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Este manual não esgota todas as alterações e condutas, mas aborda a maioria dos casos vistos na prática diária do médico do trabalho e eletrocardiogramas alterados. Os assuntos aqui abordados se relacionam com a observação da prática clínica e nas perguntas feitas por muitos médicos do trabalho e clínicos, relacionadas com as alterações encontradas no eletrocardiograma de rotina. Esqueça a compra de eletrocardiograma, opte pelo aluguel em comodato Não é do nosso interesse discutir as indicações do exame de acordo com as normatizações na medicina do trabalho. Visto que, todo médico do trabalho tem seus registros e condutas próprias, inerentes à sua formação e indiscutíveis na sua prática diária. Levando em conta, inclusive, as NR e a condição específica de cada região e o ramo de atividade da empresa, bem como o acesso aos exames ou especialistas. 3 Ao final da leitura, o médico do trabalho será capaz de: Conduzir de forma mais segura e especializada as situações onde um colaborador apresentar eletrocardiograma alterado. Comparar as condutas indicadas pelo cardiologista que segue as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o que está habituado a fazer na rotina de atendimento na medicina do trabalho. Indicar condutas para cada caso, antes mesmo de encaminhar para um cardiologista, reduzindo custos para o colaborador e empresa. Tomar decisões mais seguras e conscientes seguindo as dicas práticas do cardiologista, não prejudicando inclusive o colaborador nos processos de admissão, periódico ou demissionais. Observar a qualidade dos exames e a repetição de laudos com alterações que muitas vezes estão relacionadas à execução técnica do exame e não especificamente a alterações reais no exame daquele colaborador. Melhorar a qualidade dos exames eletrocardiográficos realizados em sua clínica, bem como orientar o técnico em enfermagem a aperfeiçoar as técnicas de realização do eletrocardiograma e, consequentemente, aprimorar o padrão de qualidade na sua região. 4 Ao longo de 12 anos de atuação na Telemedicina Morsch, observamos a grande dificuldade dos médicos do trabalho e clínicos em geral diante dos resultados de exames de eletrocardiogramas alterados, onde com relativa frequência acabam ligando para nosso serviço e solicitando orientações sobre o resultado do exame e a insegurança em tomar a conduta correta de acordo com a profissão do colaborador ou paciente em acompanhamento. É muito importante ter em mente que o resultado de um eletrocardiograma isolado não representa doença, a descrição encontrada no laudo muitas vezes assusta o colaborador e o médico por esperarem uma conclusão definitiva do especialista e no lugar de uma conclusão, o que regularmente vem descrito são achados que podem ou não representar doença. A forma de descrever o exame pelo Cardiologista se baseia numa análise fria do traçado eletrocardiográfico, sem relacionar com a história clínica do paciente e sem pelo menos ter examinado o paciente. Muitas alterações descritas são condizentes com várias possibilidades, desde um exame alterado num paciente saudável, até o mesmo resultado aparecendo em cardiopatas, com isso é praticamente impossível concluir o laudo entregue, pois na prática clínica o cardiologista precisa juntar as peças do quebra-cabeças, unindo a anamnese e exame clínico para então formalizar uma conclusão no laudo. Ou seja, somente com uma avaliação presencial do paciente e exames mais precisos será possível afirmar algo mais concreto sobre a alteração ser normal ou doença. Vale ressaltar que existe uma parcela da população que apresenta alterações de nascimento sem se enquadrar em doença, chamadas de congênitas. O mesmo resultado pode acabar aparecendo em uma pessoa adulta ao longo da vida e, nesse caso, indicar o início de uma doença, incluindo ocupacional. 6 Os resultados descritos nos laudos do eletrocardiograma são muito dinâmicos, sendo comum causarem dúvidas aos médicos que recebem resultados diferentes num curto período de tempo. Um bom exemplo são as alterações inespecíficas ou difusas, descritas dessa maneira justamente por não indicarem uma doença específica e, aparecendo de forma intermitente, acabam trazendo dor de cabeça para muitos médicos. Veja também laudo de eletrocardiograma a distância 7 Nas linhas a seguir, descreveremos os principais achados na população em geral. Variações de eletrocardiogramas normais, ou seja, pacientes com coração normal e eletrocardiograma alterado. 2.1 Ritmo cardíaco Arritmia sinusal intensa com ritmo de escape ventricular – situação muito comum em adolescentes e adultos jovens. Perda da arritmia sinusal – situação que ocorre com o decorrer da idade, ou seja, quando criança teve um laudo de arritmia sinusal e com o crescimento desapareceu. Extra sístoles ventriculares raras – presente em todos os seres humanos, alguns sentem, outros não. Notadas como descompasso cardíaco. Extra sístoles supra ventriculares raras – presente em todos os seres humanos, também sentidas por uns e outros não. Bradicardia sinusal – presente em indivíduos jovens que praticam atividade física intensamente. Em casos de pessoas com mais idade, está relacionada na maioria das vezes a medicamentos. Taquicardia sinusal – presente em indivíduos ansiosos, anemia, ambientes com temperatura extrema como calor ou frio. Nas duas últimas alterações citadas, é importante investigar tireoide para afastar hipertireoidismo. 2.2 Onda P Correspondente à despolarização atrial, esse tipo de alteração aparece normalmente como invertida em AVR, mas pode aparecer como invertida em AVL. 9 2.3 Eixo elétrico cardíaco Normalmente encontrado entre 0 e 90 graus, sendo desvio discreto para a direita em pessoas altas e desvio discreto para a esquerda em pessoas baixas e obesos em geral. 2.4 Complexos QRS nas derivações precordiais Correspondente à despolarização das paredes dos ventrículos, uma onda R em V5 e V6 pode apresentar mais de 25 mm. Quando a variação da dominância discreta da onda R em V1 não apresenta hipertrofia de ventrículo esquerdo e infarto posterior, deve ser considerada normal e despreocupante. Antigo bloqueio de ramo direito, agora com nova nomenclatura de distúrbio de condução pelo ramo direito, presente em 0,3% da população jovem e 2% da população idosa. Antigo hemibloqueio ântero-superior esquerdo, hoje descrito na nova nomenclatura como distúrbio de condução pelo ramo esquerdo do feixe de His, presente em 0,1% da população jovem e 0,7% da população idosa. Dependendo da posição da derivação, nem é possível se perceber uma onda Q septal, mas quando aparece nas derivações D3, AVL, V5 e V6, é considerado normal. 2.5 Segmento ST Considerado normal quando aparece elevado em V3 e V4, correspondente à parede anterior depois de uma onda S. Infradesnivelado durante a gravidez. 10 2.6 Onda T A repolarização do ventrículo, que acontece ao final do período de ejeção, é representada pela onda T e sofre alterações inespecíficas de um dia para o outro. Podem aparecer apiculadas - especialmente se forem altas - e inverter-se com a hiperventilação e ansiedade. Também não identifica doença quando aparece invertida em AVR e, com menor frequência, em V1; Ou invertida em V2 e V3, incluindo V4 em negros. 2.7 Onda U Sua presença em V3 e V4 é considerada normal quando a onda T não estiver achatada. Para reforçar e finalizar esse capítulo, todas essas variações aparecem com frequência em exames eletrocardiográficos e não apresentam risco de doença. 11 Diante de uma pessoa aparentemente saudável, sem nenhuma queixa, devemos fazer as seguintes perguntas: 3.1 O eletrocardiograma é realmente do pacienteatendido? É muito frequente ocorrer troca de registros, principalmente quando a clínica utiliza os serviços de empresa de telemedicina, então a primeira coisa a fazer é repetir o exame. Veja 4 motivos para contratar um serviço de telemedicina para sua clínica A segunda situação muito comum, tanto em consultórios convencionais quanto em clínicas que realizam o eletrocardiograma e enviam o exame para ser laudado por empresas de telemedicina, é a má qualidade técnica do exame. Quando o técnico responsável foi mal treinado e não prepara bem a pele do paciente, por exemplo, deixando de usar algodão com álcool para retirar a gordura dos locais onde irão os eletrodos, bem como não respeitando a posição correta dos eletrodos principais no tórax do paciente. Nesse caso, a colocação incorreta de V1 e V2 ocasiona perda da linha isopotencial responsável pela formação do estímulo registrado no aparelho, apontando quase que em todos os exames um distúrbio de condução pelo ramo direito do feixe de His. Quando o resultado for esse, é recomendável repetir o exame para garantir o acerto do diagnóstico. Um erro pode trazer mais problemas do que auxílio aos pacientes e, portanto, todo cuidado é pouco. A forma correta de colocação de V1 e V2 é no quarto espaço intercostal, na linha dos mamilos - bem visível no homem e com certa dificuldade de relacionar na mulher devido as mamas, mas nada que apalpar cada espaço a partir da clavícula não resolva. 3.2 O eletrocardiograma é realmente anormal ou se encaixa dentro das variações normais descritas acima? Resumimos as alterações principais numa tabela e recomendamos tê-la em mãos para orientar nas situações cotidianas, com o tempo se torna automático. Está disponível para impressão no final deste e-book. 13 3.3 Se o eletrocardiograma for realmente anormal, quais as implicações para o paciente? Tudo vai depender dos achados descritos no eletrocardiograma, principalmente: 3.3.1 Distúrbios de condução Na presença de distúrbio de condução pelo ramo direito e esquerdo de grau moderado a avançado, indicam cardiopatia e tem prognóstico pior para desenvolver miocardiopatia, aumentando em 30% o risco de óbito ao longa da vida, quando comparado com a população em geral, na ausência de outras cardiopatias. Os casos de bloqueios congênitos tem melhor prognóstico com vida normal, usando marcapasso quando indicado ao longo do seguimento clínico. Nos casos em que o distúrbio de condução tanto pelo ramo direito quanto esquerdo de grau moderado a avançado forem intermitentes, o prognóstico é ainda pior, quando comparado aos pacientes com bloqueios fixos, aumentando em 60% a chance de cardiopatia isquêmica ao longo da vida. A presença de bloqueio atrioventricular de primeiro grau tem boa evolução e, normalmente, está relacionada ao envelhecimento. Em raros casos, acompanha doença coronária. Já quando nos deparamos com bloqueio atrioventricular de segundo grau, devemos acompanhar esse paciente com ergometria e holter anual, pois a chance de desenvolver bloqueio atrioventricular total ou de terceiro grau é alta, necessitando implante de marcapasso ventricular. Para laudos onde está descrito bloqueio divisional ântero- superior esquerdo, a maioria das vezes está relacionado com hipertensão de longa data, pelo menos mais de 3 anos sem tratamento efetivo. Em 0,3% dos casos, está presente desde o nascimento. 14 Para aqueles que desenvolveram o bloqueio ao longo da vida, recomenda-se o controle da pressão e demais fatores de risco para doença coronariana, evitando assim, chances de infarto agudo e miocardiopatia dilatada. 3.3.2 Arritmias benignas Também chamadas de disritmias, as arritmias benignas estão presentes com maior frequência nas profissões que exigem grande carga emocional, estresse, abuso no cafezinho, bebidas alcoólicas, esforço físico intenso diário. Extra-sístoles supra ventriculares e ventriculares, isoladas e pouco frequentes, são universais, ou seja, todos nós temos e não sentimos. Extra-sístoles ventriculares frequentes, polimórficas implicam em aumento de mortalidade. Porém, não existe estudo que indique que tratar o eletrocardiograma na intenção de reduzir o número de extra-sístoles irá reduzir a sobrevida. Devemos agir nos fatores que pioram essa condição. 3.3.3 Anormalidades do segmento ST Uma condição não tão rara no jovem é encontrar um laudo de eletrocardiograma com descrição de presença de repolarização precoce ventricular em parede anterior. Essa situação predispõe o paciente a desenvolver taquiarritmias no futuro, porém, numa frequência muito baixa. 3.4 O que devo fazer diante de um eletrocardiograma realmente anormal? A principal informação que devemos ter é que precisamos tratar o paciente e seus sintomas e não as alterações do eletrocardiograma, porque certamente elas não irão desaparecer com o tratamento. O objetivo é melhorar os sintomas e aumentar a sobrevida e não pensar no resultado do exame sem ter todo o contexto clínico do paciente. 15 3.4.1 Nos casos onde o eletrocardiograma evidenciou distúrbio de condução de ramo direito ou esquerdo, moderado a avançado No distúrbio de condução de ramo esquerdo a rotina é realizar ecocardiograma para afastar miocardiopatias. Já nos distúrbios de condução pelo ramo direito, devemos rastrear os defeitos do septo interatrial. 3.4.2 Arritmias ou disritmias A primeira conduta é rever a situação emocional no trabalho e em casa, avaliar a quantidade de substâncias estimulantes que o paciente vem ingerindo, incluindo café, chimarrão, álcool, drogas ilícitas e o nível de esforço físico no seu trabalho. Se houver necessidade de correção desses fatores, certamente irá implicar numa redução substancial dos eventos Aprenda como instalar o Holter de ECG 24 horas da DMS Somente justifica investigar os casos de arritmias frequentes e polimórficas, onde está indicado o ecocardiograma e queremos afastar miocardiopatias e valvulopatias, principalmente em pacientes que tem forte história familiar para morte súbita. 16 O holter de ECG está indicado para quantificar os episódios de arritmias e, então, acompanhar o aumento ou redução ao longo do tempo de acompanhamento. A ergometria pode ser indicada caso se suspeite de arritmia desencadeada pelo esforço. Extra-sístole ventricular frequente com bigeminismo ventricular, uma condição relativamente frequente nos casos de extra-sístole ventricular frequente, porém o nome assusta mais que a repercussão no paciente. Devemos, novamente, observar os fatores de risco, condições de ansiedade e estresse, comportamento da pressão arterial e sem cardiopatia associada. Nos casos de acompanhar um paciente assintomático, corrija os fatores de risco. Mas sendo um paciente sintomático, com angina e baixo débito, é melhor encaminhar para um cardiologista. A presença de fibrilação atrial implica em risco aumentado de morte e predispõe o paciente a desenvolver AIT, isquemia cerebral, AVC embólico grave. Nessa situação, para indicar a anticoagulação, devemos aplicar os seguintes índices: 3.4.2.1 CHADVASC O cálculo desse índice ajuda a escolher os pacientes que realmente são candidatos à anticoagulação, bastando ter fibrilação atrial por mais de 30 dias e 2 variáveis presentes para justificar a indicação. As variáveis analisadas são: Insuficiência cardíaca mensurada por ecocardiografia com fração de ejeção inferior a 50%; Idade acima de 65 anos para o homem e mais de 74 anos para a mulher; Hipertensão arterial sistêmica; Diabetes Melitus; AVC ou AIT prévios; Doença coronariana ou vasculopatia periférica; Sexo feminino. 17 3.4.2.2 HASBLED Esse índice auxilia o médico a decidir se indica manter a anticoagulação mesmo depoisde um evento hemorrágico em um paciente com fibrilação atrial, que como intercorrência teve algum tipo de sangramento pelo uso de qualquer classe de anticoagulante. Se o paciente apresentar 3 fatores ou mais, está contraindicado o retorno da anticoagulação: O risco de morte decorrente ao não tratamento adequado da fibrilação atrial, quando comparado à população em geral, implica em sujeitar um paciente a ter até 10 vezes mais chance de AVC embólico. Na fibrilação atrial, o ecocardiograma está indicado para avaliar o tamanho do átrio esquerdo, a função ventricular, valvulopatia mitral e presença grosseira de trombos intracardíacos. Só há indicação de controle do ritmo, em casos de alta resposta ventricular e de anticoagulação, em que o CHADVASC for superior a 2. Essa arritmia também está relacionada ao alto consumo de álcool pelo adulto/jovem - principalmente nos finais de semana. Nos idosos com mais de 70 anos, está presente em 70% dos casos e é o principal fator de risco para AVC embólico. Quando aparece Flutter atrial no laudo, sempre devemos reverter para ritmo sinusal e anticoagular e, assim, evitar fenômenos embólicos. É indicado que se faça o Estudo Eletrofisiológico para melhorar a evolução. Hipertensão arterial sistêmica; Alteração renal ou hepática; AVC prévio; Sangramento prévio ou coagulopatia; RNI abaixo de 60%; Maiores de 65 anos; Uso de AINES ou alcoolismo. 18 Para os casos de Wolf-Parkinson-White em pacientes assintomáticos, devemos encaminhar para um cardiologista realizar o Estudo Eletrofisiológico, avaliando potenciais arritmias futuras que comprometem a vida do paciente. Se o resultado mostrar Taquiarritmia supraventricular, estando o paciente estável hemodinamicamente, devemos usar adenosina ou amiodarona EV e encaminhar para o cardiologista. É muito comum receber eletrocardiogramas com extra-sístole ventricular e supraventricular frequentes. Nessa situação, o que devemos fazer é acompanhar o paciente, excluindo fatores que aumentam a arritmia como estimulantes e realizar holter de eletrocardiograma anual. Afastando assim, o desenvolvimento da fibrilação atrial - que é a maior complicação esperada, junto com as chances de embolia de origem cardíaca. 19 3.4.3 Anormalidades do segmento ST Quando o laudo de eletrocardiograma enfatiza a presença de isquemia miocárdica, nos deparamos com um universo de possibilidades que vão desde um exame alterado num paciente saudável, até casos de miocardiopatias, cardiopatias congênitas com coronárias anômalas em jovens e doença isquêmica em pacientes adultos, com fatores de risco clássicos como hipertensão, dislipidemia, fumo, diabetes e histórico familiar. Nesses casos, o encaminhamento para o cardiologista se faz necessário. O paciente irá se submeter a uma ergometria - caso tenha condições físicas para o exame, ou uma cintilografia miocárdica. Um laudo com repolarização precoce ventricular, indica a necessidade de acompanhamento clínico com realização de ergometria a cada 2 ou 3 anos para investigar arritmias no esforço, de acordo com os sintomas. Se o exame de ergometria manter-se como normal, não será necessário nenhum tratamento, apenas acompanhar e repetir os exames funcionais conforme sugerido anteriormente. Laudos com alterações inespecíficas ou difusas da repolarização ventricular são muito frequentes. Esses casos indicam que o traçado não é normal, mas não esclarece um diagnóstico claro, vai depender dos sintomas do paciente e, para tanto, o médico deverá avaliar se indica uma ergometria ou cintilografia complementar e suspeita de doença coronariana. Mas se observar que se trata de um paciente saudável, sem fatores de risco e sem sintomas, pode desvalorizar os achados. 3.4.4 Sobrecarga de cavidades direitas e ou esquerdas Quando nos deparamos com eletrocardiogramas que descrevem sobrecarga de cavidades ventricular direita, esquerda, atrial direita ou esquerda, o exame seguinte é um ecocardiograma que pode ser normal ou confirmar cardiopatia em muitos casos como miocardiopatias, valvulopatias, cardiopatias congênitas. 20 O importante é observar o mais comum que está relacionado à presença de sobrecargas por hipertensão arterial sistêmica, ou até mesmo ligadas à atividade intensa no trabalho pesado que acaba desenvolvendo o chamado coração do atleta com hipertrofia ventricular esquerda. Essa condição aumenta o risco de morte súbita por arritmia. O trabalhador braçal, aquele enquadrado em serviços pesados, se equivale a um atleta de alta performance e está sujeito a desenvolver hipertrofia ventricular esquerda e aumentar o risco de morte súbita por arritmia no esforço. Então, devemos ficar atentos nesses pacientes e procurar acompanhar esses indivíduos ao longo da vida, incluindo analisar o histórico familiar na busca de morte súbita para prevenção. Estudos recentes de atletas que faleceram de morte súbita, revelam no pós-morte a presença de hipertrofia ventricular esquerda e displasia arritmogênica de ventrículo esquerdo ou direito. O mais interessante é que 30% das mortes ocorreram em repouso, sem relação com esforço físico como fator desencadeante, isso nos ensina que o rastreio dessas doenças é fundamental nos indivíduos que se submetem a serviços pesados e/ou estressantes. Para evitar a morte súbita de forma geral, o ideal é fazer acompanhamento com cardiologista e afastar arritmias em repouso através do holter. 21 3.4.5 Zonas inativas Quando está descrito zona inativa no laudo, na maioria das vezes pensamos na hipótese de infartos antigos que o paciente sofreu. Porém, essa situação ocorre em pacientes jovens sem eventos prévios, sem ter fatores de risco para doença coronariana ou mesmo histórico familiar. Quando investigamos profundamente o paciente, descobrimos que se trata também de um eletrocardiograma alterado em paciente saudável. Diante disso, devemos usar o bom senso, valorizar a clínica do paciente e só indicar uma avaliação com o cardiologista, se houver fortes evidências de doença coronariana em paciente jovem, visto que é extremamente raro isso acontecer. Uma situação relativamente comum é receber laudos de eletrocardiograma com zona inativa septal e bloqueio de ramo esquerdo. Essa é uma exceção onde a zona inativa não corresponde a infarto prévio, mas sim um critério de bloqueio de ramo esquerdo. O oposto disso é receber um eletrocardiograma com zona inativa septal isolada, o que pode ser considerado normal em casos de jovens que não tiverem outros achados, mas também pode acusar infarto antigo em adultos velhos, por isso devemos usar o bom senso. 22 O acompanhamento de colaboradores nas diversas profissões é um verdadeiro desafio para o médico do trabalho. A abrangência de fatores de risco ocupacionais somada a fatores de risco comuns para as doenças cardíacas, aumenta o leque de possibilidades de se deparar com pacientes saudáveis ou doentes, com doença avançada onde o eletrocardiograma pode ou não ser efetivo em rastrear a doença, trazendo com isso, um risco aumentado para esse paciente permanecer no seu atual posto de trabalho e acabar com eventos cardiovasculares, necessitando de investigação aprofundada, tratamento efetivo e até recolocação na empresa. O eletrocardiograma tem baixa sensibilidade para rastrear doenças no seu estágio inicial, chegando a apenas 35% no poder de identificar a doença, porém, quando presente a descrição de isquemias ou infartos, a especificidade chega a 80%. É indicado realizar ergometria anual - de rotina - em pacientes com fatores de risco para doença coronariana, na intenção de diagnóstico precoce com idade superior a 30 anos. Se o resultado vier com isquemia miocárdica, encaminhe o paciente paraum cardiologista, assim a responsabilidade é dividida e a exposição a processos jurídicos é reduzida. Fique por dentro das tendências da Telemedicina 24 A escolha de empresas de telemedicina é uma ótima forma de aumentar os lucros das empresas de medicina do trabalho e de engenharia e segurança do trabalho. Optando em contratar a Telemedicina Morsch, é possível receber o aparelho de eletrocardiograma em comodato, sem custo, pagando uma mensalidade acessível e ainda recebendo 30 laudos de cortesia mensal. Pense nisso! Se ainda não realiza exames em sua empresa, está deixando de ter uma ótima fonte de receita, isso nos dias de hoje faz toda a diferença. Conheça 5 razões pelas quais a Telemedicina veio para ajudar a saúde Fique à vontade para entrar em contato, assinar nossa newsletter, redes sociais, fazer perguntas e quem sabe se tornar um futuro cliente. Dr. José Aldair Morsch Cardiologista responsável telemedicinamorsch.com.br (54) 3321-3815 / Whatsapp (54) 9165-0188 josemorsch@telemedicinamorsch.com.br VISITAR O SITE
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