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09/09/2017 1 Toxicologia Ambiental Professora Isabele Campos Costa E-mail: costa.isabele@gmail.com UFF - Universidade Federal Fluminense Fundamentos da Toxicologia e conceitos básicos das vias de exposição Toxicologia => Tóxico/Estudo Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos adversos/nocivo/tóxicos decorrentes da interação de xenobióticos com sistemas biológicos. “Toxicologia é a ciência que integra todas as informações científicas de modo a preservar e proteger a saúde e o ambiente da periculosidade por agentes químicos e físicos.” Sociedade Americana de Toxicologia Origem da Toxicologia A toxicologia nasceu nos primórdios da humanidade, antecipando-se à própria história escrita. Conhecimento sobre o uso venenos de animais e plantas com o propósito de auxiliar na caça e pesca, e como envenenamento nas atividades de guerra. Toxicologia Moderna - Paracelsus “Todas as substâncias são veneno. Não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.” Dose determina a toxicidade Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim - Suíça (1491-1541) Toxicologia Século XX Farmacêutica Alimentos Química Intoxicações 09/09/2017 2 1900 - 1960 Grande Crescimento das Industrias Química e Farmacêutica Guerra Química (1910 -1920) Gás mostarda. 1900 - 1960 Descoberta do DDT (1939) (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) Rachel Carson (1907-1964) Inicio do movimento ecológico. 1900 - 1960 Talidomida (1957-1960) Foi comercializada pela primeira vez da Alemanha em 1957, como fármaco sedativo-hipnótico e posteriormente como anti-náuseas. Em 1961, a FDA cancela a comercialização da talidomida. Órgãos Reguladores Responsáveis FDA - Food and Drug Administration (www. fda.gov); EPA - Environmental Protection Agency (www.epa.gov); OSHA - Occupational and Safety Health Administration (www.osha.gov); CPSC - Consumer Product Safety Commission (www.cpsc.gov); IARC – International Agency for Research on Cancer (www. Iarc.fr). Brasil Normas, Leis, Portaria, dos Ministérios da Saúde, Agricultura, Meio Ambiente, Trabalho. ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária; Norma Regulamentadora (NR) do Ministério do Trabalho; NR-7 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES Portaria Normativa N.º 348, DE 14 / 03 / 1990 Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar e as concentrações de poluentes atmosféricos - IBAMA Grandes Áreas da Toxicologia Toxicologia Regulatória Toxicologia Mecanicista Toxicologia Descritiva 09/09/2017 3 Divisão por Campos de Atuação Toxicologia Clínica ou Médica Toxicologia Analítica ou Química Toxicologia Experimental Identificação e quantificação dos toxicantes e/ou seus metabólitos Tem por finalidade diagnosticar, prevenir e dar subsídios para as intoxicações. TOXICOLOGIA Química Bioquímica Fisiologia Patologia Imunologia Biologia molecular Epidemiologia Farmacologia Áreas de Aplicação da Toxicologia Toxicologia Ocupacional Alimentos Forense Ambiental • Eco-toxicologia Social Medicamentos Clínica Genética Segundo ABIQUIM(1999), existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhecidas, das quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente. Conceitos de Toxicologia Toxicidade É a capacidade inerente de uma substância química em promover injúrias às estruturas biológicas, por meio de interações físico- químicas. Risco É o termo que traduz a probabilidade estatística de uma substância química provocar efeitos nocivos em condições definidas de exposição. TOXICIDADE X RISCO Perigo x Risco Ops!!! Conceitos de Toxicologia • O conhecimento da toxicidade das substâncias químicas se obtém através de experimentos em laboratório utilizando animais. Estudos Pré-clínicos de Avaliação de Toxicidade 09/09/2017 4 Avaliação de Toxicidade • Toxicocinético / Toxicodinâmico • Toxicidade aguda • Toxicidade sub-aguda • Toxicidade sub-crônica • Toxicidade crônicos • Efeitos locais sobre olhos • Sensibilização cutânea • Mutagênese e carcinogênese • Reprodução e teratogenêse Avaliação de Toxicidade • Os métodos, empregados com todo rigor científico, tem como finalidade: • Fornecer informações relativas aos efeitos tóxicos; • Avaliar o risco no uso de substâncias químicas, que podem ser extrapolados ao homem; • Estabelecer os limites de segurança para o uso das mesmas; Permitem a monitoramento e o controle dos limites de segurança estabelecidos. Avaliação de Risco Os princípios da toxicologia são essenciais no processo chamado de Avaliação de Risco; São estimativas dos efeitos potenciais a saúde humana e o meio ambiente das várias substâncias químicas. Dentro do processo de avaliação da toxicidade e da avaliação do risco de determinado agente químico é necessário conhecer: O tipo de efeito que ele produz; A dose; As características do agente; A exposição; A disposição do indivíduo. Classificação do Agente Tóxico Algumas substâncias químicas podem causar a morte em microgramas (µg), sendo extremamente tóxicos, enquanto outras em muitos gramas (g), sendo menos tóxicos. Como classificar as substâncias químicas? Classificação do Agente Tóxico A classificação do agente tóxico depende do interesse e da necessidade. Órgão alvo Fígado (hepatotóxico) Rins (nefrotóxico) Sistema hematopoiético SNC (Neurotóxico) Material Genético (Genotóxico) Estado físico Gás / Vapores Líquido Sólido / Partículas Efeito Carcinogênico Mutagênico Teratogênico Alergênico Uso Pesticidas Solventes Aditivos alimentares Medicamentos 09/09/2017 5 Classificação do Agente Tóxico Fonte Animais Plantas Minerais Grupo químico Aminas aromáticas Alcoóis Ésteres Mecanismo de ação Inibidores enzimáticos Inibidores sulfidril Produtores de metahemoglobina Potencial de letalidade DL50 ou CL50 Dose Letal Oral Humana Classificação do Agente Tóxico - Letalidade DL50 – É definido como sendo a dose necessária para matar 50% da população estudada. Dose pode ser definida como a quantidade de substância química que é administrada pelo organismo. É expressa em mg do toxicante/kg de peso córporeo = mg/kg. Classificação do Agente Tóxico - Letalidade Controle G1 (2mg/Kg) G2 (4mg/Kg) G3 (6mg/Kg) G4 (8mg/Kg) 0/50 1/50 13/50 27/50 48/50 Administração de 4 doses diferentes, por via oral, em grupos de 50 animais. Toxicidade Aguda Classificação do Agente Tóxico - Letalidade Classificação de acordo com a União Europeia. Classificação do Agente Tóxico - Letalidade Agente DL50 (mg/Kg) Álcool etílico 10.000 Cloreto de sódio 4.000 Sulfato ferroso 1.500 Sulfato de morfina 900 Fenobarbital sódico 150 Picrotoxina 5 Sulfato de estricnina 2 Nicotina 1 Tubocurarina 0,5 Hemicolinium-30,2 Tetradoxina 0,10 Dioxina 0,001 Toxina Butolínica 0,00001 Classificação do Agente Tóxico - Letalidade A DL50 é suficiente para classificar a toxicidade das substâncias químicas? 09/09/2017 6 Classificação dos agentes tóxicos quanto ao grau de toxicidade aguda A medida de letalidade aguda como a DL50 não reflete totalmente o real e amplo espectro da toxicidade, ou perigo associado da exposição ao agente químico. Efeitos carcinogênicos ou teratogênicos Medida de Toxicidade Aguda Medidas de Toxicidade crônica Características da Resposta Tóxica A resposta ou efeito tóxico é dependente das propriedades químicas e físicas dos agentes, da situação da exposição e da susceptibilidades individual. EXPOSIÇÃO DOSE EFEITO Características da Exposição • Os fatores relacionados a situação da exposição mais importantes que influenciam a toxicidade são: • Via de administração/ exposição • Duração e Frequência Características da Exposição Vias de exposição mais importantes Trato gastrointestinal Pulmonar Dérmica Intravenosa Os agentes tóxicos produzem efeitos mais rapidamente quando administrados diretamente no sangue. Características da Exposição Velocidade de Absorção = Entrada de uma substância no sistema vascular Intravenoso Inalação (gases, vapores e poeiras <10µm) Intraperitoneal Subcutâneo Intramuscular Intradermal Oral Tópico (pele e olhos) Características da Exposição Vias intramuscular, subcutânea e intradérmica 09/09/2017 7 Características da Exposição Vias de exposição Exposições ocupacionais por agentes tóxicos geralmente ocorrem por via inalatória ou por contato direto e prolongado da substância com a pele. Envenenamentos acidentais ou suicidas ocorrem frequentemente por ingestão oral. Características da Exposição Vias de exposição Comparação de diferentes vias de administração DL50 Oral = DL50 dérmica DL50 dérmica > DL50 oral O agente tóxico é absorvido facilmente. A pele age como barreira a absorção do agente tóxico. Características da Exposição Outras características também podem influenciar na absorção: Solubilidade; Concentração do agente tóxico no veículo; Volume total do veículo. Características da Exposição Duração e Frequência Aguda Exposição a substância uma dose única ou doses múltiplas dentro de 24h. Subaguda Sucessivas exposições a substância entre período de 24h a 1 mês. Subcrônica Sucessivas exposições a substância entre período de 1 mês 3 meses. Crônica Sucessivas exposições a substância por mais de 3 meses. Espectro dos Efeitos Indesejáveis • Os efeitos tóxicos são produzidos somente pelas substâncias químicas ou seus produtos de biotransformação que alcançarem os sítios de ação no organismo em concentração e tempo de exposição suficientes. Espectro dos Efeitos Efeitos adversos • Na terapêutica, cada droga produz um número de efeitos, mas apenas um está relacionado com o papel terapêutico procurado. • Todos os outros efeitos são indesejáveis, para aquela indicação terapêutica. No entanto, estes efeitos indesejáveis podem se tornar desejáveis para uma outra indicação terapêutica da droga. Atropina Tratamento de úlceras Pré-anestésico ↓ Secreção gástrica Secura na boca Indesejável Desejável 09/09/2017 8 Espectro dos Efeitos Indesejáveis Efeitos Adversos, Nocivos ou Tóxicos O termo efeito adverso é destinado a substâncias farmacologicamente ativas, em sua dose terapêutica. Espectro dos Efeitos Indesejáveis Efeitos Tóxicos • O termo efeito tóxico é utilizado para exposições a substâncias farmacologicamente ativas, acima de sua dose terapêutica. • Termo também utilizado para substâncias químicas não farmacologicamente ativa e são, na maioria das vezes, dose-dependentes. Classificação dos Efeitos • Reações alérgicas • Reações idiossincráticas ou Idiossincrasia química • Efeito Imediato ou Retardado • Efeitos Reversíveis e Irreversíveis • Efeitos Locais e Sistêmicos • Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos • Tolerância Classificação dos Efeitos • Reações alérgicas • Alergia química é uma reação adversa mediada imunologicamente a uma determinada substância química ou a determinado grupamento químico; • Resultado de uma prévia sensibilização a substância ou estrutura química similar. • Não obedecem ou apresentam uma curva dose-resposta / dose- efeito. • Não são dose dependente como a • grande maioria dos efeitos tóxicos. Classificação dos Efeitos • Tendências de reações alérgicas em seres humanas: • Pele • Dermatite • Urticária • Coceira • Olhos • Conjuntivite • Choque anafilático • Pulmonar • Asma e bronquite Classificação dos Efeitos • Reações idiossincráticas ou Idiossincrasia química • São respostas quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos provocados, geralmente, por alterações genéticas. • O indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses baixas (não-tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses mais elevadas. • Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros metemoglobinizantes, devido à deficiência, de origem genética, na NADH-metemoglobina redutase. O2 nos tecidos 09/09/2017 9 Classificação dos Efeitos Efeito Imediato ou Tardio Imediatos São aqueles que aparecem imediatamente após uma exposição aguda, ou seja, exposição única ou que ocorre, no máximo, em 24 horas. Efeitos Tardio São aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou seja, exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos. Classificação dos Efeitos Efeito Tardio Também ocorrem após um período de latência, mesmo quando já não mais existe a exposição. O exemplo mais conhecido é o efeito carcinogênico, sendo que alguns deles podem ter um período de latência entre 20- 30 anos. Exposição Efeito Período de Latência Classificação dos Efeitos Efeitos Reversíveis e Irreversíveis A manifestação de um ou outro efeito vai depender, via de regra, da capacidade do tecido lesado em se recuperar. Classificação dos Efeitos Efeitos Locais e Sistêmicos Efeito local Refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato entre o agente tóxico e o organismo. Exemplo: agentes cáusticos e corrosivos (bases e ácidos) Efeito Sistêmico Exige uma absorção e distribuição da substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor biológico. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Grande número de substâncias químicas contato com várias substâncias Como essas substâncias podem interagir ? O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes que uma substância altera o efeito de outra. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Como consequência destas interações podem resultar diferentes tipos de efeitos: Efeito Aditivo ou Adição Efeito Sinérgico ou Sinergismo Potenciação Efeito Antagônico ou Antagonismo 09/09/2017 10 Classificação dos Efeitos EfeitosResultantes da Interação de Agentes Químicos Efeito Aditivo ou Adição (1 + 1 = 2) É aquele produzido quando o efeito final dos dois agentes é igual à soma dos efeitos individuais, que aparecem quando eles são administrados separadamente. Ex.: inseticidas organofosforados (inibição da acetilcolinesterase) Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Efeito Sinérgico ou Sinergismo (1 + 1 = 10) Ocorre quando o efeito dos agentes químicos combinados é maior do que a soma dos efeitos individuais. Ex.: tetracloreto de carbono e álcool – ambos são hepatotóxicos. Porém a hepatotoxicidade resultante da interação é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Potenciação (0 + 1 = 10) Ocorre quando um agente químico, que não tem ação sobre um determinado órgão, aumenta a ação de um outro agente sobre este órgão. Ex.: Isopropanol e tetracloreto de carbono O isopropanol, que não é hepatotóxico, porém aumenta excessivamente a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Efeito Antagônico ou Antagonismo (4 + 6 = 8) Ocorre quando dois agentes químicos interferem um com a ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável em Toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele causado pelas substâncias separadamente. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Efeito Antagônico ou Antagonismo (4 + 6 = 8) Existem vários tipos de antagonismo: Antagonismo químico Antagonismo funcional Antagonismo não-competitivo, metabólico ou cinético (disposicional) Antagonismo competitivo, não-metabólico ou dinâmico (de receptor) Classificação dos Efeitos Efeito Antagônico ou Antagonismo (4 + 6 = 8) Antagonismo químico Ocorre quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o. Ex.: Agente quelante e metais Antagonismo funcional Ocorre quando dois agentes produzem efeitos contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores diferentes. Ex.: Barbitúricos PA Noraepinefrina (efeito vasopressor) 09/09/2017 11 Classificação dos Efeitos Efeito Antagônico ou Antagonismo (4 + 6 = 8) Antagonismo disposicional ou cinético Ocorre quando uma substância altera a cinética da outra no organismo, de modo que menos agente tóxico alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. Ex.: Fenobarbital que aumenta a biotransformação do tolueno Antagonismo de receptor ou dinâmico Ocorre quando duas substâncias atuam sobre o mesmo receptor biológico, um antagonizando o efeito do outro. Ex.: Atropina no tratamento da intoxicação por organofosforado ou carbamato. Classificação dos Efeitos Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Tolerância É um estado de resposta diminuída ao efeito de uma substância química resultante da exposição prévia a essa substância ou uma substância química estruturalmente relacionada. Relação Dose-Resposta Os estudos de alterações causadas pelas substâncias químicas têm por objetivo estabelecer as relações dose-efeito e/ou dose-resposta que fundamentam todas as considerações toxicológicas necessárias para avaliação do risco à saúde. Suposições para construção da Relação Dose- Resposta A resposta é devido ao químico administrado; A magnitude da resposta está relacionada a dose; Existe uma molécula ou sítio receptor que interage com a substância química produzindo a resposta; A produção da resposta e sua magnitude está relacionada a concentração da substância química no sítio receptor; A concentração da substância química no sítio receptor está relacionada a dose administrada. Existência de método analítico preciso para a quantificação. Relação Dose-Resposta A relação dose-resposta é uma medida quantitativa da relação entre a magnitude da exposição ao agente químico e o tipo e grau de resposta numa população exposta a esse agente. A observação do efeito em um organismo é difícil, devido o fato das substâncias químicas terem mais de um efeito. Cada efeito terá sua relação dose-resposta. Relação dose-resposta Os termos Efeito e Resposta, muitas vezes, podem ser usados como sinônimos para denominar uma alteração biológica, num indivíduo ou numa população em relação a uma exposição ou dose. O termo “efeito” para denominar uma alteração biológica. (Relação dose-resposta individual) O termo “resposta” para indicar a proporção de uma população que manifesta um efeito definido, ou seja, a resposta é a taxa de incidência de um efeito. (Relação dose-resposta quantal) 09/09/2017 12 Relação Dose-Resposta Forma da Curva Dose-Resposta A curva dose-resposta individual demonstra a relação entre a dose e a magnitude de um efeito graduado, em um indivíduo. Estas curvas podem adotar distintas formas, lineares ou não. A curva dose-resposta quantal representa a relação entre a dose e a proporção da população que responde com um efeito quântico. Em geral estas curva são sigmóides. Relação Dose-Resposta Relação entre a dose de certo inseticida organofosforado e a intensidade de inibição enzimática (%) no cérebro e no fígado. Muitas vezes é necessário utilizar escala logarítimica. % I n ib iç ão e n zi m át ic a Dose de inseticida organofoforado (ppm) Carboxilesterase Acetilcolinesterase % I n ib iç ão e n zi m át ic a Dose de inseticida organofoforado (ppm) Carboxilesterase Acetilcolinesterase Relação dose-efeito e dose-resposta A curva sigmóide, como expressão gráfica da relação dose- resposta, dificulta a visualização da mencionada relação. Frequente utilizar-se, na construção da mesma, valores log da dose. Com esse artifício, a curva sigmóide obtida se aproxima bastante da linearidade, facilitando sua interpretação. Relação Dose-Resposta Curva dose-resposta Relação dose-resposta para uma substância hipotética em uma população homogênea (letalidade). % resposta DL50 Dose (mg/kg) 50% Curva sigmoide. Relação Dose-Resposta Curva Gaussiana Pela relação dose-frequência de resposta pode-se observar a distribuição normal da frequência. Fr e q u ê n ci a d e re sp o st a b a a = hipersensíveis b = resistentes Curva de Gauss dose Relação Dose-Resposta Curva Gaussiana Observando-se um dado efeito em uma população, pode-se notar que nem todos os membros dela, responderão de maneira uniforme a uma dose x. Diferenças na susceptibilidade individual, ou seja, à variação biológica dentro de uma espécie animal. 09/09/2017 13 Relação Dose-Resposta Para substâncias essenciais, como por exemplo vitaminas, doses muito baixas e acima do limiar de segurança podem estar associadas aos efeitos tóxicos. dose Região sem efeito Região com efeito Morte Nutrientes essenciais e Hormenis Substâncias não nutritivas Threshold Limite do efeitoadverso Relação Dose-Resposta NOAEL: Non Observed Adverse Effect Level Nível onde não se observa efeito adverso Maior dose administrada num estudo de toxicidade na qual não se observa nenhum efeito adverso. LOAEL: Lowest Observed Adverse Effect Level Menor nível onde se observa efeito adverso Menor dose administrada num estudo de toxicidade na qual se observa um efeito adverso. Relação Dose-Resposta NOAEL LOAEL Dose (mg/Kg peso corpóreo) E fe it o 1 2 4 10 20 1 mg/Kg pc = dose em que nenhum efeito adverso foi observado. Extrapolação para doses humanas IDA = 0,01 mg/kg pc homem IDA = NOAEL/Fator de segurança Fatores de segurança ou incerteza Exemplo: Adoçante NOAEL = 5000 mg/Kg/dia IDA = 50 mg/Kg Fator de segurança = 100 Considera-se 10 vezes para extrapolação de inter-espécie (animal para homem) e 10 vezes intra-espécie (homem para homem). Avaliação da Relação Dose-Resposta Potência x Eficácia % R e sp o st a A Dose B % R e sp o st a Dose C D A é mais potente que B A e B possuem a mesma eficácia C é mais potente que D D á mais eficaz que C Parâmetros toxicológicos de segurança Existindo um risco associado ao uso de uma substância química em causar determinado efeito, há a necessidade de estabelecer condições de segurança. Segurança é a certeza prática de que não resultarão efeitos danosos para um indivíduo exposto a uma determinada substância em quantidade e forma recomendada de uso. 09/09/2017 14 Intoxicação Manifestação dos efeitos tóxicos. Evidenciado por sinais e sintomas clínicos Processo patológico causado por xenobióticos, caracterizado por um desequilíbrio fisiológico, em consequência das alterações bioquímicas o organismo. Conceitos básicos Fase de exposição Fase toxicocinética Fase toxicodinâmica Fase clínica Fases da intoxicação Toxicocinética x Toxicodinâmica Dose/Exposição Concentração plasmática Concentração no sítio de ação Ação Tóxica/ Ação Efetiva Efeito/ Resposta Fase toxicocinética Fase toxicodinâmica Toxicocinética Diretamente relacionada aos processos ADME em função do tempo. Absorção Passagem de substâncias do local de contato para a circulação sanguínea. Principais vias: dérmica, respiratória e oral. Membranas Biológicas O movimento de AT no organismo depende de sua capacidade de atravessar as membranas biológicas. Dupla camada de fosfolipídios (fosfatidilcolina e fosfatidiletenolamina ) Estrutura de membranas celulares: espessura: 7 – 9 nm Proteínas: integrais ou periféricas Glicolipídeos e glicoproteínas (mecanismos de reconhecimento / sinalização) 09/09/2017 15 Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Os xenobióticos atravessam as membranas por diferentes mecanismos dependendo de suas propriedades fisico-químicas. Transporte passivo Osmose Difusão simples Difusão facilitada Transporte Especial Transporte ativo Endocitose Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Transporte passivo Movimento espontâneo, que depende do gradiente eletroquímico ou de concentração e das características físico-químicas dos agentes químicos. A direção que prevalece é do maior potencial elétrico ou da maior concentração, para o menor potencial elétrico ou menor concentração. Sem gasto de energia. Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Osmose Osmose é a passagem de moléculas de água (polares, hidrossolúveis), pelos poros aquosos da membrana plasmática. Aquaporinas Aquagliceroporinas Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Difusão passiva É a passagem de moléculas hidrofóbicas através das membranas. Fatores: tamanho molecular e solubilidade Eletrólitos fracos: forma ionizada fracamente lipossolúvel permeabilidade depende do pKa e pH do meio moléculas não-ionizadas são facilmente absorvidas por difusão Gradiente de concentração Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Difusão Facilitada: mediado por proteínas transportadoras (permeases) é seletivo e pode ser saturado Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas 09/09/2017 16 Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Transporte Ativo Ocorre contra gradiente de concentração ou eletroquímico (“bombas” ou co-transporte). Saturabilidade a altas concentrações de substrato (Capacidade máxima de transporte – Tm). Inibição quantitativa por antagonistas ou compostos que são carreados pelo mesmo transportador (seletividade). Consumo de energia Mecanismos de Permeabilidade de AT em Membranas Biológicas Endocitose Mecanismo especial no qual a membrana celular, sofre um processo de invaginação, devido a variações na tensão superficial pela presença de macromoléculas no fluido extracelular, e engloba partículas líquidas (pinocitose) ou sólidas (fagocitose). Ex.: remoção de material particulado dos alvéolos. Absorção oral Importante via de exposição aos toxicantes. Ingestão pode ser acidental (água ou alimentos contaminados) ou voluntária (ato suicida ou na ingestão de drogas por indivíduos dependentes). Dependente do pH, irrigação, características anatômicas e propriedades físico-químicas do agente tóxico presença de microvilosidades e alta vascularização favorecem a absorção Absorção oral Estômago Área superficial pequena Trânsito rápido Absorção de formas não ionizadas, lipossolúveis, por difusão passiva pH 1–3,5: favorece absorção de ácidos fracos Intestino Área superficial grande Trânsito lento Absorção de formas não ionizadas, lipossolúveis, por difusão passiva pH 5–9: favorece absorção de bases fracas Absorção ativa através de vários transportadores, inclusive de formas ionizadas. Absorção oral Esôfago Estômago Intestino delgado Intestino grosso Absorção oral Minutos Estômago, pH = 3 Intestino, pH = 6 F ra ç ã o n ã o a b s o rv id a d a d o s e Superfície de contato 09/09/2017 17 Absorção oral Ciclo entero-hepático Reabsorção de toxicantes já excretados pela bile. Substâncias excretadas pela bile, em sua forma conjugada (reação de fase II), são metabolizadas por microorganismos intestinais, voltando novamente a forma absorvível. OBRIGADA!!!