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Cap06 A Morfologia do Subdesenvolvimento

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CAPiTULO VI
A MOdO!Ogiα do Subdesenυolυimento r)
耐。ξT温淵 誂締漱 』嘱 調 島ЛIw宣1鮒削 :9aO__vdriOs pontos da analise feita ante」
senvolvirnentO capitalista, a firn de dar rnaior relevo as conscquencias diretas e natu―
rais desse prOcesso. As forcas que m01daram O destino do mundO subdesenv01vido
〕serem empregados para tal fim, dcterrnl―
naraO O descnvOlvirnento econOmico e socialfuturO desses pates.
O modO pe10 qual o capitalismo se inscriu no processo hist6rico de desenv01vi―
mento das atuais nac6es subdesenv01vidas impediu a matenalizacaO dO quc denOmi―
namos cOndicoes “classicas'' do crescirnento. MuitO pouco necessitamos dizer sO―
bre a nOssa pnmeira condicao classica Tal como sugere o pr6pnO termo“subdesen―
volvirncnto", a renda gerada nos parses subdたsenv01vidos O pequena c scus recur―
sos humanos e materiais grandemente subutilizados. O regirne capitalista, ao invOs
de cOnstituir o elemento motor dO crescirnento econOmico, do progresso tecno16gi―
co e das transformac6es sociais,tem sido, nesses parses,O responsavel pela estagna―
caO ecOnornica, pela manutencao de uma tecnologia arcaica e pelo atraso social. O
excedente econOrnico nos parses capitalistas, na medida cm que depende dO v01u―
ユ 1揮 乳 誹 `l選善 髪 rt暴
凛 ∫F琵]:l雅lⅧ:HI犯隠 :
O sausfeita tOtalrnentei o cOnsumo da po―
::矮:d:attlRtts留退鴇 磐 T:蹴ふ IcL『需 認 志%:吼ξ嶽 需 群 寵 :
mo ocorre cm muitas nac6es subdesenv01vidas, a nivel inferiOr ao pr6prio lirnite de
subsistencia o excedente econ6mico, cmbora pequeno em terrnos absoluFOs quan―
do comparado ao das nac6es desenvolvidas, representa, na verdade, cOnsideravel
嫌 腺 麓 ぶ 蹴 L翼雹 哩 b〕鳳 露 ∬
ande quanb a obseⅣada nOs pates ca,―
153
154 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO o)
Nao O aqui,portanto, quc sc encontra a principal distincao entrc a situacao ho―
le preValecente nos parses subdesenvolvidos c a descnta nO mOdelo c16ssicO do de―
senvolvirncntO econOnlico. A distincaO mais profunda c verdadciramente decisiva s6
pode ser percebida quando cogitamOs de nOssas terceira c quarta condic6es c16ssi―
m&『¶吼 繹臨 蕊亀 』T臨∫暑
"憮
肌∫瑞 iま
mais detidamentc.
Constitui fenOmeno trpico das econornias atrasadas, se naO o uma de suas ca―
racterrsticas definidoras,o fato de a maiona dc sua popula95o depender da agncultu_
ra. Esta,ern consequencia, contnbui com a maiOr parcela para a formacao da renda
de tais econornias Embora a prOporcao pOssa difenr de pars para partt ern quase to―
das as partes parcela considerdvel da producao agricola O obtida pelos componeses,
que tOm seu padrao de cOnsumO mantido ao nfvel de subsistoncia,os quais,por sua
vez, constituem a maioria da popula95o agriCOla do pars As propriedades por eles
exploradas sao, via de regra, pequenas e sua produtividadc(por pessoa ocupada c
por hectarc)O cxtremamente baixa De fato,crn grande numerO de paFscs subdesen―
volvidos, a prOduuvidade marginal do trabalhador agrrcola c dc tal modO insignifi―
cante quc o abandono das atividades agrdnas por grande parte da populacaO rural
ativa n5o provocaria uma dirninu19ao da prOducao agricOla total.l MesmO quando
naO recai nenhum Onus sobre as prOpnedades c estas pertencem aqueles quc as ex―
plorarn,a producao que delas sc obtOm mal da para proporclonar o minirno de sub―
sistOncia a farnflia do camponOs,enquanto,em muitos parses,dificilmente sc alcanca
atO mesmo esse nfvel rnfnirnO Em quase todos os parses subdesenvolvidos,a maior
parte das pequenas propriedades naO pertencc aos camponeses mas, ao cOntrariO,
ё arrendada principalrnente de laifundiariOs e,Ocasionalrnente,dO EstadO.S●arn ar_
rendadas ou pr6pnas dos quc as culivam, tais propriedades tom nao apenas quc
sustentar as famrlias de scus ocupantes, rnas tambOm prOver os recursos necessanos
ao pagamento do arrendamentO ou dos impostos(ou de ambos)Em grande ndme_
ro de casOs, dcvem elas ainda fornecer os meios indispensaveis aO pagamento dos
iurOS das drvidas contrardas pe10 camponOs, seia para a aquis1950 da prOpnedade,
saa para o atendirnento de suas necessidades de consumo,cm anos rnaus ou crn si―
tuacOes dc emergOncia. Os comprornissos do campones representados por arrenda―
mento, impostos e juros sao bastante elevados, ern todos os parses subdesenvolvi―
dos. Frequentemente tais encargos absoA/ern mais da metade de sua dirninuta ren―
da lfquida As relacoes de troca, sob as quais o camponOs O fOrcado a Operar, lhe
saO, em geral, altamente desfavoraveis, o que representa uma drenagem adiciOnal
de sua renda disponfvel ExploradO por intermediarios de tOda cspOcie, ele recebe
baixos precos pelo pouco que lhe sobra para vender no mercado, mas paga precos
elevados pelas poucas mercadonas industrializadas quc esta ern cOndicocs de corn
prar. Dessa forrna,o cxcedente ccOnOmico quc ё``extrardo" da classe camponesa ё
apropnado por latifundidnos, aglotas, comerciantes e, cm menor grau, pelo Gover―
n。2
Em Outra parte do setor agricola, forrnada pelas grandes propriedades que sc
naO subdividern ern pequcnas parcelas,mas sao cxp10radas ern grandc escala cOrn au―
l Urna excelente discussao do desemprego estrutural na agicultura,ou,como tem sido chamado,do``desemprego dis―
far9adO",pode ser encontrada em The Ecοnοrnics of lnduStllαlЙtiOn(Calcuta, 1952),cap V,de B Data,no qual se
encontra ainda extensa referOncia biblio¨ica SObre a mattia
2E対st anぬ,na maoha d∝p訂∞s mbd‐envd宙dぃ,u胤
詈1:‰∬践 胤 署 輩 ]瑞驚蹴 '還翼 寵 %器よla95o rural,que constltui um misto de campOnOs,comercial
gam m5o‐de―obra assalanada, dedicam‐se ao comёrcio e a aglotagem, funclonando comO “sanguessugas'' de suas res―
pectlvas,1las e aprophando―se de consideravel parcela do excedente econOmico local
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 155
xrliO de maO_dc_Obra assalariada,a prOducao(pOr unidade dc area)o frequentemen_
te rnaior que nas pequenas propriedades.C)excedente econOrnico dc que se apropria
o laifundiariO, sob a forrna de lucros,tende tambёm a scr rnaior, especialrnente cm
virtude do fato dc quc as relacёes de trOca nao lhc s50ぬo desfavOraveis quanto para
os pequenos agricultores 3
Considerada a agricultura cm seu cottuntO, O bastante provavel quc O exceden―
te cconOrnico gerado pelo setor agricola das cconornias subdesenvolvidas represen―
te pりO menos a metade e,em munos parses,mais da metade de sua prOducao g10_
bal E 6bvio quc o emprego que se dO a cssa consideravel pOrc5。do produto naclo―
nal ё de fundamental importancia para o desenvolvirnento econOmico dos parses
subdesenvolvidos. N5o O menos 6bvio que ern todos os parses subdesenvolvidos a
m010r parte desses recursos na~o ι utilizada com o prop6sito de cxpandir e aperfel―
coar o aparelho produtivo da sociedadc Parcela consideravel dO cxcedente cconO―
mico retido pela anstocracia rura1 0 destinada a manter seus faustosos h6bitos de
consumo.O que despertou a ira de Adam Srnith,Ricardo c outros econornistas clds―
sicos ainda O regra comum nos parses atrasados A manutencao de residOncias sun―
tuosas, de uma vida de gastos pr6digos e dc habitOs consprcuos de cOnsumo, quc
scⅣem como srrnbo10s de poder e de prestrgiO sOcial, o emprego de vasta cnada―
9ern, divers6es e viagens de recrelo s5o costumes que cxplicam a magnitude das
despesas dos grandes propnc饉nOs.4 Afigura―sc-lhes pouco atraente a perspectiva de
aplicacao de sua renda na melhona de suas terras ou na aquisicao de implementos
agricolas aperfeicoados. Essa atitude pode ser atriburda,cm parte,a urn estilo de vi―
da irracional, alimentado pela trad195o, bem como a convencOes sociais pecuhares a
anstOcracia rural. Fundamentalinente, porOrn, cssc compOrtamento esta crn inteira
concordancia cOm as condic6es econOnlicas objetvas prbvalecentes nos parses sub_
desenvolvidos
Se a terra O cxplorada sob a forrna de grandes propnedades, O custo elevado
da maquinana agricola, norrnalrnente irnportada, ao lado do baixo preco da mao―
dc―obra rural, desesimula invers6es no setor agrfcola.(Dcorre ainda a circunstancia
de quc os rendirnentos do capital apllcadona agncultura tendem a materiahzar―se
vagarosamente, de maneira quc as taxas dc iuro, nOrmalrnente altas nos parses sub_
desenvolvidos, desencoraam grandemente a imobilizacao de recursos na melhona
da agncultura. Ao mesmo tempo, as lutuacOes acentuadas nos precos dos prOdutos
agrfcolas emprestam aos investimentos nesse setor elevado grau de risco Sob tais
condic5es, o propnetariO rural tem toda razao cm evitar os encargos fixos Oriundos
de dividas, cnquanto os emprestadores tOm igualrnente razao em discrinlinar finan―
ciamentos a longo prazo para aphcacao na agncultura
A situacao ё ainda mais grave quando a terra csta em maOs de pequenos arren―
datanOs o aperfe19oamento do trabalho agricola bascia―sc, crn sua maior parte, na
aplicacao da tecnologia moderna e depёndc, para sua introducao, da cxistencia de
cultivos ern larga escala. Nem tratores nern colhedeiras mecanicas podern ser empre―
gados adequadamente em propnedades de pequcna cxtens5o. Mesmo nos casos
em que podem ser introduzidos melhoramentos independentemente do tamanhO
椰慰麗螂 螢螺ξ樅讐T轡鎌麟糠隆欝甑肇:遍Ⅱ」TTmolas de todas as espocies, a manutencao de familiares,v(
irnportante pos195o nos orcamentos dos prophetanos de terras Parece―nos desnecesttio asslnalar que esta`ltlma for‐
ma de utlizacao do excedente econOmico, embora mais racional do ponto de ゃista humanit`io, n5o constltui uma
contnbu195o mais decisiva para o desenvol、lmento econOmico que a utllizacaO dO excedente no inanciamento de gas―
tos de consumo suntu6Ho da pr6pha classe prophetana
156 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
dos lotes arrendados――cOmO,por exemplo,a imgacaO de tOda uma area__sao fra―
COS OS inCentivos para quc o proprietろrio da terra incorra nas despesas correspon―
dentes.」a quc a taxa dc arrendamento O clevada c o padrao de vida dOs arrendat6-
rios O cxtremamente baixo, difrcl,se naO impOSsivel,se torna aumentar o aluguel da
propriedadc beneficiada com o melhoramento. Os aumentos de prOdutividade den―
vadOs de investimentos em terras arrendadas poderiam traduzir―sc em pequeno
acrOscirno da renda do arrendatariO; essa parcela adicional, porёm, dificlmente al―
cancaria volume suficiente capaz de possibilitar o reembolso dos investimentos reali―
zados pe10 proprictariO da terra,
N5o sc julguc, por outro lado, que sciam grandes os recursos disponiveis para
investimentos quc se cncontram ern rnaos dOs proprietarios Ao contrdrio, a necessi―
dade de manter um padrao de vida compativel com a pos1950 quc ocupam na socic―
dade representa poderoso dreno ern suas rendas e forca rnuitos deles――particular―
mente ern anos rnaus――a contrair dividas ruinOsas,a hipotecar c, algumas vezes,a
perder suas propriedades. Os recursos llquidos quc ficam nas maos dOs prOprieta―
rios mais afortunados ou mais prudentes nao sao,entretanto,empregados na melho―
ria de suas propriedades AtrardOs pelas altas taxas de juro, cmpregam scus rocur―
sos,diretarnente ou atravOs de interrnediariOs,cm operac6es de crOdito Ou na aquisl―
9aO de terras adic10nais, que se cncontram continuamente em oferta no mercadO,
cm virtude da bancarrota de pequenos ou mesmo de grandes proprietarios.
Assirn, enquanto, de urn lado, larga parcela do excedente econOrnico gerado
na agricultura continua sendo excedente apenas poFencial, que poderia ser usado
para investimentos, caso se ellminassem o consumo supOrnuo e todas as formas de
gastos improdutivos, de outro lado, o excedente ィetiυο que participa do prOcessO
produtivo das sociedades atrasadas contribui, de maneira assaz modesta, para o in―
cremento da produtividade da econornia Sem embargo, seria falaciosO acreditar
quc a clirninacao dO desperdicio e da ma utihzacao do cxcedente econOmico repre―
sentaria, por si s6, tudo quanto O necessariO para gerar uma lendoncia cOntinuada
de expans50 dos investimentos e da produ95o na agncultura. E nessa falacia quc sc
ap6ia a tese de quc uma reforma agraria―_fracionando os latifindios, cntregando
areas a camponeses atO entao sern terra e libertandO―os de cncargos e compromis―
sos asixiantes――poria fim a cstagna95o da agricultura nos parses atrasados O efel―
to imediato de tais rnedidas scna,scm divida,O aumento mais ou menos impOrtan_
te da renda disponivel da populacao rural. Todavia, como o seu nfvel de renda――
taO baixO antes da reforrna―― quase nao se mOdiicaria ap6s o desmembramento
das grandes prOpnedades c ap6s a inteira abohcaO dO pagamento de aluguois, pe―
quena parcela daquclc aumento de renda podena ser pOupado, se ё quc algo vina
mesmo a ser poupado Na verdade, qualquer rnelhoria do padrao de vida da popu―
lacaO rural conseguida dessa maneira estaria fadada a curta cxistOncia Ela seria rapl―
damente absorvida por aumentos da populacao, fatO quc exigiria subsequentes divi
s6es das prOpriedades distnburdas ap6s a reforma ()resultado final scna uma renda
per capita ao nfvel original ou mesmo inferior Plor ainda,a cxtrema divisaO da terra
reduziria as possibilidades de sc conscguir aqui10 quc, obviamente, representa a su―
prema necessidade da agricultura nas econornias subdesenvolvidas: um rdpido c
substancial aumento de sua produ9aO giObal. Isso porquc uma cconornia agrrcOla
baseada cm unidades produtivas de proporc6es reduzidas ofereceria poucas possibi―
lidades de aumento da produtividadc Nao obstante,algo poderia ser conseguido pc―
lo emprego de sementes selecionadas,do maior uso de fertilizantes e de medidas sc―
melhantes. Todavia, como obseⅣamos anteriorrnente, um aumento sensfvel da prO―
duividade e do volume da producao depende das possibilidades dc introducao, nOs
trabalhOs agrrcolas, de especializacao, de maquinana moderna e dc energia mecani
ca――hip6tese viavel apenas corn a cxplora95o em larga escala.
Isso nos coloca na presenca de um dos problemas mais complexos quc anigem
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 157
0s parses subdesenvolvidos Urna reforrna agrdna,se realizada cm um meio dc genc―
ralizado atrasO, retardard, mais do quc acelerara, o desenvolvimento econOnlico do
pars Ainda que melhorando temporanamente o padrao de vida da populacao,a re_
forrna assirn roalizada acarretard uma dirninuicao futura da producaO agrrcOla total e
acabard com o pequeno cxcedente cconOrnico quc a agricultura usava atO entao pa_
ra fins produtivos 5 conSCquoncia ainda mais grave de uma reforrna desse tipo 0
quc, ao possibilitar um aumento do cOnsumo da populacao rural vinculada ao setor
de subsistencia c ao dividir e fracionar as grandes propriedades antes ocupadas com
culturas destinadas ao mercado,reduz―se a produc5o agrfcola anteriorrnente cncami―
nhada aos centros urbanos,sob a fOrrna de ahmentos,de rnatCrias―pnmas ou de pro―
dutos para cxportacao.
As atuais nac6es capitalstas desenvolvidas resolveram esse problema pOr um
processo que se desdobrou em vdnas etapas. Em pnmeiro lugar, o desenvolvimento
capitalista atuou sobre a agricultura como uma cspOcie de contra―revolucao, quc
veio liquidar com a revolucao agraria antenor,para a qual havia, originalrnente,con―
triburdo de fOrma decisiva. Elevando assirn a agncultura a um novo nfvel,forcou sua
``capitalizacao", prOvocando nova concentracao da prOpriedade nas maos de agn_
cultores capitalistas e dividindO os pequenos produtores, auto―suficientes, cm dois
grupos: trabalhadores agricolas c empresarios agrrcOlas integrados na ccOnornia de
mercado Em segundo lugar, pela propaganda das vantagens~oferecidas por empre―
gos industriais e,principalrnente, rnediante coercao frsica,o capitalismo efetuOu a in―
corporacao dc grande ndmero de camponeses a forca de trabalho industriat alivian_
do, desse mOdo, a pressaO demOgraica sObre as pequenas propnedades agricolas e
aumentando, sirnultancamente, a renda pcr capita daqucics que permaneciam na
agncultura Ern terceiro lugar, cxpandindo o sctor industrial, colocou―se cedo o capi―
talismo na posic50 de oferecer aos produtores rurais artigos rnanufaturados ern troca
de scus prOdutos, cnandO, dc OutrO lado, ascondic6es indispensaveis nao apenas
para asscgurar ahmentos para uma populacao urbana crescente, mas tambёm para
promover a agricultura de implementos, fertilizantes etc, os quais, por sua vez, per―
mitiram unl aumento da prOdutividade agrfcola.
Portanto, para que a reforma agrdna, num pars capitalista, constitua realrnente
um elemento coattuVante do desenv01vimento econOmico geral e naO um instru―
mento de propagacao e multiplicacaO da misOria rural, deve ela fazer―se acompa―
nhar de crescente acumulacao de capital, alこm do vigoroso c rapidO mOvirnento na
direcao do capitalsmo industrial. Esse mOvirnento tanto depende como resulta da
acaO dc ambOs os fenOmenos acirna ttenCiOnadosi a revolucaO agraria c O quc cha―
mamos de contra―revolucao agraria. E somente por meio da rev01u95o agrana quc
se dcstrOcm os aliccrces do sistema feudal e se subordina o estado as necessidades
c interesses do desenvOlvirnento capitalista A criacao de um Governo a servi9o da
burgucsia,capaz e desqoso de promover diretarnentc o crescirnento de empresas in―
dustriais e de cnar e manter um clima favoravel a sua cxpansaO, cOnstitui cond195o
indispensdvel a rapida transforrnacao dc uma econornia atrasada numa economia
capitalista industria16 Ao mesmo tempo, somente mediantc a cOntra―revolucaO agra_
ria o capitahsmo industrial em expansao obtёm a indispensavel basc agrrcola, capaz
5cf MOORE,W E EcOnomic DemOgraphノげEasたrn and Sοuthern EurOpe Genebra,1945p55986 Devem‐se ter presentes esses fatos ao se anansar cenas refOrmas agranas como a executada por Stolゝpin na Russia
Czaista, ou as levadas a efeito antes da Segunda Guerra Mundlal no le,te e Sudeste da Europa, ou entao as aprOva‐
das(ou em discuss5o)em alguns palses da Amёica Laina,sudeste da Asia c Oiente Pr6対mo Tais refOrmas,realiza―
das ``ordeiramente'', nao passam, na verdade, de encenacOes armadas por Governos controladOs pelas classes pro―
pnet6nas, destlnadas, unicamente, a lludir e a acalmar a populacao rural insaisfeita, e s5o, usualmente, combinadas
com pr6digas compensac5es aos senhores feudais Elas servem, lreqtentemente, nao para quebrar o dominio feudal
sobre o Estado, mas sirn para fortalecO‐lo Tendem, por conseguinte,a acentuar todos os aspectos negatlvos das refor―
mas agranas, sem abir, porёm、 o caminho para o desenvoivimento industnal e para a reorganizacao e racionalizaca。
da pr6pha economia agrlcola
158 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
de proporclonar-lhc uma oferta abundante de maO_de_obra,dc ahmentOs e de matc―
nas_pnmas industriais.
E necessano acrescentar quc as observac6es acirna n5o devem ser interpreta―
das comO afillHac6es de quc as reforinas agrarias, nos paises subdesenvolvidos, sao
indispensaveis Ou que sua realizacao representa urn passo na direcao errada. Ao
contrano, nOssO obiCtiVO ё alertar o estudioso contra a nOcao ``liberal'', ta0 1arga_
mente difundida,de quc a reforma agraria cOnstitui uma panac011 para todos os rna―
les do atraso econOmico e social. Longe disso1 0 papel hist6nco da reforrna agr6na
esta suieitO a grande margem dc incertezas quanto a scus resultados e depende intei―
ramente das condic6es sob as quais se realiza,bern como da natureza c compOsicao
das forcas quC a imp5cm. Se promovida por um Governo donlinado por uma coali―
zaO feudal_mercantil, cla se transforrna ern instrumentO temporario de sustentacao
de uma ordern econOmica,social e polftica quc,por sua pr6pna natureza,C contraria
a um processo dc contrnuO desenvolvirnento Mesmo quc, a longo prazo, represen―
tc uma contribu19ao ao prOgresso da economia, a curto prazo tende a retardd―lo.
Por outro lado,sc ela O fruto de incontrolavel pressaO da pOpulacao rural e sc sc efe―
tua apesar de resistOncia oferecida por urn Governo dessa cspOcic――emOutras pala―
vras, sc assume o carater de uma rcυοlucao agraria__a reforrna significa um avan―
co substancial no carninho do progresso. Ela C,na realidade,indispensavel a elirnina―
caO da classe latifundiaria parasita quc estrangula a、ida de―uma econonlia subdc―
senvolvida Ela C indispensavel,tambOm,como forma de satisfazer as aspiracOes legr―
timas da populacaO rural e de assegurar o prO―requisito mais essencial de tOdO dc―
senvolvimento econOmico e social, qual saa a libertacao das energias criadoras e da
potenciahdade das massas rurais, irnpedidas de manifestacaO por soculos de degra―
dante opressao e servidao E ё indispensavel, ainda, porque somente atravOs de
uma distribuicao da terra entre os trabalhadores rurais O que serao conseguidas as
condicOcs p01lticas e psico1691cas capazes de oferecer uma solucao raciOnal para o
problema agrano: fazendas tecnicamente adiantadas, cxploradas ern cooperacao
por produtores hvres e iguais.
I
Como bem nOtou certa vez um autor alemao, a decisao sobre a existOncia ou
naO de alimentos na cozinha nunca O tomada na pr6pria cozinha. Da mesma manci
ra o desino da agricultura nurn regirne capitalista nunca ё tracado na agncultura os
processos econOnlicos, sociais e pollticos quc se desenvolvern fora da agricultura,es―
pecialrnente a acumulacao de capital c a evolucao da classe capitalista__a despeito
dc terem sido grandemente deterrninados, cm suas ongens, pelas transforrnac6es
quc tiverarn lugar no sctor agrrcola__,passam a constituir,com a consolldacao do
sistema,os elementos propulsores do desenvolvirnento hist6rico Nos parses capitalis―
tas subdesenvolvidos――predominantemente agrrcolas__esse fato pode ser menos
aparente que nos desenvolvidos;naO o,pOrOm,menos verdadeirO.
Mcsmo num pars capitalista atrasado, o sctOr naO_agricola se apropria de gran―
de parcela do excedente econOmico global da nacao. Tal pOrcao se distnbui, nessas
economias, cntre quatro tipos dc beneficiarios quc, rnalgrado serem bem distintos,
encontram―se intimamente unidos Ha, cm primeiro lugar, o grupo constiturdo pe10s
comerciantes,agiotas e intermediariOs de tOda espOcic,os quais nao pertencem a pO_
pulacao agrFcola, dada a naturcza de suas auvidades, cmbora alguns deles vivam na
zona rural()mais impresslonante nesse estrato s6cio―cconOrnico C o scu Famanho.
Ninguёm quc tenha estado na velha China, nO Sudeste asiatico, no onente Pr6xi
mo ou no Lcste curopeu de antes da gucrra pode ter deixado de notar a impressio―
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 159
nante mulidaO de mercadores,mascates,intermedianOs de neg6cios e elementos
de ligacao, feirantes e gente scm ocupacaO definida, que superlotava as ruas,pracas
e cafOs das cidades. AtO certo ponto as atividades de tais indivfduos sc assemelham
as exercidas por certos grupos existentes em todos os parses capitalistas――apenas
saO mais vis'veis c aparentes nos paFses subdesenvolvidos do que naqueles em que
o mesmo tipo de “trabalho" O cxecutado por correspondOncia ou por telefone Em
sua malor parte, entretanto, a natureza dessas transacOes C t'pica das condicocs quC
prevalecern nas primeiras etapas do desenvolvirnento capitahsta.
」d fizemOs meng5o as rela95es de troca altamente desfavoraveis ao produtor ru―
ral lgnorante, pobre e cheio de lirnitacOes, corn apenas pequena quantidade de sua
producao livre para transac6es, o arrendatariO Ou O pequeno propnetariO cOnstitui
urn elemento ideal para cxploracOes pela classc mercanul Com frequOncia cm dificuト
dades financciras,particularrnente ern anos de rnas cOlheitas e rnaus precos,ou ern si
tuacOes de emergOncia,clc se vO forcado a recorrer a adiantamentos por conta de en―
tregas futuras,a pagar taxas de lurO extOrsivas sobre tais emprOsimos e a aceitar quais―
quer precos quc o interrnediariO se disponha a pagar por sua producao ObtendO
uma renda mone6na rnuito pequena ao firn do anO agrfcola,ele se vO impossibilitadO
de evitar nOvos adiantamentos Acaba, assirn, cnvol1/ido em contratos iesivos a seus
interesses, compchdo a comprar do mesmo negociante a quem vende sua produ95o
todos os bens rnanufaturados de que necessita,cando na mais completa dependOn―
cia do``seu"comerciante e fornecedorde crёdito E desnecessariO assinalar quc os lu―
cros obtidos pelos ultirnos alcangarn cifras extremarnentc elevadas.
Nao queremOs dizer com isso quc o comOrcio de prOdutos agrrcolas e as ven―
das efetuadas aos produtores rurais constituam a inica fonte dos grandes lucros
mercantis. Onde os mercados sao desOrganizados e fracionados, como acontece
nos parscs subdesenvolvidos, semprc ha surprecndente variedade de meios para
se identificar oportunidades de lucro e delas se aproveitar Neg6cios irnobliariOs,
cxploracao de escassez(tempOrdna e local)de v6nOS produtos, cspeCula95o e co―
rnissOes pelo estabelecimento de contatos entre compradores e vendedores ―― to―
das estas saO atvidades quc propiciam ganhos consideraveis as pessOas habilido―
sas que se dedicam a cssc gOnero dc transac6es A inlacao mais Ou menos crOnica
que sc observa na maioria dos parses subdesenvOlvidos e dd origem ao mercado
negro de moedas estrangeiras, dc ouro e de outrOs bens de valor rnais estavel, Ofe_
recc oportunidades adicionais para comOrcio lucraivo, cnquanto as oportunidades
sempre presentes dc obtencao de cOncess6es c favores governamentais consu―
tuenl perrnanente convite aos recursos, energia c engenhosidade dos homens de
neg6cios bem relacionados e ncos.
Pela pr6pna natureza de sua atividade, essa categoria de indivfduos, quc age
c opera no setor da circulacao dOs bens, constitui uma classe social inteiramente
aberta, quc admite, cm consequOncia e de forrna contrnua, novos membros For―
marn na 6s iovenS descendentes de famflias nobres e de comerciantes, os mern
bros da nobreza dこclassιc, os camponeses rnais habeis c empreendedores, os arte―
saOs des10cados pela competicao, pOssOas de diversas camadas sociais quc conse―
guiram educar―sc mas que nao tiveram oportunidade de usar a educacao adquiri_
da, c assim por diante A competicao entre seus membros ё feroz e, por isso, sua
renda mιdia O baixa Nao obstante,a renda total que cstao em cOndicOes dc obter
ё de magnitude considerdve17 sem dar qualquer contribuicaO indispensavel a fOr_
7“Ё inCriverヽ, diz Ricardo Torres Gaitan,um dos phncipais economistas me対canos, 
``que o comёrcio possa produ21r
renda malor do que a agicultural acima de tudo l inadmissivel quc a atl、idade dos comerciantes possa gerar uma ren‐
da maior do que o dobrO da gerada pela agicultura'' Citado por STURMTHAL,A `.EcOnomic Development, Income
Disttbuton and Capital Formaton in Me対co'' In:」οurnα′げPol'Cal EcοnomノJunho de 1955 p 198 n
160 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(I)
macaO dO prOduto social,esse grupo constitui a contrapartida urbana do desempre―
go estrutural existente na zona rural Visto, cntretanto, do angu10 dO desenvolvi―
mento econOmico, scu pape1 0 bastante diferente e muito mais importante. A par―
cela da populacao rural quc se encontra cstruturalrnente desempregada retira o
scu consumo dos melos de subsistOncia das massas camponesas Ela somente re―
duz o excedente cconOmico na medida cm quc contnbui com o scu parasitisrno pa―
ra o aumento do nivel de subsistOncia dos camponeses,o que dirninul o montante
de rendirnentos que pode ser exigdo pe10 1atifundiariO. Do mesmo modo,a manu―
tencaO da superabundante populacaO mercantil recai sobre a mesma fonte, desde
quc baseada na cxploracao direta dO campones. Ela se bascia, tambёrn, cm gran―
de parte, na transferOncia de porc6es do excedente cconOrnico de que se haviam
apropriado outtas classes: proprietariOs rurais, cmpresas estrangeiras e industnais
nacionais. O desvio dessa parccla do excedente econOmico para a manutencao dc
uma classe parasita representa consideravel drenO na acumulac5o de capita1 8
0 fato mais significativo com relacao a csscs “panas da burgucsia" `′umpen_
bourgeois,que pertencern a classe mercanti1 0 quc,cmbora sc apoderando de par―
cela substancial do excedente cconOmico quc cabe a classc em cottuntO, as inver―
s6es de capital realizadas por seus membros mais ricos raramente se orientam para
o segundo ramo da econornia naO_agricola,isto ё,para a producao industnal Sen_
do eles possuidores de recursos em pequena escala, estes somente podem encOn―
trar aplicag5o lucrativa no sctor da circulacaO de bens, onde impOrtancias relativa―
mente pequcnas de dinheirO, aphcadas enl transac6es especfficas, produzem gran―
des lucrOs c onde o girO dos capitais aplicados O rapidO. De outro lado, os comer―
ciantes que possuem recursos mais avultados encontrarn sempre melhores oportu―
nidades de lucros na compra dc terras,6 arrendadas,9 no exercrciO de atividades
complementares a Operacao de cmpresas estrangeiras, nos neg6clos dc irnporta―
caO c exportacao, nO cmprOstimo de dinheiro c em especulac6es diversas. Dessa
forina, embora a transferencia dc capital e energias do setor mercantil para o setor
industnal saa sempre pOss,vel, o preco dessa transferOncia se torna anorrnalrnente
elevado.
O fenOmeno que sc verifica atualrnente nos paises hae subdesenvOlvidos
ocorreu tambOm nas primeiras etapas do desenvolvirnento capitalista da Europa
ocidental e do」ap5o,onde forcas poderosas tenderam a impedir a sarda de capital
da csfera da circula95o de bens, onde, nao Obstante, operou―se com o passar do
tempo a transferOncia de capitais da csfera mercantil para a industrial. Todavia, o
que disingue nitidamente a atual situacaO dOs parses subdesenv01vidos daquela
群 l瑾警膳 謡 識 ギ 榊 磯 憲 l署爵 i備彙 ギ 警 :濡1輯:掘猫 肌 鶴 1甚:義
parses capltalistas adlantados, a pr。liferac5o de ocupac6es ``tercidhas" numa cconomia subdesenvolvlda nao deve ser
cOnfundlda com sua expan蓋o sob condlcOes eCOn6micas e sociais desenvolvldas Da mesma forrna que a obesidade辮酬謂肥t評肌艦圏此lS稔饗職 維蓋鍔棚;鱗群髄藷atraso econOmico Esse ponto foi claramente examinado pc
1952),cap VI,Se bem que a magntude do desperdicio de recursos envolvldos no prOcesso estela al subestlmada Es―
se erro resulta, como sempre,do fato de se considerar esse malbarato de recursos em relacao a rendα globol‐ao invёs
de examindlo em rolacao ao cxcedenたocοn6mico
9 Cabe notar que naO se pode nunca ter certeza se as quantas pagas para aquisicaO de um pedaco de tera consttuem
附篤鼈lttfttd甜箱FTl鶏胤退rttr鮮『誂欄翼雷慮:需1:脂∬蹴聟:麓ism愚∬瞥
vldas――ainda que a diνida possa ter tldo orlgem em necessidades de consumo――ap●meira alternatlva pode ser a.
real os recursos obtldos com a venda da terra ser5o usados para o pagamento de d"idas e vao,assim,aumentar o ca‐
pital do credor QuandO Os vendedores sao camponeses ou proprletanOs cOmpelldos a se desfazerem de suas propie―
dades por fatores circunstanciais ou pela impossibilidade de fazer face a seus gastos correntes, a ilima hip6tese ser6
verdadeira O qμe irnporta, porem, こ quc, em qualquer das situac5es descitas, os recursos conseguidos mediante a
venda da terra nao seraO,nOnlnalmente,investldos no setor indusmal
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 161
com que defrOntararn, no passado, os parses capitalistas hae desenvolvidos c a
existOncia de formidaveis obstacu10s a entracfa, na csfera da producaO industrial,
dos recursos acumulados no setor mercantil.
Ⅲ
A cxpans5o industrial sob o capitalismo depende grandemente de sua capaci―
dade de conquistar dinamica pr6pria.
“O capital cna,rapidamente, para si, um mercado interno pela destruicaO de tod。。
artesanato rural,pelo desempenho, em grande escala, de tarefas antes entregues ao ar―
tesanato, como na95。, teCelagem, fab五ca95o de roupas etc, enim, pela transforma―
95o, em bens com valor de troca, de bens que atO entao tlnham apenas valor de uso
direto __ processo que ё uma consequencia natural da tomada ao trabalhadOr(se
bem que um servo)da terra e da propriedade de seus rnelos do produc50"10
Nao pretendemos insinuar quc a dissolucao da ecOnornia prO―capitalista, Ou a
desintegracao da sua natural auto―suficiencia, naO hala Ocorrido nos atuais parscs
subdesenvolvidos Ao contrario, cOmo assinalamos antenorrnente, cm tOdas as
areas de penetracao da civlllzacao Ocidental, a agricultura cOmercial desiOcOu em
prOpOrcao cOnsideravela agricultura tradicional de subsistOncia, cnquanto Os arti―
gos manufaturados invadiram O mercado antes dOrninado pelo artesanato indFge―
na Nao obstante,como diz Allyn Young,
“a divisao dO trabalhO depende,em grande parte,da pr6pria divis5o dO trabalhO''11
E de nOtar, porёm, quc nao se desenvolveu como sc esperava nas areas hoc
subdesenvOlvidas. Ela seguiu, ern tais regiOcs, caminho diferente: a divisao dO tra_
balho resultante da divisao inicial do trabalho assemelhava―sc a distribu19ao de fun_
95es entre o cavaleiro c o cavalo. Todo e qualqucr mercado de bens manufatura―
dos que despontasse nas co16nias ou parscs dependentes nao se transforrnava au―
tOmaticamente no ``mercado interno" desses parses. Manudos inteiramente aber―
tos, pela co10nizacao e pOr fOrca de tratados ittustoS e dcsfavoraveis, esscs rnerca―
dos passavam a constituir apendice do “mercado interno'' dos paFscs capitalistas
ocidentais
Embora representassem poderoso eStrrnu10 aO crescirnento industnal dO oci_
dente, csses acontecirnentos vieram extinguir a chama sem a quai nao poderia ha―
ver crescirnento industnal nOs parses hOic subdesenvOlvidos. Em etapa hist6rica
cm quc mesmo o mais ardorOsO defensor do livre―cambismo recomendaria o csta―
belecirnento de barreiras protetoras da ind6stna nascente,os parses que mais inten―
samente necessitavam de tal protecao foram Obrigados a adOtar um regirne quc
bem pOderia ser cOgnominado dc “infanicrdiO industrial'',regirne cste quc inluen―
ciou todo o seu desenvOlvirnento posterior. O atendirnento plenO(e Os baixOs pre―
cOS), pela industna estrangeira, de lirnitada procura de bens rnanufaturados de tais
parses elirninava as oportunidades para invesumentOs lucrativos numa indistria na―
iva, que fosse capaz de suprir o mercado interno existente. A ausOncia de tais in―
vestimentos nao perrnltiu,por sua vez,quc fosscm cnadas Oportunidades para ulte―
五ores investimentos E sabido quc urn investimento conduz a outro subsequente:
10 MARX Grund"sse der K"tiたderPοlitlschar Oekonomie Rohenb″urf Berlim,1953 p 411
1l lnc″asing RcFurns ond EconOmic ProgiドIn:Ecοnοmic」oumα′Dezembro de 1928 P 533
162 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
urn ato de investir dd ongem a Outro;o segundo cna cOndicёes para um tercciro c
assirn por diante. De fato C essa sequOncia de investimentos, sua sirnultaneidade,
que p6e ern marcha a reacao em cadeia quc O sinOnirna da cvolucao do capitalis―
mo industrial Mas, assirn como o investimento tende a tornar―sc autopropulsor, a
ausOncia de investimento tende, tambёm, a perpetuar as condic6es quc impedem
sua realizacao.
Scm o impacto amphficador dO investimento, o mercado, originalrnente limita―
do, perrnaneceu necessariamente lirnitado 12 sob tais condic6es, nao pOdena ocor―
rer a disseminacaO das pequenas oicinas industriais,quc caracterizou crn toda par―
te a trans19ao do capitalismo mercantil para o capitalismo industrial Quando se tOr―
nava v16vel o cxcrcFcio de uma atividade industriat saa pela imposicao de barrei
ras tarifarias, scia por Outra forrna qualquer de concess6es ou estimulos governa―
mentais, as empresas industriais quc surgiam eram por vezes fundadas por estran―
geiros(usualrnente associados a interesses locais), os quais emprestavam a organi_
zacaO c Opera95o da nova cmpresa sua experiencia c knOw―hoω Com a finahdade
de produzir rnercadonas sirnlares,crn qualidade c aspecto,as anteriorrnente impor―
tadas,construrram se fabricas mOdernas para a producao em larga cscala capaz de
atender a prOcura cxistente Nao obstante o fato de ser vultosa a quantia total dc
capital necessdna a materializacaO dO empreendirnento, a parcela gasta no paFs
subdesenvOlvido era pequena, uma vez quc a maior parte das despesas era feita
no exterior, com a aquisicao de equipamentos, de patentes etc. O efeito esimula―
dOr desses investimentos sobre a cconornia em scu conlunto era, por isso mesmo,
moderadO. Acrescente―sc a csse fato a circunstancia de quc, uma vez construrdO O
estabelecirnento industrial, tanto o grande volume de capital necess6rio a sua cfeti―
vacaO cOmO as hnlitac6eS da procura reduziam enormemente 一一 ou eliminavam
por completo――as possibilidades dc Oxito de outra cmpresa quo pretendesse in―
gressar no mcsmo ramo de neg6cio.A quantidade de capital necessaria para penc―
trar no santudno privilegiadO do monop61o, os riscos decorrentes da luta inevit6-
vel,as press6es quc o grupo ja estabelecido exercia no intuito de csmagar e cxpul―
sar urn intruso s5o os elementos quc se congregavam para destruir os incentivos a
transferOncia de capitais da csfera mercantil para as a●vidades industriais ()merca―
do de pequenas dirnens6es tornava―se monopolisticamente controlado e o cOntro―
le rnonopollstico passava a constituir obstacu10 adicional a sua ampliacao.
Nao queremOs dizer com isso quc o desenvolvirnento industrial verificado nos
parses atrasados nao representou notavel prOgresso ern relacao a situacaO antenOr,
quando os scuS mercados dc artigos industriais eram controlados mediante supri―
mentos oriundos do exterior. Essa situacaO cOntnbura decisivamente para arruinar
o artesanato nativo c sufocar toda iniciativa industrial poA/entura existente nos par―
ses atrasados sern,contudo,oferecer aos artesaos e Operdnos atingidos qualquer al―
ternativa de emprego na industria A expansao industnal que deveria corresponder
a csse movirnento verificava―se nos parses capitalistas ocidentais As empresas in―
dustnais que sc instalavam nO pars representavam como quc um antrdOtO a cssa si―
tuacaO. Elas transmitiam ao paFs escolhido parte, pelo menos, do processo original
de divisao dO tabalho; uma fracao do investimento total era realzada internamen―
te e proporcionava algum emprego c, consequentemente, renda para a mao_dc_O_
bra nativa Essc antrdotO, pOrOm, cra inadequado Sua falha nao residia apenas
cm sua incapacidade para compensar os danos causados a cconOmia pela situacao
12 1sto foi tambёm descoberto,com grandes sofimentos,pelos capitalistas ocidentais que nao prevlram limitac5es a
sua capacidade de expo■ar bens manufaturados para as areas densamente povoadas, suleitas a penetracao comercial
do Ocidente
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 163
antenOr, mas, principalrnente, na maneira como era adrninistrado c quc inha co―
mo resultado o inicio de um prOcesso de crescimento canceroso,naO menOs poten―
te e naO menOs pernicioso quc a cnferrnidade quc havia curado parcialrnente no
princfpio
As novas firrnas, conquistando rapidamentc o controle exclusivO do mercadO
e protegendo―se mediante a impos195o de tanfas prOtecionistas ou cOncess5es e fa―
vores governamentais de toda espOcic, bloqucavam o crescirnento postenor da in_
dustna, enquanto seus precos de monOp61io e suas pollticas de producao tOrna_
vam desinteressante a ampliacao dOs pr6prios conjuntos industriais. MudandO intel―
ramente de posicaO, passando de uma atuacao progressista para o descmpenho
de papei nOcivo ao progresso, cssas empresas se constiturrarn, ainda nas primeiras
etapas do processo, cm empecilhos ao desenvolvirnento cconOmico, empecllhos
estes semelhantes, cm scus efeitos, ao regirne de propriedade senllfeudal prevale―
cente nos parses subdesenvOlvidos Tais cmpresas nao dcixam apenas de prOmO_
ver ulteriores divisoes de trabalho c uma clevacao do nfvel de produtividade da
cconomiai originam, na verdade, movirnento no sentido oposto A industria de ca―
rater rnOnopollstico dilata,por um lado,a duracao dO capitalismO mercanil,aO difi―
cultar a transferOncia de capitais e de maO_dc_obra desse sctor para o da produc5o
industrial. POr outrO,nao criandO mercado para a prOdu95o agricola,naO Oferecen_
do opOrtunidade de emprego a maO_dc_Obra rural excedente e n5o suprindo o
agncultOr de implementos e bens de consumo a precos aceSSrveis, forca a agricultu―
ra a oricntar―se no sentido da autO―suficiOncia,perpetua a inatividade da m50_de―o―
bra cstruturalmente desempregada c encoralaa proliferacao dos pequcnos cOmer―
ciantes,da indistria rural etc.13
0 capitalismo, na maloria dos parses subdesenvolvidos,sOfreu,assirn,fOrte de―
forrnacao de seu processo de crescirnento; tendo passado pOr todas as penas c
frustracOcs da infancia, naO pode nunca experimentar o vigor e a cxuberancia da
mocidadc, come9ando ainda jovem a apresentar os sintomas dos graves distirbiOs
quc caracterizam a senlldadc c a decadencia Ao peso morto da estagnacaO trpica
dc uma sOciedade prO industrial veio luntar_se o impacto paralisador dO capitahs―
mo monopolista.(D excedente econOrnico de quc os cons6rcios monopolstas se
apossam em quantidades enOrrnes, nos parses subdesenvolvidOs, nao O cmprega―
dO nem na amphacao das pr6pnas empresas quc ensaaram a sua conquista nem
tampouco na instalacao de nOvas firmas A parte desse excedente que nao ё distn―
burda cntre os acionistas estrangeiros tem destinO semelhante aquele que encOntra
nas maOs da anstocracia rurali serve para manter a vida luxuosa de scus detento―
res, sendo gasta na construcaO de suntuosas residOncias nas cidades e nO campo,
na manutencao de vasta criadagem e em despesas de cOnsumo supOrnuo etc A
13 serla dlspensavel qualquer menξ5o a natureza profundamente ret16gada dessa volta a ``feliz''cOndic5。de auto―sui―
ciOncia do melo rural e de regresso a indist■a rural,nao fossem os crescentes favores e incenivos que lhe vOm sendo
dlspensados pelos palses capltahstas ocidentais O Coverno dos Estados Unidos,sob O Chamado“Programa do Pont。
Mi`規1滉∬ 盤 λ鮒 ■『 窓:光搬 脳 轟 rh糧 :;認識 瑞 朧 ざ朧 闇 ∫猛 131鶴貯稀 畷 」
=留
ξT
sa“solucao''em trabalhos recentes sobre desenvolumento econ6mico(Ver,por exemp10,NICHOLLS,W H ``Inves‐
tment in Agnculture in Underdeve10ped Countnes'' In:Ame"can EcOnOmic Reυieω Malo de 1955:ou AUBREY,HG “Small indus"in Economic Development'' Ini Sociα′R“θαrci Setembro de 1951 Nada melhor que repeur
aqui os comen饉五os eloqtentes le■os ha mals de meio sOculo por Ka■Kautsky sobre essa forma de“aluda''ao cam‐
pesinato dos paises subdesenvolvldOs: ``Na indistia rural, explorada capltalistcamente, encontramos o mais iongo e
mais extenuante dia de trabalh。, ao lado da mais infima remuneracao pelo trabalho executado, da maior ocOrrOncia
鷺 塁‖1:LI穏∬ 電 喫 i織∬麓濡潟 :Vi&∬螢
5eS de habねcao e mbJhQ em ζntese¨condc6∝mas
ema de produc5o Esta ё a mais infamante forma de explo‐
鷺責撫激i劉購酢11驚瀬牙酢蝶瀧恥箭T轟:
164 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO c)
parcela quc resta ap6s esses gastos cxceSSiVos ё empregada na aquisicao de terras
para arrendamento, no financiamento de atividades comerciais de tOdas as nature―
zas, na usura e na cspeculacao E, last but nο′たast, somas vultosas sao remetidas
para o exterior onde vao cOnstituir urn scguro contra a depreciacao da mOeda na―
cional ou, cntaO,rescⅣas destinadas a asscgurar a scus proprictarios a fuga Ou reti―
rada, cm condi96es satisfat6rias, no caso dc ocOrroncia de perturbacOes polfticas c
sociais.
Ⅳ
Chegamos, assirn, ao tercciro ramo do setor nao_agricola do sistema cconOrni―
co dos parses subdesenvolvidos: a empresa estrangeira.14 As empresas total ou par―
cialrnente estrangeiras ctta prOducao se destina ao mercado interno do pars subdc_
senvolvido nao apresentam nenhum problema cspecia115 Aplica―se tambёm a clas
o que fol dito anteriorinente sobre a industria em geral Enquanto uma parte do ex―
cedente econOmico de quc sc apropriam O gasta, localrnente, no pagamento, por
excmplo, dc adnlinistradores altamente remunerados, outra parte,justamente a de
maior vulto (incluCrn_sc aqui as poupancas pessoais desses adrninistradores), ё
transferida para o cxtenor A contnbuic5o desse tipo de cmpresa a fOrrnacao de ca_
pital nos paFses subdesenvolvidos ё, portanto, menor do quc a das firrnas nacio―
nais.
Mais complexo__mas tambёm mais importante―-O o papel desempenhado
pelas grandes empresas estrangeiras radicadas em parses subdesenv01vidOs quc
produzern lnercadorias para cxportacao. Representarn elas nao apenas a quase to―
talidade dos interesses estrangeiros nas areas atrasadas, cnv01vendO grandes inver―
sOcs de capital, como tambOrn saO respOnsaveis pOr parcela substancial da prOdu―
caO(tantO nacional comO mundial)de tais mercadonas.A firn de sc ter uma nOcao
mais precisa do impacto quc essas empresas tem sObrc o desenv01virnento econ6-
rnico dos parses subdesenvolvidos Onde Operarn, O itil oxanlinar, separadamente,
os diferentes aspectos de suas atividades: a)a importancia dO inυestimento realiza―
dO pela cmpresa cstrangeira; b)o efeito dircto de suas operac5cs correntesi e c)
sua inluOncia mais genιガca sobre o pars subdesenvolvido.
No quc concerne ao primeiro item――imponancia dO investimento――cabe no―
tar quc,via de regra, Os cons6rcios estrangeiros dedicados a producaO de bens ex―
pOrtaveis(com excecao dO petr61co)iniciaram suas atividades com uma inversao
de capital relativamente pequena lsso se deve ao fato de quc o controle dOs recur―
sos naturais necessanos a OperagaO da empresa――especialrnente a terra destinada
a rnineraca0 0u a fOrmacao de grandes fazendas ocupadas cOm uma s6 cultura――
era obtido mediante a cxpropriacao das pOpulac6es nativas ou mediante sua aqui―
sicaO,a preco mais ou menOs sirnb61ico,dos governantes,senhores feudais Ou che―
fes tribais que dorninavam as respectivas areas. POr esse motivo,cra inexpressiva a
cont五buicaO aO estoque dc capital dos paises subdesenvolvidos trazida pela instala―
caO da cmpresa estrangeira quc ina cxp10rar recursos naturais. MesmO mais tarde,
com a consideravel expansao das atividades das empresas vinculadas ao setOr de
exportagao, a quantidade de capital quc os parses subdesenvolvidos realrnente re―
14 A semelhanca dos neg6cios mercantls,a maiona de tais empresas encontra―se realmente locallzada nas zonas rurais
e esねfislcamente ligada a aghcultura Apesar dlsso, sua nattreza econOmica pouco ou nada tem a ver com a agncultu―
ra propnamente dita
15“As indismas manufatureiras t〔picas,trabalhandO pincipalrnente para o mercado nacionaL parecem nao atair o ca―
pltal estrangeiro'' Liga das Nac5es lndust"αlレαtlon and Foralgn Trade 1945 p 66
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 165
ceberam dOs parses adiantadOs tern sido muito menor do quc comumente se su―
p6c. As empresas desse tipo, que sc encontravam eventualrnente interessadas em
ampliar seus ncg6cios, podiam facilmente financiar as invers6es necessarias com
os lucros obtidos dc suas operacocs, cm geral, altamente rent6veis Pronunciando―
se sobre a cxperiOncia da Gra―Bretanha,na matёna,sir Arthur Salter Observa quc
“foi somente durante o primeiro perfodo――ternlinando logo ap6s 1870__que Os re_
cursos para investimentos no exterior provieram de um excesso de exporta95es corren―
tes sobre as importa9ёes Em todo o perrodo compreendidO entre 1870 e 1913,quan―
do as invers5es totais no estrangeiro aumentaram de cerca de l bJhao para perto de 4
bllhoes de libras, o total dos novos investimentos realizados representou apenas 40%,
aproxirnadamente, da renda gerada durante o mesmo espa9o de tempo por investi―
mentos feitos em ёpocas anteriores"16
A expansao, nO extenor, dOs cOns6rcios franceses, holandeses c (rnais tardc)
americanos obedeceu basicamente ao mesmo modelo, isto O, foi rcalizada, cm
grande parte, gracas a reinvers5o dos lucros de suas Operac6cs nos parses estran―
geiros.17 0 aumento dOs ativos dos parses capitalistas ocidentais dO mundO subde―
senvolvido decorre, portanto, apenas parcialrnente, da exportacao de capitais(no
senido exato do terrno),Sendo, de fato,resultado principalrnente da rcinversao nO
exterior da parte do excedente cconOrnico ar conseguido 18 ~
O reconhecirnento desse fato C interessante, dada a indignacao frequente ma_
nifestada contra a violacao dOs ``sagrados" direitos de propriedade dOs capitalistas
ocidentais em alguns parses subdesenvolvidos.19 0 quc importa,entretanto,no pre―
sente contexto, こsaber se o excedente cconOmico gerado e reinvestido nOs parses
subdesenvolvidostem dado realrnente uma contnbu19ao significativa ao desenvOlvi―
mento econOmico de tais parses MesmO a crttica mais complacente dificilmente po―
deria sustentar a tese da cxistencia de resultados positivos para a cconOrnia Parte
do invesumentO feita pelos refendos cOns6rcios ё representada pe10 pagamento, a
um preco qualqucr,do trtu10 de propriedade das fontes de recursos naturais adqui
ndas comO dissemos anteriorrnente,csse preco ё usualrnente muito baixo,naO ul
trapassando, cOrn frequencia, a importancia necessaria aO subOrno de funciOnarios
e potentados envolvidos na OperacaO 」d tOmamos contato com a mancira pela
qual esses indivrduOs dispOcm de sua renda E cla por certo nao prOvOca nenhum
aumento do estoque de capital dos parses atrasados 20
Parcela cOnsideravel do invesumentO necessariO__na verdade,sua maiOr par―
te一―toma a forma de ``investimento em espOcic" Em outras palavras, ao aplica―
rern scus lucros(Ou mesmo recursos adicionais)na amphacaO de suas instalacoes e
neg6clos ou na concretizacaO de novos empreendirnentos, cssas firmas gastam
‖i認
g麓
ぶ 笙■ s7o:織讃 鳳 よlheicanos noexセntt no p6,gue鳴uma puttca95o govemamend∝G
denciada alrma que“estes,em sua maior parte, comp6em‐se de reinvestlmentos dos lucros de suas subsidiinas nO es_
trangeiro, ao inv6s de novos capltais levantados nos Estados Unidos'' Report to thο Prasident on Fο
“
21gn EcOnοmic
Pο′ici(s (“Gray Repo■")Washington, 1950 p 61 Em 1954, os investlmentos pivados norte‐ameicanos no extenOr
“alcancaram 3 blhoes de d61ares aprO対madamente,enquanto a renda denvada de investlmeitos feitos em ёpocas an‐
tenOres elevou‐se a cerca de 2,8 bilh5es de d61ares'' PIZER, S e CUTLER, F ``International lnvestment and Ear
憎鷺It鳳謝観FI雌1::uも寵:A器灘龍1:鷺品s d Trade and Bdance d Paymenぱ'ln Qυαttrり」OumJげ
Ecοnοmics Fevereiro de 1942
19 Ё desnecess6五o dizer que o problema se comphca senamente em virtude de nOssas al●nac5es se basearem em ba
lancOs llquidos globaisi os individuos e empresas hole considerados podem n5o ter, e frequentemente n5o tOm, liga―
rttrl謎:託∫阻 1棚∬`駕瑞::野視te“。aosにcusos naturas do ceiOs paおes subdesenvd宙dOs C
Obudo medanセo pagmemo de Юノ引
"“
e mpo■0,mat品』:躙st蹴:L鰍滉,1&篤ξttξ犠鋼棚:vezes envolve, tambёm, a concess5o aos Governos locais
a negociac6es subseqtentes VOltaremos mais tarde a esse ponto
166 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
grande porcao dos recursos mobilizados para tal fim na compra de equipamentos
produzidos ern scus parses dc origem Nem poderia ser dc outro modo, uma vez
quc o equipamento desaado nao ё fabncado, normalrnente, nas regiOes ondc os
mesmos irao Operar. A10m disso, a direcao da cmpresa investidora tem, via de re―
gra, natural e compreensivel preferencia pela maquinana fabricada cnl seu paFs de
origem, uma vez que com ela cst6 familiarizado Em consequencia, como os dis―
pOndios cm bens de capital se fazem em favor da industria dO pars subdesenvolvi―
do, o ato de investir repreSentadO pela constituicao Ou pela cxpansao de uma sub―
sidiaria de cmpresa cstrangeira num paFs subdesenvolvido, ou pela cventual reposi
caO de scu cquipamento, provoca uma cxpansao do mercado interno do pars de_
senvolvido ao invOs de concOrrer para a ampliac5o do mercado da cconornia atra―
sada Nao se pOdc ignorar, entretanto,que parte do dispOndio total C efetuada no
paFs subdcsenvolvido, ocupando capacidade prOdutiva o mao―de_Obra locais c
acarretando acroscirnos da renda e da procura efetiva do pars em causa. As inver―
s6es em moeda naciOnal tomam quase sempre a forrna de obras civis, como, por
exemplo, a abertura de estradas, de minas, a constru95o de edifrciOs industnais ou
de escnt6riO, de residOncias para os empregados estrangeiros, vilas operarias etc
O rnontante das despesas no paFs C, contudo, usualrnente pequeno, mesmo por―
quc essa parte do programa de inversёes depende grandemente de artigos impor―
tados, comO materiais de construcaO, cquipamentos de tran3pOrte, matenal de es_
crit6rio e domOstico, c porquc h6 sempre necessidade de trazer dO exterior enge―
nheiros, tOcnicos e dirigentes, para supervislonar ou cxccutar os proictos de cOns―
trucaO
Urna vez verificado que nao saOほO grandes, como se propala, os benefrc10s
quc os parses subdesenvolvidos denvam de investimentos ligados a irnplantacao
滋 lel∬∬:LTr:e」ぶ 1戦,詰し駅
i穏
』
C:霧
篤 譜 胃 背 l器駐
ou saa, a aprecia95o dos efeitos das operagOcs corrcntes dessas subsid16rias sobre
as econornias dos parses atrasados Suas atividades correntes envolvern tanto a
producao comO a exportacao de bens como minCrios, combustiveis e produtos
agrrcOlas. Devemos,portanto,invesigar o modo de utilizacao da reccita bruta resul―
tante quer da produ95o, quer da cxportacaO. POdemos comecar pela parcela usa―
da para remunerar a forca dc trabalho Tal parcela ё geralrnente pequena, uma
vez que O determinada pela taxa de saldno extremamente baixa da maO_de_obra
nativa e relete um alto grau de mecanizacaO em algumas linhas de producaO, de
quc decorre o emprego de mao―dc_Obra cm escala lirnitada.Na Venezucla o petr6-
leo representa mais de 90%do valor total das exportac6es(c uma parcela substan―
cial do Produto Nacional Bruto), maS a industria petrolffera emprega somente 2%
da forca de trabalho venezuelana,21 enquanto suas despesas enl moeda local(eX―
cluindo os pagamentos do Governo)nao absOrvem senao 20%do valor das cxpor―
tag6es 22 cerCa de 7/8 dessas despesas correspondem a salarios c Ordenados,cons―
tituindo o remanescente dispOndiOs corn aquis196es de bens nO pars No Chile,
“antes da Phmoira Guerra Mundial, cerca de 8% da populacao ativa encontravam―se
ocupados na minera95o ou em atividades a ela ligadas;essa proporcao porёm vem de―
clinando irmemente"23
21 NURKSE,Ragnar Probたms Or Capral Fοrrnariοn in underdeυaloped Cοunt"“Oxford,1953p23
22 BanCO Central da Venezuela,Mem6"o(1950),p 36,citado por ROLLINS,C E “卜4ineral Development and Econo‐
mic Grouth'' Ini Sociα!Rescαrch Outubro, 1956 Sou profundamente grato ao Dr Rollins por haver colocadoさmi
nha dispos195。O manuscito dossa excelente rnonograla de onde retlrei uma slie de referOncias adicionais
23 Nac5es Unidas DeυelopmentげMlneral Resourc‐in Asia and the FarEαst 1953 p 39
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 167
De acordo com estudo inodito do Fundo MonetariO Internacional, a parcela
dO va10r dO produtO tOtal da indistria nO pr6prio pars O tambёm de 2096, aprOxi―
madamente. Nao se pode deterrninar, porOm, qual a proporcao relahva a m5。_dc_
obra c aos rnateriais Na Bolfvia,cerca de 5%dos trabalhadOres encontrarn empre―
9o nas lninas dc estanhO,cstimando―se que durante a`llima metade da dёcada de
1940 aproxirnadamente 25%das receitas totais erarn reservados para atender a pa―
gamentos dc sさ16riOs Essa cifra, contudo, こindubitavelrnente alta pOrquanto utili―
zou―se a taxa olcial de cambiO para comparar os valores em d61ar das vendas cOm
as cifras dos sa16●os bOlivianOs.24 No Oriente Mёdio,no maxirno o,34%da popula―
95o encontra―sc ocupado na industna do petr61co,25 enquanto menos de 5%da rc―
ceita dessa indistria correspondem a salarios. Em alguns paiscs com pOpulac6cs
pequenas e, paralelamente, grandes explora90es de matorias―primas, a propOrcao
da pOpulacaO empregada nessas atividades C evidentemente maior(por exemplo:
cerca de 10%nas nlinas de cObre da RodOsia do Nortc). Estas situa95cs saO, po―
rOm, cxcepcionais. Note―se quc, ainda assirn, a participacao dOs salariOs nas recei
tas totais desses empreendirnentos C aproxirnadamente igual aqucla quc prevalece
nos casos,6 mencionados.
sena erronco,porom,acreditar que essa parcela modesta da receita global dc―
rivada da cxp10racao de reservas de matёrias―primas serve, cm sua totalidade, pa―
槻 「 wT胤 肌 ,靱 』:幾iΨ
ut程臨 鷺 ∬ 辮 鶏 搬
〕aO estrangeiros.Apes,r de manterem um
alto padrao de vida,tais cmpregados encontram―se ainda em cOndi96es de poupar
parcelas consideraveis de suas rendas Na realidadc, uma das principais atracOes
oferecidas por esses empregos C justamentea possibilidade quc prOporcionam a
scus ocupantes de constituir reseAlaS apreciaveis em perlodo de tempo relativa―
mente curto Nao O preciso acrescentar quc tais poupancas ou sao enviadas penO―
dicamente para o pars nata1 0u sao levadas por esses empregados ao deixarem
scus postos 26 TampOucO scus gastos de consumo se concentram inteiramente em
yod耐∝ btts Emb∝a cmpegucm ttaが
:。l鑑
『 品
:ittЪri温‖::宝de suas casas c adquiram muitos bens d
cais, fracaO pOnderavel de seus gastos se destina a aquisicao de artigOs importados
a quc se acham acostumados.A parcela do tOtal dos salanos percebidos pOr estran―
geiros quc ё despendida na compra dc bens e servicos produzidOs no pars em que
sc encontram ――parcela que provoca ullil:慧
Iキ11ltit:;T』甘:L‖J:bal dos parsessubdesenv01vidos―-0,pelas razOes aponta
No caso da forca de trabalho nativa, a situacao O algO diferente. Exccutando
trabalhOs que rcquerem pouca ou nenhuma cspecializacao,seus salarios saO extre_
mamente baixOs c cOm frequencia rnal aingem o rnfnimo de subsistoncia.Mesmo
quandOぬo mas devadOs e pЮ,dam腎
留 畿 基te器ぶ ‖::.Tl::鯛剛 :mente alcancam nfveis capazes de perrnitil
mitir―se,pois,quc Os saldrios recebidos pe10s trabalhadores nativOs saam gastos to―
talmente ern consumo.27 Ainda assim,parte do que compram O fOrnccida pela pr6-
pna companhia cmpregadora, cspecialrnente habitacao A10m dissO, inumeros
24 ROLLINS Op cた,citando POLLNER,M D Probたms Or Nα
“
οnα!Incοme Es“ma●on in Bο
“
υio Tese de p6s―gra‐
duaca。,universidade de Nova York,1952
貌決l織y麗il藷嵐霊:』■:驚鮒盟窯奥ぎ腫電ぽ覗:ぷbos e que pσ Lso deddem“naw出―
舗鱗轟掛誼銀鷺甚I鶴書鰹1群Sa de lu…ぬ面喜山¨面岬a
168 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
acampamentos e vilas operarias estao de tal mancira localizados quc se torna mais
facil e mais barato importar os bens de cOnsumo procurados pe10s trabalhadores
quc tentar obtO―los de fontes internas,norrnalrnente distantes 28
Em resumo, o volume de renda quc as empresas estrangeiras ligadas aO setor
exportador proporcionam aos habitantes dos parses subdesenvOlvidos O, enl toda
parte,rnuito pequeno e consiste basicamente de salariOs pagos a um nimero relati―
vamente pequeno dc indivrduos. uma vez, porOm, quc as variacOes na procura
mundial de bens primariOs afetam principalrnente o seu preco ao inVOS de se renc―
tir no volume de sua producao一_c isso pOr inotivos de ordem tocnica c econOmi―
ca, sobre os quais nao nos deteremos aqui――o nivel de emprego da forca de tra―
′′balhO naiva tende a variar rnuito pouco. Como, por outro lado, scus saldnos sao
tambOm praticamente ixos, a renda total dos trabalhadores, cnl Fer/nos absoluFos,
0, no cottuntO, bastante esbvel. Ela representa obviamentc uma propοκαο vari6-
vel do valor total da producaO, dependendo dos precos pelos quais O vendida essa
producao. MesmO considerando em conlunto anos bons e anOs rnaus, parece quc
a sua participaca0 1utua cm torno de 15,3, colocando―se percentagem mais baixa
ao redor de 5%, em algumas arcas e em alguns anos, c alcancando 25%cm ou―
tros Se bem quc OscilacOcs do ultimo upo tenham grande va10r para as popula―
95es extremamente pobres dos paFses subdesenvolvidos, s6se podc compreender
o seu significado para o desenvolvirnento econOrnico dos parses atrasados atravこs
do exame da natureza e do comportamento dos grupos humanos aingidos pelo fe―
nOmeno Como esses grupos se compOem principalrnente de trabalhadores que re―
cebem baixOs salanOs, quaisquer rnelhorias nO nivel de renda resultam na aquisi―
95o de bens de consumo ciementares procedentes do setor agrrcola Ou entao fabH_
cados por artesaos 10cais, ou na compra de mercadonas impOrtadas, naO favOre_
cendo, por conseguinte, a forinacaO de urn mercado interno capaz de cncOraar a
instalacao da cmpresa industria1 29
As receitas brutas provenientes das atividades dc exportac5o desenvOlvidas pe―
las empresas cstrangeiras podern ser classificadas em duas categorias A pHmeira c
mais importante ё forrnada pelos lucros brutos das companhias(ap6s o pagamen―
to de impostos e roノal“6)na qual sc inducm tambom os Onus da depreciacao c
do esgotamento A scgunda abrange Os pagamentos de impostos, roノalties etc aos
Governos dos parses Ondc operam Voltaremos oportunamente a cstaこ1■ma catc_
goria. Corn referOncia a primeira, o modo dc utilizacao dos recursos ar classificados
esta sttcitO a cOnsideraveis varia95es. Como宙mos antenorrnente, a malor parte
de tais recursos ё reinvestida nO exterior Note―se, porёm, quc essa anrma95。 ba_
scia―se na andlisc estatFstica dos saldos quc sc observam quando tratamOs com to―
tais mundiais e perfodos longos Considerados os parses individualrnente c em pe―
rfodos de tempo deterrninados c contrnuos__tanto as remessas de lucros cOmo os
investimentos estrangeiros apresentam lutua95es bastante violentas, bem cOmo
movirnentos em direc6es diferentes Enquanto, por vezes, em alguns paFses as re―
messas excedem os investimentos, cm outras Opocas e em outros lugares ocorre
luStamente o contrario. Noutras ocasi5cs, algumas firrnas remetem as suas rnatrizes
a totalidade Ou a maior parte de scus lucros, ao passo quc as demais realizam no―
vas invers6es no extenor. Algumas organizac6es comerciais de ambito mundial
28 As compannias estaniferas bOlivlanas constltuem excelente ilustrac5o de situac6es do tlpo comentado “Durante
muitos anos as companhias maniveram lolas,que eram sup●das pincipalmente do extenor( )"ROLLINGS,C E
Op cit E desnecessar10 dizer que a razao para Osse componamentO ё, em muitos casos,n5o apenas o mais baixo pre―
9o dos bens importados, rnas phncipalmente a c対stencia de pagamentos em espёcie No caso das irrlaas dedicadas a
exportacao, as baixas tarlfas maritmas de retorno constltuem importante fator de encoralamento a importac5。 de
bens de cOnsumo que ser5o vendidos maistarde em suasiolas e armazens
29 1sso da lugar a lucros mercantisi naoこdissO,entretanto,que carecem os parses subdesenvOl、ldos
「
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 169
transferern frequentemente scus lucros do pars Ou parses nOs quais eles se origi―
nam para areas Onde as oportunidades de investimento sao mais favoraveis, em
certas ocasiOcs. Isso nao qucr dizer quc os parses subdesenvolvidos tenham um
destino comum e quc os lucrOs gerados em um deles, sc naO s50 reinvestidos nele
pr6p●o,serao fOr90samente aplicados em outro pars subdesenvolvido.O quc acon_
tece O norrnalrnente o oposto, isto C, os lucrOs obtidos nos parses pobres e atrasa―
dos tOrn servido, crn sua maloria, para financiar investimentos nas regiOcs mais dc―
senvolvidas do mundo. Desse modo, conquanto se obscA/em diferencas pronun―
ciadas entre os parses subdesenvolvidos, no quc respeita ao montante dos lucros
neles reinvestidos ou entao expOrtados pelo investidor estrangeiro, o que de fato
ocorre O que o mundo subdesenvolvido, em scu cottunto, tem exportado, conti―
nuamente, parcela substancial de scu excedente econOnlico para os parses mais
avancados,a titulo dc juros e dividendos.30
V
0 mais grave,cntretanto,O quc O muito difrcil dizer O que tern sido mais perni―
cioso ao desenvolvimento cconOrnico dos parses subdesenvolvidos: se a cxpropria―
caO de scu cxcedente cconOmico pelo capital estrangeiro ou sc as reinversёes reali―
zadas pelas empresas cstrangeiras Este O, realrnente, o dilema sombno com quc
defrontarn essas nac6cs. Ele nao se tOma cvidente apenas pela venficacaO da pr。_
nunciada modOstia dos benefrciOs que os investimentos estrangeiros proporcionam
diretamente, rnas, principalrnente, pela apreciacao do impacto total da empresa cs―
trangeira sobre o processo de desenvolvirnento dos parses atrasados.
Este naO ё,pOr certo, o angu10 do qual tais problemas saO vistos nos estudos
mais ou menos oficiais sobre o assunto, preparados no Ocidente. Assirn O que os
autores do ia menciOnado artigo publicado no Suttcノ(ゾCurrenι Business,do De―
partamento do ComOrciO dos Estados Unidos,airmam corn宙gor que
“a grande expans5o da capacidade produiva de paisesestrangeiros representada pe―
los invesimentos(de empresas norte―americanas)tem desempenhado papel de relevo
na elevacao das cOndicOes econOmicas nesses paises''31
Se bem que aparentemente rnenos confiante,o Prof Mason sustenta quc
“(..)a expansao da prOducao mineral l, em gerat n50 SOmente compativel com o
crescirnento econOmico das dreas subdesenvolvidas como tarnbCm pode facilitar gran―
demente a industriahza95o dessas rnesmas areas"32
E o Prof,Nurkse,tambёrn quase convencido,conclui quc
“(¨ )o prOblema com relacao a investimentos estrangeiros do tipo tradicional nらo ё
que eles selam maus ou que n5o tendam geralrnente a promover o desenvolvirnento;
eles o fazem ainda que desigualmente e de forina indireta A questto ё quc esses in―
vesimentos nao se venicam em escala substancial( )"33
∞ Cf VINER,」acob “Amenca's Aims and the Progress of Underdeveloped Countnes'' Ini The Progi、or Underde_
υeloped A“lls HOSELITZ,BF(ed)Chicag。,1952p182 etsecs
31 PlzER,S e CUTLER,F `lnternatlonalinvestments and Earnings'' Agosto de 1955 p 10
32“Raw Matenat,Rearmament,and Economic Development'' in:Quα″arly」ourna1 0r Ecοnοmi“Agosto de 1952
p 336
33 0p cit,p29
170 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
Tais Opini5es fundamentarn―se,na sua essencia,cm consideracOes do tipo quc pas―
saremos a discutir.
Argumenta―se, em primeiro lugar, quc a remessa de lucrOs de investimentos
estangeiros nao pOde scr cOnsiderada como cxpropnacao do excedente econOmi―
co do pars subdesenvOlvidO, posto quc O quc se transfere nao teria exisudO sem O
investimento estrangeiro. Por conseguinte,uma vez que na ausencia dessas transfe―
rencias naO haveria tambёm investimentos estrangeiros, cssas mesmas remessas
deixam de representar um custo real para a cconomia c nao podern ser,por isso,
consideradas cOmo fatores quc inluenciam adversamentc o seu desenvOlvirnen―
t。.34 AfillHa―se, cm segundo lugar, quc, como parte do valor da producaO das ern―
presas esttangeiras corresponde a pagamento a fatores de prOduca0 10cais, 。 fun―
cionamento dessas cmpresas aumenta, em cclta proporcao, a renda da populacao
naiva. Assinala―se, cm terceiro lugar, quc a cmpresa cstrangeira, qualquer que sc―
la a Sua cOntribuicao direra para O bem―estar dos habitantes dos parses subdesen_
volvidos,presta-lhes um serv19o indi祀
`ο
 da malor importancia,qual saa o de esu_
mular a cOnstrucaO de rOdOvias, ferro宙as, centrais e10tricas etc.… a10m de transnlitir
a scus capitalstas c trabalhadOres O たnow―わow c a habilidade tёcnica dos parses
adiantados D6-sc enfasc, finalrnente, ao fato de que as cmpresas capitalistas Oci_
::1:彗:毎]I『
‐
為 湿:』]昇]「ょIまF』::F11liliSer°
ノalties aos(3overnos dOs parses on_
sos recursos que podern ser utilizadOs pa―
ra financiar o seu desenvOlvirnento econOmico.
Como acOntece com a maiona do rac10cFnlo cconOmico burguOs, baseadO na
``inteligOncia pratica", esses argumentos saO ludiC10SOs e plausfveis apenas na apa―
rencia.Partem,na verdade,do cxame de uma fracao da realidade,que naO ё trata―
da historicamente,rnas por um mOtodo agora muito em voga e quc se poderia cha―
mar de “estatica anirnada", o que d6 1ugar a uma concep95o tendenciOsa c enga―
nosa,a um s6tempo.Exarninemos,pois,em profundidade,cssas teses.
Nao ha a menOr divida de que, se os recursos naturais dos parses subdesen―
volvidos naO fOssem explorados, naO sena gerada renda capaz de dar Origem a re―
messa dc lucrOs para o exterior. Aqui teIInina, pororn, o terreno firme no qual se
assenta a pnmeira das prOposicδes acirna refcndas.E isso porque nao se pOde acei
tar como fato consumado quc Os atuais parses pObres,admitidO um prOcessO inde―
pendente de desenvOlvirnento, nao viesscm a iniciar, crn algum mOmento, a
exploracao de seus recursos naturais por iniciatva pr6pria c em condicoes mais
vant〔対osas que as oferecidas pelos capitais estrangeiros. A hip6tese seria aceit6vel
somente sc os investimentos estrangeiros c o carninho seguido pe10 desenvolvi―
mento dos paises atrasados constituissem fenOmenos dissociados e inteiramente in_
dependentes. TOdavia, como la VimOs anteriollilente e o exemplo do」apa0 0 de―
monstra de forma convincente,nao sc pOde concOrdar de nenhum modo cOm a te―
se de independencia. Aceita_la cOrresponde a uma recusa de cncarar o prOblema
ern sua totalidade, bem cOmo a praulga_1。. Hd ainda outro aspecto da questao a
considerar. No quc se relaclona a alguns prOdutos agricolas, pOder―sc―ia pensar
quc, uma vez que constituem culturas tempordrias e o scu mercado natural ё o ex―
terllo, a producaO e a exportacao dos mesmos nao representam qualquer sacrifrcio
para os parses prOdutores. Trata―se, como se ve, de uma falacia de graves conse―
quoncias, se bem quc cOmumente aceita Mesmo ignorando a circunsttncia de
quc as grandes cmpresas agrrcOlas ligadas ao setor exportador empreendem por
tradicaO exp10racao predat6五a da fertilidade do solo sOb scu controle, o estabeleci
mento e expansao dessas empresas tem provocado a sistematica paupenzacao e,
34 cf FRANKEL,S Herbert The Economicfmpact On Under.Deυ●′oped Socicti“Oxford,1953 p 104
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLⅥMENTO(1) 171
cm muitos casos,a“mesmo a completa destruicao fisica de grande parte da popu―
lacaO nativa.Os exemplos sao inimeros e bastara citar alguns poucos:
“A monocultura da cana―de―acucar nO Nordeste do Brasi1 0 bom exemplo A zona
possub um dos poucos solos trOpicais realrnente fOrteis. Desfrutava um dima favord―
vel a agricultura e possufa orignalmente revesimento lorrsicO extremamente nco em
arvOres frutFferas Hae, a absorvente e autodestruidora industna acucareira deslores―
tou toda a terra disponivel e cobriu―a de cana―de―agicar; em consequOncia, esta C
uma das areas dO cOntinente onde impera a fome ()insucesso na plantacao de frutas,
verduras e legumes, ou na cna950 de gado na regiaO criOu um problema ahmentar ex―
廿emamente difrcil em uma 6rea onde a agncultura diversincada pOderia produzir varie―
dade infinita de alimentos'135
Na malor parte da AmOrica Latina,o que
“conMbuiu para arruinar definitivamente as populacOes nativas fol o fatO de quase to―
da a area dedicar―se a um ipo predominante de explorac5o econOnlica; certas regiёes
dedicaram―se a mineracao, outras ao planio de cafO,algumas ao fumo e outras ao ca―
cau Essa especializacao provOcOu uma deformagao nas ecOnomias nacionais, quc ain―
da hole se observa em paises como EI Salvador, que praicamente nada produz alom
de cafを, c HOnduras, quc exporta exclusivamente bananas'' No Egito, ``grande parte
das terras imgadas foi reservada a culturas comerciais de expっrtacao(…)particular―
mente o´algod5o e o acicar――o que agravou ainda mais a pobreza alimentar dOル‐
ld" Na Afnca, ``a pnmeira inovacao eurOplia que velo perturbar Os costumes alimenta―
res da populacao naiva foi a producaO, cm larga escala, de culturas cOmerciais de ex―
portacao,tais cOmo cacau,cafO,a9ucar e amendoirn.Sabemosid cOmO funclona o sis―
tema de graりdes fazendas,(¨)um bOm exemplo e dadO pela co10nia bntanica de
Gambia, na Africa Ocidental, onde a cultura de produtos de ahmentacao para cOnsu―
mo local foi completamente abandOnada a firn de perlnitir a concentrac5o na produ―
95o de amendoim COmo decorroncia dessa monocultura( )a situacaO alimentar da
co10nia dilcilmente podena ser plor''
A parcela do territ6rio norte‐americano quc, dc ha muitO,venl representando o pa―
pel de colonia intema do capitalismo americano――os Estados sulinos――tern sofri―
do cfeitos bastante semelhantes produzidos pelo acicar e, particulallHcnte,pelo al―
god5o.
``Nos Estados Unidos,os Estados algodoeiros consituem o grupo de renda mais bal―
xa da Nacao. A correlacao estatFstica entre o plan■o de algod5o e nfveis de pObreza ё
surpreendente A cultura do algodaO traz duas consequencias praudiciais ao solo:(1)
es9otamento do solo(…);(2)os danoS Causados pela eros5o ( )Tudo isso l clara―
mente percebido,agora,rnas nao foi cOmpreendido c apreciado no sOculo XIX__O sl_culo durante o qual se media o sucesso em d61ares e centavos, ainda quc a custa d。
pattirnOnlo social''36
E preciso observar, a fim de cvitar incompreensOes, quc se naO devem enten―
der estes ultimos paragrafOs como dcmonstracaO cOntrana a divisaO intranaclonal e
internaclonal do trabalho c O conseqtiente aumento da produtividade. O que cles
revelam claramente ё que uma cspecializacao intranacional e internaclonal organi
35 cASTRO,」osuO de Thc CcographノOr Hunger Boston,1952 p97 As trOs passagens seguintes transcitas no tex―
to foram extraldas das p`gnas lo5,215e221 desse magniflco trabalho O Prof 」de Castro observa,incidentalmen―
te, que, enquanto a eroぬo e a exausぬo do solo consttuem uma praga em todo o mundo colonial, os tCcnicos ``v5o
ao ponto de asseverar que,para todos os propositos pratcos,n5。e対ste eros5o no」apao"(p 192) ´36 zIMMERMAN,E W World R“ourc‐and lndust71“ Edicao re宙sta,Nova York,1951 p 326 E ociOso dlzer que
o autor dttnmina inlustamente o slculo XIX No mundo capitalsta do更culo XX,o sucessoこainda meddo pelo mes‐
mo padぬo,com a inica diferenca de quc hole as grandes empresas pensam mais em scusiucros a longo pra20
172 A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1)
zada de tal rnodo quc um participante do grupo sc especializa no empobrecirnento
e na misOria,cnquanto o outto arca com o Onus assurnido pe10 homem brancO de
coletar os lucros, dificlmente pode ser considerada solucao satisfat6ria para o pro―
blema da obtencao de rnaior bem―estar para a rnaloria.
Tampouco a tese da ``ausencia de sacrifrc10s'' ё mais correta quando a prOdu―
95o exportavel das empresas cstrangeiras nao se cOmp6e de bens agrrcolas, mas
de produtos da indistria cxtrativa, como rninOrios, petr61co etc. Ainda que ncssc
caso o deslocamento da populacao naiva c a destnlicao de suas bases tradiciOnais
possam ter assurnido propor95es algo menores que no caso da cmpresa agrrcola
――embora naO saam de nenhum modo despreziveis――o efeito de 10ngo prazo
desse tipo de exploracaO de recursos naturais O menos impresslonante. Na realida―
de,naO d6 para se considerar os recursos naturais dos parses subdcsenvolvidos co―
mo um bern livre c existente em quantidades infinitas. Sc a cxaust5o das reservas
mundiais de matOrias―pnmas O espantalho quc se pode deixar de levar em considc―
racaO no caso de deternlinados pates e de ma“rias―primas especrficas,o perigo es―
td longe de ser pequeno.37 Destarte, para grande n`merO de parses subdesenv01vi―
dos, o pouco que cles recebem atualrnente em troca da cxploracao intensiva dos
seus recursos naturais pode significar,na pratica,a alienacao de scu direitO a um fu―
turo rnelhor em troca de um pobre``prato de lentilhas''.
Viu―se, acirna, quc o ``prato" nao ё grandc e qu5o modesta ё a quanidade e
a qualidade da “lentilha".A crescente hostilidade as empresas estrangeiras c a prd―
tica, cada vez mais comum, de intinlldacaO e cOcrcao adOtada contra os trabalha―
dores nativos,a fim de induzl―los a trabalhar para fillHas ocidentais, demonstra quc
a espoliacaO vem sendo comprecndida cada vez mais pelos povos assirn sacrifica―
dos. Conquanto se possa aceitar como verdade quc a relutancia dOs nativos em
trabalhar de maneira adequada enl troca de salanOs de fOme tenha sua ongem em
urn ``atraso cultural'' c em uma percepcaO insuficicnte do quc O bom para eles, ё
bem provavel tambёm que sua resistOncia seia motiVada pelo sirnples fato de quc
eles desfrutarn melhor situacao mantendo―se dentro de seus sistemas tradiclonais
de vida, quc aqucla quc lhes seria proporclonada pelos nOvOs sistemas aos quais
saO cOmpelidos a adenr pelo capital estrangeiro.
``Desde o declinio da cscravid5o como forma de moblizacaO dO trabalho, o sistema
mais frequente de recrutamento e subnliss5o de trabalhadores naivos relutantes vem
sendo o de estabelecer contratos de trabalho de longa duracao, garanidos por uma
san95o penal na hip6tese de seu nao―cumprimento Essas rela95es s5o contratuais ape―
nas nominalrnente ( )Entre povos analfabetos,o contrato O muitas vezes uma prote―
caO mais fOrmal que real para o trabalhador e naO ha, usualrnente, nenhum cOntrole
efeivo sobre o cumphmento ou n5o das prOmessas feitas pelo recrutador e que mul―
tas vezes naO iguram no contrato real Uma vez contratado e levado para longe do
sua aldeia natal, o trabalhador tem poucas possibilidades de cobrar as promessas rece―
bidas ou de encontrar qualquer melo efeivo de romper os vfnculos estabelecidos (¨.)
Assirn, se o contrato tem ongem na fOrca e na fraude, ou na pressao da misoria, sua
37 0 que O Prof Mason observa com relacao aOs Estados Unidos aplica―se ou se aplicara tarnb6m mais cedo ou mais
tarde,e em menOr Ou malor grau,a outros paises: ``Toda a evidenda,nO que respeita ao petr61eo c a vanos outrOs mi
nerals( )indlca de maneira bastante clara um custo real de pesquisa e l∝allzacao crescente Alёm disso,sabemOS
que, com respeito ao cobre, chumbo 9 21nCO, a tendOncia tem sido, durante dこcadas, de obten95o de minё五os cada
Ve2 maiS pobres Finalmente,deve ser rnencionada a ine対sttncia de qualquer descoberta realrnente importante de,azl―
das de algμns dos nossos malS importantes metais,pelo menos durante as tres ilimas dOcadas'' “Raw Matehals,Rear‐
mament,and Economic Development''In:Quo7terly」ournal oJ Economics Agosto de 1952,p329 0 mesmo acon―
tece em grande nimero de paises produtores de mattnas_pnmas,como,por exemplo,a Venezucla,onde``semear pe‐
tr61eo''C o slοgon que traduz a sua ansiedade generalizada com respeito a possivel exausぬ。(。u declinio de valor)de
suas reservas petroliferasi a Bolivla,onde a preocupacao cOm O estanhO naoをmenOr;e um grande nimero de pates
exportadores de madeira,para os quais o lm do periodo dureo da madeira esねa、ista
A MORFOLOGIA DO SUBDESENVOLVIMENTO(1) 173
execu95o enVOIVe um elemento substancial de coer95o direta Nas lndias Holandesas,
particularmente nas Provincias Exteriores, a san95o penal que dava forca aos contra―
tos de trabalho´permaneceu em vigor at0 1940 Esse mltodo ё ainda grandemente
empregado na A“ca,pancularmente no caso de trabalhadores em minas.( )Em to―
das as co10nias e protetorados do Sudeste asialicO e do PacFico, a escassez ou a mδ
vontade de trabalhadores locais para com as empresas agrrcOlas Ou minerais e fabncas
tenl fornecido a luStincaiva para o uso generalizado de contratos de ttabalho desse gO―
nero (…)O emprego de varias fOrmas de coer95o, rnais ou menos moderadas, para
garantir a m5o―de―obra para a fazenda,as minas e mesmo para as fabncas tem caracte―
rFsticas de endenlia na ArnOnca Latina As formas vao desde a presta95o de serv19os
em pagamento de dfvidas ou a servid5o em consequoncia de dObitos atl o contrato
de trabalho de longo prazo,sirnilar aquele usado em muitas dreas coloniais( )''38
Por conseguinte,sc os apologistas do imperialismo insistern ern quc
“(¨)tem que ser demonstrado quc o investimento meramente geogr6ico C realmente
praudicial para o paFs que o recebe, o que deve significar quc ele resulta em n市el de
renda mais baixo para os habitantes do pais do que aqucle que eles tenam cOnseguido
de outro modo''39
tal demOnstracao pOde ser feita prontamente se se cxclucm os comerciantes nacio―
nais que sao Os inicos habitantes dos parses subdesenvolvi4os quc obtem vanta―
gens substanciais do funcionamento das empresas estrangeiras quc explorarn fon―
tes locais de rnatёrias―primas.
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Chegamos,assirn,a nossa terceira quesEo――o tercciro dos argumentos rnen―
cionados acima一―que diz respeito ao efeito indttcto quc as empresas estrangeiras
de exportacao exercern sobrc o prOcesso de desenvolvirnento econOrnico dos par―
ses subdesenvolvidos.Ern grande nimerO de regi6es,o estabelecirnento c o funcio―
namento da cmpresa cstrangeira conduzcm as invers6es ern instalac6es quc, crn―
bora nao participem diretarnente do sistema de prOducao e de expOrtacaO de mato一
rias―p五mas, sao, naO Obstante, indispensaveis a essas atividades. Tais instalac6es
consistem ern ferrovias

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