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LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular Esta seção é formada de sete fragmentos textuais, seis deles retirados do artigo de opinião intitulado Os dois Brasis, e o último do artigo Sobre a elegância, textos divulgados num jornal local e, portanto, representativos da modalidade escrita padrão. Após a apresentação de cada fragmento, segue uma questão para você responder, depois de uma leitura atenta: 01. “Apesar de algumas preocupações do poder central pelo nordeste, ainda as duas regiões, nordeste e sul são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” (Correio da Paraíba, 24/05/05) Neste trecho, ocorrem duas falhas consideradas graves: uma de regência e outra de pontuação. Marque, entre as propostas abaixo, a única alternativa que atende à norma padrão: 02. “O governo federal não pode tratar igualmente os desiguais, tem de investir mais nas regiões que venha possibilitar um crescimento maior e a unificação desses dois Brasis.” (Correio da Paraíba, 24/05/05) Listamos abaixo (de I a IV) explicações sobre o termo QUE, sob os aspectos morfológico e sintático. Assinale a alternativa (de a a e) que corresponde à(às) justificativa(s) possível(is) quanto à escolha do autor no trecho citado: I. QUE é uma conjunção consecutiva e estabelece uma relação de resultado ou conseqüência entre investimento nas regiões e crescimento dos dois Brasis. II. QUE é uma conjunção final (com elipse da preposição “para”) e estabelece uma relação de finalidade entre investimento nas regiões e crescimento dos dois Brasis. III. QUE é um pronome relativo e expressa noção de ênfase à possibilidade de crescimento e unificação dos dois Brasis. IV. QUE é um pronome relativo e tem como referente o termo “regiões”. a) Apenas a explicação IV está correta. b) As explicações III e IV estão corretas. c) Apenas a explicação I está correta. d) Apenas a explicação II está correta. e) As explicações I e II estão corretas. a) “Apesar de algumas preocupações do poder central com o nordeste, ainda as duas regiões, nordeste e sul, são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” b) “Apesar de algumas preocupações do poder central pelo nordeste, ainda as duas regiões, nordeste e sul, são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” c) “Apesar de algumas preocupações do poder central com o nordeste, ainda as duas regiões nordeste e sul, são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” d) “Apesar de algumas preocupações do poder central pelo nordeste ainda as duas regiões nordeste e sul, são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” e) “Apesar de algumas preocupações do poder central com o nordeste, ainda as duas regiões, nordeste e sul são como se fossem dois mundos, de costas um para o outro.” 03. “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência, sem o uso da máquina, sem recurso disponível, com energia cara, ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de trabalho, a enxada.” (Correio da Paraíba, 24/05/05) Também neste exemplo encontramos uma falha na pontuação, que causa prejuízo ao sentido do texto. Marque, entre as alternativas abaixo, aquela que desfaz totalmente a confusão: a) “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem, vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência, sem o uso da máquina, sem recurso disponível, com energia cara. Ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de trabalho, a enxada.” b) “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência. Sem o uso da máquina, sem recurso disponível, com energia cara, ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de trabalho, a enxada.” c) “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência, sem o uso da máquina. Sem recurso disponível,com energia cara, ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de trabalho, a enxada.” d) “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência, sem o uso da máquina, sem recurso disponível. Com energia cara, ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de Trabalho. A enxada.” e) “Oferecer terras a essas pessoas que não tiveram oportunidades, sem dar os meios de produzir, vai tão somente minimizar a miséria no campo. Este homem, vai permanecer na plantação e na cultura de subsistência. Sem o uso da máquina, sem recurso disponível, com energia cara. Ele vai permanecer utilizando o velho e ultrapassado instrumento de trabalho, a enxada.” 04. “Se não houver um basta nesta desenfreada corrupção, vamos dar razão a quem afirmou um dia que este país cresce quando a grande maioria dos gestores públicos e políticos dormem”. (Correio da Paraíba, 24/05/05) Analise a flexão número/pessoal do verbo DORMIR nesse excerto, e, em seguida, assinale a alternativa que justifica corretamente a concordância nas construções partitivas: a) De acordo com a norma gramatical, a única possibilidade de concordância nas construções partitivas é a flexão do verbo com o adjunto adnominal, de forma que a estrutura citada está correta. b) De acordo com a norma gramatical, a única possibilidade de concordância nas construções partitivas é a flexão do verbo com o núcleo do sujeito, de forma que a estrutura citada está errada. c) De acordo com a norma gramatical, o verbo nas construções partitivas tanto pode concordar com o adjunto como com o núcleo do sujeito, de forma que a estrutura citada está correta. d) A norma gramatical estabelece que nas construções partitivas o verbo deve permanecer sempre no singular, de forma que a estrutura citada está errada. e) A norma gramatical estabelece que nas construções partitivas o verbo sempre, por atração, concorda com o adjunto, de forma que a estrutura citada está correta. Página 01 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 05. “Como agravante temos nessa região pobre uma taxa de crescimento demográfico mais rápido do país e dificilmente igualada.” (Correio da Paraíba, 24/05/05) A compreensão do fragmento acima está prejudicada devido a uma ambigüidade na estrutura oracional, provocada pela inadequada distribuição dos substantivos e adjetivos em destaque no texto. Apresentamos, abaixo, outras versões (de I a IV) para expressar a informação. I. “Como agravante, temos, nessa região pobre do país, uma alta taxa de crescimento demográfico, dificilmente igualada.” II. “Como agravante, temos nessa região pobre do país um rápido crescimento demográfico, dificilmente igualado.” III. “Como agravante temos nessa região pobre uma taxa de crescimento demográfico do pais mais rápido e dificilmente igualada.” IV. “Como agravante, temos nessa região pobre uma taxa de crescimento demográfico mais rápida do país e dificilmente igualado.” Indique a alternativa que contém a(s) versão(ões) que expressa(m), claramente, a informação do texto: a) Apenas II e IV. b) Apenas I. c) Apenas III e IV. d) Apenas I e II. e) Apenas III. 06.“ Será através da educação que faremos a revolução no campo. Para tanto é necessário capital. Como Zé Américo podemos dizer: “eu sei onde está o dinheiro”. O dinheiro existe, mas o que não pode continuar é essa roubalheira escancarada...” (Correio da Paraíba, 24/05/05) Assinale, entre as propostas abaixo, aquela em que a expressão COMO tem a mesma classificação daquele em destaque no trecho citado, mantendo um sentido aproximado. a) “O resto é calúnia, eles são dois velhinhos que dividem uma linda história de amor, tratam-se de senhor e senhora, como se fazia antigamente, e sempre viveram juntos, embora em domicílios separados”, diz a advogada dele, Paule Le Bail. (Veja, n. 23, ano 38, 08/06/05) b) (...) os consumidores mais endinheirados trocam de celular todo ano, em busca de funções mais avançadas, como telas com mais cores e câmaras com resolução superior. (Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) c) Como escolher um plano familiar (...) O primeiro passo ao escolher um plano de descontos em ligações no celular é levantar quanto cada pessoa da família usa o telefone. (Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) d) O Banco Central estuda como tornar os caixas eletrônicos compatíveis entre si. (Veja, n. 23, ano 38, 08/06/05) e) Como todo sucesso tem seu preço, Gislaine convive com ameaças de morte ... e anda escoltada por seguranças. (Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) 07. “No momento em que você toma uma decisão e a coloca em marcha, procure rever mentalmente cada etapa que o levou a preparar seu passo. Mas faça isso sem tensão, porque é impossível ter todas as regras na cabeça: e com o espírito livre, à medida em que revê cada etapa, irá dar-se conta dos momentos mais difíceis, e de como os superou.” (CP, 08/05/05) Neste excerto, o autor faz uso das expressões: “no momento em que” e “à medida em que”, para as quais a Gramática Normativa oferece explicações. Indique a alternativa que esclarece o uso dessas expressões: a) A norma gramatical culta estabelece como corretas as expressões NO MOMENTO EM QUE e À MEDIDA QUE. Logo, no texto, não houve o uso correto da 2a expressão. b) Conforme a norma gramatical culta, a expressão À MEDIDA QUE é uma locução equivalente a QUANDO, tal como ocorre com a expressão NO MOMENTO EM QUE, usada no texto. c) A norma gramatical culta estabelece como corretas as expressões: NO MOMENTO QUE e À MEDIDA QUE. Logo, no texto, houve uso incorreto das duas expressões. d) Segundo a norma gramatical culta, as expressões NO MOMENTO EM QUE e À MEDIDA EM QUE indicam noção de tempo, sendo ambas corretas. e) Conforme a norma gramatical culta, a sinalização de crase não se justifica na expressão À MEDIDA QUE, como também não se justifica o emprego da preposição EM que antecede o QUE na expressão NO MOMENTO EM QUE. Esta seção é formada de textos ou fragmentos textuais (de gêneros os mais variados) extraídos de revistas de circulação nacional. Assinale, para cada questão abaixo, o que se pede a respeito deles. 08. “Já é duro agüentar o Brasil sem conhecê-lo. Imagine conhecendo-o.” (Diogo Mainardi, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Um substituto possível de IMAGINE seria: a) Pense b) Quanto mais c) Suponha d) Presuma e) Ainda menos 09. “Eu ouço de várias empregadas domésticas que é comuníssimo aqui no Rio de Janeiro que responsáveis pela merenda escolar retirem substancial quantidade de víveres e alimentos das crianças para levar para casa, distribuir entre parentes e até montar quitandas.” (João Ubaldo Ribeiro, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Assinale, entre as afirmações relativas a esse excerto, a única correta: a) Há uma impropriedade sintática, pois o verbo OUVIR foi construído com complemento preposicionado. b) VÍVERES é uma palavra substantivada, derivada do infinitivo flexionado. c) Depreende-se que as empregadas domésticas dizem que os responsáveis pela merenda escolar são socialistas. d) Pode-se concluir que o comunismo no Rio de Janeiro é responsável pela merenda escolar. e) Os QUÊS têm a mesma função, sem referência e sem significado. Página 02 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 10. “A questão é que Portugal nos pegou num momento em que sua prosperidade dependia do fato de o país ser um entreposto da Europa, um grande fornecedor de mercadorias.” (João Ubaldo Ribeiro, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Assinale, entre as explicações que listamos a respeito de alguns aspectos lingüísticos do texto acima, a única que se aplica ao fragmento da entrevista: a) A expressão DE O é um erro crasso, pois a preposição tem de se aglutinar com o artigo. b) É QUE é uma expressão expletiva, conforme orientam nossas gramáticas normativas. c) SUA é um pronome possessivo, que atua como anafórico de PROSPERIDADE. d) A expressão O FATO DE é um recurso que a língua tem para explicitar que o que se expressa é uma verdade irrefutável. e) O PAÍS tem como referente PORTUGAL, sendo este o genérico e aquele o específico. 11. “Os jovens lêem os livros preocupados em responder a perguntas incompreensíveis em provas”. (João Ubaldo Ribeiro, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Podemos depreender do emprego de alguns termos no excerto acima que: a) PREOCUPADOS liga-se sintaticamente a LIVROS e semanticamente a JOVENS. b) PREOCUPADOS liga-se semanticamente a LIVROS e sintaticamente a JOVENS. c) PREOCUPADOS liga-se sintática e semanticamente a OS JOVENS. d) INCOMPREENSÍVEIS adjetiva PROVAS. e) EM PROVAS complementa INCOMPREENSÍVEIS. Assinale o item que encerra linguagem exclusivamente padrão: a) “No Brasil já existe uma alface que pode servir de vacina contra a leishmaniose, doença que contamina 12 milhões de pessoas por ano em todo o planeta.” (Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) b) Xiiiiiii Acabei de enviar o e-mail pra todo mundo. E agora? ESSA ERA JÁ ERA. (Publicidade - Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) c) A sua é escalar o Himalaia? A sua é dropar Fernando de Noronha? A sua é o Terra. (Publicidade - Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) d) “Equador, do jornalista, romancista e tevê-man português Miguel Sousa Tavares, já vendeu mis exemplares.” (Millôr - Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) e) “Quando eu disse que era para cortar os pulsos, eu tava falando da conta telefônica.” (Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Com base nos textos da questão anterior, seria apropriado, portanto, afirmar: a) Expressões como JÁ ERA, A SUA, MIS e TAVA são inadmissíveis em textos de divulgação. b) Os meios de comunicação estão cada vez mais desprezando a linguagem correta, usando gírias e outros vícios de linguagem. c) O uso de gírias pela mídia contribui para as deformações constantes que se observam na língua portuguesa. d) Os usos da língua estão estreitamente ligados a sua função social. e) Expressões como JÁ ERA, A SUA, MIS e TAVA provam o analfabetismo de nossa população. 12. 13. 14. 15. “Nas mulheres heterossexuais, os dedos indicador e anular têm praticamente o mesmo tamanho. Já as lésbicas, segundo o psicólogo Marc Breedlove, autor da pesquisa, têm o dedo indicador mais curto, como os homens.” (Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05) Pode-se inferir, do trecho, que: a) As lésbicas têm, como os homens, todos os dedos desiguais. b) Os homens heterossexuais têm o “fura-bolo” maior que o “senhor vizinho”. c) As mulheres homossexuais têm o “o senhor vizinho” menor que o “fura-bolo”.d) Os homens homossexuais devem ter os dedos indicador e anular praticamente iguais. e) Marc Breedlove é preconceituoso, a ponto de ver, nos dedos, diferenças entre gays e machos. “VENCE MAIS UMA, BRASIL. Em relação ao texto acima, podemos afirmar: NO CAMPO DA VACINAÇÃO, CADA VEZ MAIS SÓ DÁ BRASIL. ESTE ANO, VAMOS JUNTOS BATER MAIS UM RECORDE. O Brasil não registra mais nenhum caso de paralisia infantil. Graças ao trabalho de mais de 400 mil servidores de saúde e voluntários e de milhões de famílias, ano passado conseguimos bater mais um recorde histórico: 16,5 milhões de crianças foram vacinadas. Este ano, a vacinação do idoso também bateu recorde de cobertura. Mais que motivos de orgulho, estas marcas colocam o Brasil como campeão da vacinação. Agora não vamos dar chance, porque o jogo continua. Dia 11 de junho, leve seus filhos menores de 5 anos ao posto de vacinação mais próximo. É de graça e não se esqueça de levar o cartão da criança. Vamos continuar ganhando esse jogo.” (Propaganda, Veja, n. 23, ano 38, 08 de junho/05) I. Implicitamente às frases: “O Brasil não registra mais nenhum caso de paralisia infantil” e “Este ano, a vacinação do idoso também bateu recorde de cobertura.”, temos as seguintes informações – “O Brasil registrava, antes, casos de paralisia infantil.”, na primeira, e “o número de vacinação de idosos era menor.”, na segunda. II. A expressão MAIS deixa o mesmo conteúdo implícito nas 3 (três) ocorrências abaixo: “Vence MAIS uma, Brasil”, “MAIS que motivos de orgulho, estas marcas colocam o Brasil como campeão” “Graças ao trabalho de MAIS de 440 mil servidores de saúde e voluntários”. III. Em “o jogo continua” e “Vamos continuar ganhando”, inferimos a informação de que o Brasil ganhou pelo menos uma vez, devido ao emprego da expressão GANHANDO. IV. O recurso da intertextualidade, presente no emprego de palavras como JOGO, CAMPO, GOLEADA, RECORDE, CAMPEÃO, BATER E VENCER, da esfera futebolística, empresta ao texto um caráter metafórico. Assinale a alternativa (de a a e) que se adequa ao texto: a) Apenas a proposição II está correta. b) As proposições II e IV estão corretas. c) Apenas a proposição III está correta. d) Apenas a proposição IV está correta. e) As proposições I e IV estão corretas. Página 03 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 16. Considere as seguintes afirmações do crítico literário Antonio Candido, sobre O cortiço, de Aluísio de Azevedo: I. A perspectiva naturalista ajuda a compreender o mecanismo d’O cortiço, porque o mecanismo do cortiço nele descrito é regido por um determinismo estrito, que mostra a natureza (meio) condicionando o grupo (raça) e ambos definindo as relações humanas na habitação coletiva. Mas esta força determinante de fora para dentro é contrabalançada e compensada por uma força que atua de dentro para fora: o mecanismo de exploração do português, que rompe as contingências e, a partir do cortiço, domina a raça e supera o meio. O projeto do ganhador de dinheiro aproveita as circunstâncias transformando-as em vantagens, e esta tensão ambígua pode talvez ser considerada um dos núcleos germinais da narrativa. II. No começo é como se o cortiço fosse regido por lei biológica; entretanto a vontade de João Romão parece ir atenuando o ritmo espontâneo, em troca de um caráter mais mecânico de planejamento. Ele usa as forças do meio, não se submete a ela; se o fizesse, perderia a oportunidade de se tornar capitalista e se transformaria num episódio do processo natural, como acontece com seu patrício Jerônimo, que opta pela adesão à terra e é tragado por ela. III. Neste livro a natureza do Brasil é interpretada de um ângulo curiosamente colonialista (para usar anacronicamente a linguagem de agora) como algo incompatível com as virtudes da civilização. Daí o homem forte, o estrangeiro ganhador de dinheiro estar sempre vigilante, como única solução, de chicote em punho e as distâncias marcadas com o nativo. É pertinente ao romance de Aluísio de Azevedo: a) Apenas I e II b) Todas as afirmações c) Apenas I e III d) Apenas II e III e) Nenhuma afirmação Sobre O cortiço e O alienista NÃO é correto afirmar que: a) São textos literários que demonstram criticamente os impasses da modernidade nascente no Brasil, suas contradições e suas problemáticas relações de classe e poder. b) Representam um olhar ainda dependente das verdades científicas e intelectuais vindas da Europa, sobretudo da França, por isso são obras secundárias de seus autores, que só posteriormente alcançariam a “maioridade” literária. c) Estão na alvorada de uma dimensão verdadeiramente crítica da literatura brasileira, não se filiando servilmente aos padrões literários, e políticos, impostos pela Europa, nem tampouco ao idealismo ingênuo dos românticos. d) Cada um a seu modo, não se enquadram no pedantismo e na linguagem bacharelesca de seus contemporâneos. Lutam, ao contrário, por uma língua portuguesa mais direta e menos artificial. e) São exemplos do realismo internacional que tomou conta da literatura do ocidente a partir da década de 1850, sem deixarem de ser autores inseridos na problemática especificamente brasileira do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. Considere o fragmento final de O alienista: Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica, trancou os ouvidos à saudade da mulher, e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses, no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí; mas esta opinião, fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato; e boato duvidoso, pois é atribuído ao padre Lopes, que com tanto fogo realçara as qualidades do grande homem. Seja como for, efetuou-se o enterro com muita pompa e rara solenidade. Assinale a proposição que NÃO condiz com o excerto citado. a) A referência a um boato duvidoso lembra um traço marcante da prosa de Machado de Assis e que se constitui num dos pontos centrais de toda a sua obra: a elipse. A elipse, ao deixar “espaços de incerteza”, algo por dizer, como lembra todo leitor do Dom Casmurro, possibilita ao escritor romper com o cientificismo dos naturalistas na própria estrutura do texto. b) O fragmento citado demonstra a crítica e ironia de Machado de Assis contra aqueles que, a exemplo de “Simão Bacamarte”, erigem verdades fechadas e absolutas como modelos de ação e controle psíquico-social. c) O fragmento citado traz a linguagem direta e em muitos aspectos cotidiana da prosa de Machado de Assis, que participou ativamente dos ambientes de escrita de seu tempo, de revistas de moda a jornais, sem, contudo, abdicar de uma profunda consciência da literatura e do homem. d) O fragmento acima demonstra que, numa sociedade como a nossa, cheia de contradições e ainda pouco capaz de dar cidadania efetiva aos seus cidadãos, a atitude do intelectual, como “Simão Bacamarte” (e, por extensão, o próprio Machado de Assis), só pode ser a de primeiro resolver seus próprios problemas pessoais para só depois pensar na sociedade como um todo. Demonstra que os intelectuais do Realismo chegaram à conclusão de que os românticos, que se preocupavam sobretudo com o indivíduo, tinham razão. e) O fragmento final d’O alienista revela o tom “decadente” e pessimista que está na maioria dos textos significativos de Machado de Assis e que o situam como um dos precursores do Simbolismo no Brasil. O decadentismo machadiano, a que diversos críticos literários chamaram atenção, pode ser observado também nos fragmentos finais de Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e QuincasBorba, e em contos como A causa secreta, Cantiga de esponsais e Pai contra mãe. 17. 18. Página 04 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 19. Observe, abaixo, os capítulos de romances e os comentários sobre eles, em seguida assinale a alternativa correta: Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis, 1881) Capítulo LV O velho diálogo de Adão e Eva BRÁS CUBAS . . . . ? VIRGÍNIA . . . . BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . VIRGÍNIA . . . . . ! BRÁS CUBAS . . . . . . VIRGÍNIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . BRÁS CUBAS . . . . . . . . . VIRGÍNIA . . . . BRÁS CUBAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! . . . . . . ! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! VIRGÍNIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ? BRÁS CUBAS . . . . . . ! VIRGÍNIA . . . . . . ! Memórias sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade, 1924): MONT-CENES O alpinista De alpenstock Desceu Nos Alpes Zero (Ignácio de Loyola Brandão, 1975) LIÇÃO DE GEOGRAFIA Colômbia: 1.283.400 km², café, algodão e cana-de-açúcar, trigo e milho, United Fruit, petróleo, moeda oficial: o peso. Adeus, adeus Acaba de embarcar, de mudança para a University of Michigan, o cientista Carlos Correia, a maior autoridade do país em comunicações eletrônicas. Ganhando aqui um salário pouco acima do mínimo e sem condições de pesquisa, o sr. Carlos Correia preferiu se retirar por uns tempos até que a situação melhore. Livre associação Cine odeon, paratodos, robinhood com errol flynn, perfume canoe (dana), balas de hortelã, pegar nos peitos das meninas, tim holt, hopalong cassidy, bill Elliot, roy rogers, ken maynard, zorro, bang-bang, clélia. Pam, tapam, rataplam, crééééééééééééééé, puuuuuuuuu (peido) when béguin the beguine, bandera rossa, pim, pim, pim, pim, pim, clap, clap, clop I. Os capítulos demonstram a influência nociva dos meios de comunicação de massa na literatura, fazendo-a perder sua essência literária em prol de uma incorporação da linguagem vulgar que falamos no dia a dia. Nestes capítulos, a “língua para poucos” da literatura perde valor, o que explica a baixa qualidade da literatura moderna no Brasil. II. Os capítulos citados revelam que o romance brasileiro vem mantendo um diálogo fecundo e constante com os meios de comunicação do mundo capitalista moderno: o dinamismo da página de jornal em Machado de Assis, a montagem cinematográfica em Oswald de Andrade, o ritmo fragmentário da televisão em Ignácio de Loyola Brandão. III. Os fragmentos romanescos citados são exemplos, na literatura brasileira, da tradição de ruptura com o realismo tradicional e o regionalismo, visando a absorção da cultura urbana e da visão de mundo do homem das cidades. IV. Embora parte integrante de um romance, os capítulos acima citados são exemplos de uma instigante tendência da literatura brasileira moderna e contemporânea que faz interagir o romance com outras formas literárias, rompendo o limite entre a prosa e a poesia. Como outros textos da literatura brasileira moderna, Memórias póstumas de Brás Cubas, Memórias sentimentais de João Miramar e Zero criam capítulos de romance que mais se parecem com poemas em prosa do que com capítulos de romance. a) Apenas os comentários II, III e IV estão corretos; b) Apenas o comentário I está correto; c) Apenas os comentários I e II estão corretos; d) Todos os comentários estão corretos; e) Nenhum comentário está correto. Página 05 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular Considere as afirmações de três críticos literários brasileiros a respeito da poesia de Carlos Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto e do Concretismo: I. Partindo-se do dado histórico de que foi No meio do caminho da renovação da poesia brasileira que a obra de Drummond começou a aparecer como portadora de uma lição poética mais sólida, embora, inicialmente, na direção nacionalista de seus contemporâneos, é possível ver o conjunto de sua obra através de duas atitudes estilísticas. Na verdade, são atitudes complementares, dois estágios que se prolongam: da objetividade e da preocupação social. O poeta é realmente objetivo, mas no sentido de que se encontra mais próximo das coisas. A exibição de termos e construções do português brasileiro vai-se diluindo à medida que se aproxima de 1945, quando começam a predominar a contenção expressiva e a experiência técnica, quase desconhecida dos primeiros livros. Realmente, é com Sentimento do mundo e principalmente com A rosa do povo que os grandes temas sociais e populares atingem os mais altos arremessos da poesia social no Brasil, desde Castro Alves (Gilberto Mendonça Teles). II. É com O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) que o poeta atinge a maturidade criativa. João Cabral passará a se distinguir pelo combate sistemático ao sentimentalismo e ao irracionalismo em poesia, através de um processo de desmistificação dos mitos que a cercam. Ao mesmo tempo que desaliena a poesia, exibindo-lhe as entranhas, João Cabral procede a uma auto-análise da composição poética, chegando a dissociar a imagem física da palavra, do seu conceito. Além disso, o poeta-engenheiro fraciona os versos com uma técnica precisa de cortes que lhes confere uma estrutura, por assim dizer, arquitetônica, funcional. Não há, entretanto, em João Cabral, uma recusa ao “humano”; há, isto sim, uma recusa do poeta a se deixar transformar em joguete de sentimentalismos epidérmicos e a busca do verdadeiramente humano na linguagem, tomada em si mesma, como fonte de apreensão sensível da realidade (Augusto de Campos). III. A poesia concreta, ou Concretismo, impôs-se, a partir de 1956, como a expressão mais viva e atuante de nossa vanguarda estética. No contexto da poesia brasileira, o Concretismo afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e mais aderente às vanguardas européias. Os poetas concretos entenderam levar às últimas conseqüências certos processos estruturais que marcaram o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, em parte, o surrealismo. São processos que visam explorar as camadas materiais do significante. A poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista. Em termos mais genéricos: o Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como techné, isto é, como atividade produtora (Alfredo Bosi). Assinale a alternativa correta a) Apenas II e III estão corretas b) Apenas I e II estão corretas c) Todas as afirmações são corretas d) Apenas III está correta e) Nenhuma afirmação está correta 20. “Os anos de 70 exigiriam um discurso à parte sobre a poesia mais nova que vem sendo escrita. De um modo geral as chamadas vanguardas mais pragmáticas de 1950- 60 vivem a sua estação outonal de recolha das antigas riquezas [...] Outras parecem ser as tendências que ora prevalecem e sensibilizam os poetas. Limito-me a men- cionar três delas: a) Ressurge o discurso poético e, com ele, o verso, livre ou metrificado; b) Dá-se nova e gran-de margem à fala autobiográfica, com toda a sua ênfase na livre, se não anárquica, expressão do desejo e da me- mória; c) Repropõe-se com ardor o caráter público e político da fala poética [...] Dois poetas que, desapareci- dos em plena juventude, se converteram em emblemas dessa geração: Ana Cristina Cesar e Cacaso, pseudôni- mo de Antônio Carlos Brito. Em ambos, o lirismo do cotidiano e a garra crítica, a confissão e a metalinguagem se cruzavam em zonas de convívio em que a dissonância vinha a ser um efeito inerente ao gesto da escrita”. (Alfredo Bosi) Analise as proposições e marque a alternativa correta: I. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, porque se propõe a condensar várias características desta nova vertente de pensamento, pois a autobiografia, o cotidiano, o verso prosaico e outros expedientes poéticos são incorporados à linguagem de suas obras, especificamente de A teus pés. II. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, porque se propõe a condensar características desta nova vertente de pensamento, pois a autobiografia, o cotidiano, o verso prosaico e outros expedientes poéticos não são incorporados à linguagem de suas obras, especificamente de A teus pés. III. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, porque se propõe a condensar características desta nova vertente de pensamento, pois a autobiografia, o cotidiano, o verso prosaico e outros expedientes poéticos são incorporados à linguagem de suas obras como acidente político, ou seja, o momento em que vive exige da poeta uma certa resistência no âmbito da linguagem; logo, a sua poesia só é assim caracterizada porque localizada, porque restrita a apenas atitudes políticas momentâneas, especificamente em A teus pés. a) Todas as proposições estão corretas b) Somente a proposição II está correta c) Somente a proposição III está correta d) Somente a proposição I está correta e) Nenhuma proposição está correta 21. Página 06 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular Se a poesia de Ana Cristina Cesar está inserida na chamada literatura marginal, talvez porque a linguagem de que se apropria para falar da natureza do sujeito humano tenha sido não-convencional, no poema SAMBA-CANÇÃO, de A teus pés, a imagem do ser marginal pode ser vista como duplamente inscrita (marque a justificativa correta): SAMBA-CANÇÃO Tantos poemas que perdi. Tantos que ouvi, de graça, pelo telefone – taí, eu fiz tudo pra você gostar, fui mulher vulgar, meia-bruxa, meia-fera, risinho modernista arranhado na garganta, malandra, bicha, bem viada, vândala, talvez maquiavélica, e um dia emburrei-me, vali-me de mesuras (era uma estratégia), fiz comércio, avara, embora um pouco burra, porque inteligente me punha logo rubra, ou ao contrário, cara pálida que desconhece o próprio cor-de-rosa, e tantas fiz, talvez querendo a glória, a outra cena à luz de spots, talvez apenas teu carinho, mas tantas, tantas fiz... a) porque a imagem a que o poema faz referência é de uma mulher “vulgar/meia-bruxa, meia-fera/risinho modernista/ arranhado na garganta/malandra, bicha/bem viada, vândala” e a forma do texto se distancia tipologicamente da linguagem poética aproximando-se mais da prosa coloquial. b) porque o texto remete o leitor a um diálogo com uma escrita não-autorizada, à escrita “chula” ou do palavrão, e esta linguagem é típica de pessoas de índole má, como a que é aludida no poema: uma bruxa. c) porque os termos vulgar, bicha, viada situam na sociedade certos sujeitos marginais e a fala enunciada pela “personagem” do texto denuncia a sua condição quando ela mesma marginaliza a sua condição de mulher em um texto cujo título remete o leitor a interpretá-la a partir de um espaço físico também marginalizado: aquele onde “nasceu” o samba- canção. d) porque a “personagem” do poema, através de uma linguagem não-autorizada, a linguagem poética, ri da sua condição de “inferior”: por ser mulher e por ser vulgar, concentrando em si aspectos negativos. e) porque a “personagem” do poema, em uma linguagem moderna e típica de jovens adestrados socialmente, canta o seu caso de amor não completado, instrumentalizando-se de estratégias discursivas capazes de enganar o outro e chamar a atenção para si e para o poema – duas instâncias marginais. 22. O Auto, jogo lingüístico de origem medieval, peça em que certas atitudes consideradas “pecaminosas” eram “questionadas” através de uma carga de humor, foi incorporado à produção literária brasileira (ou literatura feita no Brasil, como bem fez o padre José de Anchieta com a sua escrita evangelizadora e moralística), de forma que, mesmo distante no tempo e no espaço, este tipo de texto alcança um vasto público, como é o caso de O auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Considerando os fragmentos abaixo, marque a alternativa correta: [...] PADRE É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor á fácil, todo mundo faz isso, mas benzer cachorro? JOÃO GRILO É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é benzer o motor do major Antônio de Morais e outra é benzer o cachorro do major Antônio de Morais. [...] BISPO Então houve isso? Um cachorro enterrado em latim? JOÃO GRILO E então? É proibido? BISPO Se é proibido? Deve ser, porque é engraçado demais para não ser. É proibido! É mais do que proibido! Código Canônico, Artigo 1627, parágrafo único, letra k. Padre, o senhor vai ser suspenso [...] JOÃO GRILO É mesmo, é uma vergonha. Um cachorro safado daquele se atreve a deixar três contos para o sacristão, quatro para o padre e seis para o bispo, é demais. [...] BISPO É por isso que eu vivo dizendo que os animais também são criaturas de Deus. Que animal interessante! Que sentimento nobre! a) O Auto da Compadecida mantém relação direta com os autos medievais a partir somente do tipo formal de texto – auto – porque o conteúdo a ser desenvolvido neste tipo de literatura varia no tempo e no espaço de forma que um escritor contemporâneo não poderia recuperar nem atualizar esta forma textual. b) “Os vícios dos homens e da sociedade” são apenas uma forma bem humorada de perceber o mundo, de entreter a razão, de valer o texto por si mesmo, independente de alusão ou denúncia a que faça referência porque o riso, e somente o riso, é o que está em primeiro plano neste tipo de texto. c) O Auto da Compadecida não faz nenhuma alusão ao teatro de Gil Vicente porque dista deste no tempo e no espaço, logo os “vícios dos homens e da sociedade” não poderiam ser os mesmos. O texto de Ariano Suassuna é apenas uma paródia dos autos medievais. d) O Auto da Compadecida não tem caráter moralístico porque a literatura de ficção nunca se propôs a discutir aspectos relacionados a contextos sócio-culturais, uma vez que se volta para o plano estético, desconsiderando qualquer alusão a práticas culturais, a papéis sociais e outros. e) “Os vícios dos homens e da sociedade estão em todas as peças de Gil Vicente, representados por frades libertinos, magistrados corruptos, mulheres adúlteras [...] tipos que proliferam quando as sociedades esquecem os valores éticos e morais” (João Domingues Maia), característica observada na peça de Ariano Suassuna O Auto da Compadecida. 23. Página 07 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular A literatura muitas vezes entendida como também “espaço da confissão” proporciona ao leitor possibilidades de questionamentos de idéias criadas, veiculadas e perpetuadas nas váriaspráticas sócio-culturais. A literatura contemporânea se apropria dessa possibilidade de questionamento e investe contra determinadas práticas sociais às vezes abusivas (inferiorização de sujeitos diante de outros, negação dos diferentes), se compararmos tais práticas aos níveis de diálogos estabelecidos entre as sociedades e seus membros hoje. Um dos grandes temas que percorre a literatura brasileira contemporânea diz respeito às formas como homens e mulheres exercem papéis no corpus social em que se inserem. No poema Samba- Canção, Ana Cristina Cesar constrói um eu-lírico que fala a partir do ponto de vista feminino. Ariano Suassuna descreve ao longo de seu auto a imagem da mulher do padeiro. Considerando estes dois textos como produções da literatura brasileira contemporânea (embora haja uma distância temporal em relação aos textos em questão), pode-se dizer que: I. Os dois sujeitos femininos relacionados no enunciado acima mantêm comportamentos culturais distintos no corpus social a que dizem respeito porque estão distantes um do outro quanto ao fator tempo. II. Ariano Suassuna representa em O Auto da Compadecida uma mulher que só é rebelde (sexualmente ela é infiel ao marido) porque ainda presa a regras rígidas que determinam submissão e fidelidade femininas ao homem, valor aparentemente desconsiderado em Samba-Canção, uma vez que a mulher ali falando demonstra uma certa autonomia quanto à forma de se relacionar afetivamente com o outro. III.A linguagem com que se apodera o eu-lírico de Samba-Canção demonstra uma liberdade típica das mulheres de hoje, que interpretam de forma igualitária a conquista do outro parceiro, não negando, mas não tornando muito importante o fato de a equação homem-mulher dar-se culturalmente na proporção de o homem conquistar e a mulher ser conquistada. É pertinente afirmar que: a) Estão corretas apenas as afirmativas I e III b) Estão corretas apenas as afirmativas II e I c) Estão corretas apenas as afirmativas II e III d) Estão corretas todas as afirmativas e) Nenhuma afirmativa está correta “A Carta de Caminha, que não foi escrita para ser publicada e cuja primeira edição é somente de 1817, tinha características adequadas para ocupar posto estratégico no que se queria que fosse a formação e a determinação do cânone da literatura brasileira, onde costuma ser vista como o seu grande momento inaugural. Isso é estranho, pois a Carta sequer é um texto literário nem de autor brasileiro. Descoberta no século XIX, ela não estava ‘no início’: este foi construído, inventado, ‘re-construído’ a posteriori. Não estando no começo, mas nele posta, postada, determina uma visão e um caminho: colocada no começo, determina um perfil e uma orientação, a visão do Brasil como utopia portuguesa, documentando que, embora não seja verdade, o território foi descoberto primeiro por Cabral [...] Se um texto é convertido institucionalmente em algo que não corresponde à sua natureza, é porque atende a uma secreta necessidade, que precisa ser definida, ainda que sua vocação íntima seja não se desvelar para, assim, ser mais eficaz”. (Flávio Rene Kothe) Considerando o fragmento citado: I. Textos literários são construídos em contextos políticos e econômicos e servem também como instrumento de propaganda de idéias das classes que os produzem para os estratos sociais consumidores de tal mercadoria. II. Textos literários condensam em si vários significados e valores construídos no tempo e no espaço por sujeitos que os querem com determinados propósitos, como ocorreu com a Carta de Caminha, texto não-autorizado para configurar como literário, de acordo com a natureza estética da arte, mas forçou-se a entrada de tal produção no rol do que é considerado literatura. III.Considerar a Carta de Caminha texto literário parece ser perigoso de um ponto de vista mais acurado e preciso porque se assim o for é possível que outros textos de igual “textura” tenham sido considerados literários e outros excluídos dessa relação, porque não atenderam às expectativas político-ideológicas de quem determina o que é literatura e qual texto deve servir como exemplo dessa produção. É correto afirmar que: a) Nenhuma proposição está correta b) Apenas as proposições I e II estão corretas c) Apenas as proposições II e III estão corretas d) Apenas as proposições I e III estão corretas e) Todas as proposições estão corretas 25.24. Página 08 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 26. 28. 27. 29. 30. 31. 32. TEXTO I “Santo Tomás de Aquino escribió: “El hombre no puede vivir sin algún placer”. Parece que si no conseguimos que en nuestra vida entre la alegría, la satisfacción dejaremos de vivir en términos humanos. Cuando estamos alegres, si preguntarnos de momento por qué, nos damos cuenta de que la realidad se transforma, se llena de colores, la alegría nos vuelve activos, nos da energías. Si [...] vamos a la etimología de la palabra, descubrimos que en latín vulgar alacer significaba ‘algo vivo o animado’. Por tanto, si pretendemos salir [...] y sacar a nuestra clase de cualquiera de los aburrimientos [...], pongámonos como objetivo, como meta la alegría, es decir la viveza, la animación, ojo que no me estoy refiriendo a hacer el payaso para que todo el mundo se ría”. (Actas del X Seminario de Dificultades e la Enseñanza del Español a Lusoablante, São Paulo , set. 2002). Conteste según el texto I: El párrafo: Parece que si no conseguimos que en nuestra vida entre la alegría,...dejaremos de vivir en términos humanos , revela: a) conclusión b) certeza c) negación d) incertidumbre e) finalidad El mensaje que el texto nos transmite es: a) La alegría no hace falta para el bien vivir. b) Aun sin alegría vivimos muy bien. c) La alegría nos llena de energía. d) El aburrimiento también alegra nuestra vida. e) La alegría no transforma la vida del ser humano. “El hombre no puede vivir sin algún placer” - la expresión subrayada significa: a) sólo con placer. b) con mucho placer. c) sin placer alguno. d) con poquísimo placer. e) sin demasiado placer. Señale la alternativa en que todos los sustantivos están grafados correctamente: a) Santo Tomás, Santo Toribio, Santo Antonio. b) Santo Toribio, Santo Tomé, Santo Domingo. c) Santo Tomé, Santo Toribio, Santo Isidro. d) Santo Tomé, Santo Andrés, Santo Domingo. e) Santo Domingo, Santo Isidro, Santo Antonio. Observe el diálogo en la viñeta abajo: La expresión “¡Vete a la leche! Mantiene el mismo sentido al ser sustitutida por: a) ¡Morderse los dedos! b) ¡Vete a tu madre! c) ¡Vete a la calle! d) ¡Vete al infierno! e) ¡Vaya! “Aunque no lo parezca..” , la palabra subrayada refleja la idea de: a) consecuencia b) duda c) oposición d) causa e) proporción. TEXTO II “Del 13 de enero al 3 de febrero, M-80-Radio, El País, Realmadrid Televisión, Fundación Realmadrid y Seur se unen a Unicef en una campaña de recogida de material deportivo para los niños y niñas de Sierra-Leona. El material deportivo recopilado será destinado a los Programas de Protección y Educación que Unicef-Sierra Leona lleva a cabo con los niños y niñas afectados por el conflicto armado que ha vivido el país en la última década: ex-soldados refugiados, desplazados internos y, en definitiva, todos los niños y niñas. La campaña se centra en dos deportes: el fútbol y el voleibol, ya que son los deportes más populares para los niños y niñas sierra-leoneses. El material que se quiere recoger consiste en: zapatillas de deporte (preferentemente tallas 38 a 42), calcetines de deporte, camisetas y pantalones de deporte, balones de fútbol y voleibol, así como redes de fútbol y voleibol... todo ello nuevo, ¡ de primera mano! [...] La importancia del deportepara la educación y la rehabilitación de los niños y niñas afectados por los conflictos armados es básica. Se trata de una metodología más para retornar a la vida normal, para incorporar valores tales como la cooperación, la resolución pacífica de conflictos y la convivencia entre iguales. El deporte es un buen método para hacer realidad los derechos a la salud, a la educación, a la participación y al juego. Todos ellos, garantizados por la Convención sobre los Derechos del Niño, aprobada por la Asamblea General de Naciones Unidas en 1989, y ratificada casi universalmente”. (Extraído de www.unicef.es/genericos/noticias/nacionales/2002/ 100102.html, en 16 de enero de 2003). Según el texto II, “La importancia del deporte para la educación de los niños y niñas sierra-leoneses tiene por finalidad: a) la práctica de los deportes: balonmano, voleibol, fútbol. b) recoger material deportivo para Sierra-Leona. c) llevar a cabo una campaña deportiva. d) transformar los niños y niñas en deportistas. e) rehabilitarlos psicológicamente de los conflictos bélicos y asegurarles los derechos a la salud, a la educación para que ellos puedan disfrutar de una vida normal. Página 09 LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA BRASILEIRA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (ESPANHOL) VESTIBULAR 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - Comissão Permanente do Vestibular 33. 34. 35. 36. 37. 40. 39. 38. De acuerdo con el texto II, el período establecido para la realización de la campaña de recogida de material deportivo para Sierra Leona fue: a) del 13 de enero al 3 de febrero de 2005. b) del 13 de enero al 3 de febrero de 1989. c) el plazo de 80 días. d) del 13 de enero l 3 de febrero de 2004. e) más de veinte días. El tiempo verbal está flexionado correctamente en: a) ha vivido - pretérito perfecto de indicativo. b) será destinado - futuro simple de indicativo. c) hacer - gerundio. d) lleva - imperativo negativo. e) unen - presente de subjuntivo. En el texto II, la expresión ‘todo ello” es lo mismo que: a) todo eso b) todo esto c) todo aquello d) todos ellos e) no todo Observe el diálogo abajo: La clasificación morfológica de ¿Qué - mi - sin – anteojos, respectivamente, es: a) sustantivo - adjetivo - preposición - sustantivo. b) pronombre - pronombre - preposición - sustantivo. c) advérbio - adjetivo - preposición - sustantivo. d) conjunción - adjetivo - preposición - adjetivo. e) pronombre - adjetivo - preposición - sustantivo. TEXTO III A favor del reciclaje de residuos “Sr. Director: El 80% de la población española es obligada a seguir destruyendo los residuos que generan los hogares al tener que depositar éstos en un único contenedor de basuras. La mayoría de los ayuntamientos no han dotado a las ciudades de contenedores selectivos desechables. Se deja pasar el tiempo hasta que lo tengan que hacer obligados por la Unión Europea. Si se practicara el reciclaje en los ayuntamientos percibirían el bien medioambiental generado y, además, obtendrían beneficios al recuperar las materias primas. Existen ayudas nacionales e internacionales para esto, y nosotros, los ciudadanos, estamos mentalizados y queremos reciclar. Despertemos del letargo y miremos a la aldea global futura, un único planeta que debemos cuidar. Tomemos las medidas adecuadas. María Isabel Sànchez Poveda” (Extraído de www.el-mundo-es, en 13 de abril de 2000. In RODRÌGUES, I. Espanhol série brasil. São Paulo: Ática, 2003). El texto III presenta claramente un destinatario y un remitente. - Señale la alternativa en que ambos se presentan, respectivamente: a) Director y Autor del texto b) Director y María Isabel Sánchez Poveda c) Autor del texto y la Unión Europea d) María Isabel Sánchez Poveda y el lector e) La población española y María Isabel Sánchez Poveda La mejor traducción para “Despertemos del letargo” es: a) Continuemos entorpecidos. b) Acordemos da nostalgia. c) Tenhamos indolência. d) Conscientizemo-nos da situação. e) Apoiemos a letargia. Analizando los siguientes enunciados, según el texto III: I. reciclaje -sustantivo II. población -adjetivo III. éstos -pronombre IV. hogares -adverbio -la alternativa correcta es: a) apenas I, II y III b) apenas I y II c) apenas I y III d) apenas II y III e) apenas I Según el texto, [...] “ la aldea global futura” hace referencia a: a) la Terra b) los mares c) los hogares d) las ciudades e) la Unión Europea. Página 10