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Relatorio Passivos ambientais e urbanismo

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Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório 
 
Seminário: Passivos Ambientais e 
Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo – SP 
2018 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
 
 
 
 
Seminário: Passivos Ambientais e 
Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior 
do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de 
Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável – IAS 
 
Coordenação Geral: Antonio Carlos da Ponte (Procurador de Justiça e Diretor 
do CEAF/ESMP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
SUMÁRIO 
1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 5 
2. MESA 1: O USO DE ÁREAS URBANAS CONTAMINADAS: DESAFIOS ....... 9 
Palestra 1: A Estruturação da Transformação Urbana no Plano Diretor Estratégico 
Paulistano e a Gestão das Áreas Contaminadas. ........................................................ 9 
Palestra 2: Urbanismo e uso das áreas contaminadas na visão do setor privado. ...... 10 
Palestra 3: Urbanismo e uso das áreas contaminadas na visão do Ministério Público.
 ............................................................................................................................... 11 
Palestra 4: A auto composição de conflitos no uso de áreas contaminadas e o 
interesse socioambiental.......................................................................................... 12 
3. MESA 2: VALORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS 
IMPACTADOS POR ATIVIDADES CONTAMINANTES ....................................... 13 
Palestra 1: Da suficiência jurídica da remediação do dano conforme normatização 
existente.................................................................................................................. 13 
Palestra 2: Poluição de águas subterrâneas: impactos ambientais ............................. 14 
Palestra 3: Proposta de metodologia de valoração de recursos hídricos subterrâneos 
impactados por atividades contaminantes ................................................................ 15 
4. MESA 3: GESTÃO DAS ÁREAS CONTAMINADAS: UMA NOVA 
PERSPECTIVA .......................................................................................................... 17 
Palestra 1: A Eficácia na Gestão das Áreas Contaminadas Críticas ou de Fontes 
Múltiplas ................................................................................................................ 17 
Palestra 2: Áreas de Estruturação Urbana do Plano Diretor Estratégico – Arco de 
Jurubatuba e Arco Leste: O papel do DECONT ...................................................... 18 
Palestra 3: Recuperação de Áreas Contaminadas ..................................................... 20 
Palestra 4: Remediação das Áreas Contaminadas: Obstáculos e Incentivos ............. 22 
Palestra 5: Os limites técnicos e econômicos da recuperação ambiental do solo e das 
águas subterrâneas contaminados ............................................................................ 23 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
5. MESA 4: ÁREAS CONTAMINADAS: INTERFACES MEIO AMBIENTE E 
SAÚDE ...................................................................................................................... 24 
Palestra 1: Controle do risco sanitário e passivos ambientais ................................... 25 
Palestra 2: A segurança da água e um olhar na saúde da população ......................... 26 
Palestra 3: Ouso de águas subterrâneas para abastecimento humano e as 
contaminações do solo e águas subterrâneas (urbanas e rurais) ................................ 28 
Palestra 4: Monitoramento da qualidade das águas subterrâneas no Estado de São 
Paulo ...................................................................................................................... 30 
6. ENCERRAMENTO ............................................................................................ 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
1. APRESENTAÇÃO 
No dia 18 de abril de 2018 a Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, 
em parceria com a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio 
Ambiente (ABRAMPA) e o Instituto Água Sustentável (IAS), promoveu o Seminário: 
Passivos Ambientais e Urbanismo. O evento foi realizado na Escola Superior do 
Ministério Público de São Paulo e contou com a presença de 240 participantes, envolvidos 
em temas de suma importância para o enriquecimento profissional e científico, com 
abordagens atuais e de grande interesse para os setores público e privado. 
O evento foi repleto de êxito, não só pela organização, apoio e patrocínio, mas 
principalmente, pelos palestrantes e participantes, que compartilharam das discussões e 
trocaram experiências. 
A mesa de abertura foi composta por renomados profissionais: 
 
 
 
 
Dr. Antonio Carlos da Ponte - Procurador de Justiça do Estado de São Paulo e 
atualmente Diretor do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional Escola 
Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo. 
 
 
 
Dr. Tiago Cintra Zarif - Promotor de Justiça, Coordenador Geral do Centro de 
Apoio Nacional das Promotorias de Justiças Civis e Tutela Coletiva do 
Ministério Público do Estado de São Paulo. 
 
 
 
Gabriel Bittencourt Perez - Procurador de Justiça, Vice-presidente da Associação 
Paulista do Ministério Público. 
 
 
 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
 
Luís Fernando Cabral Barreto - Promotor de Justiça do Estado do Maranhão e 
Presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio 
Ambiente. 
 
 
 
José Luís Eduardo Ismael Lutti - Procurador de Justiça do Estado de São Paulo, 
Vice-presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público 
de Meio Ambiente e co-idealizador do evento. 
 
 
 
Carlos Roberto dos Santos - Diretor-Presidente da Companhia Ambiental do 
Estado de São Paulo – CETESB. 
 
 
 
Everton de Oliveira - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, diretor do 
Instituto Água Sustentável e Sócio fundador da Hidroplan. 
 
As mesas dediscussões trataram dos seguintes temas: 
v Mesa 1: O uso de Áreas Urbanas Contaminadas: Desafios. 
v Mesa 2: Valoração dos Recursos Hídricos Subterrâneos Impactados por 
Atividades Contaminantes. 
v Mesa 3: Gestão das Áreas Contaminadas: Uma Nova Perspectiva. 
v Mesa 4: Áreas Contaminadas: Interfaces, Meio Ambiente e Saúde. 
 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
Mesa de abertura. 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
 
 
 
Auditório principal 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
 
 
Sala 1 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
 
Na mesa de abertura o Dr. Antonio Carlos da Ponte (Procurador de Justiça e 
Diretor do CEAF/ESMP) enfatizou a importância do tema do seminário e disse que a 
contaminação do solo, das águas subterrâneas e superficiais é um assunto multidisciplinar 
que envolve não só o meio ambiente, habitação e urbanismo, mas sobretudo questões de 
saúde pública. 
Dr. Antonio Carlos menciona que em 2017 a Agência Ambiental do Estado de 
São Paulo (CETESB) realizou um levantamento no Estado de São Paulo e identificou 
5.942 áreas contaminadas, sendo que deste total apenas 1.184 foram consideradas 
reabilitadas para o uso declarado. Este fato demonstra a importância do tema e a 
dificuldade de seu enfrentamento. 
O Dr. Carlos Roberto dos Santos (Diretor-presidente da CETESB) também 
salienta a significância em debater os temas propostos nas mesas de discussões e destaca 
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que a CETESB tem trabalhado em conjunto com o Ministério Público em relação as áreas 
contaminadas. 
Do total de áreas contaminadas levantadas pela CETESB (5.942 áreas), 80% 
ainda necessita de cuidado. De acordo com o Dr. Carlos Roberto “ao longo dos anos o 
tema vem evoluindo e atualmente há mais controle da contaminação” e deve-se dar mais 
destaque para os postos de combustíveis, os quais são responsáveis por 70% das fontes 
de contaminação. 
A seguir o Dr. José Eduardo Ismael Lutti (Procurador de Justiça do Estado de 
São Paulo) relata que a área ambiental foi bastante afetada com a turbulência que o país 
tem enfrentado e houve retrocessos gravíssimos na área ambiental (questões que estavam 
consolidadas e que legislativamente retrocederam). Porém, o mercado de gerenciamento 
de áreas contaminadas obteve alguns avanços, em especial no Estado de São Paulo, mas 
carece de evolução. 
Finalmente, o Dr. Everton de Oliveira (Diretor do Instituto Água Sustentável) 
aponta que algumas discussões que foram abordadas no evento carecem de base técnica 
e que os profissionais da área devem promover a interação entre a ciência e o Ministério 
Público para que trabalhem em conjunto, de maneira harmônica e eficiente. 
A mesa de abertura pôde mostrar de antemão a complexidade do tema e a 
possibilidade de veementes discussões ao logo do evento. 
 
 
Mesa de abertura 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
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2. MESA 1: O USO DE ÁREAS URBANAS CONTAMINADAS: DESAFIOS 
Mediador: José Carlos de Freitas (Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado 
de São Paulo). 
O evento conseguiu reunir representantes dos setores público e privado para 
debater um tema que é de extrema importância para a sociedade civil - as áreas 
contaminadas. 
Palestra 1: A Estruturação da Transformação Urbana no Plano Diretor Estratégico 
Paulistano e a Gestão das Áreas Contaminadas. 
Expositora: Patrícia Sepe (Geóloga e técnica da Secretaria Municipal de Urbanismo e 
Licenciamento - Prefeitura de São Paulo). 
A Dra. Patrícia tem tentado ao longo do seu trabalho inserir a dimensão 
ambiental no ordenamento territorial. Ela menciona em sua palestra que “é sempre difícil 
o diálogo entre as questões que abordem o meio ambiente, a moradia e o uso do solo, mas 
na medida do possível, este diálogo tem avançado”. 
Apresentou em sua palestra o desenvolvimento da estruturação da transformação 
urbana, uma diretriz fundamental do Plano Diretor Estratégico (PDE), aprovado em 2014. 
Além disso, considerou alguns caminhos para estruturar essa transformação em uma 
cidade tão complexa como São Paulo e o vínculo com a gestão de áreas contaminadas. 
A principal estratégia do PDE é a estruturação a partir de macrozoneamentos e 
macroáreas que definem o município em relação as áreas urbana e rural. O PDE leva em 
consideração uma rede estrutural composta por 3 grandes elementos: transporte, rede 
hídrica-ambiental e rede de bairros locais. As macroáreas consideram as realidades já 
existentes, mas também apontam para o que se espera desses espaços ao longo de 15 anos. 
A palestrante trouxe como exemplo a macroárea de estruturação metropolitana, 
que conecta grandes eixos metropolitanos (grandes rodovias) e se sobrepõe as regiões do 
Jurubatuba e da Vila Carioca, em consequência abrange extensas áreas contaminadas. De 
acordo com a Dra. Patrícia, das dez áreas críticas definidas pela CETESB, cinco estão na 
cidade de São Paulo e duas na macroárea de estruturação metropolitana. 
Alguns desafios têm sido apresentados ao longo dos trabalhos, tais como inserir 
estas áreas contaminadas no ciclo econômico urbano e a necessidade de uma abordagem 
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sistêmica na gestão de áreas contaminadas, de modo que não seja trabalhada de forma 
setorial. 
 
Palestra 2: Urbanismo e uso das áreas contaminadas na visão do setor privado. 
Expositor: Marcelo Terra (Coordenador do Conselho Jurídico do SECOVI - Sindicato do 
mercado imobiliário) 
A posição do setor imobiliário sobre o gerenciamento das áreas contaminadas 
não deve ser assumida como algo diferente, pois a visão é única, deve-se pensar na 
sociedade como um todo. Dr. Marcelo Terra afirma que o conceito trabalhado é binário - 
desenvolvimento com sustentabilidade e sustentabilidade com desenvolvimento – e 
absolutamente integrado, com o mesmo peso institucional. 
A indústria imobiliária não é poluidora, ela é remediadora. Com as 
transformações urbanas na cidade de São Paulo, o único setor que terá condições de 
efetivamente reabilitar o solo para uso declarado é o da indústria imobiliária. A 
reurbanização e a requalificação da utilização do solo serão realizadas pela indústria 
imobiliária. 
Dr. Marcelo Terra enfatiza que o meio ambiente não está isolado, mas em um 
conjunto de ordens e princípios. Cita os dizeres da Declaração da Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também conhecida como Declaração de 
Estocolmo (1972), onde a melhora da qualidade do meio ambiente deve ser perseguida 
em conjunto com os desenvolvimentos econômico e sustentável, não isolado, sendo o 
desenvolvimento e o meio ambiente inseparáveis. 
A indústria imobiliária não lucra com o terreno contaminado, pelo contrário, ela 
perde muito e nãoobstante ser a única despoluidora. O setor da indústria imobiliária luta 
pela segurança jurídica, pois o risco faz parte da atividade empresarial, mas o risco de 
segurança jurídica é inadmissível. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
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Mesa 1: O Uso de Áreas Urbanas Contaminadas: Desafios 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018 
 
Palestra 3: Urbanismo e uso das áreas contaminadas na visão do Ministério Público. 
Expositora: Tatiana Barreto Serra (Promotora de Justiça, Assessora do Centro de Apoio 
à Execução – CAEx) 
Enfrentamos alguns desafios vivenciados atualmente, na chamada modernidade 
reflexiva, que é como lidar com os problemas que nós próprios geramos (em relação ao 
meio ambiente e a sociedade). Temos dois dilemas: conter os riscos e dar continuidade 
ao desenvolvimento de forma sustentável. Assim, de acordo com a Dra. Tatiana, 
precisamos responder duas questões: “que tipo de desenvolvimento queremos?” e “quais 
são os valores fundamentais que queremos preservar na nossa sociedade?”. 
O Art. 225 da Constituição Federal responde a essas duas perguntas ao 
mencionar a proteção integral do meio ambiente e, em seu texto conectar esta proteção 
ao ser humano, ao colocar que a proteção do meio ambiente é essencial à sadia qualidade 
de vida e a preservação atual e futura da vida. 
Ao longo de sua palestra a Dra. Tatiana enfatiza que não sendo possível a 
restauração ou recuperação ou ainda existindo algum dano deve-se realizar a 
compensação ambiental, e por último, se há algum dano técnico e absolutamente 
irrecuperável é calculada uma indenização. A reparação integral do dano ambiental não 
significa fazer com que a área seja exatamente como era a muitos anos atrás (sem que 
alguma intervenção humana tivesse ocorrido). 
A preservação do meio ambiente e a saúde humana são conceitos 
complementares. Diante disto, a Lei Paulista 13.577/2009 traz como elemento para 
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caracterização de uma área contaminada danos ao meio ambiente e também a saúde. A 
recuperação integral do dano ambiental deve ser objeto de preocupação e exigência ao 
lado do afastamento do risco a saúde humana pelo órgão ambiental. 
Conclui a sua palestra dizendo que o órgão ambiental deve exigir, ao lado do 
afastamento do risco à saúde, a reparação ao bem ambiental; a questão econômica deve 
ser vista sob o prisma do princípio do poluidor-pagador, que determina a incorporação 
das externalidades externas negativas pelo empreendedor, impondo que o poluidor (direto 
ou indireto) arque com os custos da reparação do dano ambiental. 
 
Palestra 4: A auto composição de conflitos no uso de áreas contaminadas e o 
interesse socioambiental. 
Expositora: Ana Paula Bernardes (Gestora de Conflitos- APLV Consultoria) 
Existe uma diferença entre o processo de negociação e de mediação. O processo 
de negociação interfere no ambiente como um todo, os primeiros passos incluem: fazer 
um levantamento do ambiente (não entra no mérito da questão em si para não se tornar 
parte do processo), fazer uma radiografia das pessoas envolvidas, para tipificar estas 
pessoas, identificar critérios para despersonalizar a questão e desenvolver possíveis 
cenários. 
O principal do processo é a identificação de interesses, tanto os interesses do 
setor imobiliário como do Ministério Público, para que assim possa-se identificar 
propósitos e oportunidade de acordos. Se não há acordos ocorre a judicialização. 
Quando isto vem para a área ambiental, torna-se mais difícil, pois envolve 
crenças, sendo deste modo não somente uma avaliação jurídica. 
A Dra. Ana Paula diz que há muita falta de transparência, tanto do setor privado 
como do Ministério Público, e isto gera insegurança de ambos os lados. Outro problema 
é a disparidade de capacidade financeira para contratação de uma equipe técnica, a equipe 
que vemos hoje em dia é uma equipe que não consegue verticalizar o conhecimento e ir 
para o mesmo nível de debate. De acordo com a Dra. Ana Paula Bernardes o principal de 
tudo é a dificuldade de diálogo entre estes dois segmentos (setor imobiliário e Ministério 
Público), também há falta de confiança nas esferas decisórias das Prefeituras e Estado e 
falta de confiança nos parâmetros regulatórios, e isto dificulta o processo. 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
3. MESA 2: VALORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS 
IMPACTADOS POR ATIVIDADES CONTAMINANTES 
Mediador: José Eduardo Ismael Lutti (Procurador de Justiça do Ministério Público de São 
Paulo) 
Palestra 1: Da suficiência jurídica da remediação do dano conforme normatização 
existente 
Expositor: Hamilton Alonso Júnior (Procurador de Justiça, Conselheiro do Conselho 
Superior do Ministério Público) 
Há uma clara preocupação com a ocupação de áreas contaminadas, pois essas 
são áreas convidativas a serem ocupadas. De um lado tem-se a necessidade social de 
ocupação e do outro lado tem-se o interesse por parte da construção civil. 
Há casos famosos de áreas contaminadas que cabe aqui ser destacados: o caso 
Rhodia da Baixada Santista, Cubatão e São Vicente (o chamado pó da China, foram 
lançados resíduos organoclorados no Lixão Municipal de Cubatão e de São Vicente e 
Itanhaém); a construção do Condomínio Residencial de Barão de Mauá sobre um aterro; 
a contaminação do lençol freático por uma grande indústria que colocou em risco os 
moradores do Condomínio Recanto dos Pássaros no Município de Paulínia/SP; uma área 
na Vila Carioca foi contaminada por borras tóxicas enterradas na década de 1970 pela 
empresa Shell e comprometeu a qualidade da água subterrânea; o caso do aterro 
Mantovani que recebeu durante anos resíduos industriais que também contaminaram o 
solo e a água subterrânea. A questão deve ser contextualizada, deve-se olhar para trás 
para entender o presente e as necessidades futuras. 
As áreas necessitam ser ocupadas, mas dentro do princípio da legalidade. As 
legislações ambientais devem estar inseridas no sistema, devem abordar as necessidades 
da sociedade e estar em acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938 
de 1981) e com a Constituição Federal. 
Segundo Dr. Hamilton há de se ter uma visão antropocêntrica e “ecocêntrica” do 
meio ambiente, ou seja, a defesa do meio ambiente por tutela por si só, e ele ainda 
adiciona, o objeto jurídico tutelado vai além do homem e abrange o meio ambiente. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
Palestra 2: Poluição de águas subterrâneas: impactos ambientais 
Expositor: Djalma Luiz Sanches (Geólogo, Assessor de Gabinete do Ministério Público 
do Estado de Estado de São Paulo – CAEX) 
O palestrante expôs brevemente o que é um modelo conceitual e a importância 
do entendimento da dinâmica dos contaminantes em subsuperfície. Além disso, falou 
sobre os impactos destescontaminantes e a consequente restrição de uso da água 
subterrânea. 
A CETESB disponibiliza uma lista com os principais contaminantes que podem 
oferecer risco a saúde humana, em grande parte estes contaminantes estão associados a 
combustíveis provenientes de vazamento de postos de gasolina e atividades industriais, 
como solventes aromáticos, hidrocarbonetos, metais, solventes halogenados. 
Uma vez que 80% dos municípios paulistas são abastecidos total ou 
parcialmente por água subterrânea, a questão das áreas contaminadas e sua gestão se 
tornam bastante delicados. Existe uma estimativa que em 2009 havia 12.000 poços 
(levantamento realizado pelo Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas - CEPAS) na 
região metropolitana de São Paulo, sendo que somente 4.931 poços eram cadastrados no 
Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), com vazão 
de extração de 10 m3/s, valor bastante significativo. 
Djalma também destacou as áreas contaminadas da Região de Jurubatuba. 
Estima-se 1.700 poços na área e com vazão de extração de 10 m3/s, sendo que 513 poços 
possuem cadastro no DAEE e os 1.187 poços restantes são clandestinos, fato que 
caracteriza as atividades desenvolvidas na região como de alto risco. A área apresenta 
uma classificação em relação ao grau de restrição ao uso da água subterrânea, em baixa, 
média e alta restrição. 
Uma outra área contaminada que o Geólogo Djalma destaca localiza-se na Bacia 
Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê, onde houve o vazamento de 400 m3 de 
contaminante de tanques aéreos. Este contaminante infiltrou colocando em risco a água 
subterrânea e escoou alcançando a água superficial. Por ser uma região com tendência de 
crescimento urbano, a preocupação com a área é enorme, demandando a necessidade do 
controle e restrição de uso das águas subterrâneas. 
O grande desafio é fazer uma gestão eficiente dessas áreas contaminadas e a 
reparação desses passivos ambientais. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
Palestra 3: Proposta de metodologia de valoração de recursos hídricos subterrâneos 
impactados por atividades contaminantes 
Expositor: Reginaldo Bertolo (Hidrogeólogo – CEPAS/USP) 
A água subterrânea apresenta grande importância social e econômica no Brasil 
como um todo, e em especial para a região metropolitana de São Paulo. A disponibilidade 
hídrica, tanto superficial como subterrânea é cada vez menor devido a degradação dos 
recursos hídricos; se dividirmos a disponibilidade hídrica dos mananciais superficiais 
pelo número de habitantes o volume per capita por ano de disponibilidade hídrica será de 
140 m3 (Secretaria de Recursos Hídricos de São Paulo), um valor três vezes menor do que 
o recomendado pela Organização das Nações Unidas. Com base neste dado e na crise 
hídrica que São Paulo enfrentou nos últimos dois anos, percebe-se o quão vulneráveis 
somos com relação ao abastecimento hídrico. Além disso, a água subterrânea desempenha 
papel fundamental, que não está sendo contabilizado pelo poder público, para garantir 
maior segurança hídrica. 
Através de um levantamento identificou-se que em 2009 existiam 12.000 poços 
retirando 10 m3/s de água subterrânea (dado já apresentado pelo Geólogo Djalma Luiz 
Sanches), é um valor altamente significativo, e demonstra que temos um grande 
reservatório de água subterrânea (este valor corresponde ao Sistema Alto Tietê inteiro). 
É um recurso que devemos conservar e a medida que ele vai se tornando mais escasso, o 
seu valor aumenta. 
A maior parte do volume da água bombeada dos poços é destinada a 
empreendimentos privados e apresenta boa qualidade natural. O índice de perfuração de 
poços na região metropolitana é de 200 poços por ano, assim os 12.000 poços estimados 
em 2009 já evoluíram para 14.000 com vazão de extração de aproximadamente 12 m3/s. 
Cabe aqui destacar que 70% destes poços são ilegais. 
Na Região de Jurubatuba foram interditados e lacrados 41 poços no ano de 2005 
e a vazão outorgada desses poços quando somadas equivale a 2,1 milhões de m3/ano. Se 
tomarmos como base o m3 cobrado pela Sabesp, de 18,84 reais, temos que o fato desta 
água subterrânea ter sido impedida de ser utilizada pela sociedade representa 39 milhões 
de reais de prejuízos. Este é o valor que estaria sendo pago para a Sabesp. Muitos outros 
recursos hídricos subterrâneos estão ameaçados e desconhecemos seu real estado. 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
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De acordo com o Dr. Reginaldo Bertolo a metodologia de valoração de recursos 
hídricos subterrâneos impactados por atividades contaminantes é relativamente simples 
para a utilização por técnicos. 
O Professor Reginaldo enfatiza que o método de remediação baseada em risco é 
uma forma inteligente, moderna e adequada de se conduzir o processo de gestão de áreas 
contaminadas. Segue a equação do Valor da Água Subterrânea (VA): 
𝑉𝐴 = (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑇+ − 𝑇- ∗ 𝑅$) + (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑇3 − 𝑇4 ∗ 𝑅$) + (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒	𝑑𝑒	𝑂𝑝çã𝑜 ∗ 𝑅$) 
T0 = Passando ao presente Volume da Pluma 
T3 = Futuro: do fim da remediação até obtenção da potabilidade. Volume remanescente 
Volume de Opção = Volume de opção de uso 
Dr. Reginaldo Bertolo finaliza sua palestra dizendo que devem ser utilizadas 
medidas de compensação para a contaminação da água subterrânea, pois é necessário 
promover a gestão integrada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneas. A 
remediação de áreas que se desconhece o causador do impacto deve ser realizada pelo 
Estado e deve-se fazer um monitoramento regional dos recursos hídricos subterrâneos. 
 
 
Mesa 2: Poluição de águas subterrâneas - impactos ambientais 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018 
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4. MESA 3: GESTÃO DAS ÁREAS CONTAMINADAS: UMA NOVA 
PERSPECTIVA 
Moderadora: Cristina Godoy de Araújo Freitas (Promotora de Justiça do Ministério 
Público do Estado de São Paulo) 
Palestra 1: A Eficácia na Gestão das Áreas Contaminadas Críticas ou de Fontes 
Múltiplas 
Expositor: Geraldo do Amaral Filho (Diretor de Controle e Licenciamento Ambiental - 
CETESB) 
A gestão de áreas contaminadas é um assunto sério e complexo e a CETESB 
vem desenvolvendo seus trabalhos nesta área desde a década de 1980. A referida Agência 
Ambiental elaborou no ano de 2001 um Manual de Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas que se tornou base para todas as ações relacionadas ao gerenciamento de 
áreas contaminadas. 
Além disso, a CETESB vem promovendo a atualização de suas instruções 
técnicas e em 2017 realizou alterações na Resolução de Decisão de Diretoria nº 038 
(DD38) que dispõe sobre a aprovação do “Procedimento para a Proteção da Qualidade do 
Solo e das Águas Subterrâneas”, da revisão do “Procedimento para o Gerenciamento de 
Áreas Contaminadas” e estabelece “Diretrizes para Gerenciamento de Áreas 
Contaminadas no Âmbito do Licenciamento Ambiental”, a DD38 teve como resultado a 
publicação da Instrução Técnica nº 039 que foi publicada no início de 2018. Na Instrução 
Técnica nº 039 são apresentados os tramites administrativose as atribuições referentes à 
aplicação do Procedimento para a Proteção da Qualidade do Solo e das Águas 
Subterrâneas, Procedimento para Gerenciamento de Áreas Contaminadas e Diretrizes 
para o Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Âmbito do Licenciamento Ambiental, 
aprovados por meio da Decisão de Diretoria nº 038/2017/C. 
Outra questão bastante inovadora que a CETESB coloca na Instrução Técnica nº 
039 é a participação do corpo técnico nos processos decisórios, agora o técnico possui 
um termo de referência para seguir. Tem-se uma subdivisão, um detalhamento das 
diferentes etapas do processo de gerenciamento de áreas contaminadas e facilita o 
trabalho do responsável legal e técnico. 
Dr. Geraldo do Amaral destacou a questão das áreas críticas (áreas que 
apresentam complexidade, demandam esforços adicionais para se compreender sua 
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dinâmica e envolvem questões que afetam o dia-a-dia das pessoas) que necessitam de um 
gerenciamento diferenciado. Há um grupo específico dentro da esfera administrativa para 
tratar dessas áreas, o chamado grupo gestor de áreas críticas e é composto por uma equipe 
multidisciplinar (técnicos, pessoal da área de marketing e comunicação, responsáveis pela 
área de saúde pública, pessoal do departamento jurídico) que tem o papel de discutir e 
entender o problema, realizar a comunicação com a sociedade e fazer a gestão. Exemplos 
dessas áreas são os já citados casos da construção do Condomínio Residencial de Barão 
de Mauá sobre um aterro, bairro Mansões Santo Antônio em Campinas, cuja a 
contaminação foi gerada por uma empresa do ramo químico e a contaminação no aterro 
Mantovani. 
A outra vertente da discussão que o Dr. Geraldo do Amaral trouxe para a mesa 
de discussão foi sobre o envolvimento de áreas que estão integradas com múltiplas fontes 
de contaminação. Nestes casos, há a necessidade discussão mais amplas e melhor 
entendimento dos casos, um exemplo é a Região de Jurubatuba que foi uma região 
bastante citada ao longo deste seminário. Necessita-se de uma integração de todos os 
estudos para se identificar a realidade do problema e posteriormente buscar soluções. 
Dr. Geraldo termina sua fala fazendo um questionamento sobre até onde é 
possível chegar com os processos de remediação, tanto do ponto vista técnico como 
também econômico e ambiental. 
 
Palestra 2: Áreas de Estruturação Urbana do Plano Diretor Estratégico – Arco de 
Jurubatuba e Arco Leste: O papel do DECONT 
Expositora: Clara Aparecida Vieira Prata e Silva (Diretora do DECONT – Departamento 
de Controle da Qualidade Ambiental/Gabinete da PMSP) 
Na cidade de São Paulo a constante mudança do solo e do perfil econômico, 
principalmente devido a novos perfis industriais, favorece o descobrimento de novas 
áreas contaminadas e indica a possibilidade de surgimento de problemas ambientais. 
A estrutura do DECONT que cuida do departamento de áreas contaminadas e 
seu gerenciamento é composta por vários segmentos, destacando-se entre eles o Grupo 
Técnico de Áreas Contaminadas (GTAC) e o Grupo Técnico de Avaliação de Impacto 
Ambiental de Atividades Industriais (GTAI). 
As duas áreas abordadas na palestra da Dra. Clara foram o Arco de Jurubatuba 
e o Arco Leste, que são áreas que estão dentro da macroárea de estruturação metropolitana 
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do município de São Paulo. O Arco de Jurubatuba tem uma área 2.158 hectares e é 
bastante heterogênea (conflita com áreas bastante pobres e áreas de grande 
desenvolvimento), já o Arco Leste possui extensão de 4.525 hectares. 
Dentro do Plano Diretor Estratégico (aprovado em 2014), foram dados os 
objetivos desses dois Arcos, sendo: a transformação estrutural visando o adensamento e 
visando a proteção do patrimônio ferroviário industrial, recuperação da qualidade dos 
sistemas ambientais existentes (rios, córregos e áreas vegetadas), proteção de habitação 
com interesse social e de mercado popular visando uma melhor condição de vida da 
população de baixa renda, sistema de transporte coletivo, regularização fundiária, 
redefinição de parâmetros de uso e ocupação do solo, minimização dos problemas das 
áreas contaminadas com riscos de inundação e contaminação do solo. 
No Arco de Jurubatuba há 41 áreas entre contaminadas, sob investigação e 
processos de monitoramentos e 8 reabilitadas, este valor ainda é muito baixo e representa 
3, 4% de lotes que há na região (1.400 hectares). 
O Arco Leste é uma região de grande concentração populacional e há 
conhecimento de 38 áreas que estão em condições de remediação e 10 estão reabilitadas. 
39% das áreas contaminadas estão dentro de Áreas de Proteção Ambiental e 21,8% estão 
em Zonas de Interesse Social. 
O DECONT trabalha basicamente com legislações Estaduais. Dentre elas estão 
o Decreto nº 42.319/02: Dispõe sobre diretrizes e procedimentos relativos ao 
gerenciamento de áreas contaminadas no Município de São Paulo (destaca-se o Art. 3 e 
Art. 5); Lei nº 13.564/03: Parcelamento do solo e edificação quando existe área com 
contaminação; Lei nº 16.402 (destaca-se Art. 137): Disciplina o parcelamento, o uso e a 
ocupação do solo no Município de São Paulo, de acordo com a Lei nº 16.050, de 31 de 
julho de 2014 - Plano Diretor Estratégico (PDE). 
A Dra. Clara finaliza destacando que alguns sistemas têm auxiliado na gestão e 
gerenciamento das áreas contaminadas, tais como o Sistema de Informação de 
Gerenciamento de Áreas Contaminadas (SIGAC) que tem o objetivo de aprimorar a 
gestão de áreas contaminadas, formatizar e atualizar os órgãos municipais que necessitam 
de informações, e o São Paulo Mais Fácil que é atualmente a forma utilizada para ter 
conhecimento se determinada área está contaminada ou não, ele é alimentado pela 
Secretaria do Verde. 
 
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Palestra 3: Recuperação de Áreas Contaminadas 
Expositor: José Roberto Ramos Falconi (Engenheiro – Assessor do Ministério Público 
do Estado de São Paulo) 
A poluição do ar e da água pode afetar a saúde da população e demais seres 
vivos. Diferente do ar e da água, o solo não é renovável, ou seja, se há lançamento de 
poluentes no ar ou na água, a medida que a fonte de contaminação cessa há a possibilidade 
de renovação de sua qualidade, enquanto que em relação ao solo essa renovação não 
ocorre, afetando as suas funções. 
O Engº Falconi apresentou um balanço da CETESB de Mogi das Cruzes 
referente ao ano de 2008, ocasião em que esta agência era responsável pelo controle e 
fiscalização dos nove municípios da zona leste da região metropolitana de São Paulo. 
Com relação à poluição do ar foi desenvolvido um programa de controle que 
usou a metodologia da curva A, B, C. Na curva A havia 23 empresas responsáveis pela 
emissão de 80% de material particulado, enquanto as empresas que correspondiam a 
curva B e C eram as responsáveis pelos restantes 20%. Para as 23 empresas da curva A 
foi desenvolvido um programa específico de controle, sendo que o potencial de emissão 
de material particuladodessas empresas em 2001 equivalente a 117.000 toneladas por 
ano, através das ações desenvolvidas pelos técnicos da CETESB de Mogi das Cruzes foi 
reduzido em 95%, principalmente pela instalação de equipamentos de controle, alguns 
chegando ao custo de 5 milhões de dólares na ocasião. 
A CETESB de Mogi das Cruzes também participou do Programa de Controle de 
Dióxido de Enxofre, onde as emissões de 23.000 toneladas por ano emitidas por 24 
empresas foram reduzidas em 96%, através de medidas que envolveram a substituição de 
combustíveis queimados com alto teor de enxofre, substituição dos combustíveis líquidos 
por gás natural, instalação de processos eletrotérmicos, alteração de processos industriais 
e instalação de equipamentos de controle. Também participou da operação “Caça 
Fumaça”, para o controle da fumaça preta emitida por veículos movidos à diesel (ônibus, 
caminhões e alguns utilitários). Em 1997 a referida agência por meio desta operação 
chegou a autuar mais de 19.000 veículos fora do padrão, e ao longo dos anos até 2008 
houve uma redução na ordem de 94%. 
Em relação a poluição das águas houve um programa desenvolvido em 2 etapas. 
Na primeira participaram 84 empresas e na segunda 22 empresas. Essas empresas 
geravam uma carga orgânica total equivalente à uma população de aproximadamente 
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1.350.000 habitantes nos efluentes líquidos lançados nas águas da Bacia Hidrográfica do 
Alto Tietê. Houve uma redução de 89% de carga orgânica e 83% de carga inorgânica, 
atendendo os padrões de lançamento e de qualidade dos corpos d’águas receptores. 
A estratégia adotada para os programas de controle de poluição do ar e das águas 
sempre foi a de exigir as melhores tecnologias disponíveis apesar das resistências dos 
empresários devido aos elevados custos dos equipamentos, contudo a legislação foi 
cumprida e as metas atingidas. 
O Engº Falconi destacou para o solo a importância dos seus diversos serviços 
ambientais prestados e da biodiversidade de sua fauna, bem como apresentou as 
tecnologias atualmente utilizadas para tratamento das áreas contaminadas (solo e água 
subterrânea), as quais podem ser executadas individualmente ou em conjunto. Expôs 
também as diferenças relacionadas aos custos das ações de controle da poluição do ar e 
das águas, que permanecem, enquanto as suas fontes se mantiverem em funcionamento, 
e enquanto as medidas de intervenção para as áreas contaminadas se finalizam após o seu 
encerramento. Demonstrou a aplicação de planilhas de cálculos para a determinação de 
custos relacionados à remoção e destinação adequada de solo contaminado. 
O Engº Falconi destacou a importância do Parágrafo 2º do Artigo 44 do Decreto 
59.263/13 que estabelece que devem ser priorizadas as medidas de remediação que 
promovam a remoção e redução de massa dos contaminantes. Contudo, destacou que a 
CETESB por meio da Instrução Técnica nº 39 e à título de incentivo à 
reutilização/revitalização de áreas contaminadas, dispensou os seus responsáveis da 
apresentação de garantia bancária e do seguro ambiental, e também da apresentação da 
análise técnica, econômica e financeira que comprove a inviabilidade de utilização de 
técnica de remediação por tratamento, nos casos em que sejam propostas medidas de 
remediação por contenção, medidas de engenharia e medidas de controle institucional, as 
quais não removem e nem reduzem a massa de contaminantes permitindo que os mesmos 
sejam mantidos no solo e nas águas subterrâneas. 
 
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Palestra 4: Remediação das Áreas Contaminadas: Obstáculos e Incentivos 
Expositor: Rodrigo Cury Bicalho 
O setor privado procura garantir seus interesses, mas tudo dentro da legalidade 
e respeitando a lei. É extremamente difícil para alguém que vai adquirir uma área 
contaminada, passar pelo processo de gerenciamento e não ter parâmetros ou ter 
parâmetros que possam ser contestados. 
As opiniões são diversas, devemos considerar as questões jurídicas, mas também 
as questões técnicas e científicas. O Professor Luiz Sanches (USP) já dizia: o emprego de 
outro critério para estabelecer objetivo de remediação como a chamada remediação 
integral não é compatível com os fundamentos técnicos-científicos expostos de ambas 
aceitações, nacionais e internacionais, além disso, pode não ser compatível técnica e 
economicamente, pode dificultar a remediação e reutilização de áreas contaminadas e sua 
inserção no cenário urbano. 
 O Instituto SIADES (Sistema de Informações Ambientais para 
Desenvolvimento Sustentável) realizou um estudo multidisciplinar abrangendo diversos 
países que incluíam Brasil, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, 
Chile, Peru, Argentina e México, e concluiu que a remediação integral não é prevista em 
nenhum destes países, uma vez que se entende que a utilização de valores de limite de 
avaliação de risco é suficiente para segurança da saúde e meio ambiente, das ações de 
remediação conforme o uso pretendido. 
Nos Estados Unidos há um fundo alimentado por indústrias com alto potencial 
poluidor que permite que a instituição que adquira uma área contaminada possa utilizar 
o dinheiro deste fundo para pagar pela remediação, e isto tem auxiliado muito na 
remediação de áreas contaminadas. 
Dr. Rodrigo concluiu dizendo que o setor privado quer previsibilidade, 
segurança, saber quais são as regras para conhecer quanto ele vai gastar e qual o tempo 
necessário para remediar. 
 
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Palestra 5: Os limites técnicos e econômicos da recuperação ambiental do solo e das 
águas subterrâneas contaminados 
Expositor: Everton de Oliveira (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS e 
Diretor do Instituto Água Sustentável – IAS) 
Dr. Everton de Oliveira falou da dificuldade que se tem na divulgação de estudos 
e notícias sobre contaminação de água subterrânea. 
Apontou em sua palestra os quatro tipos de discursos existentes para destacar o 
discurso utilizado pelos cientistas e pelos advogados, e disse que todo discurso serve para 
passar algo para o ouvinte. Discurso poético você passa uma imagem ao ouvinte, qualquer 
imagem verdadeira ou não; discurso retórico é o discurso jurídico, os advogados são 
treinados para usar este discurso, sendo que este discurso pode partir de fatos verdadeiros 
ou não para se alcançar uma conclusão; discurso dialético é o curso dos cientistas, 
professores, alunos, parte de princípios que são aceitos como verdade e cientificamente 
comprovados; discurso analítico ou científico, é o silogismo, você usa verdades 
indiscutíveis e gera uma terceira verdade indiscutível, também é o que os cientistas usam. 
O estudo das áreas contaminadas é uma ciência relativamente nova, começou 
nos anos de 1970. Ao passar dos anos pôde-se fazer a remediação de áreas contaminadas, 
porém muitas áreas não são passíveis de remediação. Além disso, hoje sabe-se e entende-
se o comportamento dos contaminantes em meio ambiente subterrâneo e a avaliação de 
áreas contaminadasestá muito avançada, mas precisa-se avaliar mais e melhor sempre, 
pois só assim será possível tomar uma decisão eficiente e adequada. 
Os custos da remediação de áreas contaminadas têm diminuído com o 
surgimento de novas técnicas, mas ainda precisamos evoluir em relação ao conhecimento 
científico. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
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Dr. Everton de Oliveira fala sobre os limites técnicos e econômicos da 
recuperação ambiental do solo e das águas subterrâneas contaminados 
Fonte: Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018. 
 
Auditório principal 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018. 
 
 
5. MESA 4: ÁREAS CONTAMINADAS: INTERFACES MEIO AMBIENTE E 
SAÚDE 
Mediador: Reynaldo Mapelli Júnior (Promotor de Justiça Assessor do Centro de Estudos 
e Aperfeiçoamento Funcional/Escola Superior do Ministério Público). 
O meio ambiente tem uma relação direta com a saúde, a Lei Orgânica da Saúde 
(Lei nº 8.080/1990) em seu Art. 3º diz que o meio ambiente é um dos fatores que 
condicionam e determinam a saúde das pessoas. Porém, nem sempre a interface saúde e 
meio ambiente tem sido respeitada e o meio ambiente ainda é pouco abordado na área de 
saúde. 
O objetivo da mesa é trazer para debate como a contaminação do meio ambiente, 
especialmente a contaminação das águas subterrâneas, interfere e coloca em risco a saúde 
humana. 
 
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Palestra 1: Controle do risco sanitário e passivos ambientais 
Expositor: Luís Sérgio Ozório Valentim (Centro de Vigilância Sanitária da Secretária de 
Estado de São Paulo). 
Para se enfrentar o problema das áreas contaminadas devemos levar em 
consideração o contexto paulista de intensa industrialização e urbanização. No território 
que engloba a região metropolitana de São Paulo (RMSP) está 47% da população paulista, 
apesar de sua área corresponder a apenas 3,2% do território estadual. Podemos considerar 
também, nesse contexto de concentração de pessoas e atividades, a Macrometrópole 
Paulista, onde está assentada 72% da população, embora ocupe apenas cerca de16% do 
território estadual. Tais desequilíbrios no uso e ocupação do território é uma das variáveis 
a se levar em conta quando nos propomos a fazer gestão de áreas contaminadas para 
proteger a saúde coletiva. 
As cidades podem ser definidas como acúmulo intenso do social em espaços 
restritos. É no espaço urbano onde hoje se concentra a quase totalidade da população 
paulista. Dentre outras características, a cidade é concentração, complexidade, 
diversidade, dinâmica, oferta, impacto, proteção e exposição. 
A RMSP é exemplo extremo de concentração, ainda que tal condição se 
apresente de maneira desigual, com locais intensamente adensados, vizinhos a vazios 
urbanos. O cenário deriva não só dos caprichos do mercado, mas também de outros 
fatores relevantes, como a qualidade ambiental do solo. Ainda que o crescimento 
populacional tenha se reduzido em relação às décadas anteriores, as áreas periféricas das 
metrópoles e grandes cidades continuam a se expandir, sem planejamento, pressionando 
áreas ainda preservadas, muitas delas de proteção ambiental. O contexto não favorece 
uma atuação mais incisiva do poder público para ordenamento do território. Essas são 
questões que devem ser consideradas quando lidamos com as áreas contaminadas no 
interior das regiões densamente ocupadas, onde a exposição da população aos 
contaminantes pode se apresentar de maneira mais crítica, favorecendo riscos à saúde da 
coletividade e demandando cuidadoso alinhamento das políticas públicas de Meio 
Ambiente, Saúde e Desenvolvimento Urbano. 
Dai a necessidade de se debater com transparência e à exaustão modos de 
conciliar o bom proveito dos passivos ambientais situados em áreas valorizadas dos 
centros urbanos, em localizações privilegiadas, dotadas de infraestruturas e acessos a 
serviços públicos essenciais, harmonizando, desta maneira, políticas públicas de inclusão 
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social nas cidades, de maior acessibilidade de populações vulneráveis aos benefícios do 
urbano, de redução das pressões antrópicas sobre áreas periféricas ainda não ocupadas e 
de proteção da saúde no tocante aos contaminantes tóxicos presentes nas cidades por 
conta de nosso flerte mais que centenário com produtos tóxicos. 
Em São Paulo há muitos exemplos desse conflito entre a necessidade de se fazer 
uso de localizações urbanas privilegiadas e de proteção ambiental e sanitária. Bairros 
como o Jurubatuba, a Vila Carioca, a Mooca e outras regiões antes intensamente 
industrializadas, hoje dotadas de infraestrutura urbana, mas com ocupações ainda aquém 
de suas possibilidades, são desafios à construção da metrópole do futuro, socialmente 
mais justa, ambientalmente mais sustentável. 
Enfim, em espaços urbanos complexos, as políticas públicas só se impõem se 
dotadas de visão ampla, nas quais as variáveis ambientais, de saúde e de desenvolvimento 
urbano sejam consideradas de forma integrada e ponderada, para que diferentes grupos 
populacionais preservem sua saúde e façam bom proveito dos muitos benefícios do 
urbano. 
 
Palestra 2: A segurança da água e um olhar na saúde da população 
Expositora: Roseane Maria Garcia Lopes de Souza (Engenheira Sanitarista da Associação 
Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES) 
Quando se fala em área contaminada acaba não incluindo neste tema a questão 
da saúde, ela não é exclusiva do órgão de saúde, é uma área transversal e quem trabalha 
com área contaminada tem que entender os impactos que podem causar à saúde humana 
e o que isso acarreta. Deve-se ater a outros riscos à saúde de populações que estão 
potencialmente expostas e no entorno da área contaminada, é importante conhecer a 
situação. 
No passado a política de saúde era propor o afastamento e enterramento do lixo 
e lançamentos em rios de esgotos da população urbana para evitar problemas de saúde 
pública e essa “cultura” foi diretamente responsável pela contaminação da água por uma 
série de substâncias tóxicas originadas em diferentes processos, não se pensava muito no 
meio ambiente. 
Precisa-se avançar em relação ao conhecimento dos tipos de contaminantes 
existentes em áreas contaminadas e seus valores máximos permissíveis na água, eles 
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precisam estar incluídos em uma legislação nacional, mas a obrigatoriedade de realizar 
as análises é outra coisa. 
A segurança da água refere-se a uma oferta de água com qualidade que não 
representa um risco significativo à saúde, quantidade suficiente para atender a todas as 
necessidades domésticas, que estão disponíveis continuamente e que tenham um custo 
acessível. A segurança da água de forma preventiva refere-se às águas que ainda não estão 
contaminadas. Há necessidade de usara metodologia que é utilizada no plano de 
segurança da água para a gestão que aborda a segurança da água e que envolva águas 
superficiais e também as águas subterrâneas. 
Segundo a Dra. Roseane quando participou do caso da área contaminada na 
baixada santista foi desenvolvida e produzida a primeira cartilha nacional de áreas 
contaminadas para a população, a qual tem o objetivo de transmitir informações de um 
modo simples e fácil para que a população possa entender este assunto tão complexo. 
Para que uma pessoa seja considerada contaminada ou exposta por determinada 
substância é preciso conhecer a rota de exposição completa: fonte de contaminação, 
caminho do contaminante; via de exposição ou transmissão como o contaminante entra 
no organismo humano; porta de entrada como o contaminante se aloja no organismo 
exposição; e, se uma pessoa é susceptível. 
As vias de exposição podem ser diversas, tais como inalação, contato dérmico e 
ingestão. Além disso, há exposição a curto, médio e longo prazo, quando se fala em área 
contaminada a exposição é de longo prazo, ou seja, o dano causado é a longo prazo (20, 
30, 40 anos) e é necessário entender isso para avaliar estratégias para mitigar o problema 
ambiental e de saúde. 
É imprescindível a realização de investigações de campo para quantificar as 
populações expostas nas áreas contaminadas, deve-se fazer uma investigação detalhada. 
Os problemas encontrados são: deficiência de laboratórios que realizam análises sobre 
biodemarcadores (exames que a pessoa deve fazer quando exposta ao contaminante) e o 
acompanhamento para monitorar a evolução ou regresso da doença. 
A Dra. Roseane finaliza mencionando que os custos da remediação de áreas 
contaminadas são sabidos, e esses devem incluir os custos associados as questões de 
saúde (tratamento). 
 
 
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Dra. Roseane fala sobre a segurança da água e um olhar na saúde da população 
Fonte: Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018 
 
 
 
Palestra 3: O uso de águas subterrâneas para abastecimento humano e as 
contaminações do solo e águas subterrâneas (urbanas e rurais) 
Expositor: Ricardo César Aoki Hirata (CEPAS-USP) 
Para abordar o tema proposto para sua palestra, o Professor Ricardo Hirata 
levantou algumas questões importantes: 
- Quantas áreas realmente contaminadas existem no Estado de São Paulo? 
Há 1.109 áreas declaradas contaminadas e a maior parte é fruto de vazamento de 
postos de combustíveis. Na Europa, a Agência Europeia de Meio Ambiente, estimou um 
valor de 2,5 milhões de atividades potencialmente poluidoras (para isso realizou-se uma 
pesquisa utilizando questionários e indicadores) e, presumivelmente, 14% dessas 
atividades são de fato contamináveis. No Estado de São Paulo há aproximadamente 180 
mil indústrias, 636 cidades com lixões e aterros e de 20 a 30 mil atividades com potencial 
poluidor (similar ao definido pelo padrão europeu). 
Dentre essas áreas destaca-se a região de Jurubatuba. Área foi e ainda é um 
grande laboratório em termos de ciência, pois através de estudos realizados nesta região 
pôde-se entender melhor o comportamento dos contaminantes no meio ambiente 
subterrâneo. Através de um cadastro chamado Sistema de Informações de Fontes de 
Poluição (SIPOL) elaborado pela CETESB, foram classificadas unidades em relação ao 
potencial de gerar carga contaminante (as que manuseiam solventes clorados), sendo esta 
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classificação dividida entre: elevada, moderada e reduzida. Concluiu-se que utilizando a 
classificação mencionada há na Bacia do Alto Tietê o equivalente a 35 áreas com igual 
ou pior intensidade de atividades potencialmente contaminantes, similar a região de 
Jurubatuba. 
- Há áreas contaminadas associadas às atividades agrícolas? 
Existe extensas áreas com contaminação por nitrato nos Estados Unidos e na Europa. Em 
relação ao Estado de São Paulo os estudos são escassos, e deste modo, é necessário dar 
mais atenção a esta questão. 
- Quão extensa é a contaminação por nitrato nas cidades paulistas? 
Através de um mapa elaborado pela CETESB em 2009, baseado em dados da 
rede de monitoramento e de indicações de contaminação, há regiões com valores de 
intervenção acima de 10 mg/L que é um indicador que existe contaminação. 
O nitrato vem de fontes de esgotamento sanitário. No Estado de São Paulo há 
um índice excelente de coleta de esgoto, mas devido ao fato do sistema de coleta ser muito 
antigo há muito vazamento e por isso a grande contaminação por nitrato. 
- O usuário privado de poços tubulares sabe a qualidade de suas águas? 
Considerando que 70% dos poços existentes não tem licença para exploração de 
água subterrânea, consequentemente não há analises para conhecimento da qualidade das 
águas subterrâneas. Há uma grande preocupação com o usuário final desta água. 
- Qual a real importância das águas subterrâneas? 
80% do Estado de São Paulo é total ou parcialmente abastecido por água 
subterrânea, 53% dos municípios brasileiros são totais ou parcialmente abastecidos por 
água subterrânea e 36% são totalmente abastecidos por água subterrânea. É um recurso 
extremamente importante. 
Perfurou muito poço durante a crise de água vivida desde do ano de 2014 e a 
população realmente usa água subterrânea, sendo deste modo mais importante que a nossa 
percepção. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
Palestra 4: Monitoramento da qualidade das águas subterrâneas no Estado de São 
Paulo 
Expositora: Rosângela Pacini Modesto (Gerente de Setor das Águas Subterrâneas e do 
Solo da CETESB). 
Na CETESB há duas redes de monitoramento de qualidade de água, a rede de 
monitoramento em poços tubulares e a rede de monitoramento de qualidade e quantidade 
operada em conjunto com o DAEE. 
A rede de monitoramento em poços tubulares teve início em 1990 e o objetivo 
inicial foi caracterizar a qualidade natural das águas subterrâneas. Possui como objetivo 
específico avaliar o estado da água e como ela vai se modificando em relação ao uso e 
ocupação do solo, identificar áreas com alterações, seja por fenômenos naturais ou 
antrópicos, para que possa subsidiar ações do órgão ambiental para gestão dos recursos 
hídricos. 
Os poços tubulares utilizados são principalmente provenientes de abastecimento 
público. Existe um ponto de monitoramento a cada 800 km, a distribuição representa a 
unidade territorial das bacias hidrográficas. A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê tem maior 
representatividade (29 pontos) e o aquífero Bauru também se destaca. 
A rede de monitoramento de qualidade e quantidade (CETESB – DAEE) possui 
poços com profundidade média de 40 metros. Atualmente está em expansão e há 38 poços 
e só analisa a área de afloramento dos aquíferos Guarani e Bauru. Em 2018 serão 
perfurados mais 26 poços. 
São analisadas características físicas e químicas, além de ser realizado o 
monitoramento de compostos orgânicos voláteis e também agrotóxicos. O 
monitoramento para ambas as redes é semestral.O padrão de qualidade utilizado para análise das águas subterrâneas é o definido 
pela Portaria no 2914 do Ministério da Saúde, e ao longo do tempo tem verificado 
alterações. Há aumento de concentração de nitrato, principalmente no aquífero Bauru, e 
também foi possível caracterizar uma área com alta ocorrência de cromo. 
A palestrante encerra dizendo que a grande questão é como organizar e utilizar 
as informações de forma que contribua com melhor gestão e gerenciamento dos recursos 
hídricos. 
 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
Mesa 4: Áreas Contaminadas - Interfaces Meio Ambiente e Saúde 
Fonte: Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo, 21018. 
 
6. ENCERRAMENTO 
O evento foi encerrado com breves palavras de agradecimento do Dr. Reynaldo 
Mapelli Júnior. Dr. Reynaldo destacou o sucesso que foi o Seminário: Passivos 
Ambientais e Urbanismo e o grande número de participantes e disse que isto se deve ao 
fato da relevância do tema para todos. Tema que cada vez mais faz parte da vida e do dia-
a-dia da população. 
As palestras foram de alto nível e graças ao público seleto, o evento alcançou 
seu êxito. 
 
Mesa de abertura 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
 
Mesa de abertura 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
Realização: Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional/ Escola Superior do Ministério Público de São Paulo – CEAF/ESMP 
Co-Realização: Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA e Instituto Água Sustentável - IAS 
 
 
Sala 2 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo 
 
Auditório 
Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo

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