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M02 Farmácia Hospitalar

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AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 60 
 
 
MÓDULO II 
 
 
9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula seus membros para que 
estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas 
especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. No Brasil, a 
Política Nacional de Medicamentos (PNM) obrigatoriamente deve ser implementada 
pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) em todas as unidades hospitalares, 
para isso, é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. 
Padronização de medicamentos pode ser entendida como a constituição de 
uma relação básica de medicamentos, que deve constituir os estoques das 
farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico-hospitalar, de acordo com 
suas necessidades e peculiaridades locais, acarretando na sua utilização racional. 
O processo de seleção de medicamentos deve assegurar o cumprimento de 
uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de 
medicamentos, é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e 
desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação 
farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica 
sobre a escolha e a utilização dos fármacos. 
 
 
9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, 
multidisciplinar e participativo. Tem o intuito de assegurar ao hospital acesso aos 
medicamentos mais necessários, adotando critérios de eficácia, segurança, 
qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 61 
A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja 
realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: 
 Farmacoeconomia; 
 Farmacoepidemiologia; 
 Farmacologia e Terapêutica Clínica; 
 Farmacovigilância; 
 Biofarmacotécnica; 
 Farmacocinética. 
Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que 
interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do 
arsenal terapêutico. 
 
 
9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A realização da seleção de medicamentos reduz custos e melhora a 
qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição hospitalar. As vantagens da 
seleção de medicamentos são: 
 Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e 
efetividade do tratamento; 
 Racionalizar o número de medicamentos e produtos correlatos, com 
consequente redução de custos com a aquisição; 
 Facilitar as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, 
distribuição e controle, com redução dos custos operacionais; 
 Disciplinar o receituário médico-hospitalar e uniformizar a terapêutica, 
colaborando como instrumento de ensino na área de saúde; 
 Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância 
farmacológica, o que pode ser incentivado por meio da adoção do Programa de 
Farmacovigilância do Ministério da Saúde (que será discutido no Módulo IV). 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 62 
 
 
9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Na implantação de um processo de seleção de medicamentos, é 
recomendável seguir as seguintes etapas: 
 Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões e 
informativos; 
 Designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor 
clínico; 
 Levantamento do perfil dos problemas de saúde atendidos pela 
unidade hospitalar; 
 Análise do padrão de utilização de medicamentos; 
 Definição dos critérios de seleção a serem adotados; 
 Seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento 
do formulário e os métodos a serem empregados; 
 Edição e divulgação do formulário farmacêutico; 
 Atualização periódica do formulário farmacêutico, que deve ser 
revisado no mínimo a cada dois anos. 
 
 
9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o 
perfil das doenças prevalentes, a infraestrutura para o tratamento, o treinamento e a 
experiência da equipe disponível. Portanto, devem ser empregados no processo de 
seleção de medicamentos os seguintes critérios: 
 Selecionar medicamentos com evidência de eficácia clínica – estas 
informações devem ser obtidas através de ensaios clínicos; 
 Eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele 
de menor toxicidade e maior comodidade posológica; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 63 
 Padronizar medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da 
duração do tratamento sejam pequenos, preocupando-se sempre com a 
eficácia do produto; 
 Padronizar medicamentos que possuam estudos sobre 
biodisponibilidade e parâmetros farmacocinéticos; 
 Escolher, sempre que possível, entre os medicamentos de mesma 
ação farmacológica, um representante de cada categoria química ou com 
característica farmacocinética diferente, ou que possua característica 
farmacológica que represente vantagem no uso terapêutico; 
 Evitar a inclusão de associações fixas, exceto quando os ensaios 
clínicos justificarem o uso concomitante e o efeito terapêutico da associação 
for maior do que a soma dos efeitos dos produtos individuais (por exemplo, 
no uso da associação entre sulfametoxazol e trimetropima); 
 Priorizar formas farmacêuticas que proporcionem maior possibilidade 
de fracionamento e adequação à faixa etária, principalmente em unidades 
hospitalares que atendem o público pediátrico; 
 Padronizar, preferentemente, medicamentos encontrados 
comercialmente e formas farmacêuticas acondicionadas em dose unitária; 
 Realizar a seleção de antimicrobianos em conjunto com a Comissão de 
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), verificando os s prevalentes, 
padrões de sensibilidade e selecionando aqueles antimicrobianos que 
permitam suprir as necessidades terapêuticas; 
 Reservar novos antimicrobianos para o tratamento de infecções por 
microrganismos resistentes a antimicrobianos padrões ou para infecções em 
que o novo produto seja superior aos anteriores, fundamentado em ensaios 
clínicos comparativos; 
 Padronizar medicamentos pelo nome do princípio ativo adotando a 
denominação comum brasileira (DCB) e, na falta desta, a denominação 
comum internacional (DCI). 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 64 
 
 
10 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Há duas comissões hospitalares responsáveis pela seleção de 
medicamentos: a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) e a Comissão de 
Padronização de Medicamentos (CPM). As duas comissões têm o mesmo objetivo, 
mas as atividades que desenvolvem são diferentes. O ideal é que as CPMs se 
transformem em CFTs. 
A CPM é a juntadeliberativa designada pela diretoria clínica com a 
finalidade de regulamentar a padronização de medicamentos utilizados no 
receituário hospitalar. 
As atribuições da CPM são: 
 Padronizar os medicamentos para uso no hospital; 
 Publicar a padronização de medicamentos e mantê-la atualizada; 
 Divulgar informações sobre medicamentos. 
 
 
10.1 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA 
 
 
A responsabilidade pelo desenvolvimento e supervisão de todas as políticas 
e práticas de utilização de medicamentos na unidade hospitalar com intuito de 
assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo é da CFT. 
A CFT assessora a diretoria clínica nos assuntos relacionados a 
medicamentos e terapêutica e serve como uma ligação entre a farmácia e a equipe 
de saúde. Essa é a comissão hospitalar mais importante para a farmácia, pois 
promove ações educativas, assessoria técnica e divulgação sobre medicamentos 
devendo executar as seguintes atividades no hospital: 
 Estabelecer normas e procedimentos relacionados à seleção, à 
distribuição, à produção, à utilização e à administração de fármacos e 
agentes diagnósticos; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 65 
 Padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional dos 
medicamentos prescritos no hospital; 
 Elaborar um guia farmacoterápico ou formulário farmacêutico; 
 Avaliar periodicamente o arsenal terapêutico disponível, promovendo 
inclusões ou exclusões segundo critérios de eficácia, eficiência clínica e custo; 
 Normalizar procedimentos farmacoclínicos que se relacionam com a 
terapêutica medicamentosa; 
 Coordenar avaliações clínicas e estudos de consumo de medicamentos 
em pesquisa ou recém-lançados; 
 Sugerir medidas que possibilitem a disponibilidade de recursos 
materiais e humanos, assegurando a viabilidade da política de 
medicamentos dentro da instituição; 
 Disciplinar a ação dos representantes da indústria farmacêutica dentro 
do hospital; 
 Estudar medicamentos sob o ponto de vista clínico, biofarmacêutico e 
químico, emitindo parecer técnico sob sua eficácia terapêutica como critério 
fundamental de escolha; 
 Divulgar informações relacionadas a estudos clínicos relativos aos 
medicamentos incluídos e excluídos do formulário farmacêutico; 
 Fazer estudos e/ou revisões bibliográficas sobre medicamentos; 
 Elaborar programas de notificação e acompanhamento de reações 
adversas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 66 
 
 
10.2 ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
As comissões de padronização e de farmácia e terapêutica têm a mesma 
estrutura básica, garantindo um caráter multidisciplinar e dinâmico ao processo de 
seleção de medicamentos. 
Devem ser compostas de: 
 
 
 
 
 
O farmacêutico deve ser o secretário da comissão, os demais membros não 
devem ser escolhidos em função de motivação e experiência na área de terapêutica e 
farmacológica. Torna-se bastante interessante ter como membro permanente desta 
comissão, um representante da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). 
A equipe de saúde deve ser rotineiramente comunicada das decisões da 
CFT por meio de reuniões ou informativos. É recomendável que a CFT se reúna 
pelo menos seis vezes ao ano. 
 Um médico que atuará como presidente; 
 Um médico de cada especialidade (Clínica Médica, 
Clínica Pediátrica, Clínica Cirúrgica e/ou outras 
clínicas de acordo com as características do 
hospital); 
 Um membro da Comissão de Controle de Infecção 
Hospitalar (CCIH); 
 Um farmacêutico; 
 Um enfermeiro. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 67 
 
 
 
11 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO 
 
 
O Formulário Farmacêutico é uma publicação, geralmente em forma de 
manual, que traz a relação atualizada de medicamentos selecionados para uso no 
hospital e informações essenciais sobre medicamentos. O formulário deve ser 
completo e de fácil consulta, e sua revisão deve ser periódica. 
O sistema de formulário é um processo contínuo por meio do qual a farmácia 
e a equipe de saúde em conjunto com a CFT ou equivalente avalia e seleciona os 
medicamentos necessários para assistência aos pacientes. Os produtos 
selecionados devem estar disponíveis na farmácia. 
O objetivo primário da CFT é garantir o uso racional de medicamentos e 
reduzir os custos sociais e institucionais, ao se implementar o sistema de formulário. 
Estes dois objetivos aparentemente conflitantes representam um desafio para o 
sucesso da implementação do sistema de formulário. 
A atuação do farmacêutico, sugerindo ao médico substituição terapêutica ou 
farmacêutica e prescrição de medicamentos incluídos no formulário, implementa o 
sistema e reduz custos (Tabela 5). 
A capacidade dos membros da CFT para escolher os melhores fármacos e 
conscientizar os médicos sobre a relevância da seleção é importante para o êxito da 
implementação do formulário. Os profissionais da equipe de saúde devem ser 
incentivados a participar do processo de seleção de medicamentos. A ampla 
divulgação da revisão do formulário é importante para permitir que os profissionais 
do hospital enviem sugestões. As sugestões devem ser encaminhadas por meio do 
formulário de inclusão e exclusão de medicamentos à secretaria da CFT (Figura 6), 
que pode ser realizada a qualquer tempo, fato que pode trazer a necessidade de 
mais uma reunião da comissão para rever a padronização realizada. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 68 
 
 
 
TABELA 5 - ALTERNATIVAS E TIPOS DE SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
Definição de Alternativas e Tipos de Substituição de Medicamentos 
Alternativa Farmacêutica: medicamentos que contêm o mesmo fármaco, a mesma 
dosagem e diferem em relação ao sal, éster, forma farmacêutica ou via de administração. 
Alternativa Terapêutica: medicamentos que contêm diferentes fármacos, mas que 
pertencem à mesma classe farmacológica. Apresentam os mesmos efeitos terapêuticos 
quando administrados em doses terapeuticamente equivalentes. 
Substituição Farmacêutica: ato de fornecer uma alternativa farmacêutica no lugar do 
medicamento prescrito. 
Ex.: Estolato de eritromicina por estearato de eritromicina. Sulfato de codeína por 
fosfato de codeína. Ampicilina suspensão por ampicilina cápsula. 
Substituição Terapêutica: ato de fornecer uma alternativa no lugar do medicamento 
prescrito. 
Ex.: Enoxiparina por Fraxiparina, Omeprazol por Pantoprazol 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
O uso de medicamentos não incluídos no formulário (conhecidos como 
medicamentos não padrão) deve ser controlado pela CFT. Estes medicamentos só 
devem ser liberados para utilização, após a solicitação contendo justificativa 
avaliada e aprovada pela CFT. Essas medidas visam inibir o uso de medicamentos 
não incluídos no formulário e incentivar o uso de padronizados, com intuito de 
controlar a prescrição médica e reduzir custos. 
O farmacêutico que atua na dispensação de medicamentos do hospital deve 
estar consciente do importante papel da padronização de medicamentos devendo 
estar capacitado e disposto a interagir com os médicos em um esforço de evitar a 
utilização de medicamentos não padronizados. As decisões da CFT devem 
confirmar a prática clínica da instituição para o sistema de formulário ser efetivo. 
Contato direto com os médicos, distribuição de boletins e informações ajudam a 
motivar os médicos a prescreverem apenas medicamentos padronizados. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 69 
 
 
 
FIGURA 6 - FORMULÁRIO DE PADRONIZAÇÃO OU DESPADRONIZAÇÃO DE 
MEDICAMENTOSÀ LISTA DE MEDICAMENTOS PADRONIZADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HOSPITAL PORTAL EDUCAÇÃO 
SOLICITAÇÃO DE PADRONIZAÇÃO OU DESPADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
INCLUSÃO 
 
 EXCLUSÃO 
 
1. Nome do Fármaco: ________________________________________________________________________________ 
2. Nome(s) Comercial(is):_____________________________________________________________________________ 
3. Fabricante(s):_________________________________ 
4. Forma(s) farmacêutica(s) e concentração(ões) a incluir ou excluir:_____________________________________ 
5. Indicações Terapêuticas: ___________________________________________________ 
6. Classe(s) Terapêutica(s):____________________________________________________________ 
7. Esquema terapêutico recomendado: ____________________ 
Duração do tratamento: _____________________________________ 
8. Justificativa da escolha em relação a outro substituto incluído na padronização: 
__________________________________________________________________________________ 
9. Efeitos observados: 
 Benéficos: 
__________________________________________________________________________________ 
 Maléficos: 
 __________________________________________________________________________________ 
10. Relacionar as contra-indicações: 
______________________________________________________________________________ 
11. Citar estudos clínicos que justifique sua alteração: 
_________________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________________ 
 
Nome e função do solicitante: ________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
Solicitante:___________________________________________________________ Data:___/___/___ 
 
 
Chefe do Serviço ou Unid. de Internação:___________________________________ Data:___/___/___ 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 
 
 
 
12 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
12.1 SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE 
TERAPÊUTICA 
 
 
O método de revisão de classe terapêutica consiste na avaliação 
comparativa de fármacos de uma determinada classe terapêutica. O farmacêutico, 
com o suporte do Centro de Informações de Medicamentos (CIM), elabora uma 
monografia dos fármacos da classe terapêutica em análise. Os aspectos mais 
relevantes a serem abordados na monografia estão dispostos na Tabela 6. A 
monografia deve ser realizada com base em uma ampla revisão da literatura. Um 
informativo técnico sintético deve ser encaminhado à CFT visando subsidiar as 
deliberações. Neste informativo, é recomendável incluir tabelas para facilitar a 
comparação e dar enfoque, principalmente, às indicações, eficácia clínica, posologia 
reações adversas, ensaios clínicos, níveis de evidência do uso terapêutico e custo. 
O método de revisão de classe terapêutica pode ser empregado tanto nas 
revisões como na elaboração inicial da padronização. A maior vantagem deste 
método é propiciar avaliação sistemática de cada classe terapêutica organizando o 
processo de seleção e assegurando uma análise adequada dos fármacos 
disponíveis para o arsenal terapêutico do hospital. 
Os métodos qualitativos, como a revisão de classe terapêutica em situações 
que envolvem fármacos com características muito semelhantes, muitas vezes, não 
permitem uma escolha adequada. Para evitar uma seleção de medicamentos 
baseada em critérios subjetivos, a alternativa para essas situações é o emprego de 
métodos quantitativos que veremos ainda neste módulo. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 
 
 
 
TABELA 6 - ASPECTOS IMPORTANTES PARA AVALIAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
Informações Importantes para Avaliação de Medicamentos 
Identificação do medicamento: denominação comum brasileira e/ou 
denominação comum internacional especialidades farmacêuticas formas 
farmacêuticas fornecedores 
Classe farmacológica (o ideal é empregar a classificação anatômico-
terapêutica clínica — ATC) 
Indicações terapêuticas do medicamento autorizadas no país e outras 
indicações do medicamento aprovadas em outro país de referência 
(geralmente são utilizadas como referência as autorizações do FDA) 
Farmacologia clínica 
Farmacocinética 
Reações adversas 
Cuidados, precauções e contraindicações 
Esquemas posológicos, inclusive em situações especiais: neonatologia, 
pediatria, geriatria gestação, insuficiência renal ou hepática e outras 
Ensaios clínicos publicados na literatura e, se disponíveis, metanálises 
Comparação com alternativas terapêuticas incluídas na padronização 
Custo do tratamento e análise do impacto econômico na instituição 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 72 
 
 
 
12.2 MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Os medicamentos novos, frequentemente, oferecem poucas vantagens em 
relação aos antigos, mas podem diferir em segurança, esquema de administração e 
custo. Em consequência dessa homogeneidade das características dos fármacos, a 
seleção de medicamentos pode se tornar subjetiva. Na seleção de medicamentos é 
necessário um método objetivo e quantitativo que abranja todas as variáveis que 
influenciam na seleção do fármaco adequado, como por exemplo, a análise de 
decisão clínica, um método que auxilia a tomada de decisões definindo o modo mais 
efetivo de lidar com problemas específicos. 
A seleção de medicamentos empregando o método de análise de decisão 
envolve as etapas detalhadas a seguir. 
 
 
12.2.1 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas 
 
 
O primeiro passo deve ser a definição do problema em questão, o objetivo 
pretendido e a partir disto identificar as alternativas, isto é, os possíveis fármacos 
para o tratamento pretendido, como exposto no exemplo abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Problema — seleção de um inibidor da bomba de prótons. 
Objetivo — escolher o fármaco inibidor da bomba de prótons de maior 
eficácia, segurança e de baixo custo para o tratamento de úlcera. 
Alternativas — omeprazol e pantoprazol. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 73 
 
 
 
12.2.2 Definição dos critérios de avaliação 
 
 
O segundo passo é definir critérios com o objetivo de quantificar a eficácia, a 
segurança e o custo de tratamento com os fármacos em estudo. Os critérios são 
definidos especificamente para um determinado problema. 
Por exemplo, na seleção de um inibidor de bomba de prótons da histamina 
podem ser adotados os seguintes critérios: 
 Eficácia em úlcera duodenal; 
 Eficácia X custo; 
 Farmacocinética; 
 Interação medicamentosa; 
 Reações adversas; 
 Ensaios clínicos com o fármaco e outros. 
 
 
12.2.3 Caracterização das informações necessárias à análise de decisão 
 
 
Os critérios de avaliação recebem certo peso e então são classificados em 
ordem crescente do peso. Em seguida, um grupo de médicos e farmacêuticos 
escolhidos pela CFT estabelece o valor utilitário de cada critério. O valor utilitário é a 
expressão quantitativa do valor relativo do critério. É definido também o valor 
probabilístico do fármaco que é uma estimativa numérica de como o fármaco 
preenche o critério de avaliação.A próxima etapa é a multiplicação do valor utilitário 
de cada critério pelo respectivo valor probabilístico e a realização da soma dos 
critérios. O fármaco com a maior pontuação final é o selecionado. 
O que pode ser aplicado ao nosso caso: omeprazol X pantoprazol. A partir 
da determinação dos pesos de cada critério a ser analisado, são dados os valores 
referentes a cada fármaco baseado em evidências científicas e somados os pontos, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 
um dos fármacos pode então ser selecionado como o mais adequado, dentre os 
critérios priorizados pela CFT desta unidade hospitalar em particular. 
 
 
12.2.4 Análise de decisão 
 
 
Podem ser introduzidos na avaliação alguns erros, pois determinados 
valores numéricos, especialmente os utilitários, podem ser subjetivos. Portanto, é 
necessário realizar uma análise estatística empregando análise de sensibilidade. A 
análise de sensibilidade avalia a estabilidade das conclusões em relação a uma 
faixa de valores plausíveis para o valor probabilístico e o utilitário. Ausência de 
alteração significativa da conclusão em função das variações dos valores indica que 
a alternativa de maior valor preenche melhor os critérios de avaliação. 
Os resultados de uma análise de decisão são aplicáveis apenas no hospital 
onde foi realizada. As conclusões de análise de decisão variam de uma instituição 
para outra, principalmente devido às diferenças na definição dos critérios e na 
definição da importância. 
A importância da análise de decisão consiste em forçar os membros da CFT 
a considerar os critérios e as alternativas objetivamente antes de chegar a uma 
decisão. A quantificação de todos os atributos dos fármacos permite um processo de 
seleção lógico e racional, evitando longas discussões e minimizando erros pessoais. 
 
 
12.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE 
DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT 
ANALYSIS (SOJA) 
 
 
A Seleção racional de medicamentos é um fator essencial na elaboração do 
formulário farmacêutico. Além dos critérios racionais de seleção de medicamentos 
(eficácia clínica, custo, tolerância, esquema de administração etc.), fatores 
emocionais, financeiros e relacionados ao marketing farmacêutico interferem na 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
seleção de medicamentos. O processo de tomada de decisão é uma alternativa para 
excluir a interferência desses fatores. 
O Sistema de Análise de Avaliação por Objetivo (SOJA) é um método de 
tomada de decisão para seleção de medicamentos. Este método consiste na 
definição prospectiva de critérios de avaliação para uma determinada classe 
terapêutica. A extensão com que cada fármaco preenche o critério é analisada. A 
cada critério é atribuído um peso relativo; quanto maior a relevância do critério, 
maior o peso. Um painel de especialistas escolhidos pela CFT estabelece o peso 
relativo de cada critério e o valor relativo para o fármaco frente ao critério. 
No método SOJA os seguintes critérios de avaliação do fármaco devem ser 
incluídos: 
A pontuação total do SOJA é de no máximo mil pontos, que são divididos 
entre os critérios considerados relevantes para classe terapêutica em estudo. A 
principal vantagem do SOJA é selecionar os medicamentos empregando 
exclusivamente critérios racionais. O método subsidia as decisões da CFT tornando 
o processo de tomada de decisão mais concreto. 
Esse método tem limitação de ser tempo-dependente, pois sofre alteração 
em virtude das publicações de ensaios clínicos, estudos de farmacovigilância e do 
registro e do tempo de comercialização. Para superar essa limitação, o método deve 
ser atualizado periodicamente, daí a necessidade de reunião da CFT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 76 
 
 
13 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA 
FARMACÊUTICA 
 
 
A CFT possui uma meta em especial, reduzir as despesas com 
medicamentos, evitando gastos que resultam em elevação desnecessária do custo 
do tratamento, sem contribuir com retorno à saúde do paciente. A CFT para atingir 
esta meta deve adotar as seguintes estratégias: 
 garantir, por meio de medidas educativas e programas de estudo de 
utilização de medicamentos (EUM), que os medicamentos selecionados 
estão sendo adequadamente prescritos; 
 incentivar o uso do medicamento de baixo custo quando a eficácia e a 
segurança não foram alterados; 
 elaborar revisões periódicas das diversas classes de fármacos, 
fazendo alterações visando garantir que os medicamentos usados no 
hospital irão refletir a terapêutica mais econômica; 
 promover a utilização eficiente dos medicamentos, adotando 
mecanismos de restrição de fármacos para serviços específicos, situações 
clínicas determinadas e credenciamento de médicos autorizados a prescrever. 
Nos últimos anos, administradores hospitalares e farmacêuticos têm 
observado que uma grande parte da elevação das despesas dos hospitais nos 
últimos anos é devida às farmácias. Entretanto, muitas das causas são por fatores 
externos e a CFT é vista como um instrumento com capacidade para controlar os 
fatores internos. O sistema de formulário oferece excelente controle dos fármacos 
utilizados no tratamento dos pacientes. O reconhecimento deste controle pelos 
administradores frequentemente resulta em pressão para CFT priorizar a redução de 
custos devido aos enormes gastos com medicamentos. Mas a CFT deve 
conscientizar os administradores que a redução dos gastos não pode ocorrer em 
detrimento da qualidade da farmacoterapia prestada ao paciente. 
Tradicionalmente, a CFT tem avaliado a inclusão de medicamentos nos 
formulários com base na eficácia, segurança e custos de aquisição. A utilização de 
informações de análise farmacoeconômica nos processos de tomada de decisão 
 
 
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 77 
sobre os medicamentos a serem incluídos ou excluídos do formulário irá auxiliar a 
CFT a garantir a redução de custos e a seleção de medicamentos eficazes. A 
farmacoeconomia é uma área em desenvolvimento dentro das ciências 
farmacêuticas de grande importância, que pode ser também realizada pela própria 
unidade hospitalar com seus próprios dados e, por isto, as CFTs e as CPMs devem 
se conscientizar da importância da farmacoeconomia e capacitar profissionais para 
atuar nessa área nos hospitais. 
Podemos concluir após a exposição deste tema que o processo de seleção 
de medicamentos visa: 
 
Portanto, a padronização de medicamentos de um hospital é um instrumento 
facilitador da implementação de um programa de uso racional de medicamentos e por 
este motivo o serviço de farmácia hospitalar deve incentivar a implantação de uma 
comissão de seleção de medicamentos atuante. 
E quaisquer que sejam os critérios empregados, a forma de planejar este 
trabalho, a divulgação, o formato, a denominação, a facilidade em se encontrar as 
 Facilitar a escolha de fármacos seguros, eficazes e baratos; 
 Promover a utilização racional de medicamentos; 
 Custo do medicamento; 
 Eficácia clínica; 
 Incidência e intensidade de efeitos adversos; 
 Esquema posológico; 
 Interações medicamentosas; 
 Estudos clínicos, indicações aprovadas; 
 Tempo de comercialização; 
 Farmacocinética; 
 Aspectos farmacêuticos; 
 Reduzir o custo da assistência farmacêutica; 
 
 
 
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informações de forma rápida e objetiva, nada será válido se não for utilizado 
efetivamente e se os resultados desta tarefa não forem revertidos de forma satisfatória 
para trazer benefícios ao elemento mais importante de todo este processo: opaciente. 
 
 
14 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES 
HOSPITALARES (CCIH) 
 
 
As infecções hospitalares é problema antigo, havendo relatos desde 325 d. C., 
quando foram criados hospitais nas catedrais, confinando os doentes em ambientes 
restritivos que propiciavam a transmissão das moléstias da época. 
Com a descoberta da penicilina, no início do século XX, houve uma redução 
significativa das infecções. Para tanto, a partir dos anos 50, começaram a aparecer 
bactérias resistentes e as infecções hospitalares passaram a despertar maior 
interesse e atenção. 
Embora existam centros de excelência em controle de infecção hospitalar, 
uma grande parte dos hospitais brasileiros ainda não possui uma comissão ou 
serviço de controle de infecção hospitalar funcionando de maneira efetiva, indicando 
a necessidade de reavaliação da política de controle de infecções hospitalares. 
As infecções hospitalares são geralmente associadas aos diversos 
procedimentos invasivos, como os cirúrgicos, os cateterismos, a ventilação 
mecânica, entre outros. 
De acordo com os critérios gerais, as infecções hospitalares são definidas e 
descritas da seguinte forma: 
 Quando na mesma topografia em que for diagnosticada infecção 
comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das 
condições clínicas do paciente; 
 Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e 
não internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação 
clínica que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão; 
 
 
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 79 
 Quando se manifestam antes de 72 horas de internação, sendo 
associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos realizados 
durante este período; 
 Em recém-nascidos, com exceção das transmitidas de forma 
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superiores a 24 horas; 
 Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com 
infecção são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de 
origem. 
 
As principais causas das infecções hospitalares são: 
 Condição clínica do paciente; 
 Falta de vigilância epidemiológica adequada; 
 Uso irracional de antimicrobianos; 
 Utilização excessiva de procedimentos invasivos; 
 Métodos de proteção anti-infecciosa, ineficazes ou inexistentes; 
 
As características do programa de controle de infecções hospitalares são: 
 Possuir vigilância epidemiológica ativa, sistemática e contínua das 
infecções, buscando ações oportunas de prevenção e controle; 
 Racionalizar o uso dos antimicrobianos e de outros medicamentos que 
possam favorecer o desenvolvimento de infecções hospitalares; 
 Monitorar e controlar os procedimentos invasivos; 
 Utilizar métodos de proteção anti-infecciosa efetivos; 
 Promover a educação continuada sobre o controle de infecções 
hospitalares; 
 
 
14.1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) 
 
 
A portaria 196, de 24 de junho de 1983, foi a primeira legislação sobre 
infecções hospitalares no Brasil que estabeleceu conceitos e parâmetros para o 
controle de infecção nos hospitais. Esta portaria determinou que todos os hospitais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
do país, independentemente da natureza da entidade mantenedora, deveriam 
possuir uma Comissão de Controle de Infecções hospitalares (CCIH). 
Em 1992, foi publicada a portaria 930, que determinou a constituição, em 
todos os hospitais do país, dos Serviços de Controle de Infecções (SCIH), mantendo 
a exigência de existir também a CCIH. 
A CCIH é um órgão colegiado obrigatório, subordinado à Diretoria Clínica, 
com papel deliberativo. Já o SCIH apresenta papel executivo das tarefas 
emanadas pela CCIH. 
Todas as reuniões e providências tomadas pela CCIH/SCIH devem ter seu 
registro feito de forma adequada e estes documentos devem ficar arquivados para 
posterior verificação pela fiscalização ou possível utilização se houver algum 
processo judicial. 
A participação do farmacêutico nas comissões de controle de infecção é 
importante não somente no aspecto técnico, como está prevista legalmente no 
Brasil, por meio da portaria 2.616/1998, do Ministério da Saúde, que define o 
farmacêutico como membro consultor e executor da CCIH. Segundo a portaria 
2.616/1998, a farmácia tem participação importante no controle de infecções 
hospitalares: 
 
Promovendo o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais 
médico-hospitalares; 
Definindo políticas de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais 
médico-hospitalares; 
Cooperando com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo 
treinamento de funcionários e profissionais no que diz respeito ao 
CCIH.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Funções da CCIH 
- Revisão da padronização do elenco de antibióticos; 
- Elaboração de protocolos clínicos para tratamento de infecções; 
- Elaboração de relatórios com perfil de utilização, demanda e custos 
dos tratamentos; 
- Monitoramento de pacientes em uso de antimicrobianos, por meio das 
fichas de controle; 
- Definir critérios para seleção e aquisição de desinfetantes, 
antissépticos, saneantes, produtos para saúde e medicamentos. 
 
 
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15 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
 
 
Dentro das ciências farmacêuticas, a manipulação em hospital é uma 
atividade especial. Envolve áreas da farmácia que não são comuns em 
estabelecimentos de atendimento ao público. 
A manipulação de medicamentos não estéreis é um serviço que propicia 
grande economia para a instituição, disponibilizando medicamentos e soluções que 
o mercado não possui ou que têm alto custo, em diferentes concentrações, 
quantidades e volumes. 
O hospital leva a vantagem de poder controlar precisamente a administração 
de medicamentos preparados exclusivamente para um paciente, por possuir 
laboratórios de manipulação especializados. 
 
A importância da manipulação de medicamentos não estéreis é vista 
nas seguintes ocasiões: 
 É de extrema importância para o Sistema de Distribuição de Doses 
Unitárias (SDDU), podendo ser considerada uma área pré-requisito para 
Dose Unitária; 
 Proporciona a qualquer momento medicamentos com qualidade 
aceitável, adaptados à necessidade da população que atende; 
 Permite fracionar ou reenvasar medicamentos a fim de racionalizar sua 
administração e distribuição. 
 Permite preparar, diluir ou “reenvasar” germicidas necessários para 
realização de antissepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 82 
 
 
15.1 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA 
MANIPULAÇÃO HOSPITALAR 
 
 
Há algumas formas farmacêuticas não estéreis que podem ser produzidas 
na farmácia hospitalar como: 
 Comprimidos; 
 Cápsulas; 
 Papéis; 
 Soluções; 
 Xaropes; 
 Suspensões. 
E algumas que são obtidas no mercado farmacêutico, já manufaturadas, que 
podem ser submetidas ao fracionamento na farmácia hospitalar, como: 
 Comprimidos; 
 Líquidos orais (soluções, xaropes e suspensões). 
O número de farmácias onde existe a manipulação de medicamentos não 
estéreis vem crescendo significativamente por apresentar inúmeras vantagens, como: 
 Medicamento personalizado satisfazendo às necessidades do paciente; 
 Associações benéficas; 
 Vínculo entre paciente / médico / farmacêutico fortalecido; 
 Custo reduzido. 
 
Algumas observações na manipulação de medicamentos não estéreis 
que devem ser levadas em consideração: 
 Os equipamentos a serem utilizados na manipulação devemestar 
devidamente calibrados e aferidos; 
 Vidrarias e materiais de porcelana devem estar íntegros; 
 Deve haver um termostato nos refrigeradores permitindo 
monitoramento da temperatura; 
 
 
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 83 
 Os insumos devem ser armazenados de acordo com as orientações do 
fabricante; 
 A embalagem deve garantir a estabilidade do produto. 
 
 
15.2 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
 
 
 Sala de paramentação com lavatório. 
 Interior subdividindo os laboratórios de líquidos, semissólidos, sólidos 
e controle de qualidade, com acesso independente para evitar a 
contaminação cruzada. 
 Piso liso e lavável, cantos e rodapés arredondados, paredes lisas 
pintadas de cor clara com tinta acrílica ou epóxido, sistema de circulação de ar. 
 Sistema de circulação de ar composto pó: ventilador insuflador de ar e 
exaustor. Presença de pré-filtros HEPA para proporcionar ambiente classe 
100 mil, com 20 trocas de ar por hora. 
 Bancadas com tampo de material liso e lavável, pia de aço inoxidável, 
fonte de água potável e de água purificada, box de pesagem com balança 
eletrônica, armários para estoque de vidrarias e utensílios de manipulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 
 
 
Nos Estados Unidos, depois da doença cardíaca, o câncer constitui a 
principal causa de morte. Aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo 
desenvolvido poderá morrer de câncer nas próximas décadas. 
De acordo com estatísticas apresentadas em todo mundo, o aumento 
crescente da incidência do câncer é consequência do crescimento demográfico, da 
longevidade e provavelmente da entrada de novos fatores cancerígenos causais ou 
concausais cuja natureza é pouco conhecida. 
O câncer é um distúrbio celular caracterizado por alterações no processo de 
duplicação do DNA, resultado em proliferação celular alterada, de forma 
desordenada. 
A terapia oncológica consiste no tratamento dos pacientes portadores de 
câncer, por meio de qualquer das modalidades disponíveis à prática médica. 
Atualmente, o recurso mais empregado é o da quimioterapia, o qual utiliza os 
medicamentos antineoplásicos, por intermédio de protocolos de um ou mais 
medicamentos, dependendo do tipo e do estágio do tumor. 
 
 
16.1 ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS 
 
 
Conjunto de solicitações escritas pelo médico ao farmacêutico, para a 
preparação e entrega de um ou mais medicamentos, a prescrição ou receituário 
médico é redigida contendo informações direcionadas ao farmacêutico, visando ao 
atendimento do doente. Um receituário médico contém partes imprescindíveis, que o 
torna personificado e específico para cada paciente: 
 Nome do paciente; 
 Fármacos; 
 Vias de administração; 
 
 
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 Forma farmacêutica; 
 Indicações de uso; 
 Forma de administração do medicamento. 
O farmacêutico ao receber uma prescrição deve se certificar de que todas as 
informações, necessárias a dispensação do medicamento, estão claras e de acordo 
com o protocolo predefinido pelo médico. Os fármacos devem ser prescritos pelo 
médico em letra legível de forma explícita, indicando as concentrações desejadas 
para o tratamento. Cabe ao farmacêutico conferir as doses prescritas de acordo com 
a superfície corporal do paciente. Caso as doses estejam aparentemente elevadas, 
o médico deverá sublinhar a dose desejada, demonstrando consistência do fato. Em 
se tratando de agentes antineoplásicos, estes dados devem ser cuidadosamente 
avaliados devido às suas características citotóxicas. 
O atendimento da prescrição médica inclui a confecção de rótulo, o qual 
deve conter todas as informações necessárias à identificação do paciente, 
características referentes à reformulação preparada à orientação para a 
enfermagem na assistência ao paciente. 
Seguindo o protocolo de cada paciente, o esquema posológico deve estar 
claro na prescrição médica. Formulado pelo médico, o protocolo quimioterápico 
combina diversos medicamentos antineoplásicos destinados ao paciente oncológico 
e enviados ao farmacêutico para execução das diluições. 
O tratamento é repetido a um dado intervalo de tempo, denominado ciclo, de 
acordo com a evolução do paciente. 
O protocolo deve expressar com clareza: 
 Os fármacos; 
 O veículo; 
 A concentração; 
 A posologia; 
 Via de administração; 
 Tempo de infusão; 
 Informações sobre sequência e duração do tratamento; 
 Periodicidade dos ciclos; 
 Altura; 
 Peso; 
 
 
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 Superfície corporal; 
 Diagnóstico do paciente. 
Para os esquemas de altas doses, é importante que o farmacêutico 
certifique-se junto ao médico de que a dose prescrita é a desejada. 
A via endovenosa é a mais utilizada, no entanto, outras vias podem ser 
utilizadas, como tópica, oral, muscular, intratecal, intraperitoneal, intrapleural, 
intravesical e intrarretal. 
 
 
16.2 CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Setor onde são realizadas todas as atividades envolvendo a operação 
farmacêutica de preparo das soluções parenterais destinadas ao tratamento do 
câncer. As soluções são manipuladas de acordo com a prescrição médica destinada 
a cada paciente, de forma individual e personalizada. 
São extremamente complexas as técnicas empregadas para diluir os 
antineoplásicos, tornando-se aconselhável a centralização das atividades de 
manipulação desses fármacos. A manipulação centralizada apresenta as 
seguintes vantagens: 
 Melhor controle dos riscos decorrentes da exposição dos trabalhadores 
envolvidos com agentes antineoplásicos e meio ambiente; 
 Garantia de qualidade das soluções parenterais e dos serviços 
prestados aos pacientes oncológicos; 
 Redução dos cistos com recursos humanos, fármacos e material 
utilizado na manipulação dos antineoplásicos; 
 Melhor gerenciamento do setor, visando a alcançar eficácia, eficiência 
e efetividade nos serviços prestados. 
É necessária a elaboração de um projeto claro, conciso e coerente com a 
realidade de cada hospital ou clínica, para a implementação de uma Central de 
Manipulação de Antineoplásicos. Cada parte do projeto deve ser explicada com 
argumentos técnicos para justificar os equipamentos, a área física e os recursos 
humanos apresentados. 
 
 
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 87 
A central de manipulação deve ser bem planejada, buscando atender a 
característica de cada hospital e visando a proporcionar segurança ao trabalhador. 
Em linhas gerais, deve possuir os seguintes espaços físicos: 
 
 Área de limpeza do material a ser utilizado 
Este espaço destina-se ao armazenamento de limpeza de todo material 
utilizado na manipulação (Figura 7). 
 
 
FIGURA 7- SALA DE LAVAGEM DE MATERIAL 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) 
 
 
 Área destinada a paramentação do trabalhador 
Esta sala é composta por duas áreas separadas por um banco corrido ou 
por uma porta. Na primeira parte, são deixadas as vestes, sapatos, joias e outros 
acompanhamentos de uso pessoal. Na segunda área, o trabalhador faz a 
antissepsia das mãos com água e sabão neutro e se equipa com os equipamentos 
de proteção individual (EPI) (Figura 8). 
 
 
 
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 88 
 
 
FIGURA 8- SALA DE PARAMENTAÇÃO DO TRABALHADOR 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) Sala contendo a câmara de segurança biológica 
Nesta área, além da câmara de segurança biológica classe II tipo B2, 
instalam-se as bancadas onde são colocados os materiais necessários às atividades 
de manipulação farmacêutica (Figura 9). São também colocadas nas bancadas as 
soluções já preparadas para processar a rotulagem. As paredes devem ser laváveis, 
com as bordas arredondadas e pelo menos uma das divisórias deve ser de vidro para 
manter contato visual com a área externa. O ar de dentro da sala deve ser filtrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 9 - SALA DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) 
 
 
 Área de transferência 
Após a limpeza, o material é colocado nesta área de onde é transferido para 
a sala de manipulação e para receber dessas as soluções já preparadas para serem 
conduzidas às clínicas. Na divisória de vidro que separa as duas salas há uma 
janela com sistema corrediço por onde é feita a transferência dos produtos. É uma 
sala que impede a formação de correntes de ar que irão influenciar decisivamente 
na estabilidade do fluxo de ar da câmara. Esta sala tem contato com a sala de 
limpeza por meio de uma porta. 
 
Deve ainda fazer parte do planejamento de implantação e reestruturação 
das centrais de manipulação de antineoplásicos, um espaço destinado a recepção, 
cálculos e análises das prescrições. Nesta área, devem-se localizar as estantes com 
as fichas dos pacientes oncológicos, o registro com a lista dos agentes 
desativadores de cada antineoplásico, as normas e procedimentos adotados em 
 
 
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 90 
caso de acidentes, cópia dos certificados de manutenção da câmara e fichas 
contendo os dados de cada trabalhador, tais como dados pessoais e exames do 
programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO), cadastro de cada 
paciente e um terminal de computador para processamento de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
Câmara de segurança biológica 
 
 As câmaras de segurança biológica (CSB) classe II B 2, são 
sistemas eletromecânicos, com pressão negativa de exaustão e filtragem 
absoluta do ar descendente e ou ascendente capazes de criar ambiente 
de fluxo laminar vertical, em pequenas áreas de trabalho, 
independentemente das condições do meio. As câmaras de ar classe II 
são as que possuem fluxo laminar vertical. 
 As CSBs são desenhadas especificamente para o trabalho com 
agentes de risco biológico e adaptadas para o manuseio de agentes 
antineoplásicos. Portanto, é de suma importância a obediência rigorosa 
de técnicas de manipulação, a fim de minimizar os riscos de exposição a 
esses agentes. 
 A ventilação, a temperatura do ambiente e o controle 
microbiológico, dentro da área de manipulação da câmara, devem ser 
rigorosamente monitorados. Para limpeza dos equipamentos devem-se 
utilizar agentes adequados e em intervalos regulares de tempo, 
observando-se as técnicas de procedimentos recomendadas pelo 
fabricante. Os desinfetantes devem ser trocados periodicamente para 
não devolver formas de microrganismos resistentes. 
 A limpeza da câmara deve ser feita por pessoal devidamente 
treinado e conhecedor do risco a que está expondo seguindo as 
instruções do fabricante. O certificado contendo o laudo de 
manutenção da câmara deve ser fornecido por empresa idônea. A 
câmara deve ser instalada em uma área sem turbulência e sem 
frequente tráfego de pessoas. 
 A movimentação excessiva das mãos, o excesso de materiais, ou 
objetos de grandes volumes distribuídos no espaço destinado à 
manipulação dos fármacos, dificulta a circulação do ar e gera um 
ambiente de ventilação instável, que prejudica a eficiência da câmara. 
 
 
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16.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE 
ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Os antineoplásicos para uso oral não são prescritos com muita frequência, e 
muito embora os fármacos nesta apresentação já estejam prontos para a 
dispensação, são necessários alguns cuidados ao manuseá-los. A operação 
mecânica de fracionamento dos comprimidos ou individualização das cápsulas para 
dispensação faz liberar pó, cuja composição é semelhante a das formas 
farmacêuticas que lhes deram origem. Quando o fracionamento requer ajuste da 
dose, a operação farmacêutica envolve atividades minuciosas, como pulverização, 
pesagem e/ou dissolução de fármaco. É conveniente que se tenha um local 
exclusivo, com ventilação natural adequada para esta operação, dotado de um 
sistema exaustão de tal forma que as partículas não contaminem o ambiente de 
trabalho. É indispensável que o trabalhador esteja equipado com o EPI adequado. 
Na execução das atividades de manipulação de quimioterapia é 
aconselhável que o farmacêutico tenha auxiliares, tendo como atribuições: 
 Ligar e preparar CSB; 
 Separar o material; 
 Suprir a sala de manipulação com todos os materiais necessários ao 
preparo das soluções, rotulá-las e acondicioná-las adequadamente; 
 Limpar e desligar a câmara; 
 Adicionar adequadamente todos os resíduos de antineoplásicos. 
Essas atribuições possibilitam maior segurança ao manipulador, uma vez 
que este não precisa se levantar ou se movimentar muito enquanto manipula 
podendo desenvolver sua atividade com destreza e a rapidez que a técnica exige. 
Além disso, viabiliza um trabalho mais racional, evitando erros, desperdícios e 
diminuindo custos. 
São necessárias algumas precauções para minimizar a formação de 
aerossol no ambiente de trabalho, tais como: a diluição deve ser rápida, cuidadosa e 
com rigorosa técnica asséptica; deve-se ter cuidado de não deixar ar dentro da 
 
 
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 92 
seringa, colocando o bisel em contato com o líquido de dentro do frasco-ampola; 
afim de não aspirar o ar existente; a seringa deve ser selecionada de acordo com o 
volume a aspirar. 
A sequência para a manipulação dos antineoplásicos segue, em linhas 
gerais, os seguintes passos: 
 Análise das prescrições, realização dos cálculos e confecção dos 
rótulos; 
 Separação e limpeza do fármaco e da bolsa de diluente. Conduzi-los à 
sala de transferência e desta à sala de manipulação; 
 Após se desfazer de todos os adornos pessoais, faz-se a antissepsia 
das mãos e antebraços. Segue-se a paramentação com os EPIs; 
 Cubra a bancada com um campo de plástico e, sobre este, outro 
campo de papel absorvente, ambos estéreis; 
 O auxiliar vai distribuindo o material sobre a bancada à medida que 
forem sendo desenvolvidas as atividades de manipulação; 
 Posicionar-se junto à câmara e calçar as luvas cirúrgicas; 
 Proceder à reconstituição do fármaco e à sua diluição de acordo com 
as técnicas de manipulação farmacêutica, observando a dose prescrita 
pelo médico; 
 Conectar o equipo e verificar a ocorrência de vazamento; 
 Entregar ao auxiliar para a rotulagem; 
 A utilização de gazes estéreis é sempre recomendada para dar mais 
segurança, no momento de quebrar a ampola, aspirar a solução do frasco-
ampola e ao adicionar o medicamento reconstituído à bolsa de sistema 
fechado, contendo soro fisiológico, glicosado ou outro diluente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16.4 SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA 
 
 
Diante da evidência do risco de exposição ocupacional em que ocorre a 
possibilidade dos antineoplásicos causarem mutação e câncer em trabalhadores 
expostos, muitos países têm elaborado recomendações para a manipulação segura 
destes agentes. 
Alguns trabalhadores se expõem desnecessariamente a esses agentes, 
porque não sãodevidamente treinados e educados para trabalhar com agentes 
potencialmente tóxicos. 
 
 
FIGURA 10 - MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERÁPICOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal (manipulação realizada no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão 
Gesteira – IPPMG) 
 
 
 
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 94 
Técnicas perfeitas de manipulação são muito difíceis de serem executadas, 
os equipamentos de manipulação não são absolutamente infalíveis. Por isso, é 
muito importante que seja adotado um programa bem estruturado para a proteção 
do meio ambiente e do trabalhador que manuseia antineoplásicos. 
Os agentes antineoplásicos devem ser preparados em CSB classe II, tipo B2, 
de uso exclusivo, obtida de empresa idônea, instalada por pessoal devidamente 
habilitado e treinado. Deve ser instalada em uma área sem turbulência, com ar filtrado, 
devendo ser ligada de 15 a 30 minutos antes de iniciar os trabalhos e desligada de 15 
a 30 minutos após terminá-los, ou conforme orientação do fabricante. 
Deve-se incluir na manutenção da câmara a troca de pré-filtro e do filtro 
HEPA, seguindo rigorosamente as orientações do fabricante, de forma a garantir a 
eficiência operacional e a integridade dos processos eletromecânicos. O tempo de 
duração dos filtros de alta eficiência (HEPAs) é, em média, de três anos, 
dependendo dos cuidados utilizados na técnica de manipulação dos produtos. 
A limpeza da área crítica deve ser feita com produto apropriado, antes do 
trabalho e após o término das atividades, em concordância com as boas práticas da 
Farmácia. A parte externa da câmara deve ser limpa com detergente suave e a parte 
interna com álcool 70%, lembrando que este produto em excesso pode danificar as 
borrachas de vedação. O trabalhador deve utilizar capote de tyvec com gorro e 
botas, fechado na frente, com mangas longas e punhos. Deve usar ainda luvas 
cirúrgicas, óculos panorâmico de segurança e respirador classe P3. 
As soluções preparadas devem ser colocadas em recipientes 
impermeáveis rígidos, com tampa, e transportados até o local de administração em 
carrinhos, de modo a prevenir quebra e/ou vazamentos. O trabalhador deve estar 
adequadamente equipado. 
O lixo contendo antineoplásicos deve ser coletado em lixos resistentes à 
perfuração e a vazamentos de líquidos ou vapores, os quais são colocados em 
sacos de plástico grosso, identificados como lixo tóxico e conduzidos à 
incineração. O lixo contaminado com esses agentes não deve ser misturado com 
outro material a ser descartado. 
A desativação química do material contendo resíduos de antineoplásicos só 
deve ser feita por pessoal habilitado e devidamente treinado. A estocagem deve ser 
feita em prateleiras com proteção frontal, desenhadas especificamente para 
 
 
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produtos perigosos, para prevenir quebras e vazamentos. Os agentes termolábeis 
devem ser guardados em geladeira, separados dos demais medicamentos e 
devidamente identificados. 
As normas escritas de manipulação e procedimentos técnicos de segurança 
devem ser colocadas em local de fácil acesso aos trabalhadores de antineoplásicos 
e sempre que houver dúvidas, as mesmas devem ser dirimidas. 
Deve-se desenvolver uma política de aderência dos trabalhadores ao 
programa de segurança do trabalho. 
A farmácia deve possuir documentos que contenham informações sobre a 
toxicidade aguda, tratamento em caso de exposição acidental, inativadores químicos 
e características fisioquímicas dos antineoplásicos manuseados. 
É preciso desenvolver atividades de treinamento e educação de todos os 
trabalhadores envolvidos com antineoplásicos. 
Os trabalhadores expostos devem relatar, em fichas individuais, os acidentes 
de trabalho, nomeando os antineoplásicos envolvidos e a forma de exposição. 
 
 
16.5 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Agentes químicos usados no tratamento do câncer para inibir o crescimento 
celular, atuando sobre as moléculas que controlam a divisão e o desenvolvimento 
das células. 
O grupo farmacológico dos antineoplásicos inclui diversos agentes que 
atuam por mecanismos complexos, por meio de interações desses com o ácido 
desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) e proteínas. Apesar do 
processo de interação não estar bem esclarecido, sabe-se que os agentes 
antineoplásicos atuam de forma semelhante à irradiação ionizante. Eles não 
destroem diretamente as células cancerígenas, porém, impedem e/ou diminuem a 
habilidade de replicação do DNA, não possuindo ação seletiva sobre os tecidos 
neoplásicos e apresentando efeitos cumulativos. 
O efeito antineoplásico é dependente da ação citotóxica, afetando 
indistintamente tanto as células normais quanto às células alteradas, especialmente 
 
 
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aquelas que se dividem rapidamente, como as da medula óssea, epitélio 
gastrointestinal, pele folículo piloso, epitélio germinativo das gônadas e as estruturas 
embrionárias. Os pacientes terapeuticamente expostos a esses agentes podem 
apresentar reações adversas, como náuseas, vômitos, alopecia, hiperpigmentação, 
reações cutâneas e efeitos tóxicos em diversos órgãos: coração, rins e pulmões. 
A classificação dos antineoplásicos é feita de forma empírica, com base no 
mecanismo de ação sobre o ciclo de reprodução celular. 
Estão distribuídos entre os grupos: 
 
 Agentes Alquilantes 
Constituem um grupo de várias substâncias químicas, cuja característica 
comum é a alquilação do DNA. As células expostas a um agente alquilante têm 
átomos de hidrogênio substituídos por um radical alquil, resultando em ligação 
cruzada e formação de bases anormais nas moléculas de ácido desoxirribonucleico 
(DNA). Entre esses estão mostarda nitrogenada, ciclofosfamida, ifosfamida, 
bussulfano, carmustina, estreptozocin, dacarbazina. 
Todos os antineoplásicos da classe dos alquilantes apresentam reações 
adversas sobre o sistema reprodutivo, causando amenorreia muitas vezes 
permanente, particularmente em mulheres com idade próxima à menopausa e, no 
homem, pode causar azospemia irreversível e oligospermia. Podem causar efeitos 
irritantes por contato direto com a pele e, dependendo da intensidade da lesão, 
podem produzir efeitos sistêmicos. São agentes de atuação inespecífica, isto é, 
atuam em qualquer fase do ciclo de reprodução celular. 
 
 Agentes antimetabólicos 
Constituído por fármacos que interferem em diversos processos metabólicos 
celulares, resultando em interrupção da síntese de ácidos nucleicos. 
Podem agir por duas maneiras: por incorporação do fármaco em 
substituição a um constituinte normal da célula; ou por inibição de uma enzima do 
metabolismo celular. 
Os efeitos tóxicos originados da ação dos antimetabólitos se manifestam por 
meio de náuseas, mielossupressão grave, estomatite e alopecia moderada. 
 
 
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Entre os agentes antimetabólicos estão o metotrexate, 5-fluorouracil, 
citarabina, tioguanina, mercaptopurina. 
Estes agentes são tóxicos para todas as células normais, especialmente as 
que se dividem rapidamente, com potencial teratogênico e mutagênico, e quando 
administrados por tempo prolongado pode levar à cirrose e a fibrose hepática. 
 
 Antineoplásicos naturais 
O grupo dos antineoplásicos naturais é formado por alcaloides derivados da 
vinca, etoposido e teniposido, antibióticos e paclitáxel. 
Estas substâncias são agentes ciclocelulares específicos que bloqueiam as 
células em mitose. As atividades biológicas desses fármacos estão na capacidade de 
ligar-se tubulina, interferindo no funcionamento dado pelo sistema de microtúbulos, 
que é um dos componentes do fuso mitótico. Por meio da destruiçãodos 
microtúbulos, a divisão celular é detida na metástase. A ação tóxica mais importante é 
a mielossupressão e toxicidade neurológica. O etoposido e o teniposido estão 
classificados dentro do grupo dos agentes antineoplásicos naturais, por serem 
fármacos semissintéticos derivados da podofilotoxina. Esses agentes ligam-se à 
tubulina em locais diferentes daqueles usados para interação com os alcaloides da 
vinca. Seu mecanismo de ação parece estar relacionado com a ruptura da alça dupla 
do DNA. Seu efeito principal ocorre na fase terminal S e inicial G2 do ciclo de 
reprodução celular. Foram observadas duas diferentes respostas em função da dose: 
 Em altas concentrações – foi observado lise das células entrando em 
mitose; 
 Em baixas concentrações – foi observado que as células são inibidas 
ao iniciar a fase de prófase. 
O etoposido e o teniposido têm a sua ação citotóxica manifestada por 
leucopenia, trombocitopenia, neurotoxicidade, toxicidade hepática, febre, flebite, 
dermatite e reações alérgicas. 
Os antineoplásicos classificados como antibióticos resultaram da triagem de 
produtos antimicrobianos, que levaram à descoberta de diversos inibidores de 
crescimento celular, os quais se mostraram úteis no tratamento do câncer. Todos os 
antibióticos antineoplásicos, clinicamente úteis, são produtos semissintéticos, 
derivados de várias cepas, do fungo streptomyces. 
 
 
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Os antibióticos antineoplásicos dactininicina-D, daunorrubicina, 
doxorrubicina, bleomicina e mitomicina se ligam fortemente à dupla hélice do DNA, 
por meio da intercalação entre as bases púricas e pirimidínicas, interrompendo o 
prolongamento da cadeia de DNA e causando graves distorções cromossômicas. 
Essas distorções bloqueiam a síntese de novo RNA, do DNA ou ambos, provocando 
a ruptura das fitas de DNA e impedindo a duplicação celular. Os efeitos tóxicos são 
imunossupressão, cardiotoxicidade (aguda e acumulativa) e alopecia; e são 
vesicantes ao entrar em contato direto com a pele. Outros efeitos adversos são 
náuseas, estomatite e nefrotoxicidade. 
O paclitaxel promove formação e agrupamento anormal e a instabilização dos 
microtúbulos formados. Liga-se à subunidade beta-tubulina antagonizando a 
desmontagem dessa proteína, fazendo com que estruturas aberrantes apareçam nas 
células. Segue-se a parada da mitose podendo ocorrer morte celular. A ação 
citotóxica é manifestada por reações de hipersensibilidade ao fármaco, como rubor, 
dispneia, hipotensão, taquicardia, neurotoxicidade, cardiotoxicidade e hepatixicidade. 
 
 Agentes diversos 
O grupo de agentes diversos é composto pelos antineoplásticos cisplatina, 
carboplatina, hidroxiureia, procarbazina, dacarbazina e mitutano, L-asparaginási. 
Esses compostos possuem um mecanismo de ação variado e pouco elucidado, 
agindo em fase inespecífica do ciclo celular. Interferem na duplicação do DNA, 
inibindo a multiplicação das células por meio de alterações cromossômicas em 
tecidos neoplásicos e em tecidos normais. Podem causar toxicidade neurológica, 
com efeitos cumulativos, como formigamento e entorpecimento das extremidades, 
náuseas, vômitos, anorexia, hiperuricemia, granulocitopenia, nefrotoxicidade, 
desequilíbrio eletrolítico e neutropenia. Inclui ainda leucopenia e trombocitopenia e 
imunossupressão. A procarbazina é altamente carcinogênica, mutagênica e 
teratogênica. Tem sido relacionada também infertilidade, particularmente em 
homens. O agente antineoplástico L-asparaginasi é uma enzima que, ao catalisar a 
hidrólise da asparagina circulante, priva essas células da asparagina necessária à 
síntese de proteína, podendo levar à morte celular. Os efeitos tóxicos mais 
significantes são de hipersensibilidade, hiperglicemia, anormalidades de coagulação 
e supressão da função imune. 
 
 
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16.6 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
 
A eficácia dos fármacos antineoplásicos é alcançada mediante o seu 
potencial citotóxico, indicando que pequenas variações nas doses podem gerar 
graves danos ao paciente. Se forem preparadas doses ligeiramente menores do 
que as prescritas, poderão não produzir o efeito esperado e, se as doses forem 
ligeiramente maiores, poderão gerar um quadro de toxicidade, que pode ser letal. 
As doses prescritas devem ser rigorosamente atendidas. Deve-se ainda 
considerar que os doentes portadores de câncer são imunossuprimidos, quer pela 
doença de base, quer pelo fármaco que lhe está sendo administrado. É 
necessário, portanto, a utilização de uma técnica rigorosamente asséptica para o 
preparo das soluções parenterais, contribuindo dessa maneira para evitar 
quadros de infecção e septicemia. 
O farmacêutico que atende ao paciente oncológico ajuda na detecção de 
sintomas indicativos de sobreposição de toxicidades. É aconselhável que o 
farmacêutico sugira a diminuição das doses de pelo menos um dos componentes do 
esquema terapêutico. É também aconselhável que o farmacêutico em qualquer 
situação acompanhe a evolução clínica do paciente se inteirando das reações 
colaterais significantes, verificar se o medicamento está sendo administrado no 
tempo prescrito pelo médico e a forma como está sendo acondicionado na clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO II

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