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Tese de acusação os exploradores de caverna

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Tese de acusação - os exploradores de caverna
VLADIMIR SOARES CERQUERIA
TESE DE ACUSAÇÃO - "O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA" SOB A ÓTICA DA TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE
SALVADOR
2009
VLADIMIR CERQUEIRA
TESE DE ACUSAÇÃO - "O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA" SOB A ÓTICA DA TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE
Trabalho apresentado a Professora Tereza Campos da disciplina Sociologia da turma A1, turno matutino do curso de Administração.
SALVADOR
2009
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como finalidade expor tese de acusação dos fatos dispostos na obra literária e fictícia, escrita por Lon Fuller, chamada “O Caso dos Exploradores de Cavernas” sob a luz da Teoria Tridimensional do Direito, idealizada pelo jurista brasileiro Miguel Reale. Tais estudos consistem em compreender que o Direito é constituído por três elementos (norma, fato e valor).
Segundo esta teoria, o direito deve ser analisado sob três dimensões distintas, quais sejam: como Norma que está relacionado ao aspecto normativo, em que se entende o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência, como Valor onde o Direito cuida de um valor, que no caso será a Justiça e como Fato Social pelo qual o Direito se atenta para sua efetividade social e histórica.
Segundo Miguel Reale, Direito é um fato social, e, os três elementos (Fato, Valor e Norma) estão intimamente ligados. Portanto não podemos imaginar as leis sem levar em consideração os eventos sociais, os hábitos, a cultura e as carências da sociedade, e ainda que, sem a existência desses elementos é impossível, que se leve em conta seus valores.
Desta forma, buscaremos provar que a solução encontrada pelos três suspeitosos para sanar suas necessidades humanas mediante a morte do Sr. Roger Whetmore em prol da sobrevivência dos demais, após um fatídico desmoronamento de pedras que obrigou quatro homens a conviverem em um ambiente inóspito, na verdade se tratou de um homicídio qualificado, com requintes de crueldade.
2. RESUMO DOS FATOS
Elaborado pelo Professor Lon L. Fuler da Universidade de Harvard, O Caso dos Exploradores de Caverna tem sua história imaginária iniciando no mês de maio do ano de 4299, quando cinco membros da Sociedade Espeleológica (organização amadorística de exploração de cavernas) adentraram no interior de uma caverna de rocha calcária.
Quando já se encontravam distantes da entrada da caverna, ocorreu um desmoronamento de terra, que bloqueou completamente a única saída da caverna. Por não terem retornado dentro prazo estipulado, os familiares e amigos dos exploradores alertaram a Sociedade Espeleológica sobre a possibilidade de ter ocorrido algum imprevisto, que de imediato enviou uma equipe de socorro ao local.
Os trabalhos visando o resgate foram extremamente difíceis, até mesmo penosos, haja visto que em determinado momento ocorreram novos deslizamentos de terra, sendo que em uma dessas oportunidades 10 operários da equipe de resgate morreram soterrados.
Os recursos financeiros destinados para essas situações foram exauridos, forçando a Sociedade Espeleológica solicitar apoio do poder legislativo, que iniciou uma campanha de arrecadação financeira para a complementação dos fundos e assim continuar os trabalhos de resgate.
Passados vinte dias aprisionados na caverna, descobriu-se que os exploradores possuíam um rádio transmissor, o que tornou possível a comunicação entre os exploradores e o pessoal de resgate.
Os exploradores perguntavam a todo instante sobre o andamento dos trabalhos e sobre o prazo mínimo para a finalização do resgate. A resposta foi que o mesmo levaria no mínimo mais dez dias.
Em virtude desta resposta, os exploradores aprisionados levantaram duas hipóteses: Se poderiam sobreviver mais dez dias sem alimentação e se caso de alimentassem de carne humana teriam chances de sobreviver. A primeira situação teve uma resposta negativa e a segunda foi respondida que teriam sim grandes chances de sobrevivência alimentando-se de carne humana.
Os exploradores então trataram de pedir apoio as autoridades presentes, religiosas, judiciárias e médicas, a fim de saber a moralidade e licitude do ato de comerem carne humana na situação em que se encontravam. As autoridades porém não se manifestaram em relação a essas perguntas.
Devido a ausência de respostas, a comunicação foi interrompida e os exploradores decidiram pelo sacrifício de um dos cinco, garantindo assim a sobrevivência dos outros quatro.
Roger Whetmore propôs um sorteio para a escolha daquele que seria sacrificado. Mas, antes do início do jogo Whetmore desistiu de participar e sugeriu que esperassem mais uma semana. Seus companheiros o acusaram de traição e procederam ao lançamento dos dados, inclusive um deles jogou no lugar Roger, que acabou sendo o “escolhido” para ser sacrificado.
Assim sendo, Roger Whetmore foi morto pelos seus próprios companheiros, que se alimentaram da sua carne e foram salvos após trinta dias do acidente.
 
3. O DIREITO E SUA ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL
A presente abordagem requer a princípio um esclarecimento acerca da Teoria Tridimensional do Direito, idealizada pelo jurista brasileiro Miguel Reale. Seus estudos consistem em compreender que o Direito é constituído por três elementos (norma, fato e valor), teoria esta que será resumidamente explanada a seguir:
[...] toda experiência jurídica pressupõe sempre três elementos: fato, valor e norma; ou seja, um elemento de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo. (REALE, 1999, p. 66).
O fato – uma dimensão do Direito – é o acontecimento social referido pelo Direito objetivo. È o fato interindividual que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela ordem jurídica. O valor é o elemento moral do Direito, é o ponto de vista sob a justiça. Toda obra humana é impregnada de sentido ou valor. Igualmente o direito. A norma consiste no padrão de comportamento social, que o Estado impõe aos indivíduos, que devem observá-la em determinadas circunstâncias. Fato, valor e norma acham-se intimamente vinculados. Há uma interdependência entre os três elementos. A referência a um deles implica, necessariamente, a referência aos demais.
No ordenamento jurídico brasileiro que é o que nos interessa, todos os bens e valores pessoais encontram-se protegidos por normas ou dispositivos legais que os abriga. No caso analisado, a lei tutela o valor vida e pretende impedir um fato anormal e que caracterizaria uma situação sui generis de abuso do direito.
A violação intencional, ou não, voluntária, ou não, com dolo ou culpa, comissiva ou omissiva é a chancela de todas as condutas criminosas, ou não. Em todos os atos e fatos jurídicos, deixamos nossa impressão, marca sinais de presença de nosso comportamento, e ali permanece como excludentes ou agravantes.
Em relação ao caso, há um véu de mistério que encobre todos esses fenômenos. A primeira vista pode parecer um simples caso de estado de necessidade, art. 23 24 CP, e os argumentos que serão apresentados aos senhores pela defesa tentarão provar isso. Poderão eles se utilizarem de situações semelhantes e até mesmo reais, farão malabarismos jurídicos, encenações, poderão tirar fotos de pessoas se alimentando, enfim, artifícios que na verdade tem a real intenção de tirar a atenção dos senhores para a verdade, não permitam, fiquem atentos à verdade.
Sustentaremos aqui a tese de homicídio, baseados em argumentos científicos com sustentação legal.
Sustentaremos que antes do estado de necessidade, ou no espaço tempo para chegar-se a ele, muitos outros fenômenos ocorreram.
Excelentíssimo senhores Professores, colegas de trabalho, componentes da defesa, nobres jurados. E demais presentes.
Inicio lendoo Lema Internacional da Espeleologia: “Em uma caverna nada se tira, a não ser fotografias. Nada se deixa, a não ser, pegadas, nada se mata há não ser o tempo”.
Após esse digno exemplo, passemos as nossas considerações.
Queremos aqui abordar os momentos que antecederam o desfecho "intercrimes", o FATO propriamente abordado pelo ilustre Professor Miguel Reale em sua teoria Tridimensional do Direito: O fatal, o macabro ato criminoso – O assassinato do Sr. Roger Whetmore.
Peço aos senhores que façam o favor de imaginá-los e materializá-los com diálogos e silêncios possíveis.
A euforia, a alegria, a curiosidade em que se encontravam, cedeu lugar a outras terríveis emoções, após o desmoronamento, o estado de perigo. Barulho ensurdecedor, poeira, pedras para todos os lados, da luz se fez à escuridão. Durante o choque inicial simplesmente ficaram parados, entreolharam-se estáticos, morde-se os lábios meio em transe, entorpecidos, a ansiedade pode não ser evidente, mas é manifestada em sinais enviados ao sistema nervoso autônomo incitado, dificuldades de concentrar, mais tarde de adormecer. Distúrbios de estresse pós-traumático começam a se estabelecer. Tristeza, medo, choro, suor e palidez. Não fiquemos a imaginar que o grupo se tenha postado como quatro membros Zen-budistas em estado de meditação, se assim o fosse não teriam cometido o crime. Eles não relataram que contritos oravam em transe religioso, não estavam frios e em plena razão buscando soluções outras.
Os autos do processo apontam que desde o inicio Whetmore se despontou como líder, tentando por suas características profissionais como aficionado da Espeleologia, acalmar os ânimos, porque após alguns dias na caverna, o ambiente se inverteu, com luz escassa, poeira irritante, baixo teor de oxigênio, aumento da temperatura ambiente, fatores esses que acirrava os ânimos. E o estresse começa a desencadear a ira, a raiva, a busca de um culpado. O líder Roger Whetmore, antes exaltado frente ao sucesso do passeio, agora é execrado, crucificado pelos liderados.
No vigésimo dia, Whetmore se comunica com o exterior, tem a noticia que o resgate demorará dez dias, conforme os autos do processo. Comoção geral, do estado de pânico, instala-se um desejo de punir, de fazer com que alguém pague pela situação em que foram colocados.
Peço licença aos senhores para apresentar relatos reais da tragédia dos sobreviventes do desastre aéreo dos Andes, ocorrido em 13. 10.72. Quando pessoas se refizeram do choque do acidente e se restabeleceram do pânico, começaram a se organizar, e logo apareceu a figura de um líder. Por quê? Porque assim puderam planejar, usaram a diversidade de conhecimento, trabalho emequipe união e respeito para se manterem vivos.
Com a ajuda de dois estudantes de medicina que integravam o grupo, os que ainda resistiam à morte selecionavam partes nutritivas como intestinos, miolos, fígado e pedaços do pulmão. Os partiam e enterravam o que restava na neve. A escolha do cadáver que seria consumido primeiro foi muito difícil. Preferiam preservar os de parentes ou pessoas próximas, escolhendo aqueles desfigurados pelas queimaduras e ferimentos.
A falta do que comer fez com que alguns deles chegassem a pesar metade do que pesavam antes do acidente. Os 45 kg que uma das sobreviventes perdeu não lhe fizeram perder as esperanças, tampouco abandonar seus companheiros. A força de vontade dela e dos outros 15 sobreviventes do acidente aéreo foi determinante para que se mantivessem vivos.
Voltando a caverna, depois de cessado o contato com o resgate e terem a notícia dos dias prováveis do salvamento, nada mais se sabe a não ser o relato dos quatro criminosos. Fato esse deverás interessante, haja visto que tudo que sabemos vieram justamente daqueles que sobreviveram, e quanto a versão do Sr. Roger?
Todos nós temos consciência do quanto deve ter sido difícil para os acusados sobreviverem a aquela situação, porém vale ressaltar que o estado de necessidade não pode sobrepor o direito de viver. Se era inevitável que a situação fosse se agravando a cada momento, e que a possibilidade de vida era cada vez menor, em virtude das condições físicas e psicológicas, ao invés do cometimento do crime, porque não esperaram a morte de um dos acusados, para que pudessem assim, sem outra alternativa, se alimentarem do corpo do seu companheiro, eximindo ao menos de suas consciências a culpa pela morte de seu amigo? Por pior que seja a situação temos sempre que buscar alternativas, não é porque não trabalho que vou roubar para saciar meus desejos. Para todo cometimento de crime tem uma pena e a lei deve ser cumprida. Outro fator que deve ser levado em conta, é que existia todo aparato para que pudessem efetuar o resgate dos acusados, que acarretou também na morte de pessoas inocentes que estavam ali para socorrê-los.
A defesa alega que eles são inocentes, mas isso além de um grave equívoco é um absurdo. Apesar de não estar claro nos autos do processo, podemos sugerir que não é possível que eles não tenham levado água alguma, pois, no mínimo cada um teria que levar uns 20 litros. No vigésimo dia ainda tinha comida isso é confirmado quando eles falam pelo rádio.
Essa é a prova cabal que eles não estavam em estado de necessidade (esse estado pressupõe oscilação entre a vida e a morte), mas os réus não se encontravam nesse estado. Pois, no 20º dia eles ainda dispunham de ração. Se eles assassinaram Roger no 23º dia e este pediu que eles esperassem mais uma semana, infere-se que eles não estavam nesse estado.
Outro detalhe superimportante, os réus alegaram que Roger havia quebrado o acordo, o que não ocorreu. Pois, Roger pediu para adiarem aquele ato por uma semana (lembrando que o fator tempo não foi estabelecido no contrato). Dizer que os exploradores estavam insanos não é adequado. Visto que é demonstrado no caso que eles tiveram racionalidade o suficiente para realizar um contrato entre si.
Portanto não deve ser aceito e sim descartado, a excludente que a defesa coloca como pertinente, o estado de necessidade, pois para tal instituto ser aplicado é mister que ocorram várias circunstâncias sendo que uma delas é a premência, ou seja, a pessoa precisa estar frente a frente com o perigo que impõe risco à sua vida e agir imediatamente para defendê-la, tal ato deve ser impulsivo, instantâneo, até podemos dizer irracional, ou seja, a pessoa deve estar agindo por instinto de defesa para ser enquadrada no "estado natural".
No caso concreto estudado, se um dos exploradores tivesse ficado tão perturbado pela fome e, em um acesso de fúria causado pela quase inanição completa, tivesse investido contra um dos companheiros, matando-o para se alimentar, tal situação se enquadraria perfeitamente na excludente dada a condição exposta de insanidade temporária e ação instintiva. Mas tal fato não se assemelha ao que ocorreu onde todos eles conversaram, estabeleceram um acordo e decidiram jogar a sorte nos dados. Quem está em "estado natural" não argumenta, não denuncia um contrato, não debate para eleger um lançador de dados para representar o colega que se negava a fazê-lo como foi feito. Quem está agindo instintivamente não se agrupa através de acordo para agir, mas sim por instinto.
As atitudes descritas nos autos demonstram que os réus agiram com tempo para planejar e discutir o que iriam fazer, atos estes que requerem pensamento lúcido que descaracterizam por completo a excludente que se deseja atingir. Eles se reuniram enquanto tinham forças para pensar e algum domínio da situação e decidir como agiriam para defender suas vidas já que era presumível que o primeiro que caísse inconsciente pela fome poderia ser morto para ser usado como alimento (o que talvez fosse também assassinato mas no mínimo seria mais humano com relação à vítima), sendo assim, a decisão de matar um deles foi preventiva e portanto premeditada.
Voltando ao caso dos Andes, os sobreviventes do desastre aéreo, disseram, que demoraram mais de dezdias para se acostumarem com a idéia. A repugnância é incomensurável. Podemos ter uma noção desta situação, ao lembrarmos que em condições normais, quando somos convidados a comer carne de rã, jacaré, cobras e lagartos têm-se um sentimento estranho de rejeição. É o mesmo sentimento, só que em escala espetacular, sentiram os sobreviventes dos Andes ao comerem carne humana. Com um atenuante significativo, senhores, os corpos dos quais tiraram a carne, não foram por ele sacrificados, tiveram morte comoriente, por ocasião do desastre. Talvez o sentimento de ave de rapina paire no ar. A não ser que o indivíduo tenha uma cultura antropofágica como essas feras.
Os sobreviventes dos Andes relataram que quando a mão começava a obedecer, a boca se fechava, era a força do preconceito, do TABU.
VEJAM SENHORES O COMPORTAMENTO DOS SOBREVIVENTES DOS ANDES E OS DAS CAVERNAS. LÁ UM POR TODOS E TODOS POR UM. NA CAVERNA UMPARA TODOS E TODOS CONTRA UM. 
Diz Os sobreviventes dizem que hoje eles têm o maior respeito pelos os homens que lhes serviram de alimento. Que opinião terão os réus em ter o nosso, Roger Pereira Whetmore dentro de si, que brutalmente assassinaram e depois dizem ter comido, lembremos, só 3 dias, que poder de adaptação.
Vemos que os sobreviventes da caverna poderiam esperar mais. Ainda conforme relato da ONU, milhões de pessoas morrem de fome no mundo. Na China 30 milhões de pessoas morreram de fome. Em 84 e 85 na África subsaariana, 2 milhões de pessoas e na Etiópia 1,5 milhão. No mundo 20 milhões de crianças morrem de fome por ano. Não acompanha estes relatos informações sobre antropofagia.
Somente para deixar o egrégio conselho de jurados mais confortável para emitir seus julgamentos. Os homens da caverna foram salvos depois de 31 dias, os sobreviventes dos Andes foram resgatados, depois de 72 dias numa das maiores epopéias de que se tem notícia, eram homens valorosos, verdadeiros heróis, não pusilânimes criminosos.
Não resta dúvida que houve por parte dos acusados um ato grosseiro e precipitado, onde talvez seria possível efetuar o resgate de todos, debilitados ou não, mas com vida.
Neste caso excelentíssimo senhor Juiz, este crime foi premeditado e após ser efetuado ficaram em silêncio por nove dias, tendo como desculpa o término da bateria do aparelho. Onde fica a consciência destas pessoas? A covardia que tiveram no ato? Sim, pois eram quatro contra um. Peço-lhe a análise de que muitas pessoas estavam se arriscando naquele resgate, pois seria um orgulho para quem os salvassem, um mérito diria, então fazemos uma comparação que quando estava próximo de abrir e tirar as pessoas, o pessoal do resgate iriam se matar pois queriam o mérito sozinhos. Mas não, observamos que mesmo havendo óbitos entre seus colegas de trabalho, permaneceram ali unidos a salvar aquelas pessoas.
Diante dos fatos apresentados, a condenação seria a única forma de se valer a justiça, não somente pela morte de seu companheiro, mas também a morte dos outros envolvidos no resgate, bem como dos esforços de toda equipe que se empenharam aos extremos para salvar suas vidas.
Sendo assim Excelentíssimos, peco-lhes a pena máxima prevista nos Arts. 121 inciso II, III, IV, 211 e 288. Que se cumpram às exigências cíveis proposta pelos familiares declaradas no processo. Se a lei bastasse não haveria necessidade de tribunais. “Que Deus tenha piedade de suas almas”.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - FULLER, LON. O caso dos exploradores de caverna. Porto Alegre: Sergio Fabris, 1976.
2 - REALE, Miguel. Teoria tridimensional do direito. 5ª ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva 1994.
3 - PENHA, Álvaro Mariano. Conceitos de Direito e a Tridimensionalidade Jurídica. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2619 . Acesso em 15, JUNHO. 2010, 20:03.
4 - Disponível em: http://dereitoesamc.blogspot.com , Acesso em 16 de JUNHO. 2010, 17:25.
5 - Disponível em: http://www.linhasjuridicas.com.br/artigo.php?op=ver&id_artigo=34 , Acesso em 16 de JUNHO. 2010, 18:10.

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