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http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 1 Pedagogia - Pedagogia em Espaços Escolares e Não Escolares (webs 1 e 2) WEBAULA 1 Conceituando o trabalho do pedagogo nas instituições de ensino escolar Olá pessoal! Falar sobre as atribuições do Pedagogo favorece a ampliação de discussões sobre a importância de participação desse profissional na organização do trabalho pedagógico, em espaços educativos. Essa discussão deve favorecer o entendimento de que diretor, pedagogos, professores, funcionários, alunos, pais/responsáveis pelo aluno e representantes da comunidade, imbuídos de um mesmo propósito, devam valorizar a participação de todos nas atividades escolares. Essa Unidade de estudo possibilita o entendimento sobre a importância da Pedagogia, diante do contexto educacional, bem como a contribuição das diferentes áreas do conhecimento para formação do Pedagogo. Historicamente, podemos reconhecer, considerando inclusive a legislação que as ampara, especificidades, avanços e retrocessos indicados à educação formal e não formal. Para iniciar nossa reflexão, sugiro pesquisarmos sobre os Princípios da gestão colegiada no espaço escolar. Pensar na gestão democrática da escola pública implica na possibilidade de organicamente entendê-la como espaço de contradições, pois ao mesmo tempo em que reproduz a ideologia do capital fundamentada nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais, procura oferecer condições de emancipação humana. Prais (1994) argumenta que a escola, ao ser entendida como instituição social, espaço de mediação entre sujeito e sociedade, apresenta como função a democratização dos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade. Tal princípio possibilita o entendimento do conhecimento como fonte para efetivação de um processo de emancipação humana e, por conseguinte – transformação social. A política da Gestão Democrática, implantada no sistema de ensino com a Constituição de 1988, reforçou o caráter público e democrático da escola como uma instância viva de participação da http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 2 comunidade nas decisões. Desse modo, com a aprovação da LDB 9394/96, concretizou-se legalmente a tentativa de implementação de um trabalho pedagógico articulado, com o objetivo de tornar possível a elaboração de um projeto educacional que vincule as ações dos profissionais da educação a um projeto educativo mais amplo que vislumbra pela educação a emancipação social e política de todos. A nova proposta estabelecida na Lei 9394/96 traz, em seus escritos, o incentivo à participação da comunidade na administração pública. Na educação, dentre outras metas, segundo Bartnik (2003), busca- se, além da melhoria da qualidade do ensino, a redução dos índices de evasão e repetência, maior valorização dos profissionais do magistério, estruturas e condições adequadas ao desenvolvimento do trabalho docente. Ainda é considerada a ampliação da compreensão das diferentes relações de poder que permeiam a organização da ação educativa e a transmissão e reelaboração significativa dos conhecimentos. A escola, levada ao cumprimento do dever, circunstanciada pelo conjunto de reformas educacionais, é compelida a efetivar a implantação de instâncias colegiadas, tais como o Conselho Escolar, Associação de Pais, Mestres e Funcionários e Grêmio Estudantil. Nesta perspectiva, a gestão na escola torna-se o processo que rege o funcionamento da escola, compreendendo tomadas de decisão conjunta no planejamento, execução, acompanhamento e avaliação das questões administrativas e pedagógicas. A proposta ainda enfatiza o estabelecimento de uma prática pautada no diálogo, para a participação da comunidade escolar na elaboração de Projeto Político Pedagógico, Proposta Curricular e Plano de Ação para o trabalho da escola e do professor. Estes também são entendidos como elementos fundamentais para a construção da gestão da escola, de sua autonomia pedagógica e administrativa, visando a busca de valorização da produção efetiva de um trabalho conjunto e comprometido que procure articular as atividades da escola com o órgão colegiado e demais órgãos complementares presentes na escola. Analisando o que consideramos até aqui, podemos questionar: Como as relações de poder se apresentam na escola atualmente? São observáveis, veladas ou não se apresentam mais como antigamente? Para que a escola contribua na construção da cidadania por meio da transmissão significativa dos conhecimentos historicamente construídos, Bartnik (2003, p.34) analisa quese faz necessário repensar as relações de poder, romper com a burocracia que permeia a organização do trabalho pedagógico no espaço http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 3 escolar, buscar a compreensão da natureza e especificidade do trabalho educativo. Nesta nova concepção, a democratização do conhecimento e da gestão é enfatizada constantemente com o intuito de garantir, além do acesso, a entrada e permanência do aluno no espaço escolar. Também merece destaque a questão da melhoria na qualidade do ensino: os profissionais da educação, entendendo a educação no sentido amplo de formação para a cidadania, são provocados a buscar o entendimento de suas reais atribuições no interior das instituições de ensino. O trabalho com o conhecimento científico não pode se dar sem observância de normas de conduta, de organização e de sistematização. Segundo Bartnik (2003), é preciso ter clareza de que o trabalho pedagógico desenvolvido na escola não é um processo natural, espontâneo e muito menos ocasional. O trabalho pedagógico deve ser entendido como um processo intencional, organizado, dosado, sequenciado que deve ser construído de forma a oportunizar a participação de todos. A valorização da participação, de forma coletiva, deve se fazer presente nos processos de tomada de decisão e no estabelecimento de diretrizes, sem perder de vista o objetivo maior da instituição educativa, ou seja, a transmissão e reelaboração dos conhecimentos sistematizados pelas gerações anteriores. A escola, segundo Prais (1994), torna-se um espaço de mediação entre sujeito e sociedade.O conhecimento torna-se fonte para efetivação de um processo de emancipação humana visando a transformação social. O papel político da escola é atrelado ao pedagógico. Aos que compõe a equipe diretiva e pedagógica da instituição, cabe agora dimensionar a prática pedagógica, no que diz respeito à intencionalidade, coerência, compromisso político com o processo de ensino e aprendizagem. Respeito ao outro, à organização participativa, planejamento e tomada de decisão. Supostamente, cabe observar que as ações definidas agora de forma coletiva passam a instigar mudanças diante das velhas relações de poder autoritárias e centralizadoras. Cabe agora uma mudança de postura diante da antiga fragmentação do trabalho, haja vista que a participação deve ser entendida como prática política, processo coletivo de decisões e ações interligadas com o projeto de educação, de sociedade e de homem. Cada sujeito do processo educativo com suas funções específicas participam no planejamento e na implementação das ações a serem definidas de forma coletiva. Se a gestão implica na efetivação de novos processos de organização fundamentados em uma dinâmica que favoreça o empenho de esforços coletivos e participação de decisão, http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 4 questiona-se: quem é o Pedagogo no contexto da gestão dos espaços educativos? Se a pedagogia propicia o estudo das práticas educativas e o trabalho pedagógico expressa a intencionalidade e direcionamento da ação, de acordo com Libâneo (2004), o pedagogoé aquele que responde pela mediação, organização, integração e articulação do trabalho pedagógico. Tais afirmativas sugerem a compreensão de que o pedagogo deva ter domínio sistemático e intencional dos métodos através dos quais irá auxiliar na realização do processo de formação cultural. Saviani (1985, p. 85) ainda defende que a esse profissional, ou seja, ao pedagogo, não cabe mais a lógica economicista que vigorou até por volta dos anos de 1980, quando se reproduzia a fragmentação das relações de trabalho e a “dualização” da profissão em supervisão (o que controlava o trabalho dos professores) eorientação (assistencialismo aos alunos e suas famílias). Atualmente, como especialistas em pedagogia escolar, cabe ao pedagogo a função de mediador/articulador do trabalho pedagógico, agindo em todos os espaços de contradição e conflito, visando a transformação da prática escolar, auxiliando na emancipação das classes populares. O pedagogo não fica indiferente à realidade; deve procurar intervir e aprender com ela. Porém, o enfrentamento de problemas de indisciplina, acompanhamento de entrada e saída de alunos, entre outros, devem ser planejados pelo coletivo da instituição, ao mesmo tempo em que se organiza um projeto de escola que articule a concepção de educação com as relações e determinações políticas, sociais, culturais e históricas. Quais são então as atribuições do pedagogo diante da organização do trabalho pedagógico em espaços educativos? Podemos considerar, em primeiro momento, como atribuições do pedagogo diante da organização do trabalho pedagógico, a articulação entre todos membros da comunidade escolar, visando a estruturação do Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar(documentos que dão vida à dinâmica escolar). Devem compor tais documentos: a organização do Calendário Escolar e da Hora Atividade do professor, a observação dos recursos e espaços pedagógicos e as alternativas de Inclusão propiciadas pela escola. Tais atribuições exigem Planejamento, para que os Planos de Ação que norteiam a educação, propostos pela esfera Federal, Estadual e Municipal, não se frustrem. A mesma análise pode ser considerada quando se trata do planejamento das ações do pedagogo ou de suas orientações com relação ao Plano de Trabalho dos Docentes diante das diferentes disciplinas. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 5 É interessante fundamentarmos sempre as nossas dúvidas em autores que fazem discussão sobre o tema. Assim, busquei em Azanha (1993) respostas para algumas perguntas. O que posso entender por Planejamento? Para Azanha (1993, p. 70), o significado do termo Planejamento compreende a ideia de que, sem um mínimo de conhecimento das condições existentes numa determinada situação e sem um esforço de previsão das alterações possíveis da situação, nenhuma mudança será eficaz, ainda que haja clareza dos objetivos. O planejador deve procurar antecipar ou produzir intenções ou ações, tendo em vista as possibilidades futuras. Assim, o planejamento envolve processo de análise crítica, buscando ampliação da consciência em relação aos problemas pedagógicos que permeiam o cotidiano. O Plano de Ação pode ser entendido como formalização das ações, apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas. Documento em que se registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer e com quem fazer. Podemos considerar como exemplo o PNE - Plano Nacional de Educação, PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação. O “PDE inclui metas de qualidade para a educação básica, as quais contribuem para que as escolas e secretarias de Educação se organizem no atendimento aos alunos. Também cria uma base sobre a qual as famílias podem se apoiar para exigir uma educação de maior qualidade. O plano prevê, ainda, acompanhamento e assessoria aos municípios com baixos indicadores de ensino." WEBAULA 2 O papel do Pedagogo na gestão dos Recursos e Espaços pedagógicos Com relação à Organização dos Recursos e Espaços Pedagógicos, cabe ao Pedagogo: • acompanhar as atividades desenvolvidas nos Laboratórios de Química, Física, Biologia e de Informática; • participar da organização pedagógica da biblioteca do estabelecimento de ensino, assim como do processo de aquisição de livros, revistas, fomentando ações e projetos de incentivo à leitura; • orientar e acompanhar a distribuição, conservação e utilização dos livros e demais materiais pedagógicos no estabelecimento de ensino, fornecidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação/MEC – FNDE; • coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 6 didático-pedagógico, a partir do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino. (SEED, 2009) Também compete ao pedagogo a organização da Hora-Atividade A hora-atividade, instituída por Lei nº 13807/02, pode ser entendida como o período de 20% da jornada de trabalho reservado ao professor, na escola, para estudos, planejamento, participação em reunião pedagógica, atendimento à comunidade escolar, preparação de aulas, avaliação dos alunos, dentre outras situações. A organização da Hora-Atividade pelo pedagogo pode favorecer o trabalho coletivo por área do conhecimento, visando a troca de experiência e planejamento dos docentes, seguindo as diferentes modalidades e níveis de ensino. No que diz respeito à organização do Calendário Escolar, compete ao pedagogo (seguindo normas da SEED) planejar o início e término das atividades escolares a serem realizadas diariamente e durante o ano letivo nos espaços educativos. Tais atividades devem contemplar início e término das aulas, de projetos a serem desenvolvidos, de atividades extra-classe, formação continuada dos professores, planejamento, período de férias e recessos para alunos e professores, perfazendo um total de 200 dias letivos e 800 horas de efetivo trabalho. Destacamos, a seguir, um dos principais elementos de análise, no qual a contribuição do pedagogo se faz necessária, com vistas a possibilitar a participação de todos no espaço educativo. A Inclusão Educacional e o Pedagogo Atenção, atenção..... É preciso ampliar o conceito de Inclusão Educacional. O conceito de inclusão se torna muito mais abrangente quando englobamos junto aos alunos que apresentam algum tipo de necessidade especial aqueles que, de certa forma, são discriminados ou excluídos da sociedade, pela cultura, por doenças, pela condição sócio-econômica, pela situação de risco, por serem membros de família com problemas diversos, por apresentarem baixo rendimento escolar, quadro de reprovação, evasão, entre outros. Pautada em princípios que visam a aceitação das diferenças individuais, a inclusão educacional constitui-se uma das práticas mais recentes no processo de universalização da educação. Ao pedagogo cabe aqui buscar formas de despertar nos demais a importância de se valorizar e aceitar a contribuição de cada pessoa, para a realização do trabalho coletivo nos espaços educativos. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 7 Dessa forma, o papel da escola consiste em favorecer que cada um, de forma livre e autônoma, reconheça nos demais a mesma esfera de direito que exige para si. Neste âmbito, a prática da inclusão social baseia-se em princípios diferentes do convencional: consideração das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio da cooperação. Atualmente, no discurso que diz respeito à diversidade, surgem questionamentos sobre os conteúdos negados nas práticas escolares, contrapondo “integraçãoe exclusão”: conteúdos que tentam resgatar a autoestima daqueles que já chegam estigmatizados aos bancos escolares, marcados pela situação de miséria, pobreza, trabalho rural, sexo/homossexuais/lésbicas, reforçados ainda pelas matrizes étnicas em suas diferentes manifestações e ações: índios, caboclos, quilombolas, negros, meio rural e urbano, diferenças de escrita de oralidade, comportamento, crenças, costumes, organização social e familiar. Os diferentes significados que nos são apresentados nessa perspectiva de observação de uma cultura para outra, ainda deixa implícitas situações ligadas ao racismo, preconceito, discriminação, fracasso escolar, reprovação, classificação, disciplina, comportamento, violência. Qual o sentido que damos às representações do mundo real? Identidade na diversidade Outra questão que podemos analisar a partir da perspectiva proposta está em problematizar uma das facetas da identidade de crianças e jovens escolares na diversidade. Suas identidades são geradas ou fabricadas pela mídia, como também associadas ao consumismo desenfreado de bens, mercadorias e imagens, que se esfacelam muitas vezes diante da insegurança que assola seu próprio eu- interior. Muitas vezes, o sofrimento dessas crianças e adolescentes, na escola, se faz presente através de um pedido de socorro, nem sempre bem interpretado pelo professor em sala de aula. Decorrem daí os primeiros traços de discriminação, que chegam através do olhar, da agressão verbal, entre outros. Muitas pessoas, ainda de maneira automática e silenciosa, se adaptam a algumas circunstâncias, “deixando-se levar pelas aparências”. Educar na diversidade, educar a partir da inclusão. De qual inclusão estamos falando? Inclusão e diversidade são expressões presentes nas discussões da área educacional nos últimos anos. Embora haja estreita relação entre as temáticas, não significa que, ao se discutir a inclusão na educação, essa seja realizada na sociedade. Debates existem sobre a http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 8 diversidade de grupos que se encontram a margem do processo social, expropriados dos direitos que lhe são garantidos por lei, independente de suas diferenças individuais. A definição que se faz sobre inclusão, referenciando-a ao processo direcionado aos alunos com necessidades educacionais especiais, hà muito é fruto da desinformação e da superficialidade das análises. Somente os alunos com necessidades especiais seriam alvos das políticas de inclusão como se apenas esses estivessem à margem do sistema educacional e apresentando problemas de aprendizagem? Uma vez que o aluno estiver matriculado em salas de aula de ensino regular, estaria garantida sua inclusão educacional e social? As políticas e práticas de inclusão nem sempre têm significado único e consensual. Elas são determinadas por múltiplos fatores. Esses fatores incluem uma ampla rede de significações que se dão no entrecruzamento de diferentes olhares e formas de se efetivar esse processo; é na inter-relação de como eu, os outros e as instituições sociais definem e praticam a inclusão que ela pode tornar-se realidade. Diante de alguns embates presenciados no espaço escolar, podemos constatar que não será o afastamento do adolescente da escola que resolverá o problema camuflado da exclusão física ou simbólica. São as diferenças que constituem os seres humanos; crescemos a partir das diferenças. Em primeiro momento, pactuando com o que observamos e criticamos no espaço de contradições em que vivemos, surge a reflexão: Conseguimos perceber, entender e valorizar a diversidade na escola de que forma? Perguntamos porque, logo em seguida a um fato, muitas vezes, agimos de acordo com o coletivo, sem refletir individualmente sobre nossa postura ética e profissional? Entendemos que a constituição da identidade de crianças e jovens como estudantes e como sujeitos, tanto na diversidade como no currículo, dá-se no entrelaçamento de várias redes de poder, na qual participamos sem enxergar. O aluno, quando chega à escola, já foi sujeito, dentro de um conjunto de discursos, que produziram no mesmo diferentes posturas que hoje o constituem como aluno ideal x aluno real. Porém, como profissionais, não nos percebemos nesse contexto. Avaliamos, criticamos o tempo todo – o outro. E avaliamos de acordo com o que nos convém, embora estejamos inseridos em redes discursivas que nos antecedem e ultrapassam. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 9 Buscamos em NOVAES, Regina (2004), argumentos para analisar os “diferentes olhares sobre o trabalho docente e a questão da diversidade”. A autora, ao tratar a diversidade presente na sociedade, a princípio questiona: como o adolescente deve ingressar no mundo adulto onde maioria dos adultos não querem viver? Onde encontrar segurança? O que o adolescente deve esperar então? Diferentes olhares sobre o trabalho docente: ver, olhar e enxergar Cada época elege um período da vida para simbolizar ideais de perfeição; qual a lei, moral ou natural, deve determinar os critérios de maturação humana; os padrões de longevidade; o limite para o que podemos exigir ou desfrutar de nosso corpo. Se ainda não se sabe do que a máquina humana, feita de apetites e de linguagem, é capaz, por que o poder da cultura, do dinheiro, do cinema e da televisão não pode congelar várias gerações num estado de juventude perpétua? Nossas identidades são criadas e reinventadas todos os dias; desnudamos como atores sociais que somos. Objetos fetiches em todas as classes sociais ajudam na difícil tarefa de reinscrever novo corpo na fase de transição entre infância e vida adulta: sutiã, barbeador, shopping, camelô, acessórios compõem uma máscara, boné, MP9, tênis, chapinha, regime, anorexia, silicone, cyber, lanchonete, baile funk, skate, bombeta, moletom, mega shows de rua, velocidade da moto, potência do som, resistência do carro, cerveja, cigarro, corpo malhado na academia, gíria, vídeo game japonês transformado em polêmica - cards (cartas representando imagens de demônios orientais – heróis e vilões), rapper, emos, grafitar muros, depredação. Ainda para os meninos, o sonho de ser um jogador de futebol mobiliza desejo e sonhos, induzindo escolhas, decisões e modelando comportamentos. Milhões de meninas entre três e dez anos aprendem com a boneca Barbie lições de como ser uma mulher bem sucedida. Segundo alguns críticos sobre consumismo, futilidade e competição, a boneca torna-se um brinquedo perigoso, pelo valor que dissemina e pelo inegável sucesso em promover a identificação das meninas com seu universo existencial. Ricos e pobres, brancos e negros, espertos e otários etc. A autora cita que no Rio de Janeiro os adolescentes não estão tentando enganar os bandidos: estão se identificando com eles, de fato, não necessariamente com os criminosos, mas com os marginalizados. Segundo ela, há um aspecto político nessa atitude. “É melhor ser amigo dos caras do que passar por otário porque mais tarde eles vão assaltar”. Há força das corporações empresariais na modelagem e ampliação dos maus hábitos alimentares. Ex: batata frita, hambúrger, catchup e refrigerante, alimentos preferidos da população jovem. Aumenta também a população de obesos http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 10 incentivados pelas campanhas promocionais, com brinquedos e botons. O mundo fora da família tem sido apresentado como mundo do perigo: só que torna-se impossível viver indefinidamente sob a proteção dos pais. – Sejamos perigosos. O que é preocupante não é a identificação dos meninos da elite com a estética dos excluídos, mas a identificação com a violência. A autora questiona: seria a influência de filmes?a cultura da malandragem entre os adolescentes é uma resposta à cultura da malandragem que se propaga de forma mais disfarçada entre os adultos. Os pais de família de classe média temem as más influências dos maloqueiros do bairro sobre seus filhos, mas não percebem que os piores exemplos também são encontrados nas classes mais abastadas, acostumada a conviver com uma série de práticas ilegais, de maior ou menor gravidade, inclusive a classe dirigente brasileira. Os espertos e os privilegiados sabem como se colocar acima ou à margem da lei, sempre levando vantagem. Esses pais estão ensinando que o dinheiro compra o que não tem preço: a educação. Os jovens também inventam seus próprios ritos. Muitas vezes, o uso de drogas e bebidas funciona como prova ou desafio para decidir a entrada dos novatos em certos grupos. As mães de meninas adolescentes, na faixa de treze ou quatorze anos, pertencem a uma geração que derrubou alguns tabus no que se refere, tanto à virgindade das mulheres quanto ao aborto, como solução considerada legítima para os casos de gravidez indesejada. Assim, os filhos das gerações rebeldes dos anos de 1970 herdaram os direitos e as liberdades conquistadas por seus pais. Herdaram de seus pais o imperativo de desfrutar a vida, o dever da felicidade e a obrigação da liberdade. Para alguns, a maternidade precoce é solução ofertada pela natureza diante dos riscos e impasses que não se sabe ainda como enfrentar. Porém, muitas mães meninas de hoje são filhas de uma geração que, depois de uma série de desilusões políticas, fez da família a última esperança, o signo vazio de um futuro melhor diante da implacável lógica do mercado. A maternidade precoce não é o problema mais difícil a ser enfrentado pelos nossos adolescentes. O mais difícil é crescer e fazer projetos para a vida numa sociedade de valores individualistas. A leitura imediata do fenômeno na classe média apresenta adolescentes grávidas ostentando suas barrigas como troféus que atestam a impunidade, sem responsabilidade de manter e sustentar a criança ou a si mesma, liberadas provisoriamente da obrigação de estudar e projetar um futuro profissional. Apresenta o bandono dos http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 11 filhos, pais que saem, deixando sob a responsabilidade do filho maior o cuidado dos irmãos menores. O problema da “turminha” é que, quando a sociedade não estabelece regras, limites claros, para a turma, essa pode se transformar em gangue, e os testes de liberdade amparados pela cumplicidade dos amigos podem descambar para a autorização aos atos de delinquência. O destino da turma depende da existência de perspectivas coletivas, sobretudo políticas, para que as pequenas transgressões realizem sua potência de agir sobre o espaço público e alterar as condições da vida em sociedade. Como podemos entender a delinquência juvenil? O adolescente “sem lei” ou à margem da lei é efeito de uma sociedade na qual ninguém quer ocupar o lugar do adulto, cuja principal função é ser representante da lei diante das novas gerações. – “A vaga de adulto em nossa cultura está desocupada”. Ninguém quer estar do lado de lá, do conflito de gerações. Mães e pais dançam rock, funk, usam roupas dos filhos emprestadas, fazem comentários cúmplices sobre sexo e drogas, posicionam-se do lado da transgressão nos conflitos com a escola. TÔ NEM AÍ. Poderia ser uma atitude saudável se, em vez de tolerância e compreensão, não revelasse uma grande omissão em oferecer parâmetros mínimos para orientar o crescimento dos filhos. Os adolescentes buscam encontrar na vida dos mais velhos alguma perspectiva de futuro, mas encontram um espelho deformado de si próprios. Quando os adultos se espelham em ideais teens, os adolescentes ficam sem parâmetros para pensar. Como ingressar no mundo adulto onde nenhum adulto quer viver? O que os espera então? As professoras estão preparadas para educar a adolescência do século XXI? Nesse cenário, Marisa Vorraber da ULBRA ( 2004) afirma surgir uma questão que não quer calar e que tem sido uma afirmativa da sociedade: As professoras estão preparadas para educar a adolescência do século XXI? Dá-se a impressão de que muitos professores continuam ingênuos, dependentes, imaturos e com necessidade de proteção – enquanto afirmam “no meu tempo não era assim”. Suas salas de aula estão repletas de crianças do século XXI, cada vez mais independentes, desconcertantes, erotizadas, acostumadas com a instabilidade, a incerteza e a insegurança, acostumadas com a internet, blogs, indústria cultural e “descartabilidade”, algo que altera a rotina e as práticas cotidianas no interior de instituições consagradas, como é o caso da família e da escola. Inúmeros artefatos da cultura contemporânea, especialmente da cultura midiática, moldada, como sabemos, por forças políticas, http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 12 econômicas, sociais e culturais, têm não só invadido a escola como disputado com ela o espaço pedagógico. A indústria do entretenimento não se restringe a fazer circular mercadorias, ela protagoniza uma pedagogia cultural, regida por dinâmicas comerciais, assentadas sobre estética e prazer, que se impõem sobre a vida pública e privada de crianças e adultos. Diversidade na escola: A educação é expressão do social e da cultura que caracteriza universalmente todos os seres humanos. Uma expressão que, por ser histórica, transforma-se. Diferenças e diferentes na escola implicam em prática pedagógica que ultrapasse os antigos padrões didático-metodológicos, que alcancem principalmente as diferenças cognitivas. A sensibilidade pode estar no olhar, nos diferentes olhares que o professor permite do seu próprio trabalho e à abertura que ele dá na busca de entendimento dessa diversidade da qual ele faz parte e que, dependendo dos diferentes contextos sociais, ele mesmo critica. O olhar do professor deve estar focado em trabalhar com as diferenças, de modo a conhecê-las e valorizá-las; deve buscar formas de quebrar a cultura do silêncio, para que esses alunos possam falar e ser ouvidos, estabelecer diálogos pedagógicos que permitam reflexão e menos exclusão, aquele que não se adequa ao que está posto. O educador, ao pensar a sua prática em sala de aula, deve, como intelectual, compreender o universo da vida de seus alunos, para que desde o início da relação com seus alunos ele possa refletir sobre sua prática no ambiente escolar. A complexa realidade do aluno deve ser o ponto de partida para seu planejamento, suas discussões em sala, devendo o professor ser capaz de fazer a dialética entre os saberes experimentados pelos alunos e o conhecimento universal historicamente acumulado pela humanidade. Escola, reflexo do sistema. Fala-se da crise da escola como se ela existisse desgarrada do contexto histórico-social, econômico, político da sociedade concreta onde atuamos; como se ela pudesse ser decifrada sem a inteligência de como o poder e a sociedade vêm se constituindo, a serviço de quem e desservindo a quem, em favor do que e contra quê. Aceitar as diferenças e enriquecer-se com elas continua a ser um problema que ninguém sabe resolver porque supõe o reconhecimento do outro, a aceitação do outro com relação as suas diferenças. WEBAULA 1 Conceituação de Currículo http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 13 Buscando contextualizar a forma como a escola concebe atualmente sua função social, a organização curricular e seu Projeto Político Pedagógico, têm-se o entendimento, segundo Arroyo (2007), de que o currículo expressa a centralidade das políticas educacionais, manifestadas através das intenções, tensões e/ou contradições sociais, ideológicas, econômicas,entre outras. O currículo torna-se a expressão da concepção de homem, de mundo, de ensino e aprendizagem, de método e de educação, das aspirações sobre a escola e seu papel social, das práticas pedagógicas e das relações nela vividas. Enfim, o currículo expressa as tensões e contradições que acabam por compor a ação humana intencional, realizada a partir do trabalho, produto da cultura, organizado em saberes que auxiliarão na formação dos sujeitos. Tem-se como consequência disto a seleção intencional de conteúdos, saberes e conhecimentos, os quais devem ser democratizados para toda população, uma vez que são requisitos mínimos para a participação consciente em uma sociedade cada vez mais excludente, seletiva e contraditória. Torna-se necessário admitir que o conhecimento, fruto da realidade social, concreta e historicamente condicionada, não se efetiva se não houver a transposição para além das aparências e da fragmentação. A compreensão do conhecimento, suas representações e sua totalidade também implicam o entendimento de sua especificidade, ao ser trabalhado nas diferentes disciplinas de forma contextualizada e dialética. Observemos os Desafios Educacionais propostos à escola atualmente: São apresentadas à ESCOLA, como desafios educacionais resultantes de acordos firmados entre países e organizações multilaterais, as questões sociais, econômicas, raciais, e ambientais. Essas nos são apresentadas com o sentido de auxiliar na defesa e Combate ao Racismo, à Discriminação Racial, e no respeito à diversidade. Os movimentos culturais, ou seja, a produção humana, dentre outras intenções, busca redefinir a identidade feminina, negra, indígena, do campo, ao mesmo tempo em que expressa e organiza os saberes que circunstanciam as práticas escolares e a formação dos sujeitos de forma intencional. Outros desafios indicados à escola, na perspectiva de currículo, conhecimento e conteúdo, são apresentados pela SEED/Pr. (2008, p. 12), na qual se assegura a obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro- brasileira e africana, através da Lei 10639/03, do ensino de História e cultura afrobrasileira, africana e indígena, Lei11648/08, Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto do Idoso e educação para a paz. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 14 O currículo, ao apresentar uma seleção intencional de conteúdo, saberes e conhecimentos, revela-se no Projeto Político Pedagógico e na Proposta Pedagógica Curricular, ao expressar, em meio a uma sociedade seletiva e contraditória, a centralidade das práticas educacionais pautada nas intenções sociais e ideológicas que a escola apresenta. A reflexão e os questionamentos sobre currículo, de acordo com Arroyo (2007), têm merecido destaque junto aos sujeitos da ação educativa. Iniciada pela ressignificação de sua própria identidade profissional, a reflexão segue permeada pela postura crítica sobre as concepções que orientam sua prática e suas escolhas. Assim, a organização do trabalho é condicionada pela organização escolar, inseparável da organização curricular. Arroyo (2007) argumenta que o currículo, os conteúdos, seu ordenamento e sequenciação, suas hierarquias e cargas horárias são o núcleo fundante e estruturante do cotidiano da escola, do tempo e espaço, das relações entre professores e alunos e da diversificação que se estabelece entre os professores. Em síntese, a seleção de conteúdos e a concepção de conhecimentos escolares, relevantes, que incentivam mudanças individuais e sociais, implicam uma compreensão que vá além das aparências, não perpassado pelo imediatismo ingênuo das discussões, mas sim, valorizando a contextualização e a dialética, como condição para a compreensão do conhecimento em suas múltiplas manifestações. O Pedagogo e a Proposta Pedagógica na escola. Ao buscar contextualizar as alternativas atuais para a organização e efetivação do trabalho pedagógico, ligado ao processo da gestão democrática na escola pública, é notória a atribuição de responsabilidade ao pedagogo. A especificidade de sua função diante do processo educativo exige intencionalidade e comprometimento como garantia à efetivação de um projeto de escola que cumpra com sua função política, pedagógica e social. A especificidade do trabalho se faz no sentido de fortalecer elos entre as ações e os sujeitos que se propõem realizá-las, com interesse maior centrado na contextualização do processo de ensino e aprendizagem, na articulação do ato de ensinar e aprender. Segundo Gadotti (2004), pedagogia é prática teórica, traduzida em elaboração de instrumentos que privilegiem a ação social. Especificamente diante da realidade, o pedagogo não fica indiferente; procura intervir e aprender. A coordenação pedagógica, segundo Rangel (2004, p. 150), passa a ser entendida no sentido de organização em comum e a articulação do trabalho torna-se uma das especificidades da função do pedagogo na escola pública. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 15 Articulando a concepção de educação às relações e determinações políticas, sociais, culturais e históricas, em consonância com a legislação, cabe ao pedagogo buscar formas de contemplar os interesses da maioria da população diante da construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico, da Proposta Pedagógica Curricular, da implantação e implementação das Diretrizes Curriculares definidas no Projeto Político- Pedagógico. Assim, o Projeto Político Pedagógico torna-se a expressão da intencionalidade do conjunto da comunidade escolar a respeito da sociedade idealizada. Nessa, deve se privilegiar uma formação que não reproduza as condições históricas de dominação e alienação. A Proposta Pedagógica Curricular, por sua vez, construída de forma coletiva pelos professores da disciplina, vem solidificar o trabalho, sob forma de expressão de uma determinada concepção de educação e de sociedade, pensada filosófica, histórica e culturalmente no Projeto político pedagógico. Por outro lado, o Plano de Trabalho Docente pode ser entendido como o Currículo em ação; torna-se a representação do planejamento do professor. Nele, deve existir a clareza do que o aluno deve aprender (conteúdos), por que deve aprender tal conteúdo (intenção, objetivos), como trabalhá-los em sala de aula (encaminhamento metodológico), e como serão avaliados (critérios e instrumentos de avaliação). Diante desse trabalho, ao pedagogo cabe assumir uma posição social de liderança, de mediação e articulação com vistas a estimular o grupo à compreensão, contextualizada e crítica, de suas ações. Silva Júnior (2004) argumenta que ocorrerá pouco avanço se houver transposição apenas do plano das práticas isoladas e conflitantes para o plano das práticas articuladas. O que realmente assegura a articulação entre as práticas é a reflexão; é a elaboração do sentido do trabalho coletivo que implica, necessariamente, na reelaboração da relação entre a teoria e a prática. Nessa perspectiva, é sugerida como nova característica ao pedagogo o olhar problematizador, diante da disposição deste em desenvolver atividades no âmbito do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, ao estabelecer relações com professores, alunos, conteúdos, métodos e contexto de ensino. Dessa forma, tenta-se garantir às camadas populares a prática social, através da aprendizagem do conhecimento crítico- social. Conhecimento entendido como a própria substância do currículo com todos seus intervenientes, sua constituição, suas normas, disciplinas, conteúdos, sua prática, sua avaliação na escola. WEBAULA 2 http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 16 A Relação entre o Pedagogo e o Docente – Regente de Sala Pensar a relação entre Pedagogo e Regentede sala de aula implica pensar a prática cotidiana da escola. E a prática cotidiana da escola está intimamente ligada à presença do professor regente de classe, profissional que regula e administra, diretamente com os alunos, o trabalho didático-pedagógico em sala de aula. É no entendimento da forma de tratamento dada pelo professor aos diferentes conteúdos e das condições de existência dos alunos que o Pedagogo sistematiza o seu trabalho no interior da escola. O trabalho do professor dá sentido ao trabalho do Pedagogo no interior da escola. Segundo as Diretrizes Curriculares, o ensino pode realmente ser aprimorado se houver a democratização do processo de decisões na escola, incluindo a opinião dos docentes, haja vista que, por muito tempo, as decisões foram tomadas pelos órgãos superiores e aos docentes coube apenas aceitá-las, executá-las, sem grandes questionamentos. O pensamento atual caminha para a transformação, e nesse se permite a participação também dos professores nas decisões a serem tomadas na instituição escolar. Diante do exposto, cabe a seguinte indagação: Seria a participação do professor centrada especificamente nos trabalhos realizados em sala de aula? Ou essa participação e decisão devem estar presentes em outros espaços que vão além da sala de aula? Cabe, nesse sentido, uma reflexão acerca de como vem acontecendo essa participação. A reestruturação da escola com a perspectiva de ouvir o que o professor tem a dizer é, de fato, um ganho qualitativo para o ensino, pois as escolas, segundo alguns estudos e observação da realidade, estão ainda em defasagem quanto à própria natureza. Faltam equipamentos adequados e materiais que contribuam e possibilitem um ensino de qualidade. Essa questão parece ser básica quando se sabe que há um desenvolvimento de programas de aperfeiçoamento, ainda precário, para professores, pois na maioria das vezes são restritos ao suprimento de lacunas da própria formação docente, causada também pela má qualidade do ensino. A metodologia do professor deve estimular o aluno a buscar novos desafios, novas formas de estruturar, reestruturar ou transformar o conhecimento. O professor, ao ministrar suas aulas, deve evitar pactuar com o discurso de que o aluno não está interessado, que não se esforça em aprender, não realiza tarefas, entre outros; o aluno deve encontrar no docente, no http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 17 educador, incentivo e estímulo para a realização do que lhe foi proposto como atividade. Para tanto, o ideal estaria na preparação eficiente dos professores em formação, tratando a questão de causa, ou seja, oferecendo possibilidades reais de mudança no ensino. A busca por novas metodologias melhorariam significativamente o processo educativo. Tal significação acontece a partir do momento em que a incorporação dos saberes se traduz naquilo que é vivenciado pelo aluno em seu dia a dia, transitando do senso comum ao conhecimento elaborado cientificamente. A problemática apontada, vista numa abordagem participativa do professor na escola, se torna um instrumento poderoso para impulsionar o processo de mudança e melhoria do ensino. Estudos apontam que a organização escolar influencia no ensino e aprendizagem. Confirma que a participação dos professores no contexto escolar, ao compartilhar diferentes situações e problemas com a equipe diretiva, é altamente positiva, favorecendo, inclusive por meio da descentralização do poder de decisão, a autonomia do professor e da própria escola pela gestão democrática. Outro aspecto que a gestão escolar pode possibilitar é a motivação, não apenas do professor, mas também da comunidade escolar, visando o desenvolvimento e atuação de todos no processo de gestão, no qual pretende-se melhorar a qualidade, não só do ensino e aprendizagem, mas das questões estruturais e administrativas que envolvem condições de trabalho, preparação profissional e valorização do ambiente escolar pela comunidade que dela participa. Diante da análise realizada até aqui podemos apresentar como Considerações Finais o entendimento de que: É possível partir do pressuposto de que: para que haja a melhoria efetiva no ensino, torna-se necessário que a gestão escolar seja apropriada também pela direção, pedagogos, docentes licenciados e comunidade escolar, a fim de que a escola seja um espaço democrático de fato. Analisando a ação do pedagogo com relação ao trabalho do professor no ambiente escolar, Costa (2006) compreende que a dinâmica do trabalho deve se configurar numa parceria na qual ambos, politicamente, apresentem identidade e posições definidas, a partir das quais reflitam, critiquem e indaguem a respeito de seu desempenho como profissionais que, trabalhando na escola, também tornam-se sujeitos que ensinam e aprendem. A ação do pedagogo nessa perspectiva pode ser entendida como possibilidade de assessoria ao professor na relação entre teoria e prática e entre prática e realidade concreta. Desse pensamento, http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 18 atualmente, surge ainda certo descontentamento diante daqueles que ainda possuem a visão da ação supervisora pedagógica centrada no controle puro e simples do trabalho do professor, ligada ainda às questões burocráticas, e não às questões ligadas ao ensino e aprendizagem e ao orientador educacional visto como profissional que presta certo assistencialismo aos alunos e suas famílias. Outras intervenções do pedagogo a serem destacadas é sua participação nas reuniões pedagógicas, conselho de classe e cursos de capacitação. Essas intervenções podem significar uma mediação comprometida com a prática transformadora para ambos, equipe pedagógica e docente. O aprimoramento de metodologias com vistas à melhoria do ensino e aprendizagem deve romper com a avaliação quantificada sob forma de tabulação de dados.O pedagogo deve desmotivar ações que priorizem a competição e o mérito, que acabam por provocar a evasão, exclusão e repetência. Deve sim, valorizar o compromisso do professor com a educação, com a formação do sujeito, a responsabilidade para com seu próprio trabalho e com a instituição da qual faz parte. O licenciado deve buscar na equipe pedagógica auxílio que vislumbre a possibilidade de transformação da sociedade. “A utopia de que a prática educativa “humanizante” não pode deixar de estar impregnada deve ser uma constante.” (Freire, 1996, p.130). Quanto mais o docente tem consciência dessas necessidades, mais aprende com sua prática. A escola necessita, hoje, de um licenciado que esteja preparado para trabalhar com tecnologias da informação, prevenção do uso de drogas, questões de ética na sociedade, preservação do meio ambiente, possuindo também a disposição de substituir a educação familiar em muitas questões. A escola necessita de professores compromissados no sentido de apresentarem possibilidade de ensino e aprendizagem eficientes, libertadores, à população estudantil cada vez mais diversa culturalmente. Necessita de um professor que apresente a educação como caminho para o entendimento do mundo globalizado, das questões éticas da ciência, da busca do entendimento das diferenças, da participação política de forma crítica. Um professor compromissado diante da necessidade de entender as contribuições ligadas à construção do conhecimento que os alunos trazem para a sala de aula, associando-o à mobilização de saberes, atitudes, ética e valores que devem ser próprios de cada um e do coletivo. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (1987), permite a reflexão sobre o opressor, o oprimido e o ingênuo. Incita a pensar que se sentir oprimido não é o pior; na verdade, o ruim é se sentir o ingênuo, que não se sente oprimido e oprime semsaber, estando a mando ingenuamente dos opressores. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 19 Educação, Cidadania e Diversidade: Relações Étnico-raciais webs 1 e 2) Web-aula 1 Educação e Diversidade: relações étnico- raciais Preconceito e inclusão Nesta unidade você terá a oportunidade de trabalhar com o conceito de representações simbólicas através de um exemplo visual, retirado do mundo da publicidade. As mesmas representações que circulam na sociedade, revelam-se nas escolas. O objetivo é treinar seu olhar para perceber essas representações. Além disso, você percorrerá uma reflexão a respeito da inclusão nas escolas. A Diferença: o que a gente vê? Seja bem vindo à nossa disciplina. Minha intenção é possibilitar a você conceitos e idéias que permitam uma leitura do mundo. Mas uma leitura em particular. O objetivo é que você seja capaz de ver a diversidade humana. Mais do que isto, desejo que você veja como a diversidade humana é importante e benéfica para a nossa espécie. Você já deve ter percebido que cada profissão tem uma forma de ver o mundo. Os médicos não enxergam as coisas da mesma maneira que um padre, por exemplo. Para compreender isto é só pensar no seguinte exemplo: imagine um acidente de trânsito. Para o bombeiro um acidente representa uma vítima a ser socorrida, para a seguradora significa um pagamento a ser feito, para o funileiro talvez represente mais serviço. Você, futuro pedagogo e pedagoga, deve treinar o seu "olhar" pedagógico. Como uma das funções do educador é garantir o acesso de todos à cidadania plena, saber descobrir o significado das múltiplas representações sociais te auxiliará na intervenção educativa. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 20 UM POUCO SOBRE MIM Sou um curitibano que mora em Londrina desde 1987. Graduei-me em Administração de Empresas na Universidade Estadual de Londrina, onde também concluí o curso de História. Como ninguém pode ficar sem estudar nos dias de hoje, fiz Especialização em Filosofia, Mestrado e Doutorado em História. Leciono há 11 anos. Trabalho com educação básica e superior. Já trabalhei em diversas escolas e já lecionei várias disciplinas. Vamos aos estudos!! Observe a seguinte imagem: Esta imagem faz parte de uma campanha da empresa Benetton, uma indústria de roupas, famosa pelas polêmicas imagens que utiliza em suas campanhas publicitárias. A intenção do publicitário é clara. Ele nos quer fazer pensar sobre o preconceito. Ele imaginou que a primeira ideia que nos viria à mente era que o homem branco seria o policial e o negro o bandido, mesmo que não exista, na foto, qualquer indício desse fato. Mas como o publicitário acredita que grande parte das pessoas são preconceituosas, ele faz uma provocação. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 21 E é bem possível que esta seja, realmente, a primeira reação de muita gente, mesmo que neguem. O que faz uma pessoa ver um policial ou um bandido na figura são as representações que possuímos. 1. O que são representações? Representações são estruturas mentais que nos permitem ler o mundo. Vamos dar um exemplo: você está andando pela rua e ouve uma sirene. Você começa a procurar de onde vem o som. Você vê, então, uma ambulância passar. Você pensa que alguém deve estar muito doente ou machucado e está indo para o hospital. O som da ambulância é uma representação. Concretamente é apenas um som emitido por um aparelho cuja função é somente esta. Mas você interpreta o som: é uma ambulância, logo alguém está sendo socorrido. Nós, seres humanos, somos seres simbólicos. Assim, nada é apenas o que é. Na cultura, tudo ganha um sentido. Por isso, na figura, o homem branco e o homem negro não são apenas isso, eles representam algo. Caso contrário, a imagem não tem sentido algum. 2. O que as diferenças representam Devemos estar cientes, portanto, que os preconceitos são frutos dessas representações sociais. Nós, seres humanos, é que damos importância a determinados aspectos e não a outros. A cor da pele, por exemplo, nos interessa. Mas ninguém é discriminado pelo tipo de lóbulo que tem na orelha. Um exemplo para ilustrar: logo após os atentados de 11 de setembro, houve um verdadeiro pânico nos Estados Unidos. Era o momento propício aos preconceitos. Pessoas com medo tendem a ser menos racionais. Muitos indianos que moram nos Estados Unidos foram agredidos porque usavam turbantes. No imaginário popular, pessoas que usam turbante são muçulmanas e inimigas. Então, o turbante representava algo para aqueles norte-americanos, não era simplesmente um pedaço de tecido na cabeça. 3. Na escola É quase impossível não fazer um juízo de valor de nossos alunos. É da "natureza humana" fazer isso. Mas o professor deve esforçar-se por garantir dentro de si, uma mentalidade aberta, capaz de reconhecer quais as representações equivocadas que possui e trabalhar para mudá-las. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 22 Nas conversas de professores é comum ouvirmos expressões como essas: "aquele aluno gordinho", "o aluno é tão bonito, pena que é burro", "não que eu tenha algo contra, mas olha só a cor". Coisas como essas não deveriam sair da boca de educadores, mas, infelizmente, os professores também têm as suas representações. O pedagogo deverá promover a inclusão verdadeira das diferenças, inclusive entre os professores, não permitindo que o preconceito continue a ser transmitido. WEB-AULA 2 A inclusão inclui? Palavras transformam-se em modismos e aparecem na boca de todos. A palavra do momento na educação brasileira é o verbo incluir. Fala-se que a escola pública no Brasil sempre foi praticante da exclusão e que o atual governo (seja qual for) está corrigindo esta injustiça (isto para aqueles que acreditam na boa vontade dos governos...). E estratégia para esta tal inclusão são bem conhecidas: criação de ciclos, a não reprovação, o abandono das notas, as correções de fluxo, entre outras. Para sustentar a necessidade destas medidas, seus defensores apresentam estatísticas nas quais o país aparece com péssimos indicadores nesta área: muita reprovação, muito analfabetismo. E afirmam que tal situação está mudando, afirmação na qual muitos professores acreditam, pois gostariam, no íntimo de suas almas, que fosse verdade. Mas, o que significa inclusão? Incluir os alunos aonde? Se for certo que a educação no Brasil sempre foi deficiente e, em geral, as políticas educacionais não estão resolvendo o problema e, muito provavelmente, estão contribuindo para agravá-lo. Isto porque o diagnóstico errado não foi pensado através de uma filosofia liberal, mas um liberalismo mesclado de tradições patrimonialistas incorporadas à cultura nacional há séculos, capaz de seduzir até aqueles que se dizem antiliberais. Dessa forma, muitos acreditam que inclusão resume-se em colocar crianças e jovens dentro de uma sala de aula. Feito isso, tudo está resolvido: pode-se dormir tranquilo, o Brasil está salvo. Uma vinheta da Rede Globo sobre a educação demonstra bem isto: uma senhora encontra um menino pedindo esmola, ela pega o garoto com a sombrinha e joga-o dentro de uma escola. Magicamente, o menino surge uniformizado dentro de uma sala de aula. Esta é a visão que se http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 23 tem da inclusão, "jogam-se" os excluídos na sala de aula e espera-se que tudo esteja resolvido. A inclusão no mercado de trabalho em geral: não necessário nos preocuparmos muito. Se incluir significar somente preparar o aluno para que ele "ganhe a vida", sem se importar como, então a escola não tem muita importância. Os homense mulheres vivem no mundo há milhões de anos sem escola e continuaram vivendo, seja lá qual for a educação que recebam. É claro que, mesmo assim, a escola é reprodutora de mão-de-obra. Entretanto, bastará acrescentar um pouco de informática e pronto, já estaremos preparando nossos alunos da escola pública para enfrentar o novo milênio... Não é preciso dizer que não concordamos com esta ideia. Porém, se eu penso em inclusão, como capacitar os alunos a competirem no mercado de trabalho por bons empregos e bons salários, em especial os novos empregos da sociedade da informação, nossos alunos não estão sendo incluídos. O aluno da escola pública que não reprovou, mesmo não sabendo que passou somente porque compareceu a 75% das aulas (aulas, que aulas?), que participou do milagre da correção de fluxo, este não está preparado para competir em um ambiente sem paternalismo. Nosso aluno sai da escola sem condições de interpretar um texto, sem saber realizar as operações matemáticas elementares e sem a disciplina necessária, porque, na escola, podia fazer o que queria, sem consequências. Ou seja, o mundo que a escola está mostrando para seus alunos não existe. Esta ideia é importante, a escola deve, sem dúvida, proporcionar a transformação da realidade, mas não deve perder os vínculos com ela, se o fizer, não cumpre seu dever. A ideia de inclusão a que mais agrada é muito mais ampla que mercado de trabalho, envolve a cidadania. Inclusão contempla, certamente, a possibilidade de o aluno competir por um bom emprego e salário, que favoreça a mobilidade social e que dê esperanças aos alunos. Mas não é somente isto. Incluir significa fornecer aos indivíduos as condições de serem livres, de serem cidadãos reais. Cidadão capaz de ler uma notícia no jornal sobre os conflitos no Oriente Médio e saber onde fica esta região, as causas e as consequências do conflito. Cidadão capaz de analisar a situação política atual a partir dos conceitos e fatos aprendidos em História e Sociologia. Cidadão capaz de entender a explicação do médico porque sabe onde ficam os órgãos do corpo e suas funções, e que pode questionar o médico porque aprendeu química. Cidadão capaz de apreciar um bom livro ou uma obra de arte porque aprendeu a ler. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 24 Neste caso, a escola pública não está incluindo. Não incluía antes nem o faz agora. Na verdade, somente agrava-se a exclusão, pois, ter o certificado de conclusão do Ensino Médio pode ser bom para as estatísticas do governo e sua propaganda eleitoral mas, para o indivíduo real, de nada serve se não representar conhecimento verdadeiro. Se apenas considerássemos o número de alunos na escola, já teríamos resolvido o problema. Mas a escola pública na qual estão todos estes jovens brasileiros é aquela que não se reprova, a qual não é preciso saber para avançar, porque para os governantes tanto faz: o aluno é apenas um número em seus gráficos e, quanto menos tempo ficar na escola, menos gasto representará e melhores índices surgirão. As verdadeiras causas da reprovação não aparecem nos discursos oficiais. É como se as criança já nascesse na escola, não tivesse pai e mãe, não pertencesse a uma classe e como se a escola não fosse uma escola real, de paredes e de professores. A linguagem empolada utilizada nos documentos oficiais e reproduzida nas escolas (em especial nas avaliações) contribui para dar ares de seriedade e autoridade a conceitos e ideias discutíveis. Se realmente pretendessem resolver o problema da educação no Brasil, o problema da reprovação, do analfabetismo, da avaliação, os governantes deveriam investir no professor (isto quer dizer salário mesmo, não se vive só de esperança) e investir na estrutura: menos alunos em sala, menos alunos por professor, menor carga horária de trabalho. Já seria um grande passo. Agora, imaginem que a educação é uma corrida de Fórmula 1. Deram-nos um fusquinha e, como não estamos conseguindo vencer, os teóricos e técnicos na educação resolveram alterar a estratégia da corrida, afirmando que nós, professores, é que não sabemos dirigir direito... . E tem professor que acredita nisto... . Isto ocorre porque os técnicos e teóricos da educação não enxergam o fusquinha e fica mais fácil e barato culpar o motorista, ou seja, o professor, do que comprar um carro novo. Aqueles alunos diferentes, de culturas diferentes, não estão sendo incluídos em coisa alguma. WEB-AULA 1 Educação e Diversidade: relações étnico- raciais Inclusão da diferença: entre a teoria e a prática http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 25 Nesta unidade você poderá ler a respeito de casos de inclusão de alunos com necessidades especiais. Poderemos ponderar se a realidade da inclusão desses cidadãos está sendo efetiva ou, como diz o título do artigo, é apenas uma inclusão improvisada. Também terá a oportunidade de pensar sobre a importância da comunicação na construção de uma escola onde o comportamento respeitoso permita a existência da diferença. Necessidades Especiais: escolas nada especiais No primeiro ano que lecionei, havia um aluno cadeirante, ensino médio. A escola havia sido inaugurada naquele ano, 1998, salas, banheiros, tudo novinho. Mas a escola não foi projetada para alunos com necessidades especiais. Na porta das salas, um pequeno degrau dificultava a movimentação da cadeira de roda. Para ir ao banheiro, um colega sempre o acompanhava para ajudá-lo: o banheiro também não era apropriado. Você pode imaginar o constrangimento de um adolescente que precisa da ajuda de um amigo para levá-lo ao banheiro? Mas a escola não foi construída pensando nele, e a escola nem é tão antiga assim. Infelizmente, até hoje, esta escola permanece do mesmo jeito. Entre o discurso da inclusão e a prática há um enorme abismo. Mesmo os alunos com dificuldade de aprendizagem não têm atendimento adequado. As escolas não têm, em seus quadros, vpessoas capazes de atender as diversas necessidades. Parece que o problema não é apenas naquela escola onde lecionei por dez anos... Leia o texto a seguir: "Inclusão improvisada, alunos com deficiência abandonados. Crianças portadoras de necessidades especiais não têm atenção adequada." Flávia Martins Y Miguel No plano das ideias, dos discursos de gestores e, principalmente no papel, a inclusão dos alunos com deficiência no sistema público de ensino é uma política impecável. Na prática, porém, o modelo de educação especial inclusiva desenhado com régua e compasso pelo Ministério da Educação, (MEC) em 2003, apresenta obstáculos enormes, que passam pelo despreparo dos professores, falta de acessibilidade nas escolas e nenhum projeto pedagógico específico. O http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 26 resultado dessas distorções pode ser facilmente identificado dentro das salas de aula. Como é o caso da pequena Jordânia Sarafim, 12, que nasceu com paralisia cerebral e está matriculada em uma escola pública no bairro Novo Progresso, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A mãe, Maria Solidade Silva, se viu obrigada a assistir às aulas ao lado da filha para tentar driblar a falta de atenção dada à aprendizagem da criança. "Eles nos obrigam a colocar as crianças na escola regular, mas os professores não sabem educar, não têm os cursos para isso. Eu fico muito desmotivada. Não quero que ela fique largada. Eu quero que ela aprenda. A minha menina é uma gracinha, ela tem potencial", desabafou Maria. Na sala ao lado de Jordânia, um garotinho com má formação física e deficiência visual estava sentado em cima de uma almofada, a poucos centímetros da lousa, copiando as palavras. A professora contou que o pequeno de 11 anos, com estatura de umacriança de 6, chegou de casa chorando naquele dia. O motivo: ele não sabia ler. "Temos alunos que precisam de um trabalho diferenciado. Não temos orientação nenhuma de como tratar as várias deficiências que temos nessa escola. Ninguém aqui nunca teve preparo para isso", disse Gorete Foscolo, supervisora da escola municipal. É na boa vontade dos profissionais e na sorte que a política de inclusão tenta se equilibrar, enquanto as ações dos gestores não se mostram eficazes. Em Contagem, são 1.400 alunos com deficiências variadas na rede pública, de um total de 81 mil estudantes. No entanto, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura não soube informar quantos dos mais de 4.200 professores do município foram capacitados para trabalhar com a educação especial. O secretário da pasta, Lindomar Diamantino Segundo, admitiu que a inclusão está longe do ideal. De acordo com ele, o tema é um desafio para a sociedade. "A escola brasileira, na sua história, não foi pensada para incluir. Mas já fizemos investimentos na formação dos professores, com vários cursos de inclusão. A nossa obrigação é sempre melhorar", disse. O garoto Luiz Felipe Wenceslau, 7, portador de paralisa cerebral, contou com o privilégio de ter passado pelas mãos de uma psicopedagoga, em uma escola pública no bairro Inconfidentes, em Contagem, no ano passado. Mesmo assim, a mãe teve que batalhar pela presença de um auxiliar em sala de aula para cuidar do filho. "Sem estagiário, a professora tinha que deixar as 25 crianças para trocar a fralda dele. E ainda tive sorte porque ela tinha experiência na área", disse a comerciante Deyse Wenceslau. A professora do menino, Maria Eugênia Aleixo, relembrou com carinho da experiência de ensinar o aluno especial. Porém, disse que são poucos os colegas que http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 27 conseguem sucesso. "Luiz Felipe foi um privilégio. Mas ainda acho que a lei no papel é uma coisa e no cotidiano da escola, o que se vê são alunos matando o tempo. Tudo é tratado como formalidade para matar o tempo." Censo Escolar Mudanças. Em 2004, passaram a ser coletados os dados sobre a série ou o ciclo escolar dos alunos atendidos pela educação especial, possibilitando a criação de indicadores sobre a qualidade da educação no país. Web-aula 2 Diferença e escola A sociedade é heterogênea, formada por pessoas com interesses e identidades diferentes. Diferenças físicas, psicológicas, sociais e culturais. Apesar desse fato, só muito recentemente, começamos a percebê-lo como um problema. Em geral, estávamos acomodados. A sociedade (ou seja, nós) padroniza a beleza, o comportamento, a inteligência. Como grande parte da população não consegue enquadrar-se nesses padrões, surge o preconceito e a discriminação. O preconceito não é racional, sua origem está nas emoções. Mas podemos racionalizar, ou melhor, podemos inventar razões para ele. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 28 Nesse processo de construção de estereótipos, criamos rótulos: gordo, balofo, magricela, feio, bonito, aleijado, etc. Esse sentimento nasce da nossa admiração por nós mesmos. Amamos o nosso jeito de ser, adoramos nossa maneira de pensar. Por isso rejeitamos aqueles que são diferentes. Mas, não basta reconhecer que existe diversidade. Devemos promover a interação das diferenças, enriquecendo a sociedade. Esse processo exige comunicação. Comunicar implica participação, pois é tornar comum alguma coisa. Para que a comunicação seja efetiva, deve-se respeitar a diversidade. A questão não é fazer com que as pessoas pensem ou se comportem exatamente iguais, mas que consigam respeitar o jeito do "outro". A comunicação tem essa função, tornar conhecido esse "outro", procurando diminuir o desconhecimento, que é fonte de boa parte do preconceito. A escola deve se tornar a escola da diversidade, da inclusão e da valorização do "eu" e do "nós". A escola (ou seja, nós) deve promover o respeito nos relacionamentos sociais, para que a diversidade humana seja respeitada e valorizada. Fala-se muito que o direito a ser diferente é uma questão de cidadania. Aliás, palavra mais utilizada do que compreendida. Cidadania é o direito de participar da cidade, ser cidadão. A escola é que tem o dever de capacitar o indivíduo para que ele se torne um cidadão. Na antiguidade, acreditava-se que poucos tinham o direito de cidadania. Hoje, pensamos que TODOS devem ter esse direito. Assim, todos os seres humanos, independente de suas características, têm direito de "participar da cidade", ou seja, ser cidadão. Todos nós conhecemos o discurso de que todos os homens são iguais em direitos e deveres. No cotidiano, porém, a liberdade e a igualdade somente são garantidas através do exercício diário de auto- conhecimento e tolerância. Diante da grande diversidade humana, emerge, muitas vezes escondido, o preconceito. Esse é o maior desafio daquele que quer ser livre. Pois, ao expor a própria diversidade, é também fazer valer o direito do outro de ser autêntico. Ter o direito de ser diferente e dar ao outro o direito de sê-lo igualmente. Uma escola que se preocupa com essa questão garante esses direitos. Cria um ambiente saudável, que favorece a compreensão http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 29 entre os indivíduos e que constrói um espaço de respeito entre as pessoas. É preciso compreender que frequentar a escola é expandir as possibilidades de contato, possibilitando a consciência do pertencimento a uma realidade maior. Isso significa fornecer aos alunos, todos os alunos, um processo de socialização mais amplo do que aquele que o individuo já vivenciava no ambiente doméstico. O desenvolvimento físico e intelectual dos alunos acontece paralelamente ao desenvolvimento social. A aprendizagem é resultado da articulação de diversas práticas e conhecimentos que devem ser trabalhados na escola, para proporcionar o máximo de sabedoria às crianças. Apesar do consenso teórico em torno da diversidade, tratar desse assunto é como revirar um baú antigo, pois traz à tona sentimentos empoeirados como racismo, preconceito e egoísmo. O crescimento acelerado dos meios de comunicação de massa coloca à disposição da população uma grande quantidade de informação. Mas, pouca reflexão se faz a partir dessas informações. Na escola, isso não é diferente. O estudante é bombardeado com informações a todo o momento. A dificuldade de se lidar com essa questão na escola é que existe pouco espaço para a interação dos alunos as informações que lhes são oferecidas. A falta de reflexão e troca de conhecimentos sobre as informações despejadas nos alunos cria, ainda, mais conflitos no ambiente escolar. Os estudantes deveriam exercitar o pensamento crítico, comunicar-se e interagir com os dados apresentados. Caso contrário, a unilateralidade de pensamentos favorece o preconceito e desfavorece a diversidade. Um bom exemplo é o bullying. É um problema que sempre existiu, mas tem aparecido na mídia recentemente. O bullying é o termo inglês que caracteriza os atos de intimidação, atormentação e escárnio ocorridos na escola. É comum encontrarmos nas escolas a "brincadeira" dos alunos com o colega que tem alguma coisa de diferente. Os apelidos, a provocação, o desprezo, são exemplos de bullying. Essa prática é constituída por pequenos atos como: apelidos, chacotas sobre aparência, jeito de falar, se vestir, ou qualquer outro aspecto que dissocie uma criança da outra. Existem casos que se http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 30 chega a agressões físicas entre os estudantes. Quando não identificado, o bullying pode tomar dimensões de difícil controle.Wa1 - Pedagogia - Educação e Tecnologias WEB-AULA 1 Introduzindo a tecnologia na educação 1. INTRODUÇÃO Caro aluno, Por essa razão eu convido você a navegar nesse oceano de possibilidades tecnológicas e a discutir o seu uso no espaço escolar. Espero que gostem do tema e que ele seja de grande importância também em sua formação. Bom, agora que eu já me apresentei, é a sua vez. Gostaria de conhecer um pouco sobre você. Para isso vamos usar o fórum de discussões disponível no ambiente Colaborar. Peço que vá até o fórum e registre uma apresentação pessoal e como tem sido a sua relação com as tecnologias. 2. TECNOLOGIA VERSUS PARADIGMAS Conforme já discutimos na tele aula, a tecnologia não é apenas aquilo que se liga na tomada, ou seja, um instrumento, ferramenta ou equipamento tangível, que pode ser http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 31 tocado, apalpado, mas o conceito de tecnologia deve ser entendido de maneira mais ampla, também como um processo. A invenção da escola pode ser considerada uma tecnologia. Imaginem como seria o processo educacional se não tivessem inventado a escola? Além de caro porque seria baseado em aulas particulares, ou ainda por preceptores, não seria viável para a maior parte da população mundial. Dessa forma entendemos a escola como uma tecnologia criada para dinamizar e democratizar o acesso a educação. Para refletir: A tecnologia pode favorecer ou atrapalhar o processo de ensino e aprendizagem? Pense em como? Embora a tecnologia não seja uma invenção recente ainda é possível observarmos muita resistência ao seu uso. Principalmente em educação observamos uma série de paradigmas que impedem o seu uso de forma eficaz. Para ampliarmos nosso conhecimento acerca dessa questão leia o texto: PARADIGMAS DO CONHECIMENTO: OS PERCURSOS E DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA, da autora Lenir Luft Schmitz que está disponível em: http://www.scribd.com/doc/12891624/Paradigm-As-Do- ConhecimentoLenir Após a leitura do texto faça uma reflexão e elabore uma definição para:· • Paradigma ontológico do saber; • Paradigma da modernidade; • Paradigma da neomodernidade. Não se esqueça de ir até o fórum e postar as suas considerações sobre essa atividade. 3. PARADIGMAS EDUCACIONAIS Um novo aluno tem surgido meio a tantas modificações. E esse novo aluno requer daqueles envolvidos com a educação uma nova postura. Assista o vídeo “Rafinha” que circula na internet, no youtube.com e perceba como ele traduz o perfil do aluno que está surgindo. https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UI2m5knVrvg A descrição fornecida por esse vídeo nos faz refletir sobre várias questões, a primeira delas são os constantes avanços tecnológicos que se fazem, atualmente, rápidos e tão envolventes que nem sempre a sociedade percebe o que está ocorrendo. A introdução dos recursos tecnológicos proporcionados pela internet na educação provocou uma série de mudanças. Diante disso, surge a necessidade http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 32 de romper com velhos paradigmas educacionais muitas vezes centrados em currículos fragmentados, de memorização e transmissão de informações. Realize a leitura do texto abaixo descrito por Platão e a seguir reflita fazendo um paralelo entre a Alegoria da Caverna e os paradigmas educacionais. O MITO DA CAVERNA De Platão Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabaça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi- obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta- palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 33 fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade. O que é a caverna? Que são as sombras das estatuetas? Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O que é a luz exterior do sol? O que é o mundo exterior? Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? O que é a visão do mundo real iluminado? Para refletir: O que é um paradigma educacional? Como modificá-lo? 4. PRODUZINDO CONHECIMENTO ATRAVÉS DAS TECNOLOGIAS O artigo “Dado, informação, conhecimento e competência” de Valdemar W. Setzer nos traz definições importantes que elucidam como se dá a construção do conhecimento. Vá até o endereço indicado e realize a leitura do mesmo, a seguir reflita fazendo um paralelo sobre os conceitos de dado, informação e conhecimento, e a produção de conhecimento na escola. Para ampliar o seu conhecimento acerca desse assunto realize a leitura do livro Pedagogia da Autonomia disponível na Biblioteca Paulo Freire pelo link: http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html e elabore uma dissertação com mínimo de 3 laudas relacionando o conteúdo do livro com o uso das tecnologias. http://blogdapedagogiaunopar.blogspot.com.br/ 3º SEMESTRE 34 WEB-AULA 2 O computador a serviço da educação 1. INTRODUÇÃO A disseminação da informática na sociedade em que vivemos traz a necessidade de
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