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15. AGITAÇÃO DE MOSTOS Basicamente, nesse capítulo veremos equações empíricas, propostos para fazer previsões de potência aplicada no eixo para agitar adequadamente o meio de fermentação. 15.1. Introdução O bom rendimento de um processo fermentativo está associado aos fenômenos de transferência entre as fases biótica e abiótica. A agitação pode, numa fermentação, ter uma ou mais das seguintes funções: 1- Aumentar a taxa de transferência de oxigênio do ar para o mosto Quando agita-se o meio, passando oxigênio, a transferência de oxigênio aumenta em decorrência da diminuição da película estagnada. 2- Aumentar as taxas de transferência de nutrientes e oxigênio do mosto para as células 3- Diminuir o tamanho ou evitar a formação de agregados microbianos 4- Evitar a sedimentação (ou a flutuação) de outras fases 5- Aumentar a taxa de transferência de calor entre o líquido e o equipamento previsto 6- Diluir os excretas formados que ficariam concentrados ao redor do mosto. 15.2. Tipos de agitação 15.2.1. Agitação não mecânica a) Natural b) Forçada 15.2.2. Agitação mecânica a) Agitadores vibratórios: usado para células sensíveis. b) Agitadores rotatórios: são os mais comumente usados, que possuem um eixo central com pás acopladas. As pás são determinadas para serem utilizadas dependendo do tipo de fluido e do padrão circulatório que é necessário dentro do reator. E, basicamente, o que determina isso é a produtividade. palhetas 15.2.3. Agitação pneumática É uma agitação promovida pelo ar de processo. Usados para sistemas aerados. Possui um cilindro no interior do reator, onde introduz-se ar. Toda vez em que ar é introduzido num sistema com água, há uma parte que fica retida, a qual denomina-se “hold up”. Esse hold up que ocorre no cilindro interior faz com que o conjunto tenha uma densidade aparente inferior ao restante do líquido; daí sobe um ρ pequeno e desce sem ar um ρ maior pelas laterais, promovendo a agitação. Então no cilindro, além do meio de cultura, encontra-se ar. 15.2.4. Agitação por bombeamento e recirculação Nesse caso, há uma bomba na base do reator a partir da qual é reinjetado o mosto com células na parte superior do reator. Quando é o caso de ser uma fermentação aerada por esse sistema de agitação, normalmente, introduz o ar na injeção da bomba; trabalhando, então, com volumes menores de ar comprimido. Com isso, ocorre economia no dimensionamento dos filtros e compressores. 15.3. Agitação mecânica Serão analisadas correlações empíricas fundamentadas em variáveis que podem afetar o sistema. 15.3.1. Variáveis envolvidas D – diâmetro do fermentador Da – diâmetro do agitador H – altura de líquido: sempre relativo à altura de fluido dentro do reator LP – Largura das palhetas HP – altura das palhetas L – largura das chicanas L’ – distância entre as palhetas H’- distância do 1° jogo de palhetas ao fundo do fermentador ρ – massa específica (g/cm3) µ - viscosidade (poise = g/cm.s) σ – tensão superficial [dyn/cm = (g.cm/s2)/cm] Chicanas: são defletores de fluxo, servem para quebrar o vórtice. pá hélice turbina Caracterizam a geometria Caracterizam o meio que se agita P – potência gasta (HP = kgf m/s) N – velocidade de rotação do agitador (rpm) g – aceleração da gravidade (m/s2) Essas 12 variáveis foram objeto de uma análise dimensional (Rushton & all) através da qual chegou-se aos seguintes grupamentos adimensionais: Esses grupamentos são resultados de estudos de uma análise dessas grandezas que podem interferir na agitação dos meios de fermentação. 11.. NNúúmmeerroo ddee RReeyynnoollddss ((ffoorrççaass iinneerrcciiaaiiss//ffoorrççaass vviissccoossaass)) Força de inércia: FI = ρ N2 Da Forças viscosas: FV = µ N / Da Caracterizam o funcionamento do sistema NRe < 10 escoamento viscose (laminar) NRe > 10 4 escoamento turbulento 22.. NNúúmmeerroo ddee PPoottêênncciiaa ((oouu nnúúmmeerroo ddee NNeewwttoonn)) 33.. NNúúmmeerroo ddee FFrroouuddee ((ffoorrççaass ddee iinnéérrcciiaa // ffoorrççaa ddaa ggrraavviiddaaddee vvóórrttiiccee)) 44.. GGrruuppooss qquuee ccaarraacctteerriizzaamm aa ggeeoommeettrriiaa ddoo ssiisstteemmaa Rushton & all (1950) ao desenvolver o conceito de número de potência, relacionaram NP e NRe para vários tipos de agitadores e chegaram a: TTiippoo ddee llââmmiinnaa ddee aaggiittaaççããoo 1. Rushton com 6 lâminas chalãs (disco com lâminas) 2. Turbina com 4 pás largas 3. Hélice marinha Se NRe > 10 4 NP = cte D ; H ; L ; HP ; LP Da Da Da Da Da 15.3.2. Cálculo da potência necessária à agitação mecânica com agitadores rotativos Então dimensionar agitação, é basicamente determinar a potência necessária para aplicar no eixo para promover a agitação. 1) SEM AERAÇÃO Equação I Relação genérica Onde, K – fator de Rushton m e n – constantes dependentes do tipo e dimensões do agitador a) Se não há vórtice (isto é, com chicanas) ou se Re < 300, n = 0 Re < 300 não é necessariamente escoamento laminar (Re<10). Sendo, portanto, regime transiente. Como o expoente do n° de Froude é zero (n=0), significa que independe das características do fluido. A equação I se reduz a: a.1) Regime Laminar, NRe < 10 (regime laminar) m = -1 NP = k NRe m NFr n Ao invés de Da (diâmetro do agitador), poderia ser usado o diâmetro do reator, conforme a relação de geometria. Na equação, isso é ajustado, colocando o valor dessa razão D/Da na constante k. a.2) Regime turbulento, NRe > 10 4 m = 0 b) Se há vórtice Onde, a depende do tipo de palheta e da relação (D/Da) e b depende do tipo de palheta. 2) COM AERAÇÃO Onde, P – potência necessária para agitar um meio não aerado Pg – potência necessária para agitar um meio aerado Na – número de aeração Fg – vazão volumétrica de ar a) Correlações propostas por Calderbank e colaboradores a.1) Se Na < 0,035 Na = Fg N Da 3 Pg = 1 - 12,6 (Na) P Essas correlações foram feitas para um sistema ar-água e não ar-meio de cultura. As correlações continuam valendo, mas o que muda são as constantes. a.2) Se Na > 0,035 b) Correlação de Michel & Miller k é uma constante que depende da geometria do sistema. Atentar-se ao fato de que algumas correlações possuem constantes na expressão, as quais possuem restrições. c) Correlação de Cooper e colaboradores c.1) Onde, Kv – coeficiente volumétrico de oxigênio (kgmol/h m 3 atm) Kv = Kga Pg/V – potência consumida por unidade de volume de líquido (HP/m 3) Vs – velocidade do gás calculada com base na seção reta do fermentador vazio (m/h) RReessttrriiççõõeess:: Para um jogo de palhetas vs < 90 m/h Para dois jogos de palhetas vs < 150 m/h (H/D) = 1,0 e (Pg/V) > 0,1 HP/m 3 Turbina “varred disk” Pg = 0,62 – 1,85 (Na) P Pg e P = [HP] N = [rpm] Da = [cm] Fg = [l/min] Observe que todas elas tem a variável P. Então, é preciso calcular o P pelas primeiras equações (para sistema sem aeração) e entrar com o valor de P nessas correlações para determinar o Pg. Ou seja, você sempre calculao P para sistemas não aerados e ajusta através das correlações. c.2) RReessttrriiççõõeess:: vs < 21 m/h (Pg/V) > 0,06 HP/m 3 (H/D) = 1,0 Turbina de lâminas chatas Se (H/D) ≠ 1,0, teremos: kv (H/D)=1 = fc kv (H/D)≠1 Se houver mais do que um jogo de palhetas, teremos: d) Correlação de Richards e colaboradores: KLa é uma medida da eficiência do sistema de agitação.
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