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Resenha: Os argonautas do Pacífico Ocidental - Bronislaw Malinowski

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Os argonautas do Pacífico Ocidental – Bronislaw Malinowski
 A obra Os argonautas do Pacífico Ocidental, de Bronislaw Malinowski, constitui-se num marcos referencial da Antropologia social, da qual ele é considerado o fundador. A sua principal contribuição para a antropologia foi a concepção de um novo método de trabalho antropológico, baseado na pesquisa de campo e no processo metódico de coleta de dados e observação in loco, a observação participante.
 Original e inovador, Malinowski rompeu com os paradigmas e métodos do antropólogos evolucionistas sociais, acusados por ele de praticarem uma “antropologia de gabinete”. Nesse sentido, pode-se dizer que Malinowski inovou ao sistematizar a atividade dos antropólogos, estabelecendo normas e critérios para a antropologia moderna, cuja premissa era a observação direta. 
 Sua principal obra, Os argonautas do Pacífico Ocidental, foi publicada em 1922 e expôs, já em sua introdução, intitulada Objetivo, método e alcance desta pesquisa, os métodos de investigação, inovações e paradigmas que caracterizariam a antropologia social depois dele, resultado de sua longa experiência de campo na Austrália, inicialmente com o povo Mailu (1915) e posteriormente com os nativos das Ilhas Trobriand (1915-16; 1917-18). 
 Malinowski inicialmente sofreu a influência da obra O Ramo de Ouro, de James frazer, o qual viria a prefaciar “Os argonautas”, reconhecendo a sua contribuição inovadora para a antropologia. Na obra Malinowski analisa e descreve a instituição “trobiandesa” do Kula a qual descreveu como sendo um sistema de trocas entre os nativos das diversas ilhas, repleta de significados materiais, sociais e simbólicos, que englobava aspectos econômicos, jurídicos e mágico-religiosos.
 Apesar de romper com os evolucionistas sociais, as abordagens antropológicas de Malinowski não são estranhas às influências de Frazer, como expressão da espiritualidade humana, compreensão do funcionamento da “mente primitiva”, reflexões sobre a vida e a morte, a humanidade e a animalidade, divindade e imortalidade, a magia como forma de controlar a natureza e garantir a sobrevivência humana, etc. escreveu também sobre Tabu e os perigos da alma (precauções que protegem o indivíduo e a sociedade), a coerência lógica entre os “selvagens”, etc. O pensamento de Malinowski também não é alheio a certas influências de Durkheim (o tipo primitivo da divisão social do trabalho e a análise da religião e da magia). Malinowski analisou também certos conceitos de Freud sobre a religião e a magia. Foi ainda o fundador do Funcionalismo na antropologia. 
 Diferentemente dos seus antecessores, Malinowski não se limitou simplesmente a fazer observações diretas; ele inovou ao desenvolver um novo método de pesquisa baseado no registro em um quadro sinótico das atividades cotidianas dos nativos.
 Segundo Malinowski, na etnografia o autor é simultaneamente o seu próprio cronista e historiador, e suas fontes são dúbias e complexas, o que requer perspicácia e sutileza para evitar ao máximo que a sua subjetividade interfira no seu trabalho. Ele viveu cerca de quatro anos entre os nativos, aprendeu sua língua, participou da maioria das suas cerimônias, passeios e atividades cotidianas, na expectativa de aprender o seu sistema de valores.
 Malinowski defendia que o antropólogo não deveria limitar-se a estudar um campo delimitado da realidade do nativo, uma vez que para ele os diversos aspectos da vida do nativo se entrecruzava, de modo que observou o campo sob domínio de conhecimentos advindos da psicologia, da economia, da religião e da sexualidade, entre outros saberes das ciências humanas. Essa característica própria de tentar tratar de tantos assuntos ligados à vida do homem no meio social advém de um longo tempo de trabalho etnográfico e da tentativa de compreender todo o complexo cultural do nativo.
 Ainda segundo o autor, no trabalho etnográfico o observador deve orientar-se por meio de uma sistematização científica do seu trabalho, segundo três condições prévias:
Deve guiar-se por objetivos verdadeiramente científicos e conhecer as normas e critérios da etnografia moderna;
Viver efetivamente entre os nativos, longe de outros homens brancos, ou seja, em condições adequadas ao trabalho etnográfico; e
Deve recorrer a certo número de métodos especiais de recolha, manipulando e registrando as suas provas.
 A condição adequada de trabalho etnográfico para Malinowski só pode ser conseguida vivendo nas próprias comunidades nativas, de modo a conquistar-se a confiança dos nativos e fazê-los acostumarem-se à sua presença; condição necessária para partilhar com eles dos seus rituais e problemas cotidianos.
 Para Malinowski, o etnógrafo deve proceder com honestidade metodológica, ou seja, deverá deixar claro as informações que foram das suas observações diretas e aquelas recolhidas indiretamente. 
 O objetivo final do trabalho etnográfico deve ser, segundo Malinowski, o de compreender o ponto de vista do nativo, a sua relação com a vida e perceber a sua visão de mundo.
 Em suma, tendo em vista o aspecto inovador da obra e concepção antropológica de Malinowski, o seu trabalho etnográfico e o fato de ter legado uma sistematização das suas experiências de campo para os etnólogos, na obra Os argonautas do Pacífico Ocidental, Malinowski é considerado o fundador da antropologia moderna e o promotor do ponto de vista do nativo.

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