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Aula 04 MARCOS GIRÃO

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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA AJAJ - STJ 
PROFESSOR: MARCOS GIRÃO 
 
 
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AULA – 04 
 
Olá caro aluno, 
Como estão os estudos?? Espero sinceramente que nossas aulas estejam 
contribuindo qualitativamente para a consolidação de sua caminhada em busca 
de seu sucesso neste certame. 
Nesta aula, trataremos de três normativos muitíssimo importantes para 
sua prova, pois são bastante explorados pelo CESPE e não menos relevantes 
para o seu dia-a-dia de trabalho. São eles: 
 
� A LEI DE CRIMES DE TORTURA (Lei nº 9.455/70) 
� A LEI DE CRIMES HEDIONDOS (Lei nº 8.072/90) 
� O ABUSO DE AUTORIDADE (Lei nº 4.898/65) 
 
Tenho certeza que a essa altura do campeonato você já deve ter lido e 
relido inúmeras vezes tais dispositivos legais. Apesar de normas polêmicas, 
nosso intuito aqui será clarificar alguns pontos e direcioná-lo objetivamente 
para resolver e acertar questões de CESPE sobre esses temas. Afinal de 
contas, esse é o nosso grande foco!!! 
Encha-se de fôlego e sigamos em frente!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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I – ESTUDO DA LEI 9.455/97 – CRIMES DE TORTURA 
 
Caro aluno, a nossa primeira norma a ser estudada nesta aula tem sua 
origem maior na Constituição Federal de 1998 que assim determina: 
 
Art. 5º (...) 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;XLIII - 
a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
PRÁTICA DA TORTURA, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
 
Assim, estava a tortura condicionada à feitura de uma lei ordinária 
federal que a regulamentasse. Passaram-se quase dez anos para que o 
legislador elaborasse a aludida lei, a Lei nº 9.455/97. 
É importante ressaltar que a referida norma, na análise de sua 
substância, não é generalizadora, vendo-se, na verdade, que ela foi 
direcionada a determinados fatos que levaram o Poder Legislativo a, dentro de 
poucos dias, legislar sobre assunto que se encontrava adormecido por exatos 
oito anos e cinco meses. 
Em outras oportunidades, o crime de tortura já tinha sido tratado. A Lei 
8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos a qual estudaremos adiante) 
praticamente repetiu o então estabelecido na Constituição de 88, 
acrescentando algumas outras conseqüências de caráter material e processual. 
Já a Lei 8.069/90 (o nosso velho ECA) estipulou pena, em seu art. 233, para o 
caso de sua prática contra criança, o que ficou, de resto, inaplicável, em 
ambas as leis, por falta de definição legal do que seria tortura. Esse último 
artigo foi revogado pela lei ora em estudo. 
Após este breve apanhado, resta-nos a análise da Lei nº 9.455, de 7 de 
abril de 1997, que definiu os crimes de tortura e deu outras providências 
aplicáveis à espécie. 
 
 
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1.1. OS TIPOS PENAIS 
 
Segundo a Lei 9.455/97, constitui CRIME DE TORTURA: 
 
Art. 1º. (...) 
� I - Constranger alguém com emprego de VIOLÊNCIA ou GRAVE 
AMEAÇA, causando-lhe sofrimento físico OU mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da 
vítima (ou de terceira pessoa) OU; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa OU; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
Pena - reclusão, de 02 a 08 anos. 
 
 Vamos conversar mais um pouco sobre as tipificações acima descritas, 
regulamentadas pelo Art. 1º, e inciso I da Lei de Crimes de Tortura. 
No caso acima descrito, a tipificação do crime de tortura fica 
condicionada ao preenchimento cumulativo de três elementos, sendo uns 
objetivos do tipo e outros de caráter subjetivo. Os dois primeiros são: 
emprego de violência ou grave ameaça + causando sofrimento físico 
ou mental. 
O terceiro elemento está presente nas suas alíneas "a", "b", e "c". Note-
se que se faz necessário o enquadramento do fato, além das hipóteses do 
inciso I, em uma das três alíneas, e NÃO EM TODAS ELAS. Vamos explicar 
melhor!! 
Esses três elementos CUMULATIVOS são: 
 
� o meio empregado; 
� as conseqüências sofridas pela vítima e; 
� a finalidade pretendida (dolo específico) ou o motivo. 
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O MEIO se exterioriza através do emprego de violência ou grave 
ameaça. São as chamadas "vis corporalis" e "vis compulsiva", 
respectivamente. 
As CONSEQÜÊNCIAS são de duas ordens: o constrangimento e o 
sofrimento físico ou mental causados. Sublinhei novamente o “ou” 
exatamente para que você não esqueça que o sofrimento pode ser tanto 
somente físico como apenas o mental. É, assim, necessária a ocorrência 
concomitante de ambas. 
 
NÃO ESQUEÇA!! 
� Só se tipificará o crime se a vítima for constrangida pelo emprego de 
violência ou grave ameaça, E que este lhe cause sofrimento físico 
ou mental, pois pode acontecer que, apesar da violência, em sentido 
amplo, a vítima não se sinta constrangida ou não tenha sofrimento de 
qualquer ordem. 
 
Por último, vêm as FINALIDADES ou o motivo. Aqui, são em números 
de três, devendo, no entanto, como dito, ser preenchida apenas uma, para 
a tortura se caracterizar. Vamos analisá-las: 
 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima 
(ou de terceira pessoa) 
 
Nesta alínea, a vítima a que se refere a lei, é óbvio, é a do crime de 
tortura. Também ocorrerá o delito quando as informações, declarações ou 
confissão forem prestadas por terceiro. 
É o caso da tortura praticada em A para que B informe, declare ou 
confesse. A expressão "terceira pessoa" não ficou bem colocada, já que a 
mesma só realizará uma das condutas descritas caso se encontre 
constrangida, de forma que o sofrimento mental seja possível de resistir. Ora, 
ocorrendo isso, o terceiro estará torturado, posto que foi constrangido, com 
emprego de grave ameaça, e lhe foi causado sofrimento mental. Portanto, a 
dita terceira pessoa também é vítima. 
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Houve, neste dispositivo, o direcionamento citado, eis que a hipótese 
versada, na quase totalidade dos casos, só se caracterizará nos procedimentos 
policiais. 
 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
 
Nesta alínea, constitui tortura obrigar a vítima a praticar um crime, 
mediante ação ou omissão. É necessário, mais uma vez afirmo, que a ação ou 
a omissão criminosa seja praticada em virtude de ter sido a vítima 
constrangida a tanto, ou seja, que, através do emprego de violência ou grave 
ameaça, a ela tenha sido causado sofrimento físico ou mental suficiente para 
constrangê-la à prática delituosa. 
Muito parecida é a tipificação desses casos de tortura coma do crime de 
constrangimento ilegal. Neste, a vítima é obrigada, mediante violência ou 
grave ameaça, a não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela não manda. 
Diferenciam-se por não haver, neste ilícito penal, a necessidade de ser 
causado à vítima sofrimento físico ou moral, por ser a pena bem mais branda, 
e pelo fato de ser o crime de tortura mais específico. 
Como se sabe, o delito previsto no art. 146, do CP, é subsidiário, 
aplicando-se às hipóteses não previstas em outras figuras delituosas e sendo 
absorvido pelas mais complexas. 
 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;Muito cuidado com essa alínea, caro aluno!! 
Aqui você já deve concluir que melhor teria feito o legislador se houvesse 
generalizado, em vez de ser taxativo. Poderia ter dito: em razão de qualquer 
discriminação. Evitar-se-ia, assim, que determinadas condutas não fossem 
abraçadas pela lei de tortura. 
É o caso de discriminações em razão de ideologia política ou em razão de 
preferência sexual. 
 
 
 
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IMPORTANTE 
� Nestas, mesmo estando presentes o constrangimento, a violência 
ou grave ameaça e o sofrimento físico ou mental, NÃO SE 
PODERÁ FALAR EM TORTURA, pois, em sendo taxativa a 
enumeração, não se estende a outros fatos além daqueles expressos na 
lei, em virtude da interpretação restrita das normas penais. E é isso que 
funciona para o CESPE!! 
 
Veja como as disposições até aqui estudadas foram cobradas: 
 
01. [FGV – INSPETOR – POLICIA CIVIL/RJ – 2008] São crimes de tortura 
constranger alguém com emprego de violência ou ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico para provocar ação ou omissão de natureza criminosa e 
constranger alguém sem emprego de violência nem ameaça, para que faça 
algo que a lei não obriga. 
02. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] 
Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante 
emprego de grave ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de 
obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. 
03. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] 
Considerando que X, imputável, motivado por discriminação quanto à 
orientação sexual de Y, homossexual, imponha a este intenso sofrimento físico 
e moral, mediante a prática de graves ameaças e danos à sua integridade 
física resultantes de choques elétricos, queimaduras de cigarros, execução 
simulada e outros constrangimentos, essa conduta de X enquadrar-se-á na 
figura típica do crime de tortura discriminatória. 
04. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se um 
policial civil, para obter a confissão de suposto autor de crime de roubo, 
impuser a este intenso sofrimento, mediante a promessa de mal injusto e 
grave dirigido à sua esposa e filhos e, mesmo diante das graves ameaças, a 
vítima do constrangimento não confessar a prática do delito, negando a sua 
autoria, não se consumará o delito de tortura, mas crime comum do Código 
Penal, pois a confissão do fato delituoso não foi obtida. 
05. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] A 
prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de 
discriminação religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir 
em assuntos religiosos dos cidadãos. 
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06. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 
2011] Considere a seguinte situação hipotética. 
Rui, que é policial militar, mediante violência e grave ameaça, infligiu intenso 
sofrimento físico e mental a um civil, utilizando para isso as instalações do 
quartel de sua corporação. A intenção do policial era obter a confissão da 
vítima em relação a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. 
Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua 
condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o crime 
de tortura na forma tipificada em lei específica. 
Questão 01: Do pouco que já estudamos, podemos perceber que a questão 
traz um erro ao afirmar que constranger alguém sem emprego de violência 
nem ameaça, para que faça algo que a lei não obriga é também crime de 
tortura. Acabamos de ver que o emprego de violência e ameaça é um dos 
fatores fundamentais para a tipificação de certa conduta como crime de 
tortura. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 02: Com certeza!! Perceba que a banca praticamente copiou e colou o 
art. 1º da Lei de Crimes de Tortura, ora em estudo. Veja que todos os 
elementos para a configuração do crime de tortura estão presentes na conduta 
da autoridade policial: 
� constrange alguém + mediante emprego de grave ameaça + causando-lhe 
sofrimento mental + com o fim de obter informação, declaração ou confissão 
da vítima ou de terceira pessoa. 
Gabarito: CERTO 
Questão 03: Veja que questão interessante!! A sua redação nos traz 
aparentemente todos os elementos suficientes para a consumação do crime de 
tortura, mas há um erro ao incluir a discriminação contra a orientação sexual 
como crime de tortura. Vimos que há, de fato, condutas discriminatórias 
previstas na Lei 9.455/97 que, se praticadas com os demais requisitos, serão 
configuradas como crimes de tortura. Mas esse rol é TAXATIVO e lá consta 
como uma das motivações apenas a descriminação racial ou religiosa (art. 1º, 
I, “c”). Não trata nada a respeito de discriminação sexual. Por essa razão, não 
podemos tipificar como crime de tortura a conduta de X. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 04: O policial civil impôs ao suspeito de autor de um crime intenso 
sofrimento mental (mediante a promessa de mal injusto e grave dirigido à sua 
esposa e filhos). A finalidade era obter sua confissão. Temos então o meio, a 
conseqüência e a finalidade que juntos caracterizam o crime de tortura 
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INDEPENDENTEMENTE de o suspeito ter ou não confessado a autoria do 
suposto crime. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 05: De forma alguma!! Tenho certeza que essa você acertou, pois a 
discriminação religiosa é uma das finalidades descritas na Lei 9.455/97 como 
requisitos para a caracterização do crime de tortura. O CESPE trouxe um 
floreado sem sentido com o intuito claro de pegar os candidatos desavisados 
ou que pouco estudaram a referida norma!! 
Gabarito: ERRADO 
Questão 06: Questão bem parecida como umas das anteriores e que nos leva a 
mesma linha de raciocínio. 
O MEIO � constrangimento mediante violência e grave ameaça; 
A CONSEQUENCIA � intenso sofrimento físico e mental a um civil; 
A FINALIDADE � obter a confissão da vítima em relação a um suposto caso 
extraconjugal havido com sua esposa. 
Temos então, INDEPENDENTE DO LOCAL onde foi praticado, a consumação do 
crime de tortura!! 
Gabarito: CERTO 
 
Continuando, a Lei 9.455/97 versa que também é crime de tortura: 
 
Art. 1º. (...) 
� II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA, a intenso sofrimento 
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de 02 a 08 anos. 
 
Perceba que nesse tipo, a violência ou grave ameaça é utilizada em 
pessoa que está sob a influência do agente, seja em caráter de guarda, 
poder ou autoridade. 
 
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IMPORTANTE 
� O sujeito ativo é PRÓPRIO, pois só poderá incorrer no crime as 
pessoas detentoras daqueles atributos. 
� O mesmo se diga do sujeito passivo. O sofrimento deve ser intenso, 
não compreendendo, no entanto, a lesão corporal de natureza grave 
(veremos o porquê adiante). 
� O dolo específico se caracteriza na aplicação de castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. O castigo visa a uma punição à vítima 
por conduta praticada pela mesma, enquanto que a medida de caráter 
preventivo antecede a referida conduta, tentando evitá-la. 
 
Mais uma vez, o preceito da norma em análise se assemelha a outros já 
existentes. Desta feita, com relação aos maus-tratos, abordado no CP, 
art.136. Diz tal dispositivo constituircrime: 
 "Expor a perigo a vida ou a saúde da pessoa sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, 
ensino, tratamento ou custódia, quer privando de 
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a 
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios 
de correção ou disciplina". 
Na tortura, o fim a que se presta a guarda, poder ou autoridade não está 
especificado, sendo, por isso, mais abrangente. Nos maus-tratos, a ação do 
sujeito ativo é de conteúdo ainda mais variável, pois pode se manifestar de 
diversas maneiras, entre as quais estão incluídas aquelas previstas na tortura, 
meios de correção ou disciplina (prevenção). Nestes, a vida ou a saúde da 
pessoa é exposta a perigo, enquanto que naquela, alguém é submetido a 
intenso sofrimento físico ou mental. 
A pena imposta ao delito de tortura simples é de reclusão de dois a oito 
anos. Como visto, bem mais elevada que as dos delitos de constrangimento 
ilegal de maus-tratos, que é de detenção, de três meses a um ano, ou multa, e 
de detenção de dois meses a um ano, ou multa, respectivamente. 
 
 
 
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IMPORTANTE 
� NA MESMA PENA (reclusão de 02 a 08 anos) INCORRE quem submete 
pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento 
físico OU mental, por intermédio da prática de ato não previsto em 
lei OU não resultante de medida legal. 
 
Perceba, caro aluno, que nesse último caso o meio utilizado é mais 
abrangente, pois, não se referindo à violência ou grave ameaça, aumentou a 
esfera de atuação do sujeito ativo. Mas, ao mesmo tempo, condicionou essa 
tipificação, já que é necessário que o meio empregado não esteja previsto em 
lei e que não seja resultante de medida legal. 
Novamente, fala-se em sofrimento físico ou mental, sendo obrigatória, 
portanto, a sua ocorrência, derivada do meio empregado. 
O sujeito PASSIVO não pode ser qualquer um. Só aquelas pessoas 
que se encontrem presas ou sujeitas à medida de segurança. A prisão é uma 
das previstas nas leis processuais penais, seja preventiva, temporária, em 
razão de flagrante ou em face de sentença condenatória. A medida de 
segurança não é pena, mas podemos dizer que faz parte das sanções penais. É 
forma de tratamento a que são submetidos os inimputáveis, para prevenir que 
os mesmos voltem a delinqüir. A pena tem caráter retributivo preventivo, 
enquanto que a medida de segurança é apenas preventiva; a primeira se 
baseia na culpabilidade do agente; a segunda, na sua periculosidade. 
Esta norma tem por fim a proteção do direito individual constitucional 
previsto no art. 5º, XLIX, de que: 
"É assegurado aos presos o respeito à integridade física e 
moral". 
Veja como foi cobrado: 
 
07. [FGV – INSPETOR – POLICIA CIVIL/RJ – 2008] É crime de tortura 
submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de 
violência ou ameaça, a intenso sofrimento mental, como forma de aplicar 
castigo pessoal. 
Questão 07: Diante do exposto, percebe-se claramente que a questão em 
análise traz a literalidade fiel do art. 1º, inciso II acima estudado. 
Gabarito: CERTO 
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1.2. A OMISSÃO AO CRIME DE TORTURA 
 
A Lei 9.4455/95, em seu art. 1º § 2º, versa que aquele que se omite em 
face das condutas nela tipificadas como crimes de tortura, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na seguinte pena: 
� Detenção de 01 a 04 anos. 
 Veja que também respondem pelo crime de tortura as pessoas que, tendo 
conhecimento de sua prática, omitirem-se, deixando de apurá-los ou evitá-los. 
É importante observar que na conduta omissiva de apuração, o 
responsável será sempre uma AUTORIDADE, que seja competente para tanto. 
Já no caso de se evitar a tortura, o sujeito ativo poderá ser não só a 
referida autoridade, bem como QUALQUER OUTRO INDIVÍDUO que, de alguma 
maneira, teria condições de impedir a consumação do delito e que se enquadra 
em uma das hipóteses do art. 13,§ 2º, do CP que assim estabelece: 
"O dever de agir incube a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção e vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado". 
Perceba que a pena, nessas hipóteses, é menor que as previstas nos 
crimes de tortura propriamente ditos. Isso se dá pelo fato de o legislador ter 
entendido ser as condutas do executor e do mandante, se houver, mais lesivas 
do que a daquele que se omitiu, não apurando a sua ocorrência ou não 
evitando a sua consumação. 
 
Veja como o CESPE cobrou: 
 
 
 
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08. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 
2006] Considere a seguinte situação hipotética. 
Uma equipe de policiais civis de determinada delegacia, após a prisão de um 
indivíduo, submeteu-o a intenso sofrimento físico e mental para que ele 
confessasse a prática de um crime. O delegado de polícia, chefe da equipe 
policial, ciente do que acontecia, permaneceu em sua sala sem que tivesse 
adotado qualquer providência para fazer cessar as agressões. Nessa situação, 
os policiais praticaram a figura típica da tortura, ao passo que, em relação ao 
delegado de polícia, a conduta, por não configurar o mesmo crime, tem outro 
enquadramento penal. 
09. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] 
Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, 
tendo o dever de evitá-la ou apurá-la, é punido com as mesmas penas do 
autor do crime de tortura. 
10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] 
Considere a seguinte situação hipotética. 
No momento de seu interrogatório policial, João, acusado por tráfico de 
entorpecentes, foi submetido pelos policiais responsáveis pelo procedimento a 
choques elétricos e asfixia parcial, visando à obtenção de informações sobre o 
endereço utilizado pelo suposto traficante como depósito da droga. João, após 
as agressões, comunicou o fato à autoridade policial de plantão, a qual, apesar 
de não ter participado da prática delituosa, não adotou nenhuma providência 
no sentido de apurar a notícia de tortura. Nessa situação, a autoridade policial 
responderá por sua omissão, conforme previsão expressa na Lei de Tortura. 
11. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O artigo 
que tipifica o crime de maus-tratos previsto no Código Penal foi tacitamente 
revogado pela Lei da Tortura, visto que o excesso nos meios de correção ou 
disciplina passou a caracterizar a prática de tortura, porquanto também é 
causa de intenso sofrimento físico ou mental. 
12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Sendo crime próprio, o 
crime de tortura é caracterizado por seu sujeito ativo, que deve ser funcionário 
público. 
Questão 08: Em nossa questão nota-se com clareza a omissão do delegado de 
polícia que, ciente do que acontecia, permaneceu em sua sala sem que tivesse 
adotado qualquer providência para fazer cessar as agressões. Logo, aquele que 
se omite em face de condutas tipificada como crime de tortura, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, comete também o mesmo crime. Não há o 
que se falar em outro enquadramento penal para a conduta do delegado. 
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Gabarito: ERRADO 
Questão 09: Revisando: 
� QUEM COMETE CRIME DE TORTURA � Pena de reclusão, de 02 a 08 
anos. 
� QUEM SE OMITE AO CRIME DE TORTURA� Detenção de 01 a 04 anos. 
Dessa forma, há um equivoco na questão ao afirmar que quem se omite em 
face de conduta tipificada como crime de tortura (tendo o dever de evitá-la ou 
apurá-la) é punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 10: Perfeitamente!! Ao ser comunicado da prática de tortura, a 
autoridade policial de plantão, mesmo não tendo participado da prática 
delituosa, deveria ter adotado providências no sentido de apurar a notícia de 
tortura. Se assim não fez, cometeu o tipo penal de omissão a crime de tortura 
(art. 1º, § 2º da Lei nº 9.455/97) e por ele responderá. 
Gabarito: CERTO 
Questão 11: Essa não te pega mais não é mesmo? Comparando o crime de 
maus-tratos (art. 136 do CP) com o crime de tortura (art. 1º da Lei nº 
9.455/97) vimos que na tortura, o fim a que se presta a guarda, poder ou 
autoridade não está especificado, sendo, por isso, mais abrangente. Nos maus-
tratos, a ação do sujeito ativo é de conteúdo ainda mais variável, pois pode se 
manifestar de diversas maneiras, entre as quais estão incluídas aquelas 
previstas na tortura, meios de correção ou disciplina (prevenção). Nestes, a 
vida ou a saúde da pessoa é exposta a perigo, enquanto que naquela, alguém 
é submetido a intenso sofrimento físico ou mental. Assim, temos que o artigo 
136 do CP (maus-tratos) NÃO foi tacitamente revogado pela Lei da Tortura. 
 Gabarito: ERRADO 
Questão 12: A questão equivoca-se na generalização ao afirmar que todos os 
crimes de tortura são próprios, caracterizados por ter necessariamente os 
funcionários públicos como sujeitos ativos. Crime próprio de tortura é apenas o 
tipificado no art. 1º, inciso II da Lei nº 9.455/97, pois só poderá nele incorrer 
as pessoas detentoras daqueles atributos. 
Gabarito: ERRADO 
 
 
 
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1.3. A TORTURA QUALIFICADA 
 
Estabelece a Lei nº 9.455/97 que se a tortura resultar: 
 
� Em LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE OU GRAVÍSSIMA: 
Pena � reclusão de 04 a 10 anos; 
� Em MORTE: 
Pena � reclusão é de 08 a 16 anos. 
 
Estamos diante, caro aluno, dos casos de TORTURA QUALIFICADA pelo 
resultado, ou seja, preterdolosa. Aqui, a lesão corporal e a morte são 
conseqüências culposas da tortura. Não são desejadas pelo autor, que age 
com dolo no antecedente (tortura) e culpa no conseqüente (lesão corporal 
grave ou gravíssima ou morte, resultados não pretendidos). 
De qualquer forma, tem que se demonstrar que o autor não quis o 
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. Caso contrário, responderá 
por tortura simples e lesão corporal grave ou gravíssima, em concurso formal, 
ou por homicídio qualificado pela tortura, art. 121,§2º, III, do CP, conforme a 
hipótese. 
 
Código Penal: 
 Art. 121. Matar alguém: 
(...) 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
(...) 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 
 
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Pois bem, os crimes de tortura QUALIFICADA só não se aplicam nos 
casos de conduta omissiva (já estudados acima), pois se o legislador 
diferenciou a pena daquele que se omitiu, não vai, nos casos das qualificadas, 
igualá-las a de quem efetivamente praticou o crime. 
E vamos ao CESPE: 
 
13. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Não 
se aplica a lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a 
morte da vítima. 
14. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] 
Considere a seguinte situação hipotética. 
Carlos, após a prática de atos eficientes para causar intenso sofrimento físico e 
mental em José, visando à obtenção de informações sigilosas, matou-o para 
que sua conduta não fosse descoberta. Nesse caso, Carlos responderá pelo 
crime de tortura simples em concurso material, com o delito de homicídio. 
Questão 13: Pois bem, os crimes de tortura QUALIFICADA só não se aplicam 
nos casos de conduta omissiva (já estudados acima), pois se o legislador 
diferenciou a pena daquele que se omitiu, não vai, nos casos das qualificadas, 
igualá-las a de quem efetivamente praticou o crime. O que a questão em 
análise nos diz? O oposto do que acabamos de estudar!! Que NÃO se aplica a 
lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da 
vítima. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 14: Muito cuidado, caro aluno!! Se você ler essa assertiva muito 
rapidamente e se empolgar em respondê-la, você correrá o risco de errá-la!! 
Vimos que nos casos de tortura qualificada (quando a tortura resulta em lesão 
corporal grave, gravíssima ou em morte) a lesão corporal e a morte são 
conseqüências culposas da tortura. Não são desejadas pelo autor, que age com 
dolo no antecedente (tortura) e culpa no conseqüente (lesão corporal grave ou 
gravíssima ou morte, resultados não pretendidos). No caso em tela, a morte 
de José não se deu por uma consequência culposa do agir de Carlos. Muito 
pelo contrário!! Carlos agiu com dolo, pois teve a clara intenção de praticar o 
homicídio. Desta feita, a questão está certinha ao afirmar que ele responderá 
por crime de tortura simples em concurso material como o delito de homicídio. 
Gabarito: CERTO 
 
 
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1.4. CRIMES DE TOTURA – OS AUMENTATIVOS DE PENA 
 
Caro aluno, estamos diante neste tópico de outras figuras qualificadas 
que dão causa ao aumento de pena. São duas de caráter pessoal, e uma 
decorrente do modo pelo qual se pratica a tortura. Aplicam-se tanto às formas 
comissivas quanto à omissiva, pois quem comete um crime o faz por ação ou 
omissão, e estando esta última tipificada, óbvia será a incidência do aumento. 
A norma em estudo determina que quem comete crime de tortura terá 
aumentada sua pena de 1/6 até 1/3: 
 
� Se o crime é cometido por agente público; 
 
IMPORTANTE 
� Para o agente público, a condenação acarretará a PERDA do cargo, 
função ou emprego público e a INTERDIÇÃO PARA SEU EXERCÍCIO 
pelo dobro (não esqueça!!) do prazo da pena aplicada. 
 
Essa hipótese trata-se de qualidade inerente ao sujeito ativo, ser agente 
público. Interessante situação ocorrerá quando houver omissão na apuração 
da tortura, pois, como já frisei, o sujeito ativo será sempre uma autoridade, 
agente público, que responderá, obrigatoriamente, pela pena de um a quatro 
anos, com aumento da pena acima estabelecido. 
Os efeitos da condenação atingem os servidores públicos em sentido 
amplo, envolvendo os detentores de cargo, função ou emprego público. 
Na lição de Hely Lopes Meirelles, cargo público é o lugar instituído na 
organização do funcionalismo, com denominação própria, atribuições 
específicas e estipêndio correspondente, para ser provido e exercido por um 
titular, na forma estabelecida em lei. Função é a atribuição ou o conjunto de 
atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional, ou 
comete individualmente a determinados servidores para execução de serviços 
eventuais. Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. Já o 
emprego público é o encargo de trabalho desempenhado por agentes 
contratados, sob relação trabalhista, sujeitando-se estes, apesar da influência 
da entidade contratante, de natureza governamental, a normas jurídicas 
previstas na CLT. 
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Esses servidores, além de perderem seus cargos, funções ou empregos, 
ficam interditados paraexercê-los pelo dobro do período da pena aplicada. 
Não podem, assim, voltar ao serviço público enquanto não ultrapassado aquele 
lapso temporal. 
 
� Se o crime é cometido contra: 
 Criança; 
 Gestante; 
 Portador de deficiência; 
 adolescente ou; 
 maior de 60 (sessenta) anos; 
 
Nesse caso temos as qualidades do sujeito passivo. É necessário, 
todavia, que o sujeito ativo tenha em mente essas qualidades da vítima, pois, 
se não tiver, incorrerá em erro de tipo, não respondendo pela forma 
qualificada. A única delas que, mesmo admitindo o erro escusável, imputará o 
aumento é o fato de a vítima ser criança, já que, se o agente não conhecia 
esse atributo, é por que a considerava adolescente, circunstância também 
prevista na disposição legal. 
 
� Se o crime é cometido mediante seqüestro. 
 
Por último, temos a qualificação do delito quanto ao modo de sua 
prática. A referência é o seqüestro. 
Muita atenção, pois o art. 148, § 2º do CP, prevê o crime de seqüestro 
qualificado pelo resultado. A diferença entre essas duas figuras típicas penais 
está em que, na primeira, o seqüestro é um modo, um meio para se praticar a 
tortura, causando-se sofrimento físico ou mental à vítima, enquanto que, na 
segunda, o seqüestro não é um meio, e sim o próprio fim, sendo o sofrimento 
físico ou moral uma decorrência dos maus-tratos ou da natureza da detenção. 
 
 
 
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IMPORTANTE 
� As causas aumentativas de pena também se aplicam aos casos de 
OMISSÃO de crimes de tortura e aos de TORTURA QUALIFICADA. 
 
 
15. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRO – SEJUS/CE – 2011] Se o 
crime de tortura for cometido por agente público ou mediante o uso de arma 
de fogo ou em concurso de mais de duas pessoas haverá aumento de pena de 
1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) previsto na Lei nº 9.455/97. 
16. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A 
condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou 
emprego público, mas não a interdição para seu exercício. 
17. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O crime 
de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não 
sendo próprio de agente público, circunstância esta que, acaso demonstrada, 
determinará a incidência de aumento da pena. 
18. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A perda do cargo 
público é efeito automático e obrigatório da condenação de agente público pela 
prática do crime de tortura, sendo, inclusive, prescindível a fundamentação. 
Questão 15: A assertiva da questão inventa duas condutas aumentativas de 
pena que, como você pode constatar, NÃO ESTÃO INCLUÍDAS no rol das 
aumentativas de pena acima estudado, previsto na Lei 9.455/97. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 16: Essa está fácil, não é mesmo? Não tenha dúvidas: para o agente 
público, a condenação acarretará não só a perda do cargo, função ou emprego 
público assim como também NECESSARIAMENTE a interdição para seu 
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 17: Exatamente!! Os crimes de tortura, tipificados na Lei nº 9.455/97, 
não são próprios de agentes públicos e têm como sujeitos ativos QUALQUER 
INDIVÍDUO. Agora, sendo cometidos por agentes públicos, estará configurada, 
como acabamos de ver, uma circunstância aumentativa de pena. Está 
certíssima a questão!! 
Gabarito: CERTO 
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Questão 18: Transitada em julgado a condenação por crime de tortura 
cometido por agente público, a Lei 9.455/97 prevê taxativamente a perda do 
cargo ou função pública dessa pessoa. Tal penalidade é, portanto, automática 
e obrigatória. Para a sua aplicação, a referida norma não prevê necessidade de 
fundamentação. 
Gabarito: CERTO 
 
 
1.4. OUTROS DISPOSITIVOS IMPORTANTES 
 
Em obediência ao nossa Constituição, a Lei 9.455/97 reforça, em seu art. 
3º § 6º que o crime de tortura é INAFIANÇÁVEL e INSUSCETÍVEL de graça 
ou anistia. 
Uma vez preso em flagrante, não caberá fiança ao acusado da prática 
de tortura. Só será posto em liberdade se provar irregularidade no flagrante, 
caso em que será ilegal a sua prisão. 
Não pode, da mesma maneira, ser concedida graça ou anistia. Já te 
adianto que também o indulto não pode ser concedido, tendo em vista o que 
dispõe a Lei 8.072/90 (art. 2º, inciso I) – Lei de Crimes Hediondos que 
estudaremos a seguir. 
A anistia exclui o crime; é normalmente concedida por crime político; 
tem caráter coletivo, e é cabível em qualquer momento, seja antes ou depois 
de iniciada a ação penal, ou ainda depois da condenação. 
A graça e o indulto excluem a culpabilidade, persistindo os demais efeitos 
da condenação, inclusive, a reincidência; são concedidos por crimes comuns; a 
primeira tem caráter individual, e o segundo, geral; só são cabíveis quando há 
sentença condenatória. 
A inclusão deste dispositivo foi feita como forma de reforçar a sua 
aplicação. Pra falar bem a verdade, você perceberá que já estava prevista, na 
Lei de Crimes Hediondos (art. 2º, I e II), toda a matéria aqui disciplinada. 
Houve apenas uma repetição. 
Versa a Lei 9.455/97 que o condenado por crime nela previsto, salvo a 
hipótese do condenado por CRIME DE OMISSÃO de tortura, iniciará o 
cumprimento da pena em regime FECHADO. 
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Diante do exposto, temos que a Lei de Tortura admite a progressão de 
regimes ao determinar que o cumprimento da pena inicie em regime fechado, 
admitindo-se a sua progressão. 
Vale ressaltar que a regra excepciona o condenado por crime de 
OMISSÃO, cuja pena imputada é inferior aos demais crimes de tortura. Aplica-
se a eles o disposto no Código Penal, art. 33, § 2º, "c", que determina a 
possibilidade de o início do cumprimento da pena ser em regime 
aberto, em caso de não reincidência. 
 
 IMPORTANTE 
� As disposições da Lei 9.455/97 aplicam-se ainda: 
 quando o crime NÃO TENHA SIDO COMETIDO em território 
nacional, sendo a vítima brasileira OU; 
 quando o crime NÃO TENHA SIDO COMETIDO em território 
nacional encontrando-se o agente em local sob jurisdição 
brasileira. 
 
Estamos diante do princípio da extraterritorialidade. Por ele, 
aplicam-se as normas brasileiras a fatos ocorridos fora do país. 
� A primeira hipótese enumerada diz respeito à tortura praticada contra 
brasileiro em outro território. 
� A segunda, contra qualquer pessoa, brasileira ou não, desde que o 
agente se encontre em local sob jurisdição brasileira. 
As nossas últimas sobre os crimes de tortura: 
 
19. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Um 
agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava 
sob sua autoridade, com o objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros 
detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida servida na 
penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável. 
20. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] O 
condenado por crime previsto na lei de tortura inicia o cumprimento da pena 
em regime semiaberto ou fechado, vedado o cumprimento da pena no regime 
inicial aberto. 
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Questão 19: Ao submeter a intenso sofrimento físico um preso que estava sob 
sua autoridade, com o objetivo de castigá-lo, o agente penitenciário de nossa 
questão praticou crime de tortura, um crime, portanto, INAFIANÇÁVEL e 
INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OUINDULTO. 
Gabarito: CERTO 
Questão 20: Repetindo para você não esquecer: o condenado por crime 
previsto na Lei de Crimes de Tortura, salvo a hipótese do condenado por 
CRIME DE OMISSÃO de tortura, iniciará o cumprimento da pena em regime 
fechado. Entretanto, vale lembrar que ao usar o verbo “iniciar” a referida 
norma admite a progressão de regimes. Para o condenado por crime de 
OMISSÃO de tortura, não se esqueça, aplica-se o disposto no Código Penal, 
art. 33, § 2º, "c", que determina a possibilidade de o início do cumprimento da 
pena ser em regime aberto, em caso de não reincidência. 
A questão erra, portanto, ao declarar que todos os condenados por 
crimes de tortura podem iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto 
ou fechado. Erra ainda mais quando insinua a vedação absoluta ao 
cumprimento da pena no regime inicial aberto. Você já sabe que isso pode 
acontecer para os condenados aos crimes de omissão. 
Gabarito: ERRADO 
 
 
II – ESTUDO DA LEI 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS 
 
Caro aluno, começaremos, a partir de agora, o estudo de uma das mais 
importantes leis extravagantes cobradas em concursos públicos: a Lei nº 
8.072/90 que define e dispõe sobre os CRIMES HEDIONDOS. 
Aí vêm as famosas perguntas: o que é um crime HEDIONDO? Quais são 
esses crimes? 
Vamos às respostas!! 
 
 IMPORTANTE 
� O delito HEDIONDO é aquele considerado REPUGNANTE, BÁRBARO 
ou ASQUEROSO. 
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É preciso ressaltar, no entanto, que o crime HEDIONDO não é aquele que 
no caso concreto, se mostra repugnante, asqueroso, depravado, horrível, 
sádico ou cruel, por sua gravidade objetiva, ou por seu modo ou meio de 
execução, ou pela finalidade do agente, mas sim aquele definido de forma 
taxativa pelo legislador ordinário. 
A origem legal para a edição da Lei 8.072/90, que elenca de forma 
TAXATIVA o rol de crimes considerados hediondos e seus assemelhados 
também tem previsão no já citado inciso XLIII do art. 5º da nossa Constituição 
Federal de 1998 e que mais uma vez transcrevo: 
 
Art. 5º. (...) 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis 
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem. 
 
Além do comando a ser seguido, a Lei Fundamental também determinou 
que os crimes de tráfico de drogas, terrorismo e tortura recebessem o 
mesmo tratamento rigoroso dado aos crimes hediondos. Assim, tais 
delitos foram considerados como EQUIPARADOS ou ASSEMELHADOS aos 
hediondos. 
Ao dispor sobre os crimes hediondos e equiparados na Constituição de 
1988, o legislador originário determinou que tais delitos tivessem um 
tratamento mais rigoroso que os demais. 
Caro aluno, em vários concursos o examinador já questionou o candidato 
em questões de múltipla escolha quais eram os crimes hediondos e quais eram 
os assemelhados. 
Vamos começar o nosso estudo pelo rol de crimes hediondos 
TAXATIVAMENTE elencados pela Lei 8.072/90. Em seguida tratemos dos 
crimes a eles equiparados ou assemelhados, como queira. 
 
 
 
 
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2.1. O ROL DE CRIMES HEDIONDOS 
 
Caro aluno, como condição fundamental para o seu concurso é de 
EXTREMA IMPORTÂNCIA que você memorize TODOS os crimes hediondos 
estudados a seguir!! 
Primeiramente descreverei a lista desses crimes. Nesse primeiro 
momento procure apenas memorizá-los. Em seguida, para a consolidação de 
seu aprendizado, discutiremos aspectos importantes de cada um deles. 
Desta feita, a Lei 8.072/90 regulamenta que são considerados 
HEDIONDOS os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal 
Brasileiro, consumados ou tentados: 
 
� O homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); 
� O latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
� A extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
� A extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, 
e §§ 1o, 2o e 3o); 
� O estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); 
� O estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); 
� A epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o); 
� A falsificação, a corrupção, a adulteração ou a alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 
1o-A e § 1o-B) e; 
� O crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 
1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. 
 
Conhecidos os crimes hediondos, vamos agora procurar esclarecer 
alguns detalhes importantes sobre eles. 
 
 
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� O homicídio simples e o homicídio qualificado 
 
São considerados HEDIONDOS, consumados ou tentados: 
 
� Quando praticados em atividade típica de grupo de extermínio, 
ainda que cometido por um só agente: 
 
Homicídio simples (art. 121) 
Art. 121. Matar alguém 
Homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V) 
Art. 121. (...) 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
 
O homicídio simples somente é considerado delito hediondo, quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só autor. Da leitura que se faz do artigo 121 do Código 
Penal, percebe-se que não existe a qualificadora “atividade típica de grupo de 
extermínio”. 
Na prática, o homicídio praticado em atividade de grupo de extermínio 
nada mais é do que um homicídio qualificado. 
E quanto ao crime de homicídio privilegiado-qualificado? 
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Bom, o homicídio privilegiado é aquele em que a prática da infração é 
motivada por relevante valor social ou moral, ou se esta é cometida logo após 
injusta provocação da vítima. Nesses casos, a pena pode ser minorada de 1/6 
até 1/3 da pena. Nada impede que um homicídio privilegiado seja também 
qualificado. Por exemplo, é o caso do agente que utiliza meio cruel para 
realizar o homicídio sob violenta emoção logo em seguida de injusta 
provocação da vítima. 
A pergunta é: esse crime privilegiado-qualificado é também considerado 
hediondo? 
Resposta: para a maioria da doutrina não é crime hediondo. 
 
IMPORTANTÍSSIMO!! 
� De acordo com JURISPRUDÊNCIA do STJ, temos em resumo: 
 STJ - HC 36317/RJ – “Por incompatibilidade axiológica e por falta de 
previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não integra o 
rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes).” 
 STJ - HC 41579/SP –“1. O homicídio qualificado-privilegiado 
não figura no rol dos crimes hediondos. Precedentes do STJ.” 
 STJ - HC 43043 / MG – “1. O homicídio qualificado-privilegiado 
não é crime hediondo, não se lhe aplicando norma que estabelece o 
regime fechado para o integral cumprimento da pena privativa de 
liberdade (Lei nº 8.072/90, artigos 1º e 2º, parágrafo1º).” 
 
� O latrocínio 
 
É considerado crime HEDIONDO, consumado ou tentado: 
 
Latrocínio - roubo seguido de morte - (art. 157, § 3o, in fine) 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, 
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. 
(...) 
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§ 3º (...) se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem 
prejuízo da multa. 
 
Aqui é importante perceber que a Lei n.º 8072/90 classifica apenas o 
latrocínio como crime hediondo, excluindo o roubo simples ou circunstanciado. 
 
� A extorsão 
 
São considerados crimes HEDIONDOS, consumados ou tentados: 
 
Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e 
com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem 
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: 
(...) 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 
3º do art. 157 (se a extorsão resultar em morte) 
 
Extorsão mediante seqüestro na forma qualificada (art. 
159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o) 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. 
(...) 
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o 
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, 
ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
(...) 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. 
(...) 
§ 3º - Se resulta a morte. 
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� Os crimes de estupro 
 
São considerados crimes HEDIONDOS, consumados ou tentados: 
 
Estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a 
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique 
outro ato libidinoso: 
(...) 
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a 
vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
(...) 
§ 2o Se da conduta resulta morte. 
 
Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o) 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com 
menor de 14 (catorze) anos: 
(...) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput 
com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer 
outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
(...) 
§ 4o Se da conduta resulta morte. 
 
 
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� A Epidemia 
 
É considerado crime HEDIONDO, consumado ou tentado: 
 
Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o) 
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes 
patogênicos: 
(...) 
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. 
 
 
Entende-se por epidemia a propagação de germes patogênicos. Ressalta-
se que basta a morte de uma só pessoa para a configuração do crime. 
 
IMPORTANTE 
A transmissão dolosa do vírus HIV não configura o crime ora em 
comento. 
 
 
� A falsificação, a corrupção, a adulteração e a alteração 
 
É considerado crime HEDIONDO, consumado ou tentado: 
 
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, 
§ 1o-A e § 1o-B) 
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais: 
(...) 
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§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, 
tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega 
a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os 
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os 
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações 
previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes 
condições: 
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária 
competente; 
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no 
inciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para 
a sua comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - de procedência ignorada; 
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade 
sanitária competente. 
 
O presente inciso foi inserido em 1998, após o escândalo nacional dos 
contraceptivos de “farinha”, que foram colocados no mercado consumidor. 
Cumpre ressaltar que o estudo do artigo 273 do Código Penal deve ser 
feito de maneira integral. 
 
� O genocídio 
 
É considerado crime HEDIONDO, consumado ou tentado: 
 
 
 
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Lei nº 2.889/56 
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do 
grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência 
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do 
grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro 
grupo; 
(...) 
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes 
mencionados no artigo anterior: 
(...) 
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos 
crimes de que trata o art. 1º 
 
Há quem diga que o genocídio é um crime equiparado ao hediondo, o 
que ouso discordar. Primeiro, o crime em estudo não foi apontado pelo 
Constituinte Originário como hediondo. Segundo, a própria lei dos crimes 
hediondos considera o genocídio como tal. 
O STF, no RE 351487/RR, ressalta que a lesão à vida, integridade física 
ou à liberdade de locomoção são apenas MEIOS DE ATAQUE nos diversos 
meios de ação do criminoso. Afirmou-se que o crime de genocídio não visa 
proteger a vida ou a integridade física, mas sim a diversidade humana. Foi 
asseverado que um eventual homicídio seria mero instrumento para a 
execução do crime de genocídio, enfim, este NÃO é um crime doloso contra 
a vida, mas contra a existência de grupo racial, nacional, étnico e religioso. 
Para você se divertir, várias questões CESPE sobre o que acabamos de 
estudar: 
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21. [CESPE – PAPILOSCOPISTA – POLICIA CIVIL/RR – 2003] São 
considerados hediondos, nas formas tentadas ou consumadas, os crimes de 
homicídio simples, latrocínio, estupro e atentado violento ao pudor. 
22. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] O 
crime de homicídio é considerado hediondo quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente,e quando 
for qualificado. 
23. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Por incompatibilidade 
axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não 
integra o rol dos denominados crimes hediondos. 
24. [CESPE – PAPILOSCOPISTA – POLICIA CIVIL/RR – 2003] Armando 
e Sérgio deviam a quantia de R$ 500,00 a Paulo, porém se recusavam a pagar. 
No dia marcado para o acerto de contas, Armando e Sérgio, com o ânimo de 
matar, compareceram ao local do encontro com Paulo portando armas de fogo, 
emprestadas por Mário, que sabia para qual finalidade elas seriam usadas. 
Armando e Sérgio atiraram contra Paulo, ferindo-o mortalmente. 
Segundo determina a Lei n.o 8.072/1990, o homicídio de Paulo é considerado 
crime hediondo. 
25. [CESPE – PAPILOSCOPISTA –POLICIA CIVIL/TO – 2008] São crimes 
hediondos relacionados na legislação específica: o homicídio, quando praticado 
em atividade típica de grupo de extermínio, o roubo simples, a extorsão 
mediante seqüestro, entre outros. 
26. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] O porte ilegal de arma 
de fogo de uso permitido é inafiançável e hediondo, sendo irrelevante o fato de 
a arma de fogo estar registrada em nome do agente. 
27. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] 
Segundo o disposto na legislação específica, são crimes hediondos, entre 
outros, o homicídio qualificado, o latrocínio, a epidemia com resultado morte e 
o genocídio. 
Questão 21: Primeiro erro da questão: O homicídio simples somente é 
considerado delito hediondo, quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só autor. Segundo: o atentado violento 
ao pudor não é mais considerado crime hediondo. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 22: Isso mesmo!! Já vimos que o homicídio simples somente é 
considerado delito hediondo, quando praticado em atividade típica de grupo de 
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extermínio, ainda que cometido por um só autor. Na prática, estamos 
realmente diante de um homicídio qualificado. 
Gabarito: CERTO 
Questão 23: Uma questão que copiou toda a literalidade de decisão 
jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. Repetindo, para não esquecer: 
��� STJ - HC 36317/RJ – “Por incompatibilidade axiológica e por falta de 
previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol dos 
denominados crimes hediondos (Precedentes).” 
Gabarito: CERTO 
Questão 24: Matar alguém por causa uma dívida de R$ 500,00 é algo bastante 
desproporcional, caracterizando-se motivo fútil para o cometimento do delito. 
Estamos diante, portanto, de um crime de homicídio qualificado tipificado no 
art. 121, § 2º, inciso II do CP e classificado como crime hediondo pela lei 
8072/90. 
Gabarito: CERTO 
Questão 25: É só conferir como o que revisamos: 
� o homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio � 
OK � CRIME HEDIONDO 
� o roubo simples � ERRADO � NÃO É CRIME HEDIONDO 
� extorsão mediante seqüestro � OK � CRIME HEDIONDO 
Bom, como um dos tipos descritos na questão não é crime hediondo, podemos 
concluir que ela está equivocada. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 26: Aqui a banca viajou geral ao afirmar que o porte ilegal de arma é 
crime inafiançável e hediondo. Esse crime não é mais inafiançável e jamais foi 
incluído no rol dos crimes hediondos previstos na Lei 8.072/90. A título de 
curiosidade, apesar de ainda constar na letra da Lei 10.826/03 (Estatuto do 
Desarmamento) que esse crime é inafiançável, o STF, por meio da ADIN 
3.112-1 decidiu por sua afiançabilidade. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 27: A questão nos traz uma verdade: são crimes hediondos, entre 
outros, o homicídio qualificado, o latrocínio, a epidemia com resultado morte e 
o genocídio. 
Gabarito: CERTO 
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2.2. OS CRIMES EQUIPARADOS AOS HEDIONDOS 
 
Caro aluno, as bancas de concursos, e com o CESPE não poderia ser 
diferente, adoram cobrar sobre os crimes equiparados (ou assemelhados) aos 
hediondos. Vamos analisá-los!! 
Sei que você já está cansado de saber, mas para tratarmos desses 
crimes, preciso mais uma vez reportar-me ao inciso XLIII do art. 5º da nossa 
Constituição Federal: 
 
Art. 5º. 
XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis 
de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por ele respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem. 
 
A Lei 8.072/90 abrange não só as infrações penais enumeradas em seu 
artigo 1º (o rol dos crimes hediondos por nós estudados), como também os 
crimes de tortura, tráfico de entorpecentes e terrorismo, que apesar de 
não serem hediondos são considerados como tal, tornando-se equiparados a 
estes. E quem nos garante essa regra? 
A própria Lei 8.072/90 em seu art. 2º ao estabelecer que: 
 
� Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são INSUSCETÍVEIS 
de: 
� ANISTIA; 
� GRAÇA; 
� INDULTO E; 
� FIANÇA. 
 
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� O Tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas afins 
 
Em relação a este crime, é importante destacar que não são todos os 
crimes previstos na Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) que são tratados como 
equiparados aos crimes hediondos. 
 
IMPORTANTE 
� Da Lei de Drogas, por nós já estudada, só são considerados 
equiparados aos hediondos os tipos penais previstos em seu art. 
33 e 36. (REVISE-OS E NÃO SE ESQUEÇA MAIS!!) 
� O art. 35 já foi considerado crime equiparado, porém o STF, em decisão 
recente, retirou do rol de crimes que não se assemelham aos 
hediondos, o artigo 35 da referida Lei de Drogas (que trata do 
crime de associação para fins de tráfico). 
 
� O Terrorismo 
Quanto a este crime, ressaltamos que em nosso ordenamento jurídico, 
não há nenhum delito tipificado como terrorismo, gerando assim discussões. 
Parte dos doutrinadores entende que o artigo 20 da Lei nº 7.170/83 (lei de 
segurança nacional) tipificaria o terrorismo, por inconformismo político, ou 
para obtenção de fundos destinados a manutenção de organizações 
clandestinas ou subversivas, podendo ser aplicadas às consequências da 
hediondez. 
Entretanto, outros doutrinadores entendem que inexiste o tipo penal 
terrorismo. Em detrimento das divergências doutrinárias, para a sua prova, o 
que você precisa saber é unicamente que o TERRORISMO É UM CRIME 
EQUIPARADO AO HEDIONDO. 
 
� A Tortura 
 
Já estudamos bastante os crimes de tortura, não é verdade? 
O artigo 5º, III da Constituição Federal diz: 
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“ninguém será submetido à tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante.” 
O conceito do que seria o crime de tortura ficou vago, só sendo melhor 
explicada com a publicação da Lei 9.455/97. 
Nossa organizadora tem uma verdadeira paixão por esse assunto. Vamos 
ver como ela cobrou: 
 
28. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Os 
crimes hediondos ou a eles assemelhados não incluem o atentado violento ao 
pudor, a falsificação de produto destinado a fins terapêuticos e a tentativa de 
genocídio. 
29. [CESPE – PAPILOSCOPISTA – POLICIA CIVIL/RR – 2003] Não são 
suscetíveis de anistia e indulto os crimes hediondos. 
30. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA FEDERAL – DPF – 2004] Hugo é 
um agente de polícia civil querealizou interceptação de comunicação telefônica 
sem autorização judicial. Nessa situação, o ato de Hugo, apesar de violar 
direitos fundamentais, não constitui crime hediondo. 
31. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Considere a seguinte 
situação hipotética. 
Pedro e Paulo associaram-se, em caráter habitual, organizado e permanente — 
societas sceleris —, para comercializarem cloreto de etila — lançaperfume — a 
estudantes de escolas e faculdades particulares. Nessa situação, Pedro e Paulo 
praticaram o crime de associação para o tráfico de entorpecentes, que é 
equiparado a crime hediondo. 
32. [CESPE – PAPILOSCOPISTA –POLICIA CIVIL/PA – 2006] Conforme 
a Carta Magna federal, é sonegado às pessoas condenadas por crimes 
hediondos o acesso, apenas, aos benefícios da fiança e da graça. 
33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O 
tráfico ilícito de entorpecentes e a tortura, considerados crimes hediondos, são 
insuscetíveis de fiança ou anistia. 
34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/RN – 2008] Os 
crimes hediondos e a prática de terrorismo são imprescritíveis e insuscetíveis 
de anistia, graça, indulto ou fiança. 
35. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 
2011] Os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
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afins, o terrorismo e os crimes definidos como hediondos, assim como a ação 
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado 
democrático podem ser compreendidos na categoria de delitos inafiançáveis 
por disposição constitucional expressa. 
Questão 28: O atentado violento ao pudor, como já comentamos, não é mais 
considerado crime hediondo e nem a ele assemelhado. Até aí tudo bem, mas o 
equivoco é também não considerar hediondo a falsificação de produto 
destinado a fins terapêuticos e a tentativa de genocídio. 
Gabarito: CERTO 
Questão 29: Não dá nem pra acreditar numa questão dessas para um cargo de 
nível superior!! Mas tudo bem, fazer o quê... Os crimes hediondos são 
INSUSCETÍVEIS de anistia, graça, indulto e fiança. Assim também os seus 
assemelhados: a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e o terrorismo. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 30: Pergunto: de tudo que estudamos até aqui, você viu em algum 
momento eu falar que a interceptação de comunicação telefônica é 
considerada pela Lei 8.072/90 um crime hediondo ou a ele assemelhado? De 
jeito nenhum!! Não falei porque realmente ela não é considerada crime 
hediondo!! Está certíssima a questão!! 
Gabarito: CERTO 
Questão 31: A resposta aqui é simples: tanto o STF quanto o STJ já se 
manifestaram reiteradamente julgando como não hediondo o crime de 
associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06. Tipificados 
nessa lei, só os crimes previstos nos seus artigos 33 e 36. Não se esqueça 
dessas preciosas informações, ok?? 
Gabarito: ERRADO 
Questão 32: Questão de uma escrita bonita, mas ordinária!! Não são apenas 
os benefícios da fiança e da graça que são sonegados aos condenados por 
crimes hediondos não. A quem comete tais crimes (e seus assemelhados) são 
também negados os diretos à ANISTIA e ao INDULTO. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 33: Vimos que o tráfico ilícito de entorpecentes e a tortura, apesar de 
não serem crimes hediondos, são de fato considerados como tal pela Lei 
8.072/90. O erro está na afirmação de que tais crimes são insuscetíveis de 
fiança OU anistia. O uso do “ou” foi maldoso e infeliz, pois já estamos carecas 
 
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de saber que tais condutas são insuscetíveis de graça, indulto, fiança E anistia. 
Não há essa previsão de ser insuscetível a uma (fiança) OU à outra (anistia). 
Gabarito: ERRADO 
Questão 34: Caro aluno, a nossa banca é apaixonada por esse assunto!! Veja 
como em duas questões de um mesmo ano ela promove a mesma pegadinha 
super maldosa trocando o “e” pelo “OU” ao citar em seu final a expressão 
“indulto OU fiança”. É, pode acreditar... 
Mais uma vez para não esquecer: os crimes hediondos, a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de anistia, graça, indulto E fiança. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 35: Essa questão recentinha está uma moleza!! Para respondê-la, 
mais do que o conhecimento dos ditames da Lei 8.072/9º, é preciso relembrar 
três importantes dispositivos de nossa Constituição Federal: 
CF/88 
Art. 5º (...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, 
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos 
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático; 
Me diga se não foi uma questão dada!! 
Gabarito: CERTO 
 
 
 
 
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2.3. OS CRIMES HEDIONDOS E A LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
 A liberdade provisória é concedida ao indiciado ou ao réu preso 
cautelarmente. É uma garantia constitucional prevista no Art. 5º, inciso LXVI 
da CF, assim redigido: 
 
“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei 
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança” 
 
A Constituição e a lei nº 8.072/90 dizem que os crimes hediondos e 
equiparados são inafiançáveis, ou seja, que é vedada a concessão de liberdade 
provisória com arbitramento de fiança para tais delitos. 
 A vedação à liberdade provisória, antes expressamente prevista na Lei nº 
8.072/90, não impedia o relaxamento do flagrante: quando a) ocorresse 
excesso de prazo da prisão processual, b) não confirmada à situação de 
flagrância e se c) reconhecida à nulidade na lavratura do auto de prisão. 
 
 IMPORTANTE 
� Com a edição da Lei nº 11.464/07, passou a ser possível a concessão 
de liberdade provisória sem arbitramento de fiança, no caso de 
cometimento de crimes HEDIONDOS ou EQUIPARADOS. 
 
 
2.4. POSSIBILIDADE DE SE RECORRER EM LIBERDADE 
 
Rege a Lei dos Crimes Hediondos que em caso de sentença condenatória, 
o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
Atenção, pois o Superior Tribunal de Justiça vem se manifestando no 
sentido de que somente será imposto ao réu o recolhimento provisório quando 
presentes as hipóteses do art. 312, do CPP abaixo transcrito. Julgados 
recentes: RHC 23987/SP e HC 92886/SP. 
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CPP: 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por 
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência 
do crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser 
decretada em caso de descumprimento de qualquer das 
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
(art. 282, § 4o). 
 
Aos trabalhos: 
 
36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A jurisprudência do STJ 
sedimentou a orientação de que a regra prevista na Lei n.º 8.072/1990 em 
relação ao afastamento da possibilidade de concessão de fiança nos casosde 
prisão em flagrante de crimes hediondos ou equiparados não constitui por si só 
fundamento suficiente para impedir a concessão da liberdade provisória, na 
medida em que só não será oportunizada ao agente a concessão da liberdade 
mediante fiança caso estejam presentes os requisitos da prisão preventiva. 
37. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Conforme a 
jurisprudência do STJ, mesmo com o advento da Lei n.º 11.464/2007, que 
alterou a lei que trata dos crimes hediondos, não se tornou possível a liberdade 
provisória nos crimes hediondos ou equiparados, ainda no caso de não estarem 
presentes os requisitos da prisão preventiva. 
38. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] 
Considere a seguinte situação hipotética. 
Em 28/7/2007, Maria foi presa e autuada em flagrante delito pela prática de 
um crime hediondo. Concluído o inquérito policial e remetidos os autos ao 
Poder Judiciário, foi deferido pelo juízo pedido de liberdade provisória 
requerido pela defesa da ré. Nessa situação, procedeu em erro a autoridade 
judiciária, pois os crimes hediondos são insuscetíveis de liberdade provisória. 
Questão 36: Caro aluno, você já sabe que esses crimes são INAFIANÇÁVEIS. 
Não há previsão de liberdade mediante fiança seja qual for a hipótese!! 
Entretanto, você sabe também que por meio das mudanças trazidas pela Lei 
nº 11.464/07, passou a ser possível a concessão de liberdade provisória sem 
arbitramento de fiança. 
Gabarito: ERRADO 
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Questão 37: Não vamos confundir alhos com bugalhos!! 
� LIBERDADE PROVISÓRIA � com o advento da Lei n.º 11.464/2007, que 
alterou a lei que trata dos crimes hediondos, tornou-se possível a liberdade 
provisória nos crimes hediondos ou equiparados. 
� RECOLHIMENTO PROVISÓRIO � conforme entendimentos do STJ, só será 
possível tal recolhimento quando presentes as hipóteses de prisão preventiva 
regulamentadas no art. 312, do CPP. 
Ora, não estando presentes os requisitos para a prisão preventiva, é 
perfeitamente possível a liberdade provisória nos crimes hediondos ou 
equiparados, desde que fundamentada pela autoridade judicial. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 38: É óbvio que Maria teria sim o direito à liberdade provisória. 
Atualmente a Lei 8.072/90 já prevê a possibilidade de concessão de liberdade 
provisória sem arbitramento de fiança, no caso de cometimento de crimes 
HEDIONDOS ou EQUIPARADOS. 
Gabarito: ERRADO 
 
 
2.5. A PROGRESSÃO DE REGIME 
 
Com o advento da Lei 11.464/07, as penas por TODOS os crimes 
previstos na nossa Lei de Crimes Hediondos serão cumpridas inicialmente em 
regime fechado. 
A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos 
neste artigo, será permitida e dar-se-á após: 
 
� o cumprimento de 2/5 da pena � se o apenado for primário 
� o cumprimento de 3/5 da pena � se o apenado for reincidente. 
 
Poucas e informações e várias questões CESPE para treinarmos. Veja: 
 
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39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT – 2005] Com o advento da Lei 
n.º 9.455/1997, passou-se a admitir a progressão de regimes para o crime de 
tortura, que é equiparado a crime hediondo. Diante do novo diploma legal, a 
jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que será possível a progressão 
de regimes para os demais crimes hediondos e para os equiparados aos 
hediondos. 
40. [CESPE – PAPILOSCOPISTA FEDERAL – DPF – 2004] Estende-se aos 
demais crimes hediondos, a admissibilidade de progressão no regime de 
execução da pena aplicada ao crime de tortura. 
41. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Considere a seguinte 
situação hipotética. Pela prática do crime de homicídio qualificado, um 
indivíduo foi condenado definitivamente à pena privativa de liberdade de 12 
anos de reclusão, tendo o juiz fixado na sentença penal o regime inicialmente 
fechado. Na fase executiva, o juiz, verificando a fixação equivocada do regime 
prisional, o corrigiu para integralmente fechado. 
Nessa situação, por tratar-se de crime hediondo, com previsão legal 
expressa de que a pena deve ser cumprida em regime integralmente fechado, 
a decisão do juiz da execução não violou a coisa julgada. 
42. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PA – 2006] O 
réu que foi condenado pela prática de crime hediondo não tem o direito de 
cumprir a pena em regime de execução progressiva, de acordo com a 
jurisprudência mais recente do STF. 
43. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] O STF admite, em casos 
excepcionais, a fixação de regime integralmente fechado para o cumprimento 
da pena de condenados por crimes hediondos. 
44. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] A admissibilidade de 
progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura não 
se estende aos demais crimes hediondos. 
45. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] De 
acordo com a nova redação da Lei dos Crimes Hediondos, a pena será sempre 
cumprida em regime inicialmente fechado, cabendo a progressão de regime 
após o cumprimento de dois quintos da pena, se o apenado for primário. 
46. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A 
pena por crime hediondo deve ser cumprida em regime inicialmente fechado, 
podendo o condenado progredir de regime após o cumprimento de dois quintos 
da pena, se for primário, e de três quintos da pena, se for reincidente. 
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47. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/RN – 2008] A pena 
pela prática de crime hediondo deve ser cumprida em regime integralmente 
fechado. 
48. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] O 
condenado pela prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não 
poderá ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico 
em crimes dessa natureza. 
Questão 39: Essa questão é do ano de 2005, elaborada antes da publicação da 
Lei nº 11.464/07. O gabarito à época dava a questão como errada, mas hoje, 
tenha a certeza de que é possível a progressão de regimes para os crimes 
hediondos e os a eles equiparados. Foi o que acabamos de ver!! 
Gabarito: CERTO 
Questão 40: Outra elaborada antes do advento da Lei 11.464/07. Na época o 
gabarito estava como errado. Nos dias atuais, sob a égide das mudanças 
trazidas pela supracitada lei, existe a possibilidade de progressão no regime de 
execução da pena aplicada ao crime de tortura, considerado um crime 
assemelhado ao hediondo. 
Gabarito: CERTO 
Questão 41: É claro que o juiz violou sim a coisa julgada!! A previsão legal, 
expressa no art. 2º, § 2º da Lei 8.072/90, é que a pena deva ser cumprida em 
regime INICIALMENTE fechado, admitindo-se perfeitamente a progressão de 
pena. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 42: Essa já está no sangue!! Após a publicação da Lei 11.464/07, o 
réu que foi condenado pela prática de crime hediondo TEM SIM o direito de 
cumprir a pena em regime de execução progressiva. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 43: Não há mais essa previsão!! O art. 2º, § 2º da Lei 8.072/90, nos 
garante que o cumprimento da pena dos condenados por crimes hediondos 
seja cumprida em regime INICIALMENTE fechado, admitindo-se perfeitamente 
a sua progressão. 
Gabarito: ERRADO 
Questão 44: Mas o CESPE gosta de cobrar sobre progressividade das penas 
para os crimes hediondos, não é verdade?? E essa está parafraseando uma das 
questões anteriores já comentadas. Revisando: 
CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA AJAJ - STJ 
PROFESSOR: MARCOS GIRÃO 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
A progressão de regime,

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