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institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 2 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 3 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 4 Sumário OBJETIVO DO MÓDULO............................................................................................. 7 1. TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA HUMANA ........................................ 7 2. O DIREITO DO TRABALHO .................................................................................... 9 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ..................................... 10 3.1 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO ................................................................................ 10 3.2 PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO .............................................................. 11 3.3 PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL ...................................................... 12 3.4 PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS ................. 12 3.5 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS ........... 13 3.6 PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA .................................................... 13 3.7 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA ........................... 13 3.8 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE CONTRATUAL OBJETIVA ......................... 14 3.9 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL .................................................. 15 3.10 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA ....................... 15 3.11 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ...................... 16 4. EMPREGADO E EMPREGADOR .......................................................................... 16 5. OS ELEMENTOS FÁTICOS-JURÍDICOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO: ASPECTOS AVANÇADOS ........................................................................................ 18 5.1 PESSOA FÍSICA .................................................................................................. 19 5.2 PESSOALIDADE .................................................................................................. 20 5.3 NÃO EVENTUALIDADE ....................................................................................... 20 5.4 ONEROSIDADE ................................................................................................... 21 5.5 SUBORDINAÇÃO ................................................................................................ 22 6. PARCELAS SALARIAIS X PARCELAS NÃO SALARIAIS ................................... 24 6.1 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA ..................................................................... 25 6.2 ADICIONAL NOTURNO ....................................................................................... 26 6.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ...................................................................... 28 6.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE ................................................................... 30 6.5 SALÁRIO UTILIDADE .......................................................................................... 31 6.6 UTILIDADES FORNECIDAS PELO EMPREGADOR QUE NÃO POSSUEM NATUREZA SALARIAL ............................................................................................. 31 7. JORNADA DE TRABALHO ................................................................................... 33 7.1 JORNADA DE TRABALHO PREVISTA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ........... 33 7.2 INTERVALO INTRAJORNADA ............................................................................ 33 7.2.1 INTERVALO INTRAJORNADA CONCEDIDO A MENOR ................................. 35 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 5 7.2.2 INTERVALO INTRAJORNADA CONCEDIDO A MAIOR .................................. 36 7.3 INTERVALO INTERJORNADA ............................................................................ 36 7.4 EMPREGADO COMISSIONISTA ......................................................................... 36 8. JORNADAS ESPECIAIS ........................................................................................ 36 8.1 BANCÁRIO .......................................................................................................... 37 8.2 ALTO EMPREGADO BANCÁRIO ........................................................................ 37 8.3 BANCÁRIO EXERCENTE DE CARGO DE GESTÃO .......................................... 38 8.4 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO .................................................... 39 8.5 ADVOGADO EMPREGADO................................................................................. 39 8.6 COMPENSAÇÃO DE JORNADA E BANCO DE HORAS .................................... 40 8.7 SEMANA ESPANHOLA E JORNADA 12X36 ...................................................... 41 9. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO ................................................................. 42 10. GARANTIAS PROVISÓRIAS DE EMPREGO/ ESTABILIDADE PROVISÓRIA ... 43 10.1 EMPREGADA GESTANTE ................................................................................ 43 10.2 DIRIGENTE SINDICAL ....................................................................................... 45 10.3 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) ................... 45 10.4 REPRESENTANTE DOS EMPREGADOS NA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (CCP) ........................................................................................................... 47 10.5 DIRETOR DE COOPERATIVA ........................................................................... 48 10.6 CONSELHO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NACIONAL (CNPS) ......................... 49 10.7 CONSELHO CURADOR DO FGTS .................................................................... 50 10.8 DISPENSA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA SEM POSTERIOR CONTRATAÇÃO DE OUTRA TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA ....................... 51 10.9 ESTABILIDADE DEVIDO A ACIDENTE DE TRABALHO .................................. 52 11. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO ................................................................................................................................... 58 12. O TRABALHO REALIZADO PELA CRIANÇA E O ADOLESCENTE: ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES ..................................................................................... 59 13. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: ASSÉDIO MORAL, ASSÉDIO MORAL INSTITUCIONAL, ASSÉDIO SEXUAL. ........................ 61 13.1 RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................................. 61 13.2 DANO EXTRAPATRIMONIAL X DANO PATRIMONIAL ................................... 63 13.3 O DANO MORAL ............................................................................................... 63 13.3.1 DANO MORAL EM SENTIDO ESTRITO X DANO MORAL EM SENTIDO AMPLO....................................................................................................................... 64 13.4 O DANO EXTRAPATRIMONIAL DAS RELAÇÕES DE TRABALHO ................ 64 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 6 13.4.1 A REFORMA TRABALHISTA E A INCLUSÃO DO TÍTULO II-A NA CLT: DO DANO EXTRAPATRIMONIAL ................................................................................... 65 13.5 ASSÉDIO MORAL .............................................................................................. 68 13.6 ASSÉDIO MORAL INSTITUCIONAL ................................................................. 70 13.7 ASSÉDIO SEXUAL ............................................................................................ 71 13.7.1 RESPONSABILIDADE OBJETIVA- ART. 932 E 933 DO CÓDIGO CIVIL E SÚMULA 341 DO STF ...............................................................................................de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;” (BRASIL, 1988). Os requisitos para o enquadramento do empregado nessa jornada são: Revezamento de turnos; 1 dos turnos abranger o período noturno (totalmente ou parcialmente). Portanto, a jornada do TIR é de 6 horas diária, 36 horas semanais, com intervalo de 15 minutos, salvo acordo ou convenção coletiva. Exemplo: Semana 1: 10h às 16:15h com 15 minutos de intervalo; Semana 2: 23h às 5:15h com 15 minutos de intervalo. 8.5 ADVOGADO EMPREGADO Previsão Legal: art. 20 da Lei n. 8.906/1994. De acordo com o art. 20 da Lei n. 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados): institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 40 Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. § 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo- lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação. § 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. § 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento (BRASIL, 1994). O advogado empregado que trabalha sem dedicação exclusiva terá uma jornada máxima de 4 horas diárias e 20 horas semanais. A hora extra deste profissional será remunerada com adicional de mínimo 100% sobre valor da hora normal; o adicional noturno será de 25% sobre valor da hora normal no horário compreendido entre 20h de um dia às 05h do dia seguinte. O advogado com dedicação exclusiva, terá jornada de 8h diárias e 40h semanais, já que não labora aos sábados. 8.6 COMPENSAÇÃO DE JORNADA E BANCO DE HORAS O trabalhador pode laborar mediante regime de compensação de horas ou por meio de banco de horas. Nesse sentido, cumpre estudá-lo a seguir: Tabela 2- Compensação de jornada x Banco de Horas Compensação de jornada Banco de horas Previsão legal: art. 59 caput da CLT Previsão legal: art. 59, §2, 5º e 6º da CLT institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 41 Requisitos: máximo de 2 horas extras por dia Limite máximo semanal respeitado Requisitos: máximo de 2 horas extras por dia Não precisa respeitar o limite semanal, mas a compensação deve ser feita em até: A) 1 ano (§2º) B) 6 meses (§5º) C) 1 mês(§6º) Acordo individual, coletivo ou convenção coletiva A) Se for compensar em 1 ano: acordo coletivo ou convenção coletiva B) Se for compensar em 6 meses: ACT, CCT ou acordo individual C) Se for compensar até 1 mês- ACT, CCT, ou acordo individual, aqui, inclusive, tácito ou escrito! Fonte: Elaborado pela autora 8.7 SEMANA ESPANHOLA E JORNADA 12X36 O trabalhador também poderá laborar mediante regime de semana espanhola ou por meio de jornada denominada 12x36. Nesse sentido, cumpre estudá-lo a seguir: Tabela 3- Semana espanhola x Jornada 12x36 Semana espanhola Jornada 12X36 Previsão legal: OJ-SDI1 323 É aquela em que se trabalha 48h em uma semana e 40h em outra. Pode ser estipulada por acordo individual, acordo coletivo ou convenção coletiva Previsão legal: art. 59-a da CLT É aquela em que se trabalha 12h seguidas por 36h ininterruptas de descanso. Pode ser estipulada por acordo individual, acordo coletivo ou convenção coletiva Fonte: Elaborada pela autora institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 42 9. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO Previsão Legal: Lei n. 605 de 1949; art. 6o parágrafo único da Lei n. 10.101 de 2000; Súmula 172 do TST; Súmula 146 do TST; Súmula 225 do TST; OJ-SDI1 410 do TST. A todo empregado é garantido, por lei, um descanso de 24 horas consecutivas que deverão ser remuneradas pelo empregador. Não é obrigatório que esse intervalo seja concedido aos domingos, podendo, desta maneira, ser concedido em qualquer dia da semana, desde que dentro dos 7 dias. Nesse sentido, de acordo com o art. 1o da Lei 605 de 1949: “Art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local” (BRASIL, 1949). Porém, há uma exceção ao repouso ser concedido aos domingos. De acordo com o art. art. 6o parágrafo único da Lei n. 10.101 de 2000: Art. 6o Fica autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva (BRASIL, 2000). Logo, aos comerciários, ao menos uma vez ao mês, o descanso deverá ser concedido no domingo. Ademais, de acordo com seu art. 7 § 2º: § 2º Consideram-se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 43 por falta sejam efetuados na base do número de dias do mês ou de 30 (trinta) e 15 (quinze) diárias, respectivamente (BRASIL, 1949). O que o referido art. quer dizer é que todo empregado que recebe salário mensal ou quinzenal já possui os dias repousados remunerados. Nesse sentido, no pagamento do salário desses empregados, já estão embutidos, quitados os dias de repouso. Por outro lado, aqueles empregados que recebem por dia, por hora, por semana, ou são comissionistas, os valores do repouso semanal remunerado são quitados a parte. Por fim, de acordo com o art. 9º da Lei n. 605 de 1949: “Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias feriados civis e religiosos, a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador determinar outro dia de folga” (BRASIL, 1949). Dessa forma, caso o empregador não concedo o descanso ao empregado, fará jus ao pagamento em dobro do respectivo. 10. GARANTIAS PROVISÓRIAS DE EMPREGO/ ESTABILIDADE PROVISÓRIA A garantia provisória de emprego, ou estabilidade provisória “[...] é a vantagem jurídica de caráter transitório deferida ao empregado em virtude de uma circunstância contratual ou pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar a manutenção do vínculo empregatício por um lapso temporal definido [...]” (DELGADO, 2016, p. 1394). Nesse sentido “[...]voltam-se, de modo essencial, contrariamente ao exercício unilateral do poder empregatício pelo empregador, inviabilizando a ruptura contratual por sua vontade meramente arbitrária [...]” (DELGADO, 2016, p. 1394). 10.1 EMPREGADA GESTANTE Previsão Legal: art. 10, II, “b” do ADCT; art. 391-A da CLT; Súmula 244 do TST institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 44 A garantia provisória de emprego da empregada gestante inicia-se na confirmação da gravidez e dura até 5 meses após o parto. A dispensa de empregada gestante durante a garantia provisória deemprego, sem justa causa é nula de pleno direito (vide art. 9 da CLT). Para o TST, confirmação da gravidez é data da CONCEPÇÃO. Lembrando que não há necessidade do conhecimento do estado gravídico por nenhuma das partes. Dessa forma, somente poderá ser dispensada se cometer falta grave. Se foi dispensada, sem justa causa, dentro do período da garantia, a empregada gestante terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensada. Sobre o tema, cumpre destacar a Súmula 244 do TST, in verbis: Súmula 244 do TST GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT) II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado (BRASIL, 2012). No caso de falecimento da genitora, àquele que detiver a guarda de seu filho possuirá direito a estabilidade. De acordo com a Lei Complementar nº 146/2014. Se a decisão judicial ocorrer somente APÓS o período da estabilidade, a empregada terá direito às garantias trabalhistas, portanto, não cabendo a reintegração. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 45 De acordo com a jurisprudência, a empregada gestante terá direito à estabilidade, mesmo se tratando de contrato por prazo determinado, garantia essa que será do momento da gravidez até 5 meses após o parto. O mesmo ocorrerá durante o aviso prévio. 10.2 DIRIGENTE SINDICAL Previsão Legal: art. 543, §3o da CLT; art. 8, VIII, CR. Os dirigentes sindicais eleitos (titular e suplente) possuem garantia a inamovibilidade (art. 543, CLT) e a garantia de emprego. Dessa forma, não podem ser dispensados, sem justa causa, durante o período que compreende desde o registro da candidatura até 1 ano após o final do mandato. Cumpre ressaltar que o tempo de mandato não é mais estipulado por lei (liberdade sindical) e sim no estatuto. De acordo com o art. 543, §3o da CLT: § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação (BRASIL, 1943). Esta garantia destina-se aos dirigentes de entidades sindicais de empregados, sob o intuito de impedir desvios diretivos (do empregador) capazes de comprometer as funções sindicais. Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde o registro da candidatura, até 1 ano após final do seu mandato), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.3 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 46 Previsão Legal:– art. 10, II, “a” do ADCT; art. 163 a 165 da CLT; sum. 339, TST. Sobre a Comissão interna de prevenção de acidentes cumpre destacar que apenas os representantes dos empregados é que são eleitos (titular e suplente). Os representantes do empregador são livremente indicados. A estabilidade só atinge os representantes dos empregados (eleitos) sejam titulares ou suplentes. De acordo com o art. 164 da CLT: Art. 164 - Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior. § 1º O Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho definirá as características do pessoal especializado em segurança e higiene do trabalho, quanto às atribuições, à qualificação e à proporção relacionada ao número de empregados das empresas compreendidas no presente artigo. § 1º - Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. § 2º As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs) serão compostas de representantes de empregadores e empregados e funcionarão segundo normas fixadas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho. § 2º - Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados. § 3º - O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição. § 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de reuniões da CIPA. § 5º - O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente (BRASIL, 1943). Portanto, a estabilidade se inicia com o registro da candidatura e termina 1 ano após o término do mandato. O mandato na CIPA é de 1 ano e não há institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 47 necessidade de comunicação do registro. Assim, de acordo com o art. 165 da CLT: Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado (BRASIL, 1943). De acordo com o art. 164 § 5º da CLT: “O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente” (BRASIL, 1943). Logo, a presidência da CIPA será ocupada necessariamente por um empregador que represente o empregador. Já o vice-presidente será um representante dos empregados eleito pelos empregados. Por isso que o presidente não possui estabilidade, mas o vice-presidente tem. O presidente é escolhido pelo empregador e não eleito. (Esse ponto será importante na defesa). O empregado membro da CIPA também goza de inamovibilidade só podendo ser transferido no caso de extinção do estabelecimento, da mesma forma que o dirigente sindical, por não se tratar de uma garantia pessoal. Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde o registro da candidatura, até 1 ano após o final do mandato), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.4 REPRESENTANTE DOS EMPREGADOS NA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (CCP) Previsão Legal: art. 625-B da CLT. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 48 A comissão de conciliação prévia tem como objetivo reduzir o número de ações trabalhistas, sendo facultativa sua criação. Assim como na CIPA, a CCP possui composiçãoparitária. Dessa forma, ela compõe-se de metade de representação dos empregados e a outra metade de representação do empregador. Da mesma maneira que CIPA, apenas os representantes dos empregados (titulares e suplentes) gozam de estabilidade, sendo esta, compreendida no período do registro da candidatura até 1 ano após o término do contrato. De acordo com o art. 625-B da CLT: Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas: I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio, secreto, fiscalizado pelo sindicato de categoria profissional; II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares; III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução. § 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. § 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade (BRASIL, 1943). Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde o registro da candidatura, até 1 ano após o final do mandato), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.5 DIRETOR DE COOPERATIVA Previsão Legal: art. 55 da Lei n. 5764 de 1971 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 49 De acordo com o art. 55 da Lei n. 5764 de 1971: Art. 55. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1° de maio de 1943) (BRASIL, 1971). Logo, a estabilidade é desde o registro da candidatura até 1 ano após o término do mandato. A estabilidade só sobre o titular, sendo, inclusive, o único caso no qual não haverá a extensão da estabilidade ao suplente. Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde o registro da candidatura, até 1 ano após o final do mandato), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.6 CONSELHO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NACIONAL (CNPS) Previsão Legal: Lei n. 8212 de 1991; Lei n. 8213 de 1991 Neste caso, os membros do CNPS, enquanto representantes dos empregados (titulares e suplentes) gozam de estabilidade desde a nomeação até 1 ano após o término do mandato de representação, inclusive suplentes. De acordo com o art. 3o da Lei n. 8.212 de 1991: Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social–CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá como membros: I - seis representantes do Governo Federal; II - nove representantes da sociedade civil, sendo: a) três representantes dos aposentados e pensionistas; b) três representantes dos trabalhadores em atividade; c) três representantes dos empregadores. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 50 § 1º Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da República, tendo os representantes titulares da sociedade civil mandato de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez. § 2º Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos aposentados, dos empregadores e seus respectivos suplentes serão indicados pelas centrais sindicais e confederações nacionais. § 3º O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, por convocação de seu Presidente, não podendo ser adiada a reunião por mais de 15 (quinze) dias se houver requerimento nesse sentido da maioria dos conselheiros. § 4º Poderá ser convocada reunião extraordinária por seu Presidente ou a requerimento de um terço de seus membros, conforme dispuser o regimento interno do CNPS. § 6º As ausências ao trabalho dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atividades do Conselho, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente trabalhada para todos os fins e efeitos legais. § 7º Aos membros do CNPS, enquanto representantes dos trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo judicial (BRASIL, 1991). Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde a nomeação até 1 ano após o término do mandato de representação), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.7 CONSELHO CURADOR DO FGTS Previsão Legal: art. 3º §9o da Lei n. 8036 de 1990; Decreto n. 99684 de 1990. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 51 O Conselho curador possui em sua composição representante governamentais; representantes dos empregados e representantes dos empregadores. Da mesma maneira, apenas os representantes dos empregados (inclusive suplentes) gozarão da estabilidade. Neste caso a estabilidade compreende-se desde a nomeação até 1 ano após o término do mandato, de acordo com o art. 3º §9o da Lei n. 8036 de 1990: Art. 3o O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, composto por representação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma estabelecida pelo Poder Executivo. [...] § 9º Aos membros do Conselho Curador, enquanto representantes dos trabalhadores, efetivos e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo sindical (BRASIL, 1990, grifos nossos). Somente poderá ser dispensado se cometer falta grave. Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (desde a nomeação até 1 ano após o término do mandato de representação), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 10.8 DISPENSA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA SEM POSTERIOR CONTRATAÇÃO DE OUTRA TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA Previsão Legal: art. 93 da Lei n. 8213 de 1991; art. 36 Decreto n. 3298 de 1999: De acordo com o art. 36 Decreto n. 3298 de 1999: Art. 36. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 52 cargos com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte proporção: I - até duzentos empregados, dois por cento; II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento; III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou IV - mais de mil empregados, cinco por cento (BRASIL, 1999). Ainda, de acordo com o art. 93 caput e § 1o da Lei n. 8213 de 1991: Art. 93. A empresa com 100 (cem)ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: [...] § 1o A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário reabilitado da Previdência Social (BRASIL, 1991). Neste caso, em caso de empresas com mais de 100 empregados, se o empregador dispensar a pessoa com deficiência, sem justa causa e sem substituí-lo por outra pessoa de condição semelhante, considera-se em vigor o contrato de trabalho deste empregado e ele terá direito à reintegração ao emprego. 10.9 ESTABILIDADE DEVIDO A ACIDENTE DE TRABALHO Previsão Legal: art. 19 a 23 da Lei n. 8213 de 1991; art. 118 da Lei n. 8213 de 1991; Súmula 378 do TST; Súmula 736 do STF; art. 15 §5 da Lei n. 8036 de 1990; art. 28 do Decreto n. 99684 de 1990; Súmula 501 do STF; Súmula 15 do STJ. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 53 De acordo com os arts. 19 a 23 da Lei n. 8213 de 1991, são considerados acidentes de trabalho: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. § 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. § 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. § 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento. Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 54 § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (Revogado pela Medida Provisória nº 905, de 2019 (Revogada pela Medida Provisória nº 955, de 2020) d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 55 § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento. § 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo. § 2o A empresa ou o empregador doméstico poderão requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do empregador doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos da Previdência Social. Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. § 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria. § 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo. § 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa deresponsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 56 § 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste artigo. § 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipótese do caput do art. 21-A. Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (BRASIL, 1991). Sobre o art. 21 inciso IV alínea d) :“d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado” (BRASIL, 1991), a MP 905 tentou revogá-lo, na tentativa de afastar o entendimento no qual considera acidente de trabalho, o acidente ocorrido no percurso casa-trabalho, trabalho-casa. Ocorre que a MP 905 fora revogada pela MP 955 e, portanto, permanece o entendimento do acidente no percurso. A estabilidade acidentária só se aplica aquele que sofre acidente do trabalho (típico; doença do trabalho; doença profissional), de acordo com os arts. 19 a 23 da Lei n. 8213 de 1991. Em caso acidente comum, não há a percepção de garantia provisória de emprego. De acordo com o art. 118 da Lei n. 8213 de 1991: Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente (BRASIL, 1991). Logo, os requisitos para a estabilidade por acidente de trabalho típico são: afastamento superior a 15 dias e a percepção do benefício previdenciário. Dessa forma, os 15 primeiros dias são pagos pelo empregador (e neste caso, constitui- se hipótese de interrupção do contrato de trabalho, ou seja, o empregado não trabalha mas recebe o salário) e a partir do 16º dia, o INSS arcará o auxílio institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 57 doença acidentário (neste caso, constitui-se hipótese de suspensão do contrato de trabalho, ou seja, o empregado não trabalha e não recebe o salário). Quando o contrato está suspenso, portanto, não há o pagamento de salário, e nem de FGTS, em regra. Ocorre que, de acordo com o art. 15 §5o da Lei n. 8036 de 1990 e o art. 28 do Decreto n. 99684 de 1990, quando se trata de serviço militar e do acidente de trabalho, mesmo com o contrato suspenso, o empregador mantém o dever de recolher o FGTS do empregado (no caso de acidente comum não há o recolhimento do FGTS). A estabilidade dura no mínimo 12 meses e tem como início a suspensão do benefício previdenciário, ou seja, quando o empregado é considerado capacitado a voltar a trabalhar, no momento em que o mesmo retorna, ele terá, a partir desse dia, no mínimo 12 meses de garantia provisória de emprego (estabilidade). O art.118 da Lei n. 8213 de 1991 diz expressamente que o empregado tem direto a garantia provisória de emprego após cessar o auxílio-doença acidentário “independentemente de percepção de auxílio-acidente” (BRASIL, 1991). Isto porque, o auxílio acidente é benefício diverso do auxílio-doença. Ele será pago após o empregado ser capacitado a voltar a trabalhar, àqueles que ficaram com sequelas em razão do acidente do trabalho, não importado seu recebimento para que haja o direito à garantia provisória de emprego. Sobre o acidente de trabalho decorrente de doença profissional, a análise é um pouco diferente, isto porque, não é necessário, para que o empregado possua direito à garantia provisória, o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário. No caso de doença profissional, deverá ser comprovado o nexo de causalidade pelo empregado. Exemplo de doença profissional: LER. Este entendimento se encontra consubstanciado na Súmula 378 do TST: Súmula no 378 do TST ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. (inserido o item III) - Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 58 I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001). III – O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91. (assim como no caso da estabilidade da gestante) (BRASIL, 2012). Logo, se o mesmo for dispensado, sem justa causa, dentro do período da garantia (no mínimo 12 meses após o retorno ao trabalho), terá direito à reintegração no emprego e ao recebimento de todas as parcelas que faria jus nesse tempo em que permaneceu dispensado. 11. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO De acordo com o manual da OIT “Mulheres no Trabalho” (2016, p. 3), “as oportunidades de participação das mulheres no mercado de trabalho no mundo permanecem quase 27 pontos percentuais abaixo das oportunidades dos homens”. O mesmo manual ainda explica que, “em 2015, a disparidade de gênero na taxa de emprego atingiu 25,5 pontos percentuais em prejuízo das mulheres, apenas 0,6 pontos menos do que em 1995” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2016, p. 3). Ademais, ainda de acordo com o manual da OIT “as mulheres realizam, em média, pelo menos duas vezes e meia mais tarefas domésticas não remuneradas e de cuidados do que os homens (nos países com dados institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 59 disponíveis)” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2016, p. 7)3. Nesse cenário, “mesmo quando estão empregadas, continuam a realizar a maior parte das tarefas domésticas não remuneradas e de cuidados, o que limita a sua possibilidade de aumentar o número de horas trabalhadas no trabalho remunerado, formal e no trabalho por conta de outrem e remunerado” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2016, p. 7). Isso tudo tem a ver com a divisão sexual do trabalho, já que, por muito tempo na sociedade, reservou-se às mulheres o espaço doméstico. Portanto, a “divisão sexual do trabalho” consiste em deixar as mulheres ocupando o espaço doméstico (esfera reprodutiva) e os homens ocupando o espaço público (esfera produtiva) (KERGOAT, 1996). Dessa forma, “a ausência de uma divisão harmônica dos afazeres domésticos e dos cuidados com os filhos persiste como obstáculo à emancipação das mulheres e à conquista e à permanência plena do mercado de trabalho [...]” (TEODORO, 2020, p. 107). O estudo de gênero e trabalho é de extrema importância para que se alcance uma mudança nesse cenário e portanto, sugere-se ao aluno a leitura indicado sobre o tema, como forma de aprofundar seus estudos neste âmbito. 12. O TRABALHO REALIZADO PELA CRIANÇA E O ADOLESCENTE: ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES A Constituição da República de 1988 em seu art. 7o inc. XXXIII proíbe o “trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalhoa menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos” (BRASIL, 1988). Ademais, em seu art. 227 § 3o inc. I reafirma a “idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII” (BRASIL, 1988). No mesmo sentido regula o ECA, o 3 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Mulheres no Trabalho: Tendências. 2016. [e-book], p. 7. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 60 qual dispõe em seu art. 60: “É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz” (BRASIL, 1991). De acordo com tais instrumentos normativos, o trabalho acima de 14 anos e abaixo de 16 anos poderia ser realizado somente na condição de aprendiz. Em relação a este último, pode-se dizer que ele é “[...] especial, formal, com prazo determinado não superior a dois anos, e o menor deve estar inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico” (LIMA; SÁ, 2016, p. 29). Porém, no ordenamento jurídico brasileiro existem exceções a essa regra, como, por exemplo, a possibilidade do trabalho infanto-juvenil artístico, o qual poderá ser realizado por menores de 14 anos. Sobre este último, o tema é complexo e existem opiniões divergentes. Sem a pretensão de esgotar o assunto, adentrar-se-á em alguns de seus aspectos e contornos. Primeiramente, aos que entendem pela possibilidade do trabalho infanto- juvenil artístico, a argumentação é no sentido de que ele é possível pela leitura combinada do art. 149 do ECA, do art. 406 da CLT, da Convenção n. 138 da OIT, promulgada no Brasil e do art. 5o inc. IX da CR/88. Esta é a corrente predominante. Já os que argumentam de forma contrária, entendem que o ECA em seu art. 149 não permitiria o trabalho infanto-juvenil artístico, já que este é proibido pela própria Constituição Federal de 1988. Logo, a expressão “participação” compreendida no art. 149 do ECA é no sentido de uso da imagem e não de trabalho, sendo a natureza jurídica, do contrato estipulado entre as partes envolvendo o menor, civilista (de uso de cessão e imagem) e não trabalhista (de um contrato de trabalho). A legislação sobre o tema é precária, o que gera inúmeras discussões acerca do mesmo. De toda forma, para que o menor de 14 anos exerça o trabalho artístico, deve-se observar inúmeros requisitos, devendo ser em caráter excepcional, mediante portaria, ou alvará judicial o autorizando, no qual o juiz competente analisará o caso e observará vários requisitos para sua permissão, institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 61 a fim de assegurar a saúde da criança e do adolescente e não se tornar um trabalho infantil ilícito. 13. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: ASSÉDIO MORAL, ASSÉDIO MORAL INSTITUCIONAL, ASSÉDIO SEXUAL. 13.1 RESPONSABILIDADE CIVIL Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 25) “A responsabilidade civil tem, pois, como um de seus pressupostos, a violação do dever jurídico e o dano. Há um dever jurídico originário, cuja violação gera um dever jurídico sucessivo ou secundário, que é o de indenizar o prejuízo”. Seus pressupostos são: a) conduta humana; b) dano; c) nexo de causalidade. Tabela 4- Pressupostos da Responsabilidade Civil Conduta humana Dano Nexo de causalidade É o ato ilícito ou abuso de direito. De acordo com Caio Mario: A conduta humana pode ser obediente ou contraveniente à ordem jurídica. O indivíduo pode conforma-se com as prescrições legais ou proceder em desobediência a elas. [...] No segundo (caso) estão os atos ilícitos, concretizados em um procedimento, em desacordo com a ordem legal (PEREIRA, 2012, p.551) Ademais: O ato ilícito, em decorrência da própria iliceidade que o macula, é lesivo do direito de outrem.[...] É criador tão somente de deveres para o agente, em função da correlata obrigatoriedade da reparação, que se impõe àquele que, Lesão a pessoa ou ao patrimônio da pessoa; diminuição ou subtração de um bem jurídico que ocorre contra a vontade do terceiro afetado. Deve se poder ligar o dano à conduta humana; o dano deve decorrer, de alguma forma, ainda que indireta, da conduta antijurídica ou que abusou do direito. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 62 transgredindo a norma, causa dano a outrem.(PEREIRA, 2012, p.551) Todavia, existe a possibilidade de haver um ato lícito que possa ensejar a responsabilidade civil. Ex.: Art. 1.313 CC – é o direito do vizinho adentrar a casa do vizinho para realizar reparação; todavia, se ocorrer um dano em decorrência ao exercício deste direito (consertar um cano e ter que quebrar o teto do vizinho), haverá a necessidade de reparação. Fonte: Elaborada pela autora 13.1.1 Responsabilidade Civil Objetiva x Responsabilidade Civil Subjetiva Subjetiva (culpa): a responsabilidade é mediante apuração da culpa na ação ou omissão. É necessário que o autor do dano tenha agido com negligência (falta de atenção), imprudência (assunção desnecessária de risco) ou imperícia (o Direito Civil a vê como imprudência/negligência técnica). De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 47): “Diz-se pois, ser ‘subjetiva’, a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa”. Objetiva (risco): aqui a responsabilidade é imputada independente de haver a culpa. Avalia-se questões que extrapolam essa culpa, como questões que naturalmente ensejam riscos, impondo a sociedade o dever de se precaver contra a ocorrência do dano. Assim, na hipótese de ocorrência do dano em razão institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 63 da atividade, mesmo sem culpa, o agente será responsabilizado. De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 47): Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco. Para essa teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco para terceiros. E deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa. (Teoria do Risco Interno). 13.2 DANO EXTRAPATRIMONIAL X DANO PATRIMONIAL Para compreensão do assunto, antes, torna-se necessário conceituar dano. Dessa forma: “Dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição) que uma pessoa sofre, devido a um certo evento, contra sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral” (NASCIMENTO, 2015, p. 13). O dano patrimonial é a ofensa a bem suscetível de apreciação econômica imediata (dano emergente) ou o que deixou de lucrar devido ao evento danoso (lucros cessantes). Já o dano extrapatrimonial é qualquer dano em razão da violação de direito não patrimonial. 13.3 O DANO MORAL A) Concepção tradicional: restringia a dor, angústia, ao sofrimento. Professor francês René Savatier- inconsistência: única diferenciação era o fato de os danos não serem pecuniários. B) Concepção crítica: o dano decorre da repercussão da lesão sobre a vítima – não trouxe pressupostos nem requisitos para a caracterização do dano, sendo assim, discricionária. C) Constitucionalização do direito civil: vinculação dos danos morais à violação da cláusula geral de tutela da pessoa humana e seus direitos de personalidade. Sendo assim: “Derivam de práticas atentatórias à personalidade humana que afetam o valor da pessoa intimamente e/ou perante a sociedade, sendo capazes de lesar a dignidade da vítima, ferindo direito personalíssimo” (NASCIMENTO, 2015, p. 14) De acordocom Carlos Roberto Gonçalves: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 64 O dano moral não é propriamente a dor, a angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a vítima do evento danoso, pois esses estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do dano. A dor que experimentam os pais pela morte violenta do filho, o padecimento ou complexo de quem suporta um dano estético, a humilhação de quem foi publicamente injuriado são estados de espírito contingentes e variáveis em cada caso, pois cada pessoa sente a seu modo (GONÇALVES, 2012, p. 353). O dano moral está previsto na Constituição Federal (art. 5o incisos V e X) e no Código Civil (arts. 186 e 927). 13.3.1 DANO MORAL EM SENTIDO ESTRITO X DANO MORAL EM SENTIDO AMPLO A) em sentido estrito: dano moral é espécie e dano extrapatrimonial é gênero. B) em sentido amplo: dano moral e dano extrapatrimonial. Se equiparam no sentido de lesão aos direitos da personalidade. 13.4 O DANO EXTRAPATRIMONIAL DAS RELAÇÕES DE TRABALHO O dano moral no ambiente de trabalho decorre de condutas que possuem como consequência “lesar pessoa, causando prejuízo psíquico, social, afetivo etc.” (NASCIMENTO, 2015, p. 14). Ao adotar-se o conceito de dano moral em sentido amplo, conforme Sônia Mascaro Nascimento: Assim, em sentido amplo, o dano moral é entendido como um gênero que envolve diversas espécies de constrangimento no ambiente de trabalho, tais como: assédio moral, assédio moral institucional, assédio sexual, dano existencial, lesão à imagem, lesão à honra, lesão à intimidade, assédio processual, perda de uma chance, dano estético, lesão ao nome (NASCIMENTO, 2015, p. 15). Logo, uma única conduta pode gerar mais de um dano. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 65 13.4.1 A REFORMA TRABALHISTA E A INCLUSÃO DO TÍTULO II-A NA CLT: DO DANO EXTRAPATRIMONIAL Sob este ponto, cumpre destacar que: “O legislador brasileiro passou a adotar a expressão dano extrapatrimonial em substituição a dano moral” (SANTOS, 2019, p. 53). Logo, a CLT expressamente utilizou o dano moral em sentido amplo. A Reforma Trabalhista, trouxe, portanto, inclusão do título II-A na CLT: Do Dano Extrapatrimonial da CLT, alvo de inúmeras críticas. Passamos à análise de alguns de seus arts. De acordo com o art. 223-A da CLT: Art. 223-A. “Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título” (BRASIL, 1943). Críticas: Da leitura literal do referido artigo, conclui-se que a intenção do legislador seria afastar a aplicação subsidiária do direito comum. Ressalte-se que antes da Reforma Trabalhista, devido a falta de regulamento da matéria e sendo competência da Justiça do Trabalho processar e julgar as ações decorrentes de danos morais trabalhistas, importava-se regras constantes na Constituição e no Código Civil. A sensação de que, de fato, o legislador teve a ousadia de tentar reger toda a matéria pertinente à responsabilidade civil por danos extrapatrimoniais em “apenas” sete artigos, ganha força ao examinar os artigos seguintes, os quais tentam apresentar uma espécie de resumo da teoria da responsabilidade civil, dispondo sobre o conceito de dano extrapatrimonial (art. 223-B), os bens jurídicos tutelados (223-C e 223-D), a identificação dos responsáveis pela reparação (art. 223-E), as normas processuais sobre o tema (art. 223-F) e, finalmente, critérios para arbitramento da compensação financeira (art. 223-G) (BERNARDES et al, 2018, p. 127). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 66 De acordo com o art. 223-B da CLT: “Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação” (BRASIL, 1943). Críticas: A leitura literal do artigo gera dúvidas quanto à necessidade ou desnecessidade de comprovação de culpa para configuração do dano. Além disso, ele admite explicitamente a figura do dano existencial trabalhista, não disciplina sobre o dano estético e o dano moral coletivo. Também, ao estabelecer que a pessoa física ou jurídica que vier a sofrer a ofensa será titular exclusiva do direito à reparação, o legislador excluiu a possibilidade de reparação do dano moral em ricochete, o que contraria o Enunciado n. 20 na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (ANAMATRA, 2018, p. 20): Enunciado 20. Dano Extrapatrimonial: Limites e outros aspectos. Danos extrapatrimoniais. O artigo 223-B da CLT, inserido pela Lei 13.467, não exclui a reparação de danos sofridos por terceiros (danos em ricochete), bem como a de danos extrapatrimoniais ou morais coletivos, aplicando-se, quanto a estes, as disposições previstas na Lei 7.437/1985 e no título III do Código de Defesa do Consumidor. De acordo com o art. 223-C da CLT: “A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física” (BRASIL, 1943). Críticas: Deve-se entender que o rol exposto acima é exemplificativo, sob pena de excluir outros direitos constitucionalmente protegidos (art. 3º, IV, CR). Em relação ao assunto, cumpre destacar o Enunciado n. 19 na 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho ANAMATRA (2018, p. 20): Enunciado 19. Danos Extrapatrimoniais: Limites. É de natureza exemplificativa a enumeração dos direitos personalíssimos dos trabalhadores constante do novo institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 67 artigo 223-C da CLT, considerando a plenitude da tutela jurídica à dignidade da pessoa humana, como assegurada pela Constituição Federal (artigos 1º, III; 3º, IV, 5º, caput, e §2º). De acordo com o art. 223-E da CLT: “São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão” (BRASIL, 1943). Crítica: A leitura literal desse artigo possibilita o entendimento de que os empregados responderão aos danos causados ao empregador e a outros empregados, afastando a responsabilidade objetiva do empregador pelos atos de seus empregados prevista no art. 932, II, do CC que será abordada adiante. De acordo com o art. 223-G § 1o da CLT: Art. 223-G § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido (BRASIL, 1943). Crítica: O artigo admite que se diferencie um mesmo dano causado a trabalhadores distintos, ser estipulado de acordo com o salário de cada trabalhador, criando uma verdadeira exceção ao princípio da isonomia. Tal dispositivo é inclusive objeto da ADI n. 6050. Nesse sentido: [...] Título II-A da CLT consiste na tentativa sutil da Lei n. 13.467/2017 de descaracterizar um dos avanços humanísticos e sociais mais relevantes da Constituição de 1988, que é o princípio da centralidade da pessoa humana na ordem social, econômica e jurídica, com os seus diversos princípios correlatos, capitaneados pelo princípio institucional@iejur.com.br/iejur @iejur (61) 99643-0807 68 da dignidade da pessoa humana. (DELGADO; DELGADO, 2018, p. 146). Ademais, o autor Sebastião de Oliveira, cita um exemplo para ilustrar o tema e a crítica ao dispositivo. Cumpre trazê-lo para que o aluno possa refletir: Estão subindo em um elevador de obra de construção civil o estagiário, o pedreiro, o engenheiro e o gerente da obra, que auferem rendimentos mensais diversificados. O cabo do elevador não era o especificado e ainda estavam transportando junto material de construção, violando a NR- 18 do Ministério do Trabalho e Emprego, o que acabou provocando acidente e a queda do elevador. Todos os trabalhadores ficaram com sequelas físicas semelhantes em razão do mesmo acidente. A tabela abaixo mostra como poderiam ficar as indenizações por danos extrapatrimoniais, neste exemplo hipotético: (OLIVEIRA,2019, p. 304-305). 13.5 ASSÉDIO MORAL De acordo com Sônia Mascaro Nascimento, sobre o conceito de assédio moral: A doutrina pátria define o assédio moral como uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psíquica, e que tem por efeito excluir empregado de sua função ou deteriorar o ambiente de trabalho (NASCIMENTO apud NASCIMENTO, 2015, p. 29-30). Logo, possui como características: 1) A repetição de gestos, palavras ou comportamentos, de forma prolongada. Nesse sentido: “A agressão moral e pontual, ainda que única, atinge a dignidade do indivíduo é aberta, direta e identificável. Ela pode até ensejar uma indenização por danos morais. Mas não se confunde com a prática do assédio moral.” (NASCIMENTO apud institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 69 NASCIMENTO, 2015, p. 31); 2) Conduta de natureza psicológica; 3) Existência do dano; 4) Nexo causal. Sua classificação, de acordo com Sônia Mascaro Nascimento (2015, p. 31) se faz da seguinte forma: a) vertical: marcado pelas relações de subordinação e diferença de posição hierárquica. a.1) vertical descendente (mobbing descendente ou bossing): praticado pelo superior hierárquico contra o subordinado. a.2) vertical ascendente: praticado pelo inferior hierárquico contra o superior b) horizontal ou transversal: praticado entre sujeitos que estejam no mesmo nível hierárquico. c) misto ou por derradeiro: envolve no mínimo três sujeitos: o assediador vertical, o assediador horizontal e a vítima que, nesse contexto, é atacada por todos os lados. Ademais, não configura assédio moral: profissões ou atividades estressantes que geram desgaste emocional, como por exemplo, serviços médicos, de segurança; conflito entre colegas e/ou chefia, por si só. Como forma de elucidar o tem, cumpre destacar alguns exemplos de práticas comuns ensejadoras de assédio moral (rol exemplificativo), trazidos pela autora Sônia Mascaro Nascimento (2015, p. 30): Desaprovação velada e sutil a qualquer comportamento da vítima; Críticas repetidas e continuadas em relação à sua capacidade profissional; Comunicações incorretas ou incompletas em relação quanto a forma quanto à forma de realização do serviço, metas ou reuniões, de forma que a vítima sempre faça o serviço de forma incompleta, incorreta ou intempestiva, e ainda se atrase para reuniões importantes; Apropriação de ideias da vítima para serem apresentadas como de autoria do assediador; Isolamento da vítima de almoços, confraternizações ou atividades junto aos demais colegas; Descrédito da vítima no ambiente de trabalho mediante rumores ou boatos sobre a sua vida pessoa ou profissional; institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 70 Exposição da vítima ao ridículo perante colegas ou cliente, de forma repetida e continuada; Alegação pelo agressor, quando e se confrontados, de que a vítima é paranoica, com mania de perseguição ou não tem maturidade emocional o suficiente para desempenhar as suas funções; Identificação da vítima como “criadora de caso” ou indisciplinada; Inatividade compulsória: isolamento intencional do trabalhador do ambiente de trabalho, de modo a diminuir a sua autoestima, uma vez que o trabalho existe, mas lhe é negado. 13.6 ASSÉDIO MORAL INSTITUCIONAL De acordo com Adriana Calvo (2014, p. 68) o assédio moral institucional se caracteriza por uma “pessoa jurídica (acionista), que por meio de seus administradores (conselheiros e diretores), utiliza-se de uma política de gestão desumana para aumentar os seus lucros, criando uma verdadeira cultura institucional do assédio”. A autora ainda, lista os requisitos para a configuração do assédio moral institucional (CALVO, 2014, p. 78-79): Ofensa ao direito fundamental à saúde no ambiente de trabalho; Atos inseridos dentro da política institucional da empresa (derivam de modelos determinados de gestão); Presença do caráter despersonalizado do assédio- destinados à toda coletividade da empresa, sem alvos predeterminados (não se confunde com o assédio moral coletivo); O agressor é a empresa que objetivando lucro, utiliza-se de uma gestão desumana. (pressão por produtividade, situações vexatórias quando não são cumpridas as metas estabelecidas). Ainda sobre o tema, cumpre destacar jurisprudência: ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL. CARACTERIZAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE DANO CAUSADO AO EMPREGADO. O assédio moral organizacional caracteriza-se pelo emprego de ‘condutas abusivas, de institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 71 qualquer natureza, exercida de forma sistemática durante certo tempo, em decorrência de uma relação de trabalho, e que resulte no vexame, humilhação, constrangimento de uma ou mais vítimas com a finalidade de se obter o engajamento subjetivo de todo o grupo às políticas e metas da administração, por meio de ofensa aos seus direitos fundamentais, podendo resultar em danos morais, físicos e psíquicos’, os quais podem ser objeto de reparação em virtude da responsabilidade social atribuída às empresas, a partir da função social ostentada no art. 170 da Constituição. A desumanização das relações de trabalho está impregnada dos valores organizacionais brasileiros. (TRT, RO n. 00730-2007-463-05-00-30, Rel. Desembargador Cláudio Brandão, grifos nossos) 13.7 ASSÉDIO SEXUAL De acordo com Sônia Mascaro Nascimento (2015, p. 79): É toda conduta de natureza sexual não desejada que, embora repelida pelo destinatário, é continuamente reiterada, causando constrangimento à intimidade do assediado. O assédio sexual é ato de constranger alguém com gestos, palavras ou com emprego de violência, prevalecendo-se de relações de confiança, de autoridade ou empregatícia, com o escopo de obter vantagem sexual. Dessa forma, “enquanto o assédio moral fere a dignidade psíquica do ser humano, o assédio sexual atenta contra a liberdade sexual do mesmo. Ambos violam direitos da personalidade, gerando dano moral” (FILHO, 2011, p. 39). Segundo Rodolfo Pamplona Filho (2015), os elementos caracterizadores do assédio sexual são: A) Sujeitos: agente (assediador) e destinatário (assediado). B) conduta de natureza sexual: Dessa forma: Considera-se comportamento sexual desviado os atos de conduta do homem ou da mulher que, para obter satisfação do seu desejo carnal, utiliza-se de ameaça, seja ela direta ou velada, ilude a outra pessoa, objeto do seu desejo, com institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 72 promessa que sabe de antemão que não será cumprida, porque não pretende mesmo fazê-lo ou porque é impossível realizá-la; ou, ainda, agede modo astucioso, destruindo a possibilidade de resistência da vítima (FILHO, 2011, p 43). C) Rejeição à conduta do agente: Não basta a conduta de natureza sexual. Tal conduta deverá ser repelida por seu destinatário. D) Reiteração da conduta: Regra: prática reiterada. Nesse sentido: Todavia, excepcionalmente, há precedentes jurisprudenciais no direito estrangeiro que entendem que se a conduta de conotação sexual do assediante se revestir de uma gravidade insuperável (como, por exemplo, em casos de contatos físicos de intensa intimidade não aceitável socialmente), é possível o afastamento desse requisito. (FILHO, 2011, p.46). Porém, cumpre destacar que “em caos excepcionais, diante da gravidade da conduta no caso concreto, é possível afastar esse elemento e restar caracterizado o assédio sexual mesmo diante de um ato isolado” (NASCIMENTO, 2015, p.80). E) Hierarquia: Sobre este ponto, cumpre ressaltar que a maioria da doutrina, inclusive o código penal, entende haver a necessidade da hierarquia para a configuração do assédio sexual, mas alguns doutrinadores, como Rodolfo Pamplona Filho, Sônia Mascaro Nascimento, entendem existir a figura do assédio sexual por intimidação (será visto adiante), em que tal requisito não é necessário para ser configurado e gerar os efeitos civis/trabalhistas. Assédio sexual por chantagem: pressupõe uma troca (fazer isto por aquilo), logo, uma promessa de ganho ou uma ameaça de perda. Este tipo de assédio sexual é praticado por quem tem poder hierárquico sobre a vítima (característica da hierarquia presente), exigindo da mesma favores sexuais em troca de algum benefício ou sob ameaça de prejuízo gerados à vítima caso assim não o faça (FILHO, 2011, p. 49). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 73 Assédio sexual por intimidação: Caracteriza-se pela conduta inapropriada, do ponto de vista sexual, no meio ambiente de trabalho (manifestações de cunho sexual que causam constrangimento à vítima). * para quem defende a sua existência, nesse tipo de assédio, a hierarquia é irrelevante para fins de indenizações na esfera civil/trabalhista. É o caso típico de assédio sexual praticado por companheiro de trabalho, ambos na mesma posição hierárquica (FILHO, 2011, p. 49). Para melhor elucidação do tema pelo aluno, cumpre trazer jurisprudência: ASSÉDIO SEXUAL. CARACTERIZAÇÃO. ELEMENTOS. São elementos caracterizadores básicos do assédio sexual: 1) Sujeitos: agente (assediador) e destinatário (assediado); 2) Conduta de natureza sexual; 3) Rejeição à conduta do agente; e 4) Reiteração da conduta. A relação de poder entre os sujeitos não é essencial para a caracterização do ilícito trabalhista, diferentemente do que ocorre com a figura penal, pois aquele, em tese, poderá ocorrer entre colegas de serviço, entre empregado e o cliente da empresa e entre o empregado e o seu empregador, este último figurando como agente passivo, dependendo, logicamente, do poder de persuasão do agente ativo, e.g., coação irresistível. O comportamento sexual reprovado é composto pelos atos da conduta do agente ativo, seja ele homem ou mulher, que, para satisfazer a sua libido, utiliza-se de ameaça direta ou velada para com a pessoa objeto do seu desejo, subjugando a sua resistência. Lembremo-nos de que a vítima deve ter a chance de negar o pedido do agente ativo, pois, caso contrário, o ato sexual estará sendo praticado com violência (estupro e atentado violento ao pudor). O assédio sexual pressupõe sempre uma conduta sexual não desejada pela pessoa assediada, que inequivocamente manifesta a sua repulsa às propostas do assediante. Por isso a simples paquera ou flerte não é considerado como assédio sexual, pois não há uma conotação sexual explícita. Finalmente, o assédio sexual depende da reiteração da conduta tida por ilícita por parte do assediante. Todavia, em casos excepcionais, se a conduta do assediante se mostrar insuperável é possível o afastamento do requisito em comento. A falta de qualquer um destes requisitos desfigura o ilícito de assédio sexual. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 74 ASSÉDIO SEXUAL. CULPA CONCORRENTE. Deve ser levada em conta a existência de culpa concorrente da vítima que, ainda que não justifique a violência do ato, será uma atenuante ou, talvez, uma explicação para o comportamento do assediador (TRT, 15a R., 11a Câm., 6 a T., RT n. 1.041-2005-024-15-00-4, Rel. Juiz Flavio Nunes Campos, DOE 9.6.2006). 13.7.1 RESPONSABILIDADE OBJETIVA- ART. 932 E 933 DO CÓDIGO CIVIL E SÚMULA 341 DO STF De acordo com o art. 932 e 933 do CC/02: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; (CRÍTICA AO ART. 223- E DA CLT INCLUÍDO PELA REFORMA TRABALHISTA) Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos (BRASIL, 2002). Ainda, de acordo com a Súmula 341 do STF: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto” (BRASIL, 1964). Dessa maneira: A responsabilização do empregador pela prática do assédio sexual nos termos acima mencionados está em linha com a regra prevista no art. 932, III, do Código Civil, o qual diz ser o empregador responsável pela reparação civil de eventuais danos causados por seus empregadores e prepostos no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. Nos termos do art. 933 do código civil, tal institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 75 responsabilidade do empregador independe de sua culpa [...] (NASCIMENTO, 2015, p. 89) Sobre a responsabilidade objetiva, destaca-se jurisprudência: ASSÉDIO SEXUAL NO LOCAL DE TRABALHO. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. O empregador tem o dever de assegurar ao empregado, no ambiente de trabalho, a tranquilidade indispensável às suas atividades, prevenindo qualquer possibilidade de importunações ou agressões, principalmente as decorrentes da libido, pelo trauma resultante às vítimas (TRT, 12a R., 2a T., RO-V n. 2.125/2000, AC n. 3.199/2001, Rel. Juiz J. L. Moreira Cacciari DJ/SC, 11.4.2001). 13.7.2 DA CONDENAÇÃO DO ASSÉDIO SEXUAL NA ESFERA PENAL De acordo com o art. 216-A do Código Penal Brasileiro: Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Parágrafo único. § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos (BRASIL, 1940). 13.7.3 DA PROVA Conforme explica Rodolfo Pamplona Filho (2011, p. 130): “De fato, o assédio sexual não é ato que se pratique, normalmente, às claras, na presença de diversas pessoas, em lugares públicos, mas sim “à boca miúda”, de portas fechadas, em locais restritos, quase sempre somente na presença do autor e da vítima”. Portanto, utiliza-se o art. 212 do CC/02: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 76 Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V – perícia (BRASIL, 2002, grifos nossos). Sobre o tema, cumpre trazerjurisprudência, para melhor elucidação do aluno: Recurso de revista não conhecido. 2 - ASSÉDIO SEXUAL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. De acordo com o quadro fático delineado no acórdão regional, a prova testemunhal produzida pela autora não deixa dúvidas de que ela foi vítima do alegado assédio sexual perpetrado por seu superior hierárquico, o qual extrapolou todos os limites de convivência no ambiente de trabalho, consistente em conduta abusiva e descabida na tentativa de contato íntimo com a autora, de evidente conotação sexual, expondo-a a situação humilhante e constrangedora. Trata-se de prova difícil, pois o assédio sexual, em regra, é praticado longe da vista de terceiros, de forma a dificultar a produção de prova direta, seja ela documental ou testemunhal dos fatos, motivo pelo qual, em tais situações, o julgador se vale, na maioria das vezes, de prova indireta e de indícios que lhe são apresentados durante a instrução processual. No caso concreto, como a prova produzida nos autos, notadamente a prova testemunhal, evidenciou a existência do assédio sexual relatado na petição inicial, é inquestionável que para se chegar à conclusão diversa daquela adotada pela Corte de origem, seria necessária nova incursão no conjunto probatório dos autos, o que foge ao alcance desta Corte, ante o óbice instransponível da Súmula 126 do TST . Recurso de revista não conhecido (TST, 2a T., RR n. 22006620095090655, Rel. Delaíde Miranda Arantes. DEJT, 31.03.2015). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 77 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Cléber Lucio de. ALMEIDA, Wânia Guimarães Rabêllo de. Direito do Trabalho e Constituição. A Constitucionalização do direito do trabalho no Brasil. São Paulo: LTr, 2017. ANAMATRA. Reforma Trabalhista: enunciados aprovados. 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho (2017). In: XIX Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho - Conamat (2018). Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2020 ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2009. BERNARDES, Simone Soares; SCARLÉCIO, Marcos; LIMA, Leonardo Tibo Barbosa. Reforma Trabalhista: teses interpretativas. Salvador: JusPodivm, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Acesso em 3 jun. 2020. BRASIL. Decreto-Lei nº 509 de 20 de março de 1969. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 10 jun. 2020 BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: . Acesso em 16 jun. 2020. BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452 de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: . Acesso em: 1 jun. 2020. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 78 BRASIL. Lei 605 de 5 de janeiro de 1949. Repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados civis e religiosos. Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 5.764 de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 10 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 8.036 de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 10 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2019. BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 10 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 8.906 de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: Acesso em: 11 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 10.101 de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: Acesso em: 16 jun. 2020. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 79 BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula no 341. É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto. Brasília, DF: Superior Tribunal Federal, [1964]. Disponível em: Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 60. O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. Brasília, DF: Tribunal Superior do Trabalho, [2005]. Disponível em: Acesso em: 17 jun. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 212. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Brasília, DF: Tribunal Superior do Trabalho, [2003]. Disponível em: Acesso em: 3 jun. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 244. O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). Brasília, DF: Tribunal Superior do Trabalho, [2012]. Disponível em: Acesso em: 3 jun. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 378. É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. Brasília, DF: Tribunal Superior do Trabalho, [2012]. Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2020. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 80 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 390. O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante74 13.7.2 DA CONDENAÇÃO DO ASSÉDIO SEXUAL NA ESFERA PENAL ................ 75 13.7.3 DA PROVA ...................................................................................................... 75 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 77 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 7 OBJETIVO DO MÓDULO Sejam bem-vindos ao segundo módulo de nossa pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho. Ao se considerar a construção de um plano pedagógico de curso a equipe docente se reúne e debate qual é a construção mais adequada a ser feita no contexto de nossos programas de especialização, no sentido de permitir aos nossos discentes a evolução em sua área de atuação e a ampliação de raciocínio jurídico que surge em decorrência da análise crítica proposta, Nesse sentido, neste módulo a Mestranda em Direito Karin Bhering, desenvolve análises quanto aos Direitos Individuais do Trabalhador, em análise às novas perspectivas pós reforma trabalhista. Desejamos a todos bons estudos. 1. TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA HUMANA Antes de adentrarmos ao estudo propriamente dito do Direito Individual do Trabalho é essencial o entendimento do aluno sobre o trabalho e sua centralidade na vida humana. Afinal, em tempos de flexibilizações de direitos trabalhistas, deve-se retomar essa temática. Marx (2008), em sua obra “Manuscritos Econômicos-Filosóficos”, já explicava: Quanto menos comeres, beberes, comprares livros, fores ao teatro, ao baile, ao restaurante, pensares, amares, teorizares, cantares, pintares, esgrimires etc., tanto mais tu poupas, tanto maior se tornará o teu tesouro, que nem as traças nem o roubo corroem, teu capital. Quanto menos tu fores, quanto menos externares a tua vida, tanto mais tens, tanto maior é tua vida exteriorizada, tanto mais acumulas da tua essência estranhada. Tudo o que o economista nacional te arranca de vida e de humanidade, ele te supre em dinheiro e riqueza. E tudo aquilo que tu não podes, pode o teu dinheiro: ele pode comer, beber, ir ao baile, ao teatro, sabe de arte, de erudição, de raridades históricas, de poder político, pode viajar, pode apropriar-se disso tudo institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 8 para ti; pode comprar tudo isso; ele é a verdadeira capacidade. (MARX, 2008, p.141-142) Ou seja, o indivíduo para se configurar como ser humano (ir ao cinema, ao baile, ao restaurante etc.) primeiro deve se constituir como trabalhador, já que precisa de um acesso material para tanto. Dessa forma, aqueles que não possuem acesso a um trabalho tendem a sofrer um processo de desumanização. Veja como o trabalho é importante e central na vida humana. Portanto: [...]é a partir do trabalho em seu cotidiano que o homem se torna social, distinguindo-se até mesmo de outras formas não humanas e dos seres irracionais. O homem é o único ser com capacidade teleológica e, nesse sentido, o trabalho funciona como mediação ontológica para a realização das suas satisfações. (TEODORO, 2015, p. 208) No mesmo sentido nos ensina Marx (2017, p. 255). O autor explica que apesar dos animais conseguirem executar operações semelhantes às do humano, o trabalho humano se diferencia de o trabalho não humano pelo fato do resultado final da atividade exercida pelo humano estar idealizado em sua mente: O trabalho é, antes de tudo, um processo entre o homem e a natureza, processo este em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a natureza. [...] Pressupomos o trabalho numa forma em que ele diz respeito unicamente ao homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e uma abelha envergonha muitos arquitetos com a estrutura de sua colmeia. Porém, o que desde o início distingue o pior arquiteto da melhor abelha é o fato de que o primeiro tem a colmeia em sua mente antes de construí-la com a cera. No final do processo de trabalho, chega-se a um resultado que já estava presente na representação do trabalhador no início do processo, portanto, um resultado que já existia idealmente (MARX, 2017, p. 255). Da mesma maneira esclarece Ricardo Antunes (2009, p. 136): institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 9 O fato de buscar a produção e a reprodução da sua vida societal por meio do trabalho e luta por sua existência, o ser social cria e renova as próprias condições da sua reprodução. O trabalho é, portanto, resultado de um pôr teleológico que (previamente) o ser social tem ideado em sua consciência, fenômeno este que não está essencialmente presente no ser biológico dos animais. Portanto, o trabalho é central na vida humana e no próprio sistema capitalista. Nesse sentido, com a consolidação do sistema capitalista como modo de produção, o trabalho, apesar de ser instrumento para a própria criação humana, é apossado pelo Capital de tal forma que passa a ser alienante e explorador. Conforme explica Marx (2017, p. 289-304) o trabalho alheio passa a ser explorado. O trabalhador aliena sua força de trabalho para terceiro em troca de uma contraprestação para sustento próprio e de sua família, e o capital, através do excedente da força de trabalho, extrai o que Marx denomina de mais-valia (o lucro obtido pela venda da produção, subtraído de seus custos). É neste cenário, em que o trabalho passa a ser subordinado em troca de salário, sem proteção à dignidade humana do trabalhador e perante uma relação desigual de forças entre trabalhador e capital, que surge o Direito do Trabalho e seu dever de proteger o trabalhador. 2. O DIREITO DO TRABALHO O Direito do trabalho é responsável pela proteção do trabalhador. Mas ele possui duas dimensões, a humana, pois protege a dignidade da pessoa humana trabalhadora e a econômica, pois legitima o sistema capitalista. Portanto, ele possui como essência a busca do equilíbrio entre duas dimensões: a econômica, uma vez que legitima o sistema capitalista e a humana, ter em vista a proteção da pessoa humana do trabalhador. (TEODORO, 2018, p. 39)1 1 Sobre o tema, sugere-se a leitura da seguinte obra na qual a autora fala de forma brilhante sobre as dimensões do Direito do Trabalho, citadas aqui: TEODORO, Maria Cecília Máximo. Para Repensar o Direito do Trabalho, sob institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 10 Seu princípio basilar é o princípio da proteção. A proteção da dignidade humana do trabalhador, conforme explicam Cleber Lúcio de Almeida e Wânia Guimarães Rabello de Almeida (2017, p. 137) tem como fundamentos: “a) a dependência do trabalhador em relação à alienação da sua força de trabalho; b) a subordinação do trabalhador ao empregador no curso da relação de emprego; c) a desigualdade econômica, social e política entre empregado e empregador e capital e trabalho”. 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO 3.1 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO Como visto anteriormente, este é o princípio basilar do Direito do Trabalho. De acordo com Mauricio Godinho Delgado (2016, p. 201): Informa este princípio que o Direito do Trabalho em seu interior, com suas regras, institutos, princípios e presunções própria, uma teia de proteção à parte hipossuficiente na relação empregatícia – o obreiro -, visando retificar (ou atenuar), no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho. O princípio tutelar influi em todos os segmentos do Direito Individual do Trabalho, influindo na própria perspectiva desse ramo ao construir-se, desenvolver-se e atuar como direito. Este princípio, tendo como base o jurista Américo Plá Rodriguez (apud DELGADO, 2016, p. 202) se divideaprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Brasília, DF: Tribunal Superior do Trabalho, [2005]. Disponível em: Acesso em: 3 jun. 2020. CALVO, Adriana. O direito fundamental à saúde no ambiente de trabalho. O combate ao assédio moral institucional. Visão dos Tribunais Trabalhistas. São Paulo: Ltr, 2014. COUTINHO, Aldacy Rachid; CIRINO, Samia Moda. TRABALHO, IDENTIDADE E RECONHECIMENTO A" CAPTURA" DA SUBJETIVIDADE DO TRABALHADOR NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO: UMA ESTRATÉGIA FRUSTADA? Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], v. 19, n. 3, 2019. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 15. ed. São Paulo: Ltr, 2016. DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei 13.467/2017. 2. ed. São Paulo: Ltr, 2018. FILHO, Rodolfo Pamplona. O assédio sexual na relação de emprego. 2. ed. São Paulo: Ltr, 2011. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Resposabilidade Civil. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2012 LIMA, Taisa Maria Macena de; SÁ, Maria de Fátima Freire de. Ensaios sobre a infância e a adolescência. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2016. MARX, Karl. Manuscritos Econômicos-Filosóficos. Tradução, apresentação e notas de Jesus Ranieri. 2. reimpressão. São Paulo: Boitempo, 2008. ________. O Capital: Crítica da economia política. Livro I. Tradução de Rubens Enderle. 2 ed. São Paulo: Boitempo, 2017. NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Assédio moral e dano moral no trabalho. 3 ed. São Paulo: Ltr. 2015 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 81 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional: de acordo com a reforma trabalhista lei n. 13.467/2017. 11.ed. São Paulo: Ltr, 2019. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Mulheres no Trabalho: Tendências. 2016. [e-book]. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. 25 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. SANTOS, Enoque Ribeiro dos. O dano extrapatrimonial na lei n. 13.467/2017, da reforma trabalhista. O dano extrapatrimonial na Lei n. 13.467/2017, da reforma trabalhista, 2019. TEODORO, Maria Cecília Máximo. A distopia da proteção do mercado de trabalho da mulher e a reprodução do desequilíbrio entre os gêneros. In: MIRAGLIA, Lívia Mendes Moreira; TEODORO, Maria Cecília Máximo; SOARES, Maria Clara Persilva (orgs). Feminismo, trabalho e literatura: reflexões sobre o papel da mulher na socidade contemporânea [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora Fi, 2020. _________. O Trabalhador em Tempos de Modernidade Líquida e Destruição Criadora. In: BIER, Clerilei Aparecida; PLAZA, José Luiz Tortuero (Orgs.) I Encontro de Internacionalização do CONPEDI. 1a ed. Barcelona: Ediciones Laborum, 2015. p. 197-218. __________. Para Repensar o Direito do Trabalho, sob uma Perspectiva Humana e Econômica. In: TEODORO, Maria Cecília Máximo et al. Direito Material e Processual do Trabalho. VI Congresso Latino-Americano de Direito Material e Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2018. TRT. RO n. 00730-2007-463-05-00-30. Rel. Desembargador Cláudio Brandão. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 82 TRT, 12a R., 2a T., RO-V n. 2.125/2000, AC n. 3.199/2001, Rel. Juiz J. L. Moreira Cacciari DJ/SC, 11.4.2001. TRT, 15a R., 11a Câm., 6 a T. RT n. 1.041-2005-024-15-00-4. Rel. Juiz Flavio Nunes Campos, DOE 9.6.2006 TST, 2a T., RR n. 22006620095090655, Rel. Delaíde Miranda Arantes. DEJT, 31.03.2015 VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de Emprego: estrutura legal e supostos. 3. ed. São Paulo: LTr, 2015.em três dimensões: o princípio in dubio pro operário, o princípio da norma mais favorável e o princípio da condição mais benéfica. Mauricio Godinho Delgado (2016, p 202), vai além e diz que, na realidade “[...] o princípio tutelar não se desdobraria em apenas três outros, mas uma Perspectiva Humana e Econômica. In: TEODORO, Maria Cecília Máximo et al. Direito Material e Processual do Trabalho. VI Congresso Latino-Americano de Direito Material e Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2018. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 11 seria inspirador amplo de todo o complexo de regras, princípios e institutos que compõem esse ramo jurídico especializado”. 3.2 PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO Este princípio “trata-se de transposição adaptada ao ramo justrabalhista do princípio jurídico penal in dubio pro reo. Como o empregador é que se constitui em devedor na relação de emprego (e réu na relação processual trabalhista), adaptou-se o princípio à diretriz in dubio pro misero [...]” (DELGADO, 2016, p. 216). Sobre esse princípio Mauricio Godinho Delgado entende que há a presença de alguns problemas, tanto que em seu manual de direito do trabalho, o autor o enumera dentro do item “princípios justrabalhistas especiais controvertidos”. Segundo o autor: Tal princípio, entretanto, apresenta dois problemas: o primeiro, menos grave, essencialmente prático, consiste no fato de que ele abrange dimensão temática já acobertada por outro princípio justrabalhista específico (o da norma mais favorável). O segundo problemas, muito grave, consiste no fato de que, no tocante à sua dimensão temática, ele entra em choque com o princípio jurídico geral da essência da civilização ocidental, hoje, e do Estado Democrático de Direito: o princípio do juiz natural. [...] À luz dessa segunda e combinada dimensão do princípio in dubio pro misero (exame de fatos e provas) propunha-se que a decisão da autoridade judicial deveria se dirigir em benefício do trabalhador, em caso de dúvida no exame de situações fáticas concretas. [...] Trata-se, pois, de uma dimensão processual do princípio in dubio pro misero. Contudo, essa diretriz propositora de um desequilíbrio atávico ao processo de exame e valoração dos fatos trazidos à análise do intérprete e aplicador do Direito não passa pelo crivo de cientificidade que se considera hoje próprio ao fenômeno jurídico (DELGADO, 2016, p. 216-217, grifos do original). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 12 Isto porque, explica o autor, hoje “[...] havendo dúvida do juiz em face do conjunto probatório existente e das presunções aplicáveis, ele deverá decidir em desfavor da parte que tenha o ônus da prova naquele tópico duvidoso, e não segundo a diretriz genérica in dubio pro operário” (DELGADO, 2016, p. 217, grifos do original). 3.3 PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL De acordo com este princípio, o operador do Direito do Trabalho deverá optar pela norma mais favorável ao empregado em três situações: [...] no instante de elaboração da regra (princípio orientador da ação legislativa, portanto) ou no contexto de confronto entre regras concorrentes (princípio orientador do processo de hierarquização de normas trabalhistas) ou, por fim, no contexto de interpretação das regras jurídicas (princípio orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista) (DELGADO, 2016, p. 202, grifos do original). Dessa forma, o jurista deve levar em conta a teoria do conglobamento, já que não há como separar as regras, devendo observa-se toda a sistemática da ordem jurídica. Nesse sentido: Ao contrário, o operados jurídico deve buscar a regra mais favorável enfocando globalmente o conjunto de regras componentes do sistema, discriminando, no máximo, os preceitos em função da matéria, de modo a não perder, ao longo desse processo, o caráter sistemático da ordem jurídica e os sentidos lógico e teleológico básicos que sempre devem informar o fenômeno do Direito (teoria do conglobamento) (DELGADO, 2016, p. 203-204, grifos do original). 3.4 PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS De acordo com este princípio, prevalece as regras jurídicas obrigatórias em detrimento das dispositivas. Nesse sentido “as regras justrabalhistas são [...] institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 13 essencialmente imperativas, não podendo, de maneira geral, ter sua regência contratual afastada pela simples manifestação de vontade das partes” (DELGADO, 2016, p. 204). É uma restrição da autonomia da vontade das partes no contrato trabalhista, diferentemente da contratualidade civil (DELGADO, 2016, p. 204). Sobre o tema, advertem os autores Cleber Lúcio de Almeida e Wânia Guimarães Rabello de Almeida (2017, p. 138) que “diante da desigualdade de poder entre empregador e trabalhador e capital e trabalho, o Direito do Trabalho se faz um direito desigual, se comparado ao direito privado clássico”. 3.5 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS Com base no princípio anterior, este princípio “[...] traduz a inviabilidade técnico-jurídica de poder o empregador despojar-se, por sua simples manifestação de vontade, das vantagens e proteções que lhe asseguram a ordem jurídica e o contrato” (DELGADO, 2016, p. 204). 3.6 PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA De acordo com este princípio, valerá, durante a relação contratual, a “[...] cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido (art. 5o, XXXVI, CF/88). Ademais, para o princípio, no contraponto entre dispositivos contratuais concorrentes, há de prevalecer aquele mais favorável ao empregado” (DELGADO, 2016, p. 205). Ele se diferencia do princípio da norma mais favorável, porque aqui, trata-se de cláusulas contratuais (tácitas ou expressas). 3.7 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA Este princípio é especial do Direito do Trabalho, mas se inspira no princípio geral do direito civil da inalterabilidade dos contratos (DELGADO, 2016, p. 206). Nesse sentido: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 14 O princípio geral da inalterabilidade dos contratos sofreu forte e complexa adequação ao ingressar no Direito do Trabalho – tanto que passou a se melhor enunciar, aqui, através de uma diretriz específica, a da inalterabilidade contratual lesiva. Em primeiro lugar, a noção genérica de inalterabilidade perde-se no ramo justrabalhista. É que o Direito do Trabalho não contingência – ao contrário, incentiva- as alterações contratuais favoráveis ao empregado; elas tendem a ser naturalmente permitidas (art. 468, CLT) Em segundo lugar, a noção de inalterabilidade torna-se sumamente rigorosa caso contraposta a alterações desfavoráveis ao trabalhador- que, tendem a ser vedadas pela normatividade justrabalhista (arts. 444 e 468, CLT). Em terceiro lugar, a atenuação civilista da fórmula rebus sic stantibus (atenuação muito importante no Direito Civil) tende a ser genericamente rejeitada pelo Direito do Trabalho (DELGADO, 2016, p. 207, grifos do original). Cumpre destacar que alteração lesiva não é absoluta, como por exemplo o art. 468 parágrafo único da CLT ou “[...] franqueadas pela ordem jurídica à própria norma coletiva negociada (art. 7o, VI, CF/88)” (DELGADO, 2016, p. 209). 3.8 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE CONTRATUAL OBJETIVA Este princípio é uma particularização do princípio acima. De acordo com este princípio: [...] o conteúdo do contrato empregatício não poderia ser modificado (como já ressaltado pelo princípio da inalterabilidade contratual lesiva) mesmo que ocorresse efetiva mudança no plano do sujeitoempresarial” (DELGADO, 2016, p. 209). É como acontece no caso da sucessão de empregadores, em que há a mudança no sujeito-empregador. Nesses casos, não há mudança no contrato de trabalho. Inclusive, sobre o tema, cumpre destacar o disposto nos arts. 10, 448 e 448-A da CLT: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 15 Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. [...] Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor (BRASIL, 1943). 3.9 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL De acordo com este princípio, a parcela salarial “[...] merece garantias diversificadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em benefício ao empregado” (DELGADO, 2016, p. 209). Assim, garante-se também o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Este princípio, portanto, se projeta da seguinte maneira: [...] garantia valor do salário; garantias contra mudanças contratuais e normativas que provoquem redução do salário (aqui o princípio especial examinado se identifica pela expressão princípio da irredutibilidade salarial, englobando-se também, de certo modo, no princípio da inalterabilidade contratual lesiva); garantias contra práticas que prejudiquem seu efetivo montante - trata-se dos problemas jurídicos envolventes aos descontos no salário do empregado (o princípio aqui também tende a se particularizar em uma denominação diferente: princípio da integralidade salarial); finalmente, garantias contra interesses contrapostos de credores diversos, sejam do empregador, sejam do próprio empregado (DELGADO, 2016, p. 210, grifos do original). 3.10 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA De acordo com esse princípio, prevalece a realidade, ou seja, “[...] a prática concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 16 independentemente da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva relação jurídica” (DELGADO, 2016, p. 211, grifos do original). Ou seja, se, por exemplo, o empregador contratou o empregado mediante recibo de profissional autônomo, mas, na realidade, estão presentes os pressupostos fáticos-jurídicos da relação de emprego, consequentemente, pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma, tal fato ensejará o vínculo de emprego. 3.11 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO Informa tal princípio que “[...] é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais” (DELGADO, 2016, p. 212). Assim, presume-se que o contrato de trabalho foi celebrado por prazo indeterminado. É válido o contrato por prazo determinado (ou a termo) somente nos casos previstos em lei, como, por exemplo, o art. 443, CLT. Inclusive é ônus do empregador, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, provar o término do contrato de trabalho, devido a este princípio. Sobre o tema, cumpre trazer Súmula do 212 do TST: Súmula 212 do TST DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 21/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado (BRASIL, 2003). 4. EMPREGADO E EMPREGADOR O conceito de empregado e de empregador “[...] é de importância decisiva para o Direito do Trabalho, porque sobre ele se constrói todo o edifício normativo que sustém a especialização de ramo do Direito” (VILHENA, 2015, p. 137). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 17 De acordo com o art. 3o da CLT “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário” (BRASIL, 1943). Portanto, “empregado é toda pessoa natural que contrate, tácita ou expressamente, a prestação de seus serviços a um tomador, a este efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação” (DELGADO, 2016, p. 378). Nesse sentido, nota-se que o contrato pode ser tácito (arts. 442 e 443 da CLT) e, portanto, “[...] a simples prestação de serviços, sem qualquer formalização, não é óbice a que se considere pactuado um vínculo empregatício entre o tomador e o prestador de trabalho (desde que presente os elementos fático-jurídicos da relação de emprego, obviamente)” (DELGADO, 2016, p. 378). Logo, “no conceito acima encontram-se os cinco elementos fáticos- jurídicos da relação de emprego (trabalho por pessoa física, com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob subordinação ao tomador). Reunidos, portanto, [...] será empregado o prestador de serviços” (DELGADO, 2016, p. 378). Passar-se-á à análise de cada um deles no tópico a seguir. Por sua vez, de acordo com os arts. 2o da CLT: Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados (BRASIL, 1943). De acordo com Vilhena (2015, p. 137) Temos assim: 1o) o ser, como tal, a natureza ôntica de empregador; 2o) o ser como atividade; e 3o) o ser fisionomizado por determinada posição que ocupe em uma relação jurídica. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 18 Cada uma dessas manifestações comporta um exame distinto. Em sua primeira acepção, toma-se empregador como sujeito de direito, a personificação jurídica, que deságua na titularidade e na responsabilidade. A segunda recebe seus contornos do exercício da vida jurídica em que certa categoria de atividade, a atividade econômica ou a que se lhe equipare para esse fim (CLT, art. 2o e seu § 1º). Finalmente, a terceira, que já se encontra no mundo dinâmico da inter-relação, ou da relação jurídica, colhe seus supostos na parte final do art. 2o (caput) e na contraposição da parte final do art. 3o seguinte. Centrado na convergência de inúmeros fatos jurídicos, define-se o empregador como verdadeira qualitas iuris, que exprime a apropriação de um nítido feixe de direitos e obrigações (vinculações jurídicas) (VILHENA, 2015, p. 139). Portanto, conforme explica Mauricio Delgado Godinho (2016, p. 445) “[...] não existem elementos fáticos-jurídicos específicos à figura do empregador, exceto um único: a apreensão, por um sujeito de direito qualquer, de prestação de serviço (efetuada por pessoa física, com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e sob subordinação ao tomador)”. Assim, configurada a relação de emprego surgem dois efeitos jurídicos ou características “[...] da figura do empregador: de um lado, a sua despersonalização, para fins justrabalhistas; de outro lado, sua assunção dos riscos do empreendimento e do próprio trabalho contratado” (DELGADO, 2016, p. 445). 5. OS ELEMENTOS FÁTICOS-JURÍDICOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO: ASPECTOS AVANÇADOS Antes de adentrarmos nos cinco elementosfáticos jurídicos para a caracterização do vínculo de emprego, é necessário que o aluno entenda a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego. A relação de trabalho possui caráter genérico, ela é gênero, ou seja, “[...] refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 19 humano” (DELGADO, 2016, p. 295, grifos do original), como por exemplo, o trabalho autônomo, o trabalho eventual, o trabalho avulso bem como a própria relação de emprego. Logo, a relação de emprego, é espécie e “[...]do ponto de vista técnico- jurídico, é apenas uma das modalidades específicas de relação de trabalho juridicamente configuradas” (DELGADO, 2016, p. 296). Ela é a modalidade, “[...] do ponto de vista econômico-social, [...] mais relevante de pactuação de prestação de trabalho existente nos últimos duzentos anos, desde a instauração do sistema econômico contemporâneo, o capitalismo” (DELGADO, 2016, p. 296). Dessa forma, devido sua “[...] relevância socioeconômica e a singularidade de sua dinâmica jurídica conduziram a que se estruturasse em torno da relação de emprego um dos segmentos mais significativos do universo jurídico atual- o Direito do Trabalho” (DELGADO, 2016, p. 296). Portanto, para a caracterização da relação de emprego, torna-se necessário a presença de cinco elementos fáticos-jurídicos: a) trabalho exercido por pessoa física; b) com pessoalidade; c) de maneira não eventual; d) efetuado com onerosidade; e) de forma subordinada ao tomador de serviço. Passa-se à análise de cada um deles detalhadamente: 5.1 PESSOA FÍSICA A figura do empregado deve ser sempre uma pessoa natural (pessoa física). Isto porque, “os bens jurídicos (e mesmo éticos) tutelados pelo Direito do Trabalho (vida, saúde, integridade moral, bem-estar, lazer, etc.) importam à pessoa física, não podendo ser usufruídos por pessoas jurídicas” (DELGADO, 2016, p. 300). São por essas razões que, na prática cotidiana, observa-se fraude praticada pelo empregador que coage o empregado a registar uma pessoa jurídica, com o objetivo de afastar este elemento caracterizador da relação de emprego. Ocorre que, pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma, bem como o estipulado no art. 9 da CLT: “Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação” (BRASIL, 1943), caso isso ocorra, institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 20 estando presentes os demais requisitos fáticos-jurídicos para a caracterização do vínculo de emprego, este empregado coagido a registrar a PJ, terá direito ao reconhecimento do vínculo de emprego. 5.2 PESSOALIDADE De acordo com este elemento, “a relação jurídica pactuada- ou efetivamente cumprida – deve ser, desse modo, intuito personae com respeito ao prestador de serviços, que não poderá, assim, fazer-se substituir intermitentemente por outro trabalhador ao longo da concretização dos serviços pactuados” (DELGADO, 2016, p. 301). Nesse sentido, “[...] uma eventual substituição consentida (seja mais longa, seja mais curta no tempo), por exemplo, não afasta, necessariamente, a pessoalidade com relação ao trabalhador original” (DELGADO, 2016, p. 301), porém, “[...] uma intermitente e constante substituição consentida pode ser parte relevante de um contrato de serviços com caráter autônomo e sem pessoalidade (como ocorre com o representante comercial que credencia prepostos seus) [...]” (DELGADO, 2016, p. 301-302), o que afastaria o elemento da pessoalidade. Além disso, não se pode dizer que o elemento da pessoalidade restará afastado, nos casos de substituições autorizadas por lei ou acordos e convenções coletivas. Nesse sentido, “Ilustrativamente, férias, licença-gestante, afastamento para cumprimento de mandato sindical, etc.” (DELGADO, 2016, p. 302). São hipóteses de suspensão e interrupção do contrato de trabalho e dessa forma, mesmo que o empregador, neste período, substitua seu empregado afastado por outro, não se descaracteriza o elemento da pessoalidade (DELGADO, 2016, p. 301). 5.3 NÃO EVENTUALIDADE Por meio da não eventualidade “[...] o ramo justrabalhista esclarece que a noção de permanência também é relevante à formação sócio-jurídica da categoria básica que responde por sua origem e desenvolvimento (a relação de emprego) (DELGADO, 2016, p. 303). Dessa forma, “[...] para que haja relação empregatícia é necessário que o trabalho prestado tenha caráter de institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 21 permanência (ainda que por um curto período determinado), não se qualificando como trabalho esporádico” (DELGADO, 2016, p. 303) Logo, a ideia é de permanência. Ressalta-se que não há a necessidade de o empregado trabalhar todos os dias para que o elemento da não eventualidade seja observado e sim que haja um caráter de permanência, continuidade. Sobre o tema, a Reforma Trabalhista, regulamento a figura do trabalho intermite. Nesse contexto, a Lei n. 13.467/2017 acrescentou o art. 452-A à CLT e incluiu parágrafo terceiro no art. 443. O parágrafo 3º do art. 443 da CLT conceitua o trabalho intermitente como: Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria (BRASIL, 1943). Nesse contexto, apesar do elemento da não eventualidade não estar presente, a Reforma Trabalhista considera o trabalho intermitente uma forma de emprego. O tema é extremamente polêmico e alvo de inúmeras críticas. Além de ter sido regulado de forma insuficiente, os operadores do direito do trabalho criticam sua regulamentação, por se tratar de uma forma precária de trabalho2. 5.4 ONEROSIDADE A relação de emprego, é uma relação que possui cunho econômico. Logo, o trabalho altruístico não é considerado uma relação de emprego. Assim, “[...] ao valor econômico da força de trabalho colocada à disposição do empregador deve 2 Sobre o tema, vale a pena a leitura: DA SILVA OLIVEIRA, Marcos Paulo; TEODORO, Maria Cecília Máximo. A contrarreforma trabalhista e o trabalho intermitente. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, v. 1, n. 39. p. 176-191, 2018. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 22 corresponder uma contrapartida em benefício ao obreiro, consubstanciada no conjunto salarial [...]” (DELGADO, 2016, p. 307). Portanto, “o contrato de trabalho é [...] um contrato bilateral, sinalagmático e oneroso, por envolver um conjunto diferenciado de prestações e contraprestações recíprocas entre as partes, economicamente mensuráveis” (DELGADO, 2016, p. 307). 5.5 SUBORDINAÇÃO De acordo com Mauricio Delgado Godinho (2016, p. 310) “[...]será a subordinação, entre todos esses elementos, o que ganha maior proeminência na conformação do tipo legal da relação empregatícia”. Será ela “[...] o elemento principal de diferenciação entre a relação de emprego e o segundo grupo mais relevante de fórmulas de contratação de prestação de trabalho no mundo contemporâneo (as diversas modalidades de trabalho autônomo)” (DELGADO, 2016, p. 310). De acordo com Delgado (2016, p. 311) a subordinação traduz-se na “[...]noção etimológica de estado de dependência ou obediência em relação a uma hierarquia de posição ou valores”.Dessa forma, consiste “[...] na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela qual o empregado compromete- se a acolher o poder de direção empresarial no modo de realização de sua prestação de serviço” (DELGADO, 2016, p. 311). Ela atua sob o prisma objetivo (modo de realizar a prestação) e não sobre o subjetivo (estado de sujeição do empregado) (DELGADO, 2016, p. 311). Ela possui caráter eminentemente jurídico (DELGADO, 2016, p. 312). Conforme ensina Delgado (2016, p. 313) “[...] a subordinação, como qualquer fenômeno social, tem sofrido ajustes e adequações ao longo dos dois últimos séculos [...]” e de acordo com o autor “[...] três dimensões principais, nesse contexto, destacam-se com relação ao fenômeno: a clássica, a objetiva e a estrutural” (DELGADO, 2016, p. 313). A “clássica (ou tradicional) é a subordinação consistente na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela qual o trabalhador compromete- se a acolher o poder de direção empresarial no tocante ao modo de realização da sua prestação laborativa” (DELGADO, 2016, p. 313). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 23 A objetiva, explica Delgado (2016, p. 314) foi lançada na doutrina pelo jurista Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena. De acordo com Vilhena, citado por Delgado (2016, p. 314) a subordinação traduz em uma “[...] relação de coordenação ou de participação integrativa ou colaborativa, através da qual a atividade do trabalhador como que segue, em linhas harmônicas, a atividade da empresa, dela recebendo o influxo próximo ou remoto de seus movimentos”. Já a estrutural, “[...] se expressa ‘pela inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços, independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e funcionamento’”(DELGADO, 2006 apud DELGADO, 2016, p. 314). Nesse sentido, aqui “[...] o fundamental é que esteja estruturalmente vinculado à dinâmica operativa da atividade do tomador de serviços” (DELGADO, 2016, p. 314). Essas três dimensões, não se excluem, mas sim se complementam, conforme explica Mauricio Godinho Delgado (2016, p. 314). São elas que permitem superar as dificuldades “[...] de enquadramento dos fatos novos do mundo do trabalho ao típico jurídico da relação de emprego, retomando-se o clássico e civilizatório expansionismo do Direito do Trabalho” (DELGADO, 2016, p. 314). Para que o aluno possa aprofundar sobre o tema, traz a seu conhecimento alguns debates atuais. A doutrina vem tentando retomar o conceito de alienidade, com o objetivo de ampliar o manto protetor do Direito do Trabalho, diante do cenário atual, no qual a subordinação é cada vez mais afastada pelo discurso de uma falsa autonomia do (real) empregado. A alienidade se encontra “[...] presente no trabalho por conta alheia, típico do empregado, que não usufrui em sua inteireza dos frutos de seu trabalho, posto que os transfere a outrem, em troca de remuneração” (TEODORO, 2018, p.45). Nesse sentido: A separação do trabalho humano produtivo por conta própria (autônomo) e alheio (empregado) repousa “fundamentalmente na circunstância de que os resultados se atribuem a quem executou o trabalho ou à terceira pessoa”. “O essencial e o diferenciador no trabalho por conta alheia reside no fato de pertencerem os resultados, institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 24 a partir do momento de sua produção, a pessoa diversa do trabalhador” (OLEA, 1969 apud TEODORO, 2018, p.45). Isto porque, segundo Coutinho (2017, p. 5-6) “estudos sobre a organização do trabalho, após a reestruturação produtiva, revelam que se adotou um novo discurso a fim de dissimular a estrutura de classes e conquistar o corpo e a alma dos trabalhadores: os empregados tornam-se colaboradores”. Nesse cenário, espalha-se “a ideologia do empreendedorismo, destinada a fomentar nos trabalhadores as qualidades autônomas, criativas e flexíveis, como se fossem verdadeiros empresários” (COUTINHO, 2017, p. 5-6). 6. PARCELAS SALARIAIS X PARCELAS NÃO SALARIAIS As parcelas salariais, são todas as parcelas, além do salário básico, “[...] pagas diretamente pelo empregador, dotadas de estrutura dinâmica diversas do salário básico, mas harmônicas a ele no tocante à natureza jurídica” (DELGADO, 2016, p. 793-794). Conforme ensina Mauricio Delgado Godinho (2016, p. 793): “Na verdade, a precisa identificação das parcelas de natureza salarial, afastando-se as não salariais, constitui um dos temas mais relevantes no cotidiano justrabalhsita. É que o Direito do Trabalho reserva efeitos jurídicos sumamente distintos – e mais abrangentes – para as verbas de cunho salarial, em contraponto àqueles restritos fixados para as verbas de natureza não salarial. Trata-se daquilo que denominamos efeito expansionista circular dos salários, que é sua aptidão de produzir repercussões sobre outras parcelas de cunho trabalhista e, até mesmo, de outra natureza, como, ilustrativamente, previdenciária. Por essa razão, o estudo das parcelas componentes do salário deve fazer-se paralelamente à identificação das verbas não salariais pagas ao mesmo empregado.” institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 25 Já as parcelas não salariais, são “[...] parcelas que, embora entregues pelo empregador a seu empregado, não o são com a qualidade e objetivo contraprestativos, sendo transferidas efetivamente com distintas natureza e finalidade jurídicas” (DELGADO, 2016, p. 797) Dessa forma, são “[...] parcelas econômicas que não se integram ao salário [do] obreiro, não tendo o efeito expansionista circular tão próprio aos salários; por isso, não produzem os reflexos clássicos a qualquer verba de natureza salarial” (DELGADO, 2016, p. 797). Tabela 1- Rol exemplificativo de parcelas salariais e parcelas não salariais. PARCELAS SALARIAIS Horas extras e adicional de horas extras Comissões Adicional noturno Adicional de insalubridade Adicional de periculosidade Adicional de transferência Repouso Semanal Remunerado Gratificação natalina (13o salário) Férias acrescidas do terço constitucional PARCELAS NÃO SALARIAIS Vale-transporte (exceto em caso de fraude) Participação nos lucros e resultados- PLR (exceto em caso de fraude) Diárias para viagem (exceto em caso de fraude) Ajuda de custo (exceto em caso de fraude) Auxílio- alimentação desde que não seja pago em dinheiro (exceto em caso de fraude) Prêmios (exceto em caso de fraude) Indenização adicional (exceto em caso de fraude) Demais utilidades fornecidas pelo empregador que não possuem natureza salarial, por previsão legal (exceto em caso de fraude) Fonte: Elaborada pela autora Portanto, analisar-se-á algumas delas adiante: 6.1 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA Previsão Legal: art. 469 da CLT; Súmula 43 do TST; OJ-SDI1 232 do TST; OJ-SDI1 113 do TST. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 26 De acordo com o art. 469 da CLT: Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º - É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato,não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação (BRASIL, 1943). O adicional de transferência é uma parcela de natureza salarial e para que o empregado tenha direito a seu recebimento, dever-se-á observar dois requisitos: o primeiro é que deve haver mudança de domicílio (art. 469 caput) e o segundo é que a transferência deve ser provisória (art. 469 § 3º). Logo, preenchido ambos requisitos, haverá o pagamento do adicional de transferência ao empregado no importe de no mínimo 25% do salário que o empregado recebia antes de ser transferido, sendo devido, apenas enquanto durar a situação, ou seja, a transferência do empregado. Ademais, para a percepção do referido adicional, a transferência deverá ser efetuada pelo empregador. 6.2 ADICIONAL NOTURNO Previsão Legal: art. 73 da CLT; Súmula 60 do TST; Súmula 112 do TST; Súmula 265 do TST; OJ-SDI1 60 do TST; OJ-SDI1 97 do TST; OJ-SDI1 259 do TST; OJ-SDI1 127 do TST; institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 27 De acordo com o art. 73 da CLT: Art. 73. [...] o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. § 3º O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito, tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem. § 4º Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos. § 5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo (BRASIL, 1943). De plano cumpre destacar que quando o art. 73 caput dispõe “Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal [...]” (BRASIL, 1943), em razão do art. 7º, IX, essa determinação não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. O adicional noturno tem natureza salarial. Ele é devido quando o empregado labora no período noturno. Este, por sua vez, é compreendido pelo período de 22h de um dia às 5h do dia seguinte (art. 73 §2º da CLT). Em relação a hora noturna, ela se diferencia da hora diurna, já que é computada como 52 minutos e 30 segundos (art. 73 §1º da CLT). Portanto, a remuneração do trabalho noturno terá um adicional de no mínimo 20% (art. 73 caput da CLT). Neste ponto, o aluno deverá fazer a leitura conjugada da Súmula 60, II do TST. In verbis: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 28 Súmula no 60 do TST ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 6 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. (ex-Súmula nº 60 - RA 105/1974, DJ 24.10.1974) II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. (ex- OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996) (BRASIL, 2005). O que a Súmula 60 inc. II do TST quer dizer é que, quando o empregado laborar integralmente no período noturno e continuar laborando no período diurno, o adicional noturno prorrogasse o adicional noturno as horas laboradas no período diurno. Sendo assim, se o empregado laborar de 22h de um dia às 7h do dia seguinte, por exemplo, o adicional noturno será devido no período de 22h às 7h. Mas, se o empregado laboras de 24h de um dia às 7h do dia seguinte, não haverá a prorrogação do adicional noturno, justamente por não ter laborado integralmente no período noturno. Neste caso, o adicional noturno será devido no período de 24h às 5h. Por fim, caso o empregado seja transferido para trabalhar no período diurno, ele perderá o direito do adicional noturno. Portanto, o adicional noturno é um salário condição, ou seja, é devido enquanto perdurar a situação ensejadora do mesmo (Súmula 265 do TST). 6.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Previsão Legal: art. 7o, XXII da CR; art. 189 a 192 da CLT; art. 60 da CLT; art. 194 da CLT; Súmula vinculante 4 do STF; Súmulas 47, 80, 139, 228, 248, 289, 293, 448 do TST; OJ’s 47, 103, 121, 165, 172, 173, 278 SDI-1 do TST; De acordo com o art. 189 da CLT: institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 29 Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943). Ainda, estipula o art. 192 da CLT: Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo (BRASIL, 1943). O adicional de insalubridade possui natureza salarial, integrando a remuneração do empregado para todos os fins e é calculado sobre o salário básico, em virtude da súmula vinculante 4 do STF e Súmula 228 do TST, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo. Ele é devido, portanto, quando o empregado trabalha em ambiente que prejudique a sua saúde, como exposição à ruídos, substâncias tóxicas etc., de forma permanente e desde que previstas na NR-15. Dessa forma, de acordo com o entendimento consubstanciado na Súmula 448, I do TST, a comprovação por perícia da constatação da insalubridade no local de trabalho, por si só, não gera o direito, ao empregado, do respectivo adicional, devendo também estar, tal atividade, regulamentada na NR-15. Apesar do previsto no art. 191 da CLT, cumpre destacar que o simples fornecimento do equipamento pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, conforme o entendimento da Súmula 289 do TST. De acordo com o art. 60 da CLT, para que o empregado possa fazer hora extra, em ambiente de trabalho insalubre, deverá ter licença prévia pelo órgão competente, exceto o empregado que trabalha em regime de 12x36, conforme dispõe o parágrafo único do referido artigo, incluído pela Reforma Trabalhista. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 30 Por fim, o adicional de insalubridade cessará com a eliminação do risco à saúde do empregado, conforme estabelece o art. 194 da CLT. 6.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Previsão Legal: art. 7o, XXII da CR; art. 193 da CLT; art. 194 da CLT; Súmula 212 do STF; Súmulas 39, 191, 364, 453 do TST; OJ’s 165, 172, 345, 385 da SDI-1 do TST; De acordo com o art. 193 da CLT: Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem riscoacentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. § 4o São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta (BRASIL, 1943). O adicional de periculosidade tem natureza salarial, integrando a remuneração do empregado para todos os efeitos legais. Neste caso, o empregado que trabalha em ambiente que o expõe a condições perigosas à sua vida, de forma permanentemente ou intermitentemente, fará jus ao adicional de 30%, calculados sobre o salário base. institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 31 Faz jus ao adicional de periculosidade todo empregado que trabalhar exposto à atividades ou condições perigosas (perigo à vida) de forma permanente ou intermitente, desde que não seja de forma eventual. Por fim, o adicional de periculosidade cessará com a eliminação do risco à integridade física do empregado, conforme estabelece o art. 194 da CLT. 6.5 SALÁRIO UTILIDADE Previsão Legal: art. 458 caput da CLT; Súmula n. 367 do TST; De acordo com o art. 458 da CLT: Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas (BRASIL, 1943). Nesse sentido, salário utilidade são todas as prestações in natura, ou seja, por exempli, alimentação, habitação etc., as quais o empregador fornece habitualmente ao empregado, estabelecidos no contrato de trabalho ou por força do costume. Sendo assim, tudo aquilo que o empregado recebe pelo trabalho que, apesar de ser prestações não pagas em dinheiro, integram integrar o salário. 6.6 UTILIDADES FORNECIDAS PELO EMPREGADOR QUE NÃO POSSUEM NATUREZA SALARIAL São exceções ao disposto acima, ou seja, são utilidades fornecidas pelo empregador, mas que não possuem natureza salarial: vale alimentação por empregador filiado ao programa de alimentação do trabalho -PAT. (Lei n. 6321 de 1976 e OJ-SDI1 133 do TST); Auxílio alimentação, desde que não seja pago em dinheiro (art. 457 §2º da CLT); equipamentos eventualmente fornecidos ao institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 32 teletrabalhador (art. 75-D da CLT); as parcelas dispostas no art. 458 §5º da CLT; as demais parcelas dispostas no art. 457 §2º da CLT; as parcelas estabelecidas na Súmula 367 do TST; as parcelas dispostas na OJ SDI1- 123 do TST; e por fim, aquelas parcelas dispostas no art. 458 §2º da CLT. Nesse sentido, vamos à análise de alguns arts: Art. 458 [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V – seguros de vida e de acidentes pessoais; VI – previdência privada; VII – (VETADO) VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. [...] § 5o O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991 (BRASIL, 1943). Ademais: Art. 457 [...] § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 33 base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário (BRASIL, 1943). De acordo com a Súmula 367 do TST: Súmula no 367 do TST. UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 24, 131 e 246 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 131 - inserida em 20.04.1998 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 - e 246 - inserida em 20.06.2001) II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. (ex-OJ nº 24 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996). 7. JORNADA DE TRABALHO 7.1 JORNADA DE TRABALHO PREVISTA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Previsão Legal: Art. 7, XIII, CR; art. 58, CLT A jornada padrão, garantida constitucionalmente, é de no máximo 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais. Dessa forma, caso o empregado extrapole esse limite e se encontre regido por essa jornada, fará jus ao recebimento de horas extras acrescidas de um adicional de 50% (possui natureza salarial). 7.2 INTERVALO INTRAJORNADA Previsão Legal: art. 71 caput e §1º da CLT institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 34 O intervalo intrajornada compreende no período de descanso que o empregado tem direito dentro da jornada de trabalho. O intervalo intrajornada, quando concedido de maneira correta, não integra a jornada de trabalho do empregado. De acordo com o art. 71 da CLT, se o empregado trabalha: 1) até 4 horas por dia: não tem direito a intervalo; 2) de 4 horas a 6 horas por dia: tem direito a 15 minutos de intervalo; 3) mais de 6 horas por dia: o intervalo será de no mínimo uma hora e de no máximo duas horas, salvo acordo ou convenção coletiva. Por meio de acordo ou convenção coletiva, sempre poderá ser aumentado o número de horas do intervalo do empregado. Mas para diminuir o intervalo, somente poderia em uma única hipótese: a do art. 71, § 3º da CLT, ou seja, quando as empresas possuíam refeitório, houvesse autorização do Ministério do Trabalho e desde que não houvesse extrapolação de jornada habitual dos empregados. A Reforma Trabalhista, trouxe o art. 611-A da CLT (negociado sobre o legislado. Atenção neste ponto: o negociado sempre pôde prevalecer sobre o legislado, desde que fosse para beneficiar o empregado ou houvesse uma transação, nunca renúncia, portanto, há quem entenda ser, na realidade, a permissão do renunciadosobre o legislado) a possibilidade da redução de até 30 minutos do intervalo, mediante acordo ou convenção coletiva. Então vejamos as hipóteses em que poderá reduzir o intervalo intrajornada do empregado: Poderá reduzir do intervalo mínimo de 1 hora em jornadas superiores a 6 horas em 2 situações: 1) Art. 71, § 3º da CLT - Requisitos: Empresas possuírem refeitório; autorização do MT; inexistência de extrapolação de jornada habitual; institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 35 2) redução de até 30 minutos mediante acordo coletivo ou convenção coletiva (art. 611-A, III da CLT) * Novo aspecto trazido pela Reforma Trabalhista: “III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;” (BRASIL, 1943). 7.2.1 INTERVALO INTRAJORNADA CONCEDIDO A MENOR Previsão Legal: art. 71 §4º da CLT Este aspecto foi alterado pela Reforma Trabalhista. Antes da Reforma, caso fosse concedido ao empregado um intervalo a menor, falava o §4º: § 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (BRASIL, 1943). Portanto, entendia-se que era devido, em caso de concessão de intervalo a menor, o período equivalente ao intervalo, acrescidos de 50% (possuía natureza salarial). A Reforma Trabalhista, trouxe nova redação ao §4º: A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (BRASIL, 1943). Portanto, de acordo com a nova sistemática trazida pela Reforma Trabalhista, em caso de concessão de intervalo a menor, é devido apenas o período suprimido, acrescidos de 50% (possui agora natureza indenizatória). institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 36 7.2.2 INTERVALO INTRAJORNADA CONCEDIDO A MAIOR Caso seja concedido intervalo a maior, o excesso do intervalo integrará a jornada de trabalho do empregado. 7.3 INTERVALO INTERJORNADA Previsão Legal: art. 66 da CLT De acordo com o art. 66 da CLT: “Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso”. Entre duas jornadas de trabalho, ou seja, entre o final da jornada de um dia e o início da jornada do outro dia, o empregado tem direito a um período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso. Este intervalo não integra a jornada de trabalho. 7.4 EMPREGADO COMISSIONISTA Previsão Legal: Art. 457 §1ºda CLT; Lei n. 3.207 de 1957; Súmula 340 do TST; OJ- SDI1- 397 do TST; OJ SDI1- 181 do TST; OJ SDI1- 235 do TST O empregado comissionista puro, só irá receber comissão, ou seja, só a parte variável. Já o empregado comissionista misto, irá receber uma parte fixa, acrescidas das comissões (parte variável). As comissões integram a remuneração do empregado. O empregado comissionista que fizer hora extra, em relação a parte variável, só fara jus ao recebimento do adicional de 50%, já que as comissões por si só já remuneram as horas extras trabalhadas. Dessa forma, em relação à parte fixa, fará jus às horas extras acrescidas do adicional de 50%; já em relação à parte variável, fará jus apenas ao adicional de 50% sobre as horas extras. 8. JORNADAS ESPECIAIS institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 37 8.1 BANCÁRIO Previsão Legal: arts. 224 e seguintes da CLT, Súmula 102 do TST; OJ SDI-1 178 do TST; Súmula 113 do TST; Súmula 199 do TST; Súmula 124 do TST. A jornada de quem é contratado diretamente para trabalhar no banco é de 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, com intervalo de 15 minutos. O bancário, portanto, não trabalha no sábado e de acordo com a Súmula 113 do TST “O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado” (BRASIL, 2003). Aqueles que possuem legislação específica e trabalham no banco, possuem a jornada estipulada na legislação específica, e não a jornada especial do bancário. Exemplo: advogado (possui regramento próprio- Lei n. 8.906/1994- Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados). 8.2 ALTO EMPREGADO BANCÁRIO Previsão Legal: art. 224§ 2 da CLT; art. 225 da CLT; Súmula 102 do TST; Súmula 247 do TST; Súmula 109 do TST. De acordo com o art. 224 § 2º da CLT: 2º As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou que desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor da gratificação não seja inferior a um terço do salário do cargo efetivo (BRASIL, 1943). Ainda, de acordo com o art. 225 da CLT: “Art. 225 - A duração normal de trabalho dos bancários poderá ser excepcionalmente prorrogada até 8 (oito) institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 38 horas diárias, não excedendo de 40 (quarenta) horas semanais, observados os preceitos gerais sobre a duração do trabalho” (BRASIL, 1943). Dessa forma, quando o bancário exercer cargo de confiança (e.g.: gerente) e receber uma gratificação de função de no mínimo 1/3 do salário efetivo, terá a jornada do art. 225 da CLT, ou seja, 8 horas diárias e 40 horas semanais, com intervalo de no mínimo 1 hora e, no máximo 2 horas, salvo acordo ou convenção coletiva, conforme o art.71 da CLT. Cumpre destacar que a quebra de caixa não é considerada gratificação de função. De acordo com a Súmula 247 do TST: “A parcela paga aos bancários sob a denominação ‘quebra de caixa’ possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais” (BRASIL, 2003). 8.3 BANCÁRIO EXERCENTE DE CARGO DE GESTÃO Previsão Legal: art. 62, II e parágrafo único da CLT; Súmula 287 do TST De acordo com o art. 62, II e parágrafo único da CLT: II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento) (BRASIL, 1943). Portanto, aqueles bancários que ocupam cargo de gestão (gerir, dirigir, administrar) (gerente-geral) e recebem uma gratificação de função de no mínimo 40%, não estão sujeitos ao controle de jornada. Assim, de acordo com a Súmula 287 do TST: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8966.htm#art1 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 39 Súmula no 287 do TST JORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente geral de agência bancária, presume-se (admite prova em contrário) o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT. Logo, existe uma diferença entre o gerente que exerce cargo de confiança e o gerente que exerce cargo de gestão (gerente-geral). 8.4 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO Previsão Legal: Art.7º XIV da CR. O turno ininterrupto de revezamento é uma jornada especial prevista constitucionalmente, em seu art. 7o inciso XIV: “jornada