo defende que seus primeiros usos foram feitos pelo governo australiano 
como uma reflexão sobre o papel do Estado no desenvolvimento cultural do 
país. 
Após reconhecer que a criatividade impulsionava um setor particular 
de atividades que necessitavam de atenção e de políticas públicas de 
estímulo específicas, o Reino Unido, em 1997, já debatia como o 
governo atuaria no setor, desenvolvendo uma ampla pesquisa em 
que se buscou identificar as indústrias criativas mais promissoras do 
país: percebeu-se que essas seriam as áreas com maior potencial em 
um mundo cada vez mais interessado nos produtos resultantes da 
utilização intensiva do conhecimento. Com esta perspectiva, os 
britânicos puderam, já no fim do século XX, “reposicionar sua 
economia como uma economia impulsionada pela criatividade e 
inovação em um mundo globalmente competitivo” (UNCTAD, 2010, 
p.6), estimulando a relação do Estado com práticas culturais que 
comumente não são percebidas como geradoras de divisas para a 
economia pública, o que incluiu a moda. (A definição da moda em 
contextos de economia criativa: o relatório da UNCTAD/ONU e suas 
repercussões no Brasil, 2016, p.95) 
Porém, podemos considerar que foi apenas em 2004 que a discussão 
sobre os setores criativos foi introduzida na agenda econômica e de 
desenvolvimento internacional. Foi nesse ano que ocorreu a Conferência 
48 
 
 
 
 
Ministerial da UNCTAD XI (Conferência das Nações Unidas especializada em 
temas de comércio e desenvolvimento), realizada em São Paulo. 
Essa conferência discutiu o potencial da economia criativa na melhora 
das economias dos países em desenvolvimento. O resultado foi o Relatório de 
Economia Criativa, publicado pela UNCTAD. Esse relatório é importante uma 
vez que deu suporte às tomadas de decisão pelos agentes relacionados à 
moda no Brasil nos últimos anos, especialmente após a eleição dos governos 
petistas que discutiram pela primeira vez a moda como vetor cultural a ser 
atendido por políticas públicas do Ministério da Cultura (SANTOS, 2016). 
A aproximação entre o segmento da Moda e o Ministério da Cultura 
sempre foi pautada por questões relacionadas à economia criativa. O conceito 
de economia criativa permitiu uma melhor reflexão no que diz respeito à 
tomada de decisões em torno de questões como o crescimento econômico das 
sociedades contemporâneas (FRIQUES, 2013). 
Contudo, embora essa temática tenha recebido atenção do Brasil em 
2004 durante a Conferência da UNCTAD, apenas em 2011 o governo brasileiro 
instituiu uma secretaria especial voltada para tais assuntos: a Secretaria de 
Economia Criativa (SEC), vinculada ao MinC. 
Conforme mencionado anteriormente, foi também criado em 2011 no 
Brasil o Plano da Secretaria da Economia Criativa na pasta do Ministério da 
Cultura no governo Dilma Rousseff. Essa foi a primeira aproximação concreta 
do país com esse conceito e o objetivo do Plano era simbolizar um movimento 
do MinC na redefinição do papel da cultura brasileira. Além disso, este 
documento procurava definir intenções, políticas, diretrizes e ações no campo 
da economia criativa brasileira. 
Para que o Plano pudesse ser conceituado e aplicado no Brasil, foi 
necessária uma adaptação dos significados estrangeiros da economia criativa 
49 
 
 
 
 
às potencialidades e às características do nosso país. Isso ocorre, pois, países 
diferentes possuem realidades políticas, econômicas, culturais e sociais 
divergentes e, nesse caso, reproduzir um conceito fundamentado por outro 
país no nosso, provavelmente não traria bons resultados. 
Por outro lado, tínhamos consciência de que se o conceito de 
economia criativa é novo e ainda se encontra em construção, mesmo 
entre os países desenvolvidos, nós necessitaríamos adequá-lo, em 
nosso Plano, às especificidades e características brasileiras. (Plano 
da Secretaria da Economia Criativa, 2011, p.21) 
O grande desafio no Plano era unir as ações do MinC na formulação de 
políticas públicas para o desenvolvimento brasileiro. Devido a isto, foi 
necessário definir os fundamentos da economia criativa, a partir dos seguintes 
princípios: inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural 
brasileira. Depois de muita pesquisa, o Plano chegou na seguinte definição: 
Setores criativos são aqueles cujas atividades produtivas têm como 
processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou 
serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, 
resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social. 
(Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011, p.22) 
Ao pensarmos no conceito de economia criativa automaticamente 
devemos pensar em transversalidade. Segundo Santos (2016, p.23), “é 
impossível se pensar atualmente em produtos criativos que se restrinjam a uma 
única área ou segmento criativo”. Ainda segundo a autora, desfiles de moda 
são realizados com espetáculos de música e espetáculos de dança com 
projeções audiovisuais e etc. Todas essas formas de criatividade e expressão 
se fundem dentro do novo conceito de economia, uma vez que é estimulada 
pelas facilidades geradas pelas novas tecnologia, quanto pela capacidade de 
interagir de modo multidisciplinar. Falar de economia criativa é falar de 
transversalidade e complexidade. 
50 
 
 
 
 
2.2 INDÚSTRIA 4.0 
 
O termo Indústria 4.0 está diretamente ligado ao conceito da Quarta 
Revolução Industrial. Uma revolução industrial é caracterizada por mudanças 
radicais motivada pela incorporação de tecnologias, tendo desdobramentos nos 
âmbitos social, econômico e político. Esse termo se refere à alteração na 
estrutura atual de produção industrial que engloba as principais inovações 
tecnológicas aplicadas aos processos de manufatura, onde os processos de 
produção tendem a ficar cada vez mais eficientes e customizáveis. 
O termo foi mencionado pela primeira vez em 2011, na Feira
de 
Hannover, na Alemanha, onde entidades como governo, indústria e academia 
se reuniram para discutir as mudanças de paradigmas em relação à maneira 
como as fábricas operam nos dias de hoje. Foi idealizado um processo de 
fabricação no qual todas as máquinas e todos os produtos estão 
interconectados digitalmente entre si. 
No futuro, os negócios estabelecerão redes globais que incorporarão 
suas máquinas, sistemas de armazenamento e instalações de 
produção sob a forma de Sistemas Ciberfísicos. No ambiente de 
manufatura, esses Sistemas Ciberfísicos compreenderão máquinas 
inteligentes, sistemas de armazenamento e instalações capazes de 
trocar informações de maneira autônoma, atuando e controlando 
umas às outras, independentemente. (BRUNO, 2016, p.51) 
A base para esta revolução industrial moderna é a Internet das Coisas 
(IdC), conceito criado para definir o intercâmbio contínuo de dados entre todas 
as unidades participantes, desde o robô de produção, passando pelo 
gerenciamento de estoque e chegando ao microchip. Todos os processos de 
produção de logística integrados, tornando a indústria mais inteligente, eficiente 
e sustentável. A intenção é que no futuro as fábricas possuam dispositivos 
inteligentes e interconectados ao longo de toda a cadeia produtiva somado à 
51 
 
 
 
 
uma completa descentralização do controle dos processos produtivos, 
tornando-se autônomos e com produção individual. 
A Quarta Revolução Industrial é uma revolução digital. Consiste no 
período em que robôs e computadores são auto programados, tornam-se cada 
vez menores e mais potentes. A tecnologia atual permite que a ferramenta 
possa otimizar o consumo de água, energia e emissão de poluentes. Não é 
somente uma produção, mas uma produção inteligente durante todo o 
processo, que acarreta em redução de custos, de lixo e aumento dos lucros. 
Segundo o relatório Boston Consulting Group (BCG), são nove as 
principais tecnologias da indústria 4.0, sendo estas determinantes da 
produtividade e crescimento das indústrias sobre esta nova configuração. Tais 
tecnologias são: 
1) Robôs automatizados: além das funções atuais, futuramente, serão 
capazes de interagir com outras máquinas e com os humanos, tornando-
se mais cooperativos. 
2) Manufatura aditiva: produção de peças por meio de impressoras 3D. 
3) Simulação: permite operadores testarem e otimizarem produtos e 
processos ainda na fase de concepção. 
4) Integração horizontal e vertical de sistemas: sistemas de TI que se 
integram por meio da digitalização de dados. 
5) Internet das coisas (IdC): conectar máquinas, por meio de sensores e 
dispositivos, a uma rede de computadores, possibilitando a centralização 
e automação do controle e da produção. 
6) Big Data e Analytics: identifica falhas nos processos da empresa e 
otimiza a qualidade da produção. 
7) Nuvem: banco de dados criado pelo usuário, capaz de ser acessado de 
qualquer lugar do mundo por meio da internet. 
8) Segurança cibernética: meios de comunicação cada vez mais 
confiáveis. 
9) Realidade aumentada (“Augmented Reality”): suporte para sistemas 
capaz de identificar falhas que ocorrerão no futuro e corrigi-las antes 
mesmo que aconteçam. 
 
52 
 
 
 
 
E como o conceito de Indústria 4.0 está sendo aplicado na Alemanha 
desde o seu surgimento? Após ser identificada como o caminho para o futuro 
industrial, ministros do governo alemão em parceria com o Sistema de 
Inovação e Tecnologia criaram o plano High Tech Strategy 2020 – Action Plan 
(2010) e estão investindo cerca de 4 bilhões de euros ao ano para o 
desenvolvimento das tecnologias de ponta apresentadas. Dados do Boston 
Consulting Group mostram que nos próximos 10 anos são estimados: 
- Aumento na produtividade da manufatura podendo alcançar de €90 bilhões a 
€150 bilhões, dependendo do setor industrial; 
- Aumento da receita em €30 bilhões por ano, o equivalente a 1% do PIB do 
país (ALEMANHA), já que a customização gerará maior demanda tanto por 
parte dos consumidores finais (bens manufaturados) quanto de equipamentos 
especializados; 
- Maior necessidade de mão de obra qualificada. O crescimento industrial 
alemão criará cerca de 390.000 empregos nos próximos 10 anos, 
principalmente no setor de Engenharia Mecânica, desenvolvimento de 
softwares e TI; 
- Investimentos de aproximadamente €250 bilhões nos próximos 10 anos para 
adaptar os processos de produção. 
Segundo a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o conceito de 
Indústria 4.0 pode ser definido como “a transformação completa de toda a 
esfera da produção industrial através da fusão da tecnologia digital e da 
internet com a indústria convencional”. E esse conceito não está sendo 
desenvolvido apenas na Alemanha. Diversas iniciativas governamentais já o 
estão encarando como uma potencial tendência tecnológica mundial. 
De acordo com dados do European Parliament Research Service, 
países como Estados Unidos, China, França e o bloco econômico União 
53 
 
 
 
 
Europeia já possuem projetos e programas estratégicos de absorção do 
conceito Indústria 4.0 para seus sistemas de produção industriais. 
A disseminação de fábricas com os princípios da Indústria 4.0 
impulsionará cada vez mais o desenvolvimento científico e tecnológico no 
setor, e, por isso, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABID) 
em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção 
(ABIT) e o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do SENAI 
(SENAI CETIQT) realizaram um estudo prospectivo para o setor têxtil e de 
confecção brasileiro. Desse estudo nasceu a “Visão de Futuro 2030”. Além das 
entidades citadas, também participou do estudo um comitê formado por 
empresários da cadeia produtiva, representantes do governo, sindicatos, 
associações, estudiosos e acadêmicos. 
O projeto “Visão 2030” teve como objetivo traçar diretrizes para o 
desenvolvimento do setor têxtil e de confecção brasileiro a partir dos princípios 
da Indústria 4.0. Foram identificadas mudanças na produção e no consumo que 
dão oportunidade para uma nova indústria se estabelecer. 
Podemos citar entre essas mudanças a evolução da produção global. 
Em 2004 com o fim das cotas que protegiam as indústrias brasileiras contra a 
entrada de produtos fabricados em países com trabalhos de baixo custo, houve 
grande ascensão da China e predominantemente de países asiáticos em busca 
da produção acelerada, conhecida como Fast Fashion. 
Esse fenômeno industrial alterou significativamente as estruturas de 
produção e consumo que eram pautadas pela competição por baixo custo 
baseada na exploração do trabalho com baixos salários. 
A indústria do vestuário é altamente competitiva e pressionada pelo 
aumento da qualidade, diversidade de escolhas, conteúdo de moda e 
redução de custos e de preços, o que levou ao desenvolvimento do 
fast fashion. (BRUNO, 2016, p. 43) 
54 
 
 
 
 
De acordo com o artigo Think Act Industry 4.0 (2014), a participação de 
economias emergentes nos processos industriais cresceu 19% nos últimos 20 
anos. O Serviço de Pesquisa do Parlamento Europeu (EPRS) divulgou em 
2015 que a Europa perdeu nos últimos 40 anos um terço de sua base 
industrial. Desse contexto nasceu o conceito alemão de Indústria 4.0, em busca 
de recuperar a participação no valor agregado da indústria global. 
Com o avanço da internet e a disseminação de informação em tempo 
real, houve uma aproximação da produção com o consumidor final. Esse 
consumidor, por sua vez, passou a estar cada vez mais interessado na 
procedência dos artigos que consumia e gradativamente passou a questionar

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