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Cap02 O Conceito de Excedente Economico

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CAPiTULO H
O Conccrro de Excedente Ecοnοrnlc0
f
O conccito de excedente cconOmico O, sem divida, algo cOmplexo. Na tarefa
de csclarece―lo c de cmpreg6-lo para a compreensao do prOcesso de desenvolvi―
mento econOmico,deini95es simples ou medidas reinadas naO podem substtuir o
eSfOF90 ana1luco e O lulgamento raclonal. E, certamente, desaavel romper aqui
com a velha tradicao da Econornia acadOmica de sacrificar a relevancia dO assunto
a clegancia dO mёtodo analricO;o melhor tratar imperfeitamente o quc O importan―
te do quc atingir habilidade extrema no trato de quest6es irrelevantes
A im de facilitar o mais possivel a discussaO,falaremos,inicialmente,em ter―
mos de``estatica cOmparativa",isto O,ignoraremos os canlinhos pelos quais sc efe―
tua a trans19ao de uma situacaO ecOnOrnica para outra c consideraremOs essas si―
tuac6es ex post. Assirn, procedendo, podemos distinguir trOs variantes do cOnceito
dc excedente cconOnlico
Excedente cconOrnico c農2tiυO, lsto O, diferepca entre o produto social りgFiυ0
de uma comunidade c o seu clctiυο COnsumo.l E identicO,por conscguinte,a pOu_
panca ou acumulacao e se materializa cm ativos de varias espOcies, que se adiclo―
narn a riqueza da sociedade durante o perrOdO quc se estaa considerandO:equipa―
mentos c unidades prOdutivas, estoques,divisas e ouro entesourado Pode parecer
apenas uma qucsぬo de defin195o o fato de se considerar os bens duraveis de con―
Sumo (prёdios residenciais, autom6veis etc.)comO represcntando poupanca c nao
consumo, uma vez quc, sern sombra de divida, O arbi廿6no considerar um prёdio
como invesimento,enquanto,digamos,um piano O indurdo entre Os bensre con_
sumo. Sc a vida util fOsse o critOrio, onde colocarramOs a linha divis6na?E essen―
cial para a comprecnsao dO prOcesso econOrnico fazer essa distincao na―O cOm base
nas propnedadcs frsicas dOs ativos em causa, rnas a luz da funcaO ccOnornica que
desempenharn, lsto O, sc entram no luxo de consumo como ``bens inais'' Ou se
1 0 excedente econOmico efeivo compreende, obυiamente, parcela menor do produto soclal quc a abrangencla pela
nocaO mattsta de mals―vaha Lembramos que a malsゃaha C representada pela dferenca entre o produto FquidO glo‐
bal e a renda real da lo<a de trabalho ()“excedente econ6mico efetlv。", deinido acima, abrange apenas a parcela
de mat―valia que ё αcumuladal em outras palavras, nao inclui o consumo da classe capitalista, os dispOndios governa―
mentais com a m6quina administratva,as forcas armadas etc
?
?
52 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
servern como meios de prOducaO e cOncorrem para urn aumento desta nO perfodo
subscqtiente. Assirn, um autOm6vel adquindO para uso pessoal o um ObictO de
consumo, enquanto um carro idOntico,se adicionadO a frota dc taxis da cOmunida―
de,cOnstitul urn bern de investimento.2
Todas as formac6es s6cio―cconOnlicas de quc sc tem notrcia geraram exceden―
tc econ6mico efetivo.Embora sua magnitude c estrutura tenham difendo muitO du―
rante as varias fases do desenv01virnento, sua cxistencia caractenzou quasc tOda a
h載6na que conhecemOふA magttude l:c『
1撃甜 e鰭lt寵i:a:『瞥 品 』胤panca ou forrnacaO de capital――a10m d(
vista conceptual ё hoie COrrentementc estimada pelos servicos de estatistica da
maloria das nacoes. As dificuldades que se encontram na sua mensura95o sao de
ordern tocnica, originadas apenas pela ausOncia ou inadequacao das infOrrnac5cs
estattticas dispoll"eis.
O cxcedente ccOnomico po″encial σ a diferenca cntrc o produto sOcial que pο―
dcガa ser obtidO em um dado meiO natural e tecno16gicO,cOm o auxl10 dOs recur‐
sos produtivos realrnente disponiveis, c o quc se pode considerar cOmo cOnsumo
indispensavel.3 A transforrnacao desse cxcedente potencial em efeivo pressup6c a
rcorganizacao mais Ou menos drastica da pOpulacao e distribuicaO do produto sO―
cial e implica prOfundas mudancas da cstrutura da sociedadc.Aparece cle sOb qua―
tro formas,a primeira das quais ё o consumo supOrluo da sOciedade(predominan―
temente por parte dOS grupos de mais alta renda,rnas,cm alguns paFses,cOmo Os
Estados Unidos,tambёm pOr parte das chamadas classcs mёdias);a scgunda ё a
聟 J猟 黛 蔽 勇
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締
∫er糀 龍 :1隅 罰 肥 :針t
quc naO w OЫom dc宙dO a ttdttda de d∝emp霞「畿 i品選
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畠λ∬識 留
te,pela anarquia da producao capitalista e pela deiciencia da prOcura efetiva
A identificacao e mensuracao dessas quatro foIIIlas de cxcedente ecOnOrnico
potencial defrontam com alguns obstaculos. Tais obstacu10s prOmanarn, cm ultirna
anttsa da dКundanda wg」耐capお
滝 露
c;議
t:「1爾潔 亀』器 3庶:s鼈tencial transcende o horizOnte da ordem
referencia naO apenas a atuacao facilmente discernfvel de uma dada organizacao
s6cio―cconOrnica, mas tambom a imagenl, visualizada menos rapidamente, de uma
sociedade organizada de fOrma rnais racional.
I
Facamos aqui uma pequena digress50. Na verdade, do pontO de vista do feu―
鋤 smQ ga indi"m嗣,「
“
面
“
er拙
螺 :l柵℃F』ξl躙 肥 電lvel com a coninuidadc e a cstabilidade c
pornu。, improdutivo c esbaniadOr era tudo quanto interferisse com ou se mostras―
se desnccessario a preservacao c ao funcionamento normal da Ordern sOcial entao
2 Embo●n5o nos paeca nece“
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:」Tttbi:R脱:緊L籠呪1:撫鵬翼輛 :
醜 鸞 鶉 熙榊『 塾盤 三T畿諷 織 詣」巴胤蹴 柵 寵
灘野
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O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 53
existente. Foi por isso quc Malthus defendeu calorosamente o consumo excessivo
da aristocracia agrana, apontando as repercuss6es de tais dispOndlos sobre o nfvel
de emprego.(Ds econornistas da burguesia nascente, por outro lado, nao perdiam
as oportunidades quc se lhes oferecessem de recnminar o ancien にgirne pelo des―
perdrciO de sua organizacao s6clo―cconOmica e dc apontar as fe195es paras■icas de
muitos de seus rnais caros funciond●os c institu196es.4
T5o logo, porёrn, a cr■ica da sociedade prё―capitalista sc tornou menos neces―
saria c a agenda da cconornia fol dominada pela tarefa de raclonalizar e lustifiCar a
ordern capitalista vitonosa,deixaram de ser analisadas a produtividade c a essencia―
hdade de qualquer tipo de alividade cxercida no selo da sociedade capitalista. Ao
admitir quc o pronunciamento do mercado desempenha o papel de unicO critёrio
de racionalidade e eficiencia,a Econornia ncga qualquer``respeitabilidade" a distin―
caO entre cOnsumo indispensavel e supё』uo, cntre tabalho produtivo e trabalho
irnprodutivo, cntre excedente efetivo e cxcedente potencial.(D consumo supO』uo
O justificado como provedor de indispensaveis incentivos; o trabalho improdutivo 0
glorificado por contribuir indiretamente para a producao; as depress6es c o desem―
prego sao defendidos como o preco que sc tem de pagar pelo progresso;o desper―
drc10 o perdoado por constituir urn prC―requisito da liberdade.Como dizia Marx:
“a medida que o dominlo do capital se estende e que mesmo as esferas de producao
que se n5o relaclonam diretamente a riqueza mate五al se tornam mais e mais depen―
dentes dele, e quc as ciOncias posiivas(CiOncias Naturais)a ele se subordinam como
instrumentos da producao matenal __ bauladores de segunda ordem, no campO da
Econonlia PolFtica,julgam ser seu dever glo五ficar qualquer setor de ati宙dade, demOns_
trando quc ele esta ligadO' a prOducao de nqueza material, c que C um melo de reali―
za_la Tais senhores homenageiam qualquer um ao transforlnd-lo em `trabalhador prO_
dutivo', no sentido mais resセito do termo,istoを,trabalhador quc esta a serЛ9o do ca―
pital,que O■il,de algum modo,a seu acrOscirno"5
E mais:
“O capitalismo cna uma estrutura crftica de pensamento que,ap6s destruir a autonda_
de moral de tantas outras insutuic5es, volta―se afinal contra as suasi a burguesia sur―
preende―se ao descobrir que a atitude racionalista nao se detёm diante das credenciais
de reis e de papas,rnas as ultrapassa para atacar a propnedade privada c tod0 0 siste^
ma de valores burgueses".6
Do ponto de vista dc uma sociedade socialista, isto O, de um ponto de宙sta que
transcende o quadro de referoncia capitalista,muitodo quc,ao pensamento econ6-
rnico e social burgues, parece ser indispensavel, produtivo c raclonal sc transforma
crn supёrnu。,lrnprodutivo e esbaniador.POde―se dizer quc,em geral,somente um
ponto de vista intelectualrnente fora da ordem social vigente, n5o adumbrado por
seus ``valores", sua ``intchgOncia pratica" e suas ``verdades e宙dentes'', proporc10-
4``O trabalho de algμns dos mals respeittveis membros da sociedade equipara‐se aos dos empregadOs dOm∝tlcos__
驚 鵬 舞 駅
qttJ」
1111ぽ∫fttf毬∫1麗J:各:t出
°S°S°icas da Jusica eぬGueFa que Se encontram
dores improdutlvos S5o empregados do povo e tto mani‐
dos por uma patt do廿abJho&outas pe“ぃ ()Naぶ
譜l:騰亀∫ra滉,電‖::鳳:ξ[ど
'鵠
I賓鴇1蹄mOdlcos,homens de letras de qualquer espёcie,atores,m
ルVeoたんO/Na"ons Edic5o da Modern Lbrav p 295
“Quando o produto anual de um pais ultrapassa o seu consumo, dlz―se que seu capltal aumentou; quando o seu
獅欄聯躙聯曹響靱鰍辮
54 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
na uma visao crrtica das cOntradic6es dessa ordern social e de suas potencialidades
ocultas (D excrcrclo da autOcritica O taO penOso para uma classe dirigente quanto
para μm indivlduo.
E facilmente perceptivel quc a decisao sobre O quc constitui o cxcedente ecO_
nOmico potencial,sobre a natureza do consumO supёrnu。,do desperdiciO e dO tra―
balho irnprodutivo, diz respeito as pr6prias fundac6es da EcOnornia burguesa c,
cm particular, ao ramo desta que sc tornou conhecido pelo nome de EcOnornia do
Bem―Estar.O obietO desse ramo da tcOna ccOnomica一talvez o mais idc016gico c
認魁驚 tr∬蹴 sil°凛
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:∬9臓i鶏∬ :蹴富認 ξЪ謝 電ご ∫高 精 霧
e mais importante requisito para quc essc esforco tenha sentidO o a existOncia de
uma conceituacao clara dO que se deve entender por bem―estar econOrnico e de
cntoriOs quc nos permitam distinguir variOs graus dessc bem―estar. Os econornistas
dO bem―estar resolvem a qucst5o(ou melhOr,pensam que resolvem)refenndO_se
a utilidade ou satisfacao cxperimentada pelos indivrduos ()indivfduo em si, cOm
os seus habitOs, gostos e prefettncias, こaceito sem exame. Deveria ser 6bvio quc
tal rnancira de encarar o indivFduo O totalmente metafrsica e nao leva cnl considera―
caO um dOs aspectos mais essenciais da Hist6ria humana. Como nOtOu Marx nu―
ma passagem dedicada a Bentharni
“Para saber o quc 1 6til a um c5o, devemOs estudar a sua natureza Essa natureza
麟 疑竜需雲拙 ll撻脱 1盤詣ぶ凛1認葛:rw
鯉朧 出瓶艦∫■T甘脇駅C驚l:蟹Ъ施1鶴:n:F昆魚:浩晰n∬)r singeleza considera o cOmerciante moderno,
especialmente o comerciante ing10s, como o homem norrnal TudO O que ё
`1l a csseestlanho homem nOrmal e a seu mundo C absolutamente itil. Esse padrao de medida
C,en6o,aplicado por Bentham aO passado,ao presente e ao futurO"7
ぶ 驚 描 輯 騨 馨 欄 懸 蝋 i観i響鐵 i綱 :
dificado O homenl; mudancas na natureza deste tem alterado a sOciedadc, COmo
podemOs, entao, cmpregar a utilidade ou a satisfacao usufrurda pOr urn indivrduo,
cm dadOセmpQ como o酬Ono wgun曽
∫ぷ :」:騨:d翼」濯訛 &;埋爛 留das institu196es e relac6es eCOnOrnicas par
ferirrnOs ao comportamento observavel de urn indivrduO, cstaremos carninhando
em cfrculo. Seu c6mportamento ё determinado pela ordem sOcial em que vive, cm
quc cresceu, cm quc forarn mOldados e detcHHinados sua cstrutura de carater,
suas categorias de pensamento, suas esperancas e scus ternores. E, na verdade, a
capacidade dc uma cOnstelacaO sOcial de prOduzir mecanismos capazes de moldar
personalidades, de prOver a estrutura material e psfquica para um tipo especrficO
de cxistencia humana,quc transfolllla essa constelacao numa Ordem social
Nao obstante, os economistas tentam avaliar essa ordern sOcial, sua prOclama―
da eficioncia,sua conmbuicaO para o bem―cstar humano,por cntёriOs quc ela mes―
ma suscitOu.8 comO pOderramOs pensar em iulgar a contnbulcaO quc um hOmicl―
dlo faz ao bem―cstar, sc adotassemOs como ponto de partida os canOnes de com―
重鱗 勒 蠣 酢 鮮 』孵 謡癬膜 肌馘 麒 1
O CONCErO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 55
portarnento seguidos por uma sociedade canibal?O que poderramos fazer de me―
lhor sena julgar a cocだncia do comportamento dos canibais com suas pbprias leis
e regulamentos canibalrsticOs. Esse tipo de indagacao poderia ser itil, sc estivOsse―
mos procurando divisar os lncios necessariOs a preservacaO c aO melhor funciOna‐
mento da sociedade canibal. O que se poderia deduzir,porёm, de tal investiga95o,
cm termos de bem―estar humanO?Defrontarfamos com uma situacao de 6umo
cconOrnico se supusOssemos quc a vida dos canibais se conforma plenamente com
os preceitos de sua sociedadc, quc scus chefes consegucrn reahzar tantos escalpe―
los quantos sao requcndOs pela sua fortuna, pos195o social e suas relac6es, c quc
todos os demais canibais consomem o nimero dc estrangeiros que corresponde,
cxatamente,a sua prOdutividade marginal e que n5o os obtOm a nao ser por aquisi‐
織 蝋 l癬 ぜ 鵠 itt」T翻 』:鮮'4:隠『 ■ 乱鳳
ettrぷ
品
que descrevemos. O que fizemos foi apenas estabelecer quc a pratica da socieda―
de canibal corresponde, apro対rnadamente, aos pnnclplos quc essa sociedade de―
senvolveu. N5o afirmamos nada,porёm,sobre a validade ou a irracionalidade des―
ses princrp10s Ou sobre sua relacao cOrn O bern―estar humano.
A EconOmia do Bem―Estar,como se ve,tem por obleivo o cxame da medida
cm quc a organizacao econonlica cxistente satisfaz as nollllas ditadas pela organiza‐
caO ecOnornica cxistente, do grau cm quc o aparelho produtivo dc uma sociedade
capitalista se encontra organizado, ``eficientemente",para uma producao cuiO vOlu―
mc e compos19ao s50 detellllinados pela cstrutura desse mesmo aparelho produti―
vo lnvestiga, laboriosamente, alёm disso, o grau cm quc a organizac5o s6cio―eco―
nOrnica cxistente orienta os recursos dispon"eis de mancira a corresponder a de―
manda dos consunlldores Esta, por sua vez,O deterrninada pela distribuic5o da ri―
qucza,e da renda,pelos gostos e escalas de valores das pessoas,os quais sao mOl_
dados pela organizacao s6clo―econOmica existente. Tais preocupacёes nada tem
em comum com a investigac5o das condic6es COnducentes ao bem―estar ou com o
estudo da medida cm quc as instituic6es e relac6es econOmicas e sociais da socic―
dade capitalista promovem ou impedern o bern―estar das populac6cs.
Urn adrnirador da Econornia do Berrl―Estar nos faria parar aqui c indagana
quc outro cntorio de bern―estar temos em vista.9 Se a atuag5o efetiva c observavel
do indivrduO no mercado nao ё aceita como o teste ilt・imo do quc constitul o seu
bern―estar,quc outro teste usaremos?
C)sirnples fato de quc essa pergunta saa forrnulada indica o quanto id se Canli―
nhou pela cstrada da irracionahdade c do obscurantismo desdc os dias da Econo―
rnia c Filosofia c16ssicas. A resposta a cla, porCnl, O mais sirnples do quc se possa
pensar――mais simples e maヽcomplexa,a um s6 tempo.El―la:a raza0 0切c"υa o
O unicO cntёnO pelo qual ё possivel iulgar a natureza de uma organizacao s6clo―
econOrnica, sua capacidade cm contribuir para a manifestacao geral das potenciali―
dades humanas e para o scu crescimento.Foi a raz5o o●CtiVa quc norteou a criti―
ca, cmprecndida por homens como Maquiavel e Hobbes, da sociedade enぬo exis―
tente;foi a razao O切cuva quc levou Smith e Ricardo a chamarem os senhores feu―
dais, os cortesaos e O clero de scu tempo de parasitas, pois eles naO sOmente nao
contriburram para o progresso da sociedade, mas tiravarn-lhe todas as pOssibllida―
des de crescirnento
9 0 Prof Scltovsky, por exemplo一―um dos autores mais competentes no assunto――,obse″a: “( )se pinciI,arlnos
a duvldar da capaddade do consumidor de decidir o que ё bom para cle, enveredaremos por uma estrada em que ё
dfidl parar e poderemos teminar por nos descartarmos totalmente do conce■o de soberania do consunlidor'' Op
cit,p 184 0 que esti em pauta,de fato,na。こ。``conceito de soberania do consumidor'',mas apenas a verぬo apo―
10gCtlca e n5o―hist6ica desse cOnceito,versao que permeia toda a Economia burguesa
56 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMiCO
N5o sc conclua dO que fOi dito quc a substancia da razao o●etivaSaa imuta_
vel no tempo e no cspaco Pelo contrariO:a raz5o obietiVa o parte integrante do lu―
xo sempre muttvel da Hist6ria;seus contornos nao cstaO menOs sttcitOS a dinarni^
ca do prOcesso hist6rico do quc a Natureza c a sociedade em geral. ``NinguOm po―
de cruzar duas vezes o mesmo nachO'':o quc ё raza0 0切eiVa numa ctapa hist6n―
ca ё ant―razao e reacaO em Outra.Essa dialёuca da raぬo obieiVa nada tem em cO―
mum com o cinismo relatvista do pragmatsmo ou com a indeterminaca0 0portu―
nista das varias filosofias do Olan υiral. Fundamenta―sc cla na compreensao cicntrfi_
ca, profunda c crescente quc o homem adquiriu sobre a Natureza c a sociedade,
na cxploragao concreta c na utiliza95o pratica das cOndicOes naturais e sociais do
progresso.
A atitude historicamente ambivalente c muttvel em relacao aO prOgresso c a
raza0 0bjetiva――atitude quc tem caracterizado o pensamento burgues desde quc
a burguesia come9ou a se sentir continuamente dividida cntre a oposicaO aO feuda―
lismo e o temor ao socialsmo nascente――explica o fato de ter a crrtica socialsta
das institu190cs econOmicas e sociais cncontrado, algumas vezes, acolhida relativa‐
mente sirnpatica pOr parte dos economistas burgucses,na medida em quc essa crf―
tica se dirigiu contta os resrduOs da ordern feudal. O esbaniamentO de nqucza pe―
los senhores de terra nos parses atrasados consutui um ObetVO dc ataque nao me―
nos admissrvel quc sua prodigalidade sob o ancien regirne nos parses mais adianta―
dos.A tolerancia o sempre muito menor quando a critica se dirige as institu196es ca―
pitalistas sensu stricto Apontar, por exemplo, a estrutura s6clo―politica dos paises
atrasados como o principal obstacu10 a seu progresso O,no atual estagl。lmperialis―
ta do desenvolvirnento capitalista, quaseぬo suspeito quanto insisur sObre o papel
quc o imperialismo desempehha no retardamentO do desenv01virncnto interno das
nac6es capitalistas adiantadas e na cstagnacaO que se perpetua nas areas subde―
scnvolvidas.
EconOmistas apoiados,sOcial e mentalmente,na fasc(c estrato)competiiva c
pequeno―burgucsa da sociedade capitalista dcsenvolveram certa medida de clarivl―
dOncia com rela9aO a irraciOnahdade, ao desperdfcio c as consequoncias culturais
do capitalismo monopollsta.Esquccendo―se de quc O o capitalismo cOmpetitivo e li―
beral quc, inelutavelrnente, da origem ao monop61o, reconhecem eles alguns dOs
custos econOrnicos,soCiaiS c humanos do capitalismo ern sua fase monopolista;dis―
cernem algumas das manifesta95es mais 6b宙as de consumo supёrluo, dc ativida―
des improdutivas, de irraclonalidades e de brutalidade do “rnonarquismo econOrni―
co'' Ao mesmo tempo,os escritores que se libertaram das cadeias de uma fase
pretёrita ou quc ingressaram diretamente na ``nova cra'' sao, algumas vezes, im―
presslonantemente perspicazcs ao remover de scu pedestal a Ordem cOmpetitiva
do passado――as sacrossantas vlrtudcs da adolescOncia competitiva do capitalismO.
Enquanto essa tendencia dO pensamento burguOs fornece alguns elementos e
infolHlacOcs quc permitem uma avaliacao,ainda quc apЮ対mada,da natureza(e
magnitude)do excedente ccOnOrnico potencial, o conlito sempre latente, c algu―
mas vezes abertO, entre os interesses da classe capitalista como unl todo e os scus
membros isoladamente considerados oferece outra oportunidade para a compreen―
saO dOs temas em pauta. Assim ё quc, crn ternpos de guerra, quando a vit6na
constitul o principal interesse da classe donlinante, o quc em tais circunstancias
constitui a razao ObictiVa se sobrepoc aos interesscs particulares e as utihdades sub―
jetivas Scia pela adocaO dO servlcO COmpuls6rio nas forcas armadas, de contrOles
econOrnicos, scia pe10 sistema de requis195o c COnfisco de suprimentos essenciais,
reconhecem―sc as neccssidades obiCuvas,admitc―se quc elas sciam plenamente
avalidveis c sc lhes empresta importancia muito maior quc as preferOncias indivi―
duais reveladas pe10 cOmportamento do mercado. T5o lo9o, pOrёrn, essa situacao
de emergencia passe, c a circunstancia de sc admitir a possibilidade de se identifi―
O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 57
話絲蝉誉[憔藤り蕊籠論踏ふi露鶏識Ъ習撫nha,uma vez mais, cm seu cOstumeiro es_
tado de agnosticismo e de``inteligOncia pratica''.
指憮∫ζ組織i晏漱1熙酬郷亀&:精蹴
i」T拙∬雅
o da me“utto da umdade rnargn漬
『
胤 it据∬ T燎温 隈 ::T強潔 l
mo indispensavel'', tanto em pates subdesenvolvidos como em economias desen―
volvidas, naO apresentarn dificuldade ma10r. Onde os padr6es de vida saO, cm ge_
軋 ぬ Ю
…
輌 耐 0&晩
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山
"n鷲朧 鵬 L鼻 鵠 腑 麗
S霜
『pode ser avaliado em terrnos de calorias,
tuariO,de combustrvel,de espaco para moradia ctc Mcsmo ondc O nfvel de cOnsu―
mo ё relativamente elevadO e compreende grande variedade de bens de consumo
e de servlcOs, pode―se ter uma idOia dO montante e da compos1950 da renda real
necessaria ao que,socialrnente,sc considera uma``vida decente".10
脚鸞 嶽 萬 鷺鮮轟
漁Ⅷ 誡器 鶏鳳
甑 譜T麓漁 ‰ :』霧 T:肥 :
navel manifestacao dc arbitrariedade, ё tOtalrnente acessrvel a indagac50 cientFfica
c ao julgamentO raclonal.
fff
A identificac5o de trabalhadores irnprodutivOs, por sua vez, ё assunto mais
complexo e mais diffcll de ser abOrdadO quantitativamente. Como ld assinalamOs,
a sirnples distincao cntre trabalhadOres prOdutivos e improdutivos defrOnta cOm a
fillHc opos1950 da Econonlla burguesa. Ela sabe ―― gracas a experiOncia de sua
pr6pria juventude――que essa distincaO se pode constituir em poderosO instumen―
掟tま梶憮 :錮潤 ‰ 霊 凛 ,7糧:1需需 乱 ∬出 ]』
r:臨
騨楓 寵 I離
caO quando julga a prOdutividade, a essencialidade e a ulilidade de qualquer ati宙_
dade pela sua capacidade cm Obter um preco no mercado. Desaparecern, dessa
forma, tOdas as diferencas entre os varios tipos de trabalho――todas, cxceto uma:
a magnitude da remuneracao a quc qualqucr ati宙dade tem direitO.Qualquer ai宙‐
dade que faz jus a uma recompensa monetaria o considerada, entao, こtil e produti―
va por deriniga―。11
亀£s:鰐T出臆騨lふlt:臨鍵濡曽∬盤れlttnЪ糧点き的lyl籍鵡品:1:ξl:鴻:激聴節1棚柵顆1咆鸞鼈 徊蓮
盈脚撤檄嘗灘鸞儡椰 i搬輛
i轟r寵哺鞣淮甲弊§釜雉 離欄,W憮F出紺躙胤嚇
網職警l蜻諦器増譴礎翻 ∬
脚響Ъl臨珈露Ⅷ篤織
no ponto de vista nao‐hist6ico e irreal de Mises, Hauek,
6moda de “torcer'' o “prlnclplo" e proclamar a utlidade e
essendalidade de vanas atνidades culos produtos nao ぬ。transaclonados, rnas que d5o uma conttbuic5o ``indireta''
58 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
A discussao precedente, porOm, deixou claro quc a valorizacao do mercadO
naO pOde ser considerada como urn teste raclonal para o julgamento da “adequa―
95o" e da``eficiOncia"dc uma organizacaO s6cio―econOnlica.A accitacao desse tes―
te implica, comO frisamos acirna, um raclocFnlo circular:julgar dada cstrutura s6clo―
econOrnica por um padraO representativo de um aspecto importante dessa mesma
estrutura s6clo―econOmica Assirn sendo,nao se pOde dizer o quc o trabalho prOduti―
vo ou improdutivo numa sociedade capitalista mediante sirnples referOncia as prati_
cas diarias dO capitalismo.A decisao tem que ser feita concretamente, do pontO de
宙sta dos requisitos e potencialidades do prOcesso hist6rico,a luz da raza0 0bletiVa.
O trabalho improdutivo representa parcela nao insignificante da producao dc
bens e servicos comerciados,producao qucり,pOr conseguinte,considerada nas es―
tatrsticas de renda nacional dos pates capitalistas. Selamos claros sobre esse pon―
to: o trabalho improdutivO ё plenamente produtivo ou itil dcn″ro da cst醐″りra da
ordem capiιαlisra e pode ser, na verdade,indispensavel a preservacao desta.E des―
necessario assinalar quc as pessoas empenhadas nessc tipo de trabalhO pOdem
ser, c na maloria das vezes o saO, “cidadaos prOerninentes'', trabalhadores, hO―
mens conscicntes,cuio trabalho vale o salario quc recebem.A sua classificacaO cO_
mo “trabalhadores improdutivos'', pOrtanto, nao irnplica opめbrio nem qualquer
outro estigma. Ocorre freqtientemente quc homens de boa vontade―_cOmpelidos
a viver e trabalhar num sistema cuia Orientac5o nao sc encOntra sob scu controle
__naO apenas deixam dc atingir os obleivos pelosquais se csforcam,mas ain―
gem os verdadeiros opostos daqucles quc procuravarn alcancar.
Pcrcebc―se facilmente quc a ldentificacao e a medida dessa parcela imprOduti―
va do csforco econOmico total de um pars naO pOdern ser feitas pela aplicacao de
uma gmples bmula.Esta parcela consなFe―para ralar em Fe′′′`os maおgeraお一em`odo o rrabarho cmpregado na produgao de bens e sewigos ctta proCura pode
scr atガburda as cOndic6“c rclagOcs pcculiares ao sistema capitalista,procura csta
quc se nao υc可lcatta numa sociedade racionalmentc organizada.Parte apreciavel
desses trabalhadores improdutivos encontra―sc, portanto, ocupada na prOducaO de
aHHamentos, dc artigos de luxo de toda cspёcic, de obiCtOS de 9stentacaO c indica‐
tivos de pos195o sOCial.()utros saO funcionariOs governamentais, membros das for―
9aS armadas e do clero, advogados especialistas em fraudes fiscais, tOcnicos em re―
lacδes publicas etc. Outros grupos de trabalhadores improdutivOs sao cOnstiturdOs
por agentes de publicidade, interrnediariOs, comerciantes, cspeculadores etc. Um
exemplo particulannente interessante pode ser encontrado nurn dos livros dc
Schumpeter―― um dos poucos economistas contemporancOs quc nao se satisfez
ern permanecer no nivel da “inteligOncia pratica", mas tentou elevar―sc a com_
precnsao do prOcesso hist6ricol
``Parte consideravel dO trabalho realizado pelos advogados ё dedicada a luta das em―
presas contta o Estado e seus 6rgaos(¨)numa sOciedade sociansta nao havena nem
necessidade nem lugar para esse trabalho A poupanca resultante naO pode ser medi―
da, de modo satisfat6●o, pela soma das remuneragOes percebidas pelos advogados
que tem esse ipo de ocupa95o Tal soma ё desprezfvel Nao se pOde,porёm,conside―
rar desprezivel a perda social ocasionada pelo emprego improdutivO de muitOs dOs me‐
lhores cCrebros Se ponderarmos que cOrebros atilados constituem um produto temvel―
mente escasso,veremos que seu emprego em outro tipo de ocupacao pOde ser de im―
pOrtancia rnaior do que infinitesimal''12
a prOducao cOmerciホ′el ou que desempenham um papel fundamentai na preservac5o e funclonamentO dO sistema ca―
pitalsta como um todo
12 scHuMPETER,」A Cap“ollsrn,Sociαllsm and DemocracノNova York,1950p 198
O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 59
0 quc O crucial lembrar O quc trabalho improdutivO, definidO da maneira aci―
ma, naO se relaciona dirctamente ao processo de producao indispensavel e o man_
tido pOr uma parte do excedente ecOnOmico da sociedade. Participa tambOm des―
sa caracteristica outro grupo de trabalhadOres que se nao inclui dentro de nOssa de―
finicao de trabalho improdutivO.(〕ientistas, rnёdicos, artistas, professores e pessOas
corn profiss6es semelhantes as indicadas vivern do cxcedente ccOnOrnico, mas
exercem uma atividadc cuia prOCura, numa sociedade rac10nalrnente Organizada,
longe de desaparecer, sena multiplicada c intensificada de maneira sem preceden―
te. Por conseguinte, cmbora scia perfeitamente justo, do pontO de vista da mensu―
racaO dO excedente rOFar correntemente gerado pela sociedade,incluir tais profissio―
nais entre as pessoas sustentadas pelo excedente cconOmico, parecc aconselhavel
trata_10s separadamente, quando se cogita dc avaliar a magnitude dO excedente
pOrenciaルηenFe disponivel para utilizacaO raclOnal.
``0廿abalhO pOde ser necessanO sem ser produivo"13
冒|ぶ黛鶴i帯Ⅷ 井職蕊椰I鱗曇調:
櫂藷猟礁景驚笠れl需』継攪l肥棚旨器L群躍s配lc5o da ccononlia, enquanto Outras conti―
鸞袖難齢帯榔s掲頒1脚期鮮誇聾ittI
ぽ脳F乳鮒顎繰鮮熱 手塾種掛搬熙樵
X幣]I菫勢覗絲翻 融互隆嘗∬:lき駆農ψ
nOrnico e quc na~o O abrangido pOr nossa definicao de trabalhO imprOdutivO CO_
mo predissc Marx:a parte do produto g10bal
爆椰苑mi謂]麟I藤減犠覺漁露L難仁L lenquantO)oscustosgeraisdaadmlR常
l『
Ci111111:躙113獄贈譲慶tti:翫tringem―sc, consideravelrnente, desde o
e dirninuem a medida que a nova sociedade se desenvolve''14
Assirn sendo, os recursos usados para a manutencao de indivrduOs que vivem
do cxcedcnte ccOnOmico da sociedade, mas quc naO est5o inclurdos no trabalho
irnproduivo cOmO o definirnos, nao pOdem ser cOnsiderados cOmo pertencentes
ao fundo potencialrnente disponfvel para prop6sitos de desenvOlvirnento econ6-
mico.
Urna vez mais:a despcito das dificuldades quc possanl ser encontradas na ten―
tativa de mensurar com exatidao o volume de trabalhO irnprodutivO despendidO
E戦殿棚紛協鋼罵°躍辮l¶:‰肥i鰹こ:嘲鰐Wふ退「れ&群りの.950,ぃ20d
seqs
60 O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
numa econornia capitalista, a natureza dessa tarefa, em tempos de cmergOncia,
naO ё menOs clara quc a necessidade de dirninulcao――e mesmO de clirnina95o__
do consumo nao―cssencial. TrabalhadOres irnprodutivos sao recrutados para o
exёrcito, cnquanto trabalhadores produtivOs nao o saO. servicOS dC Orientacao de
trabalhadores tentarn remover pessoas de empregos improdutivOs para os produti―
vos. Os 6rgaos cncarregados do raciOnamento enlitem cartOes diferentes para indi―
vrduOs cOm Ocupag6es diferentes, dando tratamento preferencial aos trabalhadores
produtivos.
A ,crccira forma pela qual sc oculta o excedente cconOmicO potencial numa
sociedade capitalista naO o, cOnceptualmente, mais complexa do quc a anterior,
cmbora scia talvez ainda mais difrcil de medir. Desperdrclos e irracionalidades na
organizagaO prOdutiva――cis aqui a terceira forrna de que falavamOs__pOdern ser
obseAlados em grande nimero de ocasi6es e dcterrninam a obtencao de um prO―
duto social bern inferior ao que poderia ser conseguido com o mesmo dispOndlo
de recursOs humanos e matenais.Hd,em pnmeiro lugar,ac対stOncia(e contrnua
reproducao)de capacidade ociosa, a qual absorve, improdutivamente, parcela sig―
nificativa do investimento corrente Nao nos referirnos aqui a parcela da forca de
trabalho, as fabricas e aos equipamentos quc saO cOndenados a OciOsidade em
tempos de depressao.A issO voltaremos mais tarde.O que temos em mente,neste
contexto, O a capacidade fFsica nao utilizada nern mesmo durante os anos de prOs―
peridade, tantO pelos setOres industriais declinantes como pelos que se encontram
ern franca expansao.15
A BroOkings lnstitution efetuou uma investigagaO sObre capacidadc Oc10sa nos
Estados Unidos durante o perfodo de 1925/29.16 Para Os efeitos dessa pesquisa,de―
iniu―se “capacidade" de uma indistria como a producaO quc seria realizada du―
rante um dia norrnal de trabalho,mediante o emprego do nimero de turnos comu―
mente usado na industria c gracas a apropnada manutencao do equipamento da
fabrica(lsto O, lcvando―se em conta as necessarias paradas para reparos etc.). F6-
bricas que se encontravarn fechadas fOram exclurdas, naO sendO cOnsideradas co―
mo capacidade ociosa.A capacidadc assim deinida(conServadoramente)o,por
conscguinte, infenor a ``capacidade te6rica'' geralrnente evidenciada pelas estatrsti_
cas e bascada cnl cstimativas tOcnicas.A Brookings lnstitution concluiu quc
i肝置圭きな電∬滉Tr詭身″盈1:駕ぶ」11'皆:乳r機乳常『1露:vavelrnente nenl toda prOdutividade adicional indicada cOmo possfvel pelos dados aci―
ma pode●a ter sido obida, uma vez que havia grandes diferencas na capacidade pO_
tencial dos diferentes ramos de indistria Se toda a industria funciOnasse a plena capa―
cidade,cnOrmes excedentes de alguns bens ocorreriam,iniludivelrnente"18
0s autores dessc estudo assinalam quc, ``sc esfor9os produtivos novos fossem
Onentados para a coordenacao dOs variOs ramos industriais", essa desproporc10na―
lidade poderia ser acentuadamente dirninurda se n50 totalrnente elinlinada.Nao es―
15 conVこm notar,a esse respe■o,quc,numa sociedade racionalmente planilcada,n5o ha motvo para a e対stOncia de
capacidade ociosa durante certo tempo mesmo em setores industnais dechnantes,lsto C,em setores que defrontam
com dirninuic5o da prOcura de seus produtos Convers5es apropnadas de tais capacidades para produc5o de outros
bens podenam redu21r a Capacidade ociOsa a um mlnirno
抑 聰 、轍 勲 1熙 幽 》
寵 胤 TЪ脚 麗 慮霜1紗 ざT慇 lT盤
括lr"C。
'SCのαd″ゎPЮduce and Ame"“'s CapattνめConsuma WashngoQ 1934,31
O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 61
timarn,porёrn,o volume de prOducaO quepodena ser Obtido gracas a cssa coorde―
nacaO.Mesmo na ausOncia dela,cntretanto, _____
“uma producao 19ツ3 ma10r do quc a realizada tena sidO poss"el Essa produtividade
maior, expressa em termos monetarios, signiicaHa 15 bilhOes de d61ares, apro対rnada―
mente",
isto O,quase 20ツ3 da renda naciOnal dos Estados Unidos ern 1929.
Nao se fez nenhum estudo semelhante sobre capacidade oc10sa durante o
p6s―gucrra. Pode―se perceber, pororn, a partir de dados esparsos quc, rnesmo du―
rante os anos de prosperidade scm precedente que se seguiram ao fim da Segun―
da(3ucrra Mundiat a capacidadc Ociosa da indistria americana atingiu propoК6es
fantasticas. Calcu10s realizados por um pesquisador sugerem quc apenas 55%des―
sa capacidadc (conservadoramente cstimada)foi utihzada durantc O pr6spero ano
de 1952.19 Tal estimauva naO inclui prodiglosas quantidades de ahmentos,cuia prO_
ducaO era dificultada pOr variOs tipos de controle,quc se peHllitiu se deteriOrassem
ou fOram destrurdas Ou usadas cOmO alirnentos de anirnais.
Toda cstimativa de capacidade(e de capacidade oclosa)O altamente stteita a
n舗癬!轡撫婁職驚轟I盤寵麟S威}野
臨 籠 詰 ‰ 盟 晃[:ふ
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蹴 籠 :LrTll議轟 呪
presente contexto, pois nosso prop6sito aqui naO ё avaliar a magnitude do excc‐
dente econOnlico potencial em dado paた, durante determinado tempO, mas ape―
nas indicar as fOrmas que tal excedente assume.
O desperdrc10 de recursos deterrninado pela existOncia de mOnop61io e de
concorrOncia monopolista ё,da mesma maneira,daramente discernivel.O excc―
dente ccOnOrnico potencial que dar prOmana nunca foi analisado ern sua inteireza,
cmbora se facam frequcntes referencias a scus componentes na literatura econOrni―
ca. Em primeiro c talvez rnais importante lugar,hd a mencionar a producao que se
perdc em virtude da subutiliza95o das econominas de escala, subutilizacao esta
quc tem origem na irracional diferenciacao de prOdutos N50 o dO meu cOnheci―
mento quc alguOm haia tentadO calcular a poupanca global quc seria realizada se
grande nimero de artigos quc apresentam diferengas puramente norninais fOsse
padronizado, c se sua producaO fOsse concentrada nas fabricas tecnicamente mais
cficicntes c econOrnicas Sc olharmos para os autom6veis c outros bens duraveis
de cOnsumo(geladeiras,fog6es,aparelhos clёtAcos etc.),Ou se pensalilloS em pro―
dutOs cOmo sabonetes, pastas de dcntes, tecidos, sapatos ou alimentos enlatadOs,
concluiremos que n5o podc haver divida de quc a padronizacaO e a producaO em
massa podcnam dirninuir, apreciavelrnente, o custo unitariO de prOducao. COnvёm
notar que casos existem em quc firinas sob cond195es rnonopolisticas operam fabn―
cas ctto tamanhO pOde ser cOnsiderado 6timo do ponto de vista tCcnicO, fabricas
em quc,em outras palavras,nenhuma cconomia de escala adic10nal pOde ser reali―
zada pela introducao de prOcessos tecno16gicos id conhecidos Ha muita raz50,po―
rёm, para sc acreditar quc tais casos sao relativamente raros, c que lirnita95es de
mercado para cada marca c de capital disponivel para firmas isoladas saO fatOres
que determinam a cxistOncia de fdbncas de tamanho menor(c,muita vez,conside―
19 ROBB,Lewis H ■ndustnal Capacity and its Utllizaton'' Ini Science&SOcic~OutonO de 1953 p 318-325
62 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
ravelrnente menor)do quc scna raclonal. A contrnua cxisttncia c prolifera95o de
empresas pequenas, ineficientes e dispensaveis __ nao apenas na indistna, mas
tambOnl, cm particular, na agricultura c nos setores de distribuicao e de ser′190s――
resultam em dcsperdたio de recursOs matenais c humanos,ctta magnitude diicil―
mente pode ser avaliada.20
A rnultiplicacao de unidades produtivas e o esbanlamento de recursos ocaS10-
nado pela irraclonal pequcnez dc empresas sao acOmpanhados pelo desperdrcio
por parte dos grandes rnOnOp61ios,os quais,cscudados nas suaS posicOCS rnonopo^
Istas, nao sentem necessidade de sc preocupar com a minirnizacao dOs custOs Ou
com a maxirnizac5o da eficiencia Devemos menclonar aqui, a csse respeito, os
chamados custos fixos das sociedades anonirnas,postos em e宙dencia por suas des―
pesas de representacao assOmbrosamente crescentes e pelos exorbitantes Ordena―
dos pagos aos membros de suas diretorias. Estes ultimOs, note―se, nao contribucm
em nada para a produc5o da empresa, mas efetuam retiradas gracas a fOrca de
suas ligac6es financeiras, de sua inluencia pessoal ou dos tracOs de cardter quc os
tornam particulallHente adaptados a polrtica de tais sociedades
Nao se deve tambёm subestimar o ativo imponderavel__talvez mais va1loso
do que os Outros quc possamos citar――que vem sendo sistematicamente dilapida―
do pelos mOnop61ios: o matenal humanO quc cresce no ambiente degradante, cOr‐
ruptor e imbecllizante dos vastOs impOrios do mundo dos neg6cios; o homem e a
mulher comuns,、ctta cduCacaO vem sendo distorcida O defollllada pelo cOntato
cOntrnuO cOm a producao, a prOpaganda c as campanhas de vendas das grandes
empresas.21
Mais difrcll de avaliar,ainda, C o benefrciO quc a sociedade poderia usufruir da
pesquisa cientifica se sua direcao e realiza95o nao estivessern sob o controle de ern―
presas que visam a Obtencao de lucrOs ou sob o contr01e de Governos que d5o
cnorrne enfasc a programas armamentistas 22
Essa cspOcie de apoio e de adnlinistracao dO trabalho cientffico inluencia gran―
demente nao s6 sua perspectiva geral, mas tambOm a cscolha dOs assuntos e dos
mёtodos a serem empregados. Ao desmoralizar e desorientar cientistas, ao deixar
de propiciar estrrnulos verdadeiros para o trabalho criador, tal apoiO dificulta e de―
forma O desenvolvimento da ciencia. Ao deterrninar o modo de utilizacao das des_
難醐 墓野類灘 まL誦態鑢満rW織∬脇犠y蹴1lT:厭琥棚 話lwh晃:諾ёλiⅧ憮 ,臨漱r鋼驚n品que a venerado por alguns economistas liberais e por algui
mais ataente que o homem“modemo''descntO nos hvros de Daud Riesman,The Lοnett CrOωd,de C Wight Mlls,
鼈 、笠郁肇if盤尭慧硝‖蟷鮒椒:蹴°haVe施耐ar茄“耐…Sacionais,as patentes servem,freqtentemente,n5。como es‐
朧 iま∬ :柵 i憔剛 瀾 I蛸 潮 :等舗 榊 [辮 ]鮮 善 鮒 蝦 :
dos SabemOs quc as concess5es feltas pela Standard a Farben foram ditadas, em grande parte, pelo deselo de elinll‐
nar as patentes de gasolina slntotca fora da Alemanha Sabemos quc os acordos ente a Du Pont e a l C I resulta―
ram em dlvltto dos mercados mundiais ao invOs de determinarem o desenvolviment。出namico e compettlvo deles
雲 躍 認 橋 皿 鳳 臨 i』聯 鰹
驚 網 盤 ξ胤 品 設 嘩 網 蹴 ∬ ぜ躍 F
‐orantes`Monastral',a im detOma‐10s inservivels para teci‐
亀 ξ ttRT聞辮 諸
'b鷺
謂 椒 盤 s士電
驚 襦 欝 掘 i獄 墳 u瀾 幾 驀 善聾intil para a feitura de dentaduras Narram ainda Os esfOr9くpara encunar a uda das pllhas de lantemas etc"ADAMS, Walter Ame"can Ecοnοmic Reυieω Maio de 1945p191
O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 63
cobertas, lirnita enorFnemente os benefrciOs que podenam resultar do progresso
cicntffico. Existe cvidOncia abundante, tanto no quc concerne a energa atornica c
aos scrvicos de utilidade p`blica como no quc respeita a substituicao dc materiais
e processos de fabricacao, de que O cmprego produtivo de possibilidades tёcnicas
O, sёna e frequcntemente, dificultado pelos interesses dos patrocinadores da pes―
quisa tecno16gica.
Essa rnirrade de fOrrnas sob as quais sc esconde o excedente econOmico po―
tencial na complexa tela dc aranha da cconomia capitalista――todas elas identifica―
veis mais ou menos rapidamente ―― naO cOnstituiu nunca obletO dC investigacao
sistematica c, muito menos, de avahacao estatrsuca. Tal circunstancia, porёrn, nao
se deve ao fato de quc, no passado, os econonlistas nao tenhanl tentado analisar
o desperdrciO e a irracionalidade quc perrnelam a ordern capitalista A raz5o O quc
eles consideravam o desperdrciO c a irracionalidade como imperfe196es e attitos do
sistema, que podiarn ser corrigidas pelas refollllas adequadas, ou como resrduos
anacrOnicos de tempos prO―capitalstas que sc esperava desaparecessem durante o
desenvolvirnento do pr6p●o capitalismo. Ultimamente, porOrn, a medidaque sc
tomava cada vez mais 6b宙o quc o desperdrciO c a irracionalidade,longe de consti―
turrem imperfe196es fortuitaS, relaclonavam―se a pr6pna essencia dO capitalismo,
tornou―se moda minirnizar a importancia dO prOblema e referir―sc a ele como a um
“assunto de menor imponancia", cOm o qual se nao deve preocupar nossa ёpoca
dc abundancia.23
Chegamos,assim,ao 9uarto c 61umo(mas naO menOs importante)t■ulo de
nosso cata10go das formas sob as quais o excedente econOnlico potencial sc escon―
de numa cconornia capitalista. E cle a producao quc a sOciedade perde pelo de―
semprego de recursos materiais c humanOs, desemprego motivado, parcialrnente,
pela inadequacao dOs meios de coordenacaO das instalac6es produivas c, princi―
palrnente, pela insuficiOncia da procura efeuva. Embora seia difrcil, se nao impOssl_
vel,separar essas duas causas de descmprego,identificando a parcela pela qual ca‐
da uma delas O responsavel, こextremamente util,para prop6sitos analiticos, distin―
gui―las claramente. Em paragrafos antenores, fizemos referOncia a pnmeira dessas
causas 一― comumente denorninada na literatura cconOmica de desemprego ``fnc―
clonal''. Manifesta―sc ela mediante a despedida de operariOs, motivada por rnudan―
cas na compos195o da procura ou pela introdu95o de cquipamentos econornizado―
res dc mao―dc_Obra,seguindo a cssa despedida o abandono de parte da maquina―
na e das instalac6es prOdutivas existentes. Embora tanto a m5o―de―obra como a
maquinaria em questao pudessem ser convertidas ern emprego util e,dessa manel―
ra, reintegradas no processo produtivo, quando ocorre cssa reintegracao, numa
ccononlia capitalista, ela se processa,´mesmo sob as circunstancias mais favoraveis,
com grande lentidao e desperdrclo. E verdade quc, num sistema planeiado raciO_
nalrnente, tais perdas n5o serianl totalrnente inevitaveis; seriam, contudo, enOrme―
mente reduzidas.
Mais importante ainda ―一 pois seguc―se, cm ordem dc irnponancia, aos dis―
pendiOs rnilitares como causa da continua existencia dc enorme diferenca entrc o
excedente potencial e o efetivo ―- O o desemprego deterrninado pela deficiOncia
da procura efetiva. Tal deficiencia afeta tanto a mao_de_Obra como as unidades
produtivas plenamente utilizaveis e, cmbora varie de intensidade de periodo a pe―
rfodo, imobiliza ponderavel parcela dos recursos materiais c humanos disponfveis.
るEssa maneira de encarar o problema,sugenda。■gnalmente por Schumpeter,dfundlu‐se largamente gracas ao l‐
vro de J K Galbraith,Ameガcan Cαpitallsm(Boston,1952),onde lemos“( )a ineic10ncia soclal de uma comunida―
de nca cresce com o crescimento da iqueza Tal crescimento,pottm,atlnge sempre um ponto a pa面r do qual essa
ineiciOncia se torna irrelevante''(p 103)
64 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
O irnpacto desse desemprego (Sempre presente)de pontencialidades produtivas
n5o O adcquadamente medido pela estimativa c agregacao das diferencas entre
produto social ern tempos de prosperidade c prOduto social ern tempos de depres―
sao. Esse processo nao cOnsidera, em pnmeiro lugar, quc, mesmo na maloria dos
chamados perrodos de pleno emprego, ha uma parcela consideravel de desemprc―
go de mao―de_Obra e de capacidade produtiva, c quc, crn segundo lugar, rnesmo
o produto social relativo a um perfodo de ma対rna prOsperidade C menor dO que
poderia ser sc as empresas nao ivesscm consciencia da cxistencia dc anOs maus e
anos bons e nao se vissenl, cm decorrencia, na necessidade dc aiustar a cssa reali―
dade scus planos de producao e de investimento. Calcu10s baseados apenas em
comparac5cS entre produtos sociais referentes a fascs distintas do ciclo ecOnOrnico
subestimanl, portanto, o volume de prOducao perdida cm virtude de lutuac6es do
nivel de cmprego.
Ainda assirn tais calcu10s,cmbora conservadores,oferecem uma vis5o suficien―
temente ilustrativa do volume do excedente econOrnico potencial que pOde ser atn―
burdO aO desemprcgo ern massa. Isador Lubin, por excmplo, quando diretor do
Servi9o de Estatistica do Trabalho dos Estados Unidos,afirrnou ern scu depOirnen―
to ao Temporav Nabonal Economic Committec(1.°de dczcmbrO de 1938):
“Se supusermos uma populac5o economicamente ativa da mesma grandeza da de
1929 e se adicionarmOs o emprego perdido em 1930, 1931, 1932 at0 1938,chegare―
mOs a cOnclusao de quc O nimero de homens―ano perdido durante esse perlodo de
tempo foi de 43,435 milhoes Em outras palavras, se todos os que trabalharam em
1929 continuassem em seus empregos durante os■limos 9 anos, todos n6s pOderia―
mos tomar fOrias por um ano e dois meses e a dirninuicao da renda nacional nao sena
menor do que foi''24
Em termos de renda nacional avaliada aos precos de 1929, a perda total atingiu a
133 bilhoes de d61ares(cssa perda deve ser comparada a renda nac10nal dos Esta―
dos Unidos em 1929--81 blh6es de d61ares).25 Esse desemprego de m5o―dc―o―
bra foi acompanhado por capacidade oclosa das unidades prOdutivas, a qual atin―
giu cerca de 2038 ``no seu auge", cm 1929, e ``mais de 1/3'' a OpOca do depoi―
mento,isto O,ern 1938.26
Devemos lembrar quc os calcu10s de Lubin bascararn―se na hip6tese de quc a
pOpulacao ecOnOrnicamente ativa perrnanecesse constante de 1929 a 1938 e quc
sua produtividade nao se alterasse durante todo o perfodo.De fato,como cle mes―
mo notou,a populacao ativa teria aumentado ern 6 milhocs e a producaO per capi―
ta teria crescido as taxas usuais se sc tivessem desfrutado condic6es econOrnicas
mais ou menos pr6speras. Lcvando em cOnsideracao O aumento da fOrca de traba―
lho c adrnitindO quc as taxas de crescirnento da prOdutividade quc se venficaram
na dOcada de 1920 prevalecessern durante a dOcada de 30,o
“Dr. L H Bean, do Departamento de Ag五cultura, esimou a perda sofrida pela renda
naclonal,a pa両r de 1920,em 293 blh6es de d61ares"27
Esses calcu10s fOram efetuados em 1938, uma vez que foi nesse ano quc se
realzaram as investigac6es. As condi96es de subemprego ar evidenciadas persisu―
ram atё o infcio da Segunda Guerra Mundial A mobilizacaO,que se seguiu ao inf―
1勝TTttFi°
n d CO¨entaton d Econo輛c Powtt H∞in9,Parte I W“hnL¨ D39p 2
26 fbid,p 77
27 fbid,depolmento de Leon Henderson,p 159
O CONCEITO DE EXCEDENTE ECONOMIC0 65
cio das opera95cs, demonstrOu, de forma mais convinccnte quc todos Os c61Cu10s
estatrsticOs, quao grande era O potencial produtivO quc iaZia adOrrnecido nO sciO
da ccOnornia americana Como ё bern sabido,os Estados Unidos, durante os anos
de gucrra, foram nao somente capazes de manter 12 milh6es de pessOas ligadas di
retamentc a guerra, de prOduzir fan6stica quantldade dc armamentos, de suprir
seus ahados corn enorrnes quantidades de generOs alimentrclos c outros bens, rnas
ainda dc aumen`ar o consumo da populac5o civl Em outras palavras: todo O es―
forcO bolico americano__durante a maior e mais custosa gucrra que sua Hist6ria
registra一一fol inanciado pelos Estados Unidos rnediante a mobilizacao dc pa″e dO
seu cxcedente cconOrnico potencial
N5o O necessariO acentuar quc o desperdFclo resultante dO desemprego nao ё
um fenOmeno exclusivamente americano e nem tem apenas interessc hist6rico.
Ele se verifica nos dias quc correm e tern sido uma caracteristica de toda a hist6ria
do capitalismo, em qualquer parte do globo. Embora sua magnitude difira de pars
a pat e de perrOdO a per10do,tal desperdrciO sempre rnanteve o produto sOcial em
nfvel apreciavelrnente inferior ao quc alcancaria numa sociedade raciOnalrnente or―
ganizada (D impacto do descmprego nao pode ser adequadamente expresso pela
medida do produto quc se perdcu, Nao se pOdem estimar os benefrciOs quc a so―
ciedade teria usufrurdO sc a cnergia, a capacidade de trabalhO, a mentalidade cria―
dora de rnilh6es de desempregados fossern aplicadas em finalidades prOdutivas.
Ⅳ
Sc o excedento ccOnOmico potencia1 0 uma categoria de consideravel interes―
sc cicntrficO para a compreensao da irracionalidade da ordern capitalista e de gran―
de sentidO praticO para uma socicdadecapitalista quc estaa sob cOndic6es dc
emergOncia ou defrOntando cOm a necessidade de se desenvOlver econornicamen―
te―― o cxcedente econOrnico planりadο ё aplicavel taO_sOmentc ao planaament。
econOmico global de uma sOciedade socialista. Tal excedcnte O a diferenca cntre o
produtO sOcial``6timo''quc a sociedade pOde reahzar em ambiente natural e tecno―
16gico histOncamente dadO, scgundo uma planaada utilizacao “6tima" dos recur―
sos produtivOs disponfveis, c um volume “6timo", previamente escolhido, de cOn―
sumo O significado c contendo dOs ``6timos'' a que nos referimos diferem, funda―
mentalrnente, do sentido quc se cmpresta a cssa nocao na EconOrnia burgucsa
Nao renetem eics uma hip6tese de produ950 c consumo dcterrninada pe10 desaO
de ObtencaO de lucros das cmpresas exlstentes, pela distribui9δo da renda, pe10s
gostOs e press6es sociais quc se manifestam numa sociedade capitalista. Represen―
tam O lulgamento ponderado de uma cOmunidade socialista oricntada pela raz5o c
pela ciOncia Assirn sendo, no quc tange a utilizacao de recursos, irnphca uma pro―
funda racionalizacaO dO aparelho prOdutivo da sociedadc(liquidacao dc unidades
de prOducao ineficientes,economias de cscalas maximas ctc.),a eliminacao de dis_
pensavel diferenciacaO de produtos, a aboh950 do trabalho imprOdutivO (antenOr_
mente definidO), uma polrtica cientrfica de cOnservacao de recursos rnatenais c hu―
manos etc
Essa n095o dc ``6timo" nao pressup6c, tampouco, a maxirnizacao dO prOduto
social que podia ser atingida num pars,cm dadO perfodo de tempo Pode cla mul―
to bern ser associada a um produto inferior ao maxirnO em virtude de dirninuicao
do dia de trabalho, dc aumentO do tempo dedicadO a cducaca0 0u dO abandonO
consciente de certos ipos de trabalho julgados perigosos(rnineracao de carvao,
por exemplo)O fundamental ё quc o volume do produto sOcial naO sena deterrni
nado pelo resultado fortuito de um sem―ndmero de decis6es desordenadas tOma―
66 o coNCEITO DE EXCEDENTE ECONOMICO
das por empreendedores c cmpresas isoladamente Scna deterrninado, issO sim,
por um plano racional quc expressassc o quc a sociedade descla produzir, cOnsu―
mir,poupar e investir durante um perrodo de tempo dcterininado.28
AlOrn disso, a constelacao de recursos que pode ser considerada ``6●ma'' nu―
ma cconornia socialista nao exige, de maneira alguma, uma reducaO dO cOnsumo
ao meramentc essencial. Ela pode e sera sempre associada a um nivel de cOnsumo
apreciavelrnente mais elevado quc o sugendo pe10 cntёnO de essencialdade ()irn―
portante ё quc o nfvel de consumo e,por conseguinte,o volume do excedonte efe―
tivamente gerado nao selam determinados pelo processo dc maxirnizacaO de lu_
cros, mas por um plano racional quc relita as preferOncias das sOciedades corn re―
la95o ao consumo presente c ao consumo futuro.(D excedente econOrnico numa
cconornia socialista, em conseqtiOncia, pode ser menor ou maior do quc o cxce―
dente cconOrnico efetivo de uma sociedadc capitalista;pode mesmO ser igual a ze―
ro sc a sociedade decidir quc nao mais investird. Tudo depende do estagiO quc sc
atingiu no processo hist6rico, do grau de desenvolvirnentO dos recursos produti―
vos,da cstrutura c crescimento das necessidades humanas
Nada mais precisamos dizer sObre os nossos inStrumentos dc andlse Tenta―
mos agora aphca―10s a algum material hist6nco.
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■ll ponderar qual sena o efeito de uma reducao no investimento num sistema socialista Os tabalhadores dispensados
da producao de bens de capital senam empregados pelas indistrlas de bens de consumo O aumento da ofe■a desses
bens sella absorvido por uma diminuicao de seus procosi uma vez que os lucros das indistllas socialistas senam iguais
ao investlmento,os precos teriam que ser reduzidos atё o ponto em que o decifnio nos lucros igualasse a queda no va―
lor do investimento Em outras palavras, o pleno emprego sena mantldO pela roduc5o dos pre9os em relacao aos cus_
tos No sistema capitalista, entretanto, a rela95o preco―custo ( )ё mantlda e os lucros declinam mediante reducう。da
producao e dO emprego, em montante igual ao invesimento mais o consumo dos capitalistas E na verdade paradoxal
quc, embora os apologistas do capitalismo considerem comumente o ``rnecanismo dos precos'' cOmo a grande vanta‐
gem do sistema cap■alista,a ne対bilidade de precos se alrma como caracterlsica disiniva do uma econOmia socialis―
ta''Theο″orEcοnοmic Dノnomics Londres,1954p42 etseω

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