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Comércio Internacional

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UNIDADE IV 
 
TÓPICOS DE 
MACROECONOMIA 
 
Aula 16 
Comércio Internacional 
 
Bibliografia 
 
 
 - MANUAL DE ECONOMIA 
Equipe de Profs. da USP, Cap. 22 
 
Conceitos Fundamentais 
 
 
Um país realiza uma série de transações econômicas com 
outros países. Essas transações podem ser tanto por meio do 
COMÉRCIO DE BENS E SERVIÇOS (exportações, 
importações, turismo, etc.) quanto com ATIVOS 
FINANCEIROS (direitos e obrigações: investimentos diretos, 
endividamento externo, títulos, etc.) 
Conceitos Fundamentais 
 
 
As transações internacionais permitem uma série de 
GANHOS DE EFICIÊNCIA (ganhos de comércio), dentre eles: 
1) Especialização na produção de bens em que o país possui 
vantagens comparativas 
2) Diversificação dos produtos a que os cidadãos tem acesso 
3) Ampliação da concorrência no mercado doméstico 
Taxa de Câmbio 
 
• Para que seja possível a realização das transações 
internacionais é preciso que os preços nos diferentes 
países possam ser comparados. Dessa necessidade 
surge a TAXA DE CÂMBIO. 
 
• Taxa de Câmbio é a medida pela qual a moeda de um 
país qualquer pode ser convertida em moeda de outro 
país. 
• No Brasil, a taxa de câmbio é expressa como o preço de uma unidade 
de moeda estrangeira em termos de moeda nacional (quantos reais 
valem um dólar). 
E = 
𝑅$ ???
𝑈𝑆$ 1,00
 
 
 
Taxa de Câmbio 
• Existem duas modalidade de taxa de câmbio: nominal e 
real. 
 
• TAXA DE CÂMBIO NOMINAL = relação entre 
quantidades de moeda. É o preço de uma moeda em 
relação a outra. 
 
• Valorização nominal: moeda nacional fica relativamente mais cara 
que a estrangeira. 
t1: US$1,00 = R$ 3,50 
t2: US$1,00 = R$ 3,00 
>>> moeda nacional vale mais em t2, pois precisa-se de menos reais para se 
comprar US$1,00. 
 
 
Taxa de Câmbio 
• Desvalorização nominal: moeda nacional fica relativamente mais 
barata que a estrangeira. 
t1: US$1,00 = R$ 3,50 
t2: US$1,00 = R$ 3,70 
>>> moeda nacional vale menos em t2, pois precisa-se de mais reais para se 
comprar US$1,00. 
 
 
• Para determinar os fluxos comerciais entre os países, a taxa 
de câmbio relevante é a chamada TAXA DE CÂMBIO REAL, 
que corresponde a relação de preço entre o produto nacional e 
o estrangeiro. 
Ɵ =
𝐸𝑃′
𝑃
 
 
Ɵ = taxa de câmbio real 
E = taxa de câmbio nominal (R$/US$) 
P’ = preço do produto estrangeiro (US$) 
P = preço do produto nacional (R$) 
Taxa de Câmbio 
•Exemplo: veja porque a taxa de câmbio real é a taxa relevante 
para o comércio internacional. 
 
Produto = notebook 
Preço no Brasil = R$5.000,00 
Preço nos EUA = US$ 2.000,00 
Taxa de câmbio (nominal): R$1,00/US$1,00 
 
E = 
𝑅$1,00
𝑈𝑆$1,00
 
P’ = US$ 2.000,00 
P = R$ 5.000,00 
Ɵ =
𝐸𝑃′
𝑃
 
 Ɵ = 
𝑅$1,00
𝑈𝑆$1,00
∗𝑈𝑆$2.000,00
𝑅$5.000,00
=
R$2000,00
R$5000,00
= 0,40 
 
>>> o computador nos EUA é 60% mais barato que o brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
Taxa de Câmbio 
 
E se a taxa de câmbio (nominal) se desvalorizar? 
E = 
𝑅$2,50
𝑈𝑆$1,00
 
P’ = US$ 2.000,00 
P = R$ 5.000,00 
Ɵ =
𝐸𝑃′
𝑃
=
𝑅$2,50
𝑈𝑆$1,00
∗ 𝑈𝑆$2.000,00
𝑅$5.000,00
= 1 
 
>>> o preço do computador no Brasil é o mesmo dos EUA 
 
Desvalorização na taxa de câmbio real (relação de preço 
passou de 0,4 para 1): produto brasileiro ficou relativamente 
mais barato) 
 
 
 
Taxa de Câmbio 
 Se os preços forem constantes, uma desvalorização 
nominal leva a uma desvalorização real na taxa de câmbio. 
 
>>> Mas se houver variação de preço, a inflação pode anular o 
efeito da desvalorização nominal sobre o câmbio real. 
 
Considere uma desvalorização nominal de 1,00 (R$/US$) para 1,10 (R$/US$); que os 
preços estrangeiros permaneçam constantes em US$1,00; e que o preço doméstico 
tenha subido de R$1,00 para R$1,20. 
Veja o efeito sobre o câmbio real: 
 t1: Ɵ =
𝐸𝑃′
𝑃
=
𝑅$1,00
𝑈𝑆$1,00
∗𝑈𝑆$ 1,00
𝑅$1,00
= 1 
 t2: Ɵ =
𝐸𝑃′
𝑃
=
𝑅$1,10
𝑈𝑆$1,00
∗𝑈𝑆$ 1,00
𝑅$1,20
= 0,92 
A taxa de câmbio real se valorizou, o preço do produto nacional ficou mais caro que o 
estrangeiro em t2, mesmo com a desvalorização na taxa de câmbio nominal. 
 
 
Taxa de Câmbio 
 
 
Ceteris paribus, valorização cambial incentiva as 
importações e desestimula as exportações; enquanto 
que, desvalorizações cambiais estimulam as 
exportações e desestimulam as importações. 
 
 
Taxa de Câmbio 
 
• Como qualquer preço, a taxa de câmbio também é 
influenciada pela oferta e pela demanda. 
• Oferta e demanda por divisas = oferta e demanda por moeda 
estrangeira num determinado país. 
 
Demanda por divisas: é constituída pelos importadores que 
necessitam de moedas estrangeiras para efetuar suas compras em 
outras nações, já que neste caso a moeda nacional não é aceita; e 
pelos devedores de moeda estrangeira que precisam de divisas para 
saldarem suas dívidas. 
 
Ofertantes de divisas: são os exportadores que receberam, em troca 
de suas vendas, moedas estrangeiras que não podem ser utilizadas no 
país e que precisam, portanto, ser trocadas por moeda nacional; e as 
firmas que obtiveram empréstimos em moeda estrangeira e precisam 
converte-las em moeda nacional. 
Regimes Cambiais 
• Regras para se estabelecer a taxa de câmbio 
 
REGIME DE TAXAS FLUTUANTES: o mercado de câmbio 
(ofertantes e demandantes de divisas) determina a taxa 
nominal de câmbio de equilíbrio 
 
• O Banco Central não interfere na sua determinação 
• Funciona como o mercado de concorrência perfeita 
• Excesso de divisas (O>D) = valorização da taxa de câmbio 
• Escassez de divisas (D>O)= desvalorização da taxa de 
câmbio 
 
 
Regimes Cambiais 
 
REGIME DE TAXAS FIXAS: o valor da taxa nominal de 
câmbio é estabelecido (fixado) pelo governo 
 
• O Banco Central determina o valor do câmbio e se 
compromete a vender e comprar divisas à taxa estipulada. 
 
Regimes Cambiais 
 
 
REGIME DE FLUTUAÇÃO SUJA: o princípio básico é o do 
regime flutuante, mas ao contrário do que preconiza a 
determinação da taxa de câmbio em um mercado livre do 
tipo concorrencial perfeito, neste, a determinação continua 
se dando no mercado, mas com intervenções do Banco 
Central que tentam equilibrar os movimentos desejados da 
taxa de câmbio. 
Regimes Cambiais 
 
 
REGIME DE BANDAS CAMBIAIS: neste sistema, fixa-se um 
intervalo admitido de variação para cima e para baixo. 
Enquanto a taxa de câmbio estiver dentro do intervalo 
estipulado, a sua determinação segue o sistema flutuante, 
dependendo do mercado; atingindo os limites, o Banco 
Central age como se fosse um sistema de câmbio fixo. 
 
 Ao atingir o limite máximo de desvalorização admitido, 
o Banco Central entra vendendo moeda estrangeira, e ao 
atingir o limite de valorização, entra comprando moeda 
estrangeira. 
Balanço de Pagamentos 
• O BALANÇO DE PAGAMENTOS é o registro contábil de todas 
as transações de um país com os outros países do mundo. 
 
• Nele são registradas todas as importações que o Brasil faz de 
outros países, todas as exportações brasileiras, os fretes 
pagos a navios estrangeiros, os empréstimos que o Brasil 
recebe em moeda estrangeira, o capital das firmas 
estrangeiras que abrem filiais no Brasil, o capital da firmas 
estrangeiras que saem do Brasil, entre outros. 
 
• Registra todas as compras e vendas, direitos e obrigações, em 
moeda estrangeira, no sistema de partidas dobradas: para 
cada crédito há um débito correspondente. 
Sistema de partidas dobradas 
O conceito dedéficit no BP 
• Por ser contabilizado no sistema de partidas dobradas, O 
BP sempre estará em equilíbrio. 
 
• Mas é muito comum falar em desequilíbrio (superávit ou 
déficit) do Balanço de Pagamentos. Na prática, ao se 
falar em desequilíbrio (em geral saldo devedor) do BP, 
refere-se ao saldo não do PB como um todo mas de seus 
componentes principais – balança de transações 
correntes ou balança de capitais. 
 
• Saldo negativo nas transações correntes = transferência 
de poupança para o resto do mundo 
O ajuste contábil 
• Sob a ótica do Balanço de Pagamentos, as transações podem 
ser de 2 tipos: 
 
TRANSAÇÕES AUTÔNOMAS = acontecem normalmente, 
motivada pelos interesses dos agentes 
 
TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS = transações destinadas a 
financiar o saldo das transações autônomas 
 >>>variações de reservas, operações de regularização 
com instituições internacionais, atrasados comerciais) 
 
 
Estrutura do BP 
A. BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES 
 
A.1 BALANÇA COMERCIAL 
 A.1.1 Exportações FOB 
 A.1.2 Importações FOB 
 
A.2 SERVIÇOS 
 A.2.1 Transportes e Seguros 
 A.2.2 Viagens Internacionais e Turismo 
A.3 Rendas 
 A.2.3 Rendas de Capital 
 A.2.4 Diversos 
 
Estrutura do BP 
B. BALANÇA (MOVIMENTO) DE CAPITAIS 
 
B.1 INVESTIMENTOS 
B.2 REINVESTIMENTOS 
B.3 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DE LONGO PRAZO 
B.4 EMPRÉSTIMOS A CURTO PRAZO 
B.5 AMORTIZAÇÕES 
B.6 CAPITAIS A CURTO PRAZO 
 
C. ERROS E OMISSÕES 
 
“Saldo” do BP = A + B + C 
 
D. TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS 
D.1 VARIAÇÕES DE RESERVA 
D.2 OUTRAS 
 
Balanço de Pagamentos 
• O Banco Central mudou a forma de publicação do BP a 
partir de abril de 2015. 
 
• O BALANÇO DE PAGAMENTOS é subdividido em duas 
grandes categorias: 
 
1) BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES 
A. BALANÇA COMERCIAL: registra todas as exportações e 
importações de mercadorias a preços FOB 
B. BALANÇA de SERVIÇOS: registra o montante pago e recebido 
de transações com serviços, como fretes, seguros, viagens 
internacionais, etc. 
C. BALANÇA DE RENDAS: registra o movimento de juros, lucros, 
royalties, assistência técnica, etc. 
 
 
 
Balanço de Pagamentos 
 
2) MOVIMENTO DE CAPITAIS: registra as transações 
com capitais internacionais, físicos ou monetários. São 
registrados o capital das firmas estrangeiras que 
ingressam no Brasil, o capital estrangeiro que ingressa 
sob a forma de empréstimos, os empréstimos de outros 
governos ao Brasil, os empréstimos do FMI, entre 
outros. 
 
A. Conta Capital 
B. Conta Financeira 
 
 
Exercícios 
• Considerando a estrutura tradicional do Balanço de 
Pagamentos e os dados a seguir em milhões de dólares, 
calcule o saldo da balança comercial, o saldo das transações 
correntes e o saldo do balanço de pagamentos: 
 
Exportações FOB = 100 
Importações FOB = 80 
Empréstimos externos recebidos: 20 
Donativos recebidos = 5 
Remessa de lucros = 8 
Amortizações Pagas =10 
Juros Pagos sobre a dívida externa = 20 
Investimentos Estrangeiros Diretos = 30 
Exercícios 
• Saldo da Balança Comercial 
BC = Exportações – Importações 
BC = 100 – 80 = 20 
 
• Saldo das Transações Correntes 
TC = BC + Serviços e Rendas + Transferências Unilaterais 
TC = BC + (remessa de lucros + pagamento de juros sobre a dívida) + (donativos) 
TC = 20 + (- 8 – 20) + 5 
TC = 20 -28 +5 = -3 
 
• Saldo do balanço de pagamentos: 
BP = TC + Conta Capital e Financeira 
BP = TC + (empréstimos recebidos + amortizações + IDE) 
BP = -3 + (+20 -10 +30) 
BP = -3 + 40 = 37 
• fim

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