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slide desenvolvimento - Marx

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MARX E A CRITICA DA IDEOLOGIA
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Marx não foi estritamente um filósofo, embora tenha uma obra filosófica importante; sua filosofia, bem como suas ideias revolucionárias, foram forças teóricas e políticas fundamentais do séc. XX.
Historiador, cientista político, sociólogo, economista, jornalista, ativista político e revolucionário, além de filósofo, Marx via sua obra superando os limites estritos e os rumos tradicionais da filosofia teórica moderna. 
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Marx Filósofo: A Radicalização da Crítica
Embora Marx considere a filosofia teórica da tradição como uma simples forma de idealismo, desvinculada da realidade social concreta e, nesse sentido inutil, podemos situar seu próprio pensamento como parte da tradição moderna da filosofia crítica.
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Podemos situar o pensamento de Marx na linha que se inaugura no início da modernidade, com a busca de um método filosófico para combater as ilusões da consciência e assim libertar o homem.
Marx pode ser visto também como um filósofo crítico, que procura radicalizar ainda mais o projeto de crítica da modernidade.
A crítica de Marx a Hegel e aos hegelianos diz respeito a seu idealismo. A interpretação hegeliana do processo histórico e da formação da consciência restringe-se ao 
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plano das ideias e representações, do saber e da cultura, não levando em conta as bases materiais da sociedade em que este saber e esta cultura são produzidos em que a consciência individual é formada.
Marx diz que seu objetivo é “inverter o homem de Hegel, que tem os pés na terra e a cabeça nas nuvens, mostrando que sua cabeça, e suas ideias são determinadas pela “terra”, ou seja, pelas condições materiais de sua vida. A consciência que é
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considerada livre e autodeterminada passa a ser vista como condicionada pelo trabalho.
Hegel, ao contrário de Kant, já admitia o conhecimento como socialmente determinado, existindo formas de consciência que correspondem a momentos históricos determinados. Só a partir da consideração da totalidade pode-se fazer a reconstrução dessas diferentes formas. 
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A alienação consiste em uma visão parcial, a partir de uma única forma, ou de um único momento. Isto, no entanto, segundo Marx, é ainda manter-se exclusivamente no plano das ideias e da cultura, o que consiste também em uma forma de alienação.
A questão central da análise de Marx passa a ser o trabalho. 
O trabalho é uma relação invariante entre a espécie humana e seu ambiente natural, uma perpétua necessidade natural da vida humana.
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O Espírito não é, como queria Hegel, o fundamento absoluto da natureza, mas, ao contrário, a natureza é o fundamento do do “Espírito”, no sentido de um processo natural que dá origem ao ser humano e ao meio ambiente em que vive. Ao reproduzir a vida nessas condições naturais, a espécie humana regula sua relação material com a natureza através do trabalho, constituindo assim o mundo em que existimos. As formas específicas segundo as quais a natureza é objetificada mudam historicamente, dependendo da organização social do trabalho.
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No processo de trabalho não só a natureza é alterada, mas o próprio homem que trabalha, não havendo assim uma essência humana fixa. “A História é a verdadeira história natural do homem”, diz Marx.
Seu materialismo histórico, pretende ser uma teoria científica da história. Marx analisa então os diferentes estágios, caracterizados através da noção de “relações de produção”, que levaram a humanidade, desde a sociedade primitiva, passando pela sociedade escravocrata e pela sociedade feudal, até a sociedade burguesa de sua época.
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Podemos considerar, de certa forma, a filosofia de Marx como uma “filosofia do fim da filosofia”. Isto quer dizer que a filosofia, tal como concebida tradicionalmente, está esgotada e é incapaz de realizar efetivamente a crítica a que se propõe.
Para Marx, a filosofia indica a necessidade da prática revolucionária, de “transformar o mundo”.
A análise filosófica tradicional deve dar lugar assim a uma análise econômica, política, histórica, sociológica. E a reflexão filosófica teórica deve dar lugar a uma prática revolucionária transformadora, através de uma concepção de unidade entre teoria e prática.
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A crítica da Ideologia
O texto da Ideologia alemã de Marx e Engels traz uma crítica aos filósofos que, embora se pretendendo críticos da sociedade da época e fiéis aos ideais modernos e iluministas, se mantêm dentro do quadro conceitual da filosofia tradicional e contribuem para preservar a estrutura social que condenam.
Feuerbach (1804-72), pode ser um bom exemplo disso. Em sua obra A essência do cristianismo (1841), critica, na linha da tradição iluminista, a religião como opressora e 
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e produtora de superstições que impedem o acesso dos homens ao saber e a sua liberdade. Entretanto, conforme mostra Marx, a religião, ela própria, é um instrumento das classes dominantes para preservar o seu poder político e econômico, e não a causa dessa dominação.
As teorias dos ideólogos deveriam servir como fundamento da educação, fornecendo em última análise as bases para uma reforma da sociedade no espírito iluminista.
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O sentido negativo do termo “ideologia” deriva de fato da obra de Marx e Engels, que o entendem como “falsa consciência”, em sua crítica aos hegelianos de esquerda, sobretudo Feuerbach e sua análise da religião.
Segundo Marx e Engels, a interpretação de Feuerbach acaba por ser ideológica e não verdadeiramente crítica, porque não chega às verdadeiras causas do fenômeno religioso. Não é porque os homens são crédulos e supersticiosos que se tornam presas fáceis da dominação, mas porque existe a necessidade de manter a dominação que surgem as superstições.
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De acordo com esse sentido crítico, a ideologia é uma visão distorcida, é o mascaramento da realidade – de uma realidade opressora, que faz com que seu caráter negativo seja ocultado -, tornando-se assim mais aceitável e vindo a ter uma justificativa aparente.
A ideologia é, assim, uma forma de dominação, gerando uma falsa consciência, uma consciência ilusória, que se produz através de mecanismos pelos quais se objetificam certas representações (as da classe dominante) como sendo a verdadeira realidade, tudo isso produzindo uma aparente legitimação das condições existentes numa
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determinada sociedade em um período histórico determinado.
Produz-se com isso uma forma de alienação da consciência humana de sua situação real de existência (as relações de produção).
A tarefa da filosofia crítica é desmascarar a ideologia. Corresponde a uma tentativa de penetrar na verdadeira realidade no que esta tem de mais básico (a estrutura social, as relações de produção, segundo Marx), para além das aparências.
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AS ORIGENS DA ESCOLA DE FRANKFURT
Denomina-se “Escola de Frankfurt” o grupo de intelectuais, sociólogos, filósofos e cientistas políticos que se reuniram em torno do Instituto de Pesquisas Sociais fundado em Frankfurt em 1924. 
Considera-se com freqüência que a Escola de Frankfurt se filia apenas remotamente à filosofia marxista e que seu pensamento, de caráter eminentemente teórico, afasta-se das propostas mais políticas e revolucionárias do pensamento de Marx.
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Os frankfurtianos não se pretendem comentadores ou interpretes do pensamento de Marx, sua proposta caracterizando-se mais no sentido de buscar uma inspiração no marxismo para uma análise da sociedade contemporânea, além de desenvolver o conceito de teoria crítica e de crítica da ideologia em uma perspectiva filosófica e sociológica.

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