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Introdução à Economia

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I N T R O D U Ç Ã O À
E C O N O M I A
U N I V E R S I D A D E D E B R A S Í L I A
MÓ
DU
LO 1
Universidade de Brasília – FACE - Departamento de Economia (ECO) 
Introdução à Economia 1º/2017 
Coordenação da disciplina: Flávio Rabelo Versiani e Andrea Felippe Cabello 
__________________________________________________________ 
 
 
PROGRAMA INTEGRADO 
 
1. OBJETIVOS E MÉTODO 
O curso apresenta instrumentos de análise e conceitos básicos da Economia, visando 
capacitar o estudante a melhor compreender os fenômenos econômicos da realidade que o cerca. 
Cursada por mais de mil e quinhentos alunos a cada semestre, a disciplina é oferecida em um 
formato inovador, com turmas grandes — tipicamente com mais de cem alunos — provas e 
programa unificados, e um papel central atribuído à Equipe de Monitoria – IEMonit, formada 
por estudantes especialmente selecionados e treinados para essa tarefa. O conteúdo do programa 
será transmitido aos alunos por três vias igualmente importantes: as leituras indicadas abaixo, as 
aulas expositivas dos professores e as aulas de exercícios, ministradas pelos monitores. 
Os textos de leitura são selecionados de várias fontes. Não é uma solução ideal: há 
algumas superposições ou descontinuidades e o material proveniente de autores estrangeiros 
contém, naturalmente, poucas referências a situações e exemplos brasileiros. Mas essa 
deficiência é compensada por três mecanismos: aulas expositivas, onde os temas das leituras são 
apresentados pelos professores numa sequência coerente e com exemplos apropriados; material 
de leitura complementar referente à economia brasileira, disponibilizado para os alunos via 
internet; e exercícios, aplicações frequentemente referentes a situações concretas, conceitos e 
instrumentos apresentados nas leituras e nas aulas. 
As aulas, as leituras e os exercícios se complementam, portanto um bom rendimento no 
curso dependerá do conjunto desses três elementos. 
 
2. CONTEÚDO DO CURSO 
 
O conteúdo da disciplina está dividido em sete unidades e dois módulos, sendo as 
unidades 1, 2 e 3 no módulo I, unidades 4, 5, 6 e 7 no módulo II. Cada módulo corresponde ao 
conteúdo das respectivas provas I e II. Segue abaixo uma relação simplificada dos conteúdos 
abordados em cada uma das sete unidades do curso. 
 
1ª Unidade - Introdução. A teoria econômica: objeto. Economia “positiva”: a hipótese do 
comportamento maximizador. Alocação de recursos escassos e eficiência. Custos de 
Oportunidade, Curvas de Possibilidades de Produção e Linhas de Possibilidade de Consumo. 
Vantagens absolutas, vantagens comparativas e ganhos comerciais. Teorias do Comércio. 
Relações econômicas internacionais. Determinação de fluxos de comércio: vantagens 
comparativas. Modelos alternativos: livre comércio e protecionismo. Economia “normativa” e 
juízos de valor. Escolha social: decisões de mercado e decisões centralizadas. Lista de 
Exercícios 1. 
2ª Unidade - Sistema de Preços. Teoria elementar da demanda e oferta de bens e serviços: 
determinantes. Funcionamento do mercado: deslocamentos e políticas de preço máximo e 
mínimo. Comportamento competitivo: o modelo de concorrência perfeita; determinação de 
preços em concorrência; o conceito de equilíbrio de mercado. Elasticidade preço e elasticidade-
renda. Substituição e complementaridade. Bens normais e inferiores. Estruturas de mercado. 
Falhas de Mercado: a ideia de externalidades, o conceito de bem público e o governo como 
agente regulador. Listas de Exercícios 2A e 2B. 
3ª Unidade - Contas Nacionais. A mensuração da atividade econômica. Óticas de mensuração: 
Produto, Renda e Despesa. A despesa global e seus componentes. Formas de medida dos 
agregados econômicos. Comparações internacionais de nível de renda. Comparações no tempo: 
o problema do deflacionamento. Índices de preços. Listas de Exercícios 3A e 3B. 
4ª Unidade - Noções de Economia Monetária. Funções e história da moeda. O sistema bancário 
e a criação de moeda. Banco Central e controle da oferta monetária. Sistema financeiro no 
Brasil. Inflação: causas, consequências. Lista de Exercícios 4. 
5ª Unidade - Noções de Macroeconomia. Produto potencial e produto efetivo. Crescimento 
econômico. A economia no curto prazo: flutuações do produto e renda. Poupança, investimento 
e o papel do sistema financeiro. A visão “clássica” e a keynesiana. Política anticíclica de curto 
prazo. Multiplicador keynesiano de despesa. Política fiscal: efeitos, instrumentos. Desemprego 
keynesiano. Outras causas de desemprego. Listas de Exercícios 5A e 5B. 
6ª Unidade - Noções de Economia Internacional. O Balanço de Pagamentos: conceito, 
principais contas. Noções de macroeconomia aberta. O mercado cambial: regimes de câmbio. 
Taxas de câmbio real e nominal. Teoria da paridade do poder de compra. Teoria 
macroeconômica da economia aberta. Listas de Exercícios 6A e 6B. 
7ª Unidade - Distribuição de Renda e Tópicos de Economia Brasileira. Distribuição pessoal e 
funcional da renda. Medidas absolutas de avaliação da pobreza: linha de pobreza e linha de 
miséria. Medidas relativas: desigualdade distributiva e seus indicadores. Curva de Lorenz, 
Índice de Gini. Distribuição de renda no Brasil: evolução, fatores que a influenciam. Evolução 
da economia brasileira; o processo de industrialização; transformações recentes e perspectivas 
atuais. A experiência inflacionária brasileira e os planos de estabilização. Lista de Exercícios 7. 
 
3. LISTAS DE EXERCÍCIOS 
 
Listas de Exercícios, cobrindo cada unidade do programa, estarão disponíveis na página 
do curso na internet e nas apostilas do curso. Os exercícios são essenciais para um bom 
aprendizado da disciplina e devem ser resolvidos paralelamente à discussão, em classe, das 
unidades do programa. Os gabaritos destas listas serão divulgados na semana seguinte à sua 
resolução pelos monitores, ou na sexta-feira da semana anterior à prova. 
 
4. EQUIPE DE MONITORIA – IEMonit 
 
A Equipe de Monitoria é composta por 24 monitores. Cada professor contará com um 
ou dois monitores referência, que se farão presentes periodicamente para levar recados, aplicar 
controles e também tirar eventuais dúvidas sobre o conteúdo da disciplina e sobre a equipe. 
Além do mais, também estarão disponíveis, em horário de atendimento semanal, a ser 
anunciado para cada turma, na sala da Monitoria, localizada no subsolo do ICC norte (BSS 553-
56) e também podem ser contatados por email, a ser informado em sala. Com base na 
experiência acumulada ao longo de trinta semestres, os monitores estarão dando continuidade a 
um projeto que visa maximizar o desempenho acadêmico dos alunos, e tem-se mostrado eficaz 
nesse propósito. A atual distribuição dos monitores por turmas é: 
 
Turma Professor Monitor 
A Bernardo Mueller Amilcar e Ayeska 
B Andrea Cabello Jonas 
C Andrea Cabello Francesco e M. Mariana 
D Michael Christian Letícia 
E Geovanna Bertussi Amanda e Júlia Queiroz 
F Rafael Terra Gabriella 
G Paula Goldemberg Victor 
H Ana Carolina Zogbhi Thaíssa 
I Rafael Terra Júlia Soares 
J Marcelo Araújo Débora 
K Maria Eduarda Tannuri Giovanna 
L Vander Lucas Beatrice e Larissa 
M Henrique Rogê Maria Clara 
N Henrique Rogê Pedro 
O Flávio Tósi Rafael 
P Andrei Cechin Alceu 
 
Além dos monitores de cada turma, a Monitoria possui quatro coordenadores responsáveis pelas 
tarefas administrativas da disciplina. Eles são: 
 
Bruno Rodrigues Vieira – Coordenador Geral 
Mariana Ribeiro Queiroz de Almeida – Coordenadora de Correções 
Matheus Costa de Freitas – Coordenador de Exercícios 
Mauro Cazzaniga – Coordenador de Informática 
 
Aulas de Exercícios – Questões das listas de exercícios serão resolvidas nas aulas de monitoria, 
ministradas três vezes por semana e cobrindo o mesmo conteúdo, podendo o aluno optar pelo 
horário que melhor lhe convier: 
􀳦 Quarta: 12h20 às 13h20 e das 18h às 19h – A definir 
􀳦 Quinta: 12h20 às 13h20–A definir 
 
Obs.: Durante as aulas de exercícios serão aplicados, eventualmente, controles de leitura extras, 
que podem valer pontos adicionais. 
 
Atendimento via e-mail – Além da página da disciplina, a IEMonit utilizará o serviço de e-
mails, por meio do grupo de e-mails de cada turma, para divulgar avisos importantes, tirar 
dúvidas e manter os alunos informados sobre as últimas atualizações na página da disciplina. É 
de responsabilidade do aluno o ingresso no grupo de e-mail e este mecanismo será 
considerado como um dos meios de comunicação oficiais entre monitor e aluno. A inscrição 
poderá ser efetuada pelo website da monitoria. Informações disponibilizadas pelo grupo de 
emails são consideradas oficiais, logo, elas poderão não ser repetidas em sala – cuidado. 
 
 
5. PÁGINA NA INTERNET 
 
Nessa página serão disponibilizados: notas das provas; gabaritos das listas de exercícios, 
dos controles de leitura e das provas; o link para entrar no grupo de e-mail da turma, textos 
complementares, reportagens e notícias contemporâneas e avisos importantes. Aos alunos que 
não tiverem acesso à Internet em casa, é possível acessar a página pelos computadores 
disponibilizados no hall de entrada do ICC Norte, na biblioteca do campus e laboratórios de 
informática. 
 
>> O endereço da página é: http://introducaoaeconomia.wordpress.com/ 
 
Para facilitar ainda mais a comunicação com os alunos, o facebook da iemonit foi criado para 
informações rápidas e mudanças repentinas no calendário. 
Curta-nos também no facebook: www.facebook.com/iemonit. 
 
Fique atento a todos esses meios de comunicação (e-mails, facebook, página na internet) pois 
eles podem ser utilizados para divulgadas datas ou alterações de datas de controles, provas ou 
qualquer outros avisos adicionais aos dados em sala. É de sua responsabilidade o 
acompanhamento desses meios e tais informações podem não ser repetidas em sala de aula 
por alguma eventualidade. 
 
6. AVALIAÇÃO 
 
Serão aplicadas duas provas escritas com a duração de duas horas e cinco controles de 
leitura (aplicados em sala). A primeira prova ocorrerá dia 29/04 e a segunda prova dia 24/06. As 
provas ocorrem aos sábados, com início ao meio dia. 
 Em dias de prova, em casos extremos a tolerância máxima para chegada do aluno é de 
30 minutos após o início de sua aplicação, portanto, caso o aluno chegue com mais de 30 
minutos de atraso este não poderá realizar tal avaliação. Alunos que chegarem com atraso não 
terão compensação de tempo. 
 Você poderá sair da prova somente quando essa alcançar uma hora de realização 
ou quando todas as assinaturas na lista de chamada dos alunos fazendo prova no seu 
anfiteatro forem colhidas, o que vier depois. Esse processo muitas vezes leva mais de uma 
hora, logo pode ser que você seja liberado somente depois das 13:00 caso esteja em um 
anfiteatro grande. Por favor, não insista para não perturbar seus colegas fazendo prova ainda – 
essa medida é para a segurança da identificação da sua prova. 
Caso você precise faltar uma prova, você deve entrar em contato com antecedência 
pelo email recurso.inteco@gmail.com – faça isso assim que você souber que você não poderá 
comparecer. Será exigido algum tipo de comprovação relativo ao motivo da falta, logo esteja 
preparado a fornecer tais documentos. Qualquer comunicação de falta por outros meios 
(comunicado verbal a professor, monitor e etc) não será considerada. 
 
7. RECURSO 
 
 Você tem direito a recursos em relação à correção de controles e provas. A revisão da 
nota de controles deve ser feita com o monitor responsável pela turma a qual o aluno está 
matriculado na disciplina. A revisão da nota de provas deve ser feita em até uma semana após 
a divulgação das notas, através da entrega do formulário de recurso disponibilizado no site da 
monitoria. Após análise, o aluno será informado sobre o resultado de sua solicitação. Dada a 
restrição de tempo do final de semestre, a revisão da nota da segunda prova só é possível por 
meio do pedido de revisão de menção feito na secretária do departamento de economia no 
período indicado pelo calendário acadêmico vigente. Quando preencher esse pedido de revisão 
de menção, se você precisar dele, lembre-se de colocar: a sua nota atual, a nota pretendida, os 
http://introducaoaeconomia.wordpress.com/
http://www.facebook.com/iemonit
mailto:recurso.inteco@gmail.com
motivos e justificativas que embasam seu pedido, sua turma (pedidos sem turma não serão 
analisados) e sua matrícula. Qualquer documento que você acredite que possa reforçar seu 
pedido (atestado médico, por exemplo) também deve ser anexado. Nenhum pedido de revisão 
de menção ou documento enviado por email para esse fim será considerado devido ao 
grande volume de pedidos recebidos – sua documentação/justificativa completa deve estar no 
seu pedido de revisão de menção, lembre-se disso. Todos os pedidos são lidos com muita 
atenção pela coordenação do curso, não se preocupe. 
 
MUITA ATENÇÃO PARA OS SEGUINTES PONTOS: 
 
1. Os controles são obrigatórios e correspondem a 20% da nota final. Os cinco controles de 
leitura poderão ser aplicados em qualquer dia, a critério do professor da turma. Serão aplicados 
três controles de leitura antes de cada prova. Os controles poderão, ou não, ser avisados, ficando 
a critério do professor. 
2. Não haverá substituição para controles perdidos pelos alunos, independente da justificativa 
apresentada, mas só serão consideradas, para cálculo da média, as quatro melhores notas. 
3. Haverá ainda controles de leitura extras, aplicados nas aulas de exercícios, sem aviso prévio. 
Esses controles são opcionais; suas notas serão somadas às dos controles regulares, para cálculo 
da média (portanto são úteis para compensar eventual perda de um controle regular). Vale 
lembrar que só é permitido ao aluno fazer UM controle extra antes de cada prova. Caso faça 
mais que um, valerá a nota tirada no primeiro deles. 
4. Tanto nas provas como nos controles, os alunos devem apresentar documento de 
identificação com foto. Do contrário, NÃO poderão fazê-los. 
5. Os controles estarão disponíveis para consulta na Sala da Monitoria após a divulgação das 
notas. Ao final do semestre, o aluno pode retirar o controle com o seu monitor na Sala de 
Monitoria se assim desejar. 
6. Todos os controles e provas devem ser feitos a caneta preta ou azul, sem o uso de 
calculadoras e/ou qualquer material complementar. Controles e provas entregues a lápis 
não serão corrigidos. 
7. Para os alunos que faltarem em uma das provas da disciplina, haverá a possibilidade de 
realizar a Prova alternativa. A prova alternativa referente ao conteúdo da primeira prova ocorre 
no dia 08/05 (segunda-feira) e a referente à segunda prova ocorre no dia 28/06 (quarta-feira) 
em horário a ser divulgado (fique atento aos nossos meios de comunicação oficiais); 
PORÉM, só realizará a prova alternativa aqueles que apresentarem comprovante que 
justifique a falta nas provas realizadas aos sábados. Para fazer a prova, você deve mandar 
um email para recurso.inteco@gmail.com pedindo instruções. Qualquer dúvida, procure seu 
monitor. 
 
A menção final será baseada na média de três notas: as notas das duas provas e a Nota final dos 
controles. Ou seja, 
 
Prova 1: 40% 
Prova 2: 40% 
Controles: 20% 
 
 
Nota Final dos Controles = (somatório das quatro maiores notas dos controles em classe + 
notas dos controles extras) - não podendo a nota final ser maior que 100. 
mailto:recurso.inteco@gmail.com
 
 
Para aprovação, a nota final do aluno deve ser maior ou igual a 50,0 (cinquenta) pontos. 
 
 
 Arredondamentos para fixação da menção final ficarão a critério do professor e serão 
levados em consideração: o desempenho geral do aluno, a regularidade de suas notas e sua 
assiduidade. 
 
8. É de responsabilidade do aluno solicitar participação no grupo de e-mails de sua turmaTodos os avisos enviados por este meio são considerados avisos dados , ficando a cargo do 
monitor responsável por cada turma outras formas de aviso. 
 
8. Leituras 
 
Indica-se abaixo a bibliografia do curso, dividida em leituras obrigatórias e 
complementares. As primeiras fazem parte do conjunto de conhecimentos que será cobrado nas 
provas; as segundas poderão ajudar a compreender os temas estudados e sua aplicação à 
realidade brasileira. 
Bibliografia das Unidades – Parte das leituras é extraída do livro de Mankiw – tradução 
da 3º edição americana (MANKIW, N.G. Introdução à Economia. Trad. Allan Vidigal Hastings. 
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005). Além das listadas abaixo, outras leituras 
obrigatórias e complementares poderão ser introduzidas, ao longo do semestre; estas serão 
disponibilizadas na página do curso na internet, caso possível, e na Copiadora do Departamento 
de Economia. 
 
 
Textos da Ementa 
 
MÓDULO I 
 
EMENTA - LEITURAS 
 
• 1ª UNIDADE (Introdução) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 1. Versiani, Flávio R. O Curso de Introdução à Economia. 
Texto 2. Introdução à 1ª Unidade 
Texto 3. Versiani, F. R., Bruno P. Rezende e Patrícia C. Rodrigues. Alguns Conceitos Básicos. 
Texto 4. Versiani, F. R., Bruno P. Rezende e Patrícia C. Rodrigues. Escolha, Custo de 
Oportunidade e Trocas. 
Texto 5. Carvalho, L. W. R. Teorias do Comércio Internacional. 
Leituras complementares: 
Versiani, F.R. Custo de Oportunidade e Preços de Energia no Brasil 
Mankiw, cap. 3. (“Interdependência e Ganhos Comerciais”, p. 45-57). 
 
• 2ª UNIDADE (Sistema de Preços) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 6. Introdução à 2ª Unidade 
Texto 7. Carvalho, Lívio W.R. Os Dois Lados do Mercado: Oferta e Demanda 
Texto 8. Rezende, B. P. e F. R. Versiani. Estruturas de Mercado. 
Texto 9. Carvalho, Lívio W.R. de, F. R. Versiani, B. P. Rezende e Max Villela. Elasticidade e 
suas Aplicações. 
Texto 10. Sampaio de Souza, M. da Conceição e L. W.R. de Carvalho (col. Ítria A. Tonon). 
Externalidades, Bens Públicos e Recursos Comuns. 
Leituras complementares: 
Mankiw, cap. 4 (“As Forças de Mercado da Oferta e da Demanda”, p.63-85). 
 
• 3ª UNIDADE (Contas Nacionais) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 11. Introdução à 3ª Unidade 
Texto 12. Versiani, F., L.W.R. de Carvalho e B. P. Rezende. Contabilidade Nacional. 
Texto 13. Rezende. B.P., Michael W.D. Lima e F.R. Versiani. Índices de Preços. 
Leituras complementares: 
 Macedo, Roberto. O Desastroso IGP da FGV. 
 
MÓDULO II 
 
• 4ª UNIDADE (Economia Monetária) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 14. Introdução à 4ª Unidade 
Texto 15. Versiani, F. R. (col. B. P. Rezende e P. C. Rodrigues). Economia Monetária. 
Texto 16. Carvalho, L.W.R. et al. Inflação: Teorias, Efeitos e Políticas Anti-inflacionárias 
Leituras complementares: 
BACEN. Copom. 
 
• 5ª UNIDADE (Noções de Macroeconomia) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 17. Introdução à 5ª Unidade 
Texto 18. Carvalho, L.W. R. Poupança, Investimento e Crescimento 
Texto 19. Versiani, F.R. Visão clássica e visão keynesiana. 
Texto 20. Ellery Jr., Roberto G. Macroeconomia . Anexo: Introdução à Curva de Phillips. 
Leituras complementares: 
Krugman, Paul. Como Puderam os Economistas Errar Tanto? 
Fortuna, Eduardo. Mercado Financeiro, cap. 3. 
 
 
• 6ª UNIDADE (Economia Internacional) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 21. Introdução à 6ª Unidade 
Texto 22. Versiani, F. R. e P. C .Rodrigues. Balanço de Pagamentos. 
Texto 23: Gonçalves, Flávio de O. e F. R. Versiani. Notas sobre Taxas de Câmbio e Mercado 
Cambial. 
Texto 24: Sampaio de Souza. M. C., L. W. R. Carvalho e F. R. Versiani. Teoria 
Macroeconômica da Economia Aberta. 
Leituras complementares: 
BACEN. Risco-País. 
Mankiw, cap. 31 (“Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos Básicos”, p. 
676-694). 
 
• 7ª UNIDADE (Distribuição de Renda) 
Leituras obrigatórias: 
Texto 25. Introdução à 7ª Unidade 
Texto 26. Versiani, F. R. e L. W. R. Carvalho (col. Marcus V. P. Pereira, B. P. Rezende e 
Augusto Sticca). Desenvolvimento Econômico e Desigualdade Social. 
Texto 27. Ferreira, Sérgio F. e Fernando A. Veloso. “A Escassez de Educação”. Em: F. Giambiagi et 
al. (orgs.). Economia Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 
Texto 28. Versiani, F.R. A Economia Brasileira nas Últimas Décadas: Avanços e Problemas. 
Leituras Complementares: 
Barros, R.P. e R. Mendonça. “Geração e Reprodução da Desigualdade de Renda no Brasil". 
Em: IPEA. Perspectivas da Economia Brasileira – 1994. 2v. Brasília, 1993 (p. 471-
490). 
Ferreira, S. F. e F. A. Veloso. “A Reforma da Educação”. Em: Pinheiro, A.C. & F. Giambiagi (orgs.). 
Rompendo o Marasmo; a Retomada do Desenvolvimento no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2006. 
Ramos, L. e R. Mendonça. “Pobreza e Desigualdade de Renda no Brasil”. Em: F. Giambiagi et 
al. . (orgs.). Economia Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier & 
Campus,2005. 
EUA, Conselho de Relações Externas. O Brasil em Perspectiva Global e suas Relações com os 
Estados Unidos. 
 
 
1 
 
 
 
Flávio R. Versiani 
Com a colaboração de Bruno P. Rezende e Patrícia C. Rodrigues 
 
 
Você está iniciando agora o curso de Introdução à Economia. O objetivo da disciplina é 
apresentar alguns conceitos e instrumentos de análise que facilitem o entendimento de fenômenos 
econômicos, na realidade que nos cerca. 
 
 Entendendo a economia. Questões econômicas têm importância evidente na vida de todos 
nós. Por exemplo: a probabilidade de que boa parte de uma turma de formandos na Universidade 
obtenha um bom emprego depende, essencialmente, do ritmo de expansão da atividade produtiva no 
País — ou seja, da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (o PIB, cuja definição e forma de 
medida vamos estudar). Quando a produção aumenta, as empresas necessitam de mais operários, 
mais técnicos, mais funcionários administrativos, etc., o que incrementa a criação de novos postos de 
trabalho. O crescimento do PIB em geral aumenta também a demanda por serviços do governo, 
assim como a receita de impostos, o que facilitará a abertura de concursos para o preenchimento de 
posições no serviço público. 
 Num mundo crescentemente globalizado, o crescimento econômico de outros países também 
nos afeta. Por exemplo: o extraordinário desenvolvimento da economia chinesa, no período recente, 
tem produzido vários efeitos sobre a economia brasileira, uns favoráveis, outros não. No lado 
positivo, a demanda chinesa por vários de nossos produtos induziu aumentos de produção, de 
emprego e de lucros em setores como o de minério de ferro: a Vale do Rio Doce, maior exportadora 
mundial desse produto, cresceu muito nos últimos anos — gerando empregos e divisas —, em boa 
parte devido à expansão do mercado chinês, e vai-se tornando uma das maiores empresas mundiais 
no setor mineral. No lado negativo, indústrias como a de calçados têm sido prejudicadas pela 
concorrência da produção chinesa, especialmente no caso de artigos mais baratos; em regiões como 
Franca, no estado de São Paulo, onde se localizam muitas fábricas de calçados, isso se reflete em 
redução do emprego. 
 Variações de preços podem também, claramente, influenciar o bem-estar de cada um, de 
formas diferentes: aumentos de preço em geral são ruins para quem compra, mas bons para quem 
 
2 
 
vende. A alta do petróleo, até recentemente (o preço internacional do produto mais do que 
quadruplicou, entre o início de 2004 e meados de 2008), penalizou consideravelmente os 
consumidores, ao mesmo tempo em que trouxe grandes ganhos para os países exportadores e as 
empresas exploradoras. Outra alteração importante de preços, nos últimos anos, resultou da queda no 
valor do dólar em reais (a taxa de câmbio). Isso tem dificultado a vida dos exportadores brasileiros 
(já que suas vendas externas valem menos, em reais), mas favorecidoos consumidores de produtos 
importados, como computadores ou equipamento industrial (o que tem, aliás, facilitado a 
modernização de empresas nacionais), assim como o turismo no exterior. 
 Entender melhor o que se passa na economia é, assim, um objetivo importante. É bom 
sabermos o que está por trás de uma conjuntura benéfica — empregos abundantes, ausência de 
inflação, redução na desigualdade e na pobreza, etc. — ou de uma situação desfavorável. Não só por 
uma curiosidade natural — a curiosidade intelectual é um poderoso incentivo à busca do 
conhecimento, como sabemos — mas principalmente por que, como cidadãos, temos a possibilidade 
de influir na determinação de políticas governamentais relacionadas ao campo econômico. O Estado 
tem uma influência decisiva sobre muitos aspectos da economia de um país. Se entendermos um 
pouco melhor os fenômenos econômicos, estaremos mais bem armados para exercer nossas escolhas 
quanto às formas de ação do Estado sobre o sistema econômico (por exemplo: o processo de 
privatização deve continuar? o que fazer com o déficit da previdência social? como distribuir os 
gastos do governo?). E procurar fazer valer tais escolhas pelo voto, nas eleições. 
 
O Estado e a economia. O Estado intervém de várias formas na economia. Por exemplo: as 
três esferas de governo (federal, estadual e municipal) captam, atualmente, quase 40% do total de 
rendimentos recebidos pelos brasileiros, sob a forma de impostos. O modo como o governo gasta 
essa parcela tão substancial dos recursos disponíveis tem efeito direto sobre o crescimento da 
economia: se uma parte importante é aplicada em investimentos (ou seja, no aumento da capacidade 
de produção: expansão ou melhoria da infraestrutura de transportes, da geração e distribuição de 
energia, da oferta de serviços básicos de educação e saúde, etc.), isso criará condições favoráveis ao 
crescimento; ao contrário, se houver má alocação dos recursos governamentais, assim como 
ineficiência e desperdício nos gastos públicos, o efeito será desfavorável. O tamanho da fatia 
apropriada pelo governo é também uma questão relevante; uma redução na carga de impostos (pelo 
aumento de eficiência no dispêndio governamental, por exemplo) poderá estimular a demanda dos 
consumidores e o investimento privado. 
 Outras políticas governamentais também afetam diretamente a economia, como a política 
monetária — fixação da taxa básica de juros, regulação do sistema financeiro, etc. —, a política de 
 
3 
 
relações com o resto do mundo — envolvendo a forma de determinação da taxa de câmbio, o 
lançamento de impostos sobre o comércio exterior, etc. —, e assim por diante. 
 Ademais, instituições do Estado têm grande influência sobre os agentes econômicos. O 
Judiciário, por exemplo, intervém de várias formas nas relações econômicas — quando, por 
exemplo, arbitra conflitos entre credores e devedores, empregados e patrões, contribuintes e o fisco 
—, e a eficiência ou não da prestação de justiça pode ter efeito favorável ou desfavorável para o 
funcionamento do sistema econômico. Analogamente, instituições relativas à regulação de certas 
atividades produtivas, ao aparelho tributário, a normas administrativas variadas — sobre a abertura e 
fechamento de empresas, por exemplo —, tudo isso pode ou favorecer ou interpor obstáculos a 
iniciativas dos agentes econômicos privados. Nas últimas décadas, a importância econômica do bom 
funcionamento de instituições, como as mencionadas acima, tem sido destacada por vários 
economistas influentes: para alguns autores, por exemplo, esse é um elemento central na explicação 
do crescimento econômico diferenciado dos países da América do Norte e Europa Ocidental, ao 
longo dos últimos séculos. 
 Não menos importantes são as ações governamentais visando reduzir a desigualdade na 
distribuição de renda e prestar assistência à parcela mais desfavorecida da população, especialmente 
num país tão desigual como o nosso. 
 Assim sendo, é importante procurar entender essas influências de medidas do Estado sobre a 
economia, para que possamos nos posicionar sobre elas. 
 
 Pode-se aprender algo relevante em um semestre? Alguns de vocês, em particular os 
futuros economistas, vão cursar depois outras disciplinas de Economia, e terão acesso a instrumentos 
de análise mais elaborados do que os vistos nesta disciplina. Mas são uma minoria: para os demais, 
Introdução à Economia será a única exposição sistemática à teoria econômica, em seu curso de 
graduação. Pode-se esperar que, para essa maioria de alunos, o nível de entendimento das questões 
postas acima (ou de outras igualmente relevantes) tenha um acréscimo significativo, com uma 
disciplina apenas? É uma dúvida razoável. 
 Pode-se dizer que a resposta à questão acima é positiva — num certo sentido. Não que o 
curso de Introdução à Economia possa fornecer uma explicação bem definida sobre, por exemplo, 
por que a economia brasileira tem crescido pouco, nos últimos vinte anos, depois de ter tido uma das 
taxas de crescimento mais altas do mundo, na maior parte do século XX; ou por que o preço do 
petróleo cresceu tanto, até 2008. De fato, nem em cursos mais avançados seria possível obter 
respostas nítidas a essas perguntas. Em Economia, como em geral nas ciências sociais, não há 
certezas matemáticas sobre as causas dos fenômenos estudados; geralmente existem diversos fatores 
 
4 
 
causais, e não é fácil determinar quais os predominantes, especialmente no caso de fenômenos mais 
complexos. Nos casos acima, especificamente, pode-se dizer que não há consenso entre economistas 
sobre o que tenha sido a causa principal dos fenômenos indicados. 
 Por outro lado, há importantes mensagens relacionadas à abordagem analítica adotada em 
Economia que podem ser transmitidas, e bem absorvidas, mesmo num curso introdutório. Três 
merecem destaque especial. 
 
A busca do maior ganho. A primeira se refere à forma como a teoria econômica estiliza o 
comportamento dos agentes econômicos (ou seja, de quem produz, vende, compra, consome — 
indivíduos, organizações, empresas produtivas). A hipótese básica adotada é a de que esses agentes 
têm o que se pode chamar de comportamento maximizador; suas ações são, em essência, 
determinadas pela busca de uma maximização do ganho: maior lucro, maior renda, maior quantidade 
de bens para consumo, maior satisfação derivada desse consumo, etc., com o menor custo possível. 
Os trabalhadores preferem maiores salários a salários pequenos, e os capitalistas maiores lucros a 
lucros menores. Todos buscam maximizar seus ganhos — levadas em conta, naturalmente, as 
restrições dadas pelos recursos disponíveis, pelas oportunidades abertas a esses agentes, e pelas 
informações de que estes dispõem com relação a tais oportunidades. 
 Essa ideia tem, sem dúvida, severas limitações como uma explicação geral do comportamento 
humano: é fácil pensar em indivíduos, ou coletividades, cujas ações derivam primordialmente de 
outros tipos de motivação, que não o maior ganho individual. Há, evidentemente, ações altruístas, ou 
motivadas primordialmente por considerações éticas ou religiosas, ou culturalmente determinadas. 
Nem tudo pode ser explicado por uma simples busca de ganho econômico. De fato há uma ampla 
literatura crítica dessa noção de um “homem econômico” (homo œconomicus é a expressão latina 
que se costuma usar nesse contexto), ou seja, de pessoas (ou empresas) que agissem sempre 
racionalmente, buscando seu maior ganho individual. Sociólogos argumentam com a complexidade 
do comportamento humano, que não poderia ser reduzido ao de um “autômato” respondendo a 
incentivos econômicos. Outros sustentam que seria inviável supor que os indivíduos (ou, em geral, 
os agentes econômicos) se comportassem sempre de acordo com uma racionalidade econômica, 
quando se reconhece que muitos fazem uma série de coisas irracionais. Por exemplo: jogar na loteriapode ser visto como algo economicamente irracional, considerando a quase nula probabilidade de 
ganho de cada apostador. E alguns experimentos recentes têm verificado um comportamento diverso 
do que seria esperado pela hipótese de maximização racional de ganhos, em certas circunstâncias — 
o que tem atraído o interesse de muitos economistas para o estudo de aspectos psicológicos da 
 
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escolha econômica (um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia em 2002 foi um especialista 
em Psicologia com pesquisas na área de escolha econômica). 
 Mas o que os economistas em geral sustentam é que, sem ignorar que o comportamento 
humano tenha determinações complexas, e que, em várias circunstâncias, pessoas possam agir de 
forma economicamente “irracional”, a hipótese da maximização do ganho como determinante básico 
das ações dos agentes econômicos tem grande valor explicativo, principalmente nas modernas 
economias de mercado, levando a conclusões que se ajustam razoavelmente bem à realidade. É 
importante ressaltar que a hipótese não pressupõe autômatos dedicados unicamente à busca de 
maiores lucros, máximas vantagens monetárias. O altruísmo pode também mostrar racionalidade, por 
exemplo. Se você pretende doar para uma instituição de caridade, e procura antes saber como essa 
instituição aplica o dinheiro, quais os projetos envolvidos, quantas pessoas são atendidas — você 
estará buscando, de forma “racional”, garantir que sua doação seja bem aplicada e cumpra, da melhor 
maneira possível, suas intenções filantrópicas. Avaliando as possibilidades (as várias instituições que 
poderiam ser objeto de sua doação), você escolherá aquela que propicie a maximização dos efeitos 
benéficos de sua iniciativa. É o que chamamos acima de comportamento maximizador. 
 A regularidade empírica é, pode-se dizer, o principal argumento a favor da hipótese de um 
comportamento voltado à maximização de ganhos: ao longo de décadas, acumulou-se uma 
vastíssima literatura empírica que, partindo desse pressuposto, obtém bons resultados, do ponto de 
vista de sua adequação ao mundo real e ao senso comum. 
 Ora, isso tem grande relevância prática. Se as pessoas costumam em geral agir buscando o 
maior ganho individual, daí decorre que elas responderão a incentivos econômicos. Por exemplo: se 
o preço de um bem sobe, o custo de seu uso aumenta, e, portanto pode-se esperar que seu consumo 
diminua. E o contrário, se o preço cai. Essas relações simples de causa e efeito abrem caminho para o 
entendimento de um amplo conjunto de fenômenos (e não apenas fenômenos econômicos) e podem, 
também, informar medidas de política. 
 Dois exemplos tópicos podem ilustrar o alcance abrangente dessa relação entre a introdução 
de um incentivo (ou desincentivo) econômico e uma reação subsequente. O primeiro se refere ao 
comportamento de professores de ensino fundamental nos Estados Unidos, diante da introdução de 
um sistema de testes (adotados em vários estados daquele país) que previa recompensas para as 
escolas cujos alunos se saíssem bem, e penalidades para aquelas onde os resultados fossem maus. 
Esses incentivos (positivos ou negativos) atingiam também os professores de turmas individuais: em 
casos extremos, eles poderiam ser demitidos. Um estudo estatístico feito em escolas públicas de 
Chicago revelou que cerca de 5% dos professores responderam a esses incentivos de forma um tanto 
inesperada: “corrigindo” uma parte dos testes de suas turmas, antes que os resultados fossem 
 
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apurados. Há evidência de que esse tipo de adulteração ocorreu também em outros estados que 
adotaram prática similar. Vê-se, nesse caso, que um incentivo econômico fez com que certo número 
de professores (logo quem!) adotasse um comportamento ditado apenas por seu interesse pessoal, 
ainda que ferindo diretamente a ética. Apesar de o grupo de fraudadores ter sido proporcionalmente 
pequeno, isso teve consequências: pelo menos um estado americano foi levado a rever o sistema de 
incentivos, em parte para evitar que fossem apropriados por meio de expedientes ilícitos. 1 
 O outro exemplo aponta para uma possível utilização daquelas relações de causa e efeito no 
desenho de políticas públicas. Diminuir a propagação de doenças sexualmente transmissíveis é 
certamente um objetivo importante de política — inclusive de política econômica, pois tais moléstias 
impõem um custo elevado à sociedade. Tem sido observado que o consumo de bebidas alcoólicas 
por jovens favorece tal propagação, na medida em que está associado a uma maior incidência de 
relações sexuais sem proteção. Nesse sentido, poder-se-ia supor que um aumento no preço de 
bebidas, desestimulando seu consumo, pudesse influir na difusão daquelas moléstias. Pois um estudo 
cuidadoso, com técnicas estatísticas que controlam o efeito de outros possíveis fatores causais, 
chegou exatamente a essa conclusão: a maior incidência de impostos sobre cerveja está relacionada a 
uma menor ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis.2 
 Esses exemplos sugerem que a hipótese comportamental básica da análise econômica não só 
tem relevância empírica, e em situações as mais variadas, como pode indicar instrumentos para a 
consecução de objetivos de política. Para dar outro exemplo: muitos lamentam a prática, tão 
disseminada em nossas grandes cidades, da pichação de paredes com iniciais ou símbolos, às vezes 
como forma de competição entre turmas de adolescentes. Se se julga necessário combater esse 
hábito, isso poderá ser feito com campanhas educativas (como a caracterizada pela frase “Picasso 
não pichava”, adotada em Brasília); mas um economista certamente sugeriria, também, a adoção de 
uma alíquota mais alta no imposto sobre a venda de tubos de tinta sob pressão. Isso com certeza 
reduziria o ânimo dos pichadores em prosseguir com essa forma tão pouco recomendável de 
expressão pessoal. 
 
 A ideia do “custo de oportunidade”. Outro elemento importante do instrumental analítico 
de economistas relaciona-se à noção de custo de oportunidade. Essa expressão originalmente se 
empregou em relação a oportunidades de investimento: se aplico meu dinheiro de uma certa forma, 
 
1 Levitt, S.D & Dubner, S.J. Freakonomics. New York: HarperCollins, 2005. pp. 26 e ss. (Há uma tradução brasileira 
desse livro, que apresenta vários exemplos surpreendentes de aplicação da teoria econômica a situações concretas). 
2Markowitz, S., R. Kaestner & M. Grossman. An Investigation of the Effects of Alcohol Consumption and Alcohol 
Policies on Youth Risky Sexual Behaviors. Cambridge, MA: National Bureau of Economic Research, May 2005 
(Working Paper 11378). 
 
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obviamente deixo de aplicá-lo em investimentos alternativos: o rendimento destes (ou melhor, da 
alternativa mais lucrativa, entre as não adotadas) indica o “custo de oportunidade” de minha decisão. 
Ou seja, é o custo medido em termos de um uso alternativo dos recursos disponíveis. O ganho que 
obterei em minha aplicação é a diferença entre o rendimento desta e meu custo de oportunidade. 
 É uma noção simples, e que pode ser aplicada em várias circunstâncias: horas de estudo na 
sexta-feira à noite provavelmente terão um custo de oportunidade maior do que na segunda-feira, 
pois as chances de fazer coisa mais agradável costumam ser maiores no primeiro caso. 
 A relevância desse conceito em Economia decorre do fato de que as decisões dos agentes 
econômicos frequentemente envolvem escolhas, e, portanto comparações entre alternativas. Se só 
tenho R$15,00 no bolso e considero as possibilidades de ir ao cinema (sendo esse o preço da entrada) 
ou tomar cerveja com os amigos, a ida ao cinema é o custo de oportunidade de minha escolha de ir 
ao bar. O orçamento anual da União define uma importância global que deve cobrir todos os gastos 
do governo federal naquele ano: se a decisão de construir um hospital adicionalimplicar, 
suponhamos, a não pavimentação de uma rodovia de 30 km, esse é o custo de oportunidade da 
decisão pelo hospital. 
 Colocado dessa forma, o conceito pode parece trivial, sem grande substância analítica. No 
entanto, vemos, com frequência, ser deixada de lado a ideia básica, aí expressa, de que para fazer 
uma coisa é preciso, quase sempre, deixar de fazer outra, o que envolve necessariamente um 
confronto entre alternativas. Quantas vezes não ouvimos políticos afirmarem que todas as suas 
propostas de gasto público são absolutamente necessárias, nada é dispensável, “a importância de um 
hospital não pode ser avaliada em dinheiro, pois vidas não têm preço” — e ideias que tais? E isso 
não é apenas retórica: muitas decisões sobre o orçamento do governo são tomadas sem consideração 
de seu custo, em termos dos gastos que deixam de ser efetuados. Dispêndios chamados “sociais” são 
obviamente necessários; o programa “Bolsa-Família”, por exemplo, beneficia grande número de 
pessoas de poucos recursos, e tem tido um efeito significativo na redução do nível de pobreza, nos 
últimos anos. Mas não se pode esquecer um fato fundamental: os recursos são finitos, e, portanto é 
indispensável que, ao se contemplar um aumento nos gastos sociais, o custo de oportunidade dessa 
decisão seja levado em conta. 
 A votação do orçamento do governo deve (ou deveria) ser o momento de considerar esses 
custos de oportunidade. A importância, para a sociedade, do último real gasto na área de saúde deve 
equivaler à do último real gasto na área de educação, ou de transportes, ou se segurança. Ou seja: “na 
margem”, os benefícios trazidos pelos dispêndios nos vários setores deveriam ter a mesma 
relevância. 
 
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 Na prática, esse processo é dificultado por vários fatores, entre os quais ressalta a existência 
das chamadas vinculações orçamentárias. Nossa Constituição estabelece que certas proporções do 
orçamento sejam necessariamente vinculadas a determinadas áreas: gastos relativos ao ensino, por 
exemplo, devem corresponder a pelo menos 18% da receita de impostos da União, e a 25%, nos 
Estados e Municípios. Gastos de saúde têm, igualmente, uma fatia garantida dos orçamentos. 
 As intenções dessas medidas são as melhores possíveis: trata-se de assegurar um mínimo de 
verbas para atividades de importância evidente. No entanto, é concebível que a necessidade de gastos 
com a educação, por exemplo, possa variar, de ano para ano. Num dado exercício, a deficiência de 
instalações escolares adequadas pode indicar a necessidade de construir muitas escolas novas; no ano 
seguinte, já minoradas aquelas deficiências, investimentos em hospitais ou centros de saúde teriam 
maior prioridade. Mas a fixação de percentuais mínimos de gastos em rubricas específicas pode 
dificultar, ou mesmo impedir que se desloquem recursos de uma área para outra. A correta avaliação 
de custos de oportunidade fica impossibilitada. Nesse sentido, as vinculações, apesar de seus bons 
propósitos, em geral tendem a reduzir a eficiência da alocação de recursos orçamentários, do ponto 
de vista dos interesses e necessidades da sociedade. E isso decorre, essencialmente, de uma não 
consideração do conceito de custo de oportunidade. 
 O engano de iniciativas bem-intencionadas de dar prioridade absoluta a certos gastos, como 
os de saúde, decorre, no jargão dos economistas, de considerar-se a “utilidade total” de serviços de 
saúde, em lugar da “utilidade marginal” de uma oferta adicional desses serviços. A questão é análoga 
a um velho paradoxo econômico: por que a água, que é indispensável à vida, tem preço menor do 
que os diamantes, que atendem a uma necessidade tão secundária, e para muitos frívola? O paradoxo 
é resolvido quando se raciocina “na margem”: se a opção for entre ficar sem água ou sem diamantes, 
é claro que mesmo os mais frívolos prefeririam a segunda hipótese, pois a utilidade total da água é 
evidentemente maior. Mas, em situações correntes, a comparação que se coloca é, digamos, entre a 
utilidade de um litro marginal de água (adicional a toda a água já disponível), e a de um diamante 
marginal, raro e muito demandado por pessoas de posses. Nesse contexto, é claro que o diamante 
terá preço alto, e a água não. Da mesma forma, a questão de ter ou não ter serviços de saúde não se 
discute; a decisão relevante é, por exemplo, a de gastar, ou não, R$1 milhão adicional nessa área, em 
confronto com outras necessidades — educação, segurança, infraestrutura de transportes, etc. — e 
considerando a escassez de recursos disponíveis. A comparação marginal é a que importa. 
 
 O raciocínio marginal. A argumentação a partir de variações marginais é um componente 
básico da análise econômica. Sua significação pode ser ilustrada por um exemplo. Há alguns anos, 
uma companhia aérea pôs à venda, como promoção temporária, passagens a R$50,00 para qualquer 
 
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cidade brasileira. A procura foi enorme, mas durou pouco, pois a promoção foi logo proibida pelo 
governo. A justificativa foi de que se tratava de venda abaixo do custo, caracterizando concorrência 
desleal. Seria correta essa justificativa? Certamente o custo médio de transportar um passageiro em 
viagem aérea é muito superior a cinquenta reais; mas o que as autoridades envolvidas não 
perceberam foi o fato de que o custo médio não é relevante, nesse contexto, mas sim o custo 
marginal. Dado que existam assentos não ocupados (e a ocupação média raramente ultrapassa 80%, 
nas companhias aéreas), a inclusão de um passageiro adicional, em aviões com duzentos ou mais 
lugares, acrescenta muito pouco ao custo total da viagem (e, por outro lado, traz ganhos de 
propaganda para a transportadora). Levando em conta, como é correto, o custo marginal, não se 
poderia acusar a empresa de uma prática comercial contrária às normas de concorrência. (A 
proibição foi depois suspensa, e de fato tem havido oferta de passagens até por R$1,00, 
ultimamente). 
 A generalização do raciocínio marginal, a partir da segunda metade do século XIX, 
possibilitou grande avanço à teoria econômica, inclusive pela introdução de modelos formais, com 
utilização de métodos matemáticos. 
 
 Algumas falácias. Armado dos conceitos acima, você poderá identificar algumas afirmativas 
ou crenças bastante comuns — você já deve ter se defrontado com alguma delas — mas que são de 
fato economicamente incorretas, e podem levar a decisões inadequadas, contrárias ao interesse social 
(como no caso das passagens aéreas). 
 Despoluição. Poluição é algo ruim, e é desejável eliminá-la. Mas muitas vezes são 
apresentadas e defendidas propostas de uma despoluição radical — por exemplo, a ponto de tornar 
potável a água do Lago Paranoá. A questão é que o custo de oportunidade de tais empreendimentos 
seria, muito provavelmente, desproporcional aos benefícios daí advindos. Em situações desse tipo, o 
objetivo mais racional será uma despoluição parcial, que leve a uma situação com a qual se possa 
conviver, a um custo razoável, em cotejo com demais demandas da sociedade e os recursos 
disponíveis. 
 Gastos passados. Há um debate sobre a construção, ou não, de outra usina nuclear para 
produção de energia elétrica, em Angra dos Reis. Centenas de milhões de dólares já foram investidos 
no projeto, e alguns defendem que, dado que já se gastou tanto, mais vale completar a obra, ou 
haverá um enorme desperdício dos recursos já despendidos. Ora, dirá você, isso é um argumento 
economicamente falho. O que está gasto está gasto; isso não deve influir na decisão de finalizar ou 
não o projeto. O que se deve indagar é se os benefícios derivados do investimento adicional que será 
necessário para finalizar o reator compensarão os custos respectivos, em confronto com outras 
 
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formas de geração de energia (ou seja, uma comparação desse investimento marginal com seu custo 
de oportunidade). Se isso não for verdade, o certo é abandonaro projeto, e investir em outro. Poder-
se-á culpar quem tomou decisões erradas no passado, mas isso não deve servir de motivo para outra 
decisão errada, no presente. O raciocínio vale tanto para investimentos estatais (como é o caso de 
Angra) como para um investidor privado, movido pelo lucro. 
 Energia “velha”. Outro argumento que às vezes se ouve com relação a investimentos feitos no 
passado refere-se a usinas hidroelétricas construídas anos atrás: argumenta-se que, como o 
investimento “já foi pago” (por exemplo: houve um financiamento internacional já amortizado), 
então essa energia “velha” é mais barata, e a tarifa cobrada por tais usinas deveria ser mais baixa do 
que no caso de uma usina recém-construída. Ora, a usina antiga produz energia, gera um fluxo de 
renda, e poderá ser vendida (e o eventual comprador vai querer tirar dela um rendimento 
compensador para seu investimento, tal como se construísse uma usina nova). Não fará sentido 
econômico forçar o dono da usina velha (muitas vezes o próprio governo) a ter um retorno mais 
baixo sobre o seu patrimônio. Se o governo decidir cobrar menos pela energia de suas hidroelétricas 
antigas, deverá deixar claro que está concedendo um subsídio aos compradores (grandes 
compradores são, por exemplo, indústrias que consomem muita eletricidade, como a de alumínio), à 
custa dos contribuintes. 
 “O melhor possível”. Engenheiros e técnicos muitas vezes insistem que o equipamento a ser 
instalado numa fábrica, ou unidade de prestação de serviços (como um hospital) seja o mais moderno 
e tecnicamente avançado que for possível. “Já que se vai fazer, que se faça o melhor”. Mas, à luz do 
que vimos acima, nem sempre essa regra deve ser seguida: é necessário comparar os custos do 
“melhor possível” com os benefícios derivados dessa escolha. Pode ser que um equipamento que não 
seja a última palavra, mas tenha um custo menor, seja a opção mais adequada. Eficiência, do ponto 
de vista econômico, necessariamente envolve a consideração de custos. 
 Uma situação comum, nesse contexto, decorre de avaliações técnicas das condições de 
operação de fábricas instaladas no passado. É frequente, especialmente no caso de indústrias 
tradicionais, como a de tecidos, que avaliações desse tipo, feitas por engenheiros ou técnicos 
especializados, produzam relatórios muito críticos, mencionando equipamentos “obsoletos”, 
instalações “ultrapassadas”, e aconselhando um reequipamento radical. Esses relatórios costumam 
servir de base a iniciativas governamentais no sentido de estimular melhorias técnicas nessas 
indústrias, como a abertura de uma linha de crédito (frequentemente subsidiada) para financiar o 
reequipamento. No entanto, muitas vezes a maquinaria existente, embora de fato tecnicamente 
obsoleta, pode ainda produzir uma receita acima de seu custo de operação. Ou seja: gera lucro para o 
dono da fábrica. Faz sentido substituir essas máquinas? Pode ser que o custo de oportunidade desse 
 
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investimento seja excessivo: a firma faria melhor aplicando seus recursos disponíveis de outra forma. 
A não ser que os subsídios oferecidos pelo governo tornem o reequipamento atraente, para o 
empresário; mas nesse caso são outra vez os contribuintes que estarão assumindo o ônus — nesse 
caso, o ônus de um investimento economicamente injustificado. 
 Em suma: há princípios gerais da Economia que podem certamente ser absorvidos num curso 
introdutório, como o nosso, e que sem dúvida podem nos ajudar no entendimento do mundo real — e 
eventualmente na identificação de afirmativas ou proposições falaciosas. Esse é, talvez, o principal 
benefício que um curso introdutório de Economia pode proporcionar, para um não economista: dar-
lhe elementos que contribuam para que ele/ela identifique ideias econômicas erradas, e não se deixe 
iludir por propostas de política atraentes, mas inviáveis, ou de efeitos indesejáveis. 
 
 O programa de Introdução à Economia. O programa da disciplina se organiza em sete 
unidades. A Primeira Unidade trata dos conceitos básicos da teoria econômica. A Segunda estuda as 
relações entre os agentes econômicos (produtores, consumidores e governo) no mercado, com foco 
na determinação de preços. Na Terceira Unidade, apresentam-se as metodologias de mensuração da 
atividade econômica (o PIB) e do cálculo de índices de preços. A Quarta Unidade trata de noções de 
economia monetária: funções da moeda e fenômenos monetários, especialmente a inflação. A Quinta 
Unidade apresenta noções básicas de macroeconomia, tratando do crescimento econômico, de 
relações entre os agregados econômicos, e do desemprego. A Sexta Unidade volta-se para as relações 
econômicas com o exterior, estudando o registro das transações com o exterior (balanço de 
pagamentos), a determinação da taxa de câmbio e noções de macroeconomia aberta. Finalmente, a 
Sétima Unidade traça um breve panorama da evolução recente da economia brasileira, incluindo uma 
visão sobre a desigualdade distributiva e seus indicadores. 
 
 
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Na Unidade 1, serão discutidos alguns conceitos iniciais do estudo de Economia. São 
conceitos simples, mas importantes para a compreensão do que será desenvolvido nas unidades 
posteriores, visto que dão fundamento ao raciocínio econômico em várias aplicações. 
O enfoque da Unidade está na definição do que é a Economia, o que ela estuda e quais são 
alguns pressupostos adotados na teoria econômica. Um desses pressupostos é o de que os agentes 
econômicos — consumidores e produtores — têm um “comportamento maximizador”, ou seja, 
buscam sempre maximizar seus benefícios e minimizar seus prejuízos, levadas em conta, 
naturalmente, as restrições que enfrentam. A restrição mais óbvia são os recursos disponíveis, a 
renda, no caso dos consumidores. 
Relacionada a esse pressuposto comportamental está a ideia do “homem econômico”, que 
agiria, em todas as circunstâncias, de forma inteiramente “racional”, buscando tão-somente a maior 
utilidade ou o maior lucro. Esse conceito já deu origem a muita discussão, sendo os economistas 
acusados de adotar uma estilização excessivamente simplista do comportamento humano, que 
obedece a impulsos mais variados e complexos do que apenas a busca de ganhos. Mas essa discussão 
envolve, em boa parte, um mal-entendido. Primeiro porque, embora a noção de homem econômico 
seja certamente uma abstração, quase uma caricatura, é certo que há um elemento suficiente de 
“comportamento maximizador” no indivíduo médio para tornar relevantes, no mundo real, modelos 
econômicos que se baseiam naquela noção. Afinal, a maioria das pessoas, especialmente nas 
sociedades modernas, quer ganhar mais, consumir mais, ter mais lucros. Segundo, porque a teoria 
econômica tem, crescentemente, buscando incorporar em seus modelos outras variáveis que podem 
influir no comportamento dos agentes econômicos, como a informação imperfeita, ou características 
psicológicas. Com isso, é possível construir modelos que permitem analisar de forma mais adequada 
diversas situações específicas. Ou seja, a teoria econômica tem evoluído no sentido de adotar 
pressupostos mais complexos. É significativo que vários pesquisadores nessas novas áreas tenham 
recebido, em anos recentes, o Prêmio Nobel de Economia. 
Outro elemento básico do conhecimento econômico decorre do fato de que os recursos à 
disposição dos agentes são limitados, em relação às suas necessidades ou desejos, de tal forma que é 
sempre preciso fazer uma escolha entre alternativas. A escolha envolve frequentemente uma 
avaliação das vantagens e desvantagens das alternativas existentes, a fim de se atingir um ponto 
 
 
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preferido; nesse contexto, falaremos nos conceitos de trade-off (um termo um tanto difícil de traduzir 
por uma só palavra) e de “custo de oportunidade”. Uma aplicação importante desses conceitos é a 
caracterização de situações em que a trocade mercadorias entre indivíduos pode ser mutuamente 
vantajosa. Como veremos mais adiante na Unidade VI, que trata de Economia Internacional, essa 
análise se aplica também ao caso da troca entre países. 
Você verá que o entendimento das noções de escolha e de troca pode ser facilitado pela 
representação gráfica das possibilidades de consumo e das possibilidades de produção, no caso 
simplificado em que haja duas mercadorias apenas. O uso de gráficos com esse objetivo de ilustrar 
argumentos e facilitar seu entendimento é comum em Economia, como ficará claro ao longo do 
curso. 
Nesta 1ª Unidade serão também introduzidas algumas definições e distinções importantes, 
como entre as diversas categorias de bens; ou entre economia “positiva” e economia “normativa”. 
Ao término de seus estudos, faça os exercícios da Lista de Exercícios número 1, para fixar a 
matéria, aprofundar um pouco o conteúdo e conferir se você entendeu bem os conceitos. 
 
Bons estudos! 
 
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Flávio Rabelo Versiani, Bruno Pereira Rezende e Patrícia Costa Rodrigues 
 
“A moral, pode-se dizer, representa o modo como as pessoas gostariam que 
o mundo funcionasse – enquanto a Economia [representa o modo] como ele 
realmente funciona.” 
LEVITT, Steven D. DUBNER, Stephen J. Freakonomics. New York: HarperTorch, 2006. 
 
 
O que é Economia? Você está iniciando seus estudos de Economia, e talvez já tenha se 
perguntado: o que é Economia? A Economia é uma ciência que surge a partir de uma questão 
aparentemente muito simples: a alocação de recursos escassos. Por recursos, entende-se não apenas 
dinheiro e recursos financeiros, mas também disponibilidade de matéria-prima, trabalhadores, 
terrenos etc. E, como bem se sabe, os recursos são limitados. Ainda que você seja a pessoa mais rica 
do mundo, sua conta bancária tem um valor que indica a quantidade máxima de recursos que você 
pode comprar (mesmo que ela seja, nesse caso, enorme). Como é possível, portanto, viver em um 
mundo com recursos escassos? Escassez não diz respeito apenas à potencial falta de algo, mas 
simplesmente à sua limitação, ou seja, ao fato de que esse “algo” não pode ser utilizado 
irrestritamente, é finito. É verdade que existem alguns bens indispensáveis a todos nós, e dos quais se 
pode dispor à vontade, sem que se chegue a uma situação de escassez: os chamados “bens livres”. 
Exemplos possíveis são: o ar que respiramos, a luz do sol, etc. Para os povos primitivos, os bens 
livres eram muito mais numerosos: nossos índios, antes de Cabral, tinham ampla provisão natural de 
água ou de produtos de coleta ou de caça, sem temor de exaustão. Com o crescimento da população, 
os bens livres vão rareando; hoje em dia, mesmo o ar puro vai se tornando cada vez mais escasso. Os 
bens não livres, caracterizados pela escassez, são chamados de “bens econômicos”; em geral são 
objetos de troca, e têm um preço no mercado. Aí se inserem todos os tipos de bens que você puder 
imaginar: laranjas, smartphones, biquínis, DVDs etc. 
A palavra “economia” tem sua origem nas palavras gregas “oikos” (fortuna, riqueza, 
propriedade) e “nomos” (regra, lei, administração), ou seja, envolve a administração, ou forma de 
exercício de atividades relacionadas à riqueza, ou seja, à produção e distribuição de bens e serviços 
necessários aos diversos aspectos da vida humana em sociedade. Na linguagem moderna, a palavra 
tem duas acepções distintas, que em português representamos por Economia, com “E” maiúsculo, e 
 
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economia, com “e” minúsculo. (Em línguas como o inglês, há uma palavra diferente para cada uma 
delas: economics, para Economia, e economy, para economia). Com letra minúscula, economia (“uso 
eficiente de recursos materiais”, como no dicionário) é justamente o objeto de estudos da Economia 
com “E” maiúsculo; está é a ciência, o campo de estudos que se preocupa com o funcionamento da 
“economia”. 
Costuma-se definir a Economia, em princípio, como a ciência que estuda a alocação de 
recursos escassos. Ou seja, que estuda como as sociedades dispõem dos recursos existentes, 
evidentemente limitados, para tornar disponíveis os bens e serviços necessários à satisfação das 
necessidades e desejos das pessoas. Se há escassez, se os recursos são finitos — enquanto as 
necessidades e desejos são ilimitados —, então é preciso escolher. Isso fica claro em caráter 
individual: se você tem um salário e vai ao supermercado para gastá-lo, você tem que decidir o que 
comprar, pois não pode levar tudo o que gostaria; terá que escolher quais as necessidades ou desejos 
irá satisfazer com suas compras. Da mesma forma, se você é um empresário, terá que escolher a 
melhor maneira de aplicar seus recursos escassos: o que produzir, como produzir, etc. Também as 
coletividades fazem escolhas, a todo momento, explícita ou implicitamente. Uma escolha básica é a 
que se faz entre presente e futuro. Por exemplo: deve-se investir mais em aumento de capacidade 
produtiva (o que possibilitará crescimento do consumo mais tarde, beneficiando gerações futuras), ou 
favorecer o consumo atual, da geração presente? O governo deve construir mais estradas, ou 
conceder aumentos ao funcionalismo? O objeto da Economia é, em grande parte, o estudo de 
processos de escolha como os referidos acima. 
Economia positiva e economia normativa. A tomada efetiva de decisões de escolha nem 
sempre é fácil, como sabemos, especialmente quando envolve coletividades. Diferentes pessoas têm 
opiniões e interesses distintos; a escolha nesse caso envolve uma compatibilização de diferentes 
objetivos ou distintos juízos de valor (ou juízos morais, como na citação presente na epígrafe deste 
texto). Isso pertence ao campo da chamada Economia “normativa”. Por outro lado, enquanto 
fazem teorias para explicar a realidade, analisar e explicar os fenômenos econômicos tais como são, 
os economistas estão no campo da chamada Economia “positiva”. 
 Vamos dar um exemplo. Imagine que você leia uma notícia que diz: “o preço do feijão subiu 
15% nos últimos três meses, o que pode ser atribuído à redução da produção pela escassez de chuvas 
nas áreas produtoras”. É uma afirmativa sobre uma questão de fato: houve um aumento de preços, e 
se oferece uma explicação para ele. É possível que haja divergência sobre essa explicação — outros 
analistas podem julgar que a causa da alta de preços foi um aumento no preço do óleo diesel, por 
exemplo, onerando o custo de transporte. Essa divergência poderá, em princípio, ser dirimida por 
uma análise cuidadosa dos dados, resolvendo a questão de forma objetiva. Ou não: poderão persistir 
 
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interpretações distintas se os analistas não chegam a um consenso. De qualquer forma, estamos no 
campo da Economia positiva, da análise das coisas como são. Mas se consta da notícia a opinião do 
jornalista de que, diante da subida de preços, o governo deveria subsidiar o preço do feijão para as 
famílias mais pobres, isso é uma prescrição de política; uma proposição de Economia normativa, 
portanto. Trata-se agora das coisas como devem ser, e não como são. 
Em princípio, as análises da Economia positiva devem pautar-se pela objetividade científica; 
elaboram-se teorias e modelos explicativos, a partir de certos pressupostos, e esses modelos e teorias 
são submetidos à validação empírica, pelo confronto de suas conclusões com a realidade concreta — 
por meio da coleta e análise de dados estatísticos, por exemplo. Se validados, revelam-se corretos; se 
não, será necessário buscar novos modelos ou teorias explicativas. Tudo sem a intromissão de juízos 
de valor. 
(É necessário atentar, no entanto, para o fato de que o economista, e de modo geral o cientista 
social, dificilmente pode ser tão objetivo e neutro quanto o físico, por exemplo, quanto este analisa a 
estrutura da matéria. O cientista social pertence à realidade que analisa, tem, em relação a ela,opiniões, juízos de valor e interesses, como qualquer outro agente econômico. Sendo humano, pode, 
eventualmente, ser influenciado por essas suas posições — ainda que inconscientemente — quando 
faz uma análise que se pretende científica e objetiva.) 
Quando estão envolvidos no desenho e aplicação de políticas econômicas — ou seja, em 
ações do Governo na área econômica — os economistas estarão, tipicamente, praticando Economia 
normativa, buscando agir sobre a realidade, impulsionando-a em determinada direção. Em que 
direção? Quais as metas e objetivos pretende atingir? Na maioria das vezes, haverá posições 
divergentes a esse respeito. Por exemplo: vimos que o valor do dólar em reais (a taxa de câmbio) 
reduziu-se significativamente, nos últimos anos: a cotação da moeda norte-americana caiu de uma 
média de R$ 3,40 / US$ 1, no segundo semestre de 2002, para metade desse valor (R$ 1,70 / US$1), 
no primeiro semestre de 2008. Isso trouxe grandes perdas para alguns (como exportadores ou 
produtores nacionais de artigos importados) e ganhos para outros (consumidores de produtos 
importados, turistas no exterior). Supondo que o governo pudesse adotar medidas para conter essa 
queda (uma suposição duvidosa, cabe notar), certamente haveria interesses e posições 
diametralmente opostos em relação a tal política. É nesse sentido que se costuma dizer que a política 
econômica é uma arte: a arte de conciliar interesses e posições muitas vezes conflitantes, compondo 
uma resultante que seja aceitável pela maioria, e vantajosa para a coletividade. 
 
 
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Alguns princípios básicos. O manual introdutório de Gregory Mankiw enuncia, em seu 
primeiro capítulo, o que o autor chama de dez princípios básicos de Economia. Comentaremos aqui 
os oito primeiros desses pontos, particularmente relevantes para o nosso contexto. 
 1. Escolhas e trade-offs. 
 Dado que os recursos são escassos, como vimos, é necessário escolher. No processo de 
escolha, os agentes econômicos — indivíduos, empresas, etc. — enfrentam trade-offs (um termo um 
tanto difícil de traduzir por uma só palavra). Ou seja: enfrentam a necessidade de um cotejo entre 
fatores que de alguma forma se opõem (sendo necessário sacrificar um em prol de outro), a fim de 
atingir a melhor combinação. Um arquiteto, por exemplo, frequentemente enfrenta um trade-off 
entre a funcionalidade e a beleza de uma edificação. E todos nós, em nossas decisões diárias de 
consumo, nos defrontamos com trade-offs de várias naturezas: juntar dinheiro ou gastar já? Gastar 
mais em pizzas ou em idas ao cinema? 
 Empresários, em suas decisões relativas à produção, deparam-se também com inúmeros 
trade-offs. Digamos que um produtor rural contempla fazer um investimento para expandir a 
produção. Seus recursos para esse investimento são limitados, pois ele dispõe de certa quantia de 
dinheiro. Contudo, sua fazenda demanda gastos diversos, tais como a compra de novas máquinas 
colheitadeiras; contratação e capacitação de empregados adicionais; mais insumos, como fertilizantes 
e sementes, tudo visando aumentos de produtividade, etc. Isso indica que suas necessidades são, se 
não ilimitadas, muito amplas. Desse modo, ele deve realizar a escolha da melhor alternativa possível 
para aplicar o capital disponível no momento, levando em conta as possibilidades existentes, sua 
informação a respeito delas, e a disponibilidade de recursos.1 E é claro que a opção por uma 
alternativa — determinada aplicação de recursos — significa a não adoção de outras. Há um trade-
off envolvido. 
A escolha é uma questão básica em Economia; e trade-offs são características intrínsecas ao 
processo de escolha. 
 
 2. Trade-offs e o “custo de oportunidade”. 
 As escolhas dos agentes econômicos envolvem trade-offs; em geral, é necessário sacrificar 
uma alternativa para obter o que foi escolhido. Nesse sentido, pode-se dizer que, do ponto de vista 
econômico, o custo da alternativa escolhida é dado pelo valor da alternativa que foi preterida. “Custo 
 
1 Com respeito à informação, cabe mencionar aqui um aspecto importante, que será ressaltado mais tarde: a obtenção de 
informação envolve custos; e muitas decisões são tomadas com informações incompletas, ou assimétricas — alguns 
agentes detêm mais informações do que outros. Nos últimos anos, muitos economistas têm-se dedicado a analisar os 
efeitos dessas assimetrias de informação sobre o funcionamento dos mercados. 
 
 
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de oportunidade” é, como vimos em texto anterior, a expressão que se usa para indicar tal forma de 
definir o custo de uma ação. Se você considera a opção de ficar em casa estudando ou sair com os 
amigos, o custo de oportunidade de sua saída serão as horas de estudo que você vai perder (e os 
benefícios que tiraria disso). É, portanto, o que se “perde” (ou se deixa de ganhar) ao fazer uma 
escolha qualquer. 
 O custo de oportunidade é um dos conceitos mais fundamentais da teoria econômica (e às 
vezes ignorado na prática dando origem a decisões incorretas, como vimos antes). “Custo”, em 
Economia, significa, essencialmente, custo de oportunidade. É uma visão distinta da do contador, por 
exemplo, para quem custos são, em princípio, os de natureza monetária. Num investimento, por 
exemplo, os custos apurados na contabilidade sãos os dispêndios incorridos pelo empresário — 
compra de máquinas e equipamentos, juros de financiamentos, etc. Já o economista procurará 
analisar, por exemplo, os lucros que o empresário deixou de ganhar em oportunidades alternativas de 
investimento. Ou, numa perspectiva mais ampla, os custos sociais do investimento, que incluirão, por 
exemplo, os danos ao meio ambiente trazidos pelo estabelecimento e a operação de uma nova 
instalação produtiva. 
 
 3. Escolha e decisão “na margem”. 
 Esse é outro conceito da maior importância em Economia: muitas escolhas e decisões 
econômicas só têm sentido se feitas na margem, ou seja, considerando não grandezas totais (como 
custos ou receitas), mas os acréscimos a esses valores associados à decisão considerada. 
 Um exemplo, já referido antes, torna a ideia mais clara. É o caso de viagens aéreas quando a 
venda de passagens, ao preço normal, deixa lugares vagos nos aviões. Nesse caso, o custo de 
transportar uma pessoa adicional — ou seja, o custo marginal — é irrelevante para a companhia 
aérea. Valerá a pena, então, oferecer os assentos que ficariam vagos a preços muito inferiores ao 
normal, o que traz para a companhia ganhos de publicidade e de conquista de novos passageiros. A 
venda de passagens a preços simbólicos é, nesse caso, uma decisão economicamente racional, que 
não traz prejuízo ao empresário, e não deve, assim, ser vista como uma prática de concorrência 
desleal (como o dumping, que é uma venda a preços abaixo do custo). 
Podem-se racionalizar muitas decisões empresariais a partir de uma comparação entre o custo 
marginal e a receita marginal. Suponhamos, por exemplo, que uma montadora produza, em suas 
fábricas, 200.000 carros por ano. Com um aumento de demanda, considera-se a possibilidade de 
aumentar a produção, no curto prazo, para 220.000, sem expandir as instalações produtivas. A 
decisão racional sobre isso levará em conta o custo marginal desse aumento de produção (que 
poderia envolver, por exemplo, turnos extras) e a receita marginal que o produtor poderá ter com o 
 
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aumento de vendas. Quem estudar Microeconomia verá a importância do cálculo marginal em várias 
questões importantes, como na determinação de preços. 
 Voltando ao exemplo anterior de água e diamantes. Quando consideramos o benefício 
trazido por um balde de diamantes e um balde de água, o relevante é considerar o benefício marginal 
de cada um. Qual traz maior benefício marginal? Depende. Se uma pessoa estiver morrendo de sede 
num deserto, e não for possível trocar imediatamenteos diamantes por água, o que ela escolheria? 
Certamente a água — que, portanto, tem para esse indivíduo um benefício marginal superior ao das 
pedras preciosas. Mas, à medida que for saciando sua sede, o benefício trazido pela água irá 
diminuindo, e o interesse nos diamantes passará a ser maior. O benefício marginal da água é, 
portanto, decrescente. E o processo de escolha é, como fica claro nesse exemplo, afetado pelo fato de 
o benefício marginal ser decrescente. Essa é outra ideia importante em Microeconomia: o ganho 
marginal derivado do consumo de um dado bem (ou a utilidade marginal, como se diz em 
Microeconomia) decresce, em geral, com a quantidade consumida. 
 
4. Decisões e incentivos 
 Este é um princípio importante do raciocínio em Economia: os agentes econômicos 
respondem a incentivos. É uma decorrência do pressuposto da racionalidade dos agentes, como 
vimos, e também uma implicação do ponto 2, acima. Uma vez que as pessoas analisam e comparam 
custos e benefícios ao tomar decisões, seu comportamento e suas escolhas podem mudar quando 
mudam os custos ou os benefícios envolvidos. Ou seja, quando se altera o sistema de incentivos. 
 Se o preço das bananas sobe, há um incentivo maior para que as pessoas comprem outras 
frutas, já que aumentou o custo de comprar bananas. Por outro lado, o preço mais alto das bananas 
trará estímulo aos que cultivam a fruta, os quais tenderão a aumentar sua produção, possivelmente 
investindo na expansão da plantação, contratando mais mão-de-obra e buscando ganhar mais com 
suas vendas. Haverá, assim, tanto incentivos ao consumo quanto à produção. 
 Não existem apenas incentivos financeiros, pode haver incentivos morais, por exemplo. A 
desaprovação social a certas práticas, como a de jogar detritos nas ruas, faz com que pessoas bem-
educadas as evitem. A conscientização quanto a questões ambientais tem induzido mudanças de 
comportamento com relação à preservação do meio ambiente. Quando tomamos decisões, portanto, 
levamos em consideração não apenas o custo de oportunidade de cada escolha ou a análise 
“marginal” dessa escolha, mas também os incentivos, positivos ou negativos, associados a certas 
opções. 
 
 
 
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5. Especialização na produção e trocas 
 Numa coletividade onde há especialização de funções e trocas entre produtores, todos podem 
viver melhor do que em um mundo onde cada um produz tudo o que consome. Se o padeiro faz só 
pães; o sapateiro, sapatos; e o alfaiate, roupas, a produção desses itens será mais eficiente do que se 
cada produtor fabricasse todos eles. Com a especialização de funções, cada um se dedica àquilo que 
sabe fazer melhor, e a produção será maior do que no caso em que todos produzem tudo. A 
especialização está associada à troca: cada um produz seu artigo e o vende, e com o produto da 
venda compra os demais artigos para seu consumo. Como a produção é maior, com a especialização 
de funções, em princípio todos podem viver melhor. (Todos podem ganhar com especialização na 
produção e trocas entre os produtores, mas não necessariamente todos ganham, como você verá 
quando estudar o princípio das vantagens comparativas). Essa é uma proposição da maior 
importância: o comércio entre produtores pode melhorar a vida de todos. 
 
 6. Trocas e mercados 
 Qual é a melhor forma de se organizar o sistema de especialização de funções e trocas entre 
produtores? Pode-se argumentar que, na maioria dos casos (mas não todos), isso é feito de forma 
mais eficiente pelo funcionamento livre dos mercados, sendo a alocação de recursos determinada, de 
forma descentralizada, pela interação entre os agentes econômicos, cada um tomando decisões 
guiadas pelos seus próprios interesses e pela sinalização dada pelos preços. 
Não é necessário, por exemplo, que haja uma autoridade que determine quais e quantos pães 
as padarias de uma cidade vão produzir, e como irão organizar sua atividade produtiva. É fácil 
imaginar que uma centralização de decisões dessa ordem produziria, muito provavelmente, muita 
burocracia e pouca eficiência. Sem dúvida é melhor, nesse caso, que se deixe o mercado funcionar. 
Se determinado tipo de pão tem muita procura, seus preços tenderão a subir, o que indicará aos 
padeiros que vale a pena produzir mais deles; e o contrário, se um artigo não sai das prateleiras. 
Dessa forma, haverá tendência a um ajuste entre o que é produzido e as demandas dos consumidores. 
Se um novo método de produção reduz os custos de fabricação de pães, haverá indução para adotá-
lo, e quem não o adotar ficará em situação de inferioridade em relação aos demais produtores, 
lucrando menos ou perdendo dinheiro. E, pela concorrência entre as padarias, a adoção generalizada 
de um método mais eficiente de produção acarretará queda nos preços de venda, beneficiando os 
consumidores. Em suma, as decisões de cada um, orientadas por seu próprio interesse individual, têm 
como resultado uma situação desejável para a coletividade. 
Ficou famosa a expressão usada por Adam Smith, um influente economista do final do século 
XVIII, para descrever isso: ele disse que tudo se passava como se as ações individuais fossem 
 
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guiadas por uma “mão invisível”, de tal forma que a resultante de todas elas favorecesse o bem 
comum. (A mão invisível era, pode-se supor, a mão da Providência Divina; Smith era muito 
religioso). Mas, mesmo para os não religiosos, é evidente que o funcionamento do mercado, com 
base em ações descentralizadas, no sistema de preços e na interação entre oferta e demanda, pode, 
em inúmeras situações, ser mais eficiente, e levar a resultados superiores para a coletividade, do que 
um complexo sistema de planejamento governamental. 
 
 7. Falhas de mercado e funções econômicas do Governo. 
 Em situações como a acima, o melhor é deixar o mercado funcionar, sendo desnecessária ou 
contraproducente, a intervenção governamental no sistema econômico. Em alguns casos, no entanto, 
essa intervenção é necessária ou desejável. Você vai estudar algumas situações em que o mercado 
não funciona adequadamente: “falhas de mercado” fazem com que seja indicada uma ação corretiva 
ou de coordenação por parte do governo. Isso sucede, por exemplo, quando há um conflito entre o 
interesse individual e o coletivo: em certos casos, se cada um agir em função de seu próprio 
interesse, o resultado é pior para todos, ou para a maioria. 
 São também vistas como desejáveis e necessárias ações do governo no sentido de reduzir 
desigualdades, seja diminuindo o poder de mercado de certos agentes (como um monopolista, que 
pode fixar seus preços sem a restrição dada pela concorrência de outros produtores), seja por ações 
diretas de distribuição de renda, ou por outros instrumentos. Cabe também ao governo um papel da 
maior importância na efetivação de investimentos de infraestrutura (construção de estradas, portos, 
etc.), na provisão de serviços de educação e saúde e, em geral, em atividades que, por várias razões, 
não podem ser supridas de forma adequada pela iniciativa privada. Também o próprio 
funcionamento de mercados depende de ações do governo, garantindo, por exemplo, o cumprimento 
de contratos entre agentes econômicos (como no caso de empréstimos e financiamentos), os direitos 
de propriedade, os direitos dos consumidores e dos trabalhadores, e assim por diante — sem o que os 
agentes econômicos não teriam confiança de efetuar trocas e negociar entre si. 
 Um tipo de ação governamental cuja importância passou a ser reconhecida na primeira parte 
do século passado visa combater ou evitar reduções significativas na atividade produtiva causando 
desemprego de mão-de-obra. Essas situações, como analisou Keynes, um economista inglês, em 
livro publicado em 1936, podem decorrer de uma insuficiência geral de demanda, ou seja, de um 
desequilíbrio entre o que é produzido e a disposição dos agentes econômicos em efetuar gastos de

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