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Aula 22 Direito Constitucional Aula 02

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA O STJ 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 2 – Direitos e Garantias Fundamentais – Parte 1 
Bom dia! 
Gostaria de iniciar esta aula pedindo desculpas pela aula passada. Apesar de o 
nosso curso ser de questões comentadas, acabei encaminhando uma aula de 
teoria e exercícios, não obstante ela tivesse muitas questões comentadas 
também. 
Na verdade, foi uma falha de comunicação minha com o pessoal do Ponto na 
definição dos conteúdos. De qualquer forma, a partir de agora, isso não mais 
ocorrerá. A propósito, ao final desta aula, você encontrará a lista das questões 
apresentadas na aula 1, acompanhada dos gabaritos. Para facilitar a distinção 
e não haver confusão entre as questões, eu numerei as questões da última 
aula a partir do número 201 (como vocês verão ao final). Certo, então? Ok! 
Vamos em frente. 
Hoje, vamos falar sobre os direitos e garantias fundamentais. Aliás, hoje 
eu começo esse assunto, terminando somente na próxima aula, tamanha a 
quantidade de detalhes (textuais, doutrinários e jurisprudenciais) envolvidos. 
Então eu proponho o seguinte. Hoje, resolveremos aquelas questões mais 
teóricas (relacionadas à parte denominada “Teoria Geral dos Direitos e 
Garantias Fundamentais”). Adicionalmente, resolveremos algumas questões 
sobre os direitos e deveres individuais e coletivos (previstos no art. 5° da 
CF/88). 
Na próxima aula, eu continuo com os direitos e deveres individuais e coletivos 
(previstos no art. 5° da CF/88) e resolverei ainda questões sobre direitos 
políticos e partidos políticos – cobrindo todo o edital do STJ no que diz respeito 
aos “direitos e garantias fundamentais”. Estamos combinados? 
Estamos. Então, boa aula! 
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos 
Antes de começar, deixe-me mencionar alguns pontos fundamentais de serem 
conhecidos para a resolução de questões teóricas sobre o nosso tema de hoje. 
Quando se fala em direitos e garantias fundamentais, você deve se lembrar 
dos seguintes aspectos: 
I) os direitos e garantias originam-se a partir da necessidade de proteger o 
indivíduo frente ao Estado. 
II) 1ª. Dimensão – Foco na liberdade (direitos negativos, que exigem 
abstenção estatal); 
2ª. Dimensão – Foco na igualdade (direitos de natureza positiva, exigindo do 
Estado uma atuação com vistas a garantir direitos sociais, culturais e 
econômicos); 
3ª. Dimensão – Foco na fraternidade (direitos de índole coletiva e difusa, como 
o direito ao meio ambiente, à paz, ao progresso etc.); 
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III) se inicialmente os direitos fundamentais surgem tendo como titulares as 
pessoas naturais, hoje já se reconhece direitos fundamentais em favor das 
pessoas jurídicas ou mesmo em favor do estado; 
IV) embora originalmente visassem regular a relação indivíduo-estado 
(relações verticais), atualmente os direitos fundamentais devem ser 
respeitados mesmo nas relações privadas, entre os próprios indivíduos; 
V) não há direito fundamental de caráter absoluto, já que eles encontram 
limites nos demais direitos previstos na Constituição e restrições estabelecidas 
pela Constituição e em leis infraconstitucionais; 
VI) na CF/88, os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados nos arts. 
5º a 17 (“catálogo dos direitos fundamentais”). Todavia, nem todos os direitos 
e garantias fundamentais estão enumerados nesse catálogo próprio; e 
VII) as normas que consagram os direitos e garantias fundamentais têm, em 
regra, aplicação imediata (CF, art. 5º, § 1º). Entretanto, há exceções: direitos 
fundamentais consagrados em normas de eficácia limitada (dependentes de 
regulamentação). 
Agora, resta a você resolver os diversos exercícios propostos e acompanhar 
com sua Constituição ao lado, pois (guarde esta dica), a maior parte das 
questões sobre direitos e garantias fundamentais você acerta apenas com o 
texto literal da Constituição. 
1) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/2009) Os direitos de primeira 
geração ou dimensão (direitos civis e políticos) — que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da 
igualdade; os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e 
culturais) — que se identificam com as liberdades positivas, reais ou 
concretas — acentuam o princípio da liberdade; os direitos de terceira 
geração — que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais — consagram o princípio da 
solidariedade. 
Ao estudar direitos e garantias fundamentais, você deve ter em mente que 
eles surgem a partir da necessidade de se garantir uma esfera irredutível de 
liberdades aos indivíduos em geral frente ao Poder estatal. 
Então, a primeira geração de direitos vai trazer para o indivíduo direitos 
negativos, que o protegem contra a atuação do Estado. São exemplos os 
direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão dentre 
outros. 
Somente no século XX, com o surgimento do Estado Social, passa-se a exigir 
uma atitude comissiva do Estado em favor do bem-estar do indivíduo. 
Com isso, podemos classificar os direitos fundamentais em três dimensões (ou 
gerações). 
Na primeira geração, consolidada no final do séc. XVIII, temos os direitos 
ligados aos ideais do Estado liberal, de natureza negativa, com foco na 
liberdade individual frente ao Estado (direitos civis e políticos). 
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Na segunda dimensão, surgida no início do séc. XX, temos os direitos ligados 
aos ideais do Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre 
os homens (direitos sociais, culturais e econômicos). 
Portanto, está há um erro na questão que inverteu os conceitos. 
Há ainda a terceira dimensão, também reconhecida no séc. XX, em que temos 
os direitos de índole coletiva e difusa (pertencentes a um grupo indeterminável 
de pessoas), com foco na fraternidade entre os povos (direito ao meio 
ambiente, à paz, ao progresso etc.). 
Item errado. 
2) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Os direitos e as garantias 
fundamentais consagrados constitucionalmente não são ilimitados, uma 
vez que encontram seus limites nos demais direitos igualmente 
consagrados na mesma Carta Magna. 
De fato, os direitos fundamentais não são absolutos, pois encontram limites 
em outros direitos. É o caso, por exemplo, de uma revista que queira divulgar 
para o público uma notícia que esbarra no direito à intimidade de uma pessoa 
pública. Nessa hipótese, temos um conflito entre a liberdade de expressão e 
inviolabilidade da intimidade e da imagem do indivíduo, dois direitos 
fundamentais expressamente previstos no art. 5° da CF/88. 
Diante disso, o caso concreto dirá qual direito prevalecerá naquela situação em 
particular. 
Cabe comentar ainda que, nas situações excepcionais de estado de defesa e 
estado de sítio, são admitidas diversas restrições e até mesmo suspensões de 
alguns direitos e garantias fundamentais. 
Item certo. 
3) (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) Os direitos fundamentais considerados 
de primeira geração compreendem as liberdades clássicas, negativas ou 
formais. 
Os direitos fundamentais de primeira geração enfocam as liberdades clássicas 
ou formais do indivíduo, de natureza negativa. Ou seja, exige-se um não-fazer 
do Estado, com vistas a garantir a liberdade do indivíduo. 
Hoje parece ser difícil de compreender essa história de liberdades negativas, 
pois já nos acostumamos com a existência de regras para o Estado. Todavia, 
até o surgimento desses direitos fundamentais de primeira geração (direitos de 
índoleindividual), o Estado podia fazer quase tudo, não havia regras – isso 
inclui a cobrança de tributos desarrazoados; a inexistência do direito de 
propriedade; a entrada de agentes na casa dos cidadãos sem o seu 
consentimento; a prisão de qualquer pessoa sem que lhe fosse dada a 
oportunidade de se defender etc. 
Então, os direitos fundamentais surgem exigindo do Estado um não-fazer, uma 
abstenção, com vistas a preservar as liberdades mais básicas do indivíduo. 
Item certo. 
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4) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) As violações a direitos fundamentais 
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, 
inexistindo nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de 
direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela CF 
vinculam diretamente os poderes públicos, estando direcionados apenas 
de forma indireta à proteção dos particulares em face dos poderes 
privados. 
Originalmente, os direitos fundamentais visavam regular a relação indivíduo-
estado (relações verticais), uma vez que tinham por objetivo proteger o 
indivíduo frente ao Poder estatal. 
Modernamente, os direitos fundamentais vinculam não só as relações 
indivíduo-Estado, mas também as relações privadas (“negócios privados”), 
tanto entre pessoas físicas quanto entre pessoas jurídicas privadas. Por 
exemplo, um conflito envolvendo o direito de resposta proporcional ao agravo, 
no caso de dano material, moral ou à imagem (CF, art. 5°, V) pode envolver 
duas pessoas físicas, ou duas pessoas jurídicas, ou uma pessoa jurídica e uma 
pessoa física. 
Item errado. 
5) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/AM/2008) Embora o 
art. 5.º da CF disponha de forma minuciosa sobre os direitos e as 
garantias fundamentais, ele não é exaustivo e não exclui outros direitos. 
Aproveitando essa assertiva, vale a pena revisarmos como a Constituição 
Federal de 1988 disciplinou os direitos e garantias fundamentais. 
Os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados no Título II (arts. 5º a 
17), por isso denominado “catálogo dos direitos fundamentais”. Nesse Título II, 
os direitos e garantias fundamentais foram divididos em cinco grupos, a saber: 
a) direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º); 
b) direitos sociais (arts. 6º a 11); 
c) direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13); 
d) direitos políticos (arts. 14 a 16); 
e) direitos de existência dos partidos políticos (art. 17). 
Mas, nem todos os direitos e garantias fundamentais presentes na nossa 
Constituição estão enumerados nesse catálogo próprio. Há, também, diversos 
direitos fundamentais presentes em outros dispositivos da nossa Constituição, 
que são, por esse motivo, denominados “direitos fundamentais não-
catalogados” (fora do catálogo próprio). O direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, por exemplo, é um direito fundamental de terceira 
geração não-catalogado, pois está previsto no art. 225 da Constituição Federal. 
Nesse sentido, o constituinte foi expresso (CF, art. 5º, § 2º): 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” 
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É bom lembrar ainda que a enumeração constitucional dos direitos e garantias 
fundamentais não é limitativa, taxativa, haja vista que outros poderão ser 
reconhecidos ulteriormente, seja por meio de futuras emendas constitucionais 
(EC) ou mesmo mediante normas infraconstitucionais, como os tratados e 
convenções internacionais celebrados pelo Brasil (CF, art. 5º, § 2º). 
Item certo. 
6) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) Atualmente, não se reconhece a 
presença de direitos absolutos, mesmo que se trate de direitos 
fundamentais previstos na CF e em textos de tratados e convenções 
internacionais em matéria de direitos humanos. Os critérios e métodos da 
razoabilidade e da proporcionalidade se afiguram fundamentais nesse 
contexto, de modo a não permitir que haja prevalência de determinado 
direito ou interesse sobre outro de igual ou maior estatura jurídico 
valorativa. 
Ótima oportunidade para você fixar algo bastante cobrado: não existem 
direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. Afinal, qualquer 
direito fundamental encontra limites em outros direitos fundamentais previstos 
na Constituição. A título de exemplos, podemos considerar que a garantia da 
inviolabilidade das correspondências não será oponível ante a prática de 
atividades ilícitas; a liberdade de pensamento não permite que o racismo – e 
assim por diante. 
É sempre bom lembrar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, uma vez 
que a Constituição admite a pena de morte em caso de guerra declarada (CF, 
art. 5°, XLVII, “a”). 
Diante disso, não podemos considerar que haja um direito fundamental que 
sempre irá prevalecer, em qualquer situação. 
E serão vários os conflitos entre direitos fundamentais. É que no caso concreto 
poderá haver colisão entre diversos direitos (por exemplo, liberdade de 
comunicações x inviolabilidade da intimidade). Nessa hipótese, o intérprete 
deverá então realizar uma harmonização entre esses direitos em conflito, 
considerando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Afinal, não 
existe hierarquia e subordinação entre eles, sendo necessário evitar o sacrifício 
total de um perante o outro. É dizer que, conforme as peculiaridades da 
ocasião, prevalecerá um direito, prevalecendo o outro numa nova situação. 
Item certo. 
7) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/2009) Considere que o estrangeiro 
Paul, estando de passagem pelo Brasil, tenha sido preso e pretenda 
ingressar com habeas corpus, visando questionar a legalidade da sua 
prisão. Nesse caso, conforme precedente do STF, mesmo sendo 
estrangeiro não residente no Brasil, Paul poderá valer-se dessa garantia 
constitucional. 
Embora o caput do art. 5º da Constituição diga textualmente que os direitos e 
garantias fundamentais são garantidos aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país, a jurisprudência entendeu de forma diversa. 
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A expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida como 
“estrangeiros sob as leis brasileiras”. Ou seja, aplica-se a estrangeiros 
residentes ou não-residentes, enquanto estiverem sob o manto do nosso 
ordenamento jurídico. 
Evidentemente, não é que todos os direitos são destinados a estrangeiros. Mas 
no caso dessa questão, Paul poderia sim interpor habeas corpus. Na próxima 
aula, trataremos dos remédios constitucionais. De qualquer forma, fica a dica: 
a legitimação ativa do Habeas Corpus é a mais ampla possível (incluindo 
os estrangeiros), devido ao bem jurídico protegido – a liberdade de locomoção. 
Item certo. 
8) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O direito fundamental à vida é 
hierarquicamente superior a todos os demais direitos humanos, estejam 
eles previstos na CF ou na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Não há hierarquia entre direitos fundamentais, o que implica afirmar que não 
haverá direitos que sempre prevalecerão sobre outros em qualquer situação. 
Aliás, o próprio direito à vida sofre restrição autorizada na CF. É o caso da 
autorização para pena de morte no caso de guerra declarada (CF, art. 5°, 
XLVII, “a”). 
Item errado. 
9) (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) O direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado direito 
fundamental deterceira geração. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF, art. 225) constitui 
típico direito de terceira dimensão. 
Essa dimensão (ou geração) engloba os direitos de índole coletiva e difusa, 
ligados ao ideal de fraternidade. 
Item certo. 
10) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) A garantia ao direito de 
herança é um direito fundamental, que não pode ser restringido pela 
legislação infraconstitucional. 
Não existem direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. 
Portanto, assim como outros direitos, a garantia ao direito à herança pode ser 
restringida por norma infraconstitucional, desde que na imposição das 
restrições seja preservado o núcleo essencial dessa garantia e observado o 
postulado da razoabilidade. 
Item errado. 
11) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) De acordo com o posicionamento 
majoritário na doutrina, os direitos sociais integram os denominados 
direitos fundamentais de segunda geração. 
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Os direitos sociais integram a segunda dimensão (ou geração) dos direitos 
fundamentais, que se caracterizam por exigir do Estado prestações positivas 
em respeito ao princípio da igualdade. 
Significa dizer que, garantida a liberdade do indivíduo por meio dos direitos 
individuais (1ª geração), observou-se que isso não bastava para a sociedade. 
Então, naquele momento, o povo passa a exigir uma atuação estatal, 
prestações positivas com vistas a garantir melhores condições de vida a todos 
indiscriminadamente. Daí surgem os direitos sociais (sáude, educação, etc.). 
Item certo. 
12) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) Segundo a CF, as 
normas constitucionais que prescrevem direitos e garantias fundamentais 
têm eficácia contida e dependem de regulamentação. 
Segundo a Constituição, as normas que consagram os direitos e garantias 
fundamentais têm, em regra, aplicação imediata (CF, art. 5º, § 1º), não 
dependendo de regulamentação para a produção de seus efeitos 
essenciais. 
Cabe destacar, todavia, que isso não vale para qualquer direito fundamental, 
uma vez que existem diversos (especialmente, os sociais) consagrados em 
normas de eficácia limitada (dependentes de regulamentação). 
Item errado. 
13) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/AM/2008) Embora o 
art. 5.º da CF disponha de forma minuciosa sobre os direitos e as 
garantias fundamentais, ele não é exaustivo e não exclui outros direitos. 
Nem todos os direitos e garantias fundamentais presentes na nossa 
Constituição estão enumerados no catálogo próprio. Há diversos direitos 
fundamentais presentes em outros dispositivos da nossa Constituição (direitos 
fundamentais não-catalogados). 
Item certo. 
14) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os direitos 
sociais contemplados na CF, pela sua natureza, só podem ser classificados 
como direitos fundamentais de eficácia plena, não dependendo de 
normatividade ulterior. 
Sabemos que a Constituição estabelece que “as normas definidoras dos 
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata” (CF, art. 5°, § 1°). 
Todavia, essa regra admite exceções. Diversos direitos sociais estão previstos 
em normas de eficácia limitada, dependentes de regulamentação para que 
possam produzir seus efeitos integrais. 
Veja o caso do inciso XXI do art. 7° da CF/88. Ele assegura o direito ao aviso 
prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 
termos da lei. 
Em suma, o direito ao aviso prévio proporcional somente estará plenamente 
atendido quando uma lei regulamentar tal dispositivo (recentemente, o STF 
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declarou a mora do Congresso em editar essa norma). Esse é um dos vários 
exemplos de direitos sociais previstos em normas de eficácia limitada. 
Item errado. 
15) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) A teoria dos limites dos limites serve para 
impor restrições à possibilidade de limitação dos direitos fundamentais. 
A questão trata da “teoria dos limites dos limites”. Veja como é fácil: admite-
se a restrição de direitos fundamentais por meio de leis infraconstitucionais. 
Mas essa restrição não pode ser ilimitada, pois ela deve se razoável. 
Isso porque há necessidade de proteção de um núcleo essencial de um 
direito fundamental, no que tange à proporcionalidade das restrições 
impostas a ele. 
Ou seja, tal teoria foi concebida para atuar como uma barreira à fixação de 
limites legais ao exercício dos direitos fundamentais. Com isso, evita-se que o 
legislador ordinário consiga esvaziar o conteúdo daquele direito – pretende-se 
proteger o núcleo essencial daquele direito. 
Podemos resumi-la da seguinte forma: 
I) sabemos que não existem direitos e garantias fundamentais de natureza 
absoluta; 
II) assim, compete ao legislador a imposição de limites ao exercício desses 
direitos e garantias; 
III) mas esse limite não é ilimitado, tendo em vista que se deve preservar o 
núcleo essencial desses direitos, considerando o princípio da proporcionalidade. 
Concebeu-se essa teoria como forma de se evitar o esvaziamento do direito 
fundamental por ação desarrazoada do legislador. É como se quisesse 
estabelecer que “o poder da lei de impor limites ao exercício de direitos e 
garantias constitucionais se sujeita, por sua vez, a limites, haja vista que a 
limitação imposta só será válida se respeitar o núcleo essencial de tais 
institutos e, também, o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade”. 
Item certo. 
16) (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Embora se saliente, nas garantias 
fundamentais, o caráter instrumental de proteção a direitos, tais garantias 
também são direitos, pois se revelam na faculdade dos cidadãos de exigir 
dos poderes públicos a proteção de outros direitos, ou no reconhecimento 
dos meios processuais adequados a essa finalidade. 
A doutrina distingue as expressões “direitos” e “garantias”, embora seja 
comum tratá-las como equivalentes. Nessa linha, enquanto os direitos são os 
bens em si mesmo considerados (principal), as garantias são instrumentos de 
preservação desses bens (acessório). 
Ou seja, temos o direito à liberdade de locomoção. A fim de preservar esse 
direito a Constituição me concede a garantia do habeas corpus (que, no caso, 
vai funcionar como instrumento acessório de proteção ao direito). 
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Apesar dessa distinção, podemos dizer que a própria garantia também é um 
direito consubstanciado na possibilidade que o indivíduo tem de exigir do 
Estado a proteção de seus direitos. 
Item certo. 
17) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA/TRE/MT/2010) Os direitos e 
garantias fundamentais estão previstos de forma taxativa na CF. 
Como vimos, a enumeração constitucional dos direitos e garantias 
fundamentais não é limitativa, taxativa. Significa dizer que outros direitos 
poderão ser reconhecidos ulteriormente, seja por meio de futuras emendas 
constitucionais (EC) ou mesmo mediante normas infraconstitucionais, como os 
tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil (CF, art. 5º, § 2º). 
Item errado. 
18) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O cerceamento 
à liberdade de expressão é uma clara afronta aos direitos sociais 
capitulados na CF. 
O cerceamento à liberdade de expressão, por meio, por exemplo, da instituição 
da censura, representa afronta aos direitos individuais previstos 
constitucionalmente. 
Exemplos de direitos sociais são saúde, educação, emprego, moradia etc. 
Item errado. 
19) (CESPE/ANALISTATÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os direitos 
sociais são exemplos de liberdades negativas. 
Os direitos sociais relacionam-se a uma atuação positiva do Estado (exigem 
que o Estado tome medidas para promover a igualdade entre os homens). 
As liberdades negativas estão ligadas a uma necessidade de abstenção estatal 
e constituem direitos individuais, de primeira geração. 
Item errado. 
20) (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE 
REGISTRO/TJDFT/2008) Os direitos fundamentais à intimidade e à vida 
privada são passíveis de renúncia pela pessoa que deles é titular, desde 
que não ofenda à dignidade dessa pessoa. 
Uma das características dos direitos e garantias fundamentais é o fato de não 
se admitir renúncia sobre eles. É dizer que, em regra, os direitos e garantias 
fundamentais são irrenunciáveis, por constituírem normas de ordem pública, 
de cunho indisponível. 
Apesar disso, modernamente, admite-se que deixem de ser exercidos pelos 
seus titulares temporariamente em determinadas situações, desde que não 
haja afronta à dignidade da pessoa humana. 
Um exemplo utilizado pelo prof. Vicente Paulo em seu livro é interessante: 
trata-se do caso dos participantes de programas de TV no formato de reality 
shows (como Big Brother Brasil, por exemplo) que abdicam temporariamente 
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do direito à inviolabilidade da imagem, da privacidade e da intimidade (CF, art. 
5°, X da CF). 
Item certo. 
21) (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Os direitos fundamentais, em que pese 
possuírem hierarquia constitucional, não são absolutos, podendo ser 
limitados por expressa disposição constitucional ou mediante lei 
promulgada com fundamento imediato na própria CF. 
De fato, os direitos fundamentais não dispõem de caráter absoluto e podem 
ser limitados: 
I) por expressa disposição constitucional; 
Esse é o caso do direito de propriedade, em que a própria Constituição Federal 
já estabelece algumas limitações ao seu exercício, por exemplo: atendimento à 
função social (CF, art. 5º, XXIII); autorização para desapropriações (CF, art. 
5º, XXIV); autorização para requisição administrativa (CF, art. 5º, XXV). 
II) mediante lei promulgada com fundamento imediato na própria CF. 
Esse é o caso, por exemplo, da liberdade de exercício profissional (CF, art. 5°, 
XIII), em que a Constituição atribui à lei a função de estabelecer qualificações 
profissionais (que restringirão o exercício desse direito). 
Item certo. 
22) (CESPE/ANALISTA/STM/2011) As liberdades individuais garantidas na 
Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto. 
É isso mesmo! Marque errado naquelas questões que afirmarem determinado 
direito tem caráter absoluto. Os direitos fundamentais têm como limites outros 
direitos fundamentais e poderão sofrer restrições por expressa disposição 
constitucional ou mesmo por meio de leis infraconstitucionais (desde que 
respeitado o princípio da razoabilidade). 
Item certo. 
23) (CESPE/PROFESSOR/IFB/2011) As violações a direitos fundamentais 
ocorrem tanto nas relações entre o cidadão e o Estado quanto nas 
relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. 
Os direitos fundamentais nascem para regular as relações verticais, entre o 
cidadão e o Estado, protegendo o primeiro da atuação forçada deste último. 
Isso evoluiu e, modernamente, considera-se que os direitos fundamentais 
devem ser respeitados também nas relações privadas (mesmo que em um pólo 
dessa relação esteja uma pessoa jurídica). 
Quer um exemplo? 
O dispositivo constitucional que afirma serem invioláveis a intimidade e a vida 
privada (CF, art. 5°, X) aplica-se à relação estabelecida entre uma revista e 
uma pessoa física que não deseja tornar públicas informações relativas à sua 
intimidade. 
Item certo. 
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24) (CESPE/JUIZ/TJ/PB/2011) A jurisprudência do STF reconhece que os 
estrangeiros, mesmo os não residentes no país, são destinatários dos 
direitos fundamentais consagrados pela CF, sem distinção de qualquer 
espécie em relação aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas 
jurídicas são destinatárias dos direitos e garantias elencados na CF, na 
mesma proporção das pessoas físicas. 
Sabemos que os direitos fundamentais aplicam-se não somente aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes (como dá a entender o caput do art. 5°), mas 
também aos estrangeiros não residentes que estejam sob as leis brasileiras. 
Ademais, sabemos que os direitos fundamentais podem ter como titulares 
pessoas jurídicas (e até mesmo o Estado). 
Tudo certo até aí? Certo, certíssimo. 
Agora, é importante você saber que isso não quer dizer que não haja nenhuma 
distinção entre brasileiros e estrangeiros. Há sim! Por exemplo, a ação popular 
é uma garantia fundamental que só pode ser impetrada pelo cidadão, não 
sendo direito garantido aos estrangeiros em geral. 
Da mesma forma, não há que se pensar que as pessoas jurídicas sejam 
destinatárias de direitos e garantias na mesma proporção das pessoas físicas. 
As pessoas jurídicas são destinatárias de alguns direitos fundamentais, mas a 
grande maioria desses direitos continua tendo como destinatárias as pessoas 
naturais. 
Item errado. 
(CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) Um deputado federal 
subiu à tribuna da Câmara dos Deputados para defender um projeto de 
emenda constitucional com a finalidade de instituir a pena de morte no 
Brasil. O deputado, durante seu discurso em plenário, no momento em 
que informava aos colegas da proposta realizada, disse que discordava da 
vedação constitucional absoluta da pena de morte. 
Com referência à situação hipotética acima apresentada, aos direitos 
fundamentais, em especial ao direito à vida, julgue os itens que se 
seguem. 
25) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) O projeto de emenda 
constitucional é de duvidosa constitucionalidade, já que não se admite 
emenda constitucional que tenha por fim abolir direitos e garantias 
individuais. 
Essa proposta de emenda constitucional é sim de duvidosa constitucionalidade, 
pois a CF/88 consagra os direitos e garantias individuais como cláusulas 
pétreas (art. 60, § 4º, IV). 
Esse assunto será mais bem detalhado em aula posterior. De qualquer forma, 
significa dizer que não se admite que uma emenda constitucional tenda a 
abolir um direito individual. 
Cabe observar que são cláusulas pétreas os direitos e garantias individuais 
(e não todos os direitos e garantias fundamentais). 
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Item certo. 
26) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PCES/2008) Equivocou-se o deputado 
ao dizer que a Constituição Federal de 1988 (CF) veda a pena de morte de 
forma absoluta, pois a CF admite a pena de morte em caso de guerra 
declarada, desde que atendidos os requisitos constitucionais. 
Exato! Já comentei isso. Não há direitos fundamentais absolutos. Mesmo o 
direito à vida pode ceder em determinadas situações, já que a CF/88 admite a 
pena de morte no caso de guerra declarada (CF, art. 5º, XLVII, “a”). 
Item certo. 
Bem, são vários aspectos, eu sei. A fim de auxiliá-lo na memorização dos 
principais deles, peço licença para apresentar um esquema que formulei para 
os cursos online ministrados aqui no Ponto. 
Sintetizando: 
 
27) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS/MS/2008) Os tratados internacionais firmados pela 
República Federativa do Brasil devem ser aprovados no Congresso 
Nacional por decreto legislativo para fins de incorporação. 
Os tratados internacionais são aprovados definitivamente peloCongresso 
Nacional, mediante decreto legislativo (CF, art. 49, I), ato que não se sujeita à 
sanção ou veto do chefe do Poder Executivo. 
E aí, um tratado internacional aprovado pelo Congresso Nacional assume qual 
posição hierárquica no nosso ordenamento jurídico: status de lei ordinária? 
Status de emenda constitucional? Ou nenhuma das duas? 
Bem.... Infelizmente não é tão simples assim... Vamos sintetizar isso: 
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Status que podem assumir os tratados internacionais: 
a) emenda constitucional → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal (CF, art. 5°, §3°); 
b) lei ordinária federal → demais tratados e convenções internacionais que não 
tratam de direitos humanos; 
c) supralegalidade → tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos incorporados pelo rito ordinário. 
Item certo. 
28) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O direito fundamental à vida é 
hierarquicamente superior a todos os demais direitos humanos, estejam 
eles previstos na CF ou na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Não há hierarquia entre direitos fundamentais, o que implica em afirmar que 
não haverá direitos que sempre prevalecerão sobre outros em qualquer 
situação. 
Em verdade, a preponderância de um direito fundamental sobre o outro 
ocorrerá em função das características do caso concreto. 
Veja, o próprio direito à vida sofre restrição autorizada na CF. É o caso da 
autorização para pena de morte no caso de guerra declarada. 
Vamos falar um pouco sobre o que a jurisprudência tem entendido sobre o 
direito à vida: 
I – a CF protege a vida de forma geral, incluindo a vida intra-ulterina; 
II – o direito à vida não se resume à mera existência física, pois abrange o 
direito a uma existência digna, tanto no aspecto espiritual quanto no 
material; 
III – o STF decidiu que não ofende o direito à vida e, portanto, é legítima a 
realização de pesquisas com a utilização de células-tronco embrionárias 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não 
utilizados no respectivo procedimento. 
Item errado. 
29) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) De acordo com a CF, caso os 
integrantes de determinada associação pretendam reunir-se 
pacificamente, sem armas, em um local aberto ao público, tal reunião 
poderá ocorrer, independentemente de autorização, desde que não frustre 
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente. 
O direito de reunião (assim como ocorre com o direito de associação) liga-se à 
liberdade de expressão e ao sistema democrático de governo. Podemos dizer 
que é uma forma coletiva de exercício da liberdade de expressão. 
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A assertiva está de acordo com o inciso XVI do art. 5° da CF. Observe que não 
é necessária a autorização do Poder Público, sendo exigido apenas: (i) 
aviso prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) ausência de armas; (iv) locais abertos ao 
público; e (v) não-frustração de outra reunião anteriormente marcada para o 
mesmo local. 
Observe que esse não é um direito absoluto. Assim, a própria CF/88 admite a 
restrição excepcional desse direito nos casos de estado de defesa (art. 136, § 
1°, I, “a”) e de estado de sítio (art. 139, IV). 
Agora a pergunta mais complicada: seria o habeas corpus instrumento jurídico 
adequado para a tutela do direito de reunião? A resposta é não. No caso de 
lesão ou ameaça ao direito de reunião, o indivíduo deve recorrer ao mandado 
de segurança. 
Item certo. 
30) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) O direito fundamental à 
honra se estende às pessoas jurídicas. 
Os direitos e garantias fundamentais surgem tendo como titulares as pessoas 
naturais. Todavia, hoje já se reconhece sua aplicabilidade em favor das 
pessoas jurídicas ou mesmo em favor do Estado. 
Um caso interessante é o apresentado na questão. Segundo a jurisprudência 
do STF, o direito à inviolabilidade da honra e da imagem, previsto no inciso X 
do art. 5º da Constituição Federal, é extensível às pessoas jurídicas. 
Item certo. 
31) (CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) Admite-se a 
quebra do sigilo das comunicações telefônicas, por decisão judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigação 
criminal ou administrativa. 
Você se lembra dos requisitos constitucionais (art. 5º, XII) para a autorização 
de interceptação telefônica? Não dá para ir para a sua prova sem saber isso... 
Essa interceptação só será admitida quando preenchidos os seguintes 
requisitos: 
(i) ordem judicial (reserva de jurisdição, não se admite interceptação 
administrativa ou por ordem de CPI); 
(ii) nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (estão descritos na Lei 
nº 9.296/1996: quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação 
em infração penal; quando a prova não puder ser feita por outros meios 
disponíveis; quando o fato investigado constituir infração penal punida com 
pena de reclusão); e 
(iii) para fins de investigação criminal e instrução processual penal; 
Portanto, a questão está errada, pois afirma ser possível a quebra do sigilo 
para fins de investigação administrativa. E, como vimos, a CF exige que ocorra 
no curso de investigação criminal e instrução processual penal. Isso 
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significa que não se admite interceptação telefônica em processos 
administrativos ou de natureza cível. 
Mas, me deixe comentar um detalhe importante dessa matéria. 
Está mais do que claro para você que a interceptação só é admitida em 
processos criminais. 
De qualquer forma, o STF entende que os dados colhidos em interceptações 
de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de 
provas em investigação criminal ou instrução processual penal, podem ser 
utilizados em procedimento administrativo disciplinar, contra as 
mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros 
servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. 
Não entendeu nada? Bem, não faça confusão quanto a esse último ponto! 
Uma coisa é autorizar a escuta telefônica no âmbito de processo 
administrativo disciplinar, expediente vedado pela nossa Constituição. 
Outra coisa, completamente diferente e admitida pelo STF, é a utilização em 
processo administrativo disciplinar de dados colhidos em 
interceptação telefônica autorizada no âmbito de um processo 
criminal. Este último caso trata, em verdade, da denominada prova 
emprestada, em que a prova licitamente colhida no processo criminal é 
“emprestada” para a instrução de um processo administrativo. 
Item errado. 
32) (CESPE/AUFC/TCU/2009) O STF entende que a atividade de fiscalização 
do TCU não confere a essa corte poderes para eventual quebra de sigilo 
bancário dos dados constantes do Banco Central do Brasil. 
Esta questão versa sobre a garantia de sigilo bancário. Conforme 
jurisprudência da Suprema Corte, o TCU não dispõe de competência para 
quebra de sigilo bancário de seu investigado. 
A propósito, você sabe quem pode quebrar o sigilo bancário? Pois é... vamos 
resumir isso aí... essa garantia só pode ser atingida (quebra do sigilo) nos 
seguintes casos: 
I) por determinação judicial; 
II) por determinação do Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; e 
III) por determinação de CPI. 
Além dessas autoridades, vale comentaros casos do Ministério Público e dos 
agentes fiscais tributários. 
Quanto ao Ministério Público, a jurisprudência do STF muitas vezes resistiu a 
que o MP pudesse determinar a quebra do sigilo diretamente, por falta de 
autorização específica. Contudo, há precedente do Supremo confirmando a 
possibilidade de acesso do MP aos dados sigilosos em se tratando de requisição 
de informações e documentos para instruir procedimento administrativo 
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instaurado em defesa do patrimônio público (MS 21.729, Rel. p/ o ac. 
Min. Néri da Silveira, 5-10-95). 
No que se refere às autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Lei Complementar 105/2001 
permite o acesso dessas autoridades aos dados sigilosos quando houver 
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais 
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa 
competente. 
Entretanto, em dezembro de 2010, no âmbito de um Recurso Extraordinário - 
RE 389808 - o STF negou a possibilidade de quebra de sigilo bancário de 
empresa pelo Fisco sem ordem judicial. 
Assim, por cinco votos a quatro, os ministros da Suprema Corte entenderam 
que não pode haver acesso a esses dados sem ordem do Poder Judiciário, 
mesmo havendo a previsão legal para tanto. 
Item certo. 
33) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ANAC/2009) Embora seja possível a 
restrição da liberdade de locomoção dos indivíduos nos casos de prática 
de crimes, é vedada a prisão civil por dívida, salvo, conforme 
entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), quando se tratar de 
obrigação alimentícia ou de depositário infiel. 
Segundo a literalidade da Constituição, o Brasil admite a prisão civil por dívida 
(art. 5°, LXVII): 
“LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do 
depositário infiel;” 
Entretanto, saber apenas a literalidade da Constituição não basta! Veja: apesar 
dessa previsão constitucional, podemos dizer que, atualmente, nosso 
arcabouço jurídico admite apenas uma única e exclusiva hipótese de 
prisão civil por dívida: a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. Esse é o entendimento 
do STF. 
E o depositário infiel? 
Recentemente, o STF afastou a possibilidade de prisão civil do depositário infiel 
em nosso país, em respeito ao Pacto de San José da Costa Rica, tratado 
internacional sobre direitos humanos ratificado pelo Brasil no ano de 1992. 
E como isso se deu? Vamos lá... 
Tudo começa em 1992, quando o Brasil ratifica sem ressalvas o Pacto de San 
José da Costa Rica (PSJCR), que admitia uma única hipótese de prisão civil por 
dívida: o caso do devedor de alimentos. 
Pois bem, até 2008, o STF entendeu que isso não afetava em nada a situação 
da prisão por dívida do depositário infiel, uma vez que havia a previsão 
constitucional. 
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Entretanto, em dezembro de 2008, o STF reapreciou a problemática da 
situação hierárquica dos tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos celebrados pelo Brasil. Nessa época, alterou o entendimento sobre o 
tema e adotou nova orientação no sentido de que tais tratados e convenções 
internacionais (sobre direitos humanos) têm status de supralegalidade 
(acima das leis, mas abaixo da Constituição), quando incorporados pelo rito 
ordinário. 
Em suma: 
PSJCR → supralegalidade → 
afastada toda a legislação ordinária 
interna que regulamentava a prisão 
civil do depositário infiel 
Com isso, resta afastada também a possibilidade de prisão por dívida dos 
demais devedores civis equiparados ao depositário infiel, por exemplo, o 
devedor no contrato de alienação fiduciária em garantia. 
Atenção: É incorreto falar que o Pacto de San José da Costa Rica revogou a 
prisão civil do depositário infiel, prevista na Constituição Federal. 
Não é bem isso. O Pacto de San José da Costa Rica é norma 
infraconstitucional, incapaz, portanto, de revogar a Constituição. Afinal, está 
abaixo dela! Em verdade, foi revogada a legislação ordinária interna que 
regulamentava a prisão civil do depositário infiel. Com isso, resta afastada a 
possibilidade dessa prisão no Brasil. Aliás, para que não restassem dúvidas, o 
STF editou Súmula Vinculante sobre o tema: 
Súmula 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a 
modalidade do depósito. 
Não deixe esses detalhes passarem despercebidos! 
Item errado. 
34) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) Se alguém permanecer preso 
cautelarmente, por período prolongado, de forma abusiva e irrazoável, 
haverá ofensa frontal ao princípio da dignidade da pessoa humana. 
Trata-se também de entendimento consagrado na jurisprudência do STF. As 
prisões cautelares por período prolongado, que excedem o razoável e 
necessário à satisfação de suas finalidades, são incompatíveis com o princípio 
da dignidade da pessoa humana. 
Item certo. 
35) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/DPU/2010) A CF prevê o direito à livre 
manifestação de pensamento, preservando também o anonimato. 
A Constituição assegura a liberdade de expressão nos seguintes termos: 
“É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (CF, art. 
5º, IV); 
“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença” (CF, art. 5º, IX). 
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Assim, fica assegurada a manifestação do pensamento e a liberdade de 
expressão. Entretanto, é vedado o anonimato. Essa vedação tem por 
finalidade possibilitar a responsabilização de quem cause danos a terceiros. 
Afinal, a liberdade de expressão não é absoluta, pois a Constituição também 
assegura o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem (CF, art. 5°, V). 
Assim, veiculada expressão indevida de juízos e valores é cabível o direito de 
resposta – acumulável com a indenização por danos morais e materiais – 
aplicável tanto às pessoas físicas e quanto às jurídicas que sejam ofendidas. 
Item errado. 
36) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA II/TRE/MT/2010) O 
sigilo das comunicações telefônicas é inviolável, podendo ser rompido 
somente por autorização judicial ou por decisão da autoridade policial 
responsável pelo inquérito, quando existirem fundados elementos 
reveladores da prática de crime. 
O sigilo das comunicações telefônicas é inviolável, estando protegido pela 
chamada reserva de jurisdição. Nessa linha, a Constituição estabelece que o 
sigilo das comunicações telefônicas poderá ser afastado por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal (CF, art. 5° XII). 
Diante disso, a assertiva está incorreta, pois não se pode afastar o sigilo das 
comunicações telefônicas por mera ordem policial. 
Item errado. 
37) (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Segundo posição atual do STF, as 
únicas hipóteses aceitas de prisão civil, no direito brasileiro, são a do 
devedor de alimentos e a do depositário infiel. 
De fato, a mais nova posição do STF é a de que o Pacto de San Jose da Costa 
Rica afastou a prisão civil do depositário infiel. Assim, apesar da previsão 
constitucional, podemos dizer que, atualmente, nosso arcabouço jurídico 
admite apenas uma única e exclusiva hipótese de prisão civil por dívida: a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusávelde obrigação 
alimentícia. 
Esse entendimento do STF está na Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão 
civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.” 
Item errado. 
38) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Conforme entendimento do STF, 
com base no princípio da vedação do anonimato, os escritos apócrifos não 
podem justificar, por si sós, desde que isoladamente considerados, a 
imediata instauração da persecutio criminis, salvo quando forem 
produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constituírem eles próprios o 
corpo de delito. 
A Constituição assegura a manifestação do pensamento, mas veda o 
anonimato (CF, art. 5º, IV). Essa vedação impede a admissão de denúncias 
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anônimas (como regra geral). Assim, segundo o STF, a instauração de 
persecução criminal por parte do Ministério Público não poderia ser instaurada 
unicamente com base em escritos apócrifos (anônimos). Portanto, correta a 
questão. 
Nada impede, entretanto, que, provocado por denúncia anônima, o Poder 
Público passe a adotar medidas investigativas informais visando a apurar os 
fatos e buscar novos elementos que possam, aí sim, possibilitar a instauração 
da persecutio criminis. 
A ressalva final da questão diz respeito aos documentos produzidos pelo 
próprio acusado ou quando os documentos constituem, eles próprios, o corpo 
de delito (como é o caso de uma carta evidenciando a prática de crimes contra 
a honra). Segundo o STF, essas ressalvas constituem exceções à regra geral. 
Item certo. 
39) (CESPE/PROFESSOR/IFB/2011) A execução de determinação judicial, 
proferida nos autos de ação de investigação de paternidade, com o 
objetivo de conduzir coercitivamente o réu ao laboratório para coleta do 
material indispensável à feitura do exame DNA não viola o princípio da 
dignidade humana. 
Como vimos, segundo o STF, a condução coercitiva do réu para realizar o 
exame de DNA em ação de investigação de paternidade ofende o princípio da 
dignidade humana, entre outras garantias fundamentais. 
Item errado. 
40) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 17ª REGIÃO/2009) 
Caso um escritório de advocacia seja invadido, durante a noite, por 
policiais, para nele se instalar escutas ambientais, ordenadas pela justiça, 
já que o advogado que ali trabalha estaria envolvido em organização 
criminosa, a prova obtida será ilícita, já que a referida diligência não foi 
feita durante o dia. 
Determina o texto constitucional que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o 
dia, por determinação judicial” (CF, art. 5.º, XI). 
Vale lembrar que essa inviolabilidade não alcança somente “casa”, residência 
do indivíduo. Alcança, também, qualquer recinto fechado, não aberto ao 
público, ainda que de natureza profissional (escritório do advogado, consultório 
do médico, dependências privativas da empresa, quarto de hotel etc.). 
Veja que, em cumprimento à ordem judicial, o texto expresso da Constituição 
Federal só permite o ingresso durante o dia. 
De qualquer forma, o Supremo Tribunal Federal considerou válido provimento 
judicial (oriundo de Ministro do próprio STF) que autorizou o ingresso de 
autoridade policial em recinto profissional durante a noite, para o fim de 
instalar equipamentos de captação acústica (escuta ambiental). 
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De início, observou-se que tal medida (instalação de equipamentos de escuta 
ambiental) não poderia jamais ser realizada com publicidade, sob pena de sua 
frustração, o que ocorreria caso fosse praticada durante o dia, mediante 
apresentação de mandado judicial. 
Ou seja, ponderou-se nesse caso concreto os bens jurídicos em conflito e 
admitiu-se o procedimento, tendo como de fundo os valores da proteção à 
intimidade, à privacidade e da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, a 
instalação de escuta ambiental em escritórios vazios não se sujeitaria 
estritamente aos mesmos limites da busca em domicílios stricto sensu (em que 
haveria pessoas habitando). Diante disso, desde que existente a autorização 
judicial, poderia ser admitida essa atuação do Estado, seja para execução 
durante o dia, seja para execução durante a noite. 
O item está, portanto, errado, haja vista que tal prova é considerada lícita. 
Item errado. 
41) (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS (DF)/2006) 
Enquanto os direitos de primeira geração (civis e políticos) — que 
compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o 
princípio da liberdade, os direitos de segunda geração (econômicos, 
sociais e culturais) — que se identificam com as liberdades positivas, reais 
ou concretas — acentuam o princípio da igualdade. 
Como já comentado, a evolução dos direitos fundamentais se deu no sentido 
de acrescentar novas concepções a esses direitos, resultando na sua 
categorização entre 1ª, 2ª e 3ª dimensões (ou gerações). 
1ª geração → Estado Liberal → Natureza negativa → LIBERDADE 
2ª geração → Estado Social → Prestações positivas → IGUALDADE 
Portanto, correta a questão. 
Há ainda a terceira dimensão, de índole coletiva e difusa, com foco na 
FRATERNIDADE entre os povos. 
Item certo. 
42) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) A administração pública, no 
exercício do seu poder de fiscalização, quando estiver diante de uma 
ilegalidade, poderá, independentemente de decisão judicial, dissolver 
compulsoriamente ou suspender as atividades das associações. 
Essa questão poderia ser resolvida com o conhecimento da literalidade da 
Constituição. Observe: 
“As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o 
trânsito em julgado;” (CF, art. 5°, XIX). 
A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem reserva de 
jurisdição. Ou seja, a Constituição protege o direito de associação contra a 
atuação administrativa ou mesmo a atuação do poder legislativo. 
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Em resumo, a associação poderá ter suas atividades suspensas ou ser 
dissolvida por determinação judicial. Como o caso de dissolução é mais 
gravoso, ele exige trânsito em julgado. 
Item errado. 
43) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) Ao tratar dos direitos e 
garantias fundamentais, a CF dispõe expressamente que é assegurado a 
todos o acesso à informação, vedado o sigilo da fonte, mesmo quando 
necessário ao exercício profissional. 
Mais uma questão que poderia ser resolvida pela letra da CF. Segundo o inciso 
XIV do art. 5° é assegurado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício 
profissional. 
Sobre o direito de informação, vale lembrar que o STF decidiu que a CF não 
recepcionou o art. 4º, V, do Decreto-lei 972/69, o qual exige o diploma de 
curso superior de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. 
Com essa decisão, nossa Corte Maior posicionou-se no sentido de que, se por 
um lado a liberdade de expressão não é direito absoluto, por outro lado, é 
inadmissível que a legislação crie embaraços à liberdade de informação, como 
poderia ocorrer com a exigência do referido diploma. 
Item errado. 
44) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) Independentemente de aviso prévio ou 
autorização do poder público, todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, desde que não frustrem outra 
reunião anteriormente convocada parao mesmo local. 
Segundo o inciso XVI do art. 5°, não é necessária a autorização do Poder 
Público, mas é exigido aviso prévio. Ademais, a reunião: (i) deve ter fins 
pacíficos; (ii) ser feita sem a presença de armas; (iv) deve ser realizada em 
locais abertos ao público; e (v) não pode frustrar de outra reunião 
anteriormente marcada para o mesmo local. 
Item errado. 
45) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O inquérito policial é um procedimento 
sigiloso, e, nessa etapa, não são observados o contraditório e a ampla 
defesa. 
Os princípios do Contraditório e da Ampla defesa estão prescritos 
expressamente no inciso LV do art. 5° e ligam-se intimamente ao princípio do 
devido processo legal. 
Segundo jurisprudência do STF, no âmbito do processo criminal, a garantia 
constitucional de contraditório não é exigível na fase de inquérito policial, já 
que essa última afigura-se como uma mera fase investigatória, de natureza 
administrativa e preparatória para a acusação. Portanto, correta a assertiva. 
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Em outras palavras, no inquérito ainda não há acusação. Fala-se em indiciado, 
já que esse procedimento busca colher provas sobre o fato e sua autoria. 
Assim, não há que se propiciar o contraditório. 
Todavia, ofende a garantia do contraditório fundar-se a condenação 
exclusivamente em elementos informativos do inquérito policial não 
confirmados em juízo. 
Outra jurisprudência relevante trata da chamada denúncia genérica. É 
atentatório ao direito do contraditório o oferecimento de denúncia vaga ou 
imprecisa, por impedir ou dificultar o exercício do direito de defesa. 
Por fim, sobre contraditório e ampla defesa, vale a pena transcrever quatro 
Súmulas Vinculantes: 
“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a 
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma 
e pensão.” (Súmula Vinculante 3) 
“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar 
não ofende a Constituição.” (Súmula Vinculante 5) 
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa.” (Súmula Vinculante 14) 
“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro 
ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.” (Súmula Vinculante 
21) 
Item certo. 
46) (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Segundo posição majoritária do 
Supremo Tribunal Federal (STF), a realização de pesquisas em células-
tronco embrionárias ofende o direito à vida, assim como o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
Segundo o STF, não ofende o direito à vida e, portanto, é legítima a 
realização de pesquisas com a utilização de células-tronco embrionárias 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não 
utilizados no respectivo procedimento. 
Item errado. 
47) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) É constitucionalmente vedado o 
ingresso no domicílio das pessoas sem o consentimento do morador, 
exceto para cumprir ordem judicial, durante o dia; ou, a qualquer hora, 
para prestar socorro, ou em caso de flagrante delito ou desastre. 
A inviolabilidade domiciliar é um dos direitos preferidos pelo Cespe. 
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A questão pode ser resolvida com o conhecimento do inciso XI do art. 5° da 
CF. Como regra é inviolável o domicílio, mas a própria CF admite exceções: 
1 – Flagrante delito ou desastre; 
2 – Prestação de socorro; 
3 – Durante o dia, por determinação judicial. 
Por fim, vale comentar que, para a doutrina, o conceito de dia corresponde a 
todas as horas compreendidas entre o nascer e o pôr-do-sol. Ou, de forma 
mais poética, entre “a aurora e o crepúsculo”....rsrs 
Item certo. 
48) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O Brasil, por ser um país laico, não tem 
religião oficial, sendo assegurada constitucionalmente a inviolabilidade da 
liberdade de consciência e de crença, bem como o livre exercício dos 
cultos religiosos. 
Desde o advento da República, o Brasil é um país laico (leigo ou não 
confessional), o que significa que aqui não há religião oficial. 
Nesse sentido, a nossa Carta Magna assegura a liberdade de crença, religiosa e 
de convicção política e religiosa nos seguintes termos: 
I) é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma 
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (CF, art. 5°, VI); 
II) é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva (CF, art. 5°, VII); 
III) ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em 
lei (CF, art. 5°, VIII). 
Observe que a questão cobrou o conhecimento do inciso VI do art. 5° da 
CF/88. 
Item certo. 
49) (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Ninguém poderá ser privado do exercício 
de um direito por invocar crença religiosa ou convicção filosófica ou 
política para eximir-se de obrigação legal a todos imposta. 
A questão aborda a chamada escusa de consciência (objeção de consciência 
ou alegação de imperativo de consciência). 
De acordo com a Constituição, ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para 
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei (CF, art. 5º, VIII). 
Observa-se que o art. 5°, VIII estabelece dois requisitos para a privação de 
direitos em virtude de crença religiosa ou convicção filosófica ou política: (i) 
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não cumprimento de uma obrigação a todos imposta; e (ii) descumprimento de 
prestação alternativa fixada em lei. 
Assim, o indivíduo pode não cumprir obrigação a todos imposta e não ser 
privado de direitos, desde que cumpra prestação alternativa fixada em lei. 
Entretanto, se o indivíduo invocar crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política para se eximir de obrigação legal a todos imposta e ainda se recusar a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei, ele poderá sim ser privado de 
direitos. 
Item errado. 
(CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) PM prende dupla que roubou relógio e 
R$ 0,50 de aposentado em Salvador – BA. Dois assaltantes foram presos 
após roubarem um aposentado em Salvador – BA. Armados com um 
revólver, a dupla ameaçou o aposentado e roubou um relógio, R$ 0,50 e 
alguns bilhetes de loteria que estavam na carteira da vítima, segundo a 
polícia. De acordo com a polícia, após o roubo, os assaltantes tentaram 
fugir em uma motocicleta, porém um deles foi imobilizado por pedestres 
que presenciaram a cena. O segundo assaltante também foi preso 
momentos depois pela polícia, durante tentativa de fuga. Os dois 
criminosos — que não tiveram as identidades reveladas — foram presos e 
encaminhados à 3.ª DP deSalvador, onde prestaram depoimento. O 
aposentado vítima do assalto não se feriu e recuperou os pertences 
roubados. Folha On-Line. 22/6/2009. 
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes. 
50) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) Os cidadãos que presenciaram o crime 
agiram de acordo com a CF, pois é lícito a qualquer pessoa efetuar prisão 
em flagrante. 
A nossa assertiva trata do comando constitucional que garante que ninguém 
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar. Mais precisamente, ela trata da prisão em 
flagrante. 
Você, um cidadão comum, pode dar voz de prisão a alguém que acabou de ser 
flagrado em delito? Pode sim. É o famoso: “Teje preso”(...rs). Mas no caso de 
um policial federal, por exemplo, essa atuação será obrigatória, ok? 
Isso ocorre porque qualquer pessoa pode efetuar prisões em flagrante 
delito, sendo uma faculdade para o particular e um dever para a 
autoridade policial. Portanto, correta a questão. 
Vejamos outros aspectos. Mas, antes de continuar, dê uma lida no texto 
constitucional compreendido entre os incisos LXI e LXVI, do art. 5° da CF/88. 
Tendo em vista a relevância do direito à liberdade, a CF estabelece condições 
especiais para a decretação da prisão, bem como para sua manutenção. 
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De início, podemos observar que exceto nas prisões militares ou em flagrante, 
a CF limita às autoridades judiciárias a competência para determinar a 
prisão. 
Vale lembrar que durante o estado de defesa e estado de sítio a própria CF 
admite a prisão administrativa (CF, arts. 136, §3°, I e 139). 
Além disso, as normas constitucionais assinalam a necessidade de concessão 
de liberdade provisória, com ou sem fiança, devendo em qualquer hipótese 
dar-se o relaxamento da prisão ilegal. 
A nossa ordem constitucional assegura ainda direitos subjetivos do preso, 
indiciado ou réu, dentre os quais: 
I – o de permanecer calado, incluindo a necessidade de ser advertido por parte 
dos agentes públicos sobre esse direito ao silêncio; 
II – o de respeito à sua integridade física e moral; 
III – o de receber assistência de sua família e de seu advogado; 
IV – o de que os responsáveis por sua prisão e interrogatório sejam 
identificados; 
V – a garantia de que sua prisão e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à sua família ou à pessoa por ele 
indicada; 
É oportuno lembrar ainda que o STF firmou entendimento de que o uso de 
algemas deve ter caráter excepcional e o seu excesso configura afronta à 
dignidade do preso e à presunção de inocência. É o que se depreende da 
Súmula Vinculante 11: 
“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de 
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou 
de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de 
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado.” 
E, por fim, vale lembrar que a prisão ilegítima, por afrontar o direito de 
locomoção, pode ser combatida por meio de habeas corpus (art. 5°, LXVIII). 
“LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se 
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, 
por ilegalidade ou abuso de poder” 
Item certo. 
51) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) Não revelar a identidade dos assaltantes 
fere o direito fundamental à informação, tendo em vista que, no caso, em 
benefício do interesse da sociedade na segurança pública, não se deve 
privilegiar o direito à intimidade dos acusados. 
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A questão apresenta um conflito entre dois bens jurídicos protegidos pela 
Constituição: direito à informação x inviolabilidade da intimidade da pessoa 
humana. 
Já vimos que colisões entre direitos fundamentais são sempre resolvidas com a 
aplicação dos princípios da proporcionalidade e da concordância prática, 
levando-se em conta as características e peculiaridades do caso concreto. 
Assim, nesse caso concreto, é razoável que o direito à intimidade dos acusados 
prevaleça sobre o direito à informação. 
Mas é importante você ter em mente que em outra situação poderia ocorrer 
exatamente o inverso, se o caso concreto o exigisse. Vamos supor que a 
revelação de informações pessoais dos acusados pudesse ser útil à proteção da 
vida de alguém, por exemplo. Poderia o direito à intimidade ceder frente a um 
bem mais relevante naquela situação (a vida de outra pessoa)? 
Se você respondeu que sim, compreendeu bem o que eu queria demonstrar. 
Item errado. 
52) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) De acordo com o princípio da 
legalidade, apenas a lei decorrente da atuação exclusiva do Poder 
Legislativo pode originar comandos normativos prevendo comportamentos 
forçados, não havendo a possibilidade, para tanto, da participação 
normativa do Poder Executivo. 
Não são raras as questões do Cespe sobre este assunto: a diferença 
doutrinária entre os princípios da legalidade e da reserva legal. 
Embora muitas vezes tratados como sinônimos, tais princípios apresentam 
certas distinções doutrinárias. 
O princípio da legalidade estabelece que qualquer comando jurídico impondo 
comportamentos forçados há de provir de uma das espécies normativas 
existentes na nossa ordem constitucional. Daí o teor do inciso II do art. 5° da 
CF/88: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei.” 
Ou seja, ele opera de maneira geral, sendo que todos os comportamentos 
humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade. 
Ao contrário, a reserva legal restringe-se a determinados campos materiais 
especificados na Constituição, que devem ser disciplinados por lei formal. É 
dizer: a reserva legal aplica-se a determinadas matérias da Constituição. 
Assim, não faça confusão! Não é que algumas matérias estão submetidas à 
legalidade e outras à reserva legal. Não é isso! O princípio da legalidade aplica-
se aos comportamentos do Poder Público de forma geral. E a reserva legal, 
sim, aplica-se a algumas matérias para as quais a Constituição expressamente 
estabelece essa relação. 
Perceba ainda que quando a Constituição Federal submete certa matéria ao 
princípio da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou mediante 
atos administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto regulamentar, 
por exemplo). 
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Assim, quando a Constituição, no inciso II do art. 5º, estabelece que “ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, 
tem-se, aí, o princípio da legalidade, pois, nessa expressão, o termo “em 
virtude de lei” apresenta sentido bastante amplo, alcançando não somente lei 
em sentido estrito, mas, também, atos administrativos expedidos com 
fundamento em lei. Por isso, se dizer que o princípio da legalidade tem maior 
alcance (alcança um maior número de matérias constitucionais), mas menor 
densidade (pois pode ser satisfeito não só por meio de lei, mas também pela 
expedição de atos administrativos). 
Por outro lado, quando a Constituição submete certa matéria ao princípio da 
reserva legal, está ela a exigir, exclusivamente,lei em sentido estrito ou ato 
normativo com força de lei. 
Assim, quando a Constituição estabelece que a remuneração dos servidores 
públicos somente poderá ser fixada por lei (CF, art. 37, X), temos, aqui, o 
princípio da reserva legal, pois a palavra “lei” está empregado em sentido 
estrito, alcançando somente lei formal (elaborada pelo Legislativo, com a 
participação do chefe do Executivo) ou ato normativo com força de lei. 
Por isso, diz-se que o princípio da reserva legal tem menor alcance (alcança 
um menor número de matérias constitucionais), mas maior densidade (já 
que impõe que tais matérias sejam disciplinadas, necessariamente, por lei 
formal). 
Guarde essas informações. Utilizarei uma questão logo à frente para 
apresentar mais um detalhe. 
Sintetizando: 
I) Princípio da Legalidade 
a) Não só atos com status de lei, mas também atos administrativos 
infralegais editados nos limites destes; 
b) Maior alcance; 
c) Menor densidade de conteúdo; 
II) Reserva Legal 
a) Tratamento exclusivo por lei formal ou ato hierarquicamente 
equivalente; 
b) Menor alcance; 
c) Maior densidade de conteúdo; 
Quanto à questão, ela está incorreta, pois, o princípio da legalidade admite 
regulamentação também por ato infralegal, como os decretos do Poder 
Executivo. 
Item errado. 
53) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) Segundo a doutrina, a 
aplicação do princípio da reserva legal absoluta é constatada quando a CF 
remete à lei formal apenas a fixação dos parâmetros de atuação para o 
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órgão administrativo, permitindo que este promova a correspondente 
complementação por ato infralegal. 
Esta questão é um pouco mais aprofundada. Vimos que há reserva legal 
quando a Constituição exige lei para a regulamentação de determinado 
assunto. 
Pois bem. A doutrina divide o princípio da reserva legal em absoluto e relativo. 
Haverá a reserva legal absoluta nos casos em que a Constituição exige do 
legislador o esgotamento do tema, não deixando espaço para a atuação 
discricionária dos agentes públicos, mediante a expedição de atos infralegais. 
Por sua vez, a reserva legal relativa ocorre quando houver espaço para a 
complementação da norma por parte do seu aplicador. Ainda há a necessidade 
de lei, mas esta estabelecerá apenas as bases ou parâmetros. Ou seja, nesse 
último caso (reserva legal relativa), caberá à administração esmiuçar e 
detalhar o alcance da lei, por meio de atos infralegais. 
Em suma, temos a reserva legal absoluta quando a Constituição exige a 
completa regulamentação do assunto por lei, mencionando que “a lei 
criará...”; “a lei organizará...”; “a lei disporá...” etc. 
Por outro lado, temos a reserva legal relativa quando a Constituição exige lei 
apenas para estabelecer os critérios ou as bases para a regulamentação 
infralegal. Ela está presente quando a Constituição usa termos como 
“...segundo os critérios da lei”; “...nos termos da lei”; “...no prazo da lei”; 
“...nos limites da lei” etc. 
A questão está errada por apresentar a definição de reserva legal relativa. 
Show de bola, não é? 
Item errado. 
54) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) O direito de petição pode ser exercido por 
qualquer pessoa, não havendo a necessidade de assistência de advogado. 
O direito de petição aos Poderes Públicos está previsto no art. 5º, XXXIV, da 
Constituição Federal, nos termos seguintes: 
“são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o 
direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder;” 
São as seguintes as características do direito de petição: 
a) universalidade (assegurado a todos); 
b) gratuidade; 
c) desnecessidade de advogado para o seu exercício. 
Item certo. 
55) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/ME/2008) No âmbito judicial e administrativo, 
devem ser assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação. 
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A razoável duração do processo (princípio da celeridade processual) é garantia 
individual criada pela EC nº 45/2004 e está prevista no inciso LXXVIII do art. 
5º da Constituição Federal, nos termos seguintes: 
“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação;” 
Item certo. 
56) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Os direitos 
humanos na CF têm como função a limitação do poder e a promoção da 
dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, assinale a opção correta a 
respeito dos direitos consagrados na CF à luz do texto constitucional e da 
jurisprudência do STF. 
a) O art. 5º da CF prevê que ninguém pode ser submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante. Entretanto, esse dispositivo não 
tem aplicabilidade imediata devido ao fato de não ter sido regulamentado 
no plano infraconstitucional. 
b) Os direitos à intimidade e à própria imagem formam a proteção 
constitucional à vida privada. Essa proteção da vida privada não abrange 
as pessoas jurídicas. 
c) O preceito constitucional que consagra a inviolabilidade do domicílio 
não admite hipóteses de exceção e invasão da cabana dos mais frágeis. 
d) A possibilidade de quebra de sigilo bancário diretamente por parte do 
MP, quando se tratar de envolvimento de dinheiro ou verbas públicas, foi 
aceita pelo STF com base no poder de requisição ministerial e na 
publicidade dos atos governamentais. 
e) A interceptação telefônica para captação e gravação de conversa 
telefônica por terceira pessoa, sem o conhecimento de quaisquer dos 
interlocutores ou da justiça, não afronta o texto constitucional. 
A alternativa “a” está errada porque o inciso III do art. 5º da Constituição 
Federal (“ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante”) tem eficácia plena, e não depende de regulamentação. 
A alternativa “b” está errada porque as pessoas jurídicas também estão 
protegidas pela inviolabilidade da honra e da imagem (CF, art. 5°, X). 
A alternativa “c” está errada. O próprio dispositivo constitucional (CF, art. 5°, 
XI) já prevê hipóteses de exceção à inviolabilidade do domicílio (flagrante 
delito, desastre ou prestação de socorro e, durante o dia, por determinação 
judicial). 
A alternativa “d” está certa. As bancas gostam de cobrar essa história de sigilo 
bancário. Como eu disse, o STF reconheceu ao Ministério Público a 
competência para determinar a quebra do sigilo bancário de pessoa sob sua 
investigação, desde que no curso de procedimento que envolva a aplicação de 
dinheiro ou verba pública (defesa do patrimônio público). 
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A alternativa “e” está errada, pois nesse caso haverá violação da proteção das 
comunicações telefônicas. Assim, a interceptação telefônica, sem autorização 
judicial, para captação e gravação de conversa de terceiros é ilícita. 
Diferentemente seria o caso de gravação realizada por um dos interlocutores, 
sem o consentimento do outro, desde que diante de legítima defesa. Ou 
mesmo a gravação realizada por terceiro com o consentimento de um dos 
interlocutores, mas sem o conhecimento do outro, desde que diante de 
legítima defesa. 
Nesses dois casos, a prova é lícita (observe que não se trata da utilização 
de prova ilícita). 
Gabarito: “d” 
57) (CESPE/ADMINISTRATIVO/MPE/RR/2008) Os crimes definidos pela lei 
como hediondos são insuscetíveis de graça ou anistia. 
É o que estabelece o inciso XLIII do art. 5º da Constituição

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