Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
o PROCESSO DE luto CARTILHA DE ORIENTAÇÕES AO ENFRENTAMENTO DO LUTO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES de luto o processo Cartilha elaborada por: Tamyres Berti Mendes Amanda Zambrano Correa Andressa Bianco Jessica Emanuele do Carmo Regislaine Grechechen ORIENTADORA: ELIANE DA COSTA LIMA CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DE MARINGÁ - UNIFAMMA O que é o luto? O luto é definido como um estado emocional específico, e seu processo ocorre por conta de alguma perda, seja ela real, como a morte de um ente querido, como também pode ser simbólico. de um animal de estimação, as mudanças de rotina, entre outros, podem ser caracterizadas como a perda simbólica. Para criança, a mudança de cidade, de escola, a morte O processo do luto é complexo e singular. Cada um passará por esse processo de uma forma, e com as crianças não é diferente. É necessário que haja uma boa comunicação e recursos lúdicos para que ela compreenda melhor seus sentimentos e o momento em que está vivenciando. Dessa forma, o processo de luto pode desencadear diferentes reações. Como é um processo singular e subjetivo, cada pessoa poderá sentir do seu modo essas reações. Reações frente ao luto Reações emocionais – raiva, culpa, solidão, ansiedade, tristeza, cansaço, saudade, medo, oscilação entre os sentimentos. Reações fisiológicas – aperto no peito, falta de energia, cansaço, incômodo no estômago, aperto na garganta, maior sensibilidade a sons. Reações comportamentais - isolamento social, alterações no sono e apetite, choro, sonhos, evitação de lembranças Pensamentos – sentimento que a dor nunca irá passar, que nunca se sentirá bem novamente, pensamentos confusos, sensação que a perda não aconteceu. Reações frente ao luto É completamente normal que crianças que estão vivenciando esse processo, tenham seu desempenho escolar afetado e apresentem dificuldade de concentração, menor interação social e mostrarem-se muito cansadas, o que pode causar lentidão de movimentos. É importante ressaltar que é necessário vivenciar esse processo de luto, e não há um tempo de duração “normal”. O que define um luto dificultoso não é apenas o tempo e sim vários fatores, como a intensidade, a frequência e a duração dessas manifestações. Permita que cada um tenha o seu próprio tempo de recuperação! Além disso, datas comemorativas, como aniversários, podem tornar-se dias difíceis com a ausência do ente querido. A elaboração do luto Quando devo buscar ajuda? A partir do momento em que as reações já descritas persistirem durante um grande período e gerando muitos prejuízos para a criança ou adolescente, ou se um adulto perceber que a criança está com dificuldade de lidar com mudanças que a perda causou, é recomendado que se busque a avaliação de um profissional de Psicologia. Quando e como crianças e adolescentes entendem o luto? A compreensão sobre a morte e perdas estão diretamente associadas a idade e ao amadurecimento cognitivo infantil, por isso é importante identificar qual nível encontra-se a criança para entender como ela enxerga esse processo. Até 3 anos: Percebe a ausência da pessoa, a mudança na rotina, mas não compreende claramente o que aconteceu, contudo, pode sofrer igualmente com a perda e buscar na imaginação justificativas para a falta da pessoa. Entre 3 e 5 anos: Começa a entender que a morte é o oposto da vida, mas não compreende que a pessoa que morreu não vai mais voltar. Geralmente associam a morte com o sono e acham que a pessoa foi embora por outros motivos. Entre 5 e 9 anos: Começa a compreender que a morte é irreversível e que pode acontecer com todos. Muito comum as crianças imaginarem a morte como um personagem que leva embora as pessoas. Entre 9 e 10 anos: Nesta fase a criança já compreende a morte e tem certeza que é um processo irreversível. Possui menos ideias fantasiosas, uma vez que, já entende que a morte se deu porque o corpo parou de funcionar. Entre 11 e 18 anos: Possui total consciência que a pessoa que morreu não irá voltar, mas possui dificuldades em pensar que é algo possível de acontecer consigo ou com alguém próximo. Informe apenas o necessário para a compreensão da criança. Não dê detalhes sobre como foi a morte e/ou perda. Dicas para conversar Abaixe na altura da criança para comunicá-la sobre a perda e para conversar. Permita que a criança faça perguntas sobre o ocorrido. Importante manter-se calmo, pois elas podem fazer a mesma pergunta por diversas vezes, assim, repita sua resposta quantas vezes for necessário. Diga que eles não possuem culpa pelo o que aconteceu. Faça a comunicação com tempo e fique sempre disponível para falar do assunto. Dicas para conversar Não se preocupe em chorar na frente da criança. Lembre-se! você é um espelho para ela e isso poderá ajudá-la permitindo que se expresse também. Diga o que está sentindo e o que causou seu choro. A criança deve partic ipar de rituais de despedidas ou funerais? A resposta é SIM! Esse processo é importante para que a criança tenha oportunidade de se despedir e que também use esse espaço para expressar seus sentimentos. Contudo, é necessário explicar antecipadamente à criança o que ela irá encontrar e questionar se ela deseja ou não participar, respeitando sua escolha. Explique de forma breve e de acordo com a compreensão da criança o que é e como será o ritual de despedida. Evite termos que possam causar medo! Se a resposta for por participar do funeral, garanta que um adulto próximo acompanhe sempre a criança para acolher suas emoções e dúvidas, mostrando inclusive que aquele é o ambiente e momento adequado para chorar e expressar seus sentimentos. Os rituais nos ajudam a tornar uma experiência concreta! Por meio dele encontramos espaço para dividirmos com pessoas próximas nossos sentimentos e consequentemente validá-los. Seja um adulto de referência e permita a criança ou adolescente vivenciar e elaborar o luto consigo! Outras formas de apoio emocional e rituais de despedida : Construção de memorial em casa com fotos, objetos e outras coisas que lembram a pessoa falecida. Escrever uma carta para a pessoa que faleceu, podendo expressar os sentimentos e dificuldades frente a perda ou até mesmo uma despedida para o que viveram. Caixa de recordações com fotos e objetos importantes que trazem boas lembranças da pessoa falecida. Outras formas de apoio emocional e rituais de despedida : Utilize materiais didáticos e lúdicos para trabalhar o luto e a morte com crianças, seja filmes, desenhos, músicas, livros e brincadeiras, mas NUNCA omita o que aconteceu! Como l idar com o luto em ambiente escolar? O primeiro passo é aceitar que o acolhimento de crianças e adolescentes enlutados é uma tarefa da escola, professores, equipe pedagógica e funcionários! discutir temas como luto e morte nas escolas é por que as consequências destes estão diretamente ligadas a problemas de aprendizagem. Um dos principais motivos pelo qual é necessário crianças e adolescentes passam a maior parte do seu dia! Além do mais, a escola é um dos ambientes onde Como identif icar um aluno enlutado? Atenção aos comportamentos: Agitação; Desorientação; Raiva e insubordinação; Déficit de atenção e concentração; Diminuição do rendimento escolar esperado; Isolamento; Ansiedade; Baixa autoestima; 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Outras situações que merecem atenção! Perdas de pessoas significativas; Perdas de animais de estimação; Bullying; Exclusão e humilhação dos outros alunos; Separação ou distanciamento familiar; Hospitalização e doenças; Automutilação; Morte e acidentes de alunos; 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Nunca negue o luto! O primeiro é o acolhimento com empatia! Aqui o professor deverá atuar como um cuidador e deixar a criança ou adolescente à vontade para falar, ou não, de seus sentimentos! Quais os manejos do luto na escola? Quais os manejos do luto nas escolas? Como muitas crianças não sabemfalar de seus sentimentos, as atividades lúdicas tornam-se grandes aliadas no enfrentamento e na elaboração do luto! Por meio do desenho a criança pode expressar suas fantasias mais dolorosas, as quais muitas vezes podem se deslocar da realidade para o seu imaginário. Assim, pode aparecer nas ilustrações o desejo de que a pessoa morta volte a viver, isso se a criança ainda não tiver formado o conceito de irreversibilidade. Com isso, o professor ao permitir que a criança desenhe livremente, abre-se um valioso espaço para criança externalizar seus sentimentos e emoções. Quais os manejos do luto nas escolas? Outros manejos: Trabalhe com filmes animados, como: O caminho da Lua Rei leão Viva! A vida é uma festa! Lilo & Stitch 1 Up - altas aventuras Outros manejos: Literaturas didáticas como: Quando mamãe ou papai morre: um livro para consolar as crianças. (Daniel Grippo) Quando coisas ruins acontece: um guia para ajudar crianças a enfrentá- las. (Daniel Grippo) O coração e a garrafa. (Oliver Jefferrs) O pato, a morte e a tulipa. (Wolf Erlbruch) Mas por quê??! A História de Elvis. (Peter Schössow, Cosac Naify) 1. 2. 3. 4. 5. Outros manejos: Outras atividades lúdicas: Pic-nic; Músicas; Modelagem de massinha e argila; Brincadeiras; Pintura; Este momento é importante, pois permite a elaboração do luto para além da criança enlutada, abrange também aquelas que se identificam com o medo da perda e as ajudam no gerenciamento da ansiedade. Referências ANTON, Márcia Camaratta; FAVERO, Eveline. Morte repentina de genitores e luto infantil: uma revisão da literatura em periódicos científicos brasileiros. Interação em Psicologia, Curitiba, v.15, n.1, out. 2011. ALVES, Elaine Gomes dos Reis; KOVACS, Maria Júlia. Morte de aluno: luto na escola. Psicol. Esc. Educ., Maringá , v. 20, n. 2, p. 403-406, Aug. 2016 . GRIPPO, Daniel. Quando mamãe ou papai morre: um livro para consolar as crianças. São Paulo: Paulus, 2009. GRIPPO, Daniel. Quando coisas ruins acontece: um guia para ajudar crianças a enfrentá-las. São Paulo: Paulus, 2004. KOVACS, Maria Julia. Educadores e a morte. Psicol. Esc. Educ., Maringá , v. 16, n. 1, p. 71-81, June 2012 . MAIA, Bruna Bortolozzi; CAMPOS, Bruna Rafaele Rodrigues; FERREIRA, Flávia Neves et al. E os que ficam? Cartilha de orientações sobre o luto decorrente da morte de um ente querido no contexto da covid-19. 1. ed. - Araraquara, SP: Padu Aragon, Editor: 2021. PAIVA, Lucélia Elizabeth. A arte de falar da morte para crianças: A literatura infantil como recurso para abordar a morte com crianças e educadores. Aparecida: Editora Ideias & Letras, 2011. Ross Elisabeth Kübler. Sobre a morte e o morrer: 8ª Ed., Martins Fontes. São Paulo, 1998.
Compartilhar