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Uma Noite de Crime, 2003 GLEYBSON LUIZ MOTA A purificação, o evento central do filme “Uma Noite de Crime”, nos apresenta o conceito central abordado por Thomas Hobbes, a natureza humana. Textualizando o filme, trata-se de um acontecimento chamado de purificação, onde os EUA encontrava-se em um ambiente estável em todos os aspectos principalmente econômico e social, baixo nível de desemprego e níveis irrisórios de violência, este era o cenário do país na época em questão. Sustentado por um acontecimento anual, onde durante 12 horas acontecia um evento chamado de “A Purificação”, onde se era permitido dentro dessas horas praticar quais quer crimes contra qualquer pessoa, sem a interferência e o auxilio dos órgãos governamentais, como a policia e médicos. O cenário abordado pelo filme destaca os aspectos de um período onde a sociedade era livre de quaisquer punições proporcionado para toda uma nação, como que 12 horas de anarquia, porém não se abordando desta forma. Tendo como ponto principal a satisfação das necessidades humanas mais primitivas, a purificação hora abordada como algo de santidade, tratava-se de um cenário de cunho cultural presente naquela sociedade. Programações voltadas para o evento, assim como outros eventos praticados culturalmente em diversas sociedades. Vale destacar o consenso aparente da sociedade em relação aos benefícios do acontecimento para com a sociedade. Os conflitos sociais presentes em todas as sociedades aparentam estar controlados no país, pequenos conflitos de aspectos individuais da natureza humana é tratado como algo aparentemente superado. O evento da purificação é caracterizado por um período onde as pessoas libertariam tudo aquilo que conflitassem com um ideal de sociedade, não é por acaso que o nome do evento é chamado de tal forma, purificação. Elaborado por um governo que se viu diante da necessidade da sociedade de se sobrepor seus individualismos, necessidade de poder diante de seus semelhantes. Os direitos da sociedade hora garantido pelo governo durante os demais dias eram renunciados para satisfazer os desejos da sociedade de se sobrepor sobre aqueles considerados como uma ameaça e sobe o ideal de uma sociedade melhor. A renuncia de direito sobre todas as coisas pelo homem em prol de segurança transmitidos para um Estado, Governo ou o poder delegado a um representante, é presente na sociedade abordada pelo filme. O consenso de que a segurança garantida pelo Estado daquela sociedade se refletiam nos números apresentados tantos econômicos e principalmente social. Diante do cenário onde durante um dia do ano fossem garantida a liberdade do homem de “libertar” sua natureza, ou seja, seus individualismos, seu direito de posse sobre qualquer coisa ou pessoal, a possibilidade de se sobrepor perante seus semelhantes eram o ápice de tal evento. Fomentados pelos resultados obtidos, a expressão máxima das necessidades básicas abordadas por Hobbes eram escancaradas durantes um dia, visando uma sociedade superior, sem defeitos ou falhas sendo essas eliminadas com a supressão de vidas. O poder de ter todas as coisas era evidenciado naqueles atos, não se tratando somente de questões de bens materiais, mas sim da necessidade do homem de se sobressair sobre aquele que ele considera um rival ou pelo simples fato de realmente ter o poder de tudo e de que qualquer que seja a barreira deve ser superada. O direito e o poder sobre todas as coisas abordado por Hobbes é evidenciado pela necessidade humana em se sobrepor aos seus semelhantes, usando assim como Hobbes destaca a violência apresentada naquele período eram a essência da natureza humana sendo colocada em face da sociedade, a violência utilizada é um exemplo da liberdade garantida pela situação em que a sociedade se encontrava. Indo além de posse sobre riquezas a profundidade dos atos praticados naquela noite evidenciados no filme era a simples imposição física e intelectual sobre aqueles que cada individuo considerava como rival, indigno e principalmente vulnerável. Os anseios do ser humanos, principalmente os de sua natureza mais expressiva é o elo entre o filme e a teoria de Hobbes sobre a natureza humana. Garantir que a sociedade durante um dia possa expressar todas as suas necessidades de se sobressair diante de todas as coisas, principalmente tendo em vista que todos têm os mesmos direitos. O dia da purificação estabelecido pelo governo do filme, exemplifica alguns aspectos abordado por Hobbes sobre a natureza de cada individuo. O contrato social abordado por Hobbes é o cenário onde se apresenta o filme, a necessidade de segurando do individuo é exemplificada pelo ambiente apresentado, um condomínio que é apresentado com características de uma sociedade que ao conviver no mesmo espaço busca a segurança, mesmo diante de sua natureza de individualismo. As frequentes questões e duvidas levantas o filme sobre a real segurança dos meios adotados é o reflexo da natureza humana buscando uma garantia de segurança. Tal segurança almejada, se sobre sai diante da natureza humana onde o seu anseio sobre continuidade e segurança é a base para a relação entre o Estado e individuo. O Estado é o fornecedor da segurança almejada, mas sob a pena de a sociedade de estar sujeita ao Estado. As garantias que o estado oferece não são satisfatórias em sociedade alguma, haja vista das necessidades humana. A segurança alcançada através do Estado ou de uma entidade superior e o convívio em sociedade apresentam contrapartidas, os conflitos apresentados no filme são exemplos na necessidade constante do ser humano se comparar com os seus semelhantes e almejar as mesmas condições. Tais condições essas solucionadas pela violência tendo em vista da natureza humana. Os desejos apresentam-se de forma diferentes, mas há objetivos em comum, como a preservação da vida. O medo se apresenta como base da sociedade apresentada, os de segurança para a preservação da vida são destaque naquele cenário, a guerra constante mesmo diante daqueles que se colocam na mesma situação e objetivo que é busca pela segurança e preservação da vida. Mas como já conhecemos da natureza humana seus objetivos e direitos são igual do seu próximo e da mesma forma que ele pode sobre a vida do próximo o outro tem o mesmo direito. O medo presente no individuo é reconfortado pelas suas posses, notavelmente o ambiente em que se passa o filme exemplifica tal conceito, onde uma sociedade obcecada por segurança se conforta perante suas aquisições, mesmo que essas condições lhe causem conflitos. O estado entra como força maior, que tem como característica se sobressair sobre a sociedade, tendo em vista que foi a mesma que a garantiu nesse patamar. Ao firme tal contrato social a sociedade renuncia de seus direito de natureza, onde entendemos como direito sobre todas as coisas. Renunciado pela sociedade do filme sob a forma em que se acontece o evento central do filme. Hobbes nos diz que sempre que o Estado age contra o individuo, na verdade ele esta se colocando contra si mesmo, tendo em vista que foi o individuo o garantidor da situação em que se apresenta o Estado. A situação da purificação é o contraste de que como a sociedade se comporta diante de uma decisão feita por uma entidade superior, garantida pela própria sociedade. Mesmo na situação conflitante da situação, o filme destaca que da mesma forma que existe um conflito, o que era para ser superado pelas garantias do contrato social, a natureza humana necessita se sobrepor na sociedade perante seus semelhantes. O estado caracterizado por Hobbes com um mal necessário para que se garanta a estabilidade da sociedade, segurança e apreservação da vida. Os indivíduos se renunciam aos seus direitos para que uma força maior sustentasse a ordem. Com a renuncia dos direitos de natureza os indivíduos passam a se conformarem com o convívio. Esse convívio garantido pelo Estado não é suficiente como apresentado no cenário filme, para que se haja essa garantia de convivência há a necessidade de o ser humano “solucionar” seus conflitos e deixar sobressair seus direitos de natureza. As características do estado de natureza dos indivíduos são evidenciadas através da necessidade de poder e a característica de individualismo da sociedade apresentada. A saída para esse conflito para que a sociedade não viva em uma guerra constante é o convívio em sociedade. O convívio em sociedade é uma das formas de se garantir a preservação da vida, tendo em vista que a natureza humana se sobrepõe sobre os indivíduos por meio da violência. O cenário de uma sociedade praticamente perfeita mostra um aparente sucesso da estrutura organizacional. O filme Uma Noite de Crime, exemplifica perfeitamente a natureza humana abordada por Thomas Hobbes, onde o individualismo humano, egoísmo, necessidade de poder, segurança e o desejo de preservação da vida são caracterizados pelo estado de natureza humana, ou seja, como realmente é um individuo, em contraste com o que se tem em mente que os indivíduos são seres que por natureza conviveriam em sociedade, em relação a isto, Hobbes destaca que o convívio em sociedade foge da natureza humana. A alternativa para o Estado de natureza, tendo em vista dos meios utilizados para se alcançar que é a violência, a determinação de um estado maior que se sobressairia em interesse comum. A essência do estado de natureza de Hobbes é notavelmente abordada no filme, mas vale ressaltar mesmo diante de um Estado garantidor das necessidades humanas como segurança, riquezas, poder e preservação da vida, houve a necessidade que em um determinado dia, fosse possível que os indivíduos pudessem sobressair todas as suas características do estado de natureza, a segurança e as garantias que o Estado deveriam apresentar não foram suficientes para que se houvesse o convívio. A purificação é a externalidade de todas as características humanas elencadas Hobbes. Se voltarmos para a purificação como uma falha do Estado em garantir o convívio em sociedade ainda nos depararíamos com um conceito de Hobbes, em que as falhas do Estado são também da sociedade que é garantidora desse sistema.