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DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Aula dois - Direito do Consumidor Prof. Antonio Nóbrega Olá, candidato. Chegou a hora de retomar os estudos. Em nosso último encontro foram discutidos importantes conceitos jurídicos e ordenamentos trazidos pela Lei n° 8.078/90, tais como fato e vício de produtos e serviços, bem como os prazos decadências e prescricionais e os direitos dos consumidores. Recomendo que, antes de iniciar o estudo de hoje, seja feita uma leitura direta do texto legal do Código de Defesa do Consumidor atinente à última aula, de modo que todo o conteúdo já debatido seja melhor fixado. Hoje trataremos de assuntos igualmente relevantes. Serão ventilados tópicos que frequentemente são cobrados em provas e que demandam do candidato uma atenção especial. Merecem destaque os pontos relativos à oferta e publicidade, além do rol de prática abusivas previstas no art. 39 do CDC. Em relação a este último assunto, nosso estudo consistirá em apresentar cada uma daquelas práticas, seguidas de muitos exemplos, para que o candidato possa familiarizar-se com aquele elenco. Ressalte-se que o art. 29 da Lei n° 8.078/90, ainda que verse sobre a equiparação à figura do consumidor de pessoa exposta às práticas que serão vistas adiante, não será discutido nesta oportunidade, tendo em vista que seu conteúdo já foi debatido na aula inaugural. E então, vamos ao trabalho? AULA DOIS ROTEIRO DA AULA - TÓPICOS 1) Oferta e publicidade 2) Práticas abusivas de mercado 3) Cobrança de dívidas 4) Bancos de dados e cadastros, serviços de proteção ao crédito 5) Exercícios Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 1) Oferta e publicidade 1.1 Oferta No regime normatizado pelo Código de Defesa do Consumidor, a oferta recebia um tratamento especial. À época da promulgação da Lei 8.078/90 não havia uma legislação suficientemente apta a defender os interesses dos consumidores. Partia-se do pressuposto de que as partes eram iguais no que diz respeito à sua capacidade e disposição para contratar, e que a oferta ocorria entre pessoas determinadas. Não era exatamente verdade. Na prática das relações de consumo, a oferta pode dar-se entre pessoas indeterminadas. Assim, alcança tanto aquele que, de fato, irá adquirir o produto ou serviço, como também aqueles que estão propensos a se tornarem consumidores. Até a edição do CDC, a falta de uma regulação acerca da questão acabava por gerar abusos por partes dos fornecedores, os quais podiam atuar com pouquíssimas restrições no mercado de produtos e serviços. Os limites impostos à oferta e a publicidade não eram suficientemente claros e davam margem às práticas nocivas ao mercado de consumo. Neste particular aspecto, o CDC inovou, ao desenhar e impor um conjunto de regras que passaram a disciplinar o regime jurídico da oferta, pelas quais se buscava tutelar o consumidor na defesa de seus direitos em um mercado evidentemente massificado. Conceitualmente, podemos afirmar que a oferta é uma declaração unilateral de vontade que se utiliza de técnicas e instrumentos para aproximar o consumidor dos produtos e serviços oferecidos pelo fornecedor. O art. 30 inaugura a seção relativa à oferta no Código de Defesa do Consumidor com o seguinte texto: "Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado." Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Assim concebido, esse dispositivo legal venho positivar uma importante regra para o regime consumerista: o efeito vinculante da oferta. Com efeito, desde que suficientemente precisa, a oferta vincula o fornecedor. Como exemplo, imagine-se que uma concessionária de veículos resolva fazer uma promoção relâmpago de veículos semi-novos, possibilitando que, na primeira semana do mês, os compradores paguem a entrada 90 dias após a entrega efetiva do automóvel. Para que esta promoção atinja o público-alvo, a concessionária decide então publicar um anúncio em um jornal de grande circulação. Todavia, por um erro da própria concessionária, o anúncio é publicado de forma incorreta, com a informação de que a promoção iria ocorrer nas duas primeiras semanas. Pedro, interessado em trocar de carro, comparece à concessionária na segunda semana do mês para se informar acerca das condições de compra. Neste caso, vindo ele a se interessar por um dos veículos colocados a venda, Pedro poderá exigir que o primeiro pagamento tenha data de efetivação marcada para noventa dias após a entrega do automóvel? A resposta é positiva. Na realidade, não obstante a promoção só ter ocorrido na primeira semana do mês, o fornecedor ficará desde então vinculado à oferta publicada no jornal nas mesmas condições oferecidas, e deverá atender aos termos exatos da expectativa e do desejo de Pedro. É imperativo frisar que a oferta deve ser suficientemente precisa para que ocorra este fenômeno. O mero exagero nas qualidades do produto ou serviço não tem o condão de vincular o fornecedor. Se o dono de um restaurante assegura que a sua feijoada é a melhor da cidade, ou se uma empresa de automóveis afirma que sua garantia é a mais completa do mercado, é certo que não haverá vinculação com esses termos da oferta, tendo em vista a imprecisão das expressões utilizadas. O que deve ser levado em conta é se a oferta cumpriu seu objetivo e chegou de modo razoavelmente preciso e mensurável ao consumidor, o que gera uma expectativa de consumo. Neste caso, é evidente a vinculação do fornecedor. Insta salientar que, em determinadas hipóteses, é possível que a informação constante em determinada oferta publicitária traga um erro grosseiro. Imagine que o anúncio de um veículo que custa R$ 50.000,00 seja publicado com o valor de R$ 50,00. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Ora, ainda que existam entendimentos contrários na doutrina e jurisprudência, trata-se de erro flagrante, facilmente perceptível pelo consumidor, não sendo razoável vincular o fornecedor a este tipo de oferta. De outro modo, estar-se-ia permitindo o desequilíbrio contratual entre as partes da relação jurídica de consumo, além de se afastar o princípio da boa-fé, que deve ser rigorosamente observado por fornecedores e consumidores. É oportuno notar que, para que ocorra o efeito vinculante, a oferta deve ser veiculada de modo que chegue ao conhecimento dos consumidores em potencial do produto ou serviço. Se a divulgação de um anúncio publicitário é suspensa horas antes da publicação do jornal, é certo que não há de se falar em força vinculante da oferta. Merece ênfase, ainda, a determinação para que a oferta integre o contrato que vier a ser celebrado. Deste modo, uma cláusula contratual que apresente conteúdo contrário àquilo que foi divulgado na oferta não irá prevalecer. Os termos e condições consubstanciados na oferta devem fazer parte do contrato que será celebrado pelas partes. E se o contrato não contiver tais cláusulas? Poderia admitir-se que o consumidor abriu mão dos termos da oferta ao assinar o contrato? Não. Os termos da oferta consideram-se como integrantes do contrato, ainda que não estejam previstos no instrumento contratual.Esta regra mantém harmonia com o princípio da boa-fé objetiva, que impõe às partes um dever de agir com lealdade e cooperação durante todas as fases do contrato (antes, durante e depois da conclusão do ajuste). O art. 31 do CDC está em sintonia com o direito à informação, previsto no inciso III, do art. 6°. Cumprindo-se a norma e preservando-se a integridade do direito, assegura-se a liberdade de escolha (inciso II, do art. 6°), já que o consumidor conhecerá todas as características do produto e serviço. Este dever jurídico trazido pelo art. 31 decorre da própria racionalidade do microssistema de defesa do consumidor inaugurado pela Lei n° 8.078/90 e, ainda que não encontrasse amparo normativo, deveria ser imposto aos fornecedores. Repare, candidato, que o dispositivo legal em comento não se refere somente à oferta. Abarca, também, a apresentação, que é aquela informação presente no rótulo ou embalagem de um produto. Nos termos do art. 31, as informações da oferta ou apresentação devem estar corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa, e devem versar sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA garantia, prazos de validade, origem, riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores, dentre outros dados. Atente-se que ao mencionar "dentre outros dados", o legislador teve como intuito esclarecer que se trata de um elenco exemplificativo. Na realidade, qualquer elemento relevante que possa interessar ao consumidor deve ser informado. A oferta é a etapa que antecede a conclusão do ato de consumo e deve ser feita de forma clara e transparente, para que o consumidor possa exercer com tranquilidade o seu direito de livre escolha. Saliente-se que, apesar da determinação para que a informação seja passada em língua portuguesa, não há impedimento para que o fornecedor utilize certos termos importados de línguas estrangeiras que já se incorporaram ao uso local, tais como cheeseburger ou leasing. O objetivo da regra é que a mensagem seja compreendida em toda sua plenitude pelo consumidor. Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores (elenco exemplificativo). Adiante, no regime de oferta, o caput do art. 32 da Lei n° 8.078/90 reza "que fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto". O parágrafo único esclarece que cessadas "a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei." Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Como já discutido em diversos momentos neste curso, vimos que o dever de boa-fé objetiva apresenta-se em todas as fases do contrato, não se limitando ao momento da contratação. Então, da mesma forma que o fornecedor deve observar todos os deveres atinentes à apresentação e conteúdo da oferta, também deve atuar na fase pós-contratual. Com fulcro neste entendimento, o CDC inseriu a regra prevista no mencionado art. 32. Assim, ao comprar um eletrodoméstico novo em uma loja, o consumidor terá a garantia de que, por um período de tempo razoável - é claro que a imprecisão deste termo exige a análise fática de cada caso -, se o aparelho vier a apresentar um defeito, haverá peças de reposição para conserto. Se um automóvel parar de ser fabricado no País, os fornecedores deverão dispor de peças de reposição para os compradores daqueles veículos. A regra consubstanciada no art. 33 do Código de Defesa do Consumidor decorre do princípio da transparência que deve reger as relações de consumo. Note que, recentemente, a Lei n° 11.800/08 inseriu um parágrafo único naquele dispositivo legal. Assim, em caso de oferta por telefone, o fornecedor só poderá fazê-las quando a ligação for gratuita ao consumidor. Não é permitido que o fornecedor aproveite-se de uma ligação originada pelo consumidor para fazer publicidade de seus bens e serviços. A responsabilidade solidária do fornecedor por atos de prepostos e representantes autônomos é ventilada no art. 34 da Lei n° 8.078/90. Na aula passada vimos que a solidariedade na cadeia de fornecedores permite que o consumidor acione qualquer um deles por eventual prejuízo suportado. No tratamento dado à oferta pelo CDC, foi determinado que o fornecedor também responda pelos atos de seus prepostos e representantes autônomos. Imagine que um funcionário de uma instituição financeira ligue para a casa do consumidor e faça uma proposta de empréstimo com uma taxa de juros altamente atrativa. Ao chegar ao banco, o consumidor é informado que a taxa fora informada incorretamente e que os juros, na realidade, são mais elevados. Neste caso, o consumidor poderá exigir o empréstimo nos moldes oferecidos pelo funcionário naquela primeira oportunidade? Claro que sim. O funcionário é considerado preposto - tem vínculo trabalhista com a instituição -, e todos os atos por ele praticados no exercício de sua função vinculam o fornecedor, ainda que exorbitem ou contrariem as determinações do seu empregador. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA A idéia-princípio de responsabilizar o empregador pelos atos de seus prepostos é antiga. Presente no art. 1.521, inciso III do Código Civil de 1916, tendo sido reproduzida no art. 932, inciso III de seu sucessor. Além desses dispositivos, também teve acolhimento na jurisprudência, ao ser consagrada pela Súmula 341 do STF que prevê que "é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto". O que surpreende, então, no texto do Art. 34 do CDC, não é a novidade, mas a previsão legal da responsabilidade solidária do fornecedor por atos cometidos por seus representantes autônomos. O que decorre impositivamente da lei é que os atos dos representantes autônomos - aqueles que não possuem vínculo - que atuarem em nome de uma pessoa jurídica também vinculam o fornecedor. Neste passo, é oportuno transcrever a lição de Claudia Lima Marques acerca do assunto: "O fornecedor é responsável, não importando a sua culpa, a culpa ou não de seus prepostos (culpa in eligendo), a culpa de seus eventuais auxiliares (como no caso dos contratos de viagem turística), de seus representantes autônomos (mandatários de outras pessoas jurídicas do mesmo grupo bancário, corretores de seguros, agentes de telemarketing, vendedores etc.). A responsabilidade imposta ao fornecedor pelo art. 34 do CDC é por todo o ato (negocial ou prática), diligente ou não, de seu preposto ou representante autônomo." Até agora, vimos que o regime legal discutido linhas acima traz uma gama de obrigações para o fornecedor, notadamente o efeito vinculante da oferta. Em linha de consequência, pode-se então indagar: e se o fornecedor recusar-se a cumprir os termos da oferta que fez veicular? Para estas hipóteses, o art. 35 do CDC prevê que o consumidor poderá: exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; ou rescindir o contrato, com direito à restituiçãode quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. É relevante enfatizar que a escolha dentre as três opções será do consumidor, sem necessidade de que seja apresentada por este qualquer justificativa ou fundamento. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Imagine-se o primeiro exemplo mencionado na aula de hoje (oferta de uma concessionária, possibilitando que a quantia referente à entrada para a compra de veículos semi-novos seja dada noventa dias após a entrega do bem). Caso o fornecedor (a concessionária) recuse-se a cumprir esta oferta, o consumidor poderá ingressar em juízo, com pedido para que o pagamento seja feito somente noventa dias após a entrega do bem. Na hipótese, também mencionada acima, do oferecimento de empréstimo por taxa de juros incorreta, nada impede que o consumidor aceite, por sua expressa vontade, um outro serviço ou produto colocado à disposição pela instituição financeira. Todavia, ressalte-se que a escolha caberá ao consumidor, o qual poderá também acionar o judiciário para que seja concedido o empréstimo nos termos oferecidos inicialmente. • exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; • aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; • rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 1.2 Publicidade A publicidade encontra-se presente em nosso dia-a-dia. Mesmo quando não percebemos, estamos sendo bombardeados por anúncios de produtos e serviços pelos mais diversos meios de comunicação (rádio, TV, jornais impressos, internet etc). Para tutelar os direitos dos consumidores e garantir que a transparência, lealdade e boa-fé não sejam turbados pelos excessos da propaganda, o CDC apresenta um elenco de regras de grande relevância, as quais se encontram consignadas nos arts. 36 a 38 daquele diploma legal. A publicidade é uma espécie do gênero marketing. Trata-se de toda informação que tem como destinatário o público em geral, com o objetivo de Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA promover e difundir, de modo direto ou indireto, mercadorias oferecidas no mercado de consumo. E qual é a diferença entre publicidade e propaganda? A publicidade tem natureza comercial. Busca a sedução direta e imediata dos consumidores, com a utilização das mais variadas técnicas para despertar o interesse em produtos e serviços. Tem como escopo conquistar novos clientes ou manter os que já possui. Diferente deste imediatismo, a propaganda tem um fim ideológico, filosófico, econômico ou religioso. Divulgam-se idéias com o intuito de se promover adesão a uma determinada corrente de pensamentos, tal como uma agenda de um partido político ou as convicções de um segmento religioso. O art. 36 determina que a publicidade deve ser facilmente identificada como tal. Trata-se do princípio da identificação da publicidade. Tem o consumidor o direito subjetivo de compreender que está diante de uma informação comercial, a qual naturalmente apresenta o produto ou serviço com certa parcialidade. Evita-se, assim, a chamada publicidade subliminar. Candidato, você já reparou que alguns anúncios têm o aviso "informe publicitário"? Esta é uma forma usada por fornecedores para permitir que a natureza publicitária do anúncio veiculado em determinado instrumento de mídia seja rapidamente percebida pelo consumidor. Muitas vezes, os fornecedores utilizam-se de técnicas diferenciadas para atrair a atenção de sua possível clientela. Se for publicado um encarte publicitário com aparência de jornal, afirmando que determinado produto foi considerado o melhor do mercado nacional, é certo que deverá constar uma informação de que se trata de um anúncio comercial. Caso contrário, o consumidor poderá ser induzido a erro. Ainda no art. 36, em seu o parágrafo único, define-se a obrigação de o fornecedor manter em seu poder os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem publicitária. Se uma empresa de alimentos assegura que determinado produto colocado no mercado tem, comprovadamente, efeitos que auxiliam na redução do colesterol, deverá guardar os dados fáticos ou as pesquisas que sustentam tal afirmação. É lógico que não há obrigatoriedade de que tal fornecedor divulgue informações próprias da sua atividade empresarial (como fórmulas de remédios ou refrigerantes). Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prosseguindo na matéria, devemos agora tratar da relevante diferença entre publicidade enganosa ou abusiva, nos termos dos parágrafos primeiro e segundo do CDC: "§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços." "§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança." No estrito entendimento do parágrafo primeiro do art. 37, para ser considerada enganosa a publicidade deve divulgar uma informação falsa ou parcialmente falsa, criando no consumidor, independentemente de seu grau de instrução expectativas que não correspondem à realidade do produto ou serviço. Imagine-se que um consumidor assista a um anúncio na televisão de um novo tipo de forno microondas, capaz de descongelar alimentos em poucos segundos. Na TV, um ator coloca uma lasanha congelada no aparelho e, enquanto bebe um pequeno copo de suco, o alimento fica pronto para consumo. O locutor afirma que o forno é extremamente potente e capaz de fazer verdadeiros "milagres". Interessado neste fantástico produto, o consumidor dirige-se à loja mais próxima e adquire o aparelho. Ao chegar em casa, coloca uma pizza no forno e, para sua surpresa, não obstante ser realmente mais potente que a maioria dos microondas à disposição no mercado, ainda tem que aguardar alguns minutos para que o alimento seja descongelado. Note, candidato, o anúncio não menciona que a lasanha será'descongelada em menos de um minuto. Contudo, ao criar a expectativa de que tal procedimento dura menos do que o tempo para beber um pequeno copo Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA de suco, é certo que o consumidor poderá ser induzido a erro, acreditando que, de fato, o descongelamento irá ocorrer em período inferior a um minuto. Na hipótese apresentada, estamos diante de um caso de publicidade enganosa. Os fornecedores e publicitários que estiverem mal intencionados podem ser muito criativos no momento de seduzir o consumidor. Para criar a ilusão que pretendem vender, utilizam-se do apelo impacto visual sempre aceitável, da sedutora presença de atores muito bem pagos e objetivamente dirigidos, para convencer, por meio de frases de efeito ou de afirmações parcialmente verdadeiras para enganar. Também podem fazeruso de mensagens ambíguas (que apresentam um dos sentidos em descompasso com a realidade) ou implícitas (que apresentam uma mensagem implícita falsa). Com a utilização destas ferramentas, o consumidor passa a ter uma visão distorcida da realidade, notadamente em relação à natureza, características, qualidade, quantidade, preço e formas de pagamento dos produtos e serviços colocados no mercado. Por essa razão, a publicidade enganosa é condenada pelo Código de Defesa do Consumidor. É evidente que o puffing, técnica publicitária que utiliza o exagero, ainda pode ser utilizado, desde que não se preste à ilusão do consumidor e seja inofensiva. Com efeito, não é possível considerar uma publicidade enganosa somente porque ela afirmou que determinado serviço é o melhor do mercado ou que determinado produto pode levar o consumidor ao paraíso. Essa publicidade viciada também pode ocorrer por omissão. Nos termos do §3° do art. 37, "a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço". Se um anúncio informa a venda de pacotes de turismo por preço muito inferior aos praticados no mercado, mas omite a informação de que a viagem deverá ser feita até determinada data e que os hotéis são de baixa qualidade, é patente que dado essencial sobre o serviço não foi repassado ao consumidor, sendo possível considerar tal publicidade como enganosa por omissão. E quanto à publicidade abusiva? De acordo com o teor do §2° do art. 37, é evidenciado que o CDC buscou proteger à sociedade e os valores que a suportam, impedindo a divulgação de ideias, pensamentos e informações que possam prejudicar a integridade física ou moral do consumidor. Se o anúncio de um brinquedo mostra a criança utilizando-o de maneira perigosa ou incitando a violência, é certo que a publicidade será considerada Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA abusiva. Como exemplo, imagine-se o material publicitário de uma espada de plástico que é apresentada por um menino que agride outras crianças. Da mesma forma, se a publicidade de um novo modelo de carro traz, ainda que implicitamente, mensagens discriminatórias a respeito da classe social ou raça, com a sugestão de que somente certo segmento da sociedade tem condições de adquirir o veículo, poderá ser considerada abusiva. É necessário atentar que o elenco de práticas que podem ser consideradas abusivas é meramente exemplificativo, tendo em vista que o legislador optou por utilizar a expressão "entre outras". Registre-se que tanto a publicidade enganosa como a abusiva são ilícitos penais, de acordo com os arts. 67 e 68 do Código de Defesa do Consumidor. Para concluir esta etapa, merece destaque o art. 38 da Lei n° 8.078/90, que prevê que o "ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina." Não se trata de inversão do ônus da prova, o qual foi discutido em nosso último encontro. Na realidade, trata-se de uma regra específica que distribui o ônus da prova no caso de discussão em torno da veracidade e correção da informação ou publicidade. Ou seja, é uma inversão que decorre da própria lei, independentemente da vontade do juiz. Assim, havendo discussão judicial em torno da adequação das informações divulgadas por determinada campanha publicitária, caberá ao anunciante demonstrar que os dados disponibilizados na mídia estão em sintonia com o produto ou serviço colocado no mercado de consumo. 2) Práticas abusivas de mercado Segundo o art. 6°, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, um dos direitos básicos do consumidor é a proteção contra as cláusulas e práticas abusivas. Este texto, que é um standard legal, ganha preenchimento no que é figurado pelo art. 39, onde se tem a enumeração de um rol de doze práticas comerciais que podem ser consideradas abusivas, e cuja execução é vedada ao fornecedor de produtos ou serviços. O alcance desse elenco de hipóteses é amplo mas, desde o advento da Lei 8.894/94, tornou-se meramente exemplificativo, com a introdução do termo "dentre outras", justamente no caput do referido artigo. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Entende-se que o legislador, diante da impossibilidade de prever legalmente todas as espécies de práticas abusivas, buscou ampliar o alcance do referido preceito, de forma a se resguardar contra as constantes mudanças na sociedade de consumo e abranger a maior gama de condutas abusivas praticadas por fornecedores. Não se trata, portanto, de numerus clausus, e nem estão esgotadas aí as situações que a norma considera prática abusiva. A própria Lei 8.078/90 já abria margem à previsão de diversas outras práticas comerciais que são consideradas abusivas, mas que pela técnica legislativa utilizada não se encontram previstas no rol do art. 39. É o que consta dos arts. 10, 18 em seu parágrafo sexto, 20 em seu parágrafo segundo, 32, 36, dentre outros. 0 objetivo da regra do art. 39 é propiciar a criação de um ambiente saudável entre consumidores e fornecedores, consignando um rol de práticas que ultrapassam a regularidade do comércio e afastam-se do dever genérico de boa conduta, decorrente do princípio da boa-fé objetiva. Candidato, para que você possa familiarizar-se com este assunto, vamos fazer uma breve exposição sobre cada uma destas práticas nas linhas seguintes, para que sejam melhor compreendidas e memorizadas. 1 - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos. A prática comercial chamada "venda casada" encontra-se prevista no inciso I do art. 39 do CDC, e consiste no condicionamento do fornecimento de um produto ou serviço à aquisição forçada ou induzida de outro produto ou serviço. No mesmo dispositivo também está expressa a proibição de condicionar o fornecimento de produto ou serviço a limites de quantidade, sem justa causa. Como exemplo deste tipo de conduta reprimida pela legislação consumerista, podemos recordar a utilização das gerências comerciais de bancos para a venda de seus produtos de seguros, capitalização e previdência complementar. O cliente recorre à instituição financeira para obter um empréstimo e, em troca do crédito, o banco "sugere", praticamente exigindo, na chamada "contrapartida", a aquisição de um daqueles produtos. Outra hipótese onde é evidente a prática da venda casada ocorre quando o consumidor deseja comprar somente um ingresso para o cinema, e a empresa Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA exibidora exige que também seja adquirido um vale, que dá direito a um refrigerante ou pipoca. É necessária cautela na análise de alguns casos, tendo em vista que, para que se configure a venda casada, há necessidade de que os produtos e serviços não sejam usualmente comercializados separadamente. O fornecedor de produtos de informática não está obrigado a vender peças isoladas do computador colocado à disposição do mercado. A proibição da venda casada tem como fundamento preservar o direito básico da livre escolha do consumidor. Se há o desejo pela aquisição de determinado produto ou serviço, não é possível obrigá-lo a adquirir aquilo que no momento não lhe interessa. Apenas para ilustrar a gravidade desta conduta, frise-se que a venda casada também é considerada um ilícito penal, de acordo com o art. 5°, incisoII, da Lei n° 8.137/90, que prevê pena de dois a cinco anos de detenção para aquele que subordinar a venda de um bem ou utilização de um serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço. II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes. O art. 39, inciso II do CDC, reza que se o fornecedor negar-se a atender à demanda do consumidor, quando tem os produtos em estoque ou quando se ache habilitado à prestação do serviço, tal prática será considerada abusiva. O mesmo inciso menciona, ainda, a necessidade da aplicação dos "usos e costumes" nessa fase pré-contratual. Cria-se uma obrigação para que o fornecedor contrate e atenda indistintamente a qualquer consumidor, não sendo possível a escolha arbitrária de seus clientes, salvo motivo excepcional devidamente comprovado. Deste modo, havendo disponibilidade, um hotel não poderia recusar certos hóspedes e nem o restaurante negar-se a receber determinados clientes. Contudo, se uma casa noturna não permitir a entrada de grupo de pessoas que não está adequadamente vestida para o ambiente, não há violação à regra aqui discutida. A análise deve ser feita de modo pontual. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Da mesma forma, se há divulgação de uma promoção, com oferta de um produto por preço inferior à média praticada no mercado, o fornecedor deve atender à respectiva demanda gerada pela publicidade, de acordo com seus estoques. É comum que alguns fornecedores, com o escopo de atender ao CDC, mencionem em seus anúncios a quantidade de peças que tem em estoque. Repare, candidato, que o inciso II do art. 39 pode ser considerado como uma complementação do art. 30, debatido anteriormente, e que dispõe sobre o efeito vinculante da oferta. III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço. É comum recebermos em nossa casa correspondências com cartões de crédito ou propostas para a realização dos mais diversos serviços. Nos termos do inciso III, do art. 39 do CDC, esta remessa espontânea não obriga o consumidor, o qual, caso não se interesse pelo serviço ou produto, pode desconsiderar a proposta. Neste passo, é oportuno fazer menção ao parágrafo único do mesmo artigo 39, que assevera que os "serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento". Sendo assim, o consumidor não pode ser cobrado por estes produtos e serviços, que devem considerados como amostras grátis. IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços. O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é um dos traços marcantes do CDC, e serve como principio basilar às normas de proteção que justificam sua própria existência. E é com vistas a esse princípio que o legislador inseriu no rol de práticas abusivas o inciso IV do art.39, em que é proibido ao fornecedor aproveitar-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua saúde, conhecimento ou condição social, para induzi-lo à obtenção de seus produtos ou serviços. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Como exemplo, podemos citar a instituição financeira que se aproveita da idade avançada do consumidor para o oferecimento de produtos e serviços em condições desarrazoadas, ou a clínica particular que exige uma série de garantias diferenciadas dos familiares do paciente que se encontra em grave estado de saúde. Evidencia-se que o dispositivo legal em comento busca impedir que o fornecedor aproveite-se de situações nas quais o consumidor não tem a compreensão ou o discernimento completo para avaliar a proposta. Assim, são preservados os direitos à integridade física, moral e patrimonial e da livre escolha. V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. O inciso V do art. 38 da Lei n° 8.078/90 tem como foco principal a garantia do equilíbrio contratual entre as partes da relação de consumo. Busca impedir que o fornecedor, aproveitando-se de sua condição de superioridade econômica e da hipossuficiência do consumidor, imponha uma condição excessivamente onerosa a este último. O equilíbrio na relação de consumo é um dos pilares de sustentação do regime consumerista e permeia todo o microssistema normativo inaugurado pelo CDC. Qualquer prática que ameace violar este princípio basilar é considerada como uma ameaça ao Sistema de Defesa do Consumidor. Como veremos em nosso próximo encontro, o inciso IV do art. 51 do CDC também trata deste tema, ao prever a nulidade das cláusulas que coloquem o consumidor em exagerada desvantagem. Neste passo, em harmonia com o entendimento da doutrina, podemos utilizar o parágrafo primeiro do art. 51 como auxílio para identificação do que seria uma vantagem manifestamente excessiva. Assim, seriam aquelas que ofendem os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertencem (inciso I); restringem direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual (inciso II); mostram-se excessivamente onerosas para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso (inciso III). Por fim, é oportuno notar que não há necessidade de que a vantagem excessiva seja concretizada para que seja configurada uma prática abusiva: a exigência já é suficiente. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes. Para que sejam observados os princípios da boa-fé objetiva, da transparência e da informação, a execução dos serviços deve ser precedida de informação suficientemente clara acerca dos custos que serão suportados pelo consumidor. Imagine-se que um consumidor perceba que seu aparelho celular não esta funcionando adequadamente e então se dirija à respectiva autorizada. O produto é deixado na loja para que seja feita uma análise do problema. Ao retornar, dias depois, o consumidor tem a notícia de que o aparelho já está funcionando normalmente e que o valor do serviço é de R$ 300,00. Ora, tal prática é evidentemente abusiva, tendo em vista que o conserto foi realizado sem autorização do cliente e sem que fosse previamente feito um orçamento. O art. 40 do CDC nos apresenta um conjunto de relevantes regras que devem ser observadas pelos fornecedores na elaboração do orçamento. De início, cabe destacar que o orçamento deve ser preciso e completo, de modo que o consumidor seja devidamente informado sobre as condições em que o serviço será realizado. Com efeito, o caput do art. 40 reza que devem ser discriminados "o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços". O prazo da proposta é de dez dias, contados do seu recebimento pelo consumidor (§1°). É importante notar, ainda, que a proposta de orçamento tem força obrigatória para o fornecedor e o consumidor - ressalte-se que o fornecedorjá se encontrava obrigado pela mera elaboração da peça, nos termos do art. 30 -, e só pode ser modificada pela livre negociação entre as partes. VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos O inciso em comento busca preservar a intimidade do consumidor, de forma que os dados negativos a respeito de sua pessoa fiquem restritos a um fornecedor. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Nenhum fornecedor pode divulgar a informação de que determinado consumidor ingressou com uma demanda judicial ou apresenta constantemente queixas no Procon. Evita-se, assim, constrangimentos desnecessários ao consumidor, o qual poderia passar por situações vexatórias, em virtude de ter exercido um direito legalmente previsto. O inciso VII do art. 39 do CDC é um reforço ao art. 43, que será visto adiante nesta aula. É naquele dispositivo legal que são discutidos os limites que devem ser observados pelos cadastros de informações a respeito dos consumidores. VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro). Conforme já debatido em nossas aulas, o eixo de articulação dos objetivos do CDC é a busca da satisfação dos consumidores, através da proteção de suas legítimas expectativas acerca dos produtos e serviços adquiridos. Caminhando neste sentido, o art. 39 do Código de Defesa do Consumidor prevê, em seu inciso VIII, que se será considerará abusiva a colocação no mercado de consumo de qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes. O objetivo da norma e diminuir os riscos a que os consumidores estão expostos no mercado de consumo, resguardando as legítimas expectativas depositadas no produto ou serviço. Devem ser observados os direitos previstos no art. 6° do CDC, tais como o direito à proteção da vida, saúde e segurança e o direito à informação adequada e clara acerca dos serviços e produtos colocados à disposição no mercado. De acordo com o que será apresentado nas próximas aulas, a colocação de produtos ou serviços que desatendam às normas técnicas expedidas pelas autoridades competentes pode gerar uma sanção administrativa ao infrator, de acordo com a racionalidade do art. 56 da Lei n° 8.078/901. 1 Saliente-se que, nos termos do inciso III, do art. 2° da Lei 1.521/51, que dispõe sobre os crimes contra a economia popular, é crime expor a venda ou vender mercadoria ou produto Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais. A Lei n° 8.884/94 (também chamada de Lei Antitruste) introduziu a redação do inciso IX, do art. 39 do CDC. Note, candidato, que tal dispositivo tem forte correlação com o inciso II, já debatido nas linhas anteriores, e que também veda a recusa da venda de produtos ou serviços aos que se dispuserem a efetuar o pronto pagamento. Em relação à distinção entre os dois incisos, é oportuna a transcrição da lição apresentado pelo doutrinador Rizzato Nunes, que, ao tratar do tema, assevera o seguinte: "(...) a norma do inciso IX é mais ampla e se dirige a qualquer pessoa ("a quem"), independente de ser consumidora ou não. Isso fica mais patente quando, na segunda parte, a norma faz uma ressalva aos casos de intermediação que, eventualmente, sejam regulados em leis especiais. Logo, dois alvos surgem com o inciso IX: a) o dos comerciantes, que não podem recusar-se à venda, ainda que o comprador não seja consumidor; b) o dos atacadistas, distribuidores e fabricantes, que não podem recusar as vendas quer o comprador seja consumidor ou outro fornecedor qualquer" X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. O inciso X está em harmonia com o §4° do art. 173 da Constituição Federal, que veda o abuso do poder econômico e o aumento arbitrário dos lucros. Ou seja, ainda que vigore em nosso País um sistema de liberdade de mercado, o Estado poderá agir para evitar uma elevação injustificada de preços, o que gera insegurança social, com evidente prejuízo às classes menos favorecidas. alimentício, cujo fabrico haja desatendido a determinações oficiais, quanto ao peso e composição. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA É claro que, de acordo com os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, o fornecedor poderá decidir livremente aumentar ou reduzir seus preços, até para que possa se adaptar a novas condições de mercado. O que a lei veda é a busca desenfreada pelo lucro, por meio da elevação desarrazoada de preços em situações de excepcionalidade. Registre-se que o art. 41 prevê a possibilidade de tabelamento de preço, dispondo que "os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de, não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis". XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. É usual no mercado de consumo o aparecimento de contratos onde esteja previsto um determinado período para que o consumidor cumpra a sua prestação contratual, sem que ocorra o mesmo em relação ao fornecedor. Desse modo, cria-se unilateralmente para o fornecedor a opção de escolha de quando deseja cumprir a obrigação pactuada. O Código de Defesa do Consumidor, buscando justamente coibir o aparecimento de situações como estas - em que fica evidenciado o desequilíbrio entre os contratantes -, inscreve, no elenco de práticas que são consideradas abusivas, a falta de prazo para o cumprimento da obrigação, ou sua fixação quando é mantida a exclusivo critério do fornecedor. Como exemplo, imagine-se que um consumidor contrate o seguro de seu carro e, após alguns meses, o bem venha a ser roubado. A falta de prazo para que a empresa seguradora pague a indenização gera intranquilidade e fere o espírito do regime consumerista. Deste modo, da mesma forma que há um prazo para que o segurado pague as prestações do seguro contratado, também deve haver previsão para que seja feito o pagamento do sinistro.2 2 A circular n° 256 de 2004 da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP estabelece o prazo de trinta dias para liquidação do sinistro, a partir da comunicação do evento por parte do segurado. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. O último inciso do art. 39 do CDC impede que haja a alteração unilateral do contrato por parte do fornecedor ou a inobservância de norma que verse sobre a fórmula ou índice aplicável. Assim, não é possível que o reajuste ocorra de acordo com índice diverso daquele que foi inicialmente pactuado entre as partes. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br21 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério; XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido; 3) Cobrança de dívidas Com o intuito de proteger os direitos à imagem e à privacidade do consumidor, bem como resguardar sua integridade física e moral, o art. 42 da Lei n° 8.048/90 prevê algumas restrições na forma com que os consumidores podem ser cobrados por eventuais débitos. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Assim, o aludido preceito legal determina que "o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça." Muitas vezes, empresas fornecedoras mal assessoradas juridicamente, na busca desenfreada pela lucratividade de seus produtos e serviços, acabam por violar o regime consumerista, expondo devedores a práticas condenadas pelo CDC. Insta repisar que a hipossuficiência do consumidor é um dos alicerces da Lei n° 8.078/90, não sendo lícito ao fornecedor aproveitar-se desta fraqueza para a cobrança de débitos. A divulgação pública de lista de inadimplentes ou a restrição para que o consumidor ingresse em determinados estabelecimentos comerciais ou educacionais - como a proibição para que o estudante ingresse nas salas de aula da faculdade - podem criar uma situação vexatória, o que gera o direito à indenização por danos morais. Se um restaurante coloca do lado de fora do estabelecimento um quadro com um cheque de um cliente, devolvido por falta de provisão de fundos, é patente que o consumidor estará exposto a um constrangimento não tolerado pela lei. Por outro lado, é importante notar que o fornecedor pode perfeitamente usar de meios lícitos e adequados para a cobrança de débitos em atraso. O envio de correspondência para a residência do consumidor inadimplente não caracteriza constrangimento legal, desde que não constem ameaças ou palavras ofensivas. A cobrança judicial de dívida vencida também não caracteriza violação à regra positivada no art. 42 do CDC, ainda que o pedido seja julgado improcedente. Trata-se do exercício regular do próprio direito de ação. Nesta direção, o artigo 153 do Código Civil reza que não "se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito (...) ". É importante enfatizar que o art. 71 do CDC serve como complemento à regra aqui aventada, ao dispor que é considerado um ilícito penal a utilização, "na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer". Destarte, diante da dificuldade de se determinar se a cobrança de uma dívida constituiu ou não uma ofensa à Lei Consumerista, devem ser utilizados estes elementos consignados na redação do art. 71, que permitem uma melhor interpretação e compreensão dos termos do art. 41. O parágrafo único do art. 42 do CDC dispõe que "o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável." Imagine que uma pessoa entre em contato com a empresa de telefonia fixa e solicite o cancelamento do serviço. Diante de tal pedido, a empresa fornecedora determina o corte imediato da linha. Apesar de não estar mais usufruindo dos serviços, o consumidor continua a receber boletos bancários para o pagamento de R$ 100,00 reais por mês. Mesmo tendo ciência de que tal cobrança é indevida, o consumidor, com receio de que seu nome seja inscrito em algum cadastro de inadimplentes, resolve pagar aquela quantia pelo prazo de quatro meses, quando, enfim, decide propor uma ação judicial. Nesta hipótese, de acordo com a regra vista acima, considerando que o consumidor pagou a quantia de R$ 400,00, é certo que terá direito a ser ressarcido no valor de R$ 800,00, o dobro do que foi gasto, com juros e correção monetária, já que o serviço não estava mais sendo prestado pela empresa de telefonia. Todavia, se, em virtude de obras em uma residência, a medição do consumo de água é feita de modo incorreto pela empresa prestadora deste serviço, gerando uma cobrança em valor superior ao que foi efetivamente utilizado, pode-se argumentar que se trata de engano justificável, o que afastaria a obrigação de devolver em dobro os valores que foram cobrados indevidamente (é lógico que remanesce o direito de o consumidor de reaver o que foi pago). Repare, candidato, que, de acordo com a racionalidade do texto legal acima transcrito, para que exista o direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que se pagou em excesso, deve ter ocorrido o pagamento daquela quantia. A mera cobrança de valores indevidos não é suficiente para que seja aplicada a regra do parágrafo único do art. 42. A norma do art. 42-A garante o direito à informação do consumidor. Assim, nos "documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente". Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 4) Bancos de dados e cadastros, serviços de proteção ao crédito De acordo com os princípios da transparência e da informação, o art. 46 da Lei n° 8.078/90 dispõe que o consumidor deverá ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. O objetivoda norma é criar um mecanismo eficiente para evitar que fornecedores utilizem-se de bancos de dados secretos, para troca de informações acerca do perfil do consumidor. O direito às informações que se encontram guardadas nesses bancos de dados tem índole constitucional. De fato, o habeas data é um remédio previsto na Constituição Federal, e poderá ser concedido pela autoridade judiciária para: (a) assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; (b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Como exemplos de bancos de dados, podemos citar os Serviços de Proteção ao Crédito - SPCs ou o Serasa, que normalmente registra os débitos relativos a cheques emitidos sem provisão de fundos. Tais cadastros guardam informações acerca do não-pagamento por parte do consumidor de dívidas vencidas de valor já determinado. Esses serviços prestam relevantes informações para os comerciantes, os quais poderão melhor avaliar o perfil de um consumidor para vendas a crédito. É imperativo destacar que tal serviço não encontra óbice no ordenamento consumerista. Com efeito, a redação do próprio parágrafo primeiro do art. 43 Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 O pagamento é condição necessária para que se tenha direito à repetição do indébito, na fornia do art 42. DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA permite alcançar o entendimento de que é possível que os cadastros e dados contenham informações negativas a respeito do consumidor. Ainda naquele dispositivo normativo, observe-se que o legislador consumerista determinou que os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, de modo que reste garantido o atendimento aos princípios já mencionados da transparência e informação. Imagine que o nome de um consumidor esteja inscrito em um cadastro de proteção ao crédito por dívida de valor impreciso. Logicamente, estará ocorrendo a violação da norma em comento. Cabe ao fornecedor a obrigação de enviar ao arquivista as informações a respeito do devedor de modo preciso e completo, para que o cadastro seja feito de forma correta, permitindo que o consumidor compreenda com perfeição a razão pela qual seu nome foi negativado. Ademais, o parágrafo primeiro do art. 43 veda que os referidos cadastros contenham informação negativas referentes a período superior a cinco anos. Ou seja, decorridos cinco anos da inserção de uma informação, deve ser cancelado o apontamento negativo do consumidor. Contudo, conforme os parâmetros do parágrafo quinto do mesmo art. 43, parte significativa da doutrina entende que o prazo pode ser inferior a cinco anos. De fato, se os Sistemas de Proteção ao Crédito não devem manter ou disponibilizar dados referentes a débitos prescritos e, caso a prescrição ocorra em prazo menor do que cinco anos, não há necessidade de que o nome do consumidor permaneça negativado. Ora, se o fornecedor não exerceu seu direito de ação dentro do prazo legal estabelecido, a manutenção do nome do devedor em cadastro de inadimplentes não terá qualquer utilidade, servindo somente como um instrumento para constranger o consumidor3. Nesta linha, merecem destaque novamente as palavras de Rizzato Nunes: "O máximo de tempo que um consumidor pode, então, ficar "negativado" é cinco anos. Mas haverá prazos bem menores. Conforme já expusemos, para a inserção do nome do consumidor no cadastro de inadimplentes a dívida tem de estar vencida, ser liquidada e certa e há de estar baseada 3 Neste sentido, O STJ decidiu que o "nome do devedor inadimplente há de ser mantido nos cadastros de proteção ao crédito pelo período máximo de cinco anos, a contar da data de sua inclusão. No entanto, há possibilidade de haver sua exclusão antes do decurso desse prazo se verificada a prescrição do direito de propositura de ação, visando à cobrança do débito" (STJ, AGRG 630893/RS, julgado em 15/02/05) Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA em título. E muitos títulos de crédito prescrevem em prazos menores: cheque prescreve em 6 meses a contar da apresentação; duplicata em 3 anos contra o sacado, contados do vencimento do título etc" É conveniente frisar que, para garantir a possibilidade de o consumidor adotar medidas judiciais ou extrajudiciais oportunamente, bem como propiciar a chance de o consumidor pagar seu débito, a negativação deve ser comunicada por escrito ao consumidor (§2°). Note, candidato, que a comunicação feita por telefone não é válida. Saliente-se que esta oportunidade para que o consumidor manifeste-se tem como escopo impedir uma situação constrangedora, que poderia ser evitada com o mero adimplemento da obrigação que está em atraso. A negativação do nome não é a forma para que a dívida seja cobrada, e sim um instrumento de pressão no consumidor. Ainda sobre a necessidade de comunicação ao consumidor da inscrição em cadastro de devedores, a súmula n° 359 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que cabe "ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição." O terceiro parágrafo do art. 43 permite que o consumidor corrija os dados incorretos a seu respeito que estiverem nos bancos de dados e cadastros de consumidores. Ressalte-se que a negativação indevida do nome de consumidor que se encontra em dia com suas obrigações pode, por si só, gerar uma indenização por danos morais e materiais, ainda que haja demora para o pedido de correção. A natureza pública dos bancos de dados e cadastros de consumidores está consignada no parágrafo quarto do art. 43. A opção do legislador de oferecer tal tratamento, tem como fundamento a necessidade de sujeitar este serviço a um controle mais rigoroso, sujeitando-o a todas as limitações impostas às entidades públicas, inclusive a possibilidade de figurar em uma ação de habeas data proposta pelo consumidor. Nesta linha, deve-se recordar que, nos termos da Lei n° 9.507/97, que regula o aludido remédio constitucional, considera-se "de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações." Por fim, o art. 44 do CDC idealizou um banco de dados de maus fornecedores, dispondo que os "órgãos públicos de defesa do consumidor Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA manterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor." Assim, busca-se criar um relevante instrumento de defesa de interesses da coletividade, com inegável repercussão pedagógica, para que consumidores possam se resguardar contra fornecedores de produtos ou serviços em relação aos quais existam reclamações fundamentadas. É imperativo salientar que, nos termos do parágrafo segundo do mesmo art. 44, as regras acima discutidas, relativas ao art. 43, também devem ser observadas por estes cadastros. Garante-se, desta forma, a observância do princípio da boa-fé objetiva e dos deveres de lealdade e transparência também por parte dos consumidores e dos órgãos privados ou públicos que os representam,tais como os Procons. As reclamações dos consumidores devem estar fundamentadas em fatos verossímeis, para que não prejudiquem indevidamente o nome de um fornecedor no mercado. Insta salientar que a aplicação do parágrafo único do art. 22 do CDC, conforme o parágrafo segundo do art. 44, reforça a ideia de que os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, estão sujeitas às reclamações dos consumidores. Candidato, chegamos ao fim de mais uma aula. Espero que o conteúdo apresentado tenha sido suficiente para a compreensão do tema, notadamente da parte referente às práticas abusivas, tópico que é constantemente cobrado em provas. Adiante são apresentados alguns exercícios para que o conteúdo debatido seja melhor fixado. Forte abraço e até nosso próximo encontro. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 6) Exercícios 1. (Juiz/TJ-AC, CESPE - 2007) Ivan, a fim de consertar seu automóvel, procurou oficina mecânica e solicitou orçamento de serviços. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção incorreta quanto às normas de defesa do consumidor: a) se aprovado por Ivan, o orçamento vinculará as partes contraentes; b) se for executado qualquer serviço por terceiro, não-previsto no orçamento, Ivan não se obrigará a arcar com eventual acréscimo, mesmo que reste comprovada a imperativa necessidade do mencionado serviço acrescido; c) o orçamento entregue a Ivan tem validade de 30 dias, salvo disposição em sentido contrário; d) no orçamento confeccionado pela oficina, deve constar o valor da mão-de- obra, dos materiais e dos equipamentos a serem empregados, bem como as condições de pagamento e as datas de início e término do serviço. 2. (Ministério Público/AM - 2001) Por intermédio de publicidade veiculada pela televisão, determinada empresa apresentou aos consumidores produto novo que, nos termos divulgados, seria a salvação para os calvos e carecas. Informou que o referido produto foi desenvolvido após longos anos de pesquisa científica. Comunicou, ainda, que a venda seria feita por via postal. Determinado consumidor, após efetuar o pagamento, recebeu uma peruca: a) publicidade desleal; b) publicidade enganosa; c) publicidade abusiva; d) exagero lícito no meio publicitário; e) situação que somente poderá ser considerada irregular após manifestação do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação. 3) Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade: I - o consumidor poderá exigir o cumprimento forçado da obrigação; Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA II - o consumidor poderá rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, desde que o fornecedor concorde com tal medida; III - o consumidor poderá aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente. a) Somente o item III está correto; b) Somente o item II está correta; C) Somente os itens I e III estão corretos; d) Todos os itens estão corretos; e) Somente os itens I e II estão corretos. 4) (SEFAZ/DF - FCC/2001) Em matéria de direitos do consumidor, é vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas, a) repassar informação referente a ato praticado pelo consumidor; b) elevar o preço de produtos e serviços; c) deixar de estipular prazo para cumprimento de sua obrigação; d) aplicar fórmulas ou índices de reajuste; e) exigir do consumidor qualquer vantagem. 5. (OAB/RO - 2005) Segundo o Código de Defesa do Consumidor, a publicidade que explora a deficiência de julgamento e a falta de experiência da criança é denominada: a) abusiva; b) enganosa; c) inverossímil; d) nenhuma das respostas. 6) Qual dessas práticas não é considerada abusiva: a) aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido; b) enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA c) exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; d) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor; e) Elevar os preços de produtos e serviços para adequá-los à realidade econômica. 7) Acerca dos bancos de dados e cadastro de consumidores, marque a afirmativa incorreta: a) Os cadastros e dados de consumidores não podem conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos; b) Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão; c) A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele; d) Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter privado; e) O consumidor deverá ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. 8) (Procurador autárquico/ARCE - FCC/2006) A operadora de telefonia fixa local resolve apresentar aos consumidores um novo serviço adicional de conversa simultânea com três pessoas. Para isso, incorpora o serviço às linhas de determinado bairro, comunicando aos consumidores essa alternativa de conversa, como uma novidade. Não solicita autorização dos consumidores e não menciona que após o primeiro mês, o serviço passará a ser cobrado inclusive retroativamente ao primeiro período de utilização. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, os usuários: a) não são obrigados a arcar com a cobrança pelo serviço disponibilizado, pois trata-se de amostra grátis; b) não são obrigados a arcar com a cobrança pelo serviço no primeiro mês, mas deverão pagar obrigatoriamente a partir do segundo mês; c) são obrigados a arcar com a cobrança pelo serviço a partir do segundo mês e retroativamente ao primeiro; Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA d) são obrigados a arcar com a cobrança pela disponibilização de pelo menos um dos meses em que o serviço foi prestado; e) são obrigados a pagar de acordo com os meses de efetiva utilização do serviço disponibilizado. 9) (Procurador autárquico/ARCE - FCC/2006) Um consumidor quer contratar serviço de transferência de chamadas com sua operadora de telefonia fixa. Ao solicitar a contratação, é informado pelo atendente que só poderá usufruir deste serviço se adquirir também o serviço de identificação de chamada. Esta prática comercial adotada pela empresa é: a) abusiva e configura-se venda casada; b) abusiva e configura-se limitação quantitativa para fornecimento do serviço; c) abusiva, se o consumidor não soubesse da condição de fornecimento do serviço; d) legal, pois o consumidor foi informado a respeito da condição de fornecimento do serviço; e) legal, independentemente da ciência prévia do consumidor a respeito da condição do serviço. 10) Em relação ao orçamento, marque a alternativa correta: a) o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado da data em que foi encaminhado ao consumidor; b) o valor orçado terá validade pelo prazo decinco dias, contado de seu recebimento pelo consumidor; c) após sua aprovação pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes; d) eventuais despesas realizadas em virtude da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio serão divididas entre consumidor e fornecedor; e) fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando somente o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados e as condições de pagamento. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 11) (Tribunal de Justiça/AL - FCC/2007) O fornecedor que envia um produto ao consumidor sem solicitação prévia comete: a) prática abusiva vedada pelo Código de Defesa do Consumidor e o produto remetido considera-se amostra grátis; b) prática abusiva vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, condicionada à devolução do produto; c) infração consumerista sancionada com multa ou, na hipótese de reincidência, com proibição da fabricação do produto; d) infração consumerista, sujeita à apreensão do produto; e) crime previsto e punido pelo Código de Defesa do Consumidor. 12) De acordo com a Lei n° 8.078/90, o consumidor cobrado em quantia indevida tem o direito de: a) ser indenizado em quantia correspondente ao dobro do valor cobrado, independente do efetivo pagamento; b) ser restituído em dobro do que pagou indevidamente, salvo na hipótese de engano justificável do credor; c) ser restituído em dobro do que pagou indevidamente, ainda que haja engano justificável do credor; d) ser indenizado em quantia correspondente ao dobro do valor cobrado, independente do efetivo pagamento ou de engano justificável do credor; e) ser restituído pelo valor exato do que pagou indevidamente, salvo na hipótese de engano justificável do credor. 13. (OAB - CESPE/2010) Assinale a opção correta a respeito dos bancos de dados e cadastros de consumidores: a) Somente poderão constar nos bancos de dados as informações negativas sobre consumidores relativas aos últimos dois anos; b) Os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades que prestam serviços de caráter privado; c) O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir imediata correção; Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA d) O consumidor deverá ser informado verbalmente toda vez que ocorrer alteração de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo, relativos a seu nome, desde que não a tenha solicitado. 14. (OAB - CESPE/2010) Acerca das práticas comerciais dispostas no Código de Defesa do Consumidor, assinale a opção correta: a) O consumidor tem o direito de receber o dobro do que tenha pago em excesso, acrescido de juros e correção monetária, no caso de cobrança indevida, salvo hipótese de engano justificável; b) Considera-se publicidade abusiva a comunicação de caráter publicitário inteiramente falsa que induza a erro; c) O consumidor que receber produto em sua residência, mesmo sem solicitação, e não devolvê-lo, deve efetuar o pagamento do respectivo preço; d) É lícito que o fabricante de produtos duráveis condicione o fornecimento de seus produtos à prestação de determinados serviços. 15) Em relação às práticas abusivas, marque a alternativa incorreta: a) a venda casada é considerada uma prática abusiva; b) o elenco de práticas abusivas é exaustivo; c) elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços é considerada uma prática abusiva; d) o produto enviado ao consumidor, sem solicitação prévia, é considerado amostra grátis; e) A inscrição de consumidor inadimplente em banco de dados de fornecedores não é considerada uma prática abusiva. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Gabarito Questão 1 - C Questão 2 - B Questão 3 - C Questão 4 - C Questão 5 - A Questão 6 - E Questão 7 - D Questão 8 - A Questão 9 - A Questão 10 - C Questão 11 - A Questão 12 - B Questão 13 - C Questão 14 - A Questão 15 - B Comentários Questão 1 A opção "c" está incorreta, tendo em vista que o prazo de validade do orçamento, nos termos do parágrafo primeiro do art. 40, é de dez e não de trinta dias. As alternativas "a", "b" e "d" estão em harmonia, respectivamente, com os parágrafos segundo e terceiro, e o caput do art. 40. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Questão 2 Conforme discutido em nossa aula, a publicidade enganosa (opção "b") é aquela que cria no consumidor expectativas que não correspondem à realidade do produto ou serviço. No caso apresentado, evidencia-se que, ao afirmar que se tratava de um produto novo e que seria a salvação para os calvos e carecas, criou-se uma expectativa equivocada em torno da realidade do bem, já que se tratava de uma peruca, produto amplamente comercializado no mercado. Questão 3 As opções I e III estão de acordo, respectivamente, com os incisos I e II do art. 35 do Código de Defesa do Consumidor. O item II está equivocado, tendo em vista que, nos termos do inciso III do art. 35, não há necessidade da anuência do consumidor para que o consumidor decida pela rescisão do contrato. Questão 4 Repare, candidato, que, não obstante fazer alusão a diversas práticas que, prima facie, podem parecer abusivas, somente a assertiva "c" se amolda a uma das hipóteses do art. 39. O repasse de informações ("a") é vedado quando se trata de informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos (inciso VII). Do mesmo modo, para que a elevação de preço ("b") seja condenável sob o ponto de vista do regime consumerista, não deve haver justa causa para que tal medida seja adotada (inciso X). A aplicação de fórmulas ou índices de reajuste ("d") só é vedada quando for contrária ao previsto em lei ou no termo celebrado entre as partes (inciso XIII). Por fim, para ser condenada sob a ótima da Lei Consumerista, a vantagem exigida do consumidor ("e") deve ser manifestamente excessiva (inciso V). Questão 5 A alternativa correta é a letra "a", tendo em vista que o enunciado da questão corresponde ao parágrafo segundo do art. 37 do CDC. Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO COMERCIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Questão 6 As práticas comerciais apresentadas nas letras "a", "b", "c" e "d" são consideradas abusivas, nos termos, respectivamente, dos incisos XIII, III, V e VI do art. 39 da Lei n° 8.078/90. A elevação de preços (opção "e") só é reprimida pelo ordenamento jurídico consumerista quando não há uma causa justificável para tal medida. Tratando-se de adequação à uma nova realidade econômica, não há de se falar em abusividade. Questão 7 O exercício explora o art. 43 do Código de Defesa do Consumidor. As opções "a" e "b" estão em sintonia com o parágrafo primeiro daquele dispositivo legal, enquanto as assertivas "c" e "e" harmonizam-se, respectivamente, com o parágrafo segundo e com o caput. A alternativa incorreta é a letra "d", já que os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público (§4°). Questão 8 Conforme o teor do inciso III e do parágrafo único do art. 39
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