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Que Paixão Secreta Miranda Lee Uma amante secreta.. uma vingança secreta! Aquele, sem dúvida, foi o momento mais chocante da vida de Luca Freeman! Afinal, ele não esperava descobrir que seu pai recentemente falecido tivera uma amante durante vinte anos! As informações que recebera sobre a identidade dessa misteriosa amante o levaram a uma jovem e bela mulher... que despertaria nele sentimentos de paixão, raiva, vingança! PRÓLOGO Célia Gilbert ainda não acordara quando o telefone tocou. Virou-se na cama para verificar as horas. Era domingo, e nesses dias gostava de dormir até tarde. Todos que a conheciam sabiam disso. Fosse quem fosse que tivesse ligando devia ter um bom motivo. Dez horas! Só pode ser mamãe;- murmurou, afastando o ededrom para o lado e estendendo a mão para o aparelho. - Alô? - Ele morreu – disse uma voz feminina, parecendo soar do espaço. Célia sentou-se de um salto. Era sua mãe, sim e não precisava perguntar quem “ele”era. Na vida de Jéssica havia apenas um homem: Lionel Freeman, o arquiteto mais premiado de Sydney. Cinquenta anos, casado e com um filho, Luke. Jéssica foi amante de Lionel Freeman durante mais tempo que Célia gostava de pensar. - O que... -Ele está morto... – Jéssia repetiu, como um disco defeitoso. Célia respirou fundo e tento não entrar em pânico. - Lionel estava.. Ele... ele estava em Pretty Point com vc, mamãe? A idéia de que os dois estivessem fazendo amor quando Lionel sofreu um ataque cardiaco, ou uma síncope, era temerosa. Célia se arrepiou só de imaginar a possi-bilidade. Mas fato eram fatos, e precisavam ser enfrentados. Era justo por isso que Lionel Freeman visitava sua amante. Não, Ele ficou de vir, mas na última hora avisou que não viria, devido aum imprevisto qualquer. Célia ficou aliviada e frustada ao mesmo tempo. Sua mãe perdera a metade de sua vida esperando pelo amante casado. Bem, agora a espera termirara. Mas a que preço? - Ouvi no rádio. Disseram que Lionel não teve culpa, que o outro motorista estava bêbado. Célia assentiu. Um acidente, e Lionel Freeman falecera. Nela exisia pouca compaixão, e apenas por sua mãe, sua pobre e iludida mãe, que sacrificou tudo pelos momentos passados ao Lado dele. Mas ela o amava, mais do que a si mesma. E afora ele estava morto, e sua transtornada amante ficou sozinha, no ninho de amor secreto, onde o egoísa Lionel a instalou fazia alguns anos. Célia estava temerosa, pensando na tolice que Jéssica poderia fazer quando caísse em si. Já perdera vinte anos amando aquele homem, e Célia agora não permitiria que fisesse mais nenhuma loucura. Lionel não a levaria consigo em sua morte. - Mamãe acalme-se. Tome uma xicara de chá, daqueles que relaxam Estou indo para ai. Célia morava em Swansea, não muito longe de Pretty Point, onde Jéssica residia. Chegou lá em vinte e três minutos, um recorde em se considerando que costurava levar meia hora no mesmo trajeto. Ajudou a estrada se encontrar quase deserta, pois os turistas de fim de semana vindos de Sydney não tornariam a congestionar as rodovias antes de dois meses. - Mamãe? – chamou, batendo na porta.- mamãe? Sou eu, abra. Nenhuma resposta. O peito de Célia se apertou ao começar imaginar cenários de horrot. Mas lá estava Jéssica, sentada junto á mesa do deque de madeira com vistas para o lago, e o sol logo atrás dela, deliniando o perfil do seu rosto perfeito, refletindo-se nos cabelos loiros. Usava um robe de de seda cor de limão, amarrado na cintura ainda estreita. A distância, parecia bem mais jovem do que era, e mais bonita. E graças a Deus, viva. Célia suspirou antes de se dirigir a sacada de madeira que levava ao deque. Jéssica ergueu seus expressivos olhos verdes, agora assustadoramente vazios. Ela fizera o chá, como recomendado, mas a xícara permanecia intocada sobre o tampo. Célia notou que entrara em estado de choque. - Mamãe... – sentou-se ao lado dela.- Não está tomando o seu chá? - O quê? - Seu chá... - Oh, sim… O chá. Esqueci-me de tomar. - Estou vendo. Célia decidiu fazer outro, era melhor tirar Jéssica daquela casa o quanto antes e levá0la para um lugar onde pudesse ser vigiada vinte e quatro horas. Por mais que desejasse leva-la para sua residência, Célia tinha a clínica para dirigir, além dos compromissos inadiáveis que precisaria honrar na próxima semana. E na outra tmb. Talvez enão pudesse “limpar”sua agenda e tirar uns poucos dias de folga para dedica-se a mãe. Enquanto isso, tia Helen teria de cuidar dela, gostando ou não. - Mamãe? Sabe que não poderá ficar aqui, não é? Esta casa pertence a Lionel. Ele, sem dúvida, mantinha a propriedade em segredo, mas devia haver algum documento em algum lugar, comprovando a compra. - Cedo ou tarde, alguém aparecerá, e será melhor que vc não esteja aqui, para não ter de responder a perguntas embaraçosas. - Ela tbm morreu no acidente... Sua esposa, Kath. Ambos faleceram. - Meu Deus! Que coisa terrível! Célia recostou-se no espaldar. Sempre desejara que Lionel pulasse do alto de um de seus altissimos edificios, mas nunda desejara qualquer mal a mulherdele. Pobre Kath.... - Tenho pena de Luke, filha. Ele deve estar sofrendo muito. Célia franziu as sobrancelhas. Nunca pensava muito no filho de Lionel, que afinal era um homem, tanto que não morava mais com os pais. Mas então apiedou-se dele. Que horror perder os pais de modo tão trágico! Não havia nada que pudesse fazer pelo rapaz, porém. Tinha a própria mãe para cuidar. Jéssica de repente, fitou o firmamento. - Você tem razão, filha. Não posso ficar aqui. Luke pode aparecer. Lionel mor-reria se o filho dscobrisse sobre nós.- E caiu no choro, quando se deu conta do que dissera. - Dúvido que ele venha até aqui, mamãe – Mas, se vier, não a ancontrará. Vou leva-la para passar alguns dias com tia Helen, até eu arrumar um lugar permenent para vc morar. Jessica maneou a cabeça. - 0h, Não. Com Helen, não. Ela era contra meu relacionamento com Lionel. Não o tolerava. “Assim como todos nós”, Célia pensou, tristonha. Mas não era hora de dizer tal coisa. - Titia não tolerava o que ele fazia com vc, mas a situação não é mais a mesma. - Helen nunca entendeu... Vc tbm, não é, Ce’lia? Sempre me julgou uma tola. - Nunca disse isso, mamãe. - Mas sempre achou isso. E talvez eu fosse, mas o amor faz esse tipo de coisa conosco. “Não comigo, mamãe. Nunca!” Quando se apaixonasse, se é que algum dia Célia se apaixonaria, não seria por um homem como Lionel Freeman. - Sei que não confiava em Lionel, querida em s/amor por mim. Mas ele me amava. - Se está dizendo, mamãe, quem sou eu para duvidar? - Vc nunca acreditou que ele pudesse me amar... Célia não negou. - Há muita coisa que vc desconhece, que eu nunca lhe disse. - E por favor, mamãe, não quero que diga nada agora. A última coisa que Célia desejava ouvir eram as mentiras que Lionel usava para desculpar e explicar a suas duas décadas de adultério. Jéssica suspirou, muito triste, os ombros arqueados, o olhar sombrio. De repente, a criatura radiante, tão jovem e sensual que Lionel Freeman por tanto tempo iludira, se apagou, tornando-se a sombra de si mesma, daquela que um dia fora. Horas atrás, Jessica passaria com facilidade por uma moça de trinta anos. Agora, aparentava ter cada segundo dos seus quarenta e dois anos, talvez mais. Mas nada disso importa mais... –Jéssica demonstrava um cansaço que preocupou Célia, muito mais do que seu estado de choque. – Lionel está morto. Tudo terminou. Célia observava a mãe, ansiosa. Era isso o que temia, que Jéssica pensasse que nada mais restara... que não havia por que viver, visto que o homem que adorava morrera. As pessoas costumavam dizer que Célia em muito ssemelhava a sua mãe. Na aparência, talvez, mas era ali que terminava qualquer similariedade. Jéssica era romantica. Célia, realista, sobretudo no que se dizia respeito aos homens. Impossível não ser assim após terpassado quase vinte anos vendo sua mãe sendo usada sem tréguas por Lionel. Houve ma época que Célia julgava Lionel maravilhoso. Ele surgiu em seu caminho quando tinha quase três anos, uma garotinha solitária que sentia muito a falta do pai. Que menina nessa idade, sem pai, não adoraria o homem bonito e carinhoso que fazia sua mãe ficar tão feliz? E que lhe trazia brinquedos incríveis? Não foi antes de Célia alcançar a puberdade que se deu conta daquilo que Lionel vinha fazer, e que também fazia sua mãe chorar, muito mais do que sorrir. Foi ai que toda a afeição por ele se transformou em ódio. Ultrajada como só uma adolescente desiludida e desgostosa era capaz, confrontou Lionel, criticando-o com severidade e se horrroizando quando Jéssica, em retribuição, a puniu por ter saido da linha. Depois disso, os dois amantes passaram a se encontrar em outro lugar passaram a se encontrar em outro lugar, não mais no apto onde a mãe e filha moravem. Jéssica contnuou sofrendo e chorando por Lionel, e, testemunha disso, Célia jurou nunca se apaixounar,a não ser que fosse pelo homem de seus sonhos. Esse não teria medo de se comprometer e seria sincero, corajoso e confiável, leal e amoroso. E, obvio, não seria casado como Lionel. Claro, teria de ser muito bonito e saber beijar bem. Afinal Célia tinha apenas treze anos quando invocara aquela imagem de perfeição masculina. Ainda não encontrara tal criatura. Na realidade, duvidava que esse ser luminoso existisse. Tivera uns poucos namorados desde que se formara, mas não encontrara um só que não a tivesse desapontado, na cama ou fora dela. Talvez sus padrões fosse altos demais, de acordo com que suas amigas costumavam dizer. Mas de um modo ou de outro, seus relacionamentos não decolaram. O último deles terminara havia dois meses. Era um jogador de futebol que Célia tratara de um problema no joelho. Terminado o tratamento, o rapaz passou a persegui-la, jurando estar louco de amor, prometendo-lhe o mundo se ela o aceitasse. No fim Célia acabou se rendendo, porque achava muito atrente. Gostava de moços altoe e fortes. E aquele era inteligentíssimo, além de bonito, e parecia sincero. Evidente que ela o fez esperar por sexo, já que não costumava se deitar com um namorado nos primeiros encontros. E quando, por dim, cedeu, desejou não tê-lo feito. O rapaz pareceu bastante satisfeiro. No entanto, esse sempre era o caso com os ho-mens com quem Célia se envolvia. Não pareciam muito preocupados com a falta de sa-tisfação de suas namoradas, e sempre as culpavam, jamais a si mesmos. E prometem que tudo melhoraria com o tempo. Algumas vezes, se era um bom sujeito, Célia procurava entender, esperando que as coisas melhorassem, mesmo. Mas quando o jogador, após duas tentativas infrutife-ras, informou que sua namorada anterior nunca se queixara de seu desempenho, Célia decidiu que aquele não era seu principe encantado. Nem nuca seria. Rompeu com ele na manhã seguinte. Pena Jéssica não ter feito o mesmo com Lionel Freeman logo que descobrira que era casado. Porém, na cama pelo menos, Lionel devia ter sido sensacinal. Decepcionada, durante certo período, Jéssica se recusara a vê-lo. Mas o demônio manipulador retor-nou a seu leito com todas aquelas desculpas e mentiras, e lá permanecera até morrer. Célia não duvidava que, da parte de Jéssica, aquele caso de amor verdadeiro, mas apostaria tudo como da parte de Lionel era apenas luxuria. Gostaria de ficar furiosa com Jéssica, por ela ser a tola romântica que era, mas não conseguiria, não naquela ocasião. Não qndo a pobre mulher tinha despedaçado o coração. - Não quer tomar banho e se vestir, mamãe, enquanto falo com tia Helen? Helen, por sorte, morava perto, em Dora Creek. John, seu marido trabalhava na estação de energia local. Seus dois filhos, crescidos, já não viviam mais com eles, portanto havia quaros sobrando na residência. Jéssica deu os ombros. - Como quiser, filha. - Vou arrumar sua mala. Mas colocarei apenas o essencial. Voltarei mais tarde para pegar o restante. Mas não havia pressa. Célia que não acreditava que alguém aparecesse tão cedo. Duvidava que o filho de Lionel viesse em pessoa. Os ricos tinham advogados para lidar com pormenores desagradáveis. E Luke Freeman agora era muito rico. Célia se ergueu, as chaves do carro ainda na mão. Jéssica levantou-se também, olhando ao redor com ar tristonho. Lionel amava este lugar. Desenhou a casa e mandou construir, para nós dois. Célia não duvidava disso. Com sua fachada de vidro e o amplo deque de madeira projetando-se em direção ao lago, a casa era um perfeito ninho de amor. Retirada e com um cenário dos mais belos seu interior era equipado com todos os acessórios da predileção dos dois amantes. Lareira de pedra, sofás macios e tapetes orientais. Na parte de cima, a única suíte, imensa, era dominada pela cama king-size, e o banheiro era um verdadeiro spa, com uma banheira de hidromassagem que acomodava duas pessoas com todo o conforto. E nenhum quarto de hospede, lógico. Lionel não queria saber de ninguém por perto quando vinha ver sua amante. Célia nunca passara a noiteali. Tampouco vinha er a nãe nos fins de semana, a não ser que ela avisasse que o caminho estava livre. - Vamos, mamãe. – Célia pegou-a pelo braço. Jéssica não protestou, porque sabia ser a atitude mais sensata a tomar. Ali em Pretty Point havia muitas lembranças de Lionel, muitos fantasmas a assombrá-la todas as noites. Muitos pensamentos sombrios esperando para assalta-la. Sempre acreditou que Lionel a amava, que sua paixão por ela era bem mais do que apenas sexual. Agora Jéssica não estava tão certa disso. Várias vezes no passado, quando não via Lionel por um certo tempo, dúvidas terríveis a assaltavam. No entanto, quando ele chegava e a tomava nos braços, todos os temores desapareciam. Mas lionel nunca mais a tomaria nos braços. Nunca mais faria amor com ela. Nunca mais diria o quanto era importante para ele. E aquilo significava que as dúvidas jamais a deixariam. O coração de Jéssica parecia ter se desintegrado em seu peito, sob o peso dessa terrível perspectiva. Se Lionel não a amara, tanto qnto ela, então qual a razão de todos os sacrificios que fez por ele? Nada de pensar em escreve, nem enviar cartões-postais. Nem de passar o Natal juntos, ou seu aniversário. Muito menos ser visto em público, em sua companhia. Nunca ter um filho dele. Será que tudo não passara de umterrível desperdicio de vida? Será que seu amor por ela não passara de uma ilusão? Lionel teria sido o homem sensível que Jéssica julgava... ou não passara de um mentiroso egoista? Não suportava imaginar tal possibilidade. De repente, começou a soluçar, soluços profundos que faziam estremecer seu corpo inteiro. - Oh, mamãe... – Célia a abraçou.- Ficará tudo bem. Você vai ver. Mas precisamos sair daqui. CAPITULO I - Isso é tudo, Harvey? – Luke Freeman quis saber. Colocou a caneta no bolso de dentro do paletó após empurrar os papéis na direcão do advogado. - Por enquanto.- Harvey recolheu os documentos e guardou-os dentro da pasta. Luke deixou a cadeira giratória. - Não. Espere, Luke. Só mais uma coisa... É sobre uma das propriedades de seu pai.Preciso de seu parecer. Luke tornou a se sentar e verificou as horas no relógio. Quinze minutos para a uma. Ficou de de encontrar com Isabel lá embaixo, para o almoço a uma hora. Em seguida iriam comprar as alianças. - Diga. - Seu pai me procurou, na quinta-feira anterior ao acidente, para falar sobre uma casa que possuia no lago Macquarie. Luke franziu as sombrancelhas. - Está se referindo a propriedade em Pretty Point? - Isso mesmo. Não conheço o local, mas ele me disse ser uma pousada construída dentro de uma área de dez acres. - Julgava que papai já tivesse vendido aquilo. Você disse pousada? Pois não passava de uma cabana. Meu pai costumava usá-la quando ia pescar, mas me disse há alguns anos que não viajara mais para lá porque o lagonão dava mais muito peixe. Linel era louco por pescaria. Levava Luke consigo desde que o garoto mostrava-se capaz de segurar a vara. Quando Luke tinha seis anos, pai e filho costumavam passar o fim de semana fora, e na maioria das vezes ficavam no chalé em Pretty Point. Nessas ocasiões, a mãe dele preferia não ir. Ela detestava tudo o que se relacionava a peixe, o cheiro sobretudo. Luke adorava aqueles fins de semana, não por causa da pescaria. Era a com-panhia do pai, a atenção, que ele adorava. Para ser franco, Luke achava a pescaria ão fascinante quanto ver a grama crecer. Aos doze anos, descobriu o basquete e passou a praticar o esporte, sendo forçado a confessar que preferia passar os sábados e domingos no clube local, jogando basquetes com os amigos. Lionel entendeu, como sempre fora um pai maravilhoso e um marido dedicado e carinhoso para sua mãe. Claro que ela era uma esposa adorável, do tipo antigo, que se dedicou por inteiro ao marido e ao filho. Uma mulher que sentia orgulho em manter seu lar imaculado, cuidando ela mesma de todos os serviços doméstivos, mesmo podento se dar ao luxo de contar com um batalhão de criados. Embora tivesse uma saúde delicada e sofresse de terríveis enxaquecas. Luke se lembrava de ser proibido de fazer qualquer barulho na casa quando ela estava tndo uma crise de enxaqueca. Naquelas ocasiões, Lionel vinha do trabalho e sen-tava-se com sua mulher no quarto escuro. Ninguém conhecia outro casal que fosse tão devotado um ao outro. E agora estavam ambos mortos, vítimas de um louco inconsequente que os ultrapassara em um trecho perigoso da estrada, colidindo de frente com o automóvel de seu pai, que vinha em sentido contário. No dia seguinte, o acidente completaria duas semanas. Aconteceu no sábado a noite, na estrada Mona Vale, qndo o casal retornava de um jantar comemorativo em Narrabeen. A vida era mesmo injusta. Tinham apenas cinquenta e poucos anos,muito jovens. Luke moveu-se inquieto na cadeira e pigarreou. Do que mesmo harvey estava falando? Ah, sim! Sobre a antiga cabana em Pretty Point que agora era uma pousada. - Creio que papai não conseguiu vender o imóvel e arranjou um jeito de torná-lo rentável. Pelo visto, derrubou a cabana e ergueu uma grande casa. Comentou com você o que pretendia fazer com a propriedade? - Lionel a deixou de presente para uma amiga. Luke foi pego de surpresa. - Para que amiga? - Uma tal de Jéssica Gilbert. Luke franziu as sombrancelhas. Quem seria ela? - Não faço a menor idéia de quem seja... Luke tentou não pensar no impissível, mas não foi capaz. - Não tire conclusões apressadas, Luke. Nós dois sabemos que seu pai não era desse tipo. Luke jamais cogitou tal possibilidade. Até então. Tinha o pai como um heói, e sempre desejou ser como ele, em todos os sentidos. - Papai alguma vez falou a respeito dessa sra. Gilbert? - Não muito. Disse apenas que se tratava de uma adorável mulher a quem desejava ajudar, pque o destino não fora muito gentil com ela. Pelo visto, a sra. Gilbert não possuia casa própria, e nos últimos anos Lionel permitiu que ela morasse lá de graça, servindo de caseira. Queria deixar-lhe a propriedade para que ela pudesse contar com um teto seguro para morar pelo resto de seus dias e uma renda com que se sustentar. Luke respirou aliviado. Lionel era conhecido por seus gestos caridosos. Mas por um momento chegou a julgar que... - Ele temia morrer de repente, e assim o arranjo que fez com a sra. Gilbert viesse a luz. Sua mãe poderia fazer o mesmo que você acaba de fazer: concluir o que não devia a esse respeito. - Saiba que me sinto muitissímo mal por ter pensado isso, mesmo por um momento. - Não seja tão rigoroso consigo mesmo. Também tive dúvidas quando Lionel discutiu o assunto comigo, ainda mais quando me pediu toda a discrição possível. Mas só precisei lembrar quanto ele era devotado a Kath para concluir que eu não poderia estar mais errado. Posso então providenciar a escritora em nome da sra. Gilbert? - Sim, faça isso, Harvey. Avise quanto estiver pronta. Terei prazer em assinar. - Desse modo, mandarei fazer todo o levantamento do imóvel, para redigir o documento. Eu esperava que disesse isso, Luke. Seu pai se orgulharia d você, se pudesse ouvi-lo. - Estou apenas cumprindo uma vontade dele. Herdei propriedades suficientes. Assim como a residência da familia em St. Ives, Luke agora era dono de vários imóveis espalhados por toda Sydney. - Preciso ir agora, Harvey. Isabel já deve estar me esperando. - Ah, a adorável Isabel... Que linda noiva ela será! É uma lástima toda essa trgédia ter acontecido tão perto de seu casamento. - Sim. Tentei adiar a cerimônia, mas as providências estavam muito adiantadas para isso. A familia de Isabel já gastou uma pequena fortuna, e eles não são tão ricos. - Seus pais não gostariam que vc adiasse nada, Luke. Lionel estava muito feliz por ter decidido se casar e se estabelecer aqui na Australia. Sentiu sua falta quando esteve trabalhando fora. Temia que se apaixonasse e se casasse com uma estrangeira, e nunca mais voltasse. - Papai devia saber que eu não faria isso.- Luke se levantou.- Então eu o verei com sua esposa no casamento? Harvey também se ergueu. - Se Deus quiser. Os dois trocaram um aperto de mão antes de Luke sair da sala, grato por ter encerrado pelo menos parte da questões legais que se seguiam a morte dos pais. Ainda havia muito o que providenciar, muito para organizar, muitas decisões a tomar, e, sendo filho único, tudo estava em suas mãos. Esperava estar aingo direito, de modo a que seu pai se orgulhasse dele, de onde estivesse. Tornou a pensar em Jéssica Gilbert ao dirigir-se ao elevador. Quem ele seria/ como Lionel a conhecera. Seria uma dedecada ex-funcionaria das empresas? Uma secretária que trabalhara a seu lado nos andos difícies, enquanto lutava para ser reconhecido como um bom arquiteto? Ou talvez fosse a pessoa que cuidara de propriedade durante todos aqueles anos. Luke se lembrava de uma pesoa chegando para fazer a faxina e deixar tudo em ordem, quando eles iam embora. Ou Jéssica seria uma pobre-coitada cuja história tocara o coração de seu pai? Alguma velhinha solteira que nunca teve nada, e jamais teria? Devia ser isso. Lionel sempre gostava de ajudar os idosos. Mas eram apenas suposições. Gostaria que Harvey pudesse esclarecer mais. Era frustante não saber de todas as circunstâncias em torno daquela história. A casa de veraneio em Pretty Point, embora pequena, possuia um belo terreno, em uma região bastante valorizada. Talvez mais tarde o próprio Luke fosse até lá entregar a escritura para aquela mulher. Desse modo, sua curiosidade seria satisfeita e a pequena dúvida que tinhade que seu pai talvez não fosse a pessoa perfeita que sempre imaginara, seria banida para sempre. Luke inda não decidira o que fazer sobre o assunto quando a porta do elevadorse abriu e, bem adiante, avistou Isabel, com sua classe e beleza habituais. Usava um vestido preto e tinha cabelos loiros presos na nuca, mostrando o pescoço eelgante, e os brincos de diamante que Luke havia lhe dado de presente de aniversário. Isabel Hunt esboçou aquele seu sorriso sereno que causava um efeito relaxante em Luke, não importava oquanto estivesse tenso. Sorriu tbm, enquanto caminhava em direção, pensando na sorte que teve de encontrar uma garota como Isabel e com ela se casar. Não apenas bela, mas tbm sensível, e descomplicada. Além de todas aquelas qua-lidades, Isabel sabia cozinhar como ninguém, e considerava ser esposa e mãe a melhor carreira para si mesma. Igual a mãe de Luke. Ela já havia se demitido do emprego de recepcionista de uma empresa de arquitetura que Luke contratara. Eles se conheceram na última festa de natal, e pretendiam se tornar papais o mais cedo possível. Isabel não planejava voltar a traba-lhar depois de casada. Claro que, sendo uma mulher de trinta anos e experiente, estava pronta para se estabelecer como esposa e mãe. Luke tinhavinte e sete. Do mesmo modo que ele, Isabel viajara bastante, e admitira ter vários namorados, algo que n`~ao incomodava Luke nem um pouco. Luke gostava do fato dela ter experiência na cama, e sobretudo saber que ela apreciava e queria as mesmas coisas que ele: um casamento para toda a vida, e uma familia de pelo menos dois filhos. Certo que Luke não estava assim tão apaixonado, e vice-versa. Mas que importân-cia isso tinha? Ele se apaixonara várias vezes no passado, e não gostava da sensação. Em primeiro lugar, a paixão não era estável, nem duradora. Quando decidiu que era hora de sossegar e de se estabelecer ao lado de uma só mulher, concluiu que aquele amor romantico do qual tanto se ouvia falar não seriva de alicerce para uma boa união. Isabel chegara a mesma conclusão, após ter vivido algusn desastros casos. O que significava que eles eram afinadíssimos um com o outro. Tinham a mesma mete a alcançar, e não brigavam, algo que uke em muito valorizava. Brigas, desentendimentos eram coisas desgradaveis demais. Não queria nada disso em seu casamento. Almejava paz e harmonia, do mesmo modo que seu pai vivera com sua mãe. - Acertou tudo com o advogado, querido? Mais tranquilo agora? – Isabel perguntou, após beija-lo no rosto. - Por enquanto. Luke tornou a se lembrar da misteriosa sra. Gilbert. Que frustante... por que não consegura parar de pensar nela? Chegou a abrir a boca para comentar a respeito com isabel, porém desistiu. Por quê, não saberia dizer... Talvez por não querer ver a terrível dúvida sobre seu pai nos olhos dela. A sra. Gilbert significava apenas um ato de caridade, Luke tentou se assegurar, alguma pobre velhinha que não tinha como se amparar. Imagine algo diferente disso seria intolerável. - Algum problema, Luke? - Você se importaria se deixassemos o almoço para outro dia?- pediu ele, no calor do momento.- Há algo que sinto que devo fazer e que não poderá esperar. - O quê, pelo amor de Deus? Isabel não estava zangara. Apenas intrigada. - Preciso ir até o lago Macquarie. - Lago Macquarie? Mas por quê? - Lá existia uma cabana de pesca que pertencia a papai, aonde ele costumava me levar quando era menino. Faz anos que não volto aquele lugar. Acabo de descobrir que loucura, mas sinto que devo ir. Não entendi direito o que disse Harvey, mas parece que papai a transformou em uma pousada ou algo assim. - E precisa fazer isso hoje? Agora? - Sim, preciso. Lucas esperava que Isabel fizesse mais perguntas, mas ela apenas sorriu. - Você é bem mais sentimental do que eu julgava, Luke Freeman. Escute, por que não aproveita e tira o fim de semana para descansar? Está mesmo precisando. - Sim, talvez passasse a noite, ao menos. -Não se importa? Isabel deu de ombros. - Por que faria isso? Serão apenas dois dias qando o terei pelo resto da vida. Mas, Luke, nós precisamos compras as alianças. Está em cima da hora, e elas podem precisar ser ajustadas. Confiaria em meu gosto para escolhe-las sozinha? Luke não podia pensar um outra mulher que conhecesse que fosse mais sensata. -É de fato uma garota incrível Isabel. Sabia disso? Aqui está. Pegue este cartão de crédito e use o quanto precisar. E pague tbm o almoço. -Se insiste... – disse ela, sorrindo. -Eu insisto. Outra coisa que Luke apreciava em Isabel era o fato de ela não esconder que gostava de dinheiro. Gostava, sim. Mesmo antes da tragédia que o transformara em milionário de uma hora para outra, sua noiva mostrava apreciar o fato dele ganhar um alto salário, possuir uma casa luxuosa em Turramurra, dirigir um BMW último modelo e poder se da ao luxo de leva-la a uma volta ao mundo em lua-de-mel. Lógico que, agora, Luke poderia proporcionar-lhe muito mais. -Eu ligo mais tarde. - Estarei aguardando, Luke. -Seguirei seu conselho. Ficarei por lá um ou dois. – Dependendo do que encontrasse ao chegar.- Sentirei sua falta.- E a beijou no rosto. -Você chama isso de beijo? Luke riu e beijo-a na boca. Quando a lingua de Isabel tocou a sua, ele de imediato se arrependeu de não terem feito amor na vespera. No entando, no momento, Luke não quis. Desde a morte dos pais evitara o sexo. - Hum.. – Ele afastou os lábios dos dela e piscou, sedutor. – Se continuarmos assim, acabarei voltando ainda esta noite. - Não, querido. Combinei com Rachel de leva-la ao teatro. Em seguda iremos jantar. Lembra-se? Não posso cancelar na última hora. - Sei, amor, e nem pensaria em lhe pedir isso. Rachel era uma antiga amiga de Isabel, dos tempos de escola. Chegou a trabalhar como sercretária para a Australian Broadcasting Corporation, mas não trabalhou muitos anos. Atualmente, passava vinte e quatro horas, sete dias por semana cuidando de sua madrasta, que sofria de mal de Alzheemer. Luke podeia imaginar o quanto Rachel ansiava por aquela única noite livre no mês que isabel organizava para a amiga. Vira-a apenas uma vez, e logo notara o qaunto parecia envelhecida e cansada, apesar de ter a mesma idade de Isabel. - Mas temos muito tempo para isso, não acha? - Claro, querida. - Assim, é melhor que vá agora, Luke, se quiser aproveitar o dia. Sei bem o quanto seu pai significava para você e quanto sente sua falta, muito mais até do que de sua mãe Lionel foi mais do que um pai. Foi seu melhor amigo, seu heroi. Portanto, vá conversar com ele naquele velho lugar no lago Macquarie. Lionel estará lá, posso garantir, e ouvirá o que tem a lhe dizer, como sempre fez. Luke desejou contar toda a verdade a respeito de Pretty Point. Não havia notado o quanto Isabel era sensível, já que sempre pareceu pragmática a respeito de todas as coisas. Mas agora era tarde demais. Sua noiva, na certa, iria querer saber pque desde o início ele não usara de franqueza, e isso poderia abalar o bom relacionamento deles. Mas aquela foi uma lição valiosa. Luke jurou que, dali em diante, não esconderia mais nada dela, não importava o quanto doesse. CAPITULO II Quando a idéia de passar o fim de semana descansando em Pretty Point lhe ocorreu, Célia de imediato a rejeitou. Mas quando mais pensava no assunto, mais se convencia de que o ninho de amor de Lionel seria o refúgio perfeito que procurava. E como precisava de um refugio... As últimas duas semanas a deixaram esgotada. Foi a casa de helen ver Jéssica todas as noites, e tbm em cada um dos fins de semana.s. Sentava-se com ela, ou argumentava com a tia sobre o que deveria ser feito a seu respeito. Célia queria levar jéssica a um psicanalista, esperando vê-la mais animada com o auxilio de remédios para depressão. Insistia nisso, mas a tia não concordava. Jéssica não enlouqueceu – Helen protestara com veemência certa ocasião.- A morte repentina de Lionel deixou seu coração partido. Tudo de que necessita é de tempo, de amor e atenção. Logo começará a melhorar. Você é que vai precisar de tratamentos sérios se continuar se preocupando tanto com sua mãe/ Não quero vê-la por aqui este fim de semana. Saia com suas amigas. Ou melhor, faça uma viagem. Vá para algum lugar, qualquer lugar. Célia reclinou-se na cadeira do dque, com um suspiro, pensando de que estar ali nunca lhe parecera tão bom. Será que a bela paisagem é que era tão relaxante, um calmante parasa alma desgastada? Tinha de tirar o chapeu para Lionel, que construira o ninho de amor deles naquele paraíso. Seu gosto por vinhos também era excelente Célia tomou mais um gole do fantástico vinho que encontrou na geladeira. Teve sorte naquele dia. Sempre desejou encerrar o expediente mais cedo nas sextas, mas foi o máximo poder encerrá-lo na hora do almoço, as duas horas, com a mala pronta, encontrava-se a caminho de Pretty Point, com apenas uma rápida parada para comprar comida. E ali estava, no meio da tarde, com um copo de vinho na mão e uma paisagem de um milhão de dólares para apreciar e com o sábado e o domingo inteiros, glorioso, para aproveitar. Continuou tomando o vinho, sentindo a tensão pouco a pouco deixar o seu corpo, até que se sentissemuito be.O alccol, decidiu, era bem mais relaxante do que todos os exercicios que estivera tentando fazer aquela semana. E que a sugestão de Joanne. O que a deixaria no prumo, meu bem, seria uma excitante noite de amor – dissera sua colega de clínica, na tarde anterior. Sexo nunca a relaxava. Seus únicos sentimentos depois do amor eram desapon-tamento e desilusão. Mas devia ser algum problema cm ela. Célia por fim concendeu. Sexo era aceitos por todos como uma atividade bastante agradável. Ela era anormal. Jéssica, ao que tudo indicava, fora uma grande apreciadora do sexo. Com Lionel, de qualquer modo. Mais do que isso. Era como se ela fosse possuida pela sensualidade. Célia tentava imaginar como seria experimentar aquele tipo de paixão incon-trolável, capaz de transformar uma mulher sensível, inteligente, independente em uma espécie de escrava sexual. Os momentos passados nos braços de Lionel compensariam todos os sofrimentos de depois? Os fins de semana na cama mereceriam as subsequentes, de depressão? Célia tinha de admitir que Jéssica achava que sim. Caso contrário, pque continua-ria sendo amante daquele homem? Talvez se tivesse vivido uma grande paixão, ou mes-mo uma pequena paixão, Célia conseguisse entender melhor o comportamento masoquista da mãe. Enquanto, do ponto de dista objetivo de alguém de fora, um sentimento assim tão destrutivo não parecia melhor do que um veneno que matava aos poucos. Antes de Lionel falecer, Jéssica estava prestes a ser reduzida a isso. Feliz ao infelizmente, a morte dele ocorreu na hora certa, e Helen tinha razão: com um pouco de dedicação, amor e carinho, Jéssica ficaria bem. Por outro lado... Célia reprovou-se. Não devia mais pensar no fatidico relacionamento de sua mãe com Lionel Freeman, naquele glorioso fim de semana. Embora fosse difícil se conter, em se considerando onde ela se encontrava. O lugar ainda cheirava a amor ilicido. Célia podia ter feito uma faxina, retirando tudo o que pertencia a sua mãe,maas o toque individual de Jéssica permanecia na decoração, assim como os objetos pessoais de lionel. Roupas, CD’s, livros, garrafas e mais garrafas d vinho. Respirou fundo, começando a achar um erro ter ido para ali. Mas agora era tarde. Bebera demais e com o estômago vazeio. Portanto, pensar em dirigir seria perigosissímo. Quem sabe mais tarde voltasse para casa... Ou não. A verdade amarga era que continuaria pensando na mãe, não importava onde estivesse. Talvez devesse ficar ali e tomar mas um copode vinho. Luke estava perdido. Achava que seria capaz de reconhecer o caminho. Mas lá se foram quase vinte anos dese a última vez que estivera em Pretty Point e, mesmo então, era apenas uma criança. Na estrada nova não havia nenhuma indicação de saída para Pretty Point, nem prar outro lugar cujo nome ele reconhecesse. Após ter passado por um desvio para Morisset e Cooranbong, começou a suspeitar que deveria ter entrado por ali. Estava dirigindo rumo norte fazia tempo. Quase duas horas. Não querendo mais se arriscar, entoi na próxima saida para Toronto, chegou ao centro e comprou um mapa da região. Após estuda-lo, retornou a estrada e, pouco depois, encontrou a saida certa. Percorreu alguns quilometros até que, por fim, começou a notar certas familiaridade, embora a região tivesse se modificado demais. Parte da mata fora transformada em condominios, e havia propriedades espalhadas aqui e ali. Sua tensão crescru ao se aproximar da propriedade, os olhos estreitados ao vislumbrar uma casa por entre as arvores, em forma triangular, com telhado em declive. Diminuiu a velocidade, em seguida pisou no freio. Sua memósia seria tão falha? A propiedade parecia a mesma, mas a casa era outra. Não esperava ver mais a cabana de pescador lógico, mas aquilo não era uma pousada. Avançou devagar com o carro, procurando por um sinal que indicasse estar no local certo. E avistou a antiga árvore. Sua mensagem infantil permanecia gravada em seu tronco durante todos aqueles anos: “LF esteve aqui.” O estômago de Luke se contraiu. Era ali mesmo. Mas a casa era pequena demais para ser um hotel, ainda que com poucos cômodos para hospedagem. Tornou a olhar naquela direção. Parecia quase nova, contruida no exato ponto onde outrora situava-se a velha cabana. Mas se Lionel decidira construir uma case de veraneio no lugar porque nunca disse nada? E porque dissera ao advogado se tratar de uma pousada? Não tire conclusões apressadas- avisou a si mesmo.- Na certa há uma explicação. Tudo será esclarecido assim que encontrar o morador. Enquanto isso, Luke preferia crer que a nova residência fora construida como um investimento, decerto ele vivia na Inglaterra. Talvez Lionel pretendesse vendê-la, mas então, por generosidade, aloujou a sra. Gilbert, assim que soube de sua triste história. Luke guiou por entre as árvores frondosas até o portão dos fundos. Um carrinho esporte branco encontrava-se estacionado, junto aos degraus. Não conseguia imaginar uma velhinha pobre dirigindo um daqueles. Tentou não ser preconceituoso, mas aquela história estava ficando cada vez mais complicada. Estacionou e saiu de trás do volante. Com relutância atravessou o portão, olhando para cima, para a parte dos fundos, toda de madeira. Pinho. Uma das madeiras favoritas de Lionel. Luke soube então que ele não apenas mandou construir a casa: desenhou-a e a fez para si mesmo. E fizera isso sem contar a ele, e tbm sem dizer a esposa. E ainda mentira para Harvey. Cerrou os punhos e bateu a porta. Não havia campanhia, claro. Lionel detestava companhias. Assim como telefones e qualquer coisa que fizesse algum tipo de barulho que o irritasse. Tornou a bater, mais forte dessa vez. Esperou mais alguns segundos, e nada. Por que ela não atendia. Sim, devia ser isso. As pessoas idosas quase sempre tinham audição comprometida. Não era idosa, nem surda. Era jovem e bela, com lábios carnudos, olhos verdes e gloriosas cabelos vemelhos. Presos. Mas não como Isabel usava os dela, confinados, puxados para trás a moda das preceptoras alemãs. Aquela cabeleira desafiava a ordem, os cachos rebeldes escapando da frouxa prisão, prara vir tocar a pele de seu pescoço esguio e por fim repousar de leve em seu rosto translu\úcido. - Sra. Gilbert? Ele quis saber, o estômago contraido. Talvez não fosse ela, mas uma amiga. Uma funcionária da assitência social. Até mesmo uma enfermeira. Quase podia ver gloriosa cabeleira ruiva espelhado, brilhando com o reflexo das labaredas. Conseguia quase sendo o calor das chamas em sua pele alva, assim como a doçura de sua boca. - Sim – ela admitiu. E Luke por fim obteve as respostas para cada pergunta que fizera a si mesmo desde que, pela primeira vez, ouviu aquele nome. Célia olhava para o homem alto e atraente, de cabelos escuros parados asoleira, tentando reconhece-lo. Seu rosto era bastante familiar, assim como os olhos. Quase negros profundos e contornados por pestanas longas e espessas. De repente, ela o reconheceu. - Por Deus! Você deve ser Luke, filho de Lionel!- exclamou, as mão apertando a maçaneta da porta. Continuou a fitá-lo. Era impossível deixar de faze-lo. Era como estar diante de Lionel , vinte anos atrás. -Isso mesmo, sra. Gilbert? Levou um segundo ou dois para que Célia registrasse os fatos de ele saber seu nome. Assim como o ar furioso em seu semblante. Claro que Luke estava ali para ver o imóvel que recebera como herança. De algum modo, descobrira sobre o caso extraconjugal de seu pai com a mãe dela e viera correndo. Mas o que o rapaz queria ali? Confrontar a amante do seu pai? De primeira mão ouvir todos os detalhes sórdidos. Acusa-lá de ter corrompido seu precioso papai? “Só passando por cima do meu cadáver!” Jéssica já sofrera o suficiente nas mãos de um Freeman. Célia não permitiria que o filho terminasse o que o pai começara. Assim, cruzou os braços e preparou-se para a batalha. - Não sei como você descobriu, mas presumo que saiba de tudo. - Sobre seu caso com meupai, vc quer dizer? Oh, sim, claro que descobri... Neste exato momento. Mas suspeitei da realidade assim que abriu a porta. Papai era um homem de bom gosto. Vc é uma bela mulher, sra Jéssica Gilbert. Célia ficou por demais chocada para se sentir lisonjeada com o cumprimento. Luke concluira que ela fosse a amante de Lionel! Abriu a boca para protestar, mas tornou-a fechar, a mente rodando. Se ele deduzira que estar diante da amante de seu pai, queria dizer que sabia muito pouco a respeito dela. Apenas o nome. Não devia sequer supor que Jéssica Gilbert tinha quarenta e três anos e uma filha de vinte e dois. E por último, nem sonhava em com quantos anos durara aquele relacionamento. Célia poderia dizer o que bem quizesse e o filho de Lionel acredsitaria. Pensou na mãe e soube o que deveria fazer. Suspirou, descruzou os braços e afastou-se. - É melhor vc entrar.- Fez um aceno de mão, perguntando-se que tipo de abordagem usaria se quisesse se passar como a verdadeira amante de Lionel. Luke não era tolo, portanto, era melhor aferrar-se a verdade o mais possível, para que mais tarde não caisse em contradição. Devia lear o romance deles de volta ao tempo, para vinte anos atrás, e colocar-se no lugar de sua mãe. Mas seria bem difícil fingir que amara o cinico Lionel. E mais ainda que fizer amor com ele. Todavia, iria conseguir. Luke tentava conter a fúria quando aceitou seu relutante convite e adentrou o ninho de amor secreto de seu pai. Ele falhar. Mas com quem estava furioso? Com Lionel, por não ter vivido a altura de sua condição de heroi? Ou com aquela criatura linda e sensual, com aquele par de olhos verdes tão cativantes? Atravessou a ampla sala, admirando a beleza simples e elegante do ambiente. O ostensivo uso de madeira tinha a mão o dedo de Lionel estampados em todos os locais, embora nem tudo fosse feito de pinho no interior da residência. A madeira foi usada apenas na cozinha e nas paredes. O piso era de mármore, e as vigas de nogueira, assim como as cadeiras, com almofadas de veludo verde-escuro. O amplo sofá diante da lareira de pedra era forrado com o mesmo tecido. Luke não pôde evitar pensar sobre o que teria acontecido naquele sofá entre seu pai e sua amante. E sobre o tapete oriental estendo no chão. Luke puxou uma das cadeiras da sala de jantar e sentou-se meio de lado, um cotovelo apoiado sobre o tampo, o outro no espaldar da cadeira ao lado. Não se sentaria naquele sofá. Então faziaão de ficar confortável. Aquele seria uma visita rápida. - Gostaria de um drique., Luke? Café, chá? Um copo de vinho? - Não, obrigado.- não havia gentileza em sua voz. Soara ríspido e brusco. - Se não se importar, vou tomar um pouco de vinho. - A vontade.... Ele a observou ir até o balcão que dividia a sala de janela da cozinha, o olhar medindo seu corpo, de alto abaixo. Era uma mulher espetacular, com curvas nos lugares certos. E estava vestindo uma saia longa, flutuante e meio transparente aberta na frente em tons marrom, ama-relo e vermelho. E a blusa, do tipo de cardigã, meio solto e abotoado só na altura dos seios. Não usava sutiã. Nem sapatos. Luke calculou que um homem levaria menos de vinte segundos para desnudá-la, se ela não fizesse ogjeção. A imagem de Lionel fazendo isso lhe causou vontade de matá-la. Mais desgosto. E uma perturbadora porção de ciúme! Célia serviu um copo de vinho da garrafa que tirou dea geladeira e voltou para a sala, empoleirando-se em uma das banquetas de madeira junto ao balcão. Então encarou-o. - Diga o que deseja, Luke. Célia cruzou as pernas e levou o copo aos lábios. - Conversar om vc. - Respondeu ele, grato por sua voz ter soado mais profissional e menos irada. As delicadas sombrancelhas se ergueram, indagadoras, e Luke tentou adivinhar se Lionel dissera apenas o que desejava dizer, quando se conhecera. A imagem dele como sendo um conquistador de primeira não era melhor do que a que fizera de Lionel antes, como tolo fácil de ser seduzida. Quando ela foi abrir aquela porta, ele julgou que sabia de todas as respostas, mas não era bem assim. A realidade física de Jéssica Gilbert criava centenas de novas questões. Porém uma delas destacavam-se entre todas as outras. - Você o amava? - Não creio que isso seja de sua conta, Luke. - Creio que seja, sra. Gilbert. Meu pai esteve com o advogado um dia antes de morrer. Sua intenção era doar-lhe este lugar. Mas morreu antes de poder fazer isso. Informou que vc já morava aqui há muitos anos, e que queria que tivesse a segurança de possuir um teto sobre a sua cabeça, pelo resto de seus dias. - Ah, foi? Seus olhos verdes brihavam com desprezo. Mas por quem? Luke tentou adivinhar, intrigado. - Deve estar pensando que eu dormia com seu pai pensando naquilo que podeia obter dele. - Isso nunca me ocorreu. -Tenho certeza de que sim. Depois de toda essa conversa, presumo que não queira doar-me a casa, não é? - Isso depende. - Do quê? No momento em que ela fez a pergunta daquela maneira, Luke pelo menos obteve uma das respostas que procurava. Ela não amava o seu pai. Não passava de uma interessera ambiciosa. Fazia sentido. Por que mais uma jovem tão bela estaria tendo um caso com um homem que devia ser mais velho que o seu pai? - Depende do quê? – Célia exigiu. - Do quanto estiver disposta a revelar sobre seu caso c/meu pai. Quero saber de tudo. Quando ela depositou o copo sobre o balcão, Luke notou que sua mão tremia. - Tudo? Como assim... tudo? Luke gostou de vê-la agiada, embora não soubesse por quê. - Tudo. Quero que diga como e quando o conheceu. Quando começou essa his-tória, e por quê. Quantas vezes se encontravam e onde. Se ele de fato a amava, ou apenas o sexo a interressava. Conte toda a versade, sra Gilbert, e esta casa será toda sua. CAPITULO III Por um instante, Célia teve ganas de torcer o pescoço daquele presunçoso. Como ele se atrevia?! Mas então viu a mágoa escondida atrás da fúria em Luke, e a tremenda zanga foi substituida, em seu coração, por simpatia por ele. Não era nada agradável ser confrontando com seus erros de um pai, em especial em questões delicadas como aquela. Pior ainda naquela fase de sua vida, quando acabara de perder pai e mãe de maneira tão trágica. - Vc está muito bravo, não está? Com Lionel?.- Célia indagou com suavidade. Luke não se moveu um só musculo, exceto por aquele contraindo-se em sua mandibula. Estava mais que bravo. Encontrava-se em estado de extrema angústia. Célia percebeu isso quando ele chegou. Era o que a linguagem de seu corpo dizia no momento em que arrastou aquela cadeira e se sentou, o modo como a fitava. Ela tornou a pegar o copo e tomou o restante do vinho. Luke não dizia uma só palavra, apenas a estudava com aqueles olhos escuros e brilhantes. Começou a ficar constrangida. Não, não era bem assim. Sentia-se constrangida desde a chegada de Luke. Por isso cruzava e descruzava as pernas e balançava seus pés sem parar. - Também está muito zangado comigo, não está? - O que acha? Lionel era um homem casado, e vc nem sequer o amava. Célia desejou não ter mentido. Queria ter dito a verdade desde o início. Mas agora era tarde. Havia mais em jogo do que apenas proteger sua mãe de ser interrogada prlo filho de Lionel. Jéssica meceria ter para si aquela propriedade. Não precisava viver ali. Poderia vender. Seria uma segurança para sua velhice. Pagamento por serviços prestados, retribuição, melhor dizendo. Sim, existia um certo grau de vingança contra Lionel em sua descisão de fingir ser sua amante no lugar de sua mãe. Célia não negaria isso. Ao mesmo tempo, não queria que Luke a visse como uma cavadora de ouro cruel e insensivel. Sua mãe não era nada disso! - Está enganado... Eu amava Lionel. E muito! Célia se espantou com a própria convicção. Mas então quantas vezes naqueles anos todos ouvira Jéssica confessar que adorava Lionel? Não vira a expressão sonhadora em seu rosto ao confessar isso? Portanto, adotouo que esperava ser a mesma expressão sonhadora da mãe e esperou pela reação de luke. Ele se assustou vendo qnto ela podia ser convincente. E quanto seu olhar se tornou suave e caloroso. Aquilo seria pura encenação? Ou estaria sendo sincera? Luke a fitou com cinismo. - Espera que eu acredite nisso? As iris verdes se tornaram frias. - Não. Mas vc queria a verdade, não queria? Ai está. - Se está dizendo... Mas quando foi que coneceu meu pai? Qndo tempo faz? - Na época eu estava com... com vinte e um anos. “Minha nossa, só vinte e um anos. E meu pai... Quantos mesmo? Quarenta e poucos”. - Com quantos anos vc está agora? – Luke tentava não imagina-la aos vinte e anos, dormindo com seu pai. - Vinte e três. - Três anos atrás. - Vc é mesmo bom em matematica. Tbm é arquiteto, como Lionel? - Sou filho dele... - Dá para notar. - O que quer dizer com isso? - Apenas que é muito parecido com Lionel. - Ah, sei... Se ela gostava de seu pai, tbm poderia gostar dele, Luke concluiu. Porém agora ele era o dono de todo o dinheiro de Lionel, além do que já tinha. - Onde vcs se conheceram?- Luke se via desesperado por alguma distração para evitar aqueles pensamentos sombrios. Em Hunter Valley, em um daqueles resorts. Lionel estava lá fazia dois dias assistindo a uma conferência sobre arquitetura. Eu trabalhava no hotel, como massagista. Lionel me procurou para que eu lhe fizesse uma massagem em seu quarto depois do jantar. O resto, como se costuma falar é história. Luke lutou contra as imagens e as conclusões que aquilo evocou. Não queria entender seu pai. Nem perdoa-lo. Mas que homem resistiria áquela garota, tendo suas mãos percorrendo sua pelo nua? Quando descobriu que era casado? - Lionel confessou que era, tinha mulher e um filho na manhã seguinte. - E você, que atitude tomou? - Claro que fiquei desapontada. Mas...-interrompeu-se, procurando pelos termos corretos. Ou seria por uma desculpa que procurava? - Mas você o quê? - Já esva apaixonada por ele. Luke suspirou, impaciente. - Não diga bobagens. O amor não acontece assim tão rápido. - Talvez não com vc. Comigo aconteceu. Dessa vez ela não soou tão convincente. Nem sequer o encarou. - E depois? - Falei que não queria vê-lo. Mas Lionel não deixou. - Não deixou? - Ele me perseguia, e... tornou a me seduzir. - Não acredito que a tenha seduzido! Você deve ter feito isso! Célia o olhou, assustada com a acusação, mas não protestou. - Bem, voltemos ao início, Jéssica. Vc tinha apenas vinte e um anos. Sei bem como agem as garotas dessa idade. Eu mesmo já estive com várias delas e poso afirmar que não se sentem atraídas por homens maduros, nem mesmo ricos e mais ou menos bonitos. A não ser as prostitutas. Célia se ergueu de um salto. - Já chega! Não vou ficar aqui ouvindo seus insultos nem respondendo a suas perguntas idiotas. Este lugar não vale tanto. Fique com ele e faça bom proveito!- Começou a ir em direção á porta. Luke se levantou, tbm irado, mas por diferentes razões. - Ei, espere! Você esteve bebendo e não deve dirigir! Célia virou-se, muito vermelha. - Então saia você! Um de nós precisa ir embora, ou não serei responsável por meus atos. - Não seja rídicula! Não irá a lugar nenhum antes de me esclarecer tudo. - Escute moço. Não tem o menor cabimento ficarmos aqui nos ofendendo. Não quero magoá-lo mais do que já foi magoado. Acredite ou não, se muito em o que deve estar sentindo. O semblante de Luke ficou furioso. - Não, não faz idéia do que sinto neste momento. Me pai era um herói para mim, o homem perfeito. No enanto aqui está vc, me dizendo que ele não foi apenas um marido infiel, mas um sedutor de jovenzinhas, frio e insensível. Um predador sexual da pior espécie, Célia suspirou, cansada daquilo. - Quer os fatos? Pois bem, lá vai. Seu pai foi um canalha, egoista. E você tem razão, eu não o amava. Para ser franca, odiava Lionel. Tanto que não lamentei sua morte. Porque... porque ele.... oh....oh....não! Luke observou o horror daquilo que ela acabava de dizer registrar-se com seus olhos verdes. Seu rosto contraiu-se e as lágrimas rolaram por suas faces. - Desculpe... desculpe...- ela soluçou e afastou-se correndo. Dessa vez não em direção a porta. Subiu a escada que a levaria a suite. Seu olhar aturdido a seguiu at;é que sumisse de vista, o som da porta batendo avisando que ela encontrara refúgio onde as mulheres sempre encontrava, no quarto. Luke passou ambas as mãos nos cabelos. Elas tremiam. Não iria atrás dela. Esperaria até que se acalmasse e descesse. Então a obrigaria a falar, de uma vez por todas! O som do telefone tocando lhe causou um sobressalto. Não era um som alto e estridente, como o de um telefone comum, era um celular. O dele ficara no carro. Observou o redor tentando localizar o aparelho. Encontrou-o sobre o balcão do bar. Aguardou, impaciente, que ela saisse da suíte e viesse atender. Nada. Decerto nem estava ouvindo. Luke tentou ignorar o som, mas não pôde. No fim, aproximou-se e atendeu. - Sim? - Eu... eu posso falar com a Célia, por favor? - Perdão, mas não há nenhuma Célia por aqui. - O quê? Tem certeza? - Claro. Este é o telefone da sra. Jéssica Gilbert. Deve ser o número errado. -Não! Disquei o número certo. Vc atendeu ao telefone de Célia, não o de Jéssica. Luke franziu as sobrancelhas, intrigado. Célia deve ser irmã de Jéssica. - Essa Célia deve ter emprestado o telefone para Jéssica pque a únicamulher nesta casa no momento é Jéssica Gilbert, não Célia. - Impossível! Jéssica está aqui comigo. É por causa dela que preciso falar c/a Célia, para pedir que ela dê uma passada por aqui. Sua mãe tem chamado sem cessar por ela. - A mãe de Célia?- Luke repetiu, cada vez mais confuso. - Sim, a mãe dela. Sou Helen, irmã de Jéssica. Mas afinal quem é vc? Algum entregador ou coisa parecida? Achou que Célia fosse Jéssica, pque essa é a casa da mãe dela? Enfim aquilo tudo começava a fazer sentido. A Jéssica lá em cima, afinal não era Jéssica. Era Célia, filha de Jéssica. A amante de seu pai não era aquela jovem bonita e sensual, mas uma mulher madura. Menos mal, decidiu Luke. Mas o fato de ela ter mentido criava outra questão. Por quê? Pelo amor de Deus? - Não, não sou nenhum entregador. Meu nome é Luke Freeman. Uma exclamação horrorizada soou do outro ldo da linha confirmando para Luke que a tal Helen sabia muito bem com quem estava falando. - Cheguei aqui minutos atrás e julguei que Célia fosse Jéssica, pque ela fingiu ser Jéssica Gilbert. - Minha nossa! - Não desligue! – Luke ordenou. Helen suspirou. - Não há por que fazer isso agora, não acha, luke? Se Célia agiu assim, então vc deve estar sabenso que minha irmã e seu pai tinham um caso. Tinha algumas suspeitas, que Célia mais ou menos confirmou qndo percebeu quem eu era. Mas o que queria saber agora, é porque mentiu para mim. Por que a farsa? Faz alguma idéia do que pensei de meu pai tendo um caso com a garota com idade para ser sua filha? Já foi bastante desagradável descobrir que tinha um romance clandestino. - Não se zangue com Célia, por favor. Ela só quis proteger a mãe. Pobre Jéssica... Está em estado de choque desde que soube da morte de Lionel. Célia, decerto, quis evitar que vc viesse procurá-la querendo obter respostas. - Sim, ele podia entender aquilo. “Estado de choque? Pai, que tipo de homem vc era afinal? Será que eu de fato o conhecia?” Luke balaçou a cabeça. Só havia um meio de descobrir. Precisava conhecer a verdadeira Jéssica Gilbert. - Você disse que Jéssica está em sua casa no momento? - Sim, está. No estado lamentável em que se encontra não pode ficar sozinha. Quase não fala. Fica sentada em silêncio, o olhar perdido... E chora muito. - Onde vc mora, Helen? Muito distante daqui? Não deve ser longe, já que ligou para pedir que Célia dê uma passadinha por ai. - Não sei se devo dizer. Não o quero vindo aqui para exigir explicaçõese para aborrecer minha irmã. - Eu não faria isso. - Mesmo? Aposto como deve ter pressionado Célia. Do contário ela teria sido franca. Posso assegurar que minha sobrinha nunca teve um caso com o seu pai. - Eu sei disso. - Se não se importar, eu gostaria de saber o que o fez suspeitar de que Lionel estava de caso co alguém. Não participei muito do relacionamento deles, mas sei que sempre cuidou para que s/familia nem ao menos suspeitaase da existência de Jessica. Luke falou sobre a conversa que teve com o advogado naquela manhã. - Entendo... E vc acreditava que o romance deles durou apenas uns poucos anos, não? - Bem, sim. O que está tentando dizer? – O coração de Luke disparou, antecipando mais revelações devastadoras. - Detesto desiludi-lo, meu rapaz, mas preciso dizer-lhe isso. Minha irmã foi amante de seu pai nos últimos vinte anos. CAPITULO IV Quando Célia por fim parou de chorar, não enfrentou apenas o próprio reflexo no espelho do banheiro, mas o fato de ter armado a maior confusão. No rosto manchado e nos olhos inchados podia dar um jeito. Mas o que dizer ao filho de Lionel, para explicar sua explosão de ódio contra seu oai, o homem que supostamente amava? Poderia falar talvez que seu amor por ele se transformara em ódio qando concluiu que Lionel jamais deixaria a esposa para se casar comela, que entendeu que não a amava de verdade. Apreciava fazer sexo com ela. Sim, isso. Talvez ele acreditasse. Célia preferia descer até Luke a ser franca. Detestou fingir ter sido amante de lionel. A idéia era grotesca. Decidou não se preocupar tentando melhorar a aparência alé de borrifar um pouco de agua fria. Seria melhor descer parecendo angustiada, com as pálpebras inchadas. Afinal, acabara de perder de forma trágica o amado. Ninguém esperaria que permanecesse fria, calma e contida. Um pouco de histeria era cabivel. Célia respirou fundo e saiu do banheiro. Atravessou o quarto devagar e foi para a escada. Não encontrou Luke no lugar onde o deixara. Estava lá fora, no deque, olhando para o lago, as pernas afastadas, as mãos nos bolsos e os ombros um tando curvados. A linguagem corporal não mais revelava fúria, mas fatiga e aborrecimento. Ou frustação. Célia experimentou uma forte simpatia por Luke. De repente sentiu que não podia mais continuar mentindo. Luke não mereria isso. Caminhou em dua direção, os nervos a flor da pele. Estancou. Confessar sua mentira seria mais difícil do que ter mentido. Luke se virou so ouvir o som da porta de correr, e olhou para ela, com intensida-de mas sem rancor. Célia tbm o fitou, pela primeira vez vendo Luke Freeman, o homem, e não apenas o filho de Lionel. Ele era ainda mais bonito que o pai, o rosto aristocrático, a boca suave, as iris escuras e intensas... Tinha o mesmo queixo quadrado de Lionel, completo com civinha. E os cabelos escuros, lisos e espessos. O corpo tbm era puro Lionel. Alto e impressionante com ombros largos, abdomen firme e quadris estreitos. O terno cinzento de talhe impecável, a camisa branca e a gravata vermelha, lhe davam umar extremo de sofisticação. No entanto, alguém com aquele porte ficaria belo usando qualquer coisa. Célia cruzou os braços quando se arrepiou. - Está frio aqui fora. Importa-se de entrar? Tenho algo a lhe dizer. Ele deu de ombros. - Se insiste... Ambos foram até perto da lareira, Luke sentou-se no sofá, ela permaneceu de pé. “Seja direta”, Célia ordenou a si mesma. “Não titubeie, nem invente desculpas. Apenas use de sinceridade”. Luke a encarou, aguardando, tentando adivinhar com que mentiras aquela mulher viria agora. Não estava mais zangado. Entendia bem sua atitude, era mais curiosidade. Queria saber até onde seria capaz de ir para proteger a mãe. - Preciso me desculpar... - Por quê? - Menti para você. Aquilo o espantou. Era preciso coragem para admitir uma mentira. -Sobre o quê? - Tudo. Nunca fui amante de seu pai, e meu nome não é Jéssica. É Célia. Você deve se lembrar que me chamou de sra. Gilbert ao chegar, e eu confirmei, pque meu sobrenome de fato é Gilbert. Mas sou Célia Gilbert. Jéssica Gilbert é minha mãe. - Eu sei. Ela piscou. - Sabe? Hora de ele ser homem. - Sua tia ligou enquanto vc estava lá em cima, no banheiro. Atendi a chamada, e ela pediu para falar com uma tal de Célia. Respondi que não havia nenhuma Célia apenas Jéssica.Helen afirmou que era impossível pque Jéssica estava lá, em sua companhia. Creio que pode adivinhar o resto. - Oh... – Célia cambaleou, atônita, e sentou-se na outra extremidade do sofá.- O que mais titia lhe falou? - O suficiente. Ela mordeu o lábio, chamando a atenção dela para a boca carnuda e sensual. - Diga-me, Luke, o que tia Helen lhe disse?- insistiu, os lindos olhos preocupados. Luke rememorou o amargo relato de Helen Jéssica tinha vinte e um anos quando conheceu Lionel. Na época, era solteira, mas tinha uma filha de dois anos, e lutava para sustenta-la, sozinha. Trabalhava em um resort em Hunter Valley, como massagista, atendendo aos hóspedes do hotel. Morava em um quarto-sala em Mitlando e dirigia um carro que fazia anos que devia ter sido tirado de circulação. Apesar de tudo, era a mulher mais bonita de que conhecia, por dentro e por fora. Porém, isso não era desculpa para a atitude de Lionel que era casado e tinha um filho quando a conheceu. Jéssica não sabia disso até terem passado a noite juntos, mas então era tarde, pois já se apaixonara. Ela tentou se afastar, mas não conseguiu. Lionel foi muito insistente. Voltou várias vezes para vê-la,trazendo presentes para a pequena Célia e dizendo a Jéssica o quanto a amava, asssim como várias outras mentiras. No fim, ela se viu tão fascinada que faria o que ele desejasse. E o que Lionel desejava era tê-la de qualquer modo, mas com total descrição. Conseguiam isso encontranado-se na casa de Jéssica. Até Célia crescer o suficinete para perceber o que acontecia a seu redore fazer uma cena. Mas nem isso conseguiu separá-los. A partir daí, Jéssica estava sempre viajando com Lionel, ou se encontrando com ele em móteis remotos, por algumas horas. Então, de repente, eles passaram a se encontar nos fins de semana na cabana de pesca. Logo, Lionel mandou derrubaá-la e constriu a casa, onde a instalou. Um ninho de amor, como Jéssica costumava descrever o local. Luke entendeu sem demora que seu pai não era alguém querido para tia Helen, que do mesmo modo desaprovava a atitude da irmã. Decidiu-se então, por uma versão breve e menos venenosa. - Sei que eles tiveram um relacionamento de quase vinte anos, Célia. E qual era a situação da sua mãe qndo eles se conheceram. Descobri que ela amava meu pai. - Tia Helen falou isso? - Não exatamente. Quando a questionei, ela usou termos como obsessão sexual e paixão alucinante. No entanto, por que mais sua mãe estaria sofrendo tanto, se su amor por ele não fosse tão profundo e verdadeiro? Célia lançou-lhe um olhar de gratidão - Fio muito muito profundo. - E vc fingiu ser ela por causa da fragilidade de seu estado emocional? - Sim. - Queria evitar que eu falasse com Jéssica? - Queria. - Mas ainda assim quer que eu lhe deixe a casa? Célia fez uma careta. - Acho que mamãe merece isso, Luke. Nunca aceitou nada de seu pai. Sempre se sustentou sem ajuda. Lionel trouxe-lhe pequenos presentes ao longo dos anos e, há pouco, permitiu que morassse aqui sem pagar aluguel. Além disso, costumava deixar algum dinheiro com ela, para comprar comida que gostava e os vinhos que ele tanto apreciava, e todo o conforto que gostava de ter quando vinha para cá. No entanto, não era muito em troca de quase uma vida inteira d dedicação e sacrificios. Não que ma-mãe alguma vez tivesse pedido algo a Lionel. A única soisa que queria de seu pai era amor. - Acho que tanto você como sua tia não acreditava que algum dia isso viesse acontecer. Célia ficou tensa. - Acertou, não acreditávamos. - E quanto a sua mãe? - Mamãe acreditava que Lionela amava. Pelo visto, elae costumava dizer isso. Mas os homens sempre usam dessa artimanha para obter sexo,não é? - Eles fazem isso? Luke olhou bem dentro de seus olhos tentando adivinhar se Célia passara por tal experiência, de alguém dizendo que a amava só para leva-la para a cama. Ela desviou se de seu olhar inquiridor e levantou-se. - Vou fazer café. Aceita uma xícara? Ou prefere chá? Tbm tenho vinho branco... Se Luke começasse a beber as coisas poderiam sair do controle. Ele seria levado a dizer algo terrível que mais tarde lhe causaria remorsos. - Café, por favor. Sem açúcar. Célia foi para a cozinha. Devia estar aliviada, Luke pensou, por poder colocar alguma distância entre os dois. Era porvável que estivesse ciente do desejo esmagador que atiçava dentro dele toda vez que a fitava, e isso a assustasse. Assustava-o, também. Luke jamais sentiu nada parecido. Observa-a em silêncio enquanto Célia proparava o café, sem jamais olhar em sua direção. Seria proposital ou estaria distraida com as próprias conjecturas? Desejou ser capaz de parar de olhar para ela, mas não podia. Virou-se no canto do sofá para melhor apreciá-la, os olho seguindo cada um de seus movimentos. - Você é bailarina? Célia ergueu a cabeça e o encarou. - Não. O que o fez imaginar que eu fosse? - Seu porte e sua maneira de se mover. Ela riu, como as mulheres fazem quando estão meio embaraçadas e contentes ao mesmo tempo. - Não sou bailarina, mas fisioterapeuta. O que minha mãe sempre desejou ser, mas nunca conseguiu. Embora seja uma excelênte massagista. - E você? É uma excelente fisioterapeuta? Célia deu de ombros. - Tento ser. Ele tirou alguns momentos para imaginar como seria tê-la tocando sua pele nua. Fio o maior erro que cometeu. Moveu-se, desconfortável, no assento. - Onde trabalha, Célia? - No momento, administro uma clínica em Swansea, especializada no tratamento de atletas. A proprietária está de licença-maternidade. - Gosta do que faz? - Na maioria das vezes, sim, embora não seja tão compensador como meu emprego anterior. Costumava trabalhar em vários hospitais da região, com vítimas de acidentes. Mas isso me abalou um pouco, sobretudo com tantas crianças envolvidas. Penso em me dedicar a essa função um dia, quando for mais velha e mais durona. - Pode ser que você jamais consiga ser durona. Célia sorriu. - Sou mais do que aparento, pode acreditar. Gostaria de algo mais junto com o café? “Sim. Você”. Luke se reprovou em seguida. Mas como impedir que sua mente funcionasse naquela direção? Não há muito o que comer na cozinha, apenas algumas torradas. Não tinha notado como a despensa estava tão vazia. - Não vou querer nada, obrigado. Apenas café. Célia lhe trouxe a caneca fumegante e se inclinou para depositá-la sobre a mesinha ao lado, perto de seu braço direito, atraindo o olhar de Luke para seus seios fartos. Aquecida pela volúpia, ele deixou que o olhar descesse para a cintura, ão estreita que seria capaz de rodear com as mãos, e para os quadris redondos. Aquela mulher fazia coisas com seu corpo que só poderiam ser descritas como sádicas. De imediato endireitou-se, e quando Célia se virou. Luke pegou rápido a caneca e colocou-a no colo. Célia se acomodou perto dele e se pôs a bebericar, nem olhar para aquele lado, graças a Deus. Em vez disso, fitava atenta o fogo na lareira. - A propósito, sua tia Helen pediu que eu avisasse que sua mãe tem perguntado por você. Precisará ir vê-la. - Ela está assim tão mal? - Encontra-se deprimida, tem pesadelos... Acorda no meio da noite chamando por Lionel. - Ah... – Luke ainda tinha dificuldade em acreditar que seu pai sendo o tipo de homem capaz de destruir a vida de uma mulher. No entanto, querendo ou não, foi o que ele fez. Luke poderia até entender seu pai sendo arrastado por uma paixão avas-saladora, ainda mais se a mãe de Célia tivesse a metade da formosura e da sensualidade da filha. Mas deia ter se afastado naquela primeira noite. Não foi certo ter voltado. Que danos emocionais devia ter causado aquela mãe incente e a sua filha durante duas décadas? Lembrou-se do que a tia de Célia dissera sobre Lionel costumar ver Jéssica com frequência, enchendo Célia de mimos qndo ela era criança, querendo se passar por seu pai por um dia, para tornar a desaparecer, decerto por várias semanas. Não admirava Célia odiá-lo. Devia tê-lo amado um dia, como toda criança sozinha que se apega a quem a trata com afeto. Mas Célia cresceu e começou a ver a situação como era, na realidade. Reconhceu a hipocrisia daquele a quem amava como um pai, e seu amor por ele se tranformou em ódio. - Lamento, Célia. Meu pai teria muito o que responder se estivesse vivo. Agiu er-rado. Não tenho desculpas para su comportamneto. Mas Jéssica não foi a única pessoa a quem Lionel magoou nesses vinte anos. - Sobre o que está falando? Sua mãe não sabia, sabia? Luke ficou desconcertado com a pergunta dela, o que despertou dúvidas nele. Até então, agarrara-se ao fato de Kath desconhecer o caso clandestino de seu marido. Isso destroçaria seu coração. Mas se ela soubesse? Talvez por isso parecesse tão triste algumas vezes, e sem nenhuma razão aparente. Além disso, havia aquelas terríveis crises de enxaqueca. Não, não fazia sentido. Quando Lionel conheceu Jéssica, Luke tinha sete anos e, desde que era bem pequeno, Kath já sofria de enxaqueca. E quanto a melancolia.... bem, todos temos crises de depressão. Não é possível ser feliz o tempo todo. Na certa estava imaginando coisas. - Pelo que sei, mamãe tinha certeza que Kath não sabia de seu envolvimento com Lionel. E agora vc me diz que Jéssica não foi a única a quem Lionel magoou, então... então... – Célia deu de ombros, confusa. Luke assentiu. - Garanto que Kath não sabia de nada Eu me refei a vc. Meu pai tbm a magoou. Célio o fitou, os olhos verdes arregalados. Luke continuou: - Papai não está mais aqui para pedir perdão, mas eu farei isso em seu lugar. Sei que ele não quis magoá-la, mas a magoou, to mesmo modo. E sinto-me muito mal com tudo iso. Ela pareceu abalada com sua solidariedade. Seu queixo começou a tremer, assim como suas mão, chegando até derrarar o café da caneca que segurava no colo. Em seguida, passou a soluçar. Luke agiu por instinto. Largou a caneca sobre a mesinha e escorregou no sofá para tomar dela, antes que mais café fosse derramado. Precisou inclinar-se sobre Célia para depositar a caneca sobre a mesinha ao lado, mas não houve nenhuma intenção sexual no contato físio. Luke estava sendo aquilo que sempre foi: cavalheiro. No entanto, ao endireitar-se, viu-se sentado bem junto dela, e sem querer se roçando. Antes que pudesse afastar-se, Célia encostou a cabeça em seu peito, agarrando-se as lapélas de seu paletó, soluçando. O pânico e decerto alguma coisa mais fez, seu coração disparar Que atitude um homem poderia tomar em tal situação. “Fuja!”, comandou o bom senso. Mas como? Célia precisava ser confortada. E não havia ninguém mais ali. Antes de abraça-la, Luke fechou os olhos com força, rezando pela própria salvação. CAPITULO V Célia logo soltou suas lapelas e rendeu-se ao calor de seu abraço, o lado da cabeça apoiado a solidez de seu tórax, os braços deslizando sob seu paletó, até suas costas, enlaçando-o com força, não querendo que Luke se afastasse. Como era gostoso ser abraçada assim por Luke, ela pensou. Que bom ter alguém que por fim entendesse o quanto, durante anos ela se sentira frustada, zangada, assis-tindo a mãe jogar a vida fora amando um homem casado. Jéssica jamais entendeu isso, nem quando Célia foi embora de casa. Aconselhou-a a ir,que seguisse os próprios passos e paresse de se preocupar com os dela. E agora, era espantoso saber que o filho de Lionel a compreendia tão bem. Como Luke era gentil, carinhoso... e forte, ela de repente notou, qndo ele estreitou o abraço. Luke devia frequentar alguma academia, Célia concluiu, ao correr os dedeos pelas costaslargas, sentindo o feixes de músculos, admirando sua forma, seu poder. Ele gemeu baixinho, um som atormentado que a fez erguer a cabeça, o olhar perscrutando o dele, fascinada. Os olhos de Luke brilhavam. - Você não devia me tocar desse modo- Luke sussurrou, uma das mãos vindo afagar seus rosto.- Sou apenas humano, Célia. Esqueceu? E a beijou. Célia devia se afastar. Aquele homem que a beijava era o filho de Lionel! Mas então a lingua dele escorregou, atrevida, por dentre seus lábios, e seu coração parou de bater. “Minha nossa!”. A cabeça de Célia rodava. Quando as batidas cardiacas retomavam suas funções, ela não pensava mais em lutar, nada lhe restava além da entrega. Sentiu-se derreter contra ele. O gosto de sua boca a envolveu por completo. Seus lábios acariciavam, sua lingua exigia, até Célia crer que morreria de tanto prazer. A sensação de seus dedos firmes segurando seu rosto demonstravam o desejo, que a enlouquecia. Luke passou a beijar-lhe o pescoço, com suavidade. Célia gemeu, por fim entendendo por que algumas mulheres achavam os filmes de vampiros eróticos. Seus gemidos não eram de dor, só de deleite. Primitivo. Luke buscou-lhe os seios, primeiro um, depois o outro, brincando com seus mamilos. Em seguida, escorregou a mão para baixo, acariciando a parte interna das coxas. Célia gritou, os joelhos se afastando para lhe dar melhor acesso ao fogo líquido que já aguardava por Luke. Ele a acariciou por cima da calcinha, mas aos poucos seus dedos puseram de lado o elastico. Célia jamais experimentara algo tão eletrizante. Suas costas se arquearam, e via-se cada vez mais próxima do clímax. Nunca, com nenhum outro homem, aconteceu tão rápido. As mãos dele pararam de repente, os lábios deixando seu pescoço, Seus olhares se encontraram e, enquanto o dele demostrava mágoa, Célia sabia que o seu refletia desespero. - Não pare.- implorou, quase sem fôlego. Luke deu uma risadinha, levando-a consigo aose erguer. - Seu pedido é uma ordem, minha bela. Mas não aqui.- E pôs a carregá-la em direção a escada. Luke escalou os degraus de dois em dois, até a suíte, onde a mãe deka e o pai dele fizeram amor centenas de vezes. O quarto era espaçoso, mas com pouca mobilia, com uma cama imensa no centro do piso de tábuas enceradas, com tapetes nos três lados. O leito dava de frente para uma parede toda de vidro, com portas deslizantes que levavam ao deque de madeira com vistas para o lago. A entrada do banheiro priva-tivo confundia-se com a parede forrada de madeira que separava o closet. Célia arrumara a cama com os lençois e um edredom que trouxera ao chegar, aquela tarde, não se sentindo confortável com o restinho da distintiva colôniade Lionel impregnada nos lençois. Se naquela ocasião alguém tivesse dito que em duas horas ela estaria fazendo amor naquele mesmo leito com o filho de Lionel, julgaria insanidade. E ali estava, nos braços de Luke, mal conseguindo respirar de tão excitada, e desejando com todo ardor estar com ele, toda nua, fazendo amor. Que ironia! Pelo menos agora entendia melhor a atitude de sua mãe. Se Lionel despertara em Jéssica algo parecido com o que naquele momento ela sentia, seria muito difícil resistit, fosse ele casado ou não. “Céus!” - Você não é casado, é? – indagou, ansiosa. Luke estacou e a fitou por momentos cruciantes, - Não. E você? - laro que não! Ele esboçou um sorriso enigmático e a faz deitar-se/ Endireitou-se para esturá-la por alguns minutos. Em seguida, inclinou-se para escorregar as mãos por suas pernas sob a saiae começou a tirar sua calcinha. Os olhos de Célia estavam arregalados quando ele por fim passou a calcinha por seus pés e começou a despir-se. Primeiro, o paletó e a gravata. Ela ficou ali deitada o coração batendo feito um tambor, as faces coradas. Luke aproximou-se da única cadeira ali dentro e, com todo o cuidado, arrumou o paletó e a gravata sobre o espaldar, antes de sentar-se para descalçar os sapatos e as meias. Feito isso, veio na direção dela. - Abra os botões de sua blusa- pediu, começando a desabotoar a própria camisa. Célia não pensou em se recusar. Depois de abrir o último deles, encarou-o. Luke já abrira a camisa, mas não a tirou. Mantinha-se com os braços ao lado do corpo, admirando-a. -Agora, abra. Célia respirou fundo e o obedeceu, mostrando-lhe os seios. Seus mamilos enrijeceram ainda mais. - Agora, a saia. Não tire, apenas abra. Célia delirava. Jamais experimentara nada tão excitante. E pensar que ela apenas a fitava... Abriu a saia e afastou as laterais, permitindo a ele um vislumbre de sua intimidade física. - E agora... as pernas... – Luke queria constatar se ela estava pronta para ele. Mas Célia não seria capaz de fazer isso. Morreria de vergonha. Por fim, acabou por afastar bem as pernas, e não morreu de vergonha. Ao contrário, sentiu-se muito viva e sensual. As pupilas dele cintilaram som selvageria, atiçando um verdadeiro fogaréu dentro dela, uma luxúria esmagadora. Mas o olhar dele sobre ela não bastava. Célia queria sentir as mãos dele, a boca, a língua. Suas coxas tremeram,e sua pulsação disparou. - Luke, por favor... -Não vou demorar. – Tirou a camisa, largando-a de lado. Célia observou a beleza dele e excitou-se ainda mais. Não almejava apenas ser tocada, mas tocá-lo. Morria de vontade de correr as mãos por seus ombros magnificos, deslizá-las entre os pêlos do peito, seguindo-os em sua trajetória, até desapareceram abaixo do cós da calça que Luke, naquele momento, abriu. Devagar, ele descia ozíper e a despia, deixando evidente seu incrível desejo. Célia tentou imaginar o que sentiria quando Luke a penetrasse, e suspirou diante do pensamento. Ele era poderoso, ela podia ver. Bem mais do que qualquer outro homem com quem já estivera. Luke se abaixou para pegar a carteira do bolso da calça descartava. De dentro dela tirou uma embalagem com preservativo. - Tenho apenas um comigo. Terá de dar. - Soltou a carteira no tapete. Luke abacou-se, inclinando-se entre as coxas roliças. Célia tocou seu peito, sentindo seus músculos tensos. Então incapaz de esperar, Célia puxou-o para junto de si e prendeu-o num abraço de corpo inteiro. Ele resistiu por um momento, jamais deixando de olhá-lha. Em seguida, sem dexar de beijá-la, Luke a penetrou. Alcançaram o êxtase juntos, com uma intensidade tal que, por instantes, nenhum dos dois conseuiu se mexer. De repente, Luke se afastou de uma vez, e Célia gritou. Isso não devia ter acontecido. Foi um erro – resmungou, levantando-se.- um dos grandes. Célia limitou-se a olhá-lo, sem saber o que dizer. - Sinto muito, Célia... Quando ela sentou-se na cama, Luke já desaparecia dentro do banheiro, batendo porta atrás de si. CAPITULO VI Sob o jato de água do chuveiro, Luke escondeu o rosto entre as mãos e recostou-se na parede. Afinal, não era melhor do que seu pai, era? Fizera amor com uma mulher sem contar-lhe a verdade sobre si mesmo. Nao devia ter apenas negado quando ela perguntou se era casado. Devia ter falado sobre Isabel. Mas claro que saber sobre Isabel a espantaria, e ele não queria aquilo. Não naquele preciso instante. E ainda a queria. E como... Uma vez apenas não fora suficiente. Cerrando os dentes, estendeu a mão e fechou a torneira de água quente. Porém, mesmo quando a água esfriou e o jato gelado começou a punir seu corpo, manteve-se pensando nela. O modocomo Célia fez tudo como ele pediu... vomo a guiou dentro de si.. Mas não devia tê-lo feito, pois Luke não era digno de confiança. A porta do boxe foi empurrada, assustando-a. Luke se cirrou e deu com Célia, como um anjo vingador, os belos olhos verdes irados, o rosto fogueado, os braços cru-zados diante do peito, os cabelos ruivos e soltos caindo-lhe pelos ombros. Os botões do cardigã, ele notou, foram fechados, mas nas casas erradas. A saia, comabertura torta. Havia uma marca aroxeada na base de seu pescoço, onde ele a mordera, apenas encoberta pela cabeleira.- Tem alguém a sua espera em Sydney, não tem, Luke? É por isso que disse que sente muito? Que ter feito amor comigo, foi um grande erro? Luke fechou a torneira do chuveiro e fez o melhor que pôde para parecerhonrado, algo difícil estando nu e congelado. - Quer fazer o favor de me passar a toalha?- ele pediu, esperando ter soado frio. Célia puxou uma toalha branca do toalheiro e atirou sobre ele. - Aqui está. Luke agradeceu, e em seguida, enrolou a toalha firme em torno da cintura, porque a última coisa que desejava era que escorregasse. Podemos voltar para o quarto, Célia? - Oh, claro... Retornemos a cena do crime. - Não cometi crime algum, e você sabe disso. Um erro, sim, mas não um crime. - Isso é apenas semântica.- Deu-lhe as costas e saiu do banheiro, seguida por ele. No entando, ao chegar ao aposento, Luke desejou ter ficado no banheiro. Ver aquela cama o fez lembrar-se dela deitada ali a sua espera, tão voluptuosa que não lhe recusou nada. Luke teve medo do que poderia ser capaz de dizer para convencê-la a fazer tudo aquilo que um homem quer que uma garota faça quando ele a deseja tanto. Mas, se ten-tasse seduzi-la outra vez, sem levarem conta seus sentimentos, então de fato não seria melhor que Lionel. Precisava ser sincero com Célia. E já. Para o próprio bem, assim como o dela. - Sim, eu tenho uma namorada. A expressão de desprezo dela fez sua consciência doer. - Perdoe-me, Célia. O que posso dizer em minha defesa é que não planejei nada disso. Queria apenas condorta-la qdo a abraceo. Como já lhe disse, vc é muito atraente, e sou apenas humano. Célia sentou-se no colchão, fitando-o com tristeza. - Qual o nome dela? -Isabel. - Isabel... E vocês moram juntos? - Não. Percebendo sua expressão aliviiada, Luke entendeu desgostoso que ela estivera preocupada, temendo que ele fosse direto da cama dela para a de Isabel. Não podia culpá-la após o modo como Lionel tratara Jéssica. O remorso o consumiu ao lembrar o comentário que ela fez sobre os homens mentirem para obter sexo. Ele não mentira de fato, apenas pecara por omissão. - Vocês estão firmes? Luke ficou tenso. Não precisava feri-la mais que o necessário. Célia não tinha de saber que estava de casamento marcado. - Estamos juntos faz algum tempo... Conhecemo-nos no trabalho, no ano passado. - Entendo. - Veja, Célia, o que nós partilhamos foi especial. Nunca me esquecerei de vc, nunca. Ela sorriu, melancólica. - Nem eu de você, Luke Freeman. Sabe que foi a primeira vez que eu... be, que... que cheguri ao clímaz durante o sexo? - Sério? - Não acredita? - Estou surpreso, apenas isso. Célia se levantou. É melhor vc se vestir, Luke. Estarei lá embaixo. De algum modo, Célia consiguiu chegar a sala de estar antes de desatar no choro. Chorou baixinho, temendo que ele a ouvisse lá de cima. Por fim, correu para o dequee se desperou, as lagrimas correndo pelas faces, os pensamentos tão atormenta-dos quanto as emoções. Luke tinha namorada. Isabel. Devia ser uma arquiteta, como ele. Alguma criatura linda, sofisticada, inteligente, que jamais admitiria para Luke que nunca chegara ao climax durante o sexo. Célia estava ciente, sem que precisasse ser dito, de que não poderia competir, ou mesmo se comparar, com Isabel. Até mesmo se nome era superior. Célia era um nome antigo. “Isabel” era elegante, assim como sua dona devia ser.Olhou para baixo,para si mesma, e gemeu. Como Luke pudera dizer que ela era bonita? Ela estava um desastre. O rosto, os cabelos, as roupas. Adulador. Os homens sabiam mentir com perfeição. Enxugou o pranto com as costas da mão, em seguida retirou os grampos que sobraram na cabeleira, deixando-a soltanos ombros. Arrumou os botoões do cardigã e endireitou a saia no lugar, o que a fez lembrar que por baixo estava nua. - Célia? Ela virou-se, rubra, como se tivesse sido surpreeendida dazendo algo indecente. Luke tentou não devoraá-la com os olhos, mas Célia estava uma tenteção com aqueles gloriosos cabelos ruivos esvoaçando como labaredas. Quis estender a mão e tocar as mechas, para depois puxar-lhe a cabeça para trás e beijar o pescoço delicado, onde minutos antes havia deixado sua marca. Sua marca registrada, sua mulher. A intensidade daquela verdade o abalou. Queria que Célia não tivesse dito que ele fora o primeiro a satisfaze-la. Esse tipo de coisa servia apenas para inflar o ego de um homem, e mexer com seu lado obscuro. Saber disso incitava a tentar seduzi-la outra vez. Precisaria apenas aproximar-se, toma-la nos braços e dizer que terminaria tudo com Isabel, então começaria a beijá-la. Célia não teria chance alguma. Luke pigarreou. Hora de partir. - Pedirei a nosso advogado para tratar dos papéis da doação desta propriedade para sua mãe, o mais rápido possível. Preciso saber seu endereço atual. - Um momento. Vou anotar.- Célia parou perto dele a soleira e esperou que Luke entrasse. Mas ele não o fez, e, por terrível momento, ela julgou que fosse abraça-la uma última vez. Não que tivesse feito algum movimento, mas estava escrito em seus semblante, no brilho predatório das pupilas. Ela o encarou, irada. - Não se atreva a me tocar! - Não pretendo fazer isso. - Então me deixe passar. Luke o obedeceu. Célia passou apressada por ele e dirigiu-se a uma das gavetas do armário na cozinha, de onde pegou um bloco e uma caneta. Inclinava-se sobre o balcão para escreveer o endereço de Helen, quando o telefone celular tocou. O aparelho encontrava-se perto de sua mão, mas célia deixou que tocasse,e continuou escrevendo. - Não vai atender? Deve ser seu namorado. - Meu namorado? - Sim. Acaba de me ocorrer que, sendo tão bonita como é, deve ter muitos admiradores. E um namorado, na certa. - Não há ninguém, Luke. Desisti de namorado há algum tempo. Para ser mais precisa, desisti de toda a espécie masculina. Pena que hoje tenha aberto uma exceção. Mas é que julguei que vc fosse diferente. No entanto, apenas sua abordagem foi mais imaginatica que os demais. Com licença... Célia largou a caneta e pegou o telefone. - Sim? - Célia? Tia Helen falando. - Olá, tia Helen. Recebi seu recado. Pretendo passar or ai no começo da noite, depois que tiverem jantado. Está bem para você? - O filho de Lionel ainda se encontra aí? - Está, sim, mas partirá em seguida. - Posso falar com o rapaz? - Por que, tia? - É que tive uma idéia. - Que idéia? - Escute, não quero preocupa-la, mas Jéssica está ainda mais desanimada. Não sei por que, de repente cismou que Lionel não a amava. Claro que devia ter pensado nisso há vinte anos, mas... Agora não há nada o que se possa fazer. “Pois é”, Célia pensou, com amargura. - Eu estava pensando se Célia não animaria um pouco se conversasse com o filho dele. Sei que o rapaz quer falar com Jéssica, e não acredito que pretenda ofendê-la. De qualquer modo, talvez Luke fale sobre o desejo de seu pai de doar-lhe a propriedade. Isso lhe asseguraria que não foi apenas um objeto sexual para Lionel, que o sujeito se importava com ela. Sua mãe precisa desse tipo de conforto, algo que nenhuma de nós poderá dar. Célia achou que o que Helen falou, fazia sentido, mas a abalava pensar em passar mais tempo com Luke. - Luke não lhe falou que pretende doar esta casa para Jéssica? - Não! Que maravilha! Isso será bem melhor. Sabe que Jéssica adora esse lugar, não é, Célia? Por que vcs dois não vêm jantar aqui hoje? John está trabalhando no turno da noite. Seremos só nós quatro, embora eu não possa afirmar que sua mãe irá querer descer para comer conosco, pois tem feito as refeições no querto. Que horas são agora? Seis? Que tal ás sete e meia? - Primeiro preciso perguntar a Luke. - Sim, claro. Célia cobriu o bocal virou-se para ele. - O que sua tia quer saber? Célia falou sobre o que sua tia sugerira. - Eu irei, mas com uma condição. -Qual é? - Levaremos nossos respectivos carros. Voltarei para Sydney direto de lá. Céliafitou, suspeitando que Luke queria evitar ficar sozinho om ela. Era uma revelação. E uma terrível tentação. Luke já dissera que a achava bonita, e que ele era apenas humano. Bem, ela também era. - Lamento mas não será possível, Luke. Enquanto você estava no banho, tomei mais um copo de vinho. Estava muito nervosa. E agora, não confio em mim mesma para dirigir. Deslavada mentira, a primeira de uma série delas, Célia imaginou. Agora estava temerosa. Temia aquilo que estava preparada para fazer para conseguir levar aquele homem de volta para a cama. Não dizem que o amor e a guerra todas as armas são válidas? Porque, quando uma pessoa está apaixonada, ela... Apaixonada! Célia precisou se conter para não gritar, para não parecer pertur-bada, tão turdida ficou com a revelação. Não pôde evitar. Era apenas sexo. Ninguém se apaixonava com tanta rapidez, exceto talvez os tolos romanticos como Jéssica. Entretanto, se esse era o caso, por que era tão angustiante pensar em Luke indo embora para sempre? O pensamento não só a amargurava, mas a deprimia. Só podia ser amor. Tinha que ser! “Você é igualzinha a sua mãe, garota. Quando o homem certo aparece, não pensa duas vezes e se torna capaz de fazer de tudo para tê-lo.“ Célia olhava para Luke com nova perspectiva, e seu choque inicial se transformou em determinação. Podia ser parecida com Jéssica, mas o destino não seria idêntico. Nem pensar! Todavia, estava ciente de que precisaria de toda a coragem e todo o afinco para obter aquilo que queria. Luke ainda não se casara. Nem noivo estava. E não amava a tal de Isabel, caso contrário teria confessado isso. E não teria feito sexo com ela amando outra pessoa. Por mais que Célia fosse cínica quanto aos homens e aos sexo, sentia que Luke não era um conquistador barato. Seu horror quanto a atitude do pai fora genuíno. Não, Luke era um homem de bem, não um canalha, Concluiu que ele tinha de estar muitíssimo atraido por ela para ter feito o que fez. Mas, se ficara tão enlouquecido, mesmo com Célia usando aquelas roupas velhas, estando com o rosto lavado e os cabelos presos de qualquer jeito, que esperasse até vê-la naquela noite! Trouxera algumas roupas decentes. Fazia isso sempre que viajava, nem que fosse por dois dias. Além do mais, havia muito a se fazer com o rosto e sua cabeleira ind6omita. Com um pouco de perfume, Luke cairia de quatro. - Tudo bem para vc? –Célia indagou, fleumática, embora por dentro fervilhasse. Não passaria o resto de seus dias com o coração partido, Teria aquele homem. Luke era diferente de seu pai e de todos os rapazes que cnhecia. - Suponho que a viagem não seja muito longa- ele comentou, com certa relutância. - Apenas vinte minutos daqui.– Célia voltou-se para o celular.- Luke disse que está bem, titia. Chegamos entre sete e sete e meia. Preciso tomar um banho e me trocar. Luke pareceu ainda mais preocupado. - Acha que devo avisar Jéssica que ele está vindo para cá> - Helen quis saber. - Não. Mamãe entrará em pânico. Eu a tirei daqui por isso. Temia que Luke aparecesse. Lionel fez um bom trabalho de lavagem cerebral nela, tanto que até agora mamãe julga ser uma prioridade manter o relacionamento deles em segredo. Célia viu Luke estremecer e notou que ele se sentia culpado por tbm ter mantido Isabel em segredo. Ótimo. Parecia que ele tinha mesmo uma consciência. - Não diga nada, titia, explicarei tudo para minha mãe assim que chegarmos. Não a quero atendendo a porta ou vendo Luke até eu ter conversado com ela, está bem? - Como quiser, Célia, mas isso tudo parece tão sem sentido agora, que tudo acabou... - Talvez seja, mas precisamos ter cautela. Mamãe levará um susto ao deparar com Luke. Pode-se dizer que ele é Lionel vinte anos atrás. CAPITULO VII Verde era mesmo a cor dela. Sobretudo naquela tonalidade, nem brilhante, nem cítrica, mas suave, que complementava seu colorido natural. Célia usava outra sia e top,obviamente seu estilo favorito de se vestir, A saia era mais escura do que o top e feita de material flutuante. Ajustava com suavidade a cintura estreita, caia, muito natural, pelos quadris, fazendo um leve zunido quando caminhava. O top tinha mangas três quartos justas e um decote q/seria criminoso s/o uso de sutiã, embora ainda fosse provocante com ele. Os cabelos ruivo-dourados estavam presos no alto da cabeça, e algumas mechas soltas vinham brincar em seu rosto e pescoço. A marca da mordida de amor havia desaparecido. Maquiagem, Luke supôs. A pintura estava perfeita, realçando sua tez adorável, os olhos e a boca. Tudo nela estava irretocável, incluindo as sandálias de tiras de saldo alto que pusera. Porém, o toque primoroso eram os brincos pendentes. Exóticos. Dourados. Tinham pequenos corações cobrindo os lóbulos de suas orelhas, de onde caiam pequenas cor-rentes de vários tamanhos. Elas balançavam e tilitavam quando Célia movia a cabeça, uma visão e um som, sem dúvida nenhuma, erótica. Luke a olhava descer devagar a escadaria como que hipnotizado, e quando Célia alcançou o último degrau, ele estava em um estado deplorável de excitação. E, naquele instante, sentado dentro do carro, segurando o volante com força, Luke começou a perguntar-se se ela fizera se fizera supersensual naquela noite de propósito. Mas por que Célia faria isso? Qual a razão Uma secreta e sádica forma de vingança? Uma derradeira tentativa de seduzi-lo? Ou seria um truque para conseguir ficar a sós com ele outra vez no final da noite? No entanto, não agia como se estivesse querendo. Luke duvidava q/aquele fosse seu jeito de agir. Célia não precisava lançar mão de tais artimanhas para seduzir. Suspirou, em seguida desejou não tê-lo feito. Pque o perfume dela era ainda mais tentadorr do que o restante, em especial ali, nos confins de um carro. O aroma tinha um quê de baunilha, e ele sempre adorou baunilha. Para ser franco, não se lembrava de algum dia ter ficado tão transtornado por causa de uma garota. Ficava complicado raciocinar ou focalizar em outra coisa além de sexo. Acontecia o mesmo com seu pai quando estava com Jéssica? Ela faria com que ele se esquecesse de tudo, tão irresistível era? Fazia-o esquecer-se da esposa, da familia e do juramento que fizera diante de Deus de jamais traí-la? De seu natural sendo de decência, de honra? Luke maneou a cabeça diante do pensamento terrível que lhe ocorreu: ele talvez fosse viver algum tipo de replay de Lionel. - Você se parece co sua mãe? Célia virou a cabeça para fitá-lo, mas Luke manteve o foco na estrada. -Dizem que sim. Muito. Mas mamãe é muitomais bonita que eu.Sou mais alta, mais forte e mais firme que ela. Seria algum tipo de insinuação dizer que era firme? Ou aquilo seria apenas um aviso para que ele fosse gentil com Jéssica? - Devemos estar chegando. - Estamos perto, Luke. Vire a direita depois daquela ponte. E a direita outra vez. A estrada para lá contorna o riacho por trezentos metros. É um sobrado com duas portas de garagem na frente e um portão grande. Eu lhe direi quando chegarmos. - Faça isso. - Pare aqui – Célia comandou minutos depois. Luke estacionou diante de um sobrado de paredes cor de tijolo que era exato como Célia descrevera. Uma casa projetada, ele notou, mas com muito bom senso. Luke não era um arquiteto esnobe. Achava que as residências projetadas melho-raram muito desde os imóveis insípidos de três dormitorios dos anos sessenta, que podam se dar ao luxo de ter suas casas projetadas individualmente. - O marido de tia helen trabalha para a companhia de força e luz – Célia explicou ao se aproximar do portão.- Está no turno da noite, portanto, vc não o conhecerá/ Eles tem três filhos, todos adultos, e não mram mais com os pais. - Por que está me dizendo tudoisso? Célia deu de ombros. - Por nada. Achei que fosse gostar de sondar o terreno – acrecentou, com um sorriso doce e cativante. Luke tornou a suspirar. - Por que tantos suspiros? Pensei que conhecer minha mãe fosse o que vc queria.- E quero. Ou queria. Mas a situação agora é outra. Ficou meio constrangedora. - Não entendo por quê. Mamãe não sabe, nem saberá de nosso relacionamento. “Como é que é? “ - Não existe nenhum relacionamento entre nós, Célia. Fizemos sexo uma vez, mas não se repetirá. Você tem minha palavra. Quando seu rosto pálido começou a ficar rosado, Luke soube a verdade. Ela planejava seduzi-lo Não soube se aquilo o exitava ou o deixava furioso. Pque se célia estava preparada para ir para a cama com ele ciente de que tinha alguém a sua espera em Sydney, então fazia aquilo apenas por sexo, e Luke o considerava demais para isso. Está bem, devia ser tentador para ela querer experimentar de novo o que experimentara. No entanto, em sua opinião, isso ainda não era uma desculpa. Se ele era capaz de resistir a tenteção, na certa ela tbm era. - Sou capaz de jurar que vc é a últimamilher na terra capaz de tolerar dividirum homem com outra. - Não sei o que o levou a levantar tal possibilidade.- Célia apertou o botão da campanhia. - Claro que sabe, doçura... Não queira se fazer de desentendida. Entendeu muito bem do que estou falando. No momento em que desceu aquela escada, toda sensual, comecei a suspeitar que tinha uma programação toda secreta em mente para esta noite. Isso e aquela desculpa do vinho que tomou. Não tomou vinho algum enquanto estive no banheiro. Queria que eu a trouxesse até aqui e depois a levasse embora. Sozinho. Queria outra amostra daquilo que lhe dei esta tarde. Por que não admite isso, em vez de usar de todos esses subterfúgios? Célia sentiu o rosto arder. - E não adiantou nada aquele showzinho que fez, exigindo que eu não tornasse a tocá-la, quando na realidade estava louca para que o fizesse! Célia nunca na vida se sentira tão envergonhada, tão ultrajada. Luke tinha razão, mas ao mesmo tempo estava enganado.ela não queria apenas a repetição do que lhe dera. Queria muito mais. Desejava aquilo que ele afirmou que eles não teriam: um relaconamento de verdade. Ou a chance de ter um. Tentava encontrar as palavras certas para dizer-lhe quando a porta se abriu. E lá estava Helen , usando calça comprida prerta e blusa vermelha. A cabelereira castanho-avermelhad,a outrora longa, agora era curta. Helen não era tão bonita como a irmã, mas ainda era bastante atraente aos cinquenta anos. -Olá, titia. Desculpe-me pelo pequeno atraso. Este é Luke. Luk, minha tia Helen. Ele parecia não ter dificuldade em sosrrir, nem em encantar sua tia com um beijo no rosto algumas palavras gentis. - Oh, minha nossa... Helen parecia um pouco atordoada ao faze-los entrar e conduzi-los direto a sala de estar. A casa não possuia corredor de entrada, e a escadaria levando ao andar superior ficava a esquerda da porta. Célia falava sério.... você parece muito com seu pai. Não que eu o tenha conhecido mas vi fotos.- helen sorriu e virou-se para a sobrinha. – Não quer ir falar com sua mãe? Farei companhia a Luke. O jantar estápronto e no forno. Temos algum tempo antes de nos sentarmos a mesa. Helen se virou para Luke. - Não sei se Jéssica estará disposta a juntar-se a nós. Não tem se alimentado bem. Espero que sua visita a anime um pouco. Bem, enquanto isso, preparei uma porção de petiscos para nós e abri uma garrafa de vinho. Gosta de vinho tinto, Luke? - Sim, muito.- Sentou-se no sofá florido.- Mas estou dirigindo, portanto só poderei tomar um copo. Helen sorriu para ele ao acomodar-se em uma poltrona. - Rapaz esperto... Não dá certo bebere dirigir. Só os irresponsáveis fazem isso, e causam acidentes terríveis. - Tia Helen... Os pais de Luke... – Célia alertou Helen levou a mão a boca. - Que desastrada! Descupe-me, Luke, falei sem pensar. - Não tem importância, Helen. Além disso, acho melhor falar sem rodeios sobre certos fatos do qu fingir que nunca aconteceram. Por isso é que estou aqui. Para tentar encontrar respostas para o que aconteceu entre meu pai e sua irmã. - É muito simples. Lionel manteve um caso extraconjugal com Jéssica durante vinte anos. Creio que não há nenhum grande mistério nisso. - Pode ser. Mas sempre o tive como o mais perfeito pai de familia. Sei que ninguém é perfeito, lógico, mas não posso aceitar papai como sendo um canalha sem coração. Como não posso lhepedir algumas respostas, espero que sua irmã as dê para mim, para que eu possa chegar a um bom termo com tudo o que houve. Minha mãe, que Deus a tenha, jamais saberá de nada, mas eu sei. E agora... Luke de repente interrompeu o que ia dizendo e olhou não para Célia, que continuva parada, mas para a figura atrás dela, na escada. Célia de imediato soube para quem ele olhava. Jéssica descia devagar os degraus, de olhos arregalados, uma das mãos na garganta, a outra agarrada ao corrimão. Usava um roupão de cetim cor-de-rosa amarra=do na cintura estreita e chinelos de cetim da mesma cor. Na claridade suave da tarde, ela parecia muitíssimo bela. Havia uma luz sobre sua cabeça que lançava reflexos dourados em seus cabelos loiros, Jéssica perdera bastante peso desde a morte de Lionel, e parecia a personagem de um daqueles filmes antigos e melodramáticos: a noiva linda e louca mantida trancada no alto de uma torre dourada durante anos, embora algumas vezes, noite, conseguisse escapar. - Este é Luke, filho de Lionel – Célia apressou-se em dizer, antes que a mãe tivesse idéias erradas sobre quem estava vendo. - Ele veio nos visitar e trouxe boas noticias para você. O olhar desnorteado de Jéssica desviou-se por um momento para a filha, e em seguda, retornou a Luke. - Eu... eu ouvi a voz de Lionel. E pensei que tinha enlouquecido. – Lágrimas inundavam-lhe os olhos, mas ela não as derramava. Desceu os últimos degraus da escada, como um sonâmbula, e do mesmo modo avançou, todo o tempo encarando Luke. - Você se parece tanto com ele... Fala igual. É todo igual a Lionel. Luke levantou-se e tomou a mão dela na sua, trazendo-a para o sofá. - É o que todos dizem, sra. Gilbert. Jéssica se acomodou. - E sua filha, é quase idêntica a senhora. - Sim... É o que todos dizem tbm. No entanto, os mais chegados parecem não perceber a semelhança. - É verdade. Célia trocou olhares com a tia, que sugeriu que elas deixassem a sala. Mas Célia relutava em fazer isso. E se Jéssica se aborrecesse? E se Luke disesse algo de que ela não gostasse? Franziu as sombrancelhas e balançou a cabeça e, portanto ficaram. Célia começava a achar que não programou com calma aquela reunião. Tudo em que pensou foi nela própria. Quando Jéssica estendeu a mão para tocar o braço de Luke, ela ficou tensa. A mãe gostava de tocar as pessoaspor quem tinha afeto, mas não eram todos que gostavam disso. Luke, porém, não se afastou de seu toque. Célia ficou lhe grata. - Como vc me descobriu? – Jéssica perguntou, intrigada. Célia tornou a ficar tensa. O que Luke diria? Esperava que não toda a verdade. Tentou transmitir-lhe uma mensagem telepática , mas ele parecia determinado a não fitá-la. - Papai esteve com um de nossos advogados um dia antes de sofrer o acidente, sra. Gilbert. E falou a seu respeito. Manifestou o desejo de passar a casa de Pretty Point para seu nome. Entretanto, o acidente aconteceu antes que pudesse fazer isso. Foi então que o advogado me procurou e falou sobre o assunto. O tipo de relaciona-mento entre vcs não ficou bem claro, mas suspeitei que a sra. fosse bem mais do que uma amiga, para papai querer doar-lhe uma propriedade tão valiosa. Assim, descidi vir para cá e, por coincidência, encontrei Célia no imóvel. Célia estremeceu quando sua mãe lançou lhe um olhar indagador. - Eu precisava de um lugar para passar um fim de semana, mamãe, onde pudesse relaxar. Senti necessidade disso. Luke por fim a fitou, com ironia. Célia fez força para não corar. - Mas, ainda assim, queria estar por perto – ela acrescentou. – Achei que ninguém iria se importar. - No entanto, sempre pensei que vc detestasse aquela propriedade, filha Célia respirou fundo.- Não era da casa que eu não gostava, mamãe. Luke resolveu inervir. - Como eu ia dizendo, quando Célia atendeu a porta, julguei estar diante da sra. Gilbert, sobre quem o advogado me falara. Célia cerrou as pálpebras. “Ah, não”. Não conte nada a ela. Por favor, não diga nada!” - Célia de imediato esclareceu meu engano, explicando que a amiga de meu painão era ela, e sim sua mãe. Naquele momento, tive quase certeza de que vcs não foramapenas amigos. Bastou ter isto a residência. Conheço bem o estilo de meu pai. Ele construiu aquele lugar em especial para vocês dois, não foi? - Você... deve me odiar – sussurrou, e duas lágrimas correram por suas faces. Luke tomou-lhe a mão entre as suas, um gesto caloroso que aqueceu o peito de Célia. Ele era um homem gentil e bondoso. - Não, não a odeio. E por que a odiaria? Estou vendo que a senhora não é nenhuma cavadora de ouro fria e insensível. Sei queestou diante de uma dama, e que meu pai se importava muito com a senhora. Era de cortar o coração o desesperado de Jéssica por acreditar naquilo. Célia agora entendia aquele tipo de sentimento. - Você... acha isso mesmo? Célia prendeu o fôlego, aguardando pela resposta de Luke. - Pode ter certeza. Meu pai era um homem honrado e decente. A única coisa capaz de fazê-lo ser infiel a minha mãe durante vinte anos foi a profundidade de seu amor pela senhora. Só queria saber por que, se ele não era feliz com mamãe, e se casou com a senhora. - Lionel me confidênciou algumas coisas sobre suamãe Luke, que não queria que ninguém soubesse. - Entendo. Mas papai não está mais aqui, assim como minha mãe. Preciso saber, sra. Gilbet. Tenho de obter respostas. Mamãe... era frígida. Era isso? - De certo modo. Bem, creio que não há mitovos de tanto mistério. Evidênte que ninguém aqui comentará sobre isso com quem quer que seja fora desta sala. - Claro que não – Célia e tia Helen disseram em coro. - Fale, por favor – pediu Luke. - Sua mãe foi atacada quando era criança. -Atacada? Violentada, a senhora quer dizer? - Sim, por uma gangue de arruaceiros. Tinha treze anos na época. Célia ficou horrorizada. Pobre garota... pobre Luke... - Kath nunca disse a ninguém. Manteve segredo e fingiu que jamais acontecera. Mas óbvio, não se pode fazer isso e manter o equlibrio menta, não é? -Imagino que não – disse Luke. - Lionel pensava que Kath era virgem quando se casaram, pque ela nuca permitiu que ele a tocasse antes do casamento, como vcs podem supor, a noite de núpcias não foi uma ocasião feliz para nenhum dos dois. Tampouco a lua-de-mel. Lionel comentou que kath fez tudo para agrada-lo, embora fosse claro que detestasse tudo que se relacionasse a sexo. Ele falou que entendia, que a amava, mas nada do que fisesse ou dissese melhorava as coisas. Começava a pensar em divórcio quando Kath engravidou de vc. Luke. Assim, Lionel não pôde deixá-la. Luke maneou a cabeça, pesaroso. - Depois que vc nasceu, Kath caiu em profunda depressão pós-parto que durou pelo menos um ano. As vezes ficava zangada e argumentativa, em outros, trite e silenciosa. Quando lionel certa vezchegou em casa e a encontrou gritando com vc em seu berço, dizendo que vc era menino e que os meninos cresciam e se tornavam homens maus, levou-a direto para o psiquiatra. - Meu Deus... com hipnóse, a verdade por fim se revelou. Após um longo tratamento, Kath surpreendeu Lionel tornando-se a mais perfeita das esposas e mãe amorosíssima, embora ela nunca obtivesse prazer na cama. No entanto, se Lionel não a procurasse de vez em quando, queixava-se e começava a suspeitar dele. Lionel costumava dizer o quanto era frustante notar seu alivio quando ele avisava que precisaria viajar, fosse por que razão fosse, pque aquilo significaria ficar alguns dias livre de sexo. Célia podia notar que Luke lutava contra o forte impacto daquelas revelações, o semblante espelhando angústia e incredulidade. De sua parte, ela não estava certa em que acreditar. Lionel não podia ter inventado aquela historia triste só para se desculpar das próprias ações perante a amante. Seria muita crueldade. - Ainda assim não consigo entender por que ele não se divorciou de mamãe.- Luke parecia parecia intrigado.- Ou melhor, pelo que entendi disso tudo, ela decerto, adoraria ficar livre de vez. - Não entendeu mesmo? - Não. - Lionel não deixou sua mãe por sua causa, Luke. - Minha causa? - Sim. Lionel oamava muito mais do que amava sua mãe ou a mim. Muito mais. Sua segurança, seu bem-estar e sua felicidade eram principais prioridades. Para ele, tudo deveria ser sacrificado por você. E assim foi feito. CAPITULO VIII Luke estava atônito. Jéssica deu palmadinhas confortadoras em seu braço. - Lionel alguma vez lhe disse que o pai dele, seu avô, deixou a esposa por outra mulher quando ele era pequeno? - Não! Que eu saiba, meu avô sofreu um ataqe cardiaco morreu quando paapi tinha dez anos. E qua vovó morreu quando ele tinha vinte. Parece que era uma sra de saude frágil. - Seu avô de fato morreu após sofrer um ataque do coração, mas isso aconteceu há pouco. Ele procurou seu pai quando estava doente, mas Lionel tentou não se envolver muito com o pai, além de providenciar-lhe um bom tratamento médico. Para ele,o pai tinha morrido fazia muitos anos. A mãe dele, sua avó, de fato se foi quando Lionel estava com vinte anos. Ela se tornou alcoólatra após o marido tê-la deixado, e bebeu até a morte. Luke balançava a cabeça, tão chocado estava, não apenas por tantas novas revelações, mas tbm pela extensão do conhecimento de Jéssica. Estava atordoado e quase zangado por ter sido mantido no escuro quanto a história da prórpia família. Po-dia entender por que não lhe disseram nada sobre o doloroso passado de Kath, mas por que manter em segreso as ações de seu avô? Por quementir a respeito da morte de sua avó? Com quantas mentira Lionel o manteve iludido durante todos aqueles anos? - Por que meu pai escondeu iso de mim? - Lionel condenava a própria família, e não queria que vc soubesse da triste história deles. A deserção de Frank, seu avô, o magoou demais. Por isso não foi capaz de deixar Kath após seu nascimento. Por que não queria fazer com vc o mesmo que Frank dez com ele. Lionel me explicou tudo isso no início do relacionamento. - Talvez ela tivesse entendido, mas Luke, não. Claro que podia compreender o sa crificio que Lionel fez por ele durante seus anos rebeldes de adolescente. Mas e depois, quando cresceu, amadureceu e não morava mais em casa? E quando aos anos que passou na Inglaterra? Que desculpas seu pai teria, então? - Não. Luke detestava admitir isso, mas aquela pobre mulher foi apenas uma vítima de seu egoismo. Jéssica se tornou conveniente para Lionel. Uma mulher bela e sensual, sempre pronta para lhe dar aquilo que sua pobre e emocionalmente arrasada esposa não era capaz. Em resumo, Jéssica foi usada. Luke ficou mais revoltado com Lionel naquele momento do que quando descobriu sobre seuromance extraconjugal. Afinal, ele tinha direito de ser feliz, e isso era até perdoável nas circunstâncias de seu casamanto. Importar-se em primeiro lugar com o filho adolescente tbm era perdoável. Mas usar aquela mulher adorável durante vinte anos chegava ser abjeto. Algo daquilo que Luke pensava dever ter transparecido em seu rosto, pque Jéssica de repente ficou triste. - Sei que o que está intrigando, Luke. O fato de ele não ter se divorciado de sua mãe qndo vc ficou adulto, terminou a univerdisade e foi para a Inglaterra, quando a separação não o afetaria tanto. - Isso de fato me intriga – Luke confessou, meio relutante. Ela de de ombros. - Não tanto quanto me intrigou, mas então eu não seria capaz de exigir nada dele. Lionel talvez jugasse ser tarde para fazer tal mudança em suas vidas. Vai ver que sua boa opinião a respeito dele ainda importava mais do que eu. Todavia acho que seu pai não suportaria destroçar o coração de sua mãe. Ele se comprometeu bastante construindo aquela casapara nós e passamos mais tempo comigo. Costumava dizer para Kath que ia para pescar, e sua mãe parecia acreditar.luke assentiu. - Decerto. Papai sempre adorou pescaria. Luke entendeu,com amargura, por que lionel foi tão compreesnsivo quando ele disse que não queria mais vir para Pretty Point. Luke tinha cerca de doze anos, na época. Luke fitou e pensou no quanto ela devia ser bonita quando seu pai a conheceu. Continuava sendo bela. - Gostaria de pedir desculpas por meu pai, sra Gilbert. Não acho que ele a tenha tratado com justiça. E creio que sabia disso. Tenho certeza de que seu desejo de passar a propriedade para o seu nome era seu modo de dizer que lamentava. Por isso quero que fique com ela. Eu disse a Célia que cuidarei para que seja transferida para a sra o mais cedo possível. Luke comoveu-se com a emoção dela. - Trate-me por Jéssica, Luke. E... você faria isso por mim? - Era o desejo de meu pai. - Oh... querido... – Jéssica começou a chorar, e Luke não pode fazer outra coisa além de tomá-la nos braços e confotá-la. - Por favor, não chore – sussurrou. - Lionel não gostava que eu chorasse. – Jéssica soluçou. “Sem dúvida, mas aposto como a fez horar muitas vezes. Foi maldade, e o que ele lhe fez. Pura maldade. Meu pai devia ter ficado de vez com mamãe e deixado que vc vivesse uma vida decente, ao lado de um homem que pudesse lhe dar mais do que apenas ocasionais fins de semana. O que deu nele para que não enxergasse tamanha injustiça?!”. Luke olhou por sobre o ombro de Jéssica, para sua ainda mais bonita filha, e compreendeu o que se apossara dele. Uma força poderosa, pura paixão física que o arrastava em direçAo ao objeto de seu desejo. Luke fazia votos que sua volúpia por Célia não influenciasse seu bom julgamento. Quando aquela noite terminassse, estaria partindo para nunca mais voltar. Todavia, enquanto houvesse chance, faria o que estivesse a seu alcance para facilitar a vida de Jéssica, assegurando-lhe um pouco de felicidade, pque a última coisa que queria ter pesandona consciência era a infelicidade da mãe de Célia. Luke dirigiu-se a Célia. - Por que não leva sua mãe para cima, para que se troque para o jantar? – então dirigiu-se a Jéssica.- Você precisa se alimentar, Jéssica. Jante conosco, e con-versaremos. Temos muito o qau falar sobre papai. Poderá desabafar, vingando-se dele, pois não me importarei. E enquanto isso, aproveitaremos excelente vinho que helen está oferecendo. Podemos comer dentro de dez minutos? Está bem para vc, Helen? Helen sorriu. - Sem problema, Luke. - Ótimo. - Então vá, Célia, e pelo amor de Deus,não demore tanto como dmorou para se aprontar para sair esta tarde. Vcs têm dez minutos. Depois disso, irei lá em cima e arrastarei as duas aqui para baixo. Célia eriçou-se, mas logo se acalmou. Luke tinha razão. Aquilo era tudo de que Jéssica precisava. Animar-se, recomport-se e falar sobre Lionel, para desmistificar o homen que idolatrava. Para acordar, propriamente falando. Então Jéssica poderia dar ínicio ao processo de cicatrização. Célia apressou-se e de algum modo conseguiu levar sua estonteada mãe para o quarto de hóspedes. Colocou-a sentada na cama, enquanto vistoriava seu armário. Encontrou uma calça jeans e um sueter branco de cashmere. - Aqui, mamãe, vista isso. - Ele é notável, não acha? – Jéssica tinha um ar sonhador.- como Lionel. Célia fitou o teto. Sua mãe era de fato uma romântica incurável. E tentava se enganar mais ainda do que imaginava. - E tbm se parece muito com Lionel. - Jéssica aproximou da penteadeira com a escova de cabelos nas mãos. – Além de enérgetico, vigoroso. Há alguma coisa nos homens enérgeticos e vigorosos queé díficil resistir, não acha? Célia tentou não lembrar o modo como Luke ordenou-lhe que despisse naquela tarde, pque pensar em tais coisas a fazia desejar que ele repetisse a dose. E aquilo não tornaria a acontecer. Luke deixara isso claro diante da porta de entrada. - Acredita que dará tempo para eu passar batom e colocar um pouco de perfume, filha? - Se você for rápida... - O que acha de meus cabelos?Estão um desastre. Não seria melhor prendê-los? - Deixe como está, mamãe. Senão nos atrasaremos. - É só um minutinho, não demoro. De fato não demorou. Jéssica escovou a cabeleira, recolhendo toda ela no alto da cabeça, e prendeu com grampos. - Viu? Fui rápida. Agora, vamos. Quero poder conversar mais tempo com Luke. “Não é o que todas nós queremos?”, Célia se indagou, pesarosa ao seguir ospassos lentos de Jéssica. O jantar foi um grande sucesso, se a animação recém-surgida deJéssica servisse como julgamento. Luke foi a paciência personificada. E Helen parecia muito Satisfeita com o decorrer dos acontecimentos. Célia, entretanto, estava achando tudo uma provação. Só de fitar Luke se sentia deprimida, assim como ouvir sua mãe recontar em detalhes os principais fatos da vida de Luke que Lionel contara durante todos aqueles anos. A maioria sobre os triunfos do filho como esportista e estudante. Nas duas horas em que esteve sentada a mesa, Célia soube que Luke fora capitão do time de basquete da escola e líder da classe, claro. O jovem Luke foi nada menos que um astro. Recebeu vários prêmios durante seus tempos de universidade, um deles quase nunca entregue a um estudante. Aos vinte anos, voou para Londres, onde permaneceu até terminar a faculdade de arquitetura, ganhando uma estimável experiência trabalhando para uma prestigiadíssima empresa internacional, que mantinha escritórios em Paris, Roma e Nova York. Luke permaneceu no exterior durante cinco anos. Quando retornou dois anos atrás, inscreveu-se para um concurso de design e o venceu. O prêmio foi um lucrativo contrato de trabalho para a firma de arquitetura que patronionara a premiação. Luke vinha trabalhando para eles desde então. Além dos pormenores da carreira de Luke, Célia também ficou sabendo de várias de suas crises pessoais na adolescencia, em particular da perna quebrada durante uma competição no acampamento de escoteiros. Foi assim que o time perdeu o mais incrível jogador de basquete amador da Austrália, passamdo a ser um verdadeiro desastre para o time. Luke agora ria daquilo tudo, dizendo que a maturidade colocava tudo dentro da perspectiva. Na hora em que o café foi servido, perto das nove e meia, Célia percebeu que Lionel acabou não sendo desmistificado. Em vez disso, tornou-se um pai idolatrado que tinha um grande orgulho de seu extraordinario filho. Pior foi assistir a própria mãe tão orgulhosa de Luke, quase como se fosse a mãe dele. Célia sentiu ciúme. - Você sabe, Luke, Lionel ficou exultante quando por fim o viu de volta a Austrália pretendendo se estabelecer. Estava preocupado, julgando que vc se apaixonaria por alguma jovem inglesa e resolvesse ficar por lá. Pulou de alegria quando vc ficou noivo daquela garota em Sydney. O sangue de Célia gelou nas veias. Noivo? Jéssica disse noivo?! Ela encarou Luke, que se recusava a fitá-la. -Se bem me recordo – Jéssica prosseguia, alheia a reação atônita da filha-, seu casamento se realizará por esses dias. A não ser que tenha decidido adiar,por causa de seus pais. - Não. Tudo se realizará de acordo com o programado. Cheguei a pensar em adiar, mas no fim decidi que isso nada adiantaria. Os pais de Isabel investiram muito tempo e dinheiro organizando a festa, e creio que não seria justo para com eles, ou para Isabel. Nós nos casaremos em duas semanas. Os nós dos dedos de Célia embranqueceram, tal a força com que segurava a xícara. - Lionel não iria gostar que você adiasse – Jéssica assegurou.- Estava muito satisfeito com essa união, e com Isabel. Soube que ela é muito bonita. - Ela é. Isabel é uma mulher adorável, e uma pessoa maravilhosa. Enfim, o olhar de Luke procurou por Célia. E ela viu um pedido de desculpa neles, mas nenhum remorso. Impressionante. Nenhum remorso! Não podia acreditar! Luke... noivo! E o matrimonio era para breve. Aindaassim, naquela mesma tarde, fez amor com outra. Não, claro que não. Ele não fez amor com ela, Célia corrigiu-se, amarga. Apenas a uso. Era só isso que os Freeman faziam com as Gilbert. Usava-as. Célia depositou a xícara de café de volta no pires, fazendo barulho, quando a fúria invadiu seu coração. Luke tbm pousou a xícara, e fechou os olhos por segundos, antes de tornar a abri-los. Quando tornou a fitá-la era impossível saber o que pensava. - Falando em casamento, estou com a agenda cheia este fim de semana– disse Luke, em um tom casual.- Portanto, se me derem dicença, senhoras, preciso ir embora. Célia? Podemos ir? - Quando você quiser. - Virá nos visitar outra vez, não é? - Na verdade, não, Jéssica. Não virei. No entanto, nosso advogado entrará em contato com você. Foi um prazer conhecê-la e poder conversar. Esqueça o passado... ainda tem muito o que viver. Jésica pareceu abatida, porém resignada. - Tudo bem, tentarei fazer isso. Deve ter sido um grande susto para vc descobrir sobre mim. Mas é um rapaz gentil. Deixe-me apenas dizer que lamento muito se o magoei, mas amei demais seu pai. Quando Luke se levantou e se inclinou para beijar sua mãe no rosto, Célia precisou se conter para não pular sobre ele e gritar toda sua revolta. Apenas o frágil estado emocional de Jéssica a deteve. Se Célia dissesse alguma coisa sobre o que houve entre eles naquela tarde isso desfaria todo o bem que Luke proporcionara a naquela noite. Luke não era má pessoa, Célia teve que admitir, assim como Lionel tbm não era de todo mal. Mas ambos, pai e filho, tinham sido infieis as mulheres com quem estavam comprometidos, e agindo desse modo deixavam uma trilha de escombros emocionais atrás deles. Célia sabia que demoraria muito até que conseguisse se curar de Luke Freeman. Talvez mais ainda que Jéssica para esquecer o pai dele. Pque Lionel agora estava morto, e Luke, bem vivo. Dali adiante, Célia teria de conviver com a diária realidade de que, em algum lugar em Sydney, Luke estaria vivendo com a adorável Isabel, casado. Fazendo amor e tendo filhos com aquela moça. Enquanto ela, estaria sozinha, abandonada com s/arrependimento e sua mágoa. CAPITULO IX - Diga alguma coisa, pelo amor de Deus! - Luke parou o carro com um ranger de freios. Célia encarou por um instante em seguida virou-se para abrir a porta do veículo. Durante os vinte minutos de trajeto de vola a Pretty Point, feiro em total silêncio, sua raiva, seu desejo de um furioso confronto com Luke se desintegrou. O que adintaria? - O que ganharia fazendo isso? Calada, deu-lhe as costas e pisou fora do automóvel, mas não saiu para o patio de entrada. Permaneceu sentada. - Eu não lhe disse que estava para me casar pque não queria magoa-la ainda mais. Precisa acrediar, Célia. Ela virou-se para encará-lo outra vez. - E por que eu devia acreditar, Luke? Para que se sinta melhor? Você é um covarde, igualzinho ao seu pai! - Não sou covarde, nem meu pai foi. Depois das coisas que ouvi da sua mãe, percebi que estive errado ao condena-lo. E você também. - Ora, não diga bobagem! Tenho todo o direito de condenar Lionel! - Seja justa, Célia. Coloque-se no lugar dele. Que caminho teria escolhido? Papai fez o que julgou que deveria fazer. Colocou minha felicidade e a a minha mãe na frente da dele. Soube que ela não conseguiria lidar com o abandono, depois de tantos anos de união. - E quanto a minha mãe? – Célia protestou com veemência. – Acha que ela conseguiu lidar com tudo isso? Você a viu. Lionel quase acabou com mamãe! Ele deveria ter se afastado dela logo no início, mas naquela circusntâncias teria sido difissílimo. E Jéssica sabia em que estava se metendo e que papai era casado. Lionel a pôs a par disso naquela primeira noite, e ela resolveu continuar a vê-lo. Mas ficará bem agora. E mais forte do que você imagina. - E quanto a mim? Tbm acha que ficarei bem depois de tudo o que aconteceu? - Não disse que era mais durona que sua mãe? As lágrimas inundaram os belos olhos verdes de Célia. - Bem, mas não sou. Eu... oh, vá embora, Luke! Saia daqui e se case com sua maravilhosa e linda Isabel. Só espero que ela saiba o que estará levando. Um homem que não a ama como decerto merece ser mada. Um rapaz que a duas semanas do casametno esqueceu por completo de sua exisência. Diga-me uma coisa: alguma vez sentiu com Isabel o que sentiu comigo esta tarde? Ele não disse uma palavra, mas seu rosto revelou tudo. - Não – Célia respondeu por ele.- Aposto que bm voltará como seu pai voltou. Pelo menos Lionel tinha uma desculpa. Qual será a sua, Luke? Ainda nem se casou. Devia fazer o mais honrado e desistir desse compromisso o quanto antes. Luke parecia atormentado. - Não pode esperar que eu desista do certo pelo duvidoso. Eu a conheci hoje, Célia. Essa atração entre nós... ela... é passageira. - Mas durou vinte anos entre nossos pais, e teria durado bem mais, se o destino não tivesse outros planos. - Durou pque eles tinham uma ligação. Talvez se houvessem se casado não tivessem sido tão felizes juntos é difícil ser feliz passando por cima da infelicidade dos outros. -Espero que não se esqueça disso. - Você se recuperará. Logo irá me esquecer. - Não, Luke Freeman, pque me apaixounei. Sei que dirá que estou enganada, que não poderia acontecer tão rápido. Mas conteceu, e nada do que me diga mudará isso. Eu te amo. Eu teamo. Eu te amo! - Pare com isso! Por quê? Não quer ouvir por quê? Você é um covarde, Luke Freeman. Um covarde miserável que não merece meu amor. Não merece o amor de ninguém, isso sim, isso sim. Tenho pena dessa pobre Isabel. Pergunto-me quantas noites vc ficará deitado na cama com ela, pensando em mim, antes de correr para cá querendomais uma amostrada magia que partilhamos. - Não voltarei... pelo menos, não depois do casamento. Isso é uma promessa. - É melhor, mesmo. Deixe-me dar-lhe um aviso: se vc voltar, eu o farei curvar-se dinate de mim, derrotado. Farei isso com meu amor e meu ódio. Oh, sim, Luke... Nõ sou tão parecida com mamãe. Não sou tão doce e compreensiva, sempre disposta a perdoar. Se tornar a vir me ver, não me contentarei apenas com seu corpo. Vou querer sua alma tbm. E, uma vez ela seja minha, o destrituido dessa história será você. Tem minha palavra! Luke ficou vermelho. - Está vendo? É por isso que não quero voltar. Quero paz em minha vida, não uma garota louca que grita a plenos pulmões que me ama e no minuto seguinte me ameaça. Pensa que me ama mas não é nada disso. Pque, se fosse verdade, teria pelo menos um pouco de consideração por mim. Faz idéia de tudo o que tenho passado nas últimas semanas? Um verdadeiro inferno! Luke passou as mãos pelos cabelos, num gesto de desalento. - Meus pais mortos e não havia ninguém para enterrá-lis, a não ser eu. Pode imaginar o que é escolher para enterrá-los a não ser eu. Pode imaginar o que é escolher os caixões para os próprios pais? As roupas com que serão enterrados? Tomar todas aquelas terríveis decisões que têm de ser tomadas? E depois, os funerais... fazendo força para não desabar, pque homens não choram, não é? Célia olhou para ele, horrorizada. Luke tinha os olhos rasos de água. - Mas eu me sentia chorando. Ainda me sinto assim agora, quando penso em tudo o que aconteceu. Meu pai... os dois mortos. De uma hora para a outra. E então o que acontece? Descubro que meu amado pai, meu heroi, afinal não era o grande homem que idolatrava. Pode imaginar como me senti quando descobri que papai era um fraco? O que supus que vc veio abrir a porta e areditei que fosse a amante dele, uma garota juvem o bastante para ser sua filha? E para piorar tudo, em vez de esclarecer meu engano, resolveu deixar como estava. Tinha sua própria cota de vingança, Célia Gilbert, e os sentimentos de Luke Freeman não contavam, decidiu me fazer pensar que meu pai foi um canalha da pior espécie, um predador sexual. Célia ficou cheia de remorso quando a realidade daquilo que fizera se abateu sobreela. - Luke, eu ... lamento tanto! Só estava tentando... - ... proteger sua mãe. Bem, é uma pena que antes disso não tenha parado para medir as conseuqências de seus atos, porque no momento em que a vi e comecei a crer que fora a amante de meu pai, comecei a querer que fosse minha amante tbm. E estava bem animadinho quando vc começou a chorar e eu a abracei. E estou no inferno agora, pque ainda a desejo. Mas não é amor, doçura, é paixão. Instinto animal. Pelo menos eu sei definir a diferença. Ela deu-lhe as costas. - E então, Célia, o que quer que eu faça? Diga. Ligo o motor e vou embora como estou tentando fazer ou entro com vc nesse decadente inho de amor e a levo para o inferno comigo? A decisão é sua. Célia se voltou, pondo-se a fitá-lo de olhos arregalados, o coração em disparada. - O que quer dizer com isso, “levar-me para inferno”? - Eu ainda a quero, com toda a força e intensidade da primeira vez. Mas não te amo, e não vou fingir - Que sim. Quer minha alma? Ela é sua, junto com meu corpo. Pegue-a, se é isso que deseja, pque estou cansado de tentar fazer o que é certo. Na realidade, estou farto de tudo. Célia se deu conta do incrível tormento dele, e seu coração se encheu de uma vontade doce de confotá-lo, abraçá-lo e tentar fazer com que entendesse que não era apenas a luxúria arrastando-o para ela. Luke podia amá-la, se se permitisse. Não devia amar Isabel. Luke não era do tipo de homem que seria infiel a mulher que amasse. Na certa, acabaria entendento isso. Mas ela não tinha muito tempo, tinha? -Quando precisará estar de volta a Sydney, Luke? - O que isso tem a ver? - Você disse que não havia nada marcado com Isabel, esta noir\te. - Ela não me espera antes de domingo. Acredita que estou aqui relembrando meu passado e entrando em contato com o espírito de meu pai. Que piada! - Não acho que seja – Célia murmurou.- Pque é tudo o que tem feito desde que chegou. Ele riu, sem o menor humor. - Tenho certeza de que papai deve estar muito orgulhoso de mim, por seguir seus passos a risca. Vamos entrar e ir direto para a cama. É o que quer fazer, certo? - Ele a desafiava, os olhos escuros brilhando muito. “Não, querido, não quero que seja assim.” Mas se o mandasse embora, talvez ele nunca mais voltasse. Célia tinha um fim de semana para fazê-lo entender que eles foram. - Sim, tem toda a razão, Luke. E decerto não irá querer que eu vá embora amanhã, mas sim que fique aqui com vc o fim de semana inteiro. - Na mosca! - Foi o que imaginei. Só não fique o tempo todo dizendo que me ama. Não preciso de mais nada esses dias a não ser você, nua e quente comigo entre os lençois. Acha que conseguirá fazer isso? Luke virou-se, para não ver a tristeza dela, e bateu a porta do carro. Sabia que estava sendo cruel. E odiava a si mesmo por isso. Mas não podia evitar. No espaço de um miserável dia Célia vira sua vida de pernas para o ar, e ele fizera coisas que jamais pensara que faria. E continuava fazendo! Quando alcançou o lado dela no carro, Célia estava lá, muito calma, aguardando por ele, a mágoa esquecida, bonita de tirar o fôlego a luz do luar. O desejo foi atiçado dentro dele, e Luke abandonou toda a esperança de conseguir resistir a tentação. - Por que eu tive de conhecê-la, justo agora? Por que tem de ser tão bonita, garota? – Luke gemeu, antes de tomá-la nos braços e beijá-la. Sua língua encontrou a dela, e ambos gemeram. Seus braços a envolveram com mais força, e a ânsia louca de fazer amor com Céli, ali e naquelesegundo, se tornou intolerável. De repente, uma lembrança indesejável o fez se afastar dela. - Droga! Não tenho mais nenhum preservativo comigo. Vc tem algum? Célia o fitou om tanto desespero que devia refletir o dele próprio. - Não. Mas você.. você... - Mas eu o quê? Não precisa usar um.a não ser que ache imprescindível. Sou uma doadora de sangue regular. E não tenho estado com ninguém há mais de um ano. - Bem, comigo você não correrá nenhum risco. Tem minha palavra. E quanto a engravidar? -Não há chance alguma de acontecer neste fim de semana. Ele a encarou, pensando que só um maluco confiaria em uma mulher que gritava apra todo o mundo ouvir o quanto o amava. No entanto, por estranho que parecesse, confiava nela. Ou apenas queria confiar nela? Teria sua cautela sido corrompida pela perspectiva de fazerem amor por todo fim de semana sem que precisasse se preocupar com o uso de proteçào, ao demorar-sedentro dela até ficarpronto para mais uma vez? E outra... e oura... A perspectiva de tal deleite era por demais empolgante. - Está bem – Luke cedeu, agarrando a mão dela e conduzindo-a em direção a casa.- Vamos entrar antes que o bom senso reorne e me faça mudar de idéia. Ele quase riu diante da própria hipocrisia. Nada na face da terra o faria retro-ceder. Estendeu a mão para o lugar onde Célia escondera a chave em uma saliência na varanda e a enfiou na fechadura. Estava tão excitado quanto ela. Por isso, não era capaz de raciocinar com clareza. Teria sido esse tipo de paixão que Lionel e Jéssica partilharam? Se fosse, então isso explicava uma porção de coisas. As mentiras de seu pai, a disposição contínua da mãe dela de ser usada. - Não deveria confiar muito na palavra de um homem, Célia. Como vc mesma disse, os homens mentem por cauda de sexo, e mentem muito para conseguir o que querem. - Você não é assim – ela disse, com tal segurança que o desconcertou. - Chamou-me de covarde minutos atrás – ele fez lembrar, empurrando-a, com gentileza, para dentro da sala e fechando a porta atrás deles com o calcanhar. - Eu estava furiosa com você. - Não está mais? – pressionou-a contra a porta. - É que agora consigo entendê-lo melhor. Luke balançou a cabeça. - Bem, eu ainda não consegui entende-la, Célia Gilbert. Nem quero. Pretendo apenas... .... levar-me para o inferno com você. - Na mosca! Isso é impossível, pque, primeiro eu o levarei ao céu, as alturas... Luke prendeu o fôlego quando ela ficou na ponta dos pés e rodeou-lhe o pescoço com os braços. .... onde pretendo mantê-lo pelo fim de semana inteira. CAPITULO X Célia acordou com a claridade do sol entrando no quarto e Luke ainda dormindo ao lado. Com todo o cuidado para não acorda-lo, ergueo-se apoiando-se nos cotovelos. Fitou-o e sentiu o corpo se contraindso diante das lembrnças do que havia acon-tecio na noite anterior. De certo modo, tudo parecia irreal. Como um sonho, ou pesadelo. No entanto, Luke, esparramado no leito, nú, era bem verdadeiro. Assim como os sentimentos evocados diante da visão dele. Quis estender a mão e tcá-lo. Acaricia-lo, despertá-lo. Desejou vê-lo outra vez excitado, para que pudesse mais uma vez enlou-quecer em seus braços. Seria amor ansiar por aquilo? Perguntou-se. Ou desejo apenas? Como Luke insistia em afirmar. Não houve nada tão romântico como primeiro e tórrido encontro deles contra a porta, na noite anterior. Nem no segundo, deitados no tapete, diante da lareira. “Básico” foi o termo que lhe ocorreu. Contudo, depois, Luke mostrou-se bastante afetuoso com Célia, chegando até a se desculpar pela ríspidez com que a arrastou escada acima em direç!so a suíte. Não que ela na hora tivesse se importado. Estava muitíssimo be, e tão excitada quanto ele. Mas no fundo Célia preferia o homem gentil q/Luke se tornou depois de saciado. Deliciou-se com o modo como ele passou sabonete em sua pele sob o chuveiro, beijando-a e afagando-a ao fazer isso. E depois, quando a enxugou, com suavidade e sensualidade fazendo-a delirar. Mas nada poderia ser comparado ao que Luke fez com ela, após o banho, quando a caregou de volta para a cama. Célia havia jurado levá-lo ao céu, porém, fora ela que estivera nas alturas. Suspirou. Não suportava pensar que acabaria como sua mãe. E isso aconteceria, se Luke se casasse com Isabel. E até aquele momento não lhe dera nenhuma indicação de que desistiria de casar com a moça. Teria forças para dizer “não”se Lukea quisesse como sua amante? Seria capaz de mandá-lo embora ou sucumbiria, alimentando a estúpida esperança de qua algum dia ele deixaria Isabel para viver com ela para sempre? Não, não podia fazer aquilo a si mesma. Precisava acabar com tudo, e já! Sentou-se no colchão e forçou-se a afastar o olhar daquele corpo magnifico. “Saia já daí, Célia Gilbert. Levante-se! Vista-se e desça.” - Aonde pensa que vai? – Luke resmungou, passando o braço em torno da cintura ina e puxando-a para junto de sí. - Eu... preciso me levantar. – Célia tentava ignorar a sensação incrível que a invadiu quando ele começou a acariciá-la e sugar seus mamilos. - Ainda não... – E Luke se encaixou a suas costas.ao sentir a excitação dele entre as pernas, Célia enrijeceu. “Não fique lembrando a delícia que é tê-lo dentro de si! Faça com que Luke pare com isso!” Célia fez força para se desvencilhar dele, contorcendo-se toda e Luke achou graça. - Calma! Não seja tão impaciente... E arfou quando ele escorregou para dentro dela. - Melhor assim? Célia quis gritar que parasse, mas, em vez disso, gemeu, tal foi seu prazer. Mas uma vez eles alcançaram o clímax juntos mas logo o momento terminou, e a realidade retornou com todo o vigor a atormentá-la. “Viu, sua tola? Isso já se tornou um vício! Você já não consegue mais se negar a Luke. Basta que a toque para que se derreta.” O desgosto a fez afastar-se dele. - Ei! – Luke protestou. Mas Célia não respondeu. Deixou o leito e correu para o banheiro trancando a porta atrás de si. Luke suspirou e tornou a se deitar. Sabia muito bem o que tanto a incomodava. O mesmo se dava com ele: puto remorso. Tentava a todo custo ignorar o peso na consciência, buscando esquecer que ainda era noivo de Isabel. E conseguiu, nos primeiros minutos que estivera fazendo amor com Célia. Era difícil raciocinar estando com ela. Amando-a. Todavia, a realidade de seu compromisso ainda o aguardava. Um problema que não podia mais deixar de lado e protelar. Isabel merecia mais do que esse tipo de comportamento de sua parte. E Célia também. Não estava sendo justo com nenhuma delas. Certo, tinha de admitir que não amava Isabel. E tampouco acreditava que amava Célia. Como já dissera a ela, o amor não acontecia de uma hora para a outra. Não foi amor o que no início o arrastou para a cama de Célia, na véspera, mas uma terrível combinaçã de várias coisas: sua beleza estonteante, sua incrível sensualidade, suas lágrimas, e sua prória tristeza pela perda dospais. O recente celibato tbm ajudou. Talvez, porém, o maior fator insidioso corrompendo tudo aquilo tenha sido seu conceito errado inicial sobre o papel de Célia na vida de seu pai. Sua mente se direcio-nou para uma trilha de tremenda sedução desde o momento em que ficou os olhos nela. Fora algo obscuro e decadente que, de algum modo, apelava para seu frustado estado mental e físico atual. Sua ameaça na noite anterior levá-la no inferno consigo na certa fora resultado disso. No entanto, Luke não a levara para o inferno; ela o levara ao céu, como prometera. Que amante surpreendente Célia se revelou ser! Tão doce no início, e no fim tão despudorada e atrevida. Luke ouviu quando ela ligou a água do chuveiro e se lembrou das duas vezes em que tomaram banho juntos . como Célia ficou assustada no começo, quando ele pegou o gel e passou nela, toda. Seus olhos arregalaram na segunda vez. Era óbvio que sua experiência sexual era bastante limitada. Na segunda vez, foi ela quem pegou o gel, colocou na palma da mão e passou a massageá-lo com absoluta intimidade. Luke suspirava sempre que lembrava aquela sensação incrivel. Pelo que pudera perceber, Célia não fizera muitas coisas antes. Não como Isabel. Fez uma careta. Isabel de novo... Luke julgava que era feliz com Isabel na cama. E era. Ou tinha sido. Mas com sua noiva o sexo nunca mais seria o mesmo. Ele não seria capaz de, no futuro, deitar-se com ela sem pensar em Célia, sem desejar que ela fosse Célia. Não importava quiais seus sentimentps por Célia, e vice-versa. Ela acabara com sua vontade de se casar com Isabel, porque Luke saia que não seria capaz de afastar-se dela. Não por muito tempo. Exalou um suspiro profundo. Nada mais lhe restava a não ser desistir daquele casamento. E quanto mais cedo fizesse, melhor. Talvez naquele mesmo dia. Atirou os lençois para o lado e levantou-se. Suas roupas... onde estariam? Lá embaixo, espalhadas por rodos os cantos da sala. Tornou a suspirar ao sair do quarto. Recolheu as peças e se vestiu, menos a gravata que guardou dentro do bolso do paletó. Em seguida recolheu os trajes de Célia, balançando a cabeça ao pegar sua calcinha dilacerada. Agira como um verdadeiro animal! Mas Célia pareceu ter gostado. Parecia gostar de tudo o que fazia. Ficaria sur-presa quando Luke dissesse que estava desistindo de se casar com Isabel. Embora Isabel não fosse gostar nem um pouco. A decepção seria grande. Assim como a de seus pais. Pessoas excelentes, os dois... Luke detestava precisar decep-cionar os três. Pelo menos tinha dinheiro suficiente, era rico o bastante para compensa-los pelas despesas que fizeram e que não poderiam recuperar. Pensaria em uma compensação para dar a Isabel. Ela merecia isso. No entanto, nem todo o dinheiro do mundo, Luke sabia, compensaria pelo transtorno que iria lhe causar. Célia abriu a porta do banheiro no exato instante em que Luke alcançou o alto da escada, trazendo suas roupas. Tinha uma toalha entolada na cabeça e usava um robe de seda creme, sedoso aderindo a sua pele a medida que caminhava. Seria bem difícil dazer a coisa certa e manter a resolução de partir, concluiu ele. Apenas pensar em seu iminente retorno a mantinha raciocinando. Conseguiria retornar ainda naquela noite? Célia ficou aturdida ao dar com ele já vestido. - Estou vendo que decidiu partir. - Sim, eu preciso ir. Mas vou para... -Por favor, não diga mais nada. Não é necessário. É melhor assim, pque não precisarei pedir-lhe que vá, e evitaremos maiores constrangimentos. Luke a fitou, intrigado, tentando adivinhar o que havia atrás daquela súbita mudança de atitude. Afinal, aquela era a mulher que prometera mantê-lo nas alturas durante todo o fim de semana, que declarara seu eterno amor por ele. - Continua zangada comigo por causa de Isabel, não é? – perguntou, colocando as roupas ao pé da cama. - Não, não se trata disso. – Célia tirou a toalha da cabeça e seus cabelos ruivos despencaram em torno dos ombros, uma massa molhada brilhante de ondas douradas. Começou a esfregar os fios, para secá-los, sem fitá-lo.- Sabe, Luke, esta manha eu, por fim, percebi que vc estava certo, e eu, errada. Não te amo. Não é amor o que há entre nós, apenas sexo. Luke franziu a testa, intrigado. Que esquisito... ouvi-la dizer o que na verdade já dissera a ele o fez enxergar que ele estivera errado. Não era apenas sexo entre eles. Era algo muito mais forte, muito mais especial. - Escute, não seria hipocrita a ponto de dizer que não gostei que vc tivesse ficado comigo em vez de ter ido embora, ontem. Gostei, sim, e muito. Ensinou-me como agradar um homem, e por isso serei sempre muito grata. Mas, visto ser vc comprome-tido, é melhor pararmos por aqui. Portanto muito obrigada e adeus. Luke não podia acreditar no que estava ouvindo. - Você não está sendo honesta, Célia. Ela o encarou, os olhos belos e expressivos. Claras janelas para sua alma desgastada, magoada e sensível. - Por que eu não seria franca com você? Se Célia se julgava capaz de esconder a própria vilnerabilidade attrás daquela fachafa de falsa energia e agressividade, estava muito enganada. Luke deu de ombros e sugeriu: - Quem sabe por orgulho? Por medo? - Medo? De quê? - De que possamos terminar como nossos pais. Aquilo a indignou. - Não acha que tenho o direito de ter medo? Seria muita ingenuidade esperar que vc desistisse de se casar com Isabel para ficar comigo. - Mas é isso o que pretendo fazer.Ela o fitou por alguns minutos de surpresa e então riu. - Oh, por favor, não insulte muinha inteligência! Por que faria isso? Já disse, alto e em bom som, que não me ama, que jamais trocaria o certo pelo duvidoso. É vc que não está sendo honesto, e ambos sabemos por quê. Quer se casar com Isabel, mas não pretende desistir do sexo maravilhoso que fazemos. - Não, Célia. Não quero desistir de você. Essa é a diferença. - Não! Não posso me dar ao luxo de crer nisso. - Bem, então cabe a mim fazer com que crei. Eu voltarei. Ainda hoje. - Pois não estarei aqui. Célia lançou-lhe um olhar desafiador, e Luke quase deu risada. Alguém que não a conhecesse poderia acreditar. Mas ele a conhecia muito bem, muito mais do que a Isabel. Coisa estranha... - Lógico que estará. E esperando, muito tranquila, por mim. - E o que o faz ter tanta certeza disso? - Pque vc precisa estar aqui, assim como eu preciso voltar. Nascemos um para o outro, garota. Esse é nosso destino. - Ah, é? Nosso destino? O que fez mudar de opinião quanto a mim? - Vc tinha razão. Eu estava enganado. Nós nos apaixonamos. Tentei lutar contra isso, mas foi pura tolice. Não se pode ir contra o destino ignorar os próprios sentimentos. Eu te amo, Célia, assim como vc tbm me ama. Efim da história. Ou devo dizer, começo de nossa história, se desejar que seja. Cabe a vc descidir. Célia o fitava. Desejava muito acreditar nele, mais do que tudo na vida. Todavia, era tão difícil passar por cima de tudo o que levou a desacreditar nos homens... Ainda para ser justa, Luke não era um homem comum. Ao contrário, era excep-cional. Sensível, gentil, generoso. Se não confiasse nele, então, em quem confiaria? Não crer nele poderia significar que nunca teria as coisas com que sua mãe sonhara, e jamais tivera: um companheiro permanente que a amasse e desejasse ser pai de seus filhos. Célia olhou para Luke e quis muito ter uma família com ele. Sabia que seria um pai incrível. Precisava confiar nele. Pque não confiar faria dela uma covarde. E isso ela não era! - Você pode ir, Luke. Eu... estarei aqui – admitiu, sabendo que se ele traisse sua confiança, se não retornasse naquele dia mesmo, como estava prometendo, nunca mais se recuperaria. -Estarei aqui logo que for possível – ele prometeu, inclinando-se para a frente para beija-la no rosto. Quando Luke fez menção de se afastar, Célia o segurou. - Beije-me de verdade. - Não me atrevo. Você tem um grande poder nesses lábios, meu amor. O coração dela disparou. - Eu sou, Luke? Sou mesmo seu amor? Ele gemeu, antes de tomá-la nos braços e se apossar de sua boca com a dele. Célia agarrou-se a Luke quando, por fim, interromperam a caricia. - Não vá... – pediu angustiada. - Sabe que não quero ir, meu anjo, mas é preciso. Você mesma falou que não se pode encontrar a felicidade a custa do sofrimento alheio. Não posso, em sã consciên-cia, protelar a conversa com Isabel. Ela tem de saber que não haverá casamento. Abraçou-a forte. - Prometo que estarei de volta ao anoitecer. Ligarei se, por algum motivo, forme atrasar.- Luke, então, afastou-se. – Venha comigo até lá embaixo e anote o número de seu celular para eu levar comigo. Célia sabia que ele precisava ir mas, ainda assim, não queria que fosse. Ao v^-lo sair de casa, ainda lhe disse. - Volte depressa! Luke acenou, afastando-se com o carro. CAPITULO XI Luke não tinha certeza de qual seria a reação de Isabel ao saber que não haveria mais casamento. Sem dúvifa ficaris espantada e bastante desapontada,mas ele duvidava que a noticia conseguiria feri-la. Os pais delas, decerto, ficariam mais aborrecidos do que Isabel. Ao aproximar da residência da família, um pouco antes da uma da tarde, respirou alíviado, notando que não havia ninguém lá. Os pais de Isabel já deviam ter saído para jogar boliche no clube local, como costumavam fazer nas tardes de sábado. Seria melhor falar primeiro com sua noiva. A sós. Ligara para a casa dos Hunt durante a viagem, porque era lá que Isabel ficaria morando até o casamento, mas não a encontrou. - Ela acabou de ligar dizendo que chegaria por volta da uma hora... – Carol, a mãe de Isabel, informou-lhe quando atendeu ao telefonema de Luke. Ele, então, pensou em ligar para o celular dela, mas em seguida abandonou a idéia. Preferia dar-lhe a noticia passoalmente. Mas se arrependeu da decisão ao estacionar diante do portão. Não havia sinal do carro dela estacionado. Não era o estilo de Isabel atrasar-se, e Luke se perguntou se naquele dia o destino não estaria conspirando contra ele. Começando a se desesperar, tornou a ligar para o seu celular. Isabel não respondeu. Outra ocorrência nada normal, que não lhe deu nenhuma opção a não ser sentar e esperar. Vinte agitadíssimos munitos se passaram antes de que avistasse o automível dela pelo retrovisor. Luke respirou fundo quando ela estacionou atrás de seu carro. Detestava precisar fazer aquilo. Ambos sairam ao mesmo tempo de seus respectivos veículos. Isabel o fitou assustada. - Luke! O que está fazendo qui? Não esperava hoje. Por que não avisou que viria? Estava bonita como sempre, embora estivesse longe de sua serenidade costumeira. Seus cabelos estavam um tanto despenteados, e tinha o rosto afogueado. Luke supôs que sua entrevista com o novo fotógrafo não saira como Isabel esperava. A hora não poderia ser pior. - Tente o seu telefone celular, mas você não respondia. - Oh, eu devo ter esquecido aquela coisa irritante no estúdio... Eu o peguei para ligar para minha mãe e avisar a que horas chegaria. Que droga! Terá de ficar por lá até amanhã, pque não pretendo voltar para apanha-lo. Isabel balançou a cabeça e lançou a Luke um olhar aborrecido. - Não faz idéia de que dia terrível eu tive. O fotógrafo que contratei para o casamento sofreu um acidente. Não vai mais fazer as fotos. Marcou para mim uma entrevista com um colega que o substituirá, e que não achei nada adequado. Eficiente parece ser, mas tbm é daquele tipo de vanguarda que gosta de tudo em preto-e-branco. Eu lhe disse que não teria escolhido vestidos cor de vinho para minhas damas de honra se desejasse que os retratos fossem preto e branco. Estava sendo sarcás-tica, claro, mas o miserável me ouviu? Não! Teve o descaramento de dizer como queria que eu usasse os cabelos! Como se eu não soubesse o que fica melhor em mim. Não conheço ninguém tão esnobe quanto aquele sujeito. Luke nunca vira Isabel tão furiosa. Ele ainda não acabara de falar. - Mas o que se pode esperar de um homem que se autodenomina artista? Sabe do que falo, não é? Age como se fosse um presente dos deuses para as mulheres. E usa um brinco que tem formato de um aviãozinho. Que Deus me ajude! Quem poderá saber como ficará o nosso album de casamento? O pior, é tarde demais para sair atrás de um outro maisdecente. Chama-se Rafe Saint Vicent. Deve ser nome artistico. Ninguém batizaum filho com um nome desse. Quanta pretensão. Luke desejou que Isabel se calasse. Sentia-se pior a cada minuto que passava. Não era do feitio dela agir daquele modo. O tal Rafe Saint Vicent de fato a tirara do sério. E ali estava ele, prestes a atirar uma bomba maior sobre ela. Talvez por fim Isabel tivesse desabafado, pque de repente parou de falar e suspirou. - O que houve, Luke? Está parecendo que dormiu com essas roupas. E nem se barbeou. Nunca o vi assim! Mas, de qualquer modo, o que está fazendo aqui? Imaginei que fosse passar o fim de semana na pousada de seu pai em Pretty Point. - O advogado se enganou – preferiu dizer.- Não é uma pousada, mas uma casa de veraneio. Foi onde passei a noite. - Mas... – Isabel franziu as sombrancelhas.- Como entrou lá? Não arrombou a porta, imagino. - Não foi necessário. Havia uma mulher ali, passando o fim de semana. Ela me deixou entrar. Isabel pareceu perplexa. - E permitiu que dormisse sob o mesmo teto que ela? Luke suspirou. - É uma longa história, Isabel. Creio que é melhor entrarmos,para que eu lhe conte os fatos. Ela o fitava, alarmada. - Você está me deixando aflita... Luke pegou-a pelo braço e a impeliu a saída. Mas Isabel soltou-se e o encarou/ - Não vai mais se casar comigo, não é? Luke cerrou os lábios. Não havia por que mentir para ela. - Não. Não vou. - Ah, não... Não faça isso comigo! – em seguida Isabel enterrou o rosto entre as mãos. Pela terceira vez nas últimas vinte e quatro horas, Luke abraçou uma mulher e tentou confortá-la. - Lamento, Isabel. Do fundo do coração. - Mas por quê?! – gritou, zangada, agarrada as lapelas de seu terno. – Por quê? - Eu me apaixonei. Os olhos dela se arregalaram, chocados e ao mesmo tempo, céticos. - Está me dizendo que se apaixonou? Em mente de vinte e quatro horas? - Ninguém está mais aturdido do que eu, mas é verdade. Estou vindo direto de Pretty point para conversar com vc, para terminarmos ocompromisso. - Lembre-se de que o amor não dá garantia de felicidade a ninguém, Luke. Julguei que estivéssemos de acordo com isso. Ele engana, ilude, cega. E essa mulher por quem diz que se apaixonou tão rápido.. como sabe que é a mulher certa para vc? Como pode afirmar que não tornará sua vida miserável? Não é possível que em tão pouco tempo possa conhecer o seu verdadeiro carater. A garota pode estar fingindo ser o que não é. pode ser má, uma vigarista, fria e calculista. Até mesmo uma... criminosa. Luke se horrorizou coma extrema veemência de suas especulações. Era óbvio que alguém, alguma vez, a magoara demais. Algum canalha fingido.e embora aquela constatação o ajudava a melhor entendê-la, não stava disposto a tolerar seu repentino cinismo. - Ela não é nada disso. É uma boa pessoa, sensível e honesta. Sei disso. Isabel apenas balançava a cabeça. - Eu jamais acreditaria que pudesse ser tão ingênuo. Um homem como você! - Não sou ingênuo. Por isso pretendo ir com calma com esse novo relacionamento. Mas não posso me casar com vc, Isabel, sentindo o que sinto por Célia. Precisa entender isso. Isabel soltou suas lapelas. - Talvez eu entenda, talvez não... Não tenho tempo a perder com esse supervalorizado “estar apaixonado”. - Decerto pque você nunda tenha amado. Isabel caiu na risada. - Confesso que não sou uma expertnesse assunto, mas tudo bem. Vivento e aprendendo, como costumam dizer. Enquanto isso, Luke Freeman, vamos entrar. Creio que estou precisando de um drinque. Papai ainda deve ter um pouco daquele uísque que lhe dei de presente de aniversário. Luke franziu as sombrancelhas, entrando com ela na residência dos Hunt. - Mas você não toma uísque, - Quem disse que não? – Isabel deu os ombros, caminhando pela sala em direção ao bar.- Tomo, sim, em ocasiões especiais.- Serviu-se de uma dose.- E esta, sem dúvida, é uma dessas ocasiões. Isabel levou o copo aos lábios e tomou um longo gole de uísque. E estalou a língua. - Ah, que delícia! Luke não pôde evitar o estranhamento. Aquela não era a Isabel que conhecia e com quem estivera prestes a se casar. Era outra pessoa. Até mesmo falava diferente. - Não quer um? Luke fez que não. Isabel então, tomou maus um pouco de uísque e sentou-se em uma das poltronas de braço, as pernas dobradas e os pés sob o corpo. Afastou os cabelos loiros do rosto com uma dasmãos e levou o copo aos lábios com a outra, mais parecendo a femme fatale de um film noire. Se Luke não estivesse louco por Célia, estaria arrependido de ter desistido de se casar com aquele intrigante camaleão. A vida com Isabel poderia lhe reservar algumas surpresas com as quais não contava. - Suponho que ela seja muito bonita, essa Célia. - Eu acho. – Luke acomodou-se na poltrona perto dela. Não havia porque ficar de pé. - O que ela faz? - É fisioterapeuta. - E o que fazia na casa de veraneio de seu pai lionel a alugou? - Não. Célia é filha da amante dele – esclareceu, decidodo a contar toda a verdade. Isabel não merecia menos que isso. E- la é o quê? – baixou os pés e inclinou-se para a frente. Seu copo, já vazio, parou no ar, a meio caminho dos lábios. - Célia é filha da amante de papai. - Não! Não posso acreditar. Lionel com uma amante? Isso é impossível. Ele foi o melhor marido, melhor pai que conheci, e um dos motivod que me levou a aceitar casar-me com vc. Pque eu acreditava que seria como Lionel! - Como eu falei, é uma longa história. - E tbm fascinante, tenho certeza disso. Está parecendo que os Freeman possuem um lado obscuro que ningué, conhece. - Pode ser. - Gostaria de ter sabido disso há mais tempo – murmurou, antes de beber mais. - Por quê? - Oh, esqueça... É sí uma piada particular. De vez em quando tenho esse perverso senso de humor. Vamos lá, Luke, conte. Quero saber de todos os sórdidos detalhes dessa história. - Espero que não fique muito abismada. - Querido, vc é mesmo muito hilariante! Eu? Abismada? Confie em mim, nada do que se refere a sexo é capaz de me abalar a esse ponto. - Será que algum dia eu a conheci de verdade, Isabel? - E será que algum dia eu o conheci? Seus olhares se encontrara, e ambos sorrira. - Logo encontrará outra pessoa, Isabel – Luke afirmou com total segurança. - Eu me atrevo a dizer que sim. Mas não será igual a vc, querido. Ninguém é igual a vc. Sua Célia é uma mulher de sorte. Espero que sejam felizes juntos. - Obrigado. É muita generosidade de sua parte. Nós não pretendemos correr afoitos para o altar... Falando nisso, claro que pretendo assumir todas as despesas com seus pais tiveram com o casamanto. Enviarei um cheque a eles que deverá cobrir os gastos, e ainda aobrará. E quando a você, pretendo fazer a coisa certa. Isabel maneou a cabeça, tirando o valioso anel de noivado do dedo. - Não, Luke. Eu não ia me casar com você por dinheiro. Sei que pode ter pensado que sim, mas não é verdade. Embora me agradasse a idéia de ter por marido um homem tão bem-sucedido e estável. Queria esse tipo de segurança para meus filhos e para mim mesma. - Não aceitarei esse anel de volta, Isabel. Fique com ele. Venda-o se preferir, mas não me devolva. Ela deu de ombros e tornou a colocá-lo no dedo. - Bem se vc insiste... Mas não pretendo vendê-lo vou usa-lo sempre. É uma bela joia. Por sorte, não encontrei nenhuma aliança que me agradasse. Assim, pelo menos não precisaremos devolvê-las. Já que está aqui, aproveitarei para devolverseu cartão de crédito. - Isso pode esperar. Primeiro, quero terminar de discutir o restante de minhas obrigações com você. - Que outras obrigações pode ter comigo, Luke? - Eu lhe devo muito mais que apenas um anel. - Não, não me deve mais nada. Nós não vivíamos juntos, e não quero nada além do ressarcimento das despesas de meus pais. - Não, Isabel. Você desistiu de seu emprego para se casar. E, estando casada comigo não teria mais de preocupar com finanças pelo resto da vida. Por isso, faço questão de lhe proporcionar a segurança financeira que tanto merece. - Não, Luke, não faça isso. - Já decidi. Agora, ouça. Primeiro, quero que fique com a minha casa de Turramurra. Estarei me mudando por uns tempos para a mansão demeus pais, portanto não preciso de outra resisdência. Os móveis tbm. De qualquer modo, não caberiam em nenhum outro lugar. Vc já tem a chave, não tem? - Sim, mas... - Então, Isabel, a mansão é sua. Pedirei a Harvey que cuide para que seja passada para seu nome, e tbm que pense em algum bom investimento que lhe proporcione uma boa renda mensal vitalícia. - Mas, Luke, você pode se dar ao luxode fazer isso? - Papai era milionario, e sou seu único herdeiro. - Eu sei, mas ainda assim... - Por favor, Isabel. Digamos que estou aliviando o peso em minha consciência. Isabel pensou durante alguns instantes, e capitulou: - Está bem, Luke, eu aceito. Seria uma grande tola se não aceitasse, não? - Pode apostar. Ela esboçou um sorriso triste. - Sempre soube que vc era um vencedor. Mas preferia tê-lo como meu marido, em vez de meu benfeitor.- Não faz idéia do quanto lamento tudo isso. Não queria magoá-la, por nada no mundo. Vc é uma grande mulher, mas, no momento em que vi Célia, enlouqueci de amor por ela. - Deve ser uma garota e tanto. - É muito especial, sim, - Está bem, fale tudo. Quero saber, e não deixe nada de fora, pensando que me magoará. Não estou apaixonada por vc, portanto, não corro o risco de ser devorada pelo ciume. Isabel estava enganada. Ficou chocada, sim, sobretudo com o longo caso de amor de Jéssica e Lionel. - Ainda não consigo acreditar, Luke. Lionel não parecia ser assim. Acredita que ele possa ter amado essa mulher por tanto tempo, ou apenas um acordo sexual, por que sua mãe... bem, por causa dos problemas pessoais de Kath? - Para ser franco, eu não sei. Prefiro pensar que papai a amava. - Contudo, não tem certeza disso. E nunca terá. Tampouco aquela pobre mulher terá. Lamento muito por ela. Deve estar sentido sua vida devastada. - Sim. Tenho de confessar que continuo bastante desapontado com papai. No entanto, quem sou eu para julgá-lo? Essas últimas vinte e quatro horas me fizeram entender que somos seres humanos apenas, com milhares de falhas e defeitos. - É... sempre achamos que fariamos tudo diferente se pudessêmos voltar atrás. Mas não voltaremos. E, em minha opinião, tornariamos a cometer os mesmos erros. - A que se refere? Teria algo a ver com o fato de vc um dia ter se apaixonado pelo home errado? Ela deu risada. - Creio que é meio tarde agora para esse tipo de confidência, meu querido. Além domais, quero deixá-lo pensando em mim como sendo aquela criatura sensível que vc chegou a admirar o bastante para considerar tê-la como esposa. - Não se acha sensível? - Eu acho e era, com você. - Mas não com os outros? - Não com vários deles. Um em particular. - Entendo... Ela tornou a rir. - Não, não entende, e jamais entenderá. Agora, vou pegar o seu cartãode crédito... Isabel se foi antes que ele pudesse protestar. Luke não pôde evitar perguntar-se que mulher ela seria com outro homem. Mas Isabel estava de volta antes que pudesse concluir alguma coisa. - Presumo que agota estará voltando para sua Célia? – ela quis saber ao acompanhá-lo até o carro. - Antes, preciso passar em casa e apanhar algumas roupas. E sim, pretendo voltar para Pretty Point em seguida. - Dirija com cuidado. E, Luke? - Sim? - Obrigado pela casa e pelo dinheiro, mas vc sabe q/não precisava ter me dado nada disso. - Sei. Mas tive prazer em dar. Pedirei a Harvey que entre com a papelada na segunda-feira pela manhã. - Não há pressa. - Quanto mais cedo, melhor. Farei o cheque para seus pais quando voltar. E quanto a todos os cancelamentos que precisarão ser feitos? Acha que necessitará de ajuda? - Não. Pode deixar comigo. De qualquer modo, estou a par de tudo. Mãe acabou deixando para mim a maior parte das providências. Ela sabe como sou determinada quando quero as coisas a meu modo. Luke piscou. Ela não soava como sua Isabel cordata e acomodada. - Mas então, não a conhecia tão bem. - Por sorte, os presentes ainda não começaram a chegar... - E quanto a viagem de lua de mel? Creio que não poderá ser cancelada, nem o dinhero devolvido. Por que não dá a viagem de presente a seus pais? - Está tentando mimá-los? Não se preocupe, eles não irão matá-lo. Luke fez uma careta. - Creio que será uma boa idéia. Mamãe sempre quis viajar, enunca teve oportunidade. - Então, está decidido. Colocarei as passagens no envelope, junto com o cheque. - Está sendo muito generoso, Luke. - Estou me sentindo muito culpado. - Eu não o culparia por isso. - Pelo menos vc não precisará mais daquele tal fotógrafo. Bem, preciso ir agora. -Vá então, e tenha cuidado. - Terei. Luke a deixou com o coração menos pesado do que quando ali chegou. Graças a Deus, no fim as coisas correram bem. Algum dia Isabel se apaixonaria por alguém, e dessa vez seria correspondida. Enquanto isso, Luke cuidaria para que nada lhe faltasse. Naquele momento, tudo que Luke desejava era voltar para Célia. Logo que chegou em casa, foi direiro para oquarto. Tomou banho fez a barbae se vestiu, escolhendo roupas casuais. Colocou na sacola de viagem o que achou ser necessário para uns poucos dias, pegou as passagens de lua de mel onde as colocara e desceu para o estudio de Lionel. Suspirou ao abrir as gavetas onde sabia que encontraria o que procurava. Envelopes, papel de carta, selos.... Mexera naquelas gavetas fazia uma semana, uma terefa dolorosa, pior ainda do que remexer o guarda-roupa. Dera tudo para instituições de caridade, No entanto, os documentos pessoais de seu pai exigiam mais cuidado, e havia coisas que Luke não conseguiu jogar fora. De qualquer modto não ainda. Dez minutos depois, já havia preenchido o cheque para os Hunt e colocou-os dentro do envelope, junto com uma pequena carta de sisnceras desculpas e as passagens de avião. Endereçou o envelope, selou e fechou. Tudo o que precisaria agora era encaminha-lo. Estava para se levantar quando percebeu um envelope branco no fundo da gaveta. Cheio de curiosidade pegou-o e o abriu. Continha duas páginas escritas com a letra de lionel. Seu coração disparou. A carta que começava com: “Minha querida Jess.. Luke hesitou. Desde a infância lhe ensinaram a jamais ter correspondências alheias. Mas aquela nem sequer foi colocada no correio, e ele precisava ler seu conteúdo, para tentar descobrir que tipo de homem seu pai realmente fora. A missiva era longa. Duas páginas inteiras. Luke levou um longo tempo lendo, em seguida releu. Quando por fim ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam, cheios de lágrimas. Continuou sentado ali, piscando e pensando Papai tinha razão. Fez aquilo que deveria ter feito, e será o que eu farei. Guardou a carta dentro da sacola e se levantou. Saiu da casa em seguida, trancando a porta atrás de si. Colocou a sacola no banco traseiro do automóvel e acomodou-se atrás do volante, colocando o envelope endereçado aos pais de Isabel sobre o banco de passageiro, pretendendo colocá-lo na caixa de correio mais próxima. Mas se esqueceu do envelope logo que começou a dirigir rumo norte, desatento como estava. Fazi minutos que alcançara a estrada quando se lembrou. Gemeu, frustado. De repente, avistou a saída para Gosford. Deu de ombros. Deixaria para colocar o envelope no correio na segunda-feira, ou talvez mandasse entregar em mãos. Após decidir seguir em frente, pisou no acelerador. Todavia, o carro que passava por ele escolheu aquele exato momento para acelerar tbm e cortar sua frente para alcançar a saída. Luke girou o volante para a esquerda, pisando no freio, mas era tarde. Não pôde evitar a colisão. Nem ao menos conseguiu blasfemar antes de bater de frente nas rochas a sua espera, e tudo em volta escureceu. CAPITULO XII Célia caminhava de um lado para o outro pelo deque, os olhos pregados na estrada em frente, olhando entre as árvores, esperando ver o BMW azul deLuke chegando. Mas ele nunca chegava. Luke prometeu que estaria de volta ao anoitecer, e era quese noite. A noite caiu, e nada de Luke. Nem ao menos telefonou, para avisar do atraso. Célia desejou ter pedido o numero de seu celular. Encontrou o número do telefoneda casa de Lionel na agenda de Jéssica, deixada sob o telefone. Mas não obteve resposta. Oito horas. Nove. Dez. Célia não conseguiu comer. Nem ver televisão. Agora caminhava pela sala, indo várias vezes até a porta, abrindo-a e espiando lá fora, esperando avistar os faróis do automóvel dele. Quando deu meia noite, por fim foi forçada a admitir que Luke não voltaria. Nem naquela, nem nunca. Foi só aquele momento que se deu conta do quando amava aquele homem, pque a idéia de nunca mais tornar a vê-lo chegava a ser insuportável. Só o que sabia era que precisava v6e-lo de novo, estar com ele outra vez, custasse o que custasse. - Case-se com Isabel, se é o que deseja- disse, para a sala vazia.- Mas não me deixe... Voltepara mim! Interrompeu o que dizia, consternada com aquilo que acabava de verbalizar e pelo que estava disposta a fazer para não perder Luke. Não era melhor que sua mãe, a quem durante todos aqueles anos condenou, por ser fraca e por não ter vontade própria. Senão conseguiu aprender com os erros dela, que espécie de tola seria? Uma tola profunda e insanamente apaixonada. Começou a chorar. Chorou, chorou e chorou até o pranto secar. Por fim caiu no sono no sofá, ainda agarrada a esperança de que a qualquer momento Luke poderia chegar, que algum imprevisto o retardara. Célia acordou na manhã seguinte com alguém sacudindo-a com gentileza pelo ombro. - Luke? – ela disse antes que seu cérebro registrasse ser Jéssica a seu aldo. - Luke? – Jéssica repetiu, surpresa. – Por que achou que fosse ele? Célia fingiu estar zonza de sonho. - Desculpe-me. Eu devia estar sonhando. Jéssica a fitou, perplexa, notando sua péssima aparencia. Célia sabia que devia estar horrenda após ter chorado até adormecer. Além disso, dormira vestida. -O que está fazendo aqui, mamãe? – disfarçou, tentando distrair Jéssica. E deu certo, Jéssica parecia felicíssima ao começar a caminhar pela sala. - Não via a hora de poder voltar para cá, agora que sei qua a casa será minha. Não vim ontem por sua causa, pque sei que qeria um pouco de paz e tranquilidade neste fim de semana, mas achei que não se importaria se eu viesse. Mas só para passar uma hora ou duas, nãomais do que isso. - Veio sozinha dirigindo? - Não, Helen não permitiria. Afirma que ainda não estou pronta para dirigir, o que acjo uma tolice. Estou me sentindo muito bem agora. Triste, mas conformada. Melhorei muito após a visita que Luke me fez. Mas vc sabe como é sua tia. Sempre precavida. - Tia Helen a deixou aqui, então? – Célia levantou-se do sofá. - Sim, mas não pôde entrar. Precisava se aprontar para um almoço no clube, com John. Avistou seu carro estacionado e concluiu que vc poderia me levar de volta mais tarde. - Claro. A perspectiva de ter a mãe ali o dia inteiro não era muito animadora. Célia detestava ter de esconder seu sofrimento e agir com normalidade, quando tudo o que desejava fazer era debulhar-se em lágrimas. - Sei que ficará fora do caminho para vc – disse Jéssica, talvez percebendo a relutância da filha. - Não tem problema, mamãe. Jéssica suspirou. - Tem, sim, desde que lionel faleceu, não tenho sido outra coisa para vc e sua tia a não ser um estorvo, e me sinto culpada por isso. Mas juro que logo deixarei de ser um peso para vcs carregarem. Pretendo pegar meu automóvel e voltar para cá. Sei que a casa ainda não é minha, mas tenho certeza de que Luke não se importará, sendo tão generoso como é. Um pensamento terrível cruzou a mente de Célia, de que talvez aquela casa jamais viesse a ser de sua mãe. Luke poderia ter se arrependido a respeito de várias coisas, quem sabe nada mais quisesse com nenhuma das Gilbert, e em duas semanas estaria se casando com Isabel, como programado. Essa perspectiva a abateu sobre maneira. Luke não podia se casar com ela! - O que está havendo, Célia? Está com algum problema? - Não, não é nada. Eu... eu.. - Por favor, não tente esconder nada de mim. Sinto que há algo errado. Acha que não sei que andou chorando? Além disso, por que dormiu aqui no sofá, qdo havia uma cama lá em cima a sua disposição? Jéssica sentou-se ao lado dela no sofá e abraçou-a pelos ombros. Célia ficou tensa. - Querida... não quer conversar? Houve alguma coisa, não foi? Algo envolvendo Luke Freeman, você não diria o nome dele por nada. E me pareceu muito infeliz quando o mencionei. Está gostando dele, não é? e está triste por que ele vai se casar. - Oh, mamãe! – Célia deatou em pranto. - Meu bem... – Jéssica afastou os cabelos de seu rosto, como fazia quando ela era criança.- Sinto muito. Mas vc o conheceu só agora,Célia, como pôde impressionar-se tanto com ele? - Não brigue comigo. Você, entre todas as pessoas, devia me compreender. Foi o mesmo que aconteceu com vc e Lionel. No momento em que Luke me tomou nos braços, não consegui mais raciocinar. - E por quê, Deus do céu, ele precisou tomá-la nos braços?- Jéssica não gostou do que ouviu. - Porque eu estava chorando. - Chorando? Mas, por quê? - Por causa de vc e Lionel. Nós nos confortamos um ao outro e acabamos indo para a cama, e foi... fantástico! Foi por isso que vc permitia q/Lionel voltasse para sua cama quando ele bem desejasse, pque não conseguiria viver sem o modo como se sentia quando estavam juntos. Bem, não posso mais viver sem o modo como me sinto quando estou c/Luke. O problema é que pensei, estúpida que sou, que ele tbm não conseguisse viver sem mim, mamãe, Luke prometeu que cancelaria o casamento com Isabel e voltaria para mim. Mas não voltou! Foi para Sydyney, para falar com ela, mas parece que mudou de idéia. E eu não quero continuar vivendo... Deve saber como isso doi, mãe. As palavras de Célia permanaceram no ar, desafiadoras. - Sim, sei muito bem, filha. E eu pensando que Luke fosse tão maravilhoso, um verdadeiro cavalheiro! Homens! São todos iguais. Sobretudo os bonitos. Julgam quepodem tudo. O problema é que, em geral, podem mesmo. - Acreditei que ele me amava de verdade.- Célia soluçou e atirou-se nos braços maternos. - Tbm julguei que Lionel me amava, mas me enganei, caso contrário, teria deixado Kath por mi, assim como seu Luke teria deixado Isabel por você. Mas ele não fez isso, não é? voltou para ela, como eles sempre fazem. A campanhia tocou, e as duas viraram a cabeça para aquela direção, e emseguida uma para a outra. - Você acha... será que pode ser ele? – O coração de Célia disparou - Não sei. Vamos ver quem é. Célia correu para atender. Era um policial, e tinha uma expressão séria. “Luke! Alguma coisa aconteceu com ele!” - Sra. Jéssica Gilbert? Célia quase desmaiou de alívio. Não era ela que procuravam. Não vieram dizer que Luke estava morto. - Eu sou Jéssica Gilbert – a mãe interveio.- Esta é minha filha. Célia. Qual o problema, oficial? - Estão tentando entrar em contato com a senhora, no Gosford Hospital, mas não têm nem seu endereço, nem o número de telefone. Pediram ajuda a policia, e chegamos aquia através de sua carteira de motorista. O policial tirou do bolso da jaqueta um bloco de anotações e o consultou, antes de continuar. - Parece que, na noite passada, um amigo da sra., o sr. Luke Freeman, sofreu um acidente automobilistico... Célia desatou a chorar, agarrando-se a mãe. O policial a fitou con ternura. - Ele está vivo, senhorita. Embora no momento esteja inconsiente, pois encontra-se na UTI. “Luke, Luke, estava voltando para mim! Eu não devia ter dividado de você!” Preciso ir, mamãe. Agora mesmo. - Eu a levarei. Você não está em condições de dirigir... - Mas eu... - É melhor fazer o que sua mãe sugeriu, moça. - Eu agradeço, mamãe. Tenho que ir ao banheiro. Enquanto iso, por favor, pegue minha bolsa. As duas agradeceram ao oficial, e em meia hora depois, chegaram ao Gosford Hospital. No ano anterior, Célia trabalhara ali durante um certo período. Por isso, sabia onde se localizava a área de tratamento intensivo. Na hora em que aproximaram da mesa de recepção, a tensão de Célia havia aumentado. A enfermeira era-lhe estranha, e tinha a mesma sensibilidade de um urso com dor de dente. - Não, o sr. Freeman não está morto, nem morrendo. Sofreu uma séria concussão cerebral, tem algumas costelas quebradas e alguns ferimentos, sem gravidade, na mão direita. - Posso vê-lo? A enfermeira estreitou os lábios e franziu as sombrancelhas. - Vocês são parentes? - Minha filha é a namorada dele – Jéssica informou. - Outra namorada!? -Ela deve estar se referindo a Isabel, mamãe. - Sim, esse é o nome dela – confirmou enfermeira.- Isabel. O coração de Célia se encheu de tristeza. Talvez Luke não estivesse voltando para ela, mas sim fosse lhe dizer que mudara de idéiae, em duas semanas estaria se casando com Isabel. - Célia? – uma vez suave e feminina chamou, a suas costas. –É vc, não é? Célia se virou devagar, temendo aquilo que viria ver. E teve razão em temer. Isabel era dona de uma beleza estonteante e ao mesmo tempo angelical. Cabelos loiros e pela rosada. Estava muiro bem maquilada e bem vestida, com calça comprida de linho bege e camisa de seda azul, que combinava como a cor de seus olhos grandes e luminosso. Célia ainda usava a calça de brim desbotada e a blusa branca de trico que vestira na noite anterior, quando a brisa vinda dolado esfriou. Não usava pintura , e a cabeleira rebelse caia-lhe pelos ombros. - Ainda bem que a policia a encontrou – Isabel disse. - Eu estava na casa de minha mãe... Ela me trouxe aqui. – Célia tentava não parecer abalada com a surpreendente beleza de Isabel. - Célia não tinha condições de dirigir. - Claro – Isabel concordou com Jéssica, e Célia não pôde notar nenhuma insinuação de sarcasmo nela. Portanto, o que estaria acontecendo ali? Só havia um meio de descobrir: pergunando. - Já que vc sabe meu nome, presumo que Luke deva ter lhe falado a meu respeito. - Sem dúvida. Ele foi muito franco. Explicou como se apaixonou por vc, e que, nas circunstâncias, não poderia mais se casar comigo. Na hora, confesso que me senti muito mal, mas tive algum tempo para pensar sobre tudo, e creio que ele agiu certo cancelando o compromisso. Teria sido um desastre, de ambos os lados. - Então, você... não ficou aborrecida? Isabel esboçou um estranho sorriso. - Não diria isso. Mas sou do tipo realista. É a vc que Luke ama, não a mim. Acredite, se neste momento ele estivesse consciênte, era por vc que estaria chamando,não por mim. Fui chamada por engano. Pelo que entendi, havia uma carta sobre o banco de passageiros do BMW de Luke, e o policial que atendeu a ocorrência o pegou. Era para meus pais, e tinha nosso endereço. Eles me telefonaram e eu atendi, logo que cheguei,entreguei a tarefa de encontrá-la a administação do hospital. Mas, como sabia apenas seu primeiro nome, precisei ligar para Harvey, o advogado de Luke, que me deu sobrenome. Presumo que vc seja Jéssica, a mãe de Célia. Jéssica assentiu. - Foi o que imaginei. Vocês se parecem muito. E, antes que me pergunte, sim, Luke me contou tudo sobre você e Lionel. - Tudo? – Jéssica ficou atôtita. - Bem, quase tudo. Para ser sincera, eu não sabia que Lionel era tão romantico. Nem que Luke tbm fosse. Está me parecendo que os Freeman perdem a cabeça quando se trata de garotas estonteantes e com maravilhosso olhos verdes. Célia estava atônita com o eneroso cumprimento de Isabel, a quem ela considerava ser a pessoa mais bela que já vira. - Eu... quero que saiba, Isabel, que não pretendia roubar Luke de vc. Apenas... aconteceu. Isabel deu palmadinhas afetuosas em seu braço. - Entendo bem o que aconteceu, mais do que possa imaginar. Bem, creio que é melhor eu ir agora. Luke recuperará a consciência em seu devido tempo. Aquele é seu leito, no canto da ala. Não se assute com os hematomas. O médico assegurou que são apenas superficiais. - Estou acostumada a hematomas, Isabel. - Ah, sim, vc é fisioterapeuta, certo? - Sou. Pelo visto, Luke esteve falando bastante a meu respeito. - É verdade... Ficará aqui hoje e cuidará dele? – Isabel quis saber. - Lógico! – Célia prometeu.- Isabel? - Sim? - Lamento muito. Você tem sido bastante compreensiva com tudo o que está acontecendo. Mas sei que por dentro deve estar se sentindo mal. - Nem tanto, agora que me acostumei a ideia. Não estavamos apaixonados. Éramos apenas compatíveis. Eu julgava ser suficiênte, mas ficou provado que não era. Célia alardeara que não ficaria impressionada com os hematomas no rosto de Luke, mas ficou, com eles e sua palidez. Seu coração se apertou ao vê-lo ali imóvel, desamparado. Desejou poder abraça-lo forte, mas claro que seria estupidez, além doloroso para alguém com as costelas quebradas. Com todo o cuidado, puxou uma cadeira e sentou-se perto do leito. Jéssica fez o mesmo. - Ele está com uma aparência terrível –Jéssica fez acoar os pensamentos de Célia. - E me sinto terrível.- Luke gemeu, abrindo os olhos devagar. Quando seus olhares se encontraram, ele tentou sorrir. - Você me encontrou... Célia pegou sua mão e levou-a a própria face. - Seu tolo... Só espero que não tenha corrido demais. - Não. Deve ter ficado preocupada quando não apareci, na noite passada. Célia o fitou, sorridente. - Preocupada? Quase morri de desespero. - Pobre Célia.... - Ela estava em estado de choque esta manhã – Jéssica interveio.- Quando o policial bateu a porta, minha filha quase sofreu um colapso. - Não exagere, mamãe. - Foi por pouco – murmurou Jéssica. Luke levou os dedos dela aos lábios e a beijou. - Você vai se casar comigo, não vai? Célia o fitou. - Espere ai – Jéssica tornou a interferir.- Vocês se conhecem faz questão de horas! É um pouco cedo ainda para tomarem uma descisão tão séria, não acham? - Que ironia ser justo vc entre todos, Jéssica, a nos dizer isso. - O que está tentando dizer? Luke tentou erguer-se, mas fez uma careta de dor e tornou a cair de volta nos travesseiros. - Veja aqui na cama, Célia. Consegue avistar uma sacola em algum lugar? É preta, esporte. Estava sob a cama, em um compartilhamento reservado para os objetos pessoais dos pacientes, e os acompanhava sempre que a cama era levada de uma enfermaria a outra. Célia a apanhou. - Aqui está. - Abra-a, por favor. Logo em cima, você encontrará alguns papéis dobrados. - Sim, aqui estão. - Dê para sua mãe. Ela precisa ler. Célia arquou as sombrancelhas e obedeceu. - Espero que isso a tranquilize, Jéssica. Em mais de uma maneira. CAPITULO XIII “Minha querida Jess.” era assim que a carta começava. Jéssica os fitou o coração em disparada. - Onde você encontrou isso, Luke? - Em uma gaveta secreta, na escrivaninha de meu pai. Mas leia-, Jéssica. Os olhos dela retornaram ao papel que segurava com as mãos trêmulas. O tremor daquilo que poderia descobrir fazia-a sofrer. Contudo, nada daquilo que poderia descobrir fazia-a sofrer. Contudo, nada neste mundo a impediria de ler aquela carta de amor. “Estranho pensar que em todos esses anos eu nunca lhe escrevi uma linha sequer. Não, não estranho: triste. Além de imperdoável, meu amor. Deus, eu me arrependo tanto! Devia ter deixado Kath quando a conheci. Desde a primeira noite, sabia que você era amulher certa para mim. Mas fui covarde. Não tolerava sequer imaginar decepcionar meu filho, que Luke passasse a me odiar, como odiei meu pai. Ainda assim, isso não é desculpa. E agora... é tarde. Kath morreria se nos divorciássemos agora. Devemos continuar como sempre foi. Tive um sonho há duas noites, no qual eu morria de repente. E isso tem me incomodado. Estive tratando dos papéis para passar a casa de Pretty Point para seu nome. Devia ter feito isso antes, mas vc nunca aceitou que eu lhe desse nada. tão independente a minha adorável Jess... Minha corajosa e linda Jess. Ah, se eu pudesse voltar no tempo! Entretanto, não posso. Contudo, se fosse possível, jamais sairia de seu lado, a partir daquela primeira noite. Tbm seria valoroso, se houvesse uma segunda chance. Não teria desperdiçado um só ,imuto dessa dádiva preciosa de amor com que Deus nos abençoou. Não são muitas pessoas que amam como nós nos amamos, durante todos esses anos. Com o corpo, a alma e a mente. Na realidade, meu amor, nós nos tornamos apenas um, mesmo estando separados. Penso em vc todas as manhãs ao acordar, e todas as noites antes de dormir. Para ser franco, não entendo por que estou escrevendo tudo isso, como já estivessemos no passado. Deve ser por causa daquele sonho idiota, suponho. Mas ele me deixou com uma estranha sensação de premonição. É por isso que estou colocando meus sentimentos no papel, para o caso de o destino nos separar e eu não tera chance de tornar a abraça-la e dizer o quanto te amo. Tenho dito isso ultimamente, meu amor? Tenho lhe proporcionado alguma felicidade, além de sofrimento? Preciso terminar aqui e ir para esse horrível jantar dançante. Preferia estar ai com vc, sentado no deque e tomando um vinho juntos. Qual será o motivo de, de uma hora para outra, eu me sentir tão triste? Contei que Luke vai se casar? Ainda não estou muito seguro quanto a ele e aquela moça. São meio frios quendo estão juntos, e nunca discutem. E jamais os vi abraçados, ou se beijando, e isso me preocupa. Lembra como éramos no início, naqueles primerios e tempestuosos meses? Sempre brigando... e depois fazendo as pazes na cama. Que paixão partilhamos, querida! Que magia! Do tipo que só acontece uma vez na vida, e para alguns privilegiados tão-só. Se eu tivesse me dado conta disso antes... Bem. Paciência, não é? no entanto, pelo emenos posso dizer o quanto valorizo tudo o que tivemos juntos. Jamais se esqueça de mim, Jess, porque eu jamais a esquecerei ou deixarei de te amar, não importa o que aconteça. E, por favor, me perdoe. Estou certo de que em breve tornaremos anos ver, mas até lá pretendo colocar essa carta no correio amanhã cedo. Com todo o amor Lionel.” Jéssica tocou a assinatura com as pontas dos dedos, as lágrimas rolando-lhe pelas faces e indo molhar o papel. Luke sabia muito bem como a mãe de Célia devia estar se sentindo naquele momento. Ele tbm ficou mais do que comovido com as palavras de seu pai. E aliviado ao saber que amara aquela mulher, mas tbm se importava com Kath, cuidava para não des-truir sua confiança nele, o único homem que acreditou amá-la. Aquela mensagem também mexera com Luke. Agora sabia que não havia como ele e Célia acabarem como Lionel e Jéssica. - Você tem razão em não querer esperar para se casar com minha filha, Luke. Faça isso. E logo. Célia achou graça. - Eu me casarei, não se preocupe, Jéssica. Se ela me aceitar como marido.- olhou para Célia.- O que me diz, querida? Aceita casar comigo? Célia estava emocionada, mas respondeu com firmeza: - Evidente que aceito. - Há uma cafeteria lá embaixo. Vou descer e tomar um café. Aproveitarei para tornar a ler a carte de Lionel, sozinha, se vcs não se importarem. - Fique a vontade, Jéssica. Célia suspirou após a mãe ter saido. - Conte logo o que Lionel escreveu ali ou morerrei de curiosidade. Quando Luke resumiu-lhe o conteúdo, Célia comoveu-se ainda mais. - Foi muito bom você ter encontrado aquela mensagem, querido. Mamãe tem estado tão triste, julgando que seu pai nunca amou de verdade... - Eu sei. Também me sinto melhor agora, sabendo que ele a amou. - É uma história muito triste... Pena eles nunca terem se casado. Sei que mamãe sonhava em ter um filho de Lionel. - Nós não cometeremos o mesmo erro, anjinho. Vamos nos casar assim que os médicos me derem alta. - O casamento poderá esperar. Nada nos impede de vivermos juntos, logo que vc se sentir bem o suficiente para deixar o hospital. Luke sorriu. -É mesmo. Por que não pensei nisso antes? Onde? -Onde o que? -Onde moraremos? - Bem, eu moro em um excelente flat, bem perto da clinica onde trabalho. Lá posso contar com o essencial. Geladeira, televisão. Uma boa cama... - Perfeito. - E quanto a seu trabalho em Sydney? - Meu contrato com a empresa está no fim, e não pretendo renová-lo. - Só isso? - Só. Célia riu. - Adoro homens decidos. - E quando tivermos filhos? Quero mais de um creio que quatro seria perfeito. Ela deu uma garganhada. - Podemos fechar em três, querido, o que acha? -Tudo bem. Mas, se aparecer mais um, o que poderemos fazer? - Todavia, não no primeiro ano – Célia fez questão de avisar.- Quero vc só para mim drante algum tempo. - Com uma condição. - E qual seria, sr. Freeman? - Você vai tomar pilula. Não quero mais saber de preservativos. - Combinado. - Que tal me dar um beijo? Seus lábios se tocaram de leve, com muita doçura. - Eu te amo, Célia. - Também te amo, querido. - Venha aqui, bem perto de mim. Célia inclinou-se sobre o leito e cerrou as pálpebras ao encostar o rosto no dele. Seria assim para sempre.Acordaria ao lado dele, todas as manhãs, pelo resto de seus dias. - Sei que as pessoas dirão que estamos sendo apressados. Eu tbm pensava assim, até ler a carta que papai escreveu para sua mãe. Quem poderá saber o que o futuro nos reserva? Decidi então voltar para vc e fazer com que se casasse comigo. - Fazer com que eu me casasse com você? - Perdão. Pedir que se casasse comigo. - Agora está melhor, embora, na verdade,eu goste quando vc me força. Em especial na cama... - Tentarei não me esquecer disso, na próxima vez. EPILOGO Luke quase pulou da cama de massagem. - Mas o que é isso, Célia? – ele se queixou, tornando a se deitar.- Está tratando de mim, ou me matando? Se sua mãe usasse esse tipo de massagem com meu pai, a história poderia ter sido diferente. - Mamãe fazia outro tipo de massagem em Lionel. Não estou tentando relaxá-lo, mas curá-lo. - Estou curado. Não estive perfeito ne noite passada? - Chega de brincadeira. Agora, pare de falar e aguente. Luke suspirou. Deixara o hospital fazia uma semana, e sabia que Célia estava fazedno o melhor por ele. Entretanto quando aqueles dedos fortes começaram a trabalhar os músculos d sua coxa direita, quase subiu pelas paredes. - Por falar em massagem... – Célia acrescentou, dedicando-se ao calcanhar.- ... dentro de alguns dias Beatriz estará retornando da licença-maternidade, e não quero continuar trabalhando aqui na clínica.no entanto, desistindo do trabalho, estarei desistindo do flat. Receio que tenhamos de encontrar outro lugar para morar. Desculpe-me. - Não precisa se desculpar. O que acha de morar comigo em Sydney? Podemos ficar na mansão de meus pais até ser vendida. -Pretende mesmo vendê-la, Luke? Pelo que disse, a casa deve ser encantadora. - Sim, é, mas acho que devemos ter um lugar só nosso, algo que desenharemos e construiremos junto. - Ah, adoraria poder fazer isso! - Então, mãos a obra! Célia ficou radiante. - Está falando sério? -Evidente que sim... podemos construi-la em qualquer lugar, não necessariamente em Sydney. Estive pensando em comprar um terreno perto do lago. Farei a planta e depois, quando vc aprovar, começaremos a construção. E, enquanto o lar de nossos sonhos estiver sendo erguido, viajaremos para o exterior de lua de mel. Não disse que me queria ineirinho s;ó para você, durante um ano? - Disse. - Sendo assim, estaremos unindo o útil ao agradável, pque precisarei de um ano para mostrar-lhe os lugares que mais gostei de conhecer. Já viajou para fora do país? - Nunca. - Ótimo! Iremos a londres, a Paris, Roma e Nova York. Garanto que irá adorar Nova york. E tbm há o Taiti. - Começaremos a viagem por lá, pelo Taiti. - Célia suspirou. -Parece sensacional... Luke virou-se na cama e fitou-a - Meu amor, não quer parar por aqui e me fazer outro tipo de massagem? O que você tem em mente? Ele tomou-lhe as mãos. - Faça comigo o que bem desejar.- Luke exalou um suspiro e se entregou as carícias dela. - É o que pretendo fazer... Ele cerrou as pálpebras, delirando, enquanto a mulher que anto amava o conduzia ao paraíso. Fim Digitalizado por Leila