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DIREITOS HUMANOS AULA 1

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Direitos Humanos
Aula 1 - A dignidade da pessoa humana e a 
ordem jurídica
INTRODUÇÃO
Nesta aula, examinaremos a dignidade da pessoa humana compreendida como o eixo valorativo que justifica a existência 
do próprio Estado e da ordem jurídica. Em seguida, discutiremos sua problemática conceitual, destacando a dimensão 
principiológica que serve de suporte para os direitos humanos. Analisaremos os aspectos jurídico e constitucional deste 
princípio, chamando atenção para as consequências hermenêuticas resultantes da adoção da proteção da dignidade do 
ser humano como vetor de compreensão adequada da norma jurídica. Por fim, apontaremos as dificuldades a serem 
enfrentadas nas situações de limites da dignidade humana.
OBJETIVOS
Explicar que a dignidade humana é o eixo valorativo que justifica o Estado Democrático de Direito e seu compromisso 
com a cidadania;
Identificar a dimensão da normativa da dignidade humana como um princípio constitucional;
Examinar as implicações hermenêuticas do princípio da dignidade humana na proteção de DH.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: CONSIDERAÇÕES GERAIS
Vejamos, a seguir, um trecho do famoso poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Mello Neto:
Fonte da Imagem: Radu Bercan / Shutterstock
No famoso poema, João Cabral de Mello Neto conta a história de Severino, um retirante do interior da Paraíba que foge 
da seca, em direção a Recife, no litoral de Pernambuco. Lá, Severino acredita que terá uma vida melhor, com melhores 
condições.
Esse trecho reproduzido se refere ao final da viagem de Severino, já chegando em Recife. Mas, ainda assim, mesmo 
estando na capital pernambucana, Severino encontra morte e pobreza, da mesma maneira que via no interior do sertão. 
Decepcionado e desiludido, o trecho reproduzido sugere ao leitor que Severino irá se suicidar para dar fim a sua sina.
Esse sonho desfeito de Severino, escrito pelos idos dos anos 50 do século passado, ainda se mostra atual. Traduzido 
para o mundo do Direito, traz os desafios que a dignidade humana (ou sua falta ou desrespeito) coloca para as 
sociedades contemporâneas, e em especial a brasileira.
Fonte da Imagem:
A dignidade da pessoa humana tem sido considerada por muitas áreas do saber humano, tais como a Filosofia, a Ética, a 
Política e o Direito, como o ponto central de construção de todo o ordenamento jurídico e do próprio Estado.
Ela é vista até mesmo com um valor suprajurídico, isto é, para além do Direito e da Constituição, já que seria a dignidade 
um valor ínsito do ser humano. E, desta maneira, a dignidade trata diretamente da essência do ser humano. É, portanto, 
esse seu caráter supraconstitucional que permite, inclusive, que possamos sustentar sua efetividade independentemente 
da sua positivação (isto é, seu reconhecimento pelo direito, através de uma norma jurídica, quer seja ela lei ou mesmo 
uma norma constitucional).
Se pensarmos, por exemplo, nos dramas humanos da atualidade, como entre tantos outros, a questão dos refugiados de 
guerra ou a fome nos países africanos, salta aos olhos a crise humanitária (glossário) que vivenciamos e destacamos a 
importância da valorização e proteção da dignidade humana como bússola para enfrentarmos essas calamidades que 
assolam o mundo.
Assim, falar de dignidade humana é falar do outro, é falar de direitos, é falar de democracia, é falar de cidadania.
Para as sociedades atuais, a dignidade da pessoa humana coloca uma série de desafios a serem enfrentados, 
assegurando a todas as pessoas uma vida decente: com respeito, igualdade e liberdade, com acesso aos bens 
necessários para a realização do projeto de vida de cada um e que leve, enfim, à felicidade. Assim, a dignidade se articula 
com a própria possibilidade de existir com decência no mundo para nele viver em plenitude.
Fonte da Imagem: Anton_Ivanov / Shutterstock
No entanto, a vida em sociedade é marcada por desigualdades materiais e carências sociais, pois, ainda que expresso de 
forma simplista, há mais pessoas do que bens disponíveis, isto é, não é possível o acesso igual de todos a todos os 
recursos disponíveis: aí se coloca o dilema da dignidade humana.
Fonte: popular business / Shutterstock
O que temos de fazer para assegurar cada vez mais proteção à dignidade humana, para um número maior de pessoas, 
sempre em um movimento crescente?
A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA DIGNIDADE HUMANA
A ideia de dignidade humana não é uma invenção do século XX. Os estudiosos do tema apontam que, já na Antiguidade 
Grega, havia um movimento de valorização da pessoa humana. Também entre os orientais a pessoa humana tinha seu 
destaque. Confúcio (glossário), partidário de uma ideia de aperfeiçoamento do ser, em detrimento da caridade pura, já 
pregava “ame a todos sem distinção”. Posteriormente, com o advento do Cristianismo, a figura do ser humano, à imagem 
e semelhança de Deus, inspirava uma relação de reconhecimento de si no outro. O fundamento da dignidade morava no 
divino.
Saltando no tempo, é com o Iluminismo (glossário) que, no Ocidente, a dignidade da pessoa humana passa a derivar da 
razão, daí decorrendo a criação de vários documentos emblemáticos para o marco do respeito à dignidade humana, 
como por exemplo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (glossário), de 1789, resultado da Revolução 
Francesa.
Kant (glossário), na famosa obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" sustentava que as pessoas deveriam 
ser tratadas como um fim em si mesmas, e não como um meio (objetos). O filósofo assim dizia:
São as noções de Kant que fixaram as bases da compreensão moderna da dignidade humana fixando sua relação com 
os direitos humanos e que até hoje se colocam como, de certa forma, pertinentes.
Há duas dimensões do pensamento kantiano que merecem destaque:
A ideia de finalidade (glossário), isto é, o homem, por ser dotado de razão, é um fim em si mesmo.
A ideia de autonomia (glossário), isto é, a vontade humana deve estar direcionada para o dever de estabelecer 
parâmetros de moralidade que sirvam para todos, inclusive para ela mesma, não porque se busca uma vantagem futura, 
mas sim porque esta é a dignidade do ser dotado de razão.
A PROBLEMÁTICA CONCEITUAL E SUA RELAÇÃO COM OS DIREITOS 
HUMANOS
Em uma postagem, de março de 2015, no Blog JOTA, Daniel Sarmento, diz que:
“uma rápida pesquisa no site do STF mostra que, sob a égide da Constituição de 1988, o princípio da dignidade da 
pessoa humana foi explicitamente invocado em nada menos que 260 acórdãos, 2.298 decisões monocráticas, 79 
decisões da Presidência, 9 questões de ordem e 3 repercussões gerais. Os temas abordados pelas decisões são os mais 
variados, indo da vedação de denúncias criminais genéricas à união homoafetiva; da impossibilidade de realização 
compulsória do exame de DNA ao aborto de fetos anencéfalos; das políticas de ação afirmativa à criminalização da 
violência doméstica”.
Desses dados apresentados, logo pensamos:
Fonte: popular business / Shutterstock
Como propor que um conceito de dignidade dê conta de temas e questões tão diferentes?
Que seja capaz de comunicar um sentido mais objetivo à dignidade humana, que todos sabem o que é, mas têm muitas 
dificuldades de explicar e acordar um sentido para ser compartilhado?
Veremos que há um esforço doutrinário no sentido de responder nossos questionamentos, embora sem que possamos 
ter uma definição fechada, com todos os seus elementos determinados.
UM CONCEITO DE DIGNIDADE HUMANA: DESAFIOS
A dignidade humana é uma daquelas expressões chamadas de polissêmicas. Isto quer dizer que ela é portadora de 
muitos sentidos diferentes, sendo um desafio estabelecer um sentido único para a mesma.
Assim, dignidade humana quer (e pode) dizer respeito a muitas coisas diversas, em razão do sentido que lhe é atribuído e 
dos interesses que se busca preservar ou defender quando a ela recorremos.
Entretanto, aindaque a dignidade humana possa ser etiquetada como uma cláusula aberta (glossário), podemos fazer 
aqui alguns acordos quanto ao seu sentido.
Para nossa disciplina, adotaremos o conceito dado por Ingo Wolfgang Sarlet que articula a ideia de respeito a todos os 
seres humanos, independentemente de suas qualidades. Esse respeito é exigido do Estado e da sociedade como um 
todo, materializando-se em um feixe de direitos e deveres fundamentais que asseguram uma existência minimamente 
decente, (como, por exemplo, acesso ao saneamento básico, à água potável, dispor de alimentação adequada, etc.) que 
permita ao ser humano decidir os rumos de sua vida, assegurando sua felicidade e participação na sociedade.
Leia a conceituação de Ingo Wolfgang Sarlet:
A RELAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA COM OS DIREITOS HUMANOS
A despeito da dificuldade semântica já registrada, podemos adotar também uma fórmula para conceituar a dignidade:
ATRIBUTO INERENTE DA PESSOA HUMANA, PELO SIMPLES FATO DE 
ALGUÉM “SER HUMANO”.
Desse modo, por existir enquanto ser humano, em uma sociedade plural, automaticamente, esta pessoa se torna 
merecedora de respeito e proteção, independentemente, de sua origem, etnia, sexo, idade, estado civil, religião, filiação 
partidária, condição sócio econômica, cultura partilhada, ou de qualquer outro fator de identificação ou diferenciação.
Reconhece-se que a dignidade é um princípio fundamental (glossário) que emana de todos os humanos, desde a 
concepção no útero materno, não se vinculando e não dependendo de atribuição de personalidade jurídica (glossário)
ao seu titular para seu reconhecimento.
Aqui, neste ponto de nossa disciplina, não aprofundaremos a distinção entre direitos humanos e direitos fundamentais.
Assim nesta aula, consideraremos os dois como sinônimos, apesar de haver uma distinção entre eles, especialmente, no 
que tange a sua esfera de incidência:
Desse modo, quer sejam direitos humanos ou direitos fundamentais, ambos emanam, decorrem da dignidade humana. 
Podemos, então, dizer que dignidade é um critério unificador, ao qual todos os direitos humanos/fundamentais se 
reportam, em maior ou menor grau de adesão ou concretização.
Por outro lado, também se discute se esses direitos poderão ser relativizados, ou não, na medida em que nenhum direito 
ou princípio se apresenta de forma absoluta, especialmente quando estudamos o conflito ou colisão entre direitos e suas 
formas de resolução.
Por exemplo, em nome do direito à intimidade e privacidade é possível que se proíba a circulação de uma reportagem 
jornalística? Esse é um tema de muita relevância e também delicado.
A relação da dignidade humana com os direitos humanos/fundamentais gera uma dupla obrigação para o Estado quanto 
ao que dele se pode exigir: uma de caráter negativo e outra de aspecto positivo.
ASPECTOS JURÍDICO E CONSTITUCIONAL DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE 
HUMANA
Fonte da Imagem: StudioSmart / Shutterstock
A dignidade da pessoa humana, ao ser incorporada à ordem normativa de um país, passa a ostentar um aspecto jurídico 
que lhe dá todos os atributos que a norma jurídica (glossário) ostenta, deixando de ser apenas uma indicação ética ou 
moral cuja adesão do sujeito depende apenas de sua consciência.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PRINCÍPIO 
CONSTITUCIONAL E A CONSTITUIÇÃO DE 1988
No caso do Brasil, em especial, a dignidade da pessoa humana é uma norma jurídico-positiva de status constitucional e, 
como tal, dotada de eficácia, sendo, então, capaz de garantir os direitos fundamentais do cidadão.
Logo no art. 1º. Inciso III da Constituição, o princípio da dignidade humana é declarado como um fundamento da 
República (glossário) e do Estado Democrático de Direito (glossário) do Brasil.
Para comentar este artigo trazemos novamente a contribuição de Ingo Wolfgang Sarlet:
“Consagrando expressamente, no título dos princípios fundamentais, a dignidade da pessoa humana como um dos 
fundamentos do nosso Estado democrático (e social) de Direito (art. 1º, inc. III, da CF), nosso Constituinte de 1988 [...] 
além de ter tomado uma decisão fundamental a respeito do sentido, da finalidade e 
justificação do exercício do poder estatal e do próprio Estado, reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em 
função da pessoa humana, e não o contrário, já que o ser humano constitui a finalidade precípua, e não meio da 
atividade estatal”. (SARLET, 2010: 133)
Em outras palavras, é o Estado que passa a servir ao cidadão, como instrumento para a garantia e promoção da 
dignidade das pessoas individual e coletivamente consideradas.
Além desse artigo, o princípio da dignidade se encontra previsto de modo expresso ou implícito ao longo do texto 
constitucional, reforçando a ideia de fundamento, sendo a dignidade humana o eixo valorativo de nosso Estado e direito.
A PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO VETOR PARA 
UMA HERMENÊUTICA ADEQUADA
Ao estudarmos a dignidade humana, percebemos, também, que ela se encontra diretamente relacionada ao tema da 
hermenêutica (glossário). Nesse sentido, dois aspectos merecem atenção: a dimensão principiológica e a questão de 
seus limites ou restrições.
 (galeria/aula1/docs/dimensao_pricipiologica.pdf)
 (galeria/aula1/docs/limites_restricoes.pdf)
Clique nos títulos acima.
VÍDEO
ATIVIDADE PROPOSTA
Leia o artigo Crise humanitária: Direito, moralidade e solidariedade (glossário) publicado na Carta Capital e responda:
a) Para o autor, é verdade que a Europa é o continente que mais recebe refugiados? Aponte no texto a base de sua 
resposta.
b) De que forma o problema se relaciona com a dignidade humana?
Resposta Correta
Glossário
CRISE HUMANITÁRIA
É uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada e na qual recursos 
extraordinários de ajuda humanitária são necessários para evitar uma catástrofe ou pelo menos limitar as suas consequências.
Fonte: Wikipedia
CONFÚCIO
Foi o mais famoso filósofo e pensador político da China e viveu entre 552 e 479 a.C. Confúcio não deixou nenhuma obra escrita, mas 
seus discípulos coletaram pequenos provérbios do mestre, além de diálogos com ele, e os reuniram em um texto intitulado Lun Yu 
("Os Analectos"). A herança que o filósofo deixou para o mundo oriental vai muito além disso. "O confucionismo é a base da ética 
empresarial japonesa. Também em alguns dos chamados Tigres Asiáticos, como Coréia do Sul e Cingapura, ele é promovido como 
sistema filosófico a encorajar o desenvolvimento econômico", afirma o historiador Ricardo Gonçalves, da USP. Isso porque os 
pensamentos de Confúcio pregavam, por exemplo, a importância da educação para melhorar a sociedade, com destaque à 
construção do caráter e não apenas ao acúmulo de conhecimentos.
Fonte: Adaptação da Revista Mundo Estranho
ILUMINISMO
Também conhecido como Século das Luzes e como Ilustração, foi um movimento cultural da elite intelectual europeia do século 
XVIII, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. 
Abarcou inúmeras tendências e, entre elas, buscava-se um conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao 
homem moderno e progressista. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância da Igreja e do Estado. Seus ideais 
políticos influenciaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos, a Carta dos Direitos dos Estados Unidos, a Declaração 
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791.
Fonte: Wikipedia
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO
Inspirada nos pensamentos dos iluministas, bem como na Revolução Americana (1776), a Assembleia Nacional Constituinte da 
França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, sintetizados em17 artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução 
Francesa (1789-1799). Pela primeira vez, são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do homem de forma 
econômica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi reformulada no contexto do processo revolucionário em uma segunda 
versão, de 1793. Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República Francesa) e para a atual, e 
também foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pelas Nações Unidas de 1948.
Fonte: Wikipedia
KANT
“Emmanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão, considerado um dos maiores da história e dos mais influentes no Ocidente. 
Kant veio de família pobre e foi criado no seio da religião protestante. Lecionou geografia e iniciou a carreira universitária ensinando 
Ciências Naturais. Em 1770, foi nomeado professor catedrático na Universidade de Königsberg. [...] Sua obra, Crítica da Razão Pura, 
visava colocar todas as questões sob análise racional, sem a confusão que os sentidos poderiam causar para uma conclusão mais 
cuidadosa. Tentou, então, resolver o problema do conhecimento racional e empírico, pois não concordava que a experiência sensível 
era limitada. Kant achava que as verdades universais poderiam ser encontradas a priori, ou seja, antes de qualquer experiência. 
Assim, para Kant, o espírito ou a razão modelava e coordenava as sensações, sendo as impressões dos sentidos externos apenas 
matéria-prima para o conhecimento. Kant negava que existia uma verdade última ou a natureza íntima das coisas. Por isso, propôs 
uma espécie de código de conduta humano, surgindo daí, ideias para outra obra famosa, o seu livro A crítica da Razão Prática, que 
funcionaria como leis éticas que regeriam os seres humanos. A estas leis, deu o nome de Imperativo Categórico”.
Fonte: E-biografias
“Kant manifestou grande simpatia pelos ideais da Independência Americana e depois da Revolução Francesa. Foi um pacifista 
convicto. É lendária a forma extremamente regrada como vivia. Conta-se que a população de Könisberg acertava os relógios por ele 
quando passava pelas suas janelas nos seus passeios diários, sempre às 16h30. Morreu aos 80 anos.”
Fonte: Pensador.uol
FINALIDADE [EM KANT]
Estabelece que o homem é um fim em si mesmo, e assim, não pode servir de meio para a consecução de algum outro objetivo, isto 
é, o ser humano não pode ser instrumentalizado. Nas palavras de Kant “a vontade é concebida como a faculdade de se determinar a 
si mesmo a agir em conformidade com a representação de certas leis. Ora aquilo que serve à vontade de princípio objetivo da sua 
autodeterminação é o fim (Zweck), e este, se é dado pela só razão, tem de ser válido igualmente para todos os seres racionais” 
(KANT, Emmanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 67).
Fonte: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/dignidade-da-pessoa-humana-em-immanuel-kant
AUTONOMIA [EM KANT]
A autonomia é o principio supremo da moralidade. E a vontade deve ser autônoma, quando: a) ela puder universalizar a regra que 
ditou a ação individual, isto é, deve valer para todos; b) quando ela mesma estiver sujeita à regra universal que criou. Kant explicava 
que “O homem, e, de uma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário 
desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem 
a outros seres racionais, ele tem sempre de ter considerado simultaneamente como fim”.
(KANT, Emmanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 67/68)
Fonte: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/dignidade-da-pessoa-humana-em-immanuel-kant
CONDIÇÃO HUMANA
A condição humana é uma expressão muito associada à filósofa Hannah Arendt. Ao começar sua obra, “A condição humana”, ela 
alerta que: a “condição humana não é a mesma coisa que natureza humana. A condição humana diz respeito às formas de vida que 
o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de 
acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido, todos os homens são condicionados, até 
mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros tornam-se condicionados pelo próprio movimento de condicionar. 
Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras: 1. Pelos nossos próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, 
em suma, os aspectos internos do condicionamento. 2. Pelo contexto histórico que vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os 
elementos externos do condicionamento”.
Explicação elaborada por Thiago Rodrigues Braga.
Fonte: Mundo dos Filósofos
DIREITO NATURAL
“O direito natural tem como pontos principais em sua doutrina a ideia de que existe um direito comum a todos os homens e que o 
mesmo é universal. Este direito é anterior ao direito positivo, que é aquele fixado pelo Estado, e todos os homens o recebem de 
forma racional. Suas principais características, segundo Norberto Bobbio, são a universalidade, a imutabilidade e seu conhecimento 
através da própria razão do homem”. Segundo o mesmo autor, “os comportamentos regulados pelo direito natural são bons ou 
maus por si mesmos e estabelecem aquilo que é bom”.
Excerto de O Direito Natural como justificativa da proteção aos direitos humanos fundamentais no caso de omissão legislativa, por 
Adelson Antonio Pinheiro.
Fonte: DireitoNet.
CLÁUSULA ABERTA
Também chamada de norma jurídica indeterminada. Em geral são normas que incorporam um princípio ou valor de origem ética que 
orientam a aplicação do direito na solução do caso concreto, com o que ampliam a importância da interpretação jurídica e põem em 
destaque o papel do juiz. Para muitos, seu sentido é situado no tempo e no espaço, já que explicitam um padrão de conduta aceito 
em certa época e lugar. Em geral, sob o aspecto linguístico, a cláusula aberta pode ser entendida como uma técnica legislativa que 
adota o uso de formas vagas, formas multissignificativas, que comportam muitos significados, daí chamadas de polissêmicas. Se 
norma jurídica está prevista em uma cláusula aberta, defere-se ao intérprete e, em última instância ao juiz, a atividade hermenêutica 
de densificar seu conteúdo, que pode se ajustar e mudar em razão do caso considerado.
PERSONALIDADE JURÍDICA
É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres.
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL
(Na Constituição do Brasil) é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Constituição brasileira de 
1988, destinados a estabelecer as bases políticas, sociais, administrativas e jurídicas da República Federativa do Brasil. São as 
noções que dão a razão da existência e manutenção do Estado brasileiro. Sendo o Brasil um Estado democrático de direito, os 
princípios fundamentais se apresentam como os objetivos deste complexo sistema chamado direito.
Fonte: Wikipedia
IDEAIS LIBERAIS
Os ideais liberais se articulam em quatro grandes pilares: “[1] Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e 
não o contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo intrinsecamente bom, como uma condição 
insubstituível para alcançar níveis ótimos de progresso. Entre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada) 
parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à mercê do Estado. [2] Portanto, os liberais 
também acreditam na responsabilidade individual. Não pode haver liberdade sem responsabilidade. Os indivíduos são (ou deveriam 
ser) responsáveis por seus atos, tendo o dever de considerar as consequências de suas decisões e os direitos dos demais 
indivíduos. [3] Justamente para regular os direitose deveres do indivíduo em relação a terceiros, os liberais acreditam no Estado de 
direito. Isto é, creem em uma sociedade governada por leis neutras, que não favoreçam pessoas, partido ou grupo algum, e que 
evitem de modo enérgico os privilégios. [4] Os liberais também acreditam que a sociedade deve controlar rigorosamente as 
atividades dos governos e o funcionamento das instituições do Estado”.
Excerto de O que é o Liberalismo, por Carlos Alberto Montaner. Fonte: Instituto “Ordem Livre”.
FLAGRANTE DELITO
Nos termos do artigo 302 do Código de Processo Penal, há quatro circunstâncias para a ocorrência do flagrante delito: a) quando o 
agente está cometendo a infração penal; b) quando acaba de cometê-la, c) quando é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido, ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração; d) ou quando é encontrado, logo depois, 
com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o autor da infração.
ESTADO SOCIAL
Também chamado de Estado de Bem-Estar Social. Se no contexto liberal, o Estado possuía um papel mínimo, com a finalidade de 
garantir a liberdade individual dos cidadãos; no Estado Social, o Estado é positivamente atuante para ensejar o desenvolvimento 
(não apenas o crescimento econômico, mas a elevação do nível cultural e a mudança social) e a realização da justiça social, com a 
redução das desigualdades materiais.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Nos termos da Lei 8742/1993, a assistência social é direito do cidadão e dever do Estado, desenvolvida por uma Política de 
Seguridade Social não contributiva, isto é, não é necessário que seu beneficiário tenha financeiramente contribuído para gozar de 
seus benefícios, que deve prover os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da 
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
SEGURIDADE SOCIAL
Nos termos do art. 194 da Constituição, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes 
públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Ela será 
financiada mediante recursos provenientes do orçamento Poder Público (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e de 
contribuições da sociedade (em geral as mais conhecidas são as contribuições devidas pelos empregadores, e a devida pelos 
empregados, chamadas popularmente de “desconto para o INSS). A aposentadoria por tempo de serviço é um dos exemplos de 
direito oriundo da seguridade social.
ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA
A norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo de organização social imposto. Seus atributos são: vigência, efetividade, eficácia e 
legitimidade.
Fonte: direitorvm.blogspot.com.br
FUNDAMENTO DA REPÚBLICA
São chamados, também, de princípios fundamentais e estruturam a existência jurídico-política do Estado Brasileiro. Para Canotilho, 
os princípios fundamentais visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o estado, enumerando as principais 
opções político constitucionais. Entre nós, estão previstos no art. 1º. da Constituição: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa; V - o pluralismo político”.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Para o importante doutrinador José Afonso da Silva, o Estado Democrático de Direito, previsto no texto da Constituição de 1988, é 
um Estado de Direito no qual a democracia deve ser “um processo de convivência social em uma sociedade livre, justa e solidária 
(art. 3º.II), em que o poder emana do povo, deve ser exercido em proveito do povo diretamente ou por seus representantes eleitos 
(art. 1º., parágrafo único); participativa, porque envolve a participação crescente do povo no processo decisório e na formação dos 
atos de governo; pluralista, porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe, assim, o diálogo entre opiniões e 
pensamentos divergentes e a possibilidade de convivência de formas de organização e interesses diferentes na sociedade; há de ser 
um processo de liberação da pessoa humana das formas de opressão que não depende apenas do reconhecimento formal de 
certos direitos individuais, políticos e sociais, mas especialmente da vigência de condições econômicas suscetíveis de favorecer o 
seu pleno exercício”.
Fonte: excerto de O Estado democrático de direito por José Afonso da Silva, disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br
(http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/45920/44126)
HERMENÊUTICA
Muitas vezes, é utilizada no Direito como sinônimo de interpretação. Mas hermenêutica também pode ser considerada como o 
estudo sobre a interpretação. Ao passo que a interpretação pode ser entendida como o esforço lógico-mental para determinar o 
sentido e alcance de uma norma jurídica.

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