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ARTIGO SERVIÇO SOCIAL

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
INSTRUMENTO DE GESTÃO DO SUAS 
CURITIBA/PR
2018
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
MAURO SILVIO GALVÃO VASCONCELOS
INSTRUMENTO DE GESTÃO DO SUAS 
Trabalho entregue à Faculdade de Educação São Braz, como requisito legal para convalidação de competências, para obtenção de certificado de Especialização Lato Sensu, do curso de Serviço Social e Gestão do Suas, conforme Norma Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB 9394/96.
Orientador (A):
CURITIBA/PR
2018
RESUMO
Apresentando o modelo de politica de assistência social que vem sendo implantado no Brasil, tratando-se de um breve resgate dos princípios norteadores da formulação e implantação do modelo de gestão desenvolvido pelas instancias estatais do país. Na perspectiva de identificar a institucionalização do modelo descentralizado. O SUAS tem traduzido um modelo de gestão que se caracteriza pelo acentuado papel da gestão municipal na condução dessa política. O presente artigo tem como objetivo trazer algumas características da gestão municipal da assistência social na perspectiva do SUAS, neste sentido elencamos, uma breve exposição dos instrumentos de gestão estabelecidos pelo PNAS. Evidencia-se também breve conclusão sobre a problemática com base nas aproximações preliminares da realidade do município de Cáceres. 
Palavras-chave: Assistência Social, Política Pública, Gestão Cáceres-Mt.
INTRODUÇÃO
A política pública de Assistência Social, em sua trajetória histórica, necessitou de procedimentos sitemáticos de planejamentos da gestão pública. Com a efetivação da LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social), a exigência de elaboração de planos foi condição, junto com a criação de conselhos e fundos para que municípios, estados e o Distrito Federal pudessem receber repasses de recursos federais. Esses planos são elaborados anualmente e apresentados e aprovados nos conselhos de Assistência Social. A partir de 2004 com a Política Nacional de Assistencia Social (PNAS), o planejamento ganhou destaque nas três esferas de governo. Compreendeu-se que para construir o SUAS seria necessário um conjunto de regulações e articulações, respeitando a autonomia e competência de cada ente federado, que deveriam ser pactuadas entre os agentes públicos e com a sociedade civil. Além disso os Planos de Assistência Social não poderiam estar desconectadas das prioridades estabelecidas nos Planos Plurianuais (PPAs), nas Leis de Diretrizes Orçamentária (LDO) e nas Leis Orçamentárias Anuais (LOAs) dos governos municipais, estaduais, Distrito Federal e da União, correndo-se o risco de serem apenas um conjunto de objetivos idealizados e desconectados da realidade, principalmente em território que seriam aplicados.
A Norma Operacional Básica do SUAS é precisa quanto aos instrumentos de gestão necessário a esse processo de operacionalização, os instrumentos de gestão se caracterizam como ferramentas de planejamento técnico e financeiro da Politica e do SUAS, nas três esferas de governo, tendo como parâmetro o diagnostico social e os eixos de proteção social, básica e especial, sendo eles o Plano de Assistência Social, Orçamento, Monitoramento, Avaliação e Gestão de Informação e Relatório Anual de Gestão. Organizar o acesso da população a direitos e serviços via sistema tem sido uma opção recorrente no Brasil, dessa forma várias são as políticas públicas que se espelharam no modelo de sistema para construir sua forma de organização e operacionalização. Neste sentido, o Sistema Único de Assistência Social, público e gratuito, de caráter descentralizado e participativo, foi pensado tendo como parâmetro o Sistêma Único de Saúde (SUS). Deste apropriou-se da noção de organização por níveis de proteção, e a distribuição de responsabilidades e atribuições comuns e específicas. No que toca ao aspecto de gestão descentralizada, a coordenação nacional do SUAS está sob responsabilidade da União, já a execução das ações fica a cargo dos estados e, princialmente dos municípios. Quanto a participação, esta ocorre por meio de organizações representativas que se fazem presents tanto na formulação das ações como no seu controle, através dos conselhos, comissões e conferências. Tendo em vista o fato de a Assistência Social, enquanto sistema, ser uma política pública recente, a institucionalização, no percurso para se firmar enquanto política afiançadora de direitos, ainda é um processo incomplete que guarda inúmeras dificuldades, tanto de ordem técnica, quanto política e econômica. Ademais, as demandas apresentadas a assistência social são de natureza dinâmica e imediata, e por isso exigem respostas dos serviços com a mesma dinamicidade e flexibilidade. Dessa forma, a necessidade continuada de reorganização da assistência social emu ma “perspectiva de política pública de direitos significou como ainda significa o enfrentamento de constantes desafios instalados, ou pela conjuntura nacional ou pelas próprias características inerentes a esta política pública” (IPEA, 2010, pg. 216)
DESENVOLVIMENTO
A politica publica de Assistência Social, em sua trajetória histórica, necessitou de procedimentos sistemáticos de planejamento da gestão publica. Com a efetivação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a exigência de elaboração de planos foi condição, junto com a criação de conselhos e fundos, para que municípios, estados e o Distrito Federal pudessem receber repasses de recursos federais. Esses planos são elaborados anualmente e apresentados e aprovados nos conselhos de Assistência Social. A partir de 2004, com a Politica Nacional de Assistência Social (PNAS), o planejamento ganhou destaque nas três esferas de governo. Compreendeu-se que para construir o SUAS seria necessário um conjunto de regulações e articulações, respeitando-se a autonomia e competência de cada ente federado, que deveriam ser pactuadas entre os agentes públicos e com a sociedade civil. Além disso, os Planos de Assistência Social não poderiam estar desconectados das prioridades estabelecidas nos Planos Plurianuais – PPAs, nas Leis de Diretrizes Orçamentárias – LDOs, e nas Leis Orçamentárias Anuais – LOAs dos governos municipais, estaduais, do Distrito Federal e da União, correndo-se o risco de serem apenas um conjunto de objetivos idealizados e desconectados da realidade, principalmente do território em que seriam aplicados.
A Norma Operacional Básica do SUAS (NOB-SUAS) é precisa quanto aos instrumentos de gestão necessários a esse processo de operacionalização; Os instrumentos de gestão se caracterizam como ferramentas de planejamento técnico e financeiro da Politica e do SUAS, nas três esferas de governo, tendo como parâmetro o diagnóstico social e os eixos de proteção social, básica e especial, sendo eles: Plano de Assistência Social, Orçamento, Monitoramento, Avaliação e Gestão da Informação e Relatório Anual de Gestão (Brasil, 2005 pg.119).
2.1 PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
A articulação dos Planos de Assistência Social com outros instrumentos de planejamento público é uma exigência do modelo de planejamento, orçamento e gestão previstos na Constituição Federal de 1988 (CF 88). O Artigo 165 da Constituição definiu a forma de integração entre o plano e o orçamento através da criação de três instrumento legais; PPA, LDO e LOA. Completam esses instrumentos a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 101/2000), que estabelece os contornos legais e procedimentos comuns para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim, o processo de elaboração dos Planos de Assistência Social tornou-se mais complicado no campo da gestão pública, sendo uma exigência a articulação com o planejamento da respectiva esfera de governo. Em resumo, no SUAS o planejamento tem lugar central, estratégico e inclui os planos anuais de assistência social (municipais, estaduais e do Distrito Federal), planos decenais e planos de ação (SUAS-WEB).A exigência de Planos decorreu da necessidade de fortalecer as práticas planejadas pela Assistência Social, fundamentadas em diagnósticos e estudos de realidade e desenvolvidas com monitoramento e avaliação sistemáticos e contínuos. O Plano de Assistência Social, sob coordenação do órgão gestor, juntamente com os Conselhos e Fundos, integram a gestão pública do SUAS. Os Planos constituem instrumentos estratégico para a descentralização democrática da Assistência Social, garantindo a participação das entidades e organizações da sociedade civil, enfatizando o exercício democrático das organizações populares e associações coletivas de usuários, tradicionalmente excluídas de auto representações nas decisões. 
A tarefa de elaboração do Plano expõe ao gestor público da Assistência Social a necessidade de produção ordenada de dados e informações sobre a realidade social local, o que exige a criação de apoio institucional para a capacitação de recursos humanos e estímulos a pesquisas e estudos que subsidiem diagnósticos e baseiam a definição de prioridades e metas. O Plano, portanto, é instrumento de um processo, não um fim em si mesmo. Toda e qualquer proposta para a elaboração do Plano deve considerar a diferença e peculiaridade regional, de estado e município em que ele é requisitado. Dessa forma, os elementos apresentados aqui devem ser entendidos coo diretrizes gerais que podem ser adequadas as características e as necessidades sociais, politicas, econômicas e culturais de cada unidade territorial.
2.2 PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PMAS)
O Plano Municipal de Assistência Social deve estar vinculado as diretrizes que orientam a administração pública, expressas nos planos de governo – Plano Diretor, Plano Plurianual, Plano Estratégico, Plano Decenal e outros, para que obtenha expressão nas propostas do executivo e legitimação para sua execução. 
A seguir apresentam-se os componentes básicos que integram o Plano Municipal de Assistência Social (PMAS):
Conhecimento da realidade (estudos e diagnósticos);
Mapeamento e cobertura da rede prestadora de serviços;
Objetivos;
Diretrizes e prioridades;
Metas e previsão de custos;
Financiamento;
Monitoramento e Avaliação. 
Os dados separadamente não tem significado, somente ganham importância quando analisados em sua evolução e intenções, bem como quando comparados a índices de referencia em relação a outros municípios e região, estado ou país. É essencial para a elaboração do PMAS acessar um conjunto de informações, oficiais e cotidianas, de tal forma a compatibilizar dados que avaliados, comparados e interpretados permitam o reconhecimento de problemas, demandas e potencialidades locais. É importante não só a analise de indicadores específicos, mas o levantamento de dados gerais sobre o município, contemplando a Assistência Social e as demais áreas sociais com as quais interagem. Desse modo, poderão ser apontados os desafios próprios da Assistência Social e os que deverão ser enfrentados com a interação das demandas politicas. Assim, é indispensável a utilização de índices e indicadores sociais como IBGE, IDH,PNDA, Censo Escolar/MEC, assim como o acesso ao GEOSUAS, ferramenta informacional da REDE SUAS, para obter dados sobre os territórios do ponto de vista da situação socioeconômica, cobertura das proteções sociais, bem como para a geração de relatório, gráficos e mapas temáticos.
É preciso comprovar também as questões relacionadas a pobreza e vulnerabilidade social que se expandem para além dos limites municipais com influencia de numerosas variáveis, fazendo jus as ações integradas das cidades e estados. Os municípios e estados se distinguem em porte populacional, situação econômico-financeira e, principalmente, em questões étnicos e culturais. Por isso, é necessário haver articulações espaciais diferenciadas para cada conjunto de municípios de pequeno e médio porte, capitais e metrópoles. É sempre recomendável que os Planos Municipais de Assistência Social antevejam a localização dos serviços e programas em microterritórios próximos a vida cotidiana dos indivíduos e grupos, promovendo-lhes o acesso. O conjunto dos programas e serviços precisa ainda, refletir as prioridades estabelecidas pela gestão pública, assumindo a intenção na agenda governamental. Não se pode deixar de antecipar, identificar e determinar em cada modalidade de ação, a população, o tipo de atendimento, prazos, metas, recursos e metodologias de trabalho.
2.3 PLANO NACIONAL DECENAL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
A V Conferencia Nacional de Assistencial Social foi realizada em dezembro de 2005 com o objetivo de consolidar um Plano de metas para implementação da Politica Nacional de Assistência Social para os próximos dez anos e seu tema foi SUAS-Plano 10 – Estratégias e Metas para a Implementação da Politica Nacional de Assistência Social. Durante a Conferencia, discutiu-se o planejamento e organização de parâmetros do Plano e a articulação e escolhas visando os maiores ganhos possíveis para a população através da vigilância socioassistencial.
A vigilância socioassistencial é definida no Plano Nacional Decenal da Assistência Social da seguinte forma:
A vigilância socioassistencial consiste no desenvolvimento da capacidade e de meios de gestão assumidos pelo órgão público da Assistência Social para conhecer a presença das formas de vulnerabilidade social da população e do território pelo qual è responsável. (BRASIL 2005, pg. 93) 
 Por outro lado, com a aprovação da PNAS/2004 e da NOB-SUAS/2005, percebeu-se a necessidade de traçar metas comuns nas três esferas de governo. As respostas as necessidades e demandas sociais precisavam ser planejadas a curto, médio e longo prazo. Nesse sentido, as Conferencias municipais e estaduais e do Distrito Federal de 2005 aprovaram metas para os próximos dez anos e , da mesma forma, a V Conferencia Nacional de Assistência Social – 2005 – deliberou metas e a construção de um Plano Decenal (SUAS Plano 10), para a consolidação do Sistema Único de Assistência Social.
O SUAS Plano 10 é uma importante referencia para os planos municipais, estaduais e do Distrito Federal. Contudo, observa-se que não substitui e tampouco diminui a necessidade de elaboração de planos anuais de Assistência Social nas três esferas de governo, principal instrumento politico de discussão entre governo e sociedade civil. O SUAS, instituindo nova organicidade e dinâmica para a Assistência Social, exige a superação da visão reducionista e formalista, do comportamento inflexível e, principalmente, da tendência dicotômica que separa planejamento e execução como momentos estanques. Afinal, o Plano de Assistência Social tem como definição:
[...] um instrumento de planejamento estratégico que organiza, regula e norteia a execução da PNAS/2004 na perspectiva do SUAS. Sua elaboração é de responsabilidade do órgão gestor da Politica que submete a aprovação do Conselho de Assistência Social reafirmando o principio democrático e participativo. (BRASIL 2004, pg. 119)
A perspectiva é, pois, a construção de um plano flexível, dinâmico e participativo, que seja um instrumento adequado a consecução dos objetivos definidos, podendo ser adotada uma metodologia especifica ou a combinação de várias, escolhidas segundo a complexidade da realidade a ser enfrentada e os fins que se quer alcançar.
2.4 GESTÃO MUNICIPAL NA PERSPECTIVA DO SUAS
Como foi dito, o conjunto de transformação que te se dado a Assistência Social brasileira acentua o papel da gestão quanto a direção social da mesma, gestão é uma competência exclusiva do poder público que implica no exercício de funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. Executar a politica de Assistência Social é a principal competência do gestor municipal da área. Além disso, outras responsabilidades são imputadas a esta esfera de gestão como a formulação da Politica Municipal de Assistência, o co-financiamento, da Politica, a elaboração do PlanoMunicipal de Assistência Social, a organização e gestão da rede municipal de inclusão em âmbito local, dentre outras. O sucesso ou fracasso dessa politica não depende só da orientação politica dos municípios, mas reconhecemos que “a municipalização da assistência social possibilita a tomada de decisão mais próxima ao local onde os problemas acontecem, e maior chance de resposta imediata e concreta”. (IBGE 2005 – 10)
Com a PNAS de 2004, a gestão passa a ser executada a partir da perspectiva do Sistema Único de Assistência Social, nesse sentido o terceiro item da PNAS define o processo de gestão do SUAS que se norteia pelas seguintes bases organizacionais:
Matricialidade sociofamiliar
Descentralização politico-administrativa e Territorialização
Novas bases para a relação entre o Estado e a sociedade civil
Financiamento
Controle social
Politica de recursos humanos
Informação
Monitoramento e avaliação.
Destacam-se também a instancia de pactuação os espaços que favorecem as negociações, a operacionalização e a gestão da politica de assistência social. Essas instancias viabilizam o dialogo entre os gestores com vista a implementação da Politica Nacional de Assistência Social. Outra inovação do Sistema são as classificações por níveis de gestão que compreende a gestão inicial básica e plena, para cada nível são estabelecidos requisitos, responsabilidades e incentivos. São definidos também os instrumentos de gestão considerados como, Plano de assistência social, orçamento, relatório anual de gestão, gestão de informação, monitoramento e avaliação. O Plano de Assistência Social traz o planejamento das ações a serem realizadas pelo município, ele deve ser elaborado com base em diagnósticos previamente analisados. Ele constitui-se num instrumento muito importante por nortear as ações a serem realizadas pelo município. Em relação a estrutura do documento a NB/SUAS, (2005, 119) recomenda: A estrutura do plano comporta em especial, os objetivos gerais e específicos, as diretrizes e prioridades deliberadas, as ações e estratégias correspondente para sua implementação, as metas estabelecidas, os resultados e os impactos esperados, os recursos materiais humanos e financeiros disponíveis e necessários, os mecanismos e fonte de financiamento, a cobertura da rede prestadora de serviços, os indicadores de monitoramento e avaliação e o espaço temporal da execução. Estes instrumentos de gestão não devem ser entendido como um mero documento institucional devendo ser elaborado para cumprir formalidades burocráticas, deve ser compreendido como uma ação politica, haja vista que sua execução dependerá muito mais da correlação de forças e de negociações politicas do que a definição do seu conteúdo.
De acordo com Mestriner, Paz e Nery (2005 34), o planejamento é um instrumento imprescindível a ação governamental, mas suas possibilidades de efetivação com qualidade depende de um conjunto de fatores e variáveis institucionais e situacionais, internas e externas, nem sempre previsíveis e controlável pelos órgãos gestores, o que faz desse mecanismo um processo não apenas técnico, mas eminentemente politico. O plano deve contar com a participação da sociedade civil para sua elaboração, deve ser divulgado e discutido com esta, deve contar também com aprovação do conselho municipal no intuito de assegurar os princípios democráticos e participativos que gesta essa nova concepção de assistência social. O relatório anual de gestão permite a divulgação dos dados relacionados com as ações desenvolvidas pelo município a cada ano, traz dados em relação a aplicação e alocação de recursos. Propicia a divulgação das metas alcançadas dos objetivos que forem ou não cumpridos, permitindo um balanço avaliativo da gestão da assistência anualmente para as instancias formais do SUAS e da sociedade. Diante das transformações societárias potencializadas pelo uso da tecnologia, o SUAS utiliza-se dessa ferramenta no intuito de dinamizar e aprimorar o sistema de informação, monitoramento e avaliação. Segundo a NOB/SUAS (2005, 120)
A gestão da informação tem como objetivo produzir condições estruturais para as operações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, conforme as determinações dessa Norma. Opera a gestão dos dados e dos fluxos de informação do SUAS com a definição de estratégias referentes a produção, armazenamento, organização, classificação e disseminação de dado, por meio de componentes de tecnologia de informação, obedecendo padrão nacional e eletrônico. A grande novidade desse instrumento é o uso da informática que permite a organização e o levantamento de dados sobre a assistência social. A organização e divulgação desses dados permite traçar o perfil dos usuário, a execução dos recursos financeiros, os objetivos dos programas, projetos e benefícios da assistência, dentre outros dados. Dessa forma o arsenal de dados potencializados pelo uso da tecnologia possibilita a informação consequentemente, o monitoramento e avaliação. A rede-SUAS, nome dado ao sistema e financiada pelo Ministério de Desenvolvimento e Combate a Fome (MDS) que por sua vez dispõe de um coordenação geral de informática controladora da rede. A rede promove a desburocratização acelerando a processo de geração de dados e informação, promove também a capacitação profissional com os cursos online voltados para os profissionais. Sem negar o conhecimento do avanço que esse sistema representa, acreditamos que este se choca com a falta de condições na maior parte dos municípios de pequeno porte em lidar com a rede-SUAS gerando um descompasso entre o que esta posto e o que se materializa. Essa afirmação se torna evidente com os resultados da pesquisa feita pelo IBGE em 2005, ao revelar que “a proporção de municípios sem computadores decresce conforme aumenta a classe de tamanho da população”. Na classificação por região o nordeste apresenta o maior déficit dessa ferramenta, 93 municípios afirmam que o órgão responsável pela Politica de Assistência Social não dispõe de nenhum computador. Para além da falta de computadores deve-se levar em conta, a quantidade de equipamentos disponíveis na infraestrutura local e se estes são suficientes para a qualidade dos serviços. Outro aspecto a ser ressaltado é a falta de qualificação dos profissionais que nem sempre utilizam a ferramenta no seu cotidiano. Com relação a infraestrutura de Cáceres a pesquisa realizada pelo IBGE (2005) identificou que o órgão gestor possui linha eletrônica, possui também computadores com acesso a internet banda larga, pagina na internet de divulgação e realizações de eventos da rede-SUAS e mesmo assim ainda encontra dificuldades na aplicação do Plano. O orçamento também e um dos instrumentos, constitui-se num planejamento dos recursos financeiros a serem gastos com serviços, benefícios, programas e projetos socioassistenciais, o planejamento deve ser feito com base no Plano Plurianual, lei de diretrizes orçamentarias e o Orçamento Anual, deve estar em consonância com o Plano de Assistência Social considerando a oferta dos serviços e os níveis de complexidade.
Outro elemento de fundamental importância para a gestão descentralizada e participativa, confere as instancias de pactuação e como é caso da Comissão Intergestora Tripartite (CIT) e Comissão Intergestora Bipartite (CIB). A CIT é composta pelos representantes dos gestores, federais, estaduais e municipais, já a CIB é composta pelos representantes dos gestores estaduais e municipais. Entende-se por pactuação, na gestão da Assistência Social, as negociações estabelecidas com a anuência das esferas de governo envolvidas, no que tange à operacionalização da política, não pressupondo processo de votação nem tão pouco de deliberação. As pactuações de tais instâncias só são possíveis na medida em que haja concordância de todos os entes envolvidos, sendo formalizada por meio de publicação da pactuação e submetidas às instâncias de deliberação.( NOB/SUAS, 2005: 123) 
Quanto as instâncias de articulação também definida pela NOB/SUAS, são característicaspela participação aberta podem ser instituídas no nível federal, estadual, distrito federal e municipal, Segundo a definição da PNAS (2004:41) são espaços de participação aberta, com função propositiva no nível federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, podendo ser instituídos regionalmente. São constituídos por organizações governamentais e não-governamentais, com a finalidade de articular, entre outros: conselhos; união de conselhos; fóruns estaduais, regionais ou municipais e associações comunitárias. O Colegiado de Gestores Municipais de Assistências Sociais assume características de instância de articulação e visa articular os gestores municipais no intuito de debater essa política com vista a sua garantia e sua defesa. Trata-se então de: “Uma Associação Civil, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, de duração indeterminada, com sede e foro em Brasília - DF - desde abril de 2001” (CONGEMAS) Segundo Relatório da Conferência de Assistência Social no ano de 2005 do o município estudado, estabelece relação com esse órgão ao mesmo tempo em que ressalta suas contribuições com vista a adequação da gestão municipal de assistência. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As observações preliminares no município estudado nos leva a perceber que a construção do SUAS na cidade de Cáceres tem sido permeada por muitos desafios. Baseado nos relatórios da III Conferencia Municipal de Assistência Social em 2005, intitulada “SUAS Plano 10 – Estratégias e Metas para Implementação da Politica Nacional de Assistência Social” o município já apontava, algumas dificuldades para a construção do Sistema, dentre elas, o número reduzido de profissionais, a falta de conhecimento sobre a NOB-SUAS, e falta de debates em relação a politica bem como a falta de informatização da Secretaria de Assistência Social do município. Embora sendo declaradas no ano de 2005, essas afirmações ainda hoje se fazem presentes juntamente com novos problemas que não foram mencionados naquele documento. Dentre eles destacam-se a falta de uma infraestrutura adequada para realização das competências da gestão, a insuficiência e qualificação dos recursos humanos, o não cumprimento de algumas das competências do Conselho Municipal de Assistência, a pouca participação popular quanto as decisões tomadas por essa politica no nível local, e os resquícios assistencialista que permeiam a condução dessa politica.
Os Planos de Assistencia Social são divididos em Municipal, Estadual e Nacional Decenal, sob coordenação do órgão gestor, juntamente com os Conselhos e Fundos, integrando a gestão pública do SUAS. Estudou-se que o PPA, LDO, LOA e a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 101/2000) são os instrumentos legais que auxiliam na elaboração dos Planos, e que quanto mais democrático e participativo for o processo de construção do plano, mais coesão e apoio somarão na sua execução.
O presente artigo analisou a atual forma institucional do SUAS no município de Cáceres relacionando aos aspectos do processo de descentralização, apresenta-se o modelo de política de assistência social que vem sendo gradativamente implantado no Brasil, via proteções sociais. Trata-se de um breve resgate dos princípios e diretrizes norteadores da formulação e implantação do modelo de gestão ora desenvolvido pela instância estatal no país. A proposta foi construir um eixo que permitiu verificar o atual estágio de institucionalização do SUAS por meio da confrontação entre as exigências normativas e a configuração destas na administração pública. 
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