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PREVIDENCIARIO 30 PRATICA PREVIDENCIARIA PROF. RODRIGO PARTE 2.2 10.05.14

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Professor: Rodrigo Sodero
 
E-mail: rodrigosodero@yahoo.com.br
Todos os direitos autorais pertencem a Rodrigo Sodero, e são protegidos por lei. Qualquer cópia ou reprodução ilegal é considerada como crime. Autorizada a reprodução desde que citada a fonte.
 Módulo de Direito Processual Previdenciário 
Teses Previdenciárias Atuais
Teoria e Prática
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Prof. Rodrigo Sodero
Advogado Previdenciarista.
Coordenador e Professor de Pós-graduação.
Professor de Cursos Jurídicos (Legale/SP, ESA/OAB, dentre outros).
Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais.
Especialista em Direito Previdenciário e do Trabalho.
Autor de Artigos publicados pela imprensa especializada.
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APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
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FATOR PREVIDENCIÁRIO, 
SUA INCONSTITUCIONALIDADE 
E O RECÁLCULO DAS APOSENTADORIAS 
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
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Fator Previdenciário
O fator previdenciário foi instituído pela Lei 9.876, de 26 de novembro de 1999, se inserindo na nova fórmula de cálculo da RMI da aposentadoria por tempo de contribuição, DE FORMA OBRIGATÓRIA, e da aposentadoria por idade, de FORMA FACULTATIVA (art. 29, inciso I e §§ 7º, 8º e 9º, da Lei 8.213/91).
Para o cálculo do fator é levado em conta o tempo de contribuição, a idade na data da aposentadoria (em anos) e a expectativa de sobrevida do indivíduo, conforme tabela editada anualmente pelo IBGE.
O objetivo desse novo critério de cálculo é estimular as pessoas a se aposentarem mais tarde, reduzindo drasticamente o valor do benefício daqueles que se aposentam com pouca idade.
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Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão adicionados: 
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Sua fórmula de cálculo, trazida pela Lei 9.876/99, é a seguinte: 
 f = Tc x a x [1+(Id + Tc x a)] = 
 Es 100
f = fator previdenciário
Tc = tempo de contribuição (em anos)
a = alíquota (fixa) de contribuição (0,31)
Es = expectativa de sobrevida (em anos)
Id = idade do trabalhador (em anos)
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Para realizar o cálculo do fator previdenciário, peguemos por exemplo um trabalhador que completou 35 anos de contribuição em novembro de 2012 e que possui 58 anos de idade. Assim teríamos:
 f = 35 x 0,31 x [1 + (58 + 35 x 0,31)] = 0,800097 
 22,9 100
f = fator previdenciário
Tc = tempo de contribuição
a = alíquota de contribuição (0,31)
Es = expectativa de sobrevida (ver Tabela de Expectativa de Sobrevida do IBGE)
Id = idade do trabalhador
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Inconstitucionalidade do Fator Previdenciário
Artigo 5º, caput e inciso I, da CF: Princípio da Isonomia (não leva em conta as regionalidades e pessoas com o mesmo tempo e valores contribuídos terão aposentadorias de valores diferentes de acordo com a variação da idade; não leva em conta a desigualdade da expectativa de vida entre homens e mulheres; não leva em conta a expectiva de vida menor de pessoas portadoras de doenças crônicas.).
Artigo 5º, § 2º e Artigo 7º, caput, da CF: Princípio do não retrocesso social. 
Artigo 201, § 1º, da CF: Proíbe a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do RGPS, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidos em lei complementar. A expectativa de sobrevida não é critério adotado pela CF.
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Inconstitucionalidade do Fator Previdenciário
Artigo 201, § 3º, da CF: Dispõe que os benefícios serão calculados de acordo com os salários-de-contribuição do segurado e tão-somente. O fator é um elemento de cálculo estranho ao comando constitucional. 
Artigo 201, § 7º, da CF: Trata de duas aposentadorias diferentes (idade e tempo de contribuição) e não de uma aposentadoria híbrida. Além disso, estabelece que a aposentadoria por tempo de contribuição é somente integral (ressalvado o direito adquirido antes da EC 20 e a utilização da regra de transição)
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Pois bem. Em que pese todos os argumentos expostos, as medidas cautelares das ações diretas de inconstitucionalidade foram indeferidas pelo STF; MAS APENAS AS MEDIDAS CAUTELARES!
As ADIs 2110 e 2111, propostas respectivamente pelo Partido Comunista do Brasil – PC do B e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos - CNTM ainda aguardam julgamento no STF!
AÇÃO DE RECÁLCULO DA RMI: Pedido de declaração inconstitucionalidade do art. 29, inciso I e §§ 7º, 8º e 9º, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.876/99 e recálculo da RMI.
Precedentes: Decisões da 1ª Vara da Justiça Federal de São Paulo (Prof. Marcus Orione) e do JEF de São Paulo.
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E A APOSENTADORIA PROPORCIONAL NA REGRA DE TRANSIÇÃO DA EC 20/98
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Fator Previdenciário x Regra de Transição da EC 20/98
Outro aspecto que ressalta a inconstitucionalidade do fator previdenciário é a sua aplicação nas aposentadorias concedidas com base na regra de transição da EC 20/98.
Sendo a idade um dos requisitos para a aposentadoria na regra de transição da EC 20/98 e também um dos itens integrantes do fator previdenciário, não se pode fazê-la incidir duas vezes quando da concessão do benefício: na exigência da idade mínima e como integrante do fator previdenciário, sob pena de causar limitação excessiva ao segurado. Ademais, as regras de transição, utilizadas para calcular o benefício de aposentadoria proporcional por tempo de serviço/contribuição não contemplam em seu cálculo o referido fator previdenciário.
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Fator Previdenciário x Regra de Transição da EC 20/98
Desse modo, os segurados aposentados dessa maneira fazem jus ao recálculo do valor dos seus benefícios concedidos pelas regras de transição constantes do art. 9º da Emenda Constitucional 20/98, excluindo-se a incidência do fator previdenciário, também por esse motivo.
Precedentes: Decisões da 1ª Vara da Justiça Federal de São Paulo (Prof. Marcus Orione); Decisão proferida nos autos 2010.72.50.012448-6, do JEF de Florianópolis.
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Repercussão geral conhecida pelo STF no RE nº 639.856.
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E AS APOSENTADORIAS COM CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM 
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Fator Previdenciário x Aposentadorias com tempo especial convertido 
Relevante também é a tese defendida por Ester Moreno de Miranda Vieira no artigo intitulado “Salário-de-benefício em decorrência do tempo de serviço especial para fins de aposentadoria por tempo de contribuição.” (Revista de Previdência Social. Ano XXXIII. 345, São Paulo: LTR, 2009)
A autora defende que nas aposentadorias por tempo de contribuição concedidas após a conversão de tempo especial em comum não se deveria aplicar o fator previdenciário de forma a resguardar a CF, art. 201, § 1º.
Precedente: A tese foi vencedora na sentença proferida nos autos 161.01.2011.01.583-8/000000-000 de 30.08.2011 do Juiz de Direito Antonio Luiz Tavares de Almeida, da cidade de Diadema (“JULGO PROCEDENTE o pedido, EXTINGUINDO o feito nos termos do art. 269, inc. I, do CPC. DECLARO como especial o período trabalhado entre 6.3.1997 a 12.12.2007, CONDENANDO o réu a rever a renda mensal inicial, aplicando-se o fator previdenciário apenas ao período de tempo de serviço comum”).
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E A EXPECTATIVA DE VIDA DO HOMEM
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Fator Previdenciário x Expectativa de Vida Homem
Nota-se que segundo as pesquisas realizadas pelo próprio IBGE (Tábua de Mortalidade/Expectativa de Sobrevida) a expectativa de vida do homem brasileiro é inferior à da mulher.
Como já dito anteriormente, as pesquisas apontam que homens vivem aproximadamente 69,7 anos e mulheres 77,3 anos.
Logo, fica evidente o tratamento anti-isonômico e inconstitucional dado aos indivíduos pela Lei quando determina que seja aplicada a média nacional da expectativa para ambos os sexos no cálculo fator previdenciário, o que prejudica sobremaneirao homem que tem expectativa de vida menor.
Aqui existe clara ofensa aos artigos 5º, caput e inciso I, da CF.
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Fator Previdenciário x Expectativa de Vida Homem
Além deste fato caracterizar mais um argumento com relação a inconstitucionalidade do fator previdenciário, nota-se que, nas ações onde se requer o recálculo da RMI pedindo-se o afastamento do fator, quando o segurado for homem, é possível fazer um pedido sucessivo/subsidiário para que seja considerada a correta expectativa de vida do homem e, por conseguinte, recalculada a aposentadoria.
Para acessar as Tábuas de Mortalidade do IBGE: www.ibge.gov.br – Tábuas Completas de Mortalidade – Tabelas (em formato PDF).
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Recurso Extraordinário com repercussão geral não conhecida pelo STF no RE nº 664.340.
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E O PORTADOR DE DOENÇA GRAVE
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Fator Previdenciário x Portador de doença grave
Observa-se que segundo pesquisas científicas, portadores de doença grave - especialmente de HIV/AIDS e de Câncer - possuem expectativa de vida menor que os demais indivíduos, o que demonstra a inconstitucionalidade do fator previdenciário que adota como um de seus elementos de cálculo, a expectativa de sobrevida média da população nacional, apurada através da Tábua Completa de Mortalidade, elaborada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Neste sentido, nota-se que, recentemente, fora divulgada no Brasil, pela Revista Veja (publicação de 12.10.2011 no site da Revista) e pelo site www.aidsbeacon.com, uma nova pesquisa científica realizada na Inglaterra sobre a expectativa de vida dos portadores da HIV/AIDS.
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Fator Previdenciário x Portador de doença grave
O estudo científico publicado no British Medical Journal aponta que a expectativa de vida do portador de HIV/AIDS, no âmbito da população britânica, aumentou, mas, mesmo assim, ainda é menor que a da população em geral.
Na Inglaterra, onde a expectativa de vida é de 78 anos para os homens e de 82 anos para as mulheres, os indivíduos portadores do HIV/AIDS vivem, respectivamente, 60 e 70 anos (homem/mulher).
 
Desta forma, na Inglaterra, um dos países mais desenvolvidos do mundo, o homem soropositivo vive 23,07% menos que o restante da população masculina e a mulher portadora de HIV, por sua vez, vive 14,63% menos, comparando com a mulher que não possui o vírus.
 
No Brasil, a expectativa de vida do homem, segundo a última pesquisa do IBGE, é de 69,7 anos e da mulher de 77,3 anos, ao nascer.
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Fator Previdenciário x Portador de doença grave
Assim, adotando a mesma proporção verificada na pesquisa feita com a população britânica, o brasileiro e a brasileira, portadores de HIV/AIDS, vivem, respectivamente, em média 53,62 anos (e não 69,7) e 65,99 anos (e não 77,3 anos). 
 
Demonstrado está, portanto, que o elemento expectativa de sobrevida não pode servir como critério absoluto para o cálculo da aposentadoria, pois trata de modo igual pessoas em situações evidentemente desiguais, o que ofende o princípio constitucional da isonomia (art. 5º, caput, da CF).
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E A INCONSTITUCIONALIDADE 
DE SUA APLICAÇÃO 
NA APOSENTADORIA CONSTITUCIONAL DO PROFESSOR
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
A inconstitucionalidade do artigo 29, inciso I e §§ 7º a 9º, da Lei 8.213/91, é ainda mais gritante quando tratamos da aplicação do fator previdenciário no cálculo da RMI da aposentadoria constitucional do professor (sentido lato), prevista no artigo 201, § 8º, da Constituição Federal e no artigo 56, da Lei 8.213/91.
Interpretação teleológica e interpretação histórica.
 
Vejamos: Em 1981, quando ainda vigente Constituição Federal de 1967, largamente emendada em 1969, a Emenda Constitucional 18 trouxe à tona o direito à aposentadoria constitucional do professor, estabelecendo tempo de serviço de 25 (vinte e cinco) anos para as professoras e 30 (trinta) anos para os professores.
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
A Constituição Federal de 1988 não falava sobre o assunto até a edição da Emenda Constitucional 20/98, que deu nova redação ao artigo 201, da Constituição Federal e nos seus parágrafos 7º e 8º, passou assim a determinar:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...) § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; (...) § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (grifamos)
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
Por sua vez, a Lei 8.213/91, em seu artigo 56, assim dispõe:
Art. 56. O professor, após 30 (trinta) anos, e a professora, após 25 (vinte e cinco) anos de efetivo exercício em funções de magistério poderão aposentar-se por tempo de serviço, com renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, observado o disposto na Seção 111 deste Capítulo.
Sobre o tema, a Lei 11.301/2006, ainda dispõe: 
Art. 1o  O art. 67 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1o:
“Art. 67.  (...) § 2o  Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.” (NR)
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
No julgamento da ADI 3772, o STF assentou o posicionamento no sentido de que as atividades mencionadas na Lei, de exercício de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico também gozam do benefício, desde que exercidas por professores. 
Fica evidenciado, assim, o intuito do legislador constitucional de retirar o professor da atividade desenvolvida (25 anos para a professora e 30 anos para o professor – artigo 201, § 8º, da CF) antes dos outros indivíduos, que normalmente adquirem o direito de se aposentarem por tempo de contribuição aos 30 ou 35 anos de contribuição (artigo 201, § 7º, inciso I, da CF).
 
Ora, Excelência, a aplicação do fator previdenciário no cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria constitucional do professor retira a benesse constitucional de poder aposentar-se aos 25 ou 30 anos de efetivo trabalho no magistério. É dar com uma mão e tirar com a outra.
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
Historicamente, constata-se que a legislação vigente antes da edição da Constituição Federal de 1988, já dava tratamento diferenciado ao professor com relação ao seu direito à aposentadoria.
Na forma do item 2.1.4, do Anexo a que se refere o artigo 2º, do Decreto 53.831/64, os professores, do sexo masculino ou feminino, podiam se aposentar na modalidade especial quando comprovado o exercício de 25 (vinte e cinco) anos de magistério.
 
Desta forma, nota-se que o exercício do magistério era considerado prejudicial à saúde e/ou a integridade física pela legislação em referência. 
 
Após, a EC 18/81, garantiu constitucionalmente uma aposentadoria com tempo reduzido ao professor, ou seja, com 05 (cinco) anos de contribuição a menos doque outros indivíduos.
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
Posteriormente, agora na vigência da Constituição Federal de 1988, a EC 20/98, trouxe a mesma previsão (artigo 201, § 8º, da CF).
 
Portanto, analisando a história (interpretação histórica) do tratamento dado pela legislação à aposentadoria do professor, verifica-se que a razão do tratamento diferenciado dado aos docentes está diretamente ligada à nocividade da atividade de magistério.
 
Neste sentido, é interessante observar que a atividade do professor não deixou de ser nociva à sua saúde e/ou integridade física, como bem relata a professora Cleci Maria Dartora, em sua obra Aposentadoria do Professor: Aspectos Controvertidos, 2ª edição, publicada pela Editora Juruá, fls. 41 e seguintes, onde aponta que professores sofrem de diversos males ligados à profissão, tais como: estresse, depressão, insônia, LER, problemas de coluna, distúrbios da voz.
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
A nocividade à saúde e à integridade física no magistério também nos é mostrada pelo estudo da evolução histórica das normas que já versaram sobre a matéria.
Como já dito, nos dias de hoje, é o artigo 201, § 8º, da Constituição de 1988 que trata da matéria, norma esta cuja redação foi dada pela EC 20/98.
Não imaginou o constituinte derivado, no entanto, que com a edição da Lei 9.876/99 se instituiria uma fórmula de cálculo (fator previdenciário) que seria aplicada, inclusive, no cálculo desta aposentadoria constitucional do professor e que o prejudicaria de forma drástica, tornando, praticamente ineficaz a proteção previdenciária constitucional dada a esta categoria profissional.
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
O fator previdenciário, que leva em conta o tempo de contribuição, a idade e expectativa de sobrevida do professor, é uma fórmula cruel, especialmente, para estes profissionais.
Observa-se que o fator previdenciário não se coaduna com a idéia da aposentadoria constitucional diferenciada do professor, pois os componentes principais do primeiro (fator previdenciário) são: idade e tempo de contribuição; e o objetivo do segundo (Aposentadoria Constitucional do Professor) é a preservação da saúde e gozo do benefício diferenciado (com redução do tempo de contribuição), independentemente da idade do segurado.
Como então aplicar o fator previdenciário no cálculo da aposentadoria constitucional diferenciada do Professor?
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
A resposta é simples: a aplicação do fator previdenciário é incompatível com a aposentadoria constitucional do professor.
A verificação fundamentada desta posição é aclarada quando se vê que aplicando o fator previdenciário, uma professora com 25 (vinte e cinco) anos de tempo de serviço somente se aposentaria com 100% do seu salário-de-benefício (no caso de aplicação do fator previdenciário) se tivesse 64 (sessenta e quatro) anos de idade. 
 
Ora, isso é um absurdo ante a idéia da aposentadoria constitucional que visa possibilitar ao professor a retirada da sala de aula para que haja, inclusive, a preservação de sua saúde e/ou integridade física (interpretação teleológica).
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Fator Previdenciário x Aposentadoria do Professor
 
Diante disso, pergunta-se: Como entender que, neste caso, o Estado (LEI) pune com uma redução de proventos aquele que o próprio Estado (CONSTITUIÇÃO FEDERAL) deseja ver longe da atividade de magistério, por todos os motivos já aqui expostos?
 
Assim, o artigo 29, inciso I e §§ 7º a 9º, da Lei 8.213/91, com as alterações trazidas pela Lei 9.876/99, deve ser declarado inconstitucional, afastando-se a aplicação do fator previdenciário do cálculo da Renda Mensal Inicial da aposentadoria constitucional de professor. 
Precedente: Decisão proferida pela 3ª Vara da Justiça Federal de São José dos Campos nos autos do processo n. 0004072-15.2012.403.6103.
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REVISÃO COM ARREDONDAMENTO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO/SERVIÇO
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Arredondamento do Tempo de Contribuição
O cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição sempre teve como fator determinante o “tempo de contribuição” do segurado.
Até a edição da EC 20/98, por exemplo, a aposentadoria por tempo de serviço – especialmente a proporcional - tinha o seu coeficiente encontrado de acordo com os anos trabalhados pelo segurado; A partir dos 25 anos para a mulher e dos 30 anos para o homem. O percentual inicial era de 70%.
Havia um aumento de 6% a cada ano completado. Ex: 31 anos = 76%; 32 anos = 82%, etc.
Ocorre que muitas vezes o segurado estava muito próximo de completar mais um “ano inteiro” de tempo de contribuição e se aposentava, o que gerava uma significante defasagem no valor de sua aposentadoria.
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Arredondamento do Tempo de Contribuição
Neste sentido, lembra-se que o servidor do INSS possui o dever de orientar os segurados e conceder-lhes sempre o melhor benefício, na forma do Enunciado n. 05 do CRPS, o que não se observa, entretanto, na prática.
Pois bem. A tese em questão trata da possibilidade de arredondamento desse tempo de contribuição para fins de aumento do Cf de cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição/serviço.
Ex.: Um homem que se aposentou com 30 anos, 11 meses e 25 dias de tempo de contribuição em 11/1998 com o coeficiente de 70%; poderia pedir a revisão da sua aposentadoria para o Cf de 76%?!
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Arredondamento do Tempo de Contribuição
Em termos previdenciários, entendemos que caso o coeficiente deixe de ser majorado pelo não cômputo de um tempo ínfimo, providência que é factível caso se trate, por exemplo, de 5 (cinco) ou 10 (dez) dias de trabalho e o arredondamento ora em debate e permite sim a elevação do coeficiente a 76% (setenta e seis por cento) do salário-de-benefício, relembrando-se o princípio da dignidade humana e da razoabilidade.
Precedente: TRF 3ª Região, NONA TURMA, AC 0044085-67.1996.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL MARISA SANTOS, julgado em 30/05/2005, DJU DATA:10/08/2005.
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APOSENTADORIA ESPECIAL
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APOSENTADORIA ESPECIAL E O CONTRIBUINTE INDIVIDUAL 
NÃO-COOPERADO
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
Destinada a compensar os segurados que exercem suas atividades em condições ofensivas à sua saúde ou integridade física, a aposentadoria especial decorre de uma exigência do princípio da igualdade e objetiva acautelar o trabalhador contra os efeitos maléficos que podem advir do mero desempenho de sua atividade profissional, propiciando a antecipação de sua aposentadoria.
Tendo por referencial a proteção do trabalhador, o sistema constitucional estrutura-se de modo a atribuir um peso diferenciado às atividades consideradas ofensivas à saúde ou à integridade física. No âmbito das relações de emprego, assegura-se ao trabalhador um “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da Lei” (CF/88, art. 7º, XXIII). 
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
No campo previdenciário, nada obstante a Constituição da República vede “a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social”, ressalva a possibilidade de diferenciação para as “atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física” (CF/88, art. 201, §1º, com a redação emprestada pela Emenda 47/2005).
Nessa perspectiva constitucional, os direitos sociais conjugam-se para a mais eficaz proteção do trabalhador, assegurando-lhe a devida compensação (remuneração adicional e critérios diferenciados para concessão de aposentadoria) pelo desempenho de atividades com potencialidade de causar dano à saúde ou integridade física e que, lembre-se, são imprescindíveis para a preservação e para o desenvolvimento social.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperadoÉ importante notar que esses direitos sociais colocam ênfase na proteção do trabalhador, levando em conta a potencialidade da atividade por ele desempenhada lhe ofender a saúde ou a integridade física. 
O mais importante não é se o dano à saúde ou à integridade física pode atingir o trabalhador pela via da insalubridade (exposição a agentes nocivos físicos, químicos ou biológicos), penosidade ou periculosidade. Tampouco é relevante a condição em que desempenha sua atividade, isto é, se por contra própria (contribuinte individual) ou por conta de outrem.
Por outro lado, a disciplina das hipóteses de acentuada proteção social pelo exercício de atividades danosas à saúde ou à integridade física foi delegada ao legislador ordinário. 
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
No campo previdenciário, a Lei 8.213/91 expressa que “A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei” (art. 57, caput, grifei).
O que se tem, portanto, é que a contingência social protegida pela aposentadoria especial é o exercício de atividade que sujeite o trabalhador a condições de trabalho nocivas ou perigosas à saúde. E a justificativa para essa diferenciada proteção é a justa compensação pela prestação de serviço em condições adversas à saúde do segurado ou com riscos superiores aos normais.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
Como se pode também observar, a lei não exclui a possibilidade de concessão de aposentadoria especial ao contribuinte individual. É de se notar que toda vez que a Lei de Benefícios pretendeu atribuir regime jurídico específico ao contribuinte individual, assim operou de modo expresso, não prevendo a concessão de determinados benefícios (auxílio-acidente e salário-maternidade até a edição da Lei 9.876/99, por exemplo).
Por consequência, o juízo negativo de concessão de aposentadoria especial ao contribuinte individual apenas por esta sua condição de trabalhador por conta própria não prestigia os fundamentos constitucionais dessa prestação previdenciária. Mais especificamente, tal pensamento não oferece a melhor solução exegética ao problema, na medida em que vai de encontro ao princípio geral de hermenêutica segundo o qual “onde a lei não discrimina não deve o intérprete o fazer”.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
É importante destacar, ademais, que na seara dos direitos sociais tal discriminação ainda é menos aconselhável, porque estaria a operar verdadeira restrição de proteção social a segurado da Previdência Social e a atentar contra um dos objetivos fundamentais da Ordem Social, qual seja, a consideração social do trabalho (CF/88, art. 193), o que certamente implica a proteção da saúde do trabalhador (e não apenas do trabalhador que exerce suas atividades por conta de outrem).
De outra parte, não sensibilizam os argumentos de que seria o próprio segurado contribuinte individual que declararia as condições em que se dá o exercício de sua atividade profissional ou de que inexiste específica contribuição social para a seguridade social para tal contrapartida em termos de benefício.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
Quanto ao primeiro aspecto, ressalte-se que se há dificuldade para a aferição das reais condições em que se dá o trabalho do contribuinte individual, tal circunstância não implica óbice ao reconhecimento do direito, senão isso, apenas uma dificuldade para a comprovação do respectivo fato constitutivo. Raciocínio semelhante (da dificuldade de prova do fato constitutivo infere-se a inexistência do direito) nos levaria a negar benefícios aos trabalhadores rurais bóias-frias, que se encontram, reconhecidamente, em um contexto extremamente desvantajoso para a prova dos fatos que lhe fazem atribuir direitos previdenciários correspondentes.
Ora, a concessão de aposentadoria especial ou a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido sob condições especiais em atividade comum dependerá de comprovação pelo segurado “do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado” (Lei 8.213/91, art. 57, §3º, com a redação emprestada pela Lei 9.032/95).
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
O caso concreto é que determinará que espécies de meios probatórios se revelam suficientemente idôneos (prova pericial, prova pessoal, prova documental etc).
Quanto ao segundo aspecto (ausência de contribuição específica), pensamos que não consiste o melhor método para a verificação da existência de um direito previdenciário a investigação sobre a existência de contribuição com a finalidade específica de fazer frente aos valores que supostamente serão suportados em caso de concessão de determinada prestação. Tal raciocínio parte do pressuposto de que o equilíbrio financeiro e atuarial idealizado pela Emenda Constitucional 20/98 se materializa em um balanço perfeito entre custeio e benefício no que diz respeito às contribuições do segurado para o sistema e as prestações previdenciárias que a ele são asseguradas pelo Plano de Benefícios.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
A ideia de um financiamento constitucional da seguridade social - que nos termos do art. 195 da CF/88 se dá por toda sociedade – já deveria ser suficiente para abalar semelhante convicção. Convém notar, entretanto, que a inexistência de norma jurídica a condicionar a atribuição de direito a uma contribuição específica confere a liberdade necessária ao intérprete para, diante do texto normativo e a partir de luzes constitucionais, declarar a existência ou não do direito no caso concreto.
Ora, se da empresa é exigida contribuição específica que leva em conta o grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho aos segurados empregados e trabalhadores avulsos (Lei 8.212/91, art. 22, II), daí não se extrai que o contribuinte individual não faça jus à aposentadoria especial (ou à aposentadoria por invalidez ou ao auxílio-doença).
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
É necessário perceber a contribuição previdenciária do contribuinte individual dentro do contexto do financiamento da Seguridade Social. Temos que vê-la como vemos o Simples, por exemplo. A contribuição dos empregados de microempresas também é, em princípio, insuficiente e ainda assim são concedidos os benefícios aos segurados que lhe prestam serviços na condição de empregado. O mesmo se pode dizer acerca das entidades beneficentes de Assistência Social. E nem por isso se questiona a existência do direito previdenciário devido a seus empregados nos termos da lei. 
A ausência de discriminação na Lei de Benefícios (Lei 8.213/91, art. 57, caput) leva ao reconhecimento judicial do direito do contribuinte individual á aposentadoria especial mesmo após a Lei 9.032/95, quando alterado o inciso II do art. 22 da Lei de Custeio, uma vez evidenciada a ofensa à saúde ou à integridade física do trabalhador, de modo a viabilizar-se o desiderato constitucional de protegê-lo contra os maléficos efeitos que podem advir do mero desempenho de sua atividade profissional.
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Aposentadoria Especial e o Contribuinte Individual não-cooperado
Evidente que deve haver criteriosa análise do conjunto probatório a fim de se verificar o efetivo exercício de atividade considerada especial, já que para o empresário que tenha funções eminentemente burocráticas e, que tenha contato mínimo com agentes insalubres, este benefício não deve ser estendido.
Precedentes: Súmula 62 da TNU - “O segurado contribuinte individual pode obterreconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física." (DOU 03/07/2012)
TRF4, APELREEX 200870010033295, Rel. Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle. D.E. 22.04.2010. 
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RECONHECIMENTO DO TEMPO ESPECIAL E RELEXOS NA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
“REVISÃO DE FATO”
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Tese revisional de fato – reconhecimento do tempo especial
O segurado que exerceu, antes de se aposentar, atividades com exposição a agentes nocivos à sua saúde e/ou integridade física, e isto não foi reconhecido pelo INSS, pode ingressar com ação revisional para reconhecer estes períodos aumentando o tempo de contribuição do segurado e, por conseguinte, a sua Renda Mensal.
Na maioria das vezes isso ocorre quando o segurado possui alguns períodos de atividade COMUM e outros de atividade ESPECIAL e o INSS, ao conceder a aposentadoria, não considera os períodos ESPECIAIS.
Em algumas outras oportunidades, nos deparamos com situações em que o INSS concede a aposentadoria por tempo de contribuição (com aplicação do fator previdenciário) quando, na verdade, o segurado já possuía os 15, 20 ou 25 anos de tempo especial.
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Tese revisional de fato – reconhecimento do tempo especial
Quando o segurado possui tempo especial não reconhecido pelo INSS, e mesmo computando-o como tal, o segurado NÃO ATINGE o tempo mínimo para a concessão da aposentadoria especial, cabe ação revisional para reconhecimento do período trabalhado como especial e recálculo da RMI com consideração do correto tempo de contribuição no cálculo do fator previdenciário. (fatores de conversão: art. 70, do Decreto 3.048/99)
Por outro lado, quando o segurado possui tempo especial não reconhecido pelo INSS, e computando-o como tal, o segurado ATINGE o tempo mínimo necessário para a concessão da aposentadoria especial (normalmente, 25 anos), cabe o pedido de transformação da aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial, com para reconhecimento de todo o período trabalhado como tal, e, o pedido subsidiário, de recálculo da RMI com consideração do correto tempo de contribuição no cálculo do fator previdenciário, caso a decisão final não reconheça como especial o tempo mínimo suficiente para a concessão da aposentadoria especial. 
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Tese revisional de fato – reconhecimento do tempo especial
É importante frisar que quando se transforma a aposentadoria por tempo de contribuição - concedida com base na Lei 8.213/91, após as alterações trazidas pela Lei 9.876/99 - em aposentadoria especial, a fator aplicação do previdenciário é afastada da metodologia de cálculo da aposentação, pois, referida fórmula não compõe o cálculo da RMI da aposentadoria prevista nos arts. 57 e 58, da LB.
Se, se tratar de uma aposentadoria por tempo de serviço ou contribuição concedida com base na metodologia de cálculo prevista na redação original da Lei 8.213/91, a revisão elevará o tempo em questão, podendo majorar o COEFICIENTE DE CÁLCULO (%) para até 100% do salário-de-benefício. 
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RECONHECIMENTO DO TEMPO COMO ESPECIAL (RUÍDO) E NOVA REDAÇÃO DA SÚMULA 32 DA TNU
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Reconhecimento do tempo como especial x Súmula 32 da TNU
A Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) aprovou a revisão da Súmula 32, em sessão de julgamento realizada no dia 24.11.2011, na sede do Conselho da Justiça Federal (CJF), em Brasília (DF).
Com a alteração, ainda considerada recente, o texto da Súmula 32 passa a ter a seguinte redação:  
Súmula 32: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a administração pública que reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”.
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Reconhecimento do tempo como especial x Súmula 32 da TNU
O texto anterior da Súmula 32, agora alterado, era o seguinte: 
Súmula 32 (redação original): “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto nº 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto nº 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003”. (grifo nosso)
Os Tribunais Regionais Federais em todo o país já tinham precedentes no sentido da aplicação retroativa do nível de ruído mínimo previsto pelo Decreto 4.882/03.
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Reconhecimento do tempo como especial x Súmula 32 da TNU
Observamos que quando um instrumento normativo reduz o nível de tolerância indicado pelo anterior, a Administração Pública está, em verdade, confessando o equívoco do limite anteriormente fixado. 
A promulgação do Decreto 4.882/03, que reduziu o limite máximo de tolerância a ruído para 85 db, implica reconhecimento de que a sujeição ao limite anterior de 90 db, previsto no Decreto 2.172/97 era inadequada. 
Aquele diploma normativo veicula verdadeiro reconhecimento de que a sujeição a ruído superior a 85 decibéis é imprópria à saúde do trabalhador, sendo absurdo considerar que no período que antecedeu a sua edição não o fosse.
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Reconhecimento do tempo como especial x Súmula 32 da TNU
Assim, deve prevalecer o entendimento, hoje sumulado pela TNU, no sentido de que durante o período de 05.03.1997 a 17.11.2003 a exposição permanente do trabalhador a nível de ruído superior a 85db é danosa à saúde, autorizando a contagem do tempo como especial, por força do reconhecimento veiculado no Decreto 4.882/03.
Não são raros os casos em que o INSS deixou de reconhecer o tempo trabalhado pelos segurados/aposentados como especial, de 05.03.1997 a 17.11.2003, pela exposição à ruído inferior à 90 dB.
Ocorre que muitas dessas pessoas se expuseram a ruído superior à 85 dB e inferior à 90 dB e, teriam, por conta desse novo entendimento, direito ao reconhecimento do tempo trabalhado como especial e, consequentemente, à transformação da aposentadoria por tempo de contribuição em especial ou, ao menos, ao recálculo da aposentação originária.
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CONVERSÃO DO TEMPO COMUM EM ESPECIAL E CONCESSÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL
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Conversão do tempo comum em especial
No que diz respeito à possibilidade de conversão do tempo de serviço comum para especial, e suas consequências práticas, vejamos:
Entendemos que o segurado tem direito à conversão do tempo de serviço comum prestado antes da Lei 9.032/95 para especial, para efeito de concessão de aposentadoria especial, já que a legislação então vigente assim o permitia (artigo 57, § 3º, em sua redação original, da Lei 8.213/91, regulamentado pelo artigo 64 do Decreto 611/92).
Trata-se de aplicação do princípio do tempus regit actum, na forma do artigo 70, § 1º do Decreto 3.048/99.
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Conversão do tempo comum em especial
Ressaltamos que o fato de os requisitos para a aposentadoria especial eventualmente terem sido implementados posteriormente, não afeta a natureza do tempo de serviço e a possibilidade de conversão segundo a legislação da época.
Assim, a Lei 9.032/1995, ao alterar o § 3º do art. 57 da Lei 8.213/91, vedando, a partir de então, a possibilidade de conversão de tempo de serviço comum em especial para fins de concessão do benefício de aposentadoria especial, não atinge os períodos anteriores à sua vigência, ainda que os requisitos para a concessão da inativação venham a ser preenchidos posteriormente, visto que não se aplica retroativamente uma lei nova que venha a estabelecer restrições em relação ao tempo de serviço.
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Conversão do tempo comum em especial
Anteriormente ao regime legal instituído pela Lei 9.032/95 era possível a conversão do tempo de serviçocomum para especial pelo fator 0,71 e 0,83 para homens e mulheres, respectivamente, cuja atividade a converter tivesse o tempo mínimo de 25 anos para aposentadoria (artigo 57, § 3º, em sua redação original, da Lei 8.213/91 c/c artigo 64 do Decreto 611/92 c/c artigo 70, § 1º do Decreto 3.048/99 ).
A conversão do tempo comum trabalhado antes de 28.04.1995 em especial é vantajosa, na medida em que o segurado pode, com isso, conquistar o direito à concessão da aposentadoria especial ou, caso já tenha se aposentado por tempo de contribuição, ter direito à ingressar com ação de transformação da aposentadoria por tempo de contribuição em especial.
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Conversão do tempo comum em especial
Exemplo: 
Homem com 58 anos de idade.
 
Aposentado em 13.11.2012 com 38 anos de tempo de contribuição. 
20 destes anos especiais e convertidos em comum (acréscimo de 08 anos). 
Tem 10 anos de tempo comum antes de 28.04.1995 (01.01.1982 até 01.01.1992).
Se convertidos em tempo especiais, os 10 anos se transformarão em 7,1 anos.
Somando os 20 anos já reconhecidos com os 7,1 anos teremos, antes da aposentação 27,1 anos de tempo especial, o suficiente para a concessão da aposentadoria especial.
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Conversão do tempo comum em especial
Precedentes: 
TRF4, Apelação/Reexame necessário nº 2008.71.08.000076-1/RS, Sexta Turma, rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira - DE 27/02/2009.
TRF4, Processo nº 5002165-25.2011.404.7008, Sexta Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, D.E. 02/04/2012.
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APOSENTADORIA POR IDADE
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CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE SEM CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS SIMULTANEAMENTE
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
Para a obtenção da aposentadoria por idade, ao trabalhador urbano é necessário implementar número mínimo de contribuições e idade mínima (65 anos, se homem, ou 60 anos, se mulher), sendo irrelevante a data em que buscou a proteção social.
Nos termos do artigo 25, inciso II, da Lei 8.213/91, para a aposentadoria por idade, são necessárias 180 contribuições mensais à título de carência, número este, elevado de 60 para 180 pela Lei de Benefícios (LB).
Ocorre que o artigo 142, da LB, traz uma regra de transição para aqueles segurados que são inscritos na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991.
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
Dispõe o artigo 142, da LB que: 
Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício:
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
Com relação a chama regra de transição da carência para aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, a título meramente exemplificativo peguemos um trabalhador inscrito antes da edição da LB, que sofresse a contingência no ano de 2000 (implementação da idade), assim a carência para ele exigida seria de 114 meses.
A carência exigida para a concessão de Benefício Previdenciário não necessita ser compreendida de contribuições recolhidas para um único sistema e nem que o período seja todo especial.
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
Ocorre que o INSS, erroneamente, interpreta a regra de transição do artigo 142, da LB, como se o ano a ser observado na Tabela fosse aquele em que o segurado formulou o seu requerimento administrativo e não aquele em que completou a idade necessária para se aposentar.
A jurisprudência de nossos Tribunais Pátrios confirma a tese de que o ANO estabelecido pela Tabela do artigo 142, da LB, é o do atingimento da idade. Neste sentido TAMBÉM é a orientação traçada pelo § 1º, do artigo 147, da IN 45/2010.
Vejamos os precedentes:
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
AGRAVO INTERNO. APOSENTADORIA POR IDADE. IMPLEMENTAÇÃO SIMULTÂNEA DOS REQUISITOS. DESNECESSIDADE. 1. É assente neste Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido da desnecessidade do implemento simultâneo dos requisitos à aposentadoria. 2. A carência deve ser aferida no momento da implementação do requisito etário. 3. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 4. Agravo interno ao qual se nega provimento. (AgRg no REsp 985.320/SP, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 25/05/2011)
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE- URBANO - ART. 48 DA LEI 8.213/91 - CARÊNCIA COMPROVADA - PARÁGRAFO 1º, DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.666/03 - ARTIGO 25 DA LEI 8.213/91 - APELAÇÂO PROVIDA. (...) - A carência exigida deve levar em consideração o ano em que o segurado implementou as condições necessárias à concessão do benefício e não a data do requerimento, levando em conta a tabela progressiva do artigo 142 da Lei 8.213/91 que impõe um regime de progressão das contribuições e a natureza alimentar do benefício previdenciário. Precedentes: REsp nº 796397, Rel Min. Paulo GallottI, DJ 10-02-206; Resp nº 800120, Rel Min. Hamilton Carvalhido, DJ 16-02-2006. (...) - Apelação provida. (Processo: 2005.03.99.003245-7. Classe: AC - APELAÇÃO CÍVEL – 1000809. Órgão Julgador: 7ª Turma. Relatora Desembargadora Federal Eva Regina. Data de Julgamento: 01/06/2009. DJF3: 01/07/2009) (grifo nosso)
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Desnecessidade do cumprimento dos requisitos de forma simultânea
PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR IDADE. IMPLEMENTO DA IDADE E DO PRAZO DE CARÊNCIA NÃO PRECISAM OCORRER SIMULTANEAMENTE. 1. Autora que trabalhou na condição de trabalhadora rural por mais de 19 (dezenove) anos, retirou-se do campo e do trabalho rural e, após isso implementou a idade de 55 anos, tem direito à aposentadoria rural, na inteligência do artigo 102, § 1°, da Lei n. 8.213/91. (TNU. PU n. 2006.72950205196. Relatora Juíza Federal Maria Divina Vitória. DJU 01/04/2008) (grifo nosso)
 
Turma Regional de Uniformização do TRF da 4ª Região: 
Súmula 02. Para a concessão da aposentadoria por idade, não é necessário que os requisitos da idade e da carência sejam preenchidos simultaneamente. (grifo nosso)
Turma Regional de Uniformização do TRF da 4ª Região: 
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CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR VELHICE – 60 CONTRIBUIÇÕES ANTES DE 24.07.1991
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Aposentadoria por Velhice – 60 contribuições antes da LB
Tendo em vista as reiteradas decisões do STJ e dos Tribunais Regionais acerca da desnecessidade de cumprimento simultâneo dos requisitos concessórios da aposentadoria por idade, passou-se a cogitar a hipótese de o indivíduo que completou a carência de 60 contribuições mensais antes da entrada em vigor da LB, ter direito de se aposentar por velhice quando completar a idade necessária, mesmo que isso ocorra após 24.07.1994.
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Aposentadoria por Velhice – 60 contribuições antes da LB
Dizia o art. 32 do Decreto 89.312/84 (CLPS):
Art. 32. A aposentadoria por velhice é devida ao segurado que, após 60 (sessenta) contribuições mensais, completa 65 (sessenta e cinco) anos de idade se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) se do feminino, consistindo numa renda mensal calculada na forma do § 1º do artigo 30, observado o disposto no § 1º do artigo 23.
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Aposentadoria por Velhice – 60 contribuições antes da LB
Nota-se, com relação a desnecessidade da qualidade sde segurado á época do pedido administrativo, que art. 98 do Decreto 89.312/84 (CLPS), assim previa:
Art. 98. O direito ao benefício não prescreve, mas o pagamento respectivo não reclamado prescreve em 5 (cinco) anoscontados da data em que se torna devido. Parágrafo único. O direito à, aposentadoria ou pensão para cuja concessão foram preenchidos todos os requisitos não prescreve, mesmo após a perda da qualidade de segurado.
Hoje, como já visto, o art. 3º da Lei 10.666/03 também dispensa a qualidade de segurado para a concessão da aposentadoria por idade.
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Aposentadoria por Velhice – 60 contribuições antes da LB
Assim, entendemos ser perfeitamente possível a concessão da aposentadoria por velhice/idade ao segurado que, antes da edição da LB, já havia preenchido a carência necessária à concessão do benefício.
Precedentes: 
Processo 1207/2010 (445.01.2010.006968-5), da 1ª Vara Cível da Comarca de Pindamonhangaba – SP.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. PERDA DE QUALIDADE. ART. 98 DA CLPS/84. ART. 102 DA LEI 8.213/91. A perda de qualidade de segurada urbana, na vigência da CLPS/84 (Dec. 89.312/84), não importa perecimento do direito à aposentadoria por idade, se tendo vertido as 60 (sessenta) contribuições, vier a implementar a idade de 60 (sessenta) anos. Precedentes. Embargos rejeitados. (EREsp 211064/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/05/2000, DJ 19/06/2000, p. 112)
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PAGAMENTO DE CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO PELO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E A APOSENTADORIA POR IDADE
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
Como já estudo, para a concessão da aposentadoria por idade, é necessário o preenchimento de 02 requisitos: carência e idade mínima.
Quanto a carência, o artigo 27, inciso II, da Lei 8.213/91, dispõe que:
Art. 27 Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: (...) II – realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, respectivamente, nos incisos II, V e VII do artigo 11 e no art. 13. (grifamos)
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
De uma breve leitura do dispositivo normativo acima transcrito, fica evidenciado que para o cômputo do período de carência deverão ser utilizadas todas as contribuições realizadas pelo segurado, independentemente de estas sejam realizadas em dia ou não, exceto, conforme dispõe a parte inicial do inciso II, do artigo 27, da Lei 8.213/91, as recolhidas em atraso antes do recolhimento da primeira contribuição em dia.
Em outras palavras, necessário se faz que a primeira contribuição devida à Seguridade tenha sido realizada dentro do prazo legal, não importando, por outro lado, que as demais contribuições tenham sido extemporâneas. 
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
Ocorre que INSS, muitas vezes, desconsidera todas as contribuições recolhidas em atraso pelo segurado, para fins de carência, gerando o indeferimento indevido do benefício ao segurado que já preencheu todos os pressupostos de concessão para a aposentadoria
O despacho de indeferimento, normalmente, vem da seguinte forma:
“Em atenção ao seu pedido de Aposentadoria por Idade, apresentado em “XX/YY/ZZZZ”, informamos que, após a análise da documentação apresentada, não foi reconhecido o direito ao benefício, tendo em vista não ter comprovado a carência exigida, pois foi comprovado apenas “AA” contribuições mensais, número este inferior às 180 contribuições mensais exigíveis”. 
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
Neste caso é cabível ação judicial para a concessão da aposentadoria por idade, com base no disposto no artigo 27, inciso II, da Lei 8.213/91 e no artigo 201, da CF (princípio do caráter contributivo), com pagamento dos atrasados desde a DER.
Vejamos a seguir os Precedentes jurisprudenciais sobre a matéria:
Processo n. 445.01.2012.004149, da Vara 3ª Cível da Comarca de Pindamonhangaba – SP.
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
Previdenciário. Aposentadoria por idade. Trabalhadora urbana. Cumprimento da carência. Aproveitamento de contribuições recolhidas com atraso (art. 27, II, da Lei nº 8.213/91). Benefício devido. 1. Para a concessão de aposentadoria urbana por idade devem ser preenchidos dois requisitos: idade mínima (65 anos para o homem e 60 anos para a mulher); e carência – recolhimento mínimo de contribuições. 2. O recolhimento com atraso não impossibilita o cômputo das contribuições para a obtenção do benefício. 3. É da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso que se inicia a contagem do período de carência quando se tratar de empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, empresário e trabalhador autônomo. Isso segundo a exegese do art. 27, II, da Lei nº 8.213/91. 4. No caso, o que possibilita sejam as duas parcelas recolhidas com atraso somadas às demais com o fim de obtenção da aposentadoria por idade é o fato de a autora não ter perdido a qualidade de segurada e de o termo inicial da carência ter-se dado em 1º.1.91. 5. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, RESP 200400314079, NILSON NAVES, SEXTA TURMA, DJ DATA: 05/06/2006) (grifo nosso)
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. CARÊNCIA. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO. IMPOSSIBILIDADE. - A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito ao benefício àquele que já tenha recolhido contribuições pelo número de meses equivalentes ao prazo de carência e posteriormente venha implementar o requisito idade. Precedentes do STJ e TRF4R. - No caso do segurado empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13, para o cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores. - Nas ações concessórias de benefício previdenciário, os honorários advocatícios são fixados à base de 10% do valor das parcelas vencidas, assim consideradas aquelas devidas até a data da prolação deste julgado, quando improcedente a sentença de 1º grau. (TRF4, AC 200170030023951, PAULO AFONSO BRUM VAZ, QUINTA TURMA, DJ 10/04/2002, PÁGINA: 612) (grifo nosso)
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Contribuinte individual – Pagamento em atraso – Carência – Aposentadoria por Idade
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO EM ATRASO. CÔMPUTO PARA EFEITO DE CARÊNCIA (ART. 27, II DA LEI Nº. 8.213/91). POSSIBILIDADE CONDICIONADA À MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INEXISTÊNCIA DE ORIENTAÇÃO DOMINANTE NO STJ. PRECEDENTE DESTA TNU NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (...) 2 - Há precedente desta TNU no qual se acolhe a tese do acórdão recorrido, consignando-se expressamente a possibilidade do cômputo das contribuições previdenciárias recolhidas a destempo por contribuinte individual para efeitos de carência, se não houver perda da qualidade de segurado posterior à primeira contribuição paga sem atraso. Dessa forma, não há dissídio jurisprudencial a ensejar o conhecimento do incidente. 3 - Incidente de uniformização não conhecido. (TNU, PEDIDO 00256876820064013600, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 13/05/2011, SEÇÃO 1) (grifo nosso)
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FATOR PREVIDENCIÁRIO E APOSENTADORIA POR IDADE
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Fator Previdenciário e a Aposentadoria por Idade
Nos termos do artigo 7º da Lei 9.876/99 “é garantido ao segurado com direito a aposentadoriapor idade a opção pela não aplicação do fator previdenciário a que se refere o artigo 29 da Lei 8.213, de 1991”.
Logo, o INSS somente pode aplicar a referida fórmula no cálculo da RMI da aposentadoria por idade, quando o fator previdenciário beneficia o segurado, ou seja, quando o seu resultado é superior à uma unidade (1,..).
Ocorre que, em algumas oportunidades, a Autarquia, equivocadamente, tem aplicado o fator previdenciário com resultado inferior à uma unidade no cálculo da RMI das aposentadorias por idade, o que acarreta em prejuízo aos aposentados e, conquentemente, no direito de acionarem o INSS judicialmente para a correção deste erro. 
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Fator Previdenciário e a Aposentadoria por Idade
A tese tem como fundamento o próprio artigo 7º da Lei 9.876/99, o artigo 1º, inciso III, da CF e o artigo 5º, da LINDB.
Pedido da ação previdenciária: Recálculo da aposentadoria por idade sem a aplicação do fator previdenciário!
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DICAS ADICIONAIS SOBRE A APOSENTADORIA POR IDADE
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Dicas Adicionais sobre a Aposentadoria por Idade
Descabe ação de revisão da aposentadoria por idade, visando aumentar o percentual de seu coeficiente com base no reconhecimento de tempo especial!
O período de gozo de benefício por incapacidade deve ser computado para fins de carência e concessão da aposentadoria por idade desde que, nos termos dos arts. 29, § 5º e 55, inciso II da Lei 8.213/91, seja intercalado com período de atividade e, portanto, contributivo! Considerando que o art. 60, inciso III, do RPS, prevê a contagem do período em gozo de auxílio-doença como tempo de contribuição, perfeitamente admissível computá-lo para fins de carência. (Precedentes: TRF 3ª Região, DÉCIMA TURMA, AMS 0005790-31.2009.4.03.6110, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO, julgado em 23/02/2010, e-DJF3 Judicial 1 DATA:10/03/2010, Súmula 7 da TRU4)
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APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
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Introdução: Conceito, Carência e Natureza
Conceito: É o benefício previdenciário devido ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. E ser-lhe-à paga enquanto permanecer nessa condição. Portanto, não é vitalícia. Se recuperar a capacidade laborativa cessará o benefício (art. 42 e ss., da Lei 8.213/91).
Carência: 12 contribuições, salvo se decorrente de acidente ou de doença grave (Art. 26 da LB e Portaria Interministerial 2.998, de 23/08/2001).
Natureza: acidentária (B92) e comum (B32).
 
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REVISÃO DO ARTIGO 29, INCISO II, DA LEI 8.213/91
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
Fundamento: Artigo 29, II, da Lei 8.213/91 e art. 84, IV da CF.
Diz o art. 32, § 20 do RPS (vigente até 18.08.2009 (Decreto 6.939)):
Art. 32. O salário-de-benefício consiste: § 20.  Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta e quatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado.
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
Nota-se, no entanto, que a previsão de aplicação de um divisor mínimo somente existe com relação as aposentadorias por tempo de contribuição, idade e especial, não se incluindo nesta regra, a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença, nos moldes do art. 3º, § 2º da Lei 9.876/99. 
Vejamos: § 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.  14.08.2008)
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
Deste modo, observa-se que o Decreto extrapolou o seu poder normativo, tratando sua disposição de um divisor mínimo, de inovação legislativa, o que ofende o disposto no art. 84, IV, da Constituição Federal, que assim determina:
 
 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
 IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Desta forma, é evidente que Os segurados possuem direito ao recálculo da renda mensal inicial de sua aposentadoria, para que sejam excluídos do cálculo os 20% menores salários-de-contribuição, como determina o art. 3º da Lei 9.876/99 e art. 20, inciso II, da Lei 8.213/91. 
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
Ressalta-se que, sobre a matéria há inclusive Súmula das Turmas Recursais de Santa Catarina. Vejamos:  
SÚMULA Nº 24 “Para os benefícios previdenciários de aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxílio-acidente, concedidos após a vigência da Lei nº. 9.876/99, o salário-de-benefício consistirá na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, independentemente da data de filiação ao RGPS e do número de contribuições mensais vertidas no período contributivo.” (Aprovada em Sessão Administrativa de 14.08.2008)
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
O Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, implicou efetivo reconhecimento do direito pelo INSS, porquanto expressamente estabeleceu que:
“São passíveis de revisão os benefícios por incapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, no Período Básico de Cálculo - PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendo revisa-los para que sejam considerados somente os 80% (oitenta pro cento) maiores salários-de-contribuição”.
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
O Código Civil estabelece:
 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: (...) VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Assim: a) o Memorando-Circular, constitui marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei 8.213/91; b) essa interrupção garante o recebimento das parcelas anteriores a cinco anos da publicação do normativo para pedidos que ingressarem administrativa ou judicialmente em até cinco anos após a mesma data, uma vez que houve reconhecimento administrativo do direito. (Precedente: Processo n. 5018503-64.2012.404.7000, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão Paulo Paim da Silva, D.E. 25/06/2012)
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Revisão do Artigo 29, inciso II, da LB
A 1ª Vara Previdenciária da Justiça Federal de São Paulo (Juiz: Prof. Marcus Orione) condenou o INSS, nos autos Ação Civil Publica nº 0002320-59.5012.403.6183/SP,a efetuar a revisão de todos os benefícios de forma administrativa, o que deverá acontecer a partir de 01/2013. 
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ACRÉSCIMO DE 25% NO VALOR DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ (...) SÓ POR INVALIDEZ?!
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Acréscimo de 25%
Na forma do art. 45, parágrafo único, da Lei 8.213/91, o acréscimo de 25% no valor da aposentação é devido ao aposentado por invalidez que necessite da assistência permanente de outra pessoa, mesmo quando o valor do benefício principal esteja estabelecido no limite máximo legal. 
Assim, para a sua concessão, exige-se apenas a comprovação da necessidade de assistência e acompanhamento permanente do segurado inválido por terceira pessoa.
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Acréscimo de 25%
Neste sentido, o artigo 45 do Decreto 3.048/99 assim dispõe:
Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), observada a relação constante do Anexo I, e: 
I – devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;e 
II – recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado. 
Parágrafo único. O acréscimo de que trata o caput cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte.
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Acréscimo de 25%
O Anexo I do RPS, relaciona as situações em que o aposentado por invalidez terá direito à indenização de 25% prevista em seu artigo 45, e que são as seguintes:
1 – Cegueira total.
2 – Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
3 – Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.
4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível.
5 – Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível.
6 – Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível.
7 – Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social.
8 – Doença que exija permanência contínua no leito.
9 – Incapacidade permamente para as atividades da vida diária. (grifo nosso)
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Acréscimo de 25%
Com relação à aposentadoria por invalidez e este acréscimo, não há muito o que se discutir.
A grande controvérsia reside na possibilidade de concessão do acréscimo de 25% ao segurado que percebe outras modalidades de aposentadoria, conhecido como complemento de acompanhante.
Indubitável, ante a expressa previsão normativa, o fato de, consoante o princípio da seletividade, ter sido eleito como risco social hábil a ensejar a postulada percepção de complemento de acompanhante a circunstância de o segurado aposentado necessitar da assistência permanente de outra pessoa.
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Acréscimo de 25%
Acontece que ao estabelecer testa possibilidade apenas às aposentadorias por invalidez, em detrimento das outras modalidades de aposentadoria, as normas que tratam da matéria incorrem em vício de inconstitucionalidade, em razão do estabelecimento de tratamento diferenciado a segurados que se encontram na mesma situação, o que afronta tanto o princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, quanto o próprio princípio da isonomia, a revelar tratamento discriminatório, o que se afigura inadmissível.
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Acréscimo de 25%
Observa-se que, a um segurado aposentado por invalidez em decorrência de determinada enfermidade, da qual, entretanto, não decorra a necessidade de assistência permanente de outra pessoa, caso esta necessidade surja posteriormente, em razão de causa diversa da que determinou a concessão da aposentadoria por invalidez, não se perquire, em regra, consoante a práxis tanto na esfera administrativa, quanto na seara judicial, da necessidade de correlação entre ambas as causas, concluindo-se, em conformidade com as normas que regem a matéria, pela concessão do referido complemento ao segurado aposentado por invalidez. 
Deste modo, conclui-se que o risco social que se pretende contemplar reside efetivamente na necessidade da assistência permanente de outra pessoa - por si só - independentemente de eventual invalidez, das circunstâncias que a determinaram, bem como do momento em que esta surgiu.
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Acréscimo de 25%
A lei, ao distinguir entre o beneficiário de aposentadoria por invalidez que necessite da assistência permanente de outra pessoa e o segurado que, apresentando a mesma necessidade, percebe outra espécie de aposentadoria, estabelece discriminação inconstitucional, uma vez que o risco social objeto de proteção consiste na necessidade da assistência permanente de outra pessoa, pouco importando se as condições determinantes de tal necessidade se tenham verificado após a concessão da aposentadoria, seja qual for a sua modalidade.
Assim sendo, entendemos que o acréscimo de 25% é devido ao beneficiário de qualquer espécie de aposentadoria desde que o segurado necessite da assistência permanente de outra pessoa.
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Acréscimo de 25%
A lei,  tese da substituição do benefício, que não se confunde com a teoria da desaposentação, foi sustentada pelo prof. José Antonio Savaris no artigo "O princípio Constitucional da Adequada Proteção Social Previdenciária: um novo horizonte de segurança social ao segurado aposentado". Revista de Previdência Social, v. 326, p. 05-16, 2008. 
Recentemente a 3ª TR do Paraná, julgou uma ação neste sentido. A ementa do julgado ficou assim publicada:    
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Acréscimo de 25%
DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIOS DA UNIVERSALIDADE DA SEGURIDADE SOCIAL E DA PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE. PRECEDENTE DO STF. INCAPACIDADE SUPERVENIENTE À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPONTÂNEA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACRÉSCIMO DE 25%. DIREITO DO SEGURADO APOSENTADO À SUBSTITIUÇÃO DO BENEFÍCIO. 1. A universalidade da proteção social (CF/88, art. 194, I), enquanto objetivo fundamental desta política social, não pode ser iludida por norma infraconstitucional que culmine por proteger insuficientemente o direito fundamental aos meios de subsistência em situação de adversidade.
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Acréscimo de 25%
2. O princípio da proibição de proteção insuficiente assegura que o direito fundamental social prestacional não pode ser iludido pelo Poder Público, quer mediante a omissão do dever de implementar as políticas públicas necessárias à satisfação desses direitos, quer mediante a adoção de política pública inadequada ou insuficiente (Precedente do STF na Reclamação 4.374, j. 19/11/2013).
3. É preciso interpretar a legislação ordinária de modo a evitar-se que o direito fundamental social seja esvaziado em determinadas circunstâncias e culmine, como no caso, por não guardar possibilidade de prover ao segurado os recursos materiais necessários para assegurar-lhe o mínimo existencial.
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Acréscimo de 25%
4. Se o segurado aposentado mantém a qualidade de segurado e cumpriu período de carência sabidamente superior ao exigido para a concessão de um benefício por incapacidade, ele fará jus à adequação previdenciária na hipótese de superveniência dos requisitos específicos às prestações por incapacidade. 5. É devida a substituição de aposentadoria espontânea por aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), desde que comprovada a superveniente incapacidade para o trabalho e a necessidade de assistência permanente de outra pessoa (Lei 8.213/91, art. 42 c/c art. 45). ACORDAM os Juízes da 3ª TURMA RECURSAL DO PARANÁ, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do(a) Relator(a)(Recurso Inominado 5005574-30.2011.404.7001, Terceira Turma Recursal do PR, Relator José Antonio Savaris, j. 04/09/2013). 
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APOSENTADORIA POR INVALIDEZ SEM QUALIDADE DE SEGURADO À ÉPOCA DA DATA DE INÍCIO DA INCAPACIDADE
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Tese inovadora e que possui suas primeiras decisões favoráveis no âmbito do TRF da 3ª Região diz respeito à possibilidade de concessão da aposentadoria por invalidez àquele indivíduo que ficou incapaz em momento em que não detinha qualidade de segurado.
Nota-se que a partir da edição da EC 20/98, a Constituição Federal, nitidamente, aloca o caráter contributivo da Previdência Social como um de seus princípios no art. 201, caput. 
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Vê-se também que, ato contínuo, em 08/05/2003, fora editada a Lei 10.666 que, em parte, regulamentou infraconstitucionalmente, em seu artigo 3º, o princípio constitucional do caráter contributivo para os benefícios de aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e especial. O fato é que, segundo a regulamentação legal, para a concessão dos benefícios acima citados, não mais se exige a qualidade de segurado como um de seus requisitos quando já houver o cumprimento da carência mínima exigida pela lei.
No entanto, observa-se que, quando se trata do benefício aqui estudado ainda não há regulamentação quanto ao disposto do artigo 201, da CF (princípio do caráter contributivo), através da edição de norma infraconstitucional.
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Em facedessa omissão legislativa, entendemos que a utilização da analogia (art. 4º, da LINDB), como forma de integração, é a saída mais viável para a solução dessa inércia do legislador ordinário, sendo certo, porém, que só poderá ser utilizada quando o segurado houver perdido a qualidade de segurado, mas houver cumprido o prazo de carência previsto nos artigo 25, inciso I ou 142, da LB. Vejamos.
A analogia, como se sabe, somente pode servir para preencher uma lacuna normativa (Direito – Lei = Lacuna) quando se observa uma relação de semelhança entre a situação de fato em que a norma é omissa e a situação paradigma, regulamentada pela lei. Como fatos impeditivos da integração do direito por meio da analogia, estão os casos em que a Constituição da República estabelece reserva legal.
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
No que diz respeito ao nosso tema, o prof. Sérgio Nascimento realiza uma abordagem mais do que elucidativa sobre a possibilidade de aplicação da analogia para a perda da qualidade de segurado nos casos de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, utilizando-se como norma paradigma o artigo 3º, da Lei nº 10.666/03, quando dispõe que: “nos casos de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença (incapacidade comprovada) a situação ainda não foi disciplinada pelo legislador ordinário, mas, como há relação de semelhança com a aposentadoria por idade (incapacidade presumida), pode, em tese, tal lacuna ser preenchida por analogia”.
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Assim, aplicando analogicamente os dizeres do artigo 3º, da Lei nº 10.666/03 - no que condiz à desnecessidade da condição de segurado para a concessão da aposentadoria por idade - aos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, temos que os requisitos concessórios para os casos em que o indivíduo houver perdido a qualidade de segurado, serão somente: a ocorrência do fato gerador do benefício (incapacidade para o trabalho) e o cumprimento da carência mínima exigida para uma imaginária concessão de aposentadoria por idade, a qual irá variar, conforme a data de inscrição do segurado no RGPS (apresentação do INSS perante a Previdência, que se dá através do recolhimento de sua 1ª contribuição previdenciária). 
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Neste sentir, caso o indivíduo tenha a inscrição posterior à edição da Lei n. 8.213, de 25 de julho de 1991, o número mínimo de contribuições será aquele previsto no artigo 25, inciso I da mesma norma, qual seja: 180 contribuições mensais. Por outro lado, caso a inscrição do indivíduo no RGPS seja anterior à edição da LB, deve-se observar a data (ano) do surgimento da incapacidade, para assim, se averiguar qual o número mínimo de contribuições mensais exigido, nos termos do artigo 142, da Lei nº 8.213/91. 
Chega-se a esta conclusão, posto que, nos casos de aposentadoria por idade, o ano em que o segurado completou a idade necessária para a concessão do benefício é o considerado como de implementação das condições para fins de aplicação do artigo 142, da Lei n. 8.213/91. 
Vejamos os exemplos:
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Caso 01: Imaginemos que um indivíduo, inscrito após a edição da Lei nº 8.213/91, tenha contribuído para a Previdência Social por 15 anos (180 meses) e que tenha perdido a qualidade de segurado no ano 2008. Imaginemos também que a data de início de sua incapacidade permanente tenha ocorrido no ano de 2010.
Solução: Nos moldes do artigo 25, inciso I, da LB, a carência mínima exigida, se fosse caso de requerimento de concessão de aposentadoria por idade, seria de 180 (cento e oitenta) meses. Assim, independentemente da perda da qualidade de segurado, nos termos do art. 25, inciso I, da Lei 8.213/91, este indivíduo faria jus ao recebimento da aposentadoria por invalidez, pois já havia vertido 180 contribuições mensais ao Sistema. Esta conclusão decorre da aplicação analógica do art. 3º, da Lei 10.666/2003. 
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Caso 02: Imaginemos que um indivíduo, inscrito antes da edição da Lei 8.213/91, tenha contribuído para a Previdência Social por 14 anos e 06 meses (174 meses) e que tenha perdido a qualidade de segurado no ano 1995. Imaginemos também que a data de início de sua incapacidade permanente tenha ocorrido no ano de 2010. 
Solução: Nos moldes do artigo 142, a carência mínima exigida, se fosse caso de requerimento de concessão de aposentadoria por idade, seria de 174 (cento e setenta e quatro) meses. Assim, independentemente da perda da qualidade de segurado, nos termos da tabela do art. 142, da Lei 8.213/91, este indivíduo faria jus ao recebimento da aposentadoria por invalidez, pois já havia vertido as 174 contribuições ao Sistema. Esta conclusão também decorre da aplicação analógica do art. 3º, da Lei 10.666/2003.
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Vejamos alguns Precedentes sobre a matéria:
PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO - ART. 557, § 1º DO CPC - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - INCAPACIDADE LABORAL. I- Ressaltado na decisão agravada, que a questão dos reflexos da perda da qualidade de segurado e da carência não envolve as hipóteses de reserva legal expressamente previstas na Constituição da República de 1988, bem como que são manifestas as relações de semelhança entre a situação de perda da qualidade de segurado na aposentadoria por idade (incapacidade presumida) e a situação de perda da qualidade de segurado nos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença (incapacidade comprovada), tendo em vista que ambos benefícios objetivam a proteção da incapacidade laborativa, além do que a proteção social referente à incapacidade laborativa por invalidez e doença encontra-se prevista no mesmo dispositivo constitucional (art. 201, inciso I, da Constituição da República/88) que também se destina à proteção social do evento idade avançada. II- Nesse diapasão, considerada a quantidade de contribuições recolhidas pelo autor, quando do início de sua incapacidade, a qual superava o exigido à época, nos termos da tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/91, justifica-se a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. III- Agravo interposto pelo réu improvido (art. 557, § 1º do CPC). (TRF da 3ª Região. 10ª Turma. AC 2006.61.83.000456-0. Relator Desembargador Federal Sérgio Nascimento. 02/06/2010)
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Aposentadoria por Invalidez sem qualidade de segurado
Vide também: No mesmo sentido, temos os seguintes julgados: TRF da 3ª Região. 10ª Turma. Proc. n.: 2005.03.99.051813-5, AC 1076199. Relator Desembargador Federal Sérgio Nascimento. j. 22/05/2007. DJU: 06/06/2007 e TRF da 3ª Região. 10ª Turma, AC n. 1999.03.99.097274-9, Relator Desembargador Federal Sérgio Nascimento, v.u. participaram do julgamento os desembargadores Federais Castro Guerra e Galvão Miranda. j. 17/08/2004. DJU de 13/09/2004.
Petição inicial
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DESAPOSENTAÇÃO
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Desaposentação
CONCEITO:
A DESAPOSENTAÇÃO TRATA-SE DA RENÚNCIA À APOSENTADORIA, DESCONSTITUINDO SEU ATO ADMINISTRATIVO CONCESSÓRIO, A FIM PROPORCIONAR A UNIFICAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ANTERIOR E POSTERIOR AO BENEFÍCIO, VISANDO A CONCESSÃO DE UMA NOVA APOSENTAÇÃO FINANCEIRAMENTE MAIS VANTAJOSA AO INDIVÍDUO QUE RETORNOU AO TRABALHO OU CONTINUOU TRABALHANDO APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DE SUA APOSENTADORIA.
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Desaposentação
APOSENTADO QUE RETORNA AO TRABALHO OU CONTINUA TRABALHANDO: SEGURADO OBRIGATÓRIO (ART. 12, § 4º, DA LEI 8.212/91 E ART. 11, § 3º, DA LEI 8.213/91).
02 POSSIBILIDADES PARA NOVA APOSENTAÇÃO: NO MESMO REGIME OU EM OUTRO REGIME. EXEMPLOS PRÁTICOS.
PRESTAÇÃO MAIS BENÉFICA:NECESSIDADE DE CÁLCULO OU DEMONSTRAÇÃO DE QUE HAVERÁ CONCESSÃO DE BENEFÍCIO FINANCEIRAMENTE MELHOR EM OUTRO REGIME (CUIDADO!). CUIDADO TAMBÉM COM A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR!
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Desaposentação
LEI 8.213/91: ILEGALIDADE DO ARTIGO 181-B, DO DECRETO 3.048/99.

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