Buscar

Segunda Guerra Mundial(MAI SET 1945)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

De Maio a Setembro de 1945
 
 
A Queda do Japão
 
Por ocasião da derrocada final da Alemanha no começo de maio, o Japão já se encontrava acuado pelas forças aliadas, e o comando nipônico reunia todos os elementos de que ainda dispunha a fim de repelir o ataque maciço que estava sendo preparado. A desesperada situação a que havia sido reduzido o Japão tornava-se ainda mais surpreendente, tendo em vista os ataques relativamente pequenos que haviam sido desfechados tanto contra suas possessões territoriais como contra seu poderio militar. Havia sido desalojado da Birmânia e de uma série de posições estratégicas nas ilhas do Pacífico central e sudoeste, mas ainda mantinha o controle de posições 	nas Índias e em grande parte da China, inclusive a Manchúria com seus importantes recursos e suas indústrias de guerra. As campanhas terrestres na Birmânia e nas Filipinas - as maiores que já haviam sido empreendidas contra o Japão pelos Aliados - haviam sido desastrosas para as forças japonesas nelas engajadas, mas essas guarnições representavam apenas uma fração 	de seus efetivas militares. O grosso de seus exércitos encontrava-se nas ilhas metropolitanas e na China continental e ainda não havia sido engajado em grande escala. Apesar disso, o Japão já se encontrava derrotado, e embora ainda se encontrasse em situação de prolongar o conflito e fazer com que seus inimigos pagassem caro a vitória, não tinha mais esperança de evitar a derrota final.
 
Isso era o vitorioso resultado da estratégia aliada no Pacífico ocidental, cuja causa era a crescente superioridade aos americanos tanto no ar como no ar, empregada em estreita coordenação no sentido de abrir uma passagem direta para as ilhas metropolitanas japonesas. A própria natureza da campanha insular privara os japoneses de qualquer oportunidade real de utilizar completamente suas forças terrestres em defesa das vias de acesso para a metrópole. Antes de terem sido alcançadas as Filipinas, não havia qualquer possibilidade séria de que os reforços japoneses pudessem chegar até as guarnições nipônicas em perigo, e isso em conseqüência da superioridade aliada no mar; e até o ataque às Filipinas, os americanos não se viram obrigados a invadir qualquer ilha em que os japoneses tivessem uma poderosa guarnição pronta para enfrentar o ataque. E quando essa fase foi alcançada, a combinação das forças navais e aéreas com a superioridade que havia sido alcançada, poderia isolar o Japão propriamente dito de suas conquistas insulares mais afastadas, e atacar as defesas e os recursos das ilhas metropolitanas como preparação para o assalto direto. Apesar de imensa, esta operação tinha boas possibilidades de determinar o colapso do Japão no continente asiático, sem precisar engajar-se numa luta prolongada com as restantes forças inimigas .
 
Tal situação colocava o Japão num dilema insolúvel. Com sua marinha desmantelada e sua aviação em inferioridade, o maior recurso de que ainda dispunha eram seus efetivos terrestres ainda relativamente intactos. Mas a direção do ataque aliado impedia o emprego completo desses efetivos no ponto mais necessário. Era mesmo impossível concentrar todas as tropas disponíveis no Japão propriamente dito com a esperança de que as mesmas pudessem repelir a invasão. A retirada da China e da Manchúria significaria o abandono de recursos de importância vital, e proporcionaria aos Aliados facilidades ainda maiores para concentrar seus ataques aéreos e realizar operações militares em escala ainda maiores. Por outro lado, a manutenção de grandes forças no continente não oferecia qualquer perspectiva de salvação. O domínio que os Aliados possuíam sobre as rotas marítimas e no ar, levava o Japão a ser submetido a um crescente bombardeio e a um bloqueio cada vez mais apertado. Cortadas as suas linhas de abastecimento para o continente e destruídas e devastadas as suas indústrias, pouco lhe valeria manter o controle da China, e seus exércitos no continente ficariam em situação de serem ultrapassados e neutralizados da mesma forma como o haviam sido as guarnições menores durante a campanha do Pacífico. Qualquer que fosse o caminho que o Japão viesse a escolher, a sua derrota final estava selada.
 
No mar, os japoneses haviam sofrido derrotas catastróficas, de conseqüências irreparáveis. O controle naval americano estendia-se até as próprias praias do Japão, e os japoneses não possuíam mais uma esquadra capaz de desafiar esse controle. Na batalha do golfo de Leyte os japoneses haviam empregado todos os grandes navios de guerra de que ainda dispunham, num esforço supremo para mudar o curso dos acontecimentos, mas nisso haviam fracassado desastrosamente. As forças derrotadas que ainda restavam tinham sido reduzidas a meia dúzia de couraçados e a uns poucos porta-aviões com avarias mais ou menos sérias, e durante os seis meses seguintes, o contínuo desgaste havia virtualmente eliminado a marinha japonesa como força combatente.
 
 
 
Os navios que haviam fugido do golfo de Leyte não encontraram segurança nas águas que antes controlavam, e nem mesmo nas bases navais metropolitanas. O Kongo, localizado nas proximidades de Foochow nos últimos dias de novembro de 1944, foi posto a pique por um audacioso ataque de um submarino americano. Em março de 1945, durante as incursões de porta-aviões que precederam o ataque a Okinawa, os aviões americanos sobrevoavam as águas metropolitanas e infligiam novas perdas aos navios de guerra que se haviam refugiado em Kure e Kobe. A 6 de abril tiveram os aviadores americanos uma nova grande oportunidade, quando o couraçado Yamato, que havia sido avariado em vários ataques aéreos anteriores, foi localizado com uma força de cobertura composta de vários navios leves ao largo da costa sudoeste de Kyushu. A oportunidade de destruir o último couraçado moderno que o Japão ainda possuía foi prontamente aproveitada, aumentando-se a urgência do ataque pela possibilidade de uma sortida que, ao invés de ser simplesmente uma fuga para Kure, poderia pressagiar um ataque desesperado contra as forças americanas em Okinawa. Na manhã de 7 de abril os porta-aviões do Destacamento de Combate n° 58 desfecharam um ataque concentrado contra a flotilha japonesa. O Yamato, que era o objetivo principal, resistiu a um tremendo castigo de bombas e torpedos, mas pouco depois do meio-dia foi atingido num ponto vital e afundou logo apos uma tremenda explosão. Dos navios da escolta, um cruzador ligeiro e quatro destróieres foram afundados, dois outros destróieres foram incendiados e somente três destróieres conseguiram escapar sem avarias.
Essa vitória selou definitivamente o destino da esquadra japonesa como força combatente. Dos doze couraçados com que iniciara a guerra, somente quatro ainda flutuavam mas ainda esses com avarias. Dos 26 porta-aviões, inclusive um que ainda não havia sido posto em serviço, restavam sete. Dos 18 cruzadores pesados, havia ainda seis e desses pelo menos dois estavam sofrendo reparos. O resto da marinha se recolhera aos portos e estaleiros, onde, entretanto, sofria os ataques da aviação .americana, que em julho descobriu no porto de Kure as unidades navais restantes e afundou a maior parte delas.
 
A destruição da marinha japonesa trouxe novos encargos para as forças aéreas do Japão. A última esperança de atingir seriamente a esquadra americana, e desta forma evitar, ou pelo menos retardar a invasão, residia no emprego da aviação. A força japonesa de porta-aviões havia sido virtualmente eliminada, mas em abril o avanço dos americanos os levara para dentro do raio de ação das bases terrestres japonesas, e o peso principal da aviação japonesa pôde ser lançado contra os navios americanos ao largo de Okinawa e contra os porta-aviões que cobriam as forças sem operações. Mas o tremendo esforço que tal estratégia acarretava precisava ser levado a efeito justamente no momento em que a metrópole japonesa começava a sofrer a fúria dos ataques aéreos em massa. A aviação japonesa era insuficientepara desafiar o poderio naval americano e defender as suas cidades. As crescentes perdas de aviões eram acompanhadas de poderosos golpes contra a produção de aviões; e embora a produção continuasse superior às perdas, a margem cada vez menor tornava mais e mais difícil para o Japão montar uma campanha numa escala suficientemente grande para deter o avanço anfíbio americano, e ao mesmo tempo para acumular reservas aéreas para a prova final, quando fosse lançada a invasão contra o Japão propriamente dito.
 
A fase estratégica da campanha de bombardeio contra o Japão entrava numa nova fase no outono de 1944. Os primeiros golpes haviam sido desfechados pelo 20o Comando da XX Força Aérea, partindo de bases na China. Havia ficado provado que esses aparelhos poderiam alcançar objetivos situados na parte meridional do Japão, bem como os estabelecimentos japoneses no continente dentro de um grande arco que se estendia de Singapura até Mukden. Mas conduzir uma campanha contínua em escala substancial, partindo das bases chinesas existentes, era uma questão que envolvia vários problemas dificílimas, bem como os perigos de vôos muito longos através de territórios ocupados pelo inimigo. Para esmagar com a aviação a resistência japonesa, como esperavam alguns estrategistas, era preciso conseguir bases mais acessíveis, e se possível mais próximas do objetivo principal.
 
Um dos mais importantes resultados da conquista das Marianas foi tornar disponíveis tais bases. Embora fossem ainda grandes as distâncias dessas ilhas ao Japão, estavam perfeitamente dentro do raio de operação das Super-Fortalezas. Estando as rotas marítimas em segurança, era possível agora transportar para as Marianas um volume de suprimento que no caso da China não fôra possível, e a área das ilhas era bastante vasta para fornecer as bases necessárias para operações contínuas em grande escala. Mesmo antes de estar completa a conquista, já começara o trabalho em uma base aérea em Saipan, de onde o 21o Comando de Bombardeiros iria lançar sua primeira operação. No começo de 1945, haviam sido estabelecidas outras bases em Guam e Tinian; e enquanto as B-29 que tinham suas bases na China continuavam seus ataques contra objetivos no continente asiático, as forças que tinham suas bases nas Marianas tomavam a seu cargo o ataque principal contra o Japão.
 
As novas operações foram iniciadas com um ataque diurno contra Tóquio por 111 Super-Fortalezas, a 24 de novembro. A capital japonesa, até então inatingida a não ser pela incursão de Doolittle em 1942, havia perdido a imunidade que a distância lhe conferira. Poucos acontecimentos refletiam tão bem a mudança da situação quanto o fato de que Tóquio podia agora ser submetido a uma campanha metódica de destruição pelo ar. A cidade foi alvo de três outros ataques durante os nove dias seguintes. Em meados de dezembro, os bombardeiros voltaram sua atenção para Nagoya, atacada três vezes em oito dias, e a 27 de dezembro Tóquio foi atingida novamente pela primeira vez desde 3 de dezembro.
 
O objetivo principal desses ataques era a produção aeronáutica japonesa. Os bombardeiros com bases na China já haviam desfechado ataques diretos contra as fábricas de aviação em Formosa e Kyushu, e durante este período continuaram a atacar esses objetivos. Os reides dos aviões partidos das Marianas tinham como principais objetivos duas fábricas de motores de aviões na zona de Tóquio e duas em Nagoya. Havia necessariamente muito de experimental nos primeiros ataques. Bombardeios diurnos de grande altura, especialmente contra fábricas de aviões, eram acompanhados de ataques contra as zonas industriais de Tóquio e de Nagoya e de uma incursão noturna contra Tóquio a 29 de novembro. Com exceção do primeiro ataque contra Tóquio, pouco mais de 100 aviões foram empregados em cada um dos ataques, e embora tivessem causado danos consideráveis, não se podia considerar nenhum dos objetivos como realmente destruídos. Os bombardeiros estratégicos procuravam fixar a melhor tática a ser empregada numa situação cheia de dificuldades e de incertezas. Ataques contra objetivos situados a 1.500 milhas de distância, acarretavam sérios problemas de navegação. Um vôo sobre o oceano significa menos perigo de intervenção inimiga do que um vôo sobre território hostil, mas oferece menos pontos de referência; mas ainda mais sério do que localizar objetivos é o problema de traçar uma rota direta e precisa para encontrar na volta as bases situadas em ilhas relativamente pequenas. O poderio das defesas aéreas japonesas e a eficácia das organizações japonesas de bombeiros e de reparações, eram fatores desconhecidos no começo da campanha. Iwo Jima ainda se achava, então, em poder dos japoneses, e era uma estação que podia avisar a metrópole de que se aproximavam incursores inimigos e de onde poderiam também sair os aparelhos de caça para interceptar os atacantes, tanto na ida como na volta. E o que não era menos importante: as informações meteorológicas eram muito escassas, e era preciso adquirir muita experiência por meio de reconhecimentos e dos próprios ataques até que essas desvantagens desaparecessem em parte.
 
Em conseqüência disso, durante as seis primeiras semanas de 1945, as operações partindo das Marianas continuaram a ser realizadas numa escala relativamente modesta. Durante o mês de janeiro foram efetuados seis ataques, e três na primeira metade de fevereiro com forças de 60 a 80 aparelhos. Tóquio e Nagoya continuavam a ser os principais objetivos, mas o ataque fôra também levado até a zona de Kobe. Entrementes, os próprios ataques forneciam o material necessário para um estudo mais sério das experiências táticas e de suas aplicações, enquanto um período de acúmulo de recursos e de intensivo treinamento do pessoal criava condições para uma nova fase da campanha. No período de duas semanas, de 19 de fevereiro até 4 de março, houve apenas três ataques de importância, todos contra Tóquio. Foram feitos, entretanto, com maior número de aparelhos, chegando até a duzentos, e foram o começo de uma nova série caracterizada não somente por um rápido aumento de efetivos e de freqüência, mas também pelo emprego de uma tática completamente nova.
 
Fôra decidido desencadear uma grande ofensiva contra as principais cidades japonesas, tendo o fogo como a arma preponderante. O emprego em grande escala de bombas incendiárias na ofensiva aérea contra a Alemanha comprovou a sua eficácia contra zonas industriais concentradas. As circunstâncias faziam essa arma ainda mais apropriada para o ataque ao Japão. Havia relativamente poucos centro de produção de guerra em grande escala, mas nesses centros a fabricação de partes de aviões e de outros materiais de guerra estavam disseminados por um grande número de pequenas oficinas, espalhadas numa vasta zona urbana. Um ataque com bombas explosivas poderia destruir uma grande fábrica montada, ou uma unidade de produção industrial como uma fábrica de motores, por exemplo. Mas para deter a produção japonesa era preciso destruir praticamente as principais cidades do país, e isso não podia ser feito convenientemente por meio de bombardeios de grande altura com bombas explosivas. O incêndio, entretanto, poderia ser mais eficaz do que nas cidades européias. A facilidade com que o incêndio se propaga nas cidades japonesas pode ter sido exagerado, mas a verdade é que eram mais vulneráveis do que as cidades européias. Novos tipos de bomba, que utilizavam gasolina gelatinosa que se espalhava rapidamente e de difícil extinção, eram armas mortíferas contra os edifícios de madeira das fábricas e casas dos distritos industriais, e a relativa ineficiência das organizações de bombeiros era mais um elemento que favorecia este tipo de ataque.
 
Pata sua máxima eficiência ficou estabelecido que se adotasse o emprego de uma tática completamente nova. Ao invés de ataques diurnos de grande altura, os bombardeiros deveriam ser empregados à noite, numa altitude de 1.500 metros. Em vista do fato de que nãohavia ainda sido estabelecida com segurança o poder das defesas anti-aéreas japonesas, esta nova tática poderia resultar em perdas desastrosas, mas as possíveis vantagens pareciam valer os riscos assumidos. O bombardeio noturno significa fundamentalmente bombardeio de zona, mas o ataque a baixa altura, combinado com uma técnica de localização, permitiria a introdução de novos elementos de precisão. Uma zona relativamente restrita poderia ser escolhida para ser saturada de bombas incendiárias, cujos incêndios, ateados próximos uns dos outros, e concentrados num espaço de poucos quilômetros quadrados, se transformariam rapidamente numa única conflagração antes que pudessem ser dominados. Era uma técnica que, se tivesse êxito, abria perspectivas para uma devastação metódica e quase completa das principais cidades japonesas.
 
O primeiro golpe foi desfechado contra Tóquio a 10 de março. Durante a semana seguinte, três outras cidade japonesas - Nagoya, Osaka e Kobe foram por sua vez atingidas, e um outro ataque foi desfechado contra Nagoya em 19 de março. Cada ataque foi desfechado por forças de 300 a 400 aviões cuja carga de bomba era em média de seis toneladas. Todos os temores existentes a respeito de perdas pesadas foram completamente dissipados. No primeiro ataque contra Tóquio foram perdidos dois aviões, e os quatro ataques seguintes foram conduzidos sem a perda de um só aparelho. Sob o ponto de vista da destruição causada, os resultados foram vários. O ataque contra Tóquio, dirigido contra uma área de 25 km², ateou incêndios que devastaram realmente 45 km². Em Nagoya, ao contrário, os incêndios causados pelo primeiro ataque foram prontamente dominados e mesmo o segundo ataque teve êxito apenas parcial. Entretanto, em Osaka e Kobe, por estarem menos preparadas ou serem mais propícias a esse tipo de ataque, as áreas incendiadas foram de 20 a 30 km².
 
Esses ataques incendiários, embora constituíssem a base da nova tática, não foram adotados como os únicos métodos do ataque. Após o segundo reide contra Nagoya, os bombardeiros atacaram também com bombas de alto poder explosivo dirigidas contra objetivos específicos. Houve um ataque de baixa altura contra Nagoya a 24 de março, seguido de incursões contra Omura e Tóquio; e na primeira semana de abril os bombardeiros, utilizando forças menores do que as empregadas nas ataques incendiários noturnos, voltaram a lançar ataques diurnos contra objetivos específicos. A campanha foi grandemente auxiliada pela conquista de Iwo Jima e pelo estabelecimento de uma base de aparelhos de caça nessa ilha. A 7 de abril, foi iniciada nova fase na campanha com o emprego de aparelhos Mustang de longo raio de ação, que escoltaram as B-29 numa dupla expedição diurna contra Tóquio e Nagoya.
 
Tóquio e Koriyama foram atingidas a 12 de abril, e em 14 e 16 do mesmo mês os bombardeiros noturnos realizaram dois devastadores ataques contra a capital. Em conseqüência dos três ataques incendiários, 90 km² de Tóquio foram reduzidos a ruínas, e a população da cidade foi reduzida de 7 para 4 milhões de habitantes. Nas quatro principais cidades japonesas, a destruição causada nas fábricas e nas residências e as modificações causadas nos serviços essenciais alcançaram as proporções de um grande desastre. Embora os bombardeiros pesados tivessem sido desviados durante as quatro semanas seguintes para a realização de ataques em apoio às operações de Okinawa, a pausa trouxe poucas esperanças de que o Japão pudesse resistir por muito tempo â prova de fogo que os ataques anteriores demonstrava haveria de ser em escala muito maior.
 
Tendo a guerra chegado ao próprio território metropolitano, o governo japonês descobriu que, além de outros problemas, tinha também dificuldades políticas. O alardeamento de vitórias obtidas sobre as forças americanas e as repetidas profecias da iminente destruição das forças invasoras avançadas, não conseguiam esconder o fato de que o avanço aliado continuava. E quando tal propaganda era alternada com veementes advertências a respeito da crescente gravidade da situação, as notícias de supostas vitórias somente servia pata acentuar o completo fracasso do governo ante a maré da derrota. Qualquer sério descontentamento popular ante a maré da derrota ou todo boato de paz poderia ser controlado pelo rígido sistema policial, mas o clamor patriótico que exigia melhores medidas de defesa nacional não mais podia ser suprimido. Os elementos extremistas, que advogavam um sistema completamente totalitário, tornavam-se mais audaciosos em suas críticas, e no começo do ano havia uma crescente campanha em favor de mudanças drásticas tanto na estrutura quanto na composição do governo.
 
Todas as tentativas feitas pelo general Koiso para satisfazer tais exigências, mostraram-se ineficientes. Koiso fôra elevado ao posto de primeiro ministro quando a conquista de Saipan pelos americanos determinou a queda do gabinete Tojo. O ministério Koiso sobrevivera à conquista do que restava das Marianas e da Nova Guiné, à invasão das Filipinas, ao desastre naval do golfo de Leyte, à queda de Manila e à captura de Iwo Jima. Mas esta longa série de desastres resultara no aumentado da inquietação conseqüente da completa incapacidade do governo para deter o rápido e contínuo agravamento da situação japonesa. A ineficácia das medidas para aumentar a produção de guerra foi tacitamente reconhecida em março, quando uma mudança no gabinete eliminou as principais responsáveis por este aspecto do esforço de guerra. A fraqueza das defesas aéreas japonesas foi brutalmente evidenciada pelos devastadores ataques americanos contra as cidades nipônicas. Em fins de março foi formalmente constituída uma nova organização política, a Associação Política para um Japão Maior, sob a direção de um militarista extremado, o general Minami. Essa sociedade absorveu a Associação do Governo do Império, que até então fôra uma das mais proeminentes expressões dos princípios fascistas, tomando uma posição fora do governo, e, se necessário, contra ele. Com a invasão de Okinawa, o cambaleante governo de Koiso sofreu o golpe decisivo. O gabinete resignou a 5 de abril, e foi substituído por um ministério sob a direção do almirante Suzuki, sendo nele incluído como ministro sem pasta o general Minami.
 
O novo gabinete representava pouco mais de que seu predecessor no que respeita à capacidade de resistência, e seu legado de derrota foi aumentado por um acontecimento novo e de mau presságio. No mesmo dia em que caiu o gabinete Koiso, a União Soviética denunciou o pacto de neutralidade com o Japão. Este tratado, concluído em 1941, havia diminuído o perigo que pairava sobre o flanco asiático da União Soviética, e tornou possível à Rússia lançar a maior parte de seu potencial de guerra na luta européia. Também dera aos japoneses a segurança de que não haveria um ataque na Manchúria e deixava o Japão livre para a marcha em direção ao sul, iniciada com a agressão a Pearl Harbor. Entretanto, aproximando-se o fim da guerra na Europa, a finalidade principal do pacto já fôra alcançada no que dizia respeito aos interesses soviéticos. Tecnicamente, a denúncia do pacto o deixava ainda em vigor durante mais um ano, mas a linguagem em que a URSS comunicou a sua decisão sugeria de modo bem claro que considerava o tratado como nulo. O Japão era acusado de ajudar a Alemanha como seu aliado na guerra contra a Rússia, e de fazer guerra aos aliados da União Soviética. "Nesta situação",- afirmava a nota, "o pacto de neutralidade entre o Japão e a URSS perdeu seu significado e a continuação do mesmo se tornou impossível." Era uma medida formal tomada pela Rússia a fim de ficar em condições de cumprir o compromisso ainda secreto de Yalta de entrar na guerra contra o Japão.
 
Diante desses crescentes perigos, o novo governo pouco mais podia fazer do que continuar as medidas já iniciadas por seus antecessores. Em março foram tomadas medidas preliminares para conseguir uma completa mobilização de homens e material.As escolas foram fechadas durante um ano a fim de aumentar a mão de abra para as indústrias de guerra. A Guarda Territorial de reservistas treinados foi aumentada de modo a incluir homens de 15 a 60 anos, e mulheres entre 17 e 40 anos, organizada como Corpo de Voluntários do Povo para os trabalhos nos estabelecimentos militares e para a defesa local em caso de invasão. A derrocada final da Alemanha em maio, que deixava o Japão a combater sozinho o poderio das Nações Unidas, tornou ainda mais necessária a mobilização de todos os recursos disponíveis a fim de enfrentar a prova suprema. Foi convocada, em junho, uma sessão especial da Dieta com o intuito de dar à nação sua aprovação formal aos poderes ditatoriais sobre pessoas e bens, que o primeiro ministro havia assumido de acordo com a cláusula de emergência da constituição. Um indício do espírito crítico em relação ao governo foi o fato de que a Dieta hesitou em aprovar tal autoridade limitada e insistiu em que um comitê de seus próprios membros assumisse um posto consultivo. Mas para todos os fins práticos, os recursos nacionais achavam-se agora inteiramente à disposição do governo para as finalidades da guerra total.
 
Entretanto, era por demais evidente que tais recursos não poderiam impedir o desastre que se aproximava. Era verdade que, apesar da interrupção de suas comunicações marítimas, o Japão ainda possuía consideráveis reservas tanto de homens como de matérias-primas, e poderiam ter esperanças de travar uma luta prolongada, apesar do bloqueio a que estava submetido. Uma grande parte de seu sistema industrial permanecia intacto mesmo depois de uma série de ataques incendiários, e estavam sendo feitos esforços para remover para a Manchúria as indústrias mais vulneráveis, pois lá estariam até certo ponto mais protegidas dos ataques aéreos. Por outro lado, a vantagem que o Japão tirava das indústrias manchurianas era cada vez mais duvidoso como resultado do estrangulamento cada vez maior das comunicações marítimas entre o Japão e o continente; e embora houvesse freqüentes referências à possibilidade de continuar a luta na Manchúria, tais planos ofereciam poucas esperanças de salvação para o Japão propriamente dito. Já não era mais passível tomar qualquer medida que barrasse a aproximação da invasão. Tudo o que se podia prever era uma luta desesperada e suicida que pudesse derrotar as forças invasoras depois que as mesmas desembarcassem, e a pressão cada vez maior, bem como o aumento dos ataques aéreos americanos, tornavam mesmo esta hipótese mais difícil à medida que se passavam os dias. Embora Suzuki sustentasse diante da Dieta a possibilidade de que os Aliados viessem a ser repelidos do solo japonês, era por demais evidente a inconsistência dessa perspectiva, e o que significava era a resolução desesperada de que "não havia outra alternativa senão lutar até o fim".
 
A Invasão de Okinawa
 
Antes que todo o peso do poderio americano pudesse ser lançado contra o território metropolitano inimigo, era preciso ainda tomar mais uma medida preliminar. A cobertura aérea, de importância tão vital para o bom êxito das operações anfíbias, tinham sido até então fornecido pelos aviões dos porta-aviões. Sua eficácia havia sido demonstrada pelos desembarques nas Marianas e nas Filipinas; mas este emprego tinha também as suas limitações, e as desvantagens de depender da esquadra para apoiar as operações terrestres durante um período mais ou menos longo ficaram logo patentes de vários modos. A invasão do Japão, da mesma forma que a da Normandia, exigiria um firme apoio aéreo até serem conquistadas no solo inimigo bases aéreas adequadas. Era geograficamente impossível conquistar uma base terrestre comparável à Inglaterra, quanto às facilidades e à proximidade da zona de invasão, mas isso tornava ainda mais urgente a necessidade de conquistar-se a base mais conveniente possível a uma distância de ataque do Japão.
 
Posto de lado o continente asiático, a escolha se limitava às Ryukyus. As Filipinas estavam situadas a uma distância grande demais. Iwo Jima, que se achava no alcance extremo dos aparelhos de caça, era pequena demais para servir como base principal. Mesmo Okinawa encontrava-se a 600 km da extremidade meridional do Japão. Mas isso era apenas a metade da distância entre o Japão e Iwo Jima, e a área de Okinawa bem como a configuração do terreno fazia dessa ilha a melhor escolha possível para uma base aérea avançada. Com a captura de Iwo e Luzon, Okinawa tornou-se quase inevitavelmente o próximo objetivo no avanço sobre Tóquio.
 
A posse de Iwo Jima foi imediatamente seguida de operações preparatórias dirigidas contra este novo ponto de ataque. Mais uma vez a esquadra tomou a seu cargo a dupla tarefa de enfraquecer as defesas da ilha e impedir que lhe chegasse apoio por mar e pelo ar. O êxito limitado, quanto ao primeiro desses objetivos repetia uma experiência já tornada familiar de Tarawa a Iwo Jima. Mais uma vez os invasores tiveram de combater contra defesas terrestres que haviam suportado o bombardeio marítimo e aéreo, e avançar contra posições fortificadas que somente puderam ser capturadas em combates aproximados, após esforços custosos e intensos. A luta pelo domínio do ar, por outro lado, caracterizava-se por aspectos relativamente novos em que a aproximação do objetivo final pôs em jogo novos fatores. A invasão das Filipinas já havia mostrado a dificuldade com que se defrontava a marinha para destruir uma força aérea inimiga que possuía bases terrestres relativamente numerosas à sua disposição e que se encontrava dentro do raio de ação dos reforços. As novas operações, aproximando se do Japão, fizeram com que o território metropolitano ficasse dentro da zona de combate aéreo, e a esquadra americana, em suas atividades de cobertura, era obrigada, pelo menos potencialmente, a enfrentar o grosso da aviação japonesa.
 
Como elemento principal da situação, acentuava-se o fato da necessidade de neutralizar as bases aéreas no Japão meridional como prelúdio para o ataque a Okinawa. O golpe inicial foi desfechado pelo Destacamento n° 58, cujo efetivo se elevava agora a 15 porta-aviões e uma dúzia de modernos e rápidos couraçados. Nos dias 18 e 19 de março, numa incursão em que os navios chegaram a 40 milhas da costa japonesa, os aviões navais sobrevoaram os aeródromos de Kyushu e atacaram navios de guerra e de transporte japoneses nas águas metropolitanas. Era um arrogante desafio à aviação japonesa, que não ficou completamente sem resposta. O porta-aviões Franklin, alcançado por duas bombas, foi presa de incêndios e explosões, e embora a heróica atuação de seus tripulantes e o apoio dos demais navios fizessem com que a belonave chegasse à sua base pelos próprios meios, isso somente pôde ser conseguido com a perda de quase a metade de sua tripulação. O porta-aviões Yorktown e vários outros navios receberam avarias mais ligeiras, e os aviões japoneses perseguiram a frota durante dois dias, quando esta partiu das águas do Japão em direção a Okinawa. Além dessas perdas navais, perderam-se também 116 aviões no curso de quatro dias. Mas 528 aviões japoneses foram destruídos no ar ou no terreno, além de avarias em outros aviões e nas instalações. Os japoneses levaram duas semanas para recuperar-se desse golpe, que impediu qualquer interferência aérea de importância no desembarque em Okinawa ou nas operações que lá se verificaram nos dias seguintes.
 
A preparação do ataque a Okinawa começou a 23 de março com uma incursão realizada por porta-aviões sobre a ilha e as ilhas menores adjacentes, que eram objetivos subsidiários. A 24 de março os couraçados aproximaram-se para bombardear a costa sudeste, que oferecia uma possível zona de desembarque; na mesma data os caça-minas começaram o seu metódico trabalho de limpeza dos campos de minas que protegiam as vias de acesso para a ilha. A 26, enquanto os couraçados davam início a um bombardeio sistemático das defesas ao longo da costa ocidental, as operações foram ampliadaspor dois ataques simultâneos. Um forte destacamento naval inglês, capitaneado pelo couraçado King George V e de que faziam parte quatro porta-aviões modernos, começou um firme bombardeio do arquipélago de Sakashima, a sudoeste de Okinawa. Durante os dois meses seguintes, com exceção de duas semanas de intervalo no fim de abril, este destacamento concentrou-se na neutralização dos aeródromos de Sakashima, impedindo que essas bases dessem apoio aos defensores de Okinawa. E no mesmo dia o arquipélago de Kerama, a 20 milhas a oeste da extremidade sul de Okinawa, foi invadida pelas tropas americanas.
 
As Keramas formavam um importante ponto de passagem em direção ao objetivo principal. A finalidade de sua captura era estabelecer uma base de onde os aviões pudessem patrulhar as águas em torno de Okinawa, e criar ali uma base de recuperação onde os navios avariados pudessem receber rapidamente auxílio durante o curso das operações. Os aeródromos de Okinawa foram capturados poucas horas depois do desembarque, e a ocupação das Keramas foi considerada tão importante que uma divisão inteira, a 77a, foi enviada para cumprir a missão. A pequena guarnição japonesa foi rapidamente esmagada, e embora parte da mesma tivesse escapado para as montanhas, a 28 de março as ilhas se encontravam praticamente em mãos dos americanos. A pequena ilha de Keise foi também capturada, e a artilharia pesada americana foi colocada ao alcance de Okinawa.
 
A invasão de Okinawa foi iniciada a 1o de abril. Enquanto se fazia uma demonstração de desembarque na costa sudeste a fim de desviar a guarnição japonesa, a força assaltante, composta de duas divisões de fuzileiros navais e duas do exército, avançou para a praia na costa ocidental, na baía de Hagushi. Era a vanguarda do X Exército recém-organizado, composto do XXIV Corpo de Exército e do III Corpo de Fuzileiros. As 6a e 1a divisões de fuzileiros encontravam-se na esquerda, e a 7a e a 96a divisões do exército encontravam-se à direita. No curso da campanha subseqüente, as 27a e 77a divisões entraram em ação com o XXIV Corpo, e os fuzileiros foram reforçadas por um destacamento de combate tirado da 2a divisão que se encontrava em reserva. Os problemas impostos pela distância e pelas necessidades criadas pelo abastecimento, ficaram evidenciados pelo fato de que a esquadra de invasão, composta de 1.400 navios, excedia em número à força naval empregada na invasão da África do Norte. Esta frota contava com 300 navios de guerra, entre eles antigos couraçados que com o peso de seus canhões aumentavam a intensidade do bombardeio naval e aéreo que apoiava o desembarque.
 
O plano de invasão incluía um ataque através da ilha por parte das duas divisões que formavam o centro da força invasora, enquanto as unidades que se encontravam em cada flanco se dirigiam para o norte e o sul para formar os lados do corredor. Esperava-se desta forma dividir as forças defensoras, que poderiam então ser comprimidas por ataques simultâneos em direção às extremidades norte e sul da ilha. O avanço através da ilha foi completado com inesperada rapidez, mas sua finalidade tática foi em grande parte frustrada pelo fato de ter o comandante japonês abandonado virtualmente o norte e o centro da ilha, concentrando suas forças no sul.
 
A guarnição japonesa elevava-se aproximadamente a 120.000 homens, cerca do dobro do número calculado pelo serviço de informações americano, e quase duas vezes mais numerosa do que a força inicial de desembarque. Concentrada numa área cujas vantagens defensivas naturais eram reforçadas por fortificações habilmente construídas, e equipada com grande abundância de morteiros e artilharia que lhe dava formidável potência de fogo, esta força tinha boas possibilidades de oferecer melhor resistência do que se estivesse dispersa por uma área maior. Quer tenha sido ou não enganado pela finta de desembarque feita pelos invasores na costa sudeste, o certo é que o comandante japonês, ao concentrar-se no sul, escolheu as posições mais favoráveis à defesa.
 
Menos explicável, porém, é o fato de não ter aproveitado as vantagens iniciais das primeiras fases do desembarque. Sem dividir suas forças, teria podido oferecer uma poderosa resistência de retaguarda, a partir das praias, nas quais mesmo o bombardeio de nove dias não poderia ter destruído completamente os fortins e demais posições defensivas. Entretanto, os invasores puderam desembarcar virtualmente sem oposição. Tão preocupados estavam os japoneses em consolidar suas principais posições, que entregaram os dois principais aeródromos sem luta e permitiram que esses dois objetivos vitais caíssem em poder dos americanos, nas primeiras três horas depois do desembarque. Não fizeram os defensores nenhuma tentativa de abrir na praia uma barragem de artilharia, embora estivesse a zona ao alcance dos seus canhões e, contrastando com a devastadora cortina de fogo que caiu logo após a primeira vaga de assalto em Iwo Jima, houve quase completa falta de atividade no sentido de impedir a chegada de reforços e abastecimentos destinados a consolidar as posições recém-conquistadas.
 
Em conseqüência, o avanço através dos 13 km da parte mais estreita da ilha, que deveria, segundo as previsões, ser feito em duas semanas, foi completado em pouco mais de dois dias. Os fuzileiros navais se dirigiram, em direção ao norte para a parte menos povoada da ilha, cujo terreno, quebrado e coberto de mato, retardava o avanço mesmo sem uma oposição inimiga séria. Na península de Motobu foi encontrado forte ponto de resistência, a dois terços da distância até a costa ocidental. Mas enquanto a tarefa de esmagar os japoneses nesta posição prosseguia lentamente, o ataque principal continuava progredindo. A 22 de abril terminara qualquer resistência séria no norte da ilha, embora restassem alguns destacamentos japoneses para serem liquidados. A pequena ilha de Ie, ao largo da costa ocidental, fôra capturada, com seus três aeródromos, e os fuzileiros navais podiam lançar seus efetivos contra o setor meridional, onde ss travava então uma das lutas mais encarniçadas.
 
A península do sul era a parte mais populosa e cultivada de Okinawa. Nessa região encontravam-se as localidades principais bem como as zonas de produção agrícola. Ao retirar-se para este setor, os japoneses fizeram por obter vantagens que incluíam não somente as principais facilidades de transporte e de abastecimento, mas também a fonte principal tanto de alimentos como de trabalho por parte da população civil. A mão de obra dos civis foi aumentada pela convocação obrigatória de todos os homens aptos nas partes norte e central da ilha, que foram tangidos para o reduto meridional. E, sobretudo, a natureza acidentada do terreno oferecia vantagens naturais para a defesa. Justamente ao sul das praias de desembarque, uma sucessão de elevações atravessavam a ilha, formando uma série de posições de grande valor defensivo. Os barrancos íngremes estavam cheios de cavernas onde se abrigavam metralhadoras, morteiros e canhões, somente vulneráveis ao fogo direto. Tais abrigos eram completados por fortins e casamatas construídos pelos defensoras, e por trincheiras que aprofundavam as defesas e ligavam os vários pontos fortes, campos de minas e redes de arame farpado. A parte sul de Okinawa era uma fortaleza defendida por uma poderosa guarnição, abundantemente abastecida de munição e equipada não somente com morteiros e artilharia pesada, mas também com plataformas de lança-foguetes de grande calibre que projetam bombas de aviação.
 
A principal linha defensiva estava fixada em três pontos: Naha, na costa ocidental; Shuri, no centro da ilha; e Yonabaru no flanco oriental. Ao norte, entretanto, uma série de posições em profundidade estendia-se até um ponto a 7 km acima de Naha, onde as elevações de Kakazu formavam o flanco ocidental da primeira linha de defesa que se estendia diretamente através da ilha. A 4 de abril as divisões que haviam marchado para o sul encontraram uma forte resistênciade retaguarda que retardou abruptamente a progressão e que as deteve poucos dias depois. A 96a divisão no flanco direito não conseguiu, apesar de seus repetidos esforços, atravessar a cordilheira de Kakazu. A 27a divisão, que se encarregou do setor ocidental enquanto a 96a se transferia para o centro, não teve maior êxito. A linha japonesa resistiu tanto ao bombardeio como ao assalto. Os defensores não somente respondiam com cerrado fogo, mas também contra-atacavam repetidamente em incursões e desembarques de pequeno vulto atrás das linhas americanas. A medida que se prolongava o impasse, ficou evidenciado que seria preciso um esforço contínuo e árduo para desalojar os japoneses das posições em que estavam tão firmemente consolidados.
 
Tal situação, já de si mesma grave sob o ponto de vista das forças terrestres, era ainda mais séria sob o ponto de vista da marinha. As forças invasoras haviam conseguido apoderar-se de dois aeródromos de Okinawa e tinham desembarcado artilharia, mas seus recursos ainda eram insuficientes para dominar as posições fortificadas japonesas por meio do bombardeio ou para cobrir a operação contra o ataque aéreo inimigo. Ainda precisavam do apoio dos canhões pesados da frota e da proteção dos aviões com base nos porta-aviões. A marinha via-se assim diante de um empreendimento sem precedentes e extremamente difícil. Os navios de guerra, utilizados para bombardeio, ao invés de recuperar a sua mobilidade após o estabelecimento do ponto de apoio em Okinawa, foram obrigados a representar um papel estático com uma artilharia flutuante em apoio às operações terrestres. Os porta-aviões rápidos foram chamados à cena a fim de dar cobertura tanto para as forças terrestres como para os navios ao largo da costa, além de procurarem neutralizar as bases aéreas japonesas de onde partia o principal perigo.
 
Porque, apesar de não haver precedente na atitude de navios de guerra permanecerem durante um tempo tão longo em ação contínua ao largo da costa inimiga, era relativamente pequeno o perigo resultante da artilharia costeira japonesa. Mesmo o perigo de um ataque de vulto por parte de forças navais inimigas, que em Leyte tivera um caráter tão real, fôra dissipado pela vitória do golfo de Leyte. Havia, contudo, um perigo real de pequenos botes suicidas que carregavam poderosa carga de explosivos e que desfechavam ataques de surpresa contra as navios americanos imobilizados, e mesmo da parte de nadadores japoneses empregados em missões suicidas mas altamente eficientes. Acima de tudo, entretanto, havia a ameaça de ataques aéreos sob condições que ofereciam às operações suicidas o máximo de probabilidade de êxito.
 
Durante a campanha das Filipinas, o crescente número de kamikaze ou "Sopro Divino", aviadores suicidas que atacavam os navios americanos, mostrava que os japoneses transformavam esses elementos num grupo especial de ataque como parte integrante da aviação japonesa. As operações de Okinawa revelaram seu aparecimento contra objetivos que eram particularmente convidativos para aqueles pilotos, cujo lema era "ferir e morrer". Na prática, a morte para esses pilotos era ainda mais certa do que o impacto de seu aparelho contra o navio que lhes servia de objetivo. Os armamentos antiaéreos dos navios americanos haviam sido progressivamente reforçados, o que permitia o lançamento de uma pesada cortina de barragem de difícil travessia pelos aviões atacantes, e o aviador japonês que mergulhava seu aparelho contra o objetivo, constituía um alvo mais fácil do que um hábil bombardeiro que procurava também salvar-se a si e o seu avião para voltar ao ataque no dia seguinte. Porém, alguns kamikaze conseguiam atravessar a cortina de fogo e explodir com seu avião sobre o alvo escolhido. Além disso, surgiu em Okinawa uma arma que combinava as principais características do kamikaze e da bomba foguete alemã. Era a bomba baka, um pequeno avião com 5 metros de asa, lançado de um avião maior de encontro ao alvo. Era praticamente um torpedo voador guiado por um piloto que aceitava a morte certa na esperança de atingir seu objetivo. O aparelho levava mais de uma tonelada de explosivo, e era equipado com um motor cujo efeito era aumentado por um dispositivo de foguetes que elevava a 800 km por hora a velocidade do mergulho contra o navio atacado. A dificuldade de atingir um alvo tão pequeno e veloz era parcialmente contrabalançada pelo fato de ser difícil controlar realmente um aparelho com tal velocidade. Seu emprego representava um alto custo de pilotos japoneses para uma percentagem relativamente pequena de navios americanos atingidos. Mas a sua construção relativamente simples tornava fácil a sua fabricação em massa, e os japoneses levavam muito em conta tal aspecto, considerando que havia sem dúvida um suprimento ilimitado de pilotos prontos a se reunirem com seus antepassados, o que faria da bomba baka a sua arma mais eficaz contra a invasão americana. A invasão de Okinawa verificou-se antes que essa arma estivesse pronta para um emprego em grande escala, mas a natureza demorada das operações permitiu que a mesma fosse utilizada em escala considerável durante a luta.
 
A primeira operação aérea em grande escala foi feita pelos japoneses a 6 de abril, e foi precedida por ataques mais ou menos fracos realizadas durante a campanha de Okinawa, e entremeados de ataques que não davam descanso às forças invasoras. Foram operações durante as quais as forças navais de cobertura não somente tinham de proteger-se a si mesmas e às forças terrestres e navios de abastecimento, senão também interceptar os aviões inimigos próximo a seus objetivos e neutralizar as bases aéreas de onde haviam partido. Uma força de barcos-patrulha, localizados num arco a 60 milhas de distância da praia, realizou a importante missão de proteger o ancoradouro contra as embarcações suicidas inimigas e avisar a aproximação da aviação adversária. A cobertura proporcionada pelos porta-aviões era aumentada pelos aviões de caça com bases terrestres, logo que os aeródromos capturados foram postos em ação. Os aparelhos de caça dos porta-aviões rompiam as formações aéreas inimigas que avançavam sobre Okinawa, e perturbavam os preparativos de ataque por meio de incursões sobre os aeródromos japoneses. Uma série de ataques contra as bases de Kyushu, em face de selvagens contra-ataques japoneses, foi completada por uma série de ataques de Super-Fortalezas contra os mesmos objetivos. A situação geral que envolvia as operações terrestres em Okinawa caracterizava-se por uma contínua luta no mar e no ar, travada desde a extremidade sul das ilhas de Ryukyus até o Japão metropolitano.
 
Tais operações eram custosas para ambos os lados. Em três meses, a partir de 18 de março, os americanos anunciaram a destruição de mais de 4.000 aviões japoneses. Mais de 2.300 desses foram destruídos em terra ou no ar pelos aparelhos dos porta-aviões, contra a perda de 557 aviões americanos. Havia ainda a registrar os navios americanos avariados ou destruídos, em grande parte como conseqüência de ataques suicidas. Dos 250 navios atingidos durante a campanha de Okinawa, somente 34 afundaram, e nenhum deles era de classe superior a destróier. Entretanto, muito ao largo de Okinawa propriamente dita, foram avariadas numerosas grandes unidades navais, e as forças do destacamento naval de apoio sofreram severas avarias em 	pelo menos quatro porta-aviões, além do Franklin. Os japoneses pagaram um alto preço em perdas de aviões pelo pequeno número de seus aparelhos que conseguiam atravessar a barragem americana e alcançar seus objetivos, mas tinham alguns motivos para julgar que os resultados, que dificilmente poderiam ser de outro modo alcançados, justificavam plenamente aquele preço.
 
Entrementes, em terra os americanos enfrentavam uma situação não muito diferente, nos seus fundamentos, daquela que prevaleceu em Iwo Jima. Haviam desembarcado forças consideráveis, inclusive tanques e artilharia, e enquanto os japoneses não pudessem destruirou repelir a esquadra de apoio, a única ameaça para o sistema de abastecimento era constituída pelos danos que o inimigo podia infligir aos navios que esperavam para descarregar seus abastecimentos. Permanecia entretanto a necessidade de atacar um baluarte japonês que dispunha de recursos próprios, e cujas defesas ofereciam poucas possibilidades de serem dominadas em pouco tempo. O bombardeio mais pesado não conseguiu esmagar as fortificações japonesas	ou silenciar o seu fogo de artilharia e morteiros. A frente relativamente estreita restringia o peso da ofensiva a ser desfechada.	O terreno acidentado e facilmente defensável fazia com que a frente não apresentasse pontos fracos através dos quais se pudesse efetuar uma ruptura, nem havia tampouco possibilidade para um flanqueamento. Houve várias discussões sobre a possibilidade de um desembarque na costa sudeste, o que poderia apanhar os defensores pela retaguarda, mas as praias eram pequenas e protegidas por penedos, havendo também poucas probabilidades de que os japoneses viessem a ser apanhados de surpresa. A força que poderia ser desembarcada não seria suficientemente grande para dominar as defesas ou forçar uma diversão de forças consideráveis da principal linha japonesa, ao passo que tal operação criaria novos e sérios problemas de abastecimento e obrigaria parte da frota a dedicar-se à cobertura do ataque. A rejeição de tal plano não deixava outra alternativa senão o ataque frontal contra a linha principal, o que conduziria à mesma luta mortífera corpo a corpo contra as posições japonesas, tal como acontecera em Iwo Jima. "Será realmente muito duro" - disse o general Hodge. "Há entre 65.000 e 70.000 japoneses aferrados ao terreno no sul da ilha, e não vejo outro jeito senão desentocá-los num avanço palmo a palmo." 
 
Foi o XXIV Corpo, ao comando do general Hodge, que lançou a primeira ofensiva coordenada, a 19 de abril. Sob a cobertura de intenso bombardeio de todos os canhões disponíveis tanto da artilharia de terra como dos navios, três divisões avançaram sobre a linha japonesa. O primeiro choque desalo	jou os japoneses de suas posições avançadas, mas mesmo assim as vantagens iniciais limitaram-se a algumas centenas de metros, e os japoneses logo contra-atacaram selvagemente. No flanco ocidental a luta foi excepcionalmente encarniçada, estando os japoneses resolvidos a barrar o caminho para Naha, onde se travava uma desesperada luta pela posse da cordilheira de Kakazu. Durante cinco dias a posse da estrada para Naha esteve indecisa, mas nesse período a firme pressão no centro e no flanco oriental obteve êxitos que gradualmente ameaçaram a estabilidade da linha japonesa. Na noite de 24 de abril os japoneses retiraram-se de suas posições mais expostas, mas a ocupação dessa parte do terreno levou os americanos a enfrentarem a linha Naha-Shuri-Yonabaru, e no começo de maio a situação havia mais uma vez chegado a um impasse.
 
Após duras vitórias, os americanos haviam chegado a uma linha que corria aproximadamente 1.500 metros ao norte dos três principais pontos de resistência japoneses, e contra essas posições foi lançado novo e ainda mais poderoso ataque na segunda semana de maio. No começo do mês, a 96a e a 27a divisões haviam sido substituídas por tropas relativamente frescas da 77a divisão e da 1a divisão de fuzileiros navais. A 6a divisão de fuzileiros navais encontrava-se agora no flanco ocidental, e após breve tempo de repouso, a 96a divisão substituiu a 7a divisão no flanco esquerdo. Com quatro divisões em linha, o X Exército, a 11 de maio, reiniciou suas operações em grande escala contra as defesas japonesas.
 
O avanço foi ainda mais difícil do que durante o ataque anterior. O mais intenso bombardeio não fez mais do que obrigar os japoneses a se refugiar nos abrigos durante a barragem. Pouco efeito tinha sobre as profundas cavernas em que o inimigo se abrigava, e logo que passava o bombardeio a fim de que a infantaria atacante pudesse avançar, o inimigo emergia à superfície para abrir um fogo devastador. A infantaria japonesa tinha de ser liquidada por meio de tanques lança-chamas equipados com longos tubos flexíveis; e mesmo depois de terem sido conquistadas algumas centenas de metros de terreno, sua posse era insegura diante dos contra-ataques lançados pelos japoneses de suas posições abrigadas e de posições fortificadas mais a retaguarda.
 
Nesta situação, numerosas características táticas assumiam uma grande importância. Na costa ocidental, os fuzileiros navais, em encarniçados combates, haviam avançado até os arredores de Naha, enviando mesmo pequenas patrulhas para o interior da localidade. Entretanto, um ataque em grande escala contra a cidade era impossível enquanto os japoneses estivessem de posse da elevação denominada Pão de Açúcar, que tinha grande comandamento sobre Naha e as vias de acesso para a localidade através do rio Asato. Um batalhão de fuzileiros, que alcançou o cimo da elevação, foi contra-atacado por forças japonesas que se encontravam na contra-encosta, e que estavam abrigadas do fogo. Em seis dias esse batalhão perdeu três quartas partes de seu efetivo e teve de ser substituído, e o controle de uma elevação pequena porém importante mudou de mão umas vinte vezes até ser definitivamente capturada pelos fuzileiros a 19 de maio.
 
No flanco oriental houve uma luta igualmente encarniçada pela posse de uma elevação de importância ainda mais vital. Era o Morro Cônico, ao norte de Yonabaru, uma elevação de 147 metros que, não somente dominava a cidade e o aeródromo, mas também protegia Shuri pelo leste e aumentava a dificuldade de dominar aquele baluarte. Aí também os atacantes abriram caminho até as encostas, mas não foram capazes, durante vários dias, de desalojar os japoneses da crista ou de suas posições na contra-encosta. Somente a 21 de maio foi que a 96a divisão pôde completar sua difícil missão, e quando a mesma foi finalmente cumprida, as tropas cansadas foram substituídas pela 7a divisão que se encontrava, depois de um período de descanso, em melhor situação para explorar a brecha que parecia iminente.
 
A captura do Morro Cônico punha em perigo toda a linha japonesa. Não somente vinha eliminar o principal obstáculo que barrava o avanço para a costa oriental, mas também abria o caminho para um movimento de flanco contra Shuri. Uma pequena elevação, apelidada Gôta de Chocolate, deteve o avanço durante cinco dias, e sua posse somente foi assegurada a 16 de maio. Além dessa elevação surgiam as elevações encimadas pelo antigo castelo de Shuri, que comandava as elevações circunvizinhas. Esse era o ponto-chave de todo o sistema defensivo japonês, e o avanço em sua direção foi penosamente lento. Mas, havendo possibilidade de avançar pelo flanco orientaI após a queda do Morro Cônico, e aberto o caminho para um ataque sobre Naha, ponto forte ocidental da linha, diminuiu grandemente a possibilidade de que Shuri pudesse resistir durante muito tempo. Um movimento de cerco realizado pelos fuzileiros navais a oeste e pela 96a divisão a leste, ameaçava isolar a guarnição e forçou os japoneses a tomarem a decisão de se retirarem para novas linhas. Deixando para trás destacamentos de retaguarda com a missão de retardar o avanço americano, o comandante japonês recuou o grosso de suas forças, na última semana de maio. Quando, no dia 29, uma companhia de fuzileiros navais escalou as escarpadas encostas e assaltou a Castelo de Shuri, encontrou apenas um punhado de defensores. Dois dias depois as forças de flanco fizeram contato ao sul de Shuri; e a esta altura a entrada dos fuzileiros navais em Naha e o avanço da 7a divisão até a costa oriental significavam que toda a linha do Shuri tinha sido finalmente conquistada.
 
Ainda não estava próximo, entretanto, o fim da campanha. O segredo com que os japoneses realizaram sua retirada deu-lhes tempo para reagrupar suas forças em novas posições defensivas. O mau tempo nos últimos dias de maio auxiliou-os ainda nessa operação, pois fortes chuvaradastransformaram as más estradas existentes num lamaçal, tornando quase impossível sua utilização pelos veículos motorizados. Mesmo depois de cessadas as chuvas, a lama continuava sendo um obstáculo, e as tropas de vanguarda tiveram de depender por algum tempo, de abastecimentos transportados por aviões, utilizando também aviões para a evacuação dos feridos. Aproveitando essa situação, os japoneses puderam concentrar suas forças restantes, agora reduzidas à metade de seus efetivos iniciais, para uma elevação de 100 a 150 metros na extremidade sul da ilha. Aí, na primeira semana de junho, o avanço americano foi mais uma vez detido.
 
Tratava-se novamente de uma posição defensiva natural que somente poderia ser tomada da assalto. Carecia entretanto das formidáveis fortificações que reforçavam a linha Shuri; e embora as tropas atacantes estivessem cansadas, sua superioridade de efetivos era agora muito maior do que no começo da campanha, quando os efetivos eram aproximadamente iguais, pois haviam sido reforçadas com a chegada de novas unidades de fuzileiros navais. O efetivo japonês estava também reduzido pelo cerco de uma força de retaguarda na península de Oroku, onde haviam os japoneses procurado defender o último aeródromo restante contra o avanço dos fuzileiros navais que haviam progredido de Naha até a costa sul da baía. A força japonesa foi isolada por um avanço da 1a divisão de fuzileiros através da base da península, a 7 de junho, e durante a semana seguinte foi liquidada pela 6a divisão de fuzileiros navais.
 
O assalto principal contra a elevação ocupada pelas restantes forças japonesas foi efetuado por três divisões, a 10 de junho. Os japoneses não responderam a uma oferta de rendição honrosa lançada por aviões americanos no dia seguinte, depois que as primeiras vagas de assalto haviam chegado até as defesas inimigas, e em conseqüência o ataque foi levado sem pausa até o fim. Num avanço de surpresa, sob a cobertura da escuridão, os americanos galgaram o penedo que tinham diante de si, utilizando cordas e escadas, e se apoderaram de um ponto de apoio no alto da meseta. Enquanto a 96a divisão fixava os defensores frontalmente, a 7a e a 1a divisões de fuzileiros navais atacavam os flancos, e o ataque foi reforçado não apenas por mais um destacamento de fuzileiros, mas também pela 6a divisão que entrou novamente em linha após o esmagamento das tropas japonesas cercadas em Oroku. A 20 de junho, os fuzileiros haviam avançado para a retaguarda da meseta atingindo a extremidade sul da ilha, e os defensores remanescentes haviam sido divididos em bolsões isolados rapidamente e liquidados. A 21 de junho cessou toda a resistência organizada, permanecendo apenas grupos isolados de fanáticos que tiveram de ser liquidados nas costumeiras operações de limpeza. Era o fim da operação mais prolongada e custosa até então realizada pelos americanos no Pacífico. Em 82 dias de luta terrestre, e nas operações marítimas e aéreas de cobertura, foram eliminados aproximadamente 120.000 japoneses, inclusive cerca de 8.000 prisioneiros; os americanos tiveram 79.500 baixas. Embora nesse número estivessem incluídas 30.000 baixas, que não haviam sido resultado de combate, o grande número dos casos de choque e de fadiga testemunhavam o encarniçamento e a intensidade da luta. As 9.721 baixas sofridas pela marinha durante um período de três meses indica claramente os esforços gastos pela esquadra. O resultado, entretanto, era uma importante vitória estratégica, e o seu preço não poderia ser muito, tendo em vista que assegurava o último ponto de apoio necessário como prelúdio da invasão do Japão.
 
A Brecha se Alarga
 
Durante toda a luta pela posse de Okinawa, em outros setores continuavam operações secundárias, porém importantes. A brecha aberta nas defesas imperiais japonesas pela invasão das Filipinas estava consolidada e havia sido alargada. As ilhas menores do arquipélago caíram em poder dos americanos. A dura tarefa de esmagar as guarnições de Luzon e Mindanau foi levada lentamente a bom termo. Uma série de desembarques em Bornéu ampliou a zona de penetração e fez com que as vanguardas aliadas avançassem em direção à Malásia e às Índias Orientais Holandesas. No continente asiático registravam-se ao mesmo tempo movimentos ofensivos que aumentavam a pressão exercida sobre os japoneses em retirada e reconquistavam a maior parte do terreno perdido no ano anterior. Por fim, foi rompida a tênue ligação existente entre o Japão e o império que recentemente conquistara, e as principais forças japonesas na China e na metrópole uniram-se numa desesperada resistência dentro dos seus últimos redutos.
 
Com a captura de Manila, o problema principal dos americanos em Luzon era a eliminação dos elementos do XIV Exército japonês, que se haviam concentrado na parte montanhosa do norte da ilha. Desde o começo da invasão houve encarniçada luta à medida que as tropas do I Corpo avançaram para alcançar as elevações do planalto central. Os japoneses aferravam-se tenazmente às posições fortificadas e poderosas defesas naturais, e o terreno conquistado pelos americanos em três meses de luta foi de apenas algumas centenas de metros.
 
Os dois objetivos mais importantes desse setor eram Baguio, a capital de verão e quartel-general, que barrava o caminho para as encostas ocidentais da cordilheira principal, e o passo de Balete, através do qual corria a principal estrada para a extremidade norte da ilha através do vale de Cagayan. Em meados de abril duas divisões, após semanas de vagarosa ascensão, detiveram-se a cerca de cinco quilômetros do primeiro desses objetivos. Enquanto a 37a divisão avançava em direção a Baguio pelo sul, a 33a abria lentamente caminho em torno da cidade para o oeste e o norte. Foi preciso uma semana de duros combates para romper o impasse, mas na última semana de abril a 33a divisão chegou à estrada ao norte de Baguio e avançava por ela de noroeste. As defesas japonesas foram por fim solapadas. Um ataque combinado de duas direções esmagou os remanescentes da guarnição, inicialmente avaliada em 20.000 homens, e capturou a cidade a 27 de abril; e a 33a divisão, desenvolvendo-se para leste e sul, tateava as defesas inimigas mais além.
 
A 37a divisão, que ficou disponível com a queda de Baguio, juntou então seus efetivos às tropas que avançavam sobre o passo de Balete, das quais já faziam parte as 25a e 32a divisões. Aí a resistência japonesa foi ainda mais encarniçada e com mais êxito do que em torno de Baguio. Embora a 25a divisão, segundo o comunicado de 22 de abril, tivesse aberto caminho para uma distância de 3 km do passo, pelo sul, foi aí detida durante o resto do mês, enquanto os esforços da 32a divisão para flanquear o passo pelo oeste ao longo do caminho de Villa Verde teve pouco êxito. No começo de maio, os americanos faziam contínuos esforços para diminuir a resistência das posições japonesas, bombardeando as defesas e linhas de comunicação, seguindo-se a isso novo bombardeio sobre as elevações de cada lado da penedia de 22 metros de altura que formavam o passo onde a estrada penetrava. Por fim, a 13 de maio, elementos da 25a divisão, reforçada por um regimento da 37a, conseguiram escalar o penedo e controlar a elevação, e enquanto continuava o processo de limpar os japoneses das cavernas e fortins, o grosso das forças avançou pelas encostas do norte em direção à aldeia de Santa Fé.
 
Foram necessárias mais duas semanas para cobrir os 7 km que separavam as colunas americanas de seu objetivo. As colunas convergentes da 25a divisão na estrada principal e a 32a em sua marcha para oeste, foram detidas pelas poderosas defesas que barravam o caminho e impediam a junção das duas forças. Foi somente depois que os elementos da 25a conseguiram abrir caminho em torno do obstáculo e flanquear Santa Fé pelo norte, que a aldeia caiu a 27 de maio, abrindo-se assim o caminho para uma ligação entre as duas principais colunas, a poucos quilômetros mais adiante.
 
O avanço tornou-seentão mais rápido. O grande vale de Cagayan encontrava-se ainda a 120 km de distância, e a estrada se desenvolvia através de estreitos vales dominados por elevações de ambos os lados. Não havia porém nenhum desfiladeiro como o passo de Balete, onde o inimigo pudesse firmar-se para uma longa resistência, e a 37a divisão, que passou então para a vanguarda, avançou rapidamente. A 10 de julho a junção rodoviária de Bagabag encontrava-se firmemente em mãos dos americanos, e enquanto a 6a divisão entrava em ação e avançava para noroeste pelas montanhas, a 37a desfechava um ataque no passo a nordeste, que era o caminho para o vale de Cagayan. A 14 de junho já havia aberto caminho para o largo vale que se estendia para o norte numa extensão de 240 km em direção ao porto de Aparri.
 
Nesse terreno plano e aberto, aumentou a velocidade de avanço. A norma japonesa de evitar ações de grande escala em posições expostas foi mais uma vez evidenciada nessa zona. O grosso de das forças refugiou-se no terreno montanhoso a oeste do vale de Cagayan, deixando apenas pequenos destacamentos de retaguarda para dificultar o avanço americano. Os remanescentes das guarnições das principais cidades significavam obstáculos de pouca monta, e a 37a divisão avançou com uma velocidade de 15 km por dia.
 
A conquista final do vale de Cagayan foi abreviada por uma rápida operação combinada ao norte do avanço principal. Durante todo o tempo em que prosseguia o trabalho de desalojar os japoneses de suas posições montanhosas, poderosas forças de guerrilheiros haviam estado agindo atrás das linhas inimigas. Na última parte de maio, essas forças haviam limpado a parte noroeste da ilha e desferiam golpes contra as posições e as comunicações japonesas na parte norte do vale de Cagayan. A 21 de junho desfecharam golpes decisivos contra dois pontos-chave. No centro do vale capturaram a cidade de Tuguegarao e a mantiveram durante alguns dias contra os ataques japoneses. Na costa norte, onde o caminho havia sido preparado pelo bombardeio das posições japonesas por unidades navais ligeiras, um destacamento de rangers americanos uniu-se aos guerrilheiros e juntos capturaram o porto de Aparri. Dois dias depois, elementos da 2a divisão aerotransportada desembarcaram nas proximidades de Aparri para reforçar aqueles elementos. A saída norte do vale estava efetivamente bloqueada, e do norte e do sul convergiam rapidamente as colunas principais. A 37a divisão penetrou a 25 de junho em Tuguegarao, que se achava em mãos dos guerrilheiros, e dois dias depois sua vanguarda entrou em contato com a vanguarda da 11a divisão. Essa junção completou o controle efetivo da parte norte de Luzon pelos americanos. As restantes forças japonesas haviam sido repelidas para as montanhas e divididas em três partes, e a maior dessas, a noroeste de Bagbag, encontrava-se sob a pressão convergente de três divisões. Embora a redução dessas forças inimigas ainda prometessem ser uma operação demorada, não mais se encontravam em situação de impedir a utilização de Luzon como base contra o Japão.
 
Nas outras partes da ilha a resistência também já carecia de importância. Mesmo depois da queda de Manila, os japoneses permaneciam aferrados à cordilheira de Marikina, a poucos quilômetros a leste e a nordeste da cidade, onde fortes posições nas montanhas eram defendidas por duas formações especiais com efetivos de divisão, e onde os japoneses mantinham o controle das principais fontes de abastecimento de água para Mapila. Aí, como no norte, foi preciso dura luta para desalojar o inimigo. A linha inicial de defesa foi dominada depois que, em meados de março, os americanos a perfuraram, mas nas seis semanas seguintes foi lento o avanço para expulsar os japoneses de uma posição após outra. Em meados de maio, entretanto, as principais defesas da linha Shimbu começavam a desmoronar. Um avanço para leste por parte da 1a divisão de cavalaria chegou até a costa ao sul de Infanta a 13 de maio, e avançou pelo litoral, cercando as forças japonesas que se encontravam nas montanhas de Marikina. Um movimento de pinças realizado pela 43a divisão, desfechado a 10 de março, conseguiu, após uma semana de lutas, capturar a represa de Ipo, a cerca de 30 km a nordeste de Manila. Mais para o sul da represa de Wawa, o principal reservatório ainda em mãos dos japoneses, foi capturado pela 38a divisão a 28 de maio. O último setor da linha Shimbu foi assim capturado, e os japoneses foram empurrados para bolsões cada vez menores, para a região montanhosa e sem estradas, mais a leste. Entrementes, a parte meridional de Luzon fôra limpa de inimigos, restando apenas alguns extraviados; e, quando em fins de junho os americanos completaram a dominação do norte, chegou virtualmente ao fim a luta de seis meses pela posse de Luzon, restando algumas operações secundárias contra as bolsões isolados para que a campanha fosse completamente terminada.
 
As operações de Luzon foram realizadas simultaneamente à campanha pela captura completa de Mindanau. As ilhas centrais do arquipélago das Filipinas foram ocupadas com relativa facilidade, e suas guarnições foram liquidadas ou fugiram para as montanhas. Mindanau, entretanto, possuía importância maior, e nela os japoneses tinham meia dúzia de valiosos aeródromos, além de uma guarnição de 45.000 homens. Um desembarque inicial, em março, deu aos americanos um ponto de apoio na península de Zamboanga, e as forças de guerrilha estiveram ativas na parte norte da ilha, mas eram precisos esforços em grande escala para que Mindanau fosse inteiramente controlada pelos americanos.
 
A 17 de abril foram iniciadas operações em grande escala com desembarques na costa ocidental em dois pontos ao norte de Cotababo. De início a resistência encontrada foi relativamente pequena. O grosso da força japonesa estava concentrado a oeste, em torno de Davao, onde haviam sido construídas poderosas defesas contra a invasão. As duas divisões da força atacante americana penetraram rapidamente para o interior. A 24a divisão, atacando para oeste através da base da ilha, alcançou a costa em Digos, após um avanço de dez dias, e continuou marchando em direção a Davao, a 40 km mais ao norte. No flanco esquerdo, entretanto, a 31a divisão se dirigiu para o centro da ilha ao longo do vale de Pulangi. A 9 de maio um novo desembarque na costa norte por um regimento de infantaria da 40a divisão, pouco depois reforçado por elementos de outra divisão, conquistou mais um ponto de apoio na região já sob o controle dos guerrilheiros. Tais forças avançaram para o sul, a fim de fazer junção com a coluna da 31a divisão, que nesta fase se encontrava a cerca de 100 km de distância.
 
A esta altura, reforçou-se a resistência japonesa. A 24a divisão avançou sobre Davao e capturou-a após uma luta de casa em casa, a 4 de maio. Mas ao norte e a oeste da cidade encontraram posições já preparadas que as obrigaram a parar bruscamente. O inimigo, fortificado em cavernas e casamatas, e tendo forte artilharia de apoio, desfechou repetidos contra-ataques, e por meio de uma tática de infiltração fez com que o avanço americano fosse vagaroso, e por vezes precário. No interior, a ameaça de uma oposição ainda mais forte foi afastada pelos desembarques efetuados no norte, mas os japoneses procuraram impedir a junção das forças convergentes, apesar de se encontrarem em inferioridade numérica. Somente a 23 de maio as colunas do norte e do sul estabeleceram finalmente contato. Entretanto, quando tal aconteceu, estava completada a fase decisiva da campanha de Mindanau. O grosso da guarnição japonesa foi apanhado entre a 24a divisão que estendeu seu controle ao longo da costa e as forças mais para o interior, que barravam as estradas para o interior da ilha. Em todas as demais zonas, somente restavam para ser liquidados grupos isolados que haviam procurado refúgio nas montanhas. Combatia-se ainda para comprimir e destruir o principal bolsão japonês, mas a 24 de maio, o último aeródromo de Mindanau e toda a rederodoviária encontravam-se em mãos dos americanos, e durante o mês seguinte a pressão das forças americanas de leste e de oeste reduziu os remanescentes da guarnição japonesa a cerca de 12.000 homens.
 
A 5 de julho, o quartel-general de MacArthur anunciou que as Filipinas haviam sido libertadas. A campanha resultou na morte ou na captura de 325.000 japoneses, contra 60.000 baixas americanas de toda a espécie. Dizia o comunicado que haviam sido derrotadas forças japonesas num total de 23 divisões durante os oito meses e meio, desde o desembarque de Leyte. Os 40.000 homens que ainda permaneciam nas Filipinas estavam dispersos nas montanhas, e estavam sendo incessantemente caçados. Das bases capturadas as americanos já atacavam em direção às Índias.
 
Avançando para sudoeste para fora do principal grupo filipino, duas cadeias de ilhas oferecem linhas paralelas que facilitam esse avanço. Na cadeia insular do norte, a comprida ilha de Palawan aponta como um dedo delgado para a extremidade norte de Bornéu. Mais para o sul, encontram-se as ilhas de Sulu, tendo em sua extremidade o arquipélago de Tawitawi. Palawan foi ocupada com pouca resistência a 28 de fevereiro, e Tawitawi, a 2 de abril. A passagem marítima entre as Filipinas e Bornéu ficou assim controlada pelos americanos em suas duas extremidades, sendo colocadas forças a pouco mais de 60 km de Bornéu, assinalada agora por sucessivos ataques aéreos como próximo objetivo de invasão.
 
A conquista de pontos de apoio limitados que o Japão obteve na orla dessa ilha vasta e primitiva, oferecia vantagens estratégicas muito superiores aos esforços despendidos. A brecha gravada na zona interior japonesa pela invasão das Filipinas, e que estava sendo alargada numa direção pelo ataque a Okinawa, seria também aumentada para o sul, do outro lado. Um avanço ao longo da costa noroeste levaria as Aliados bastante adiante no caminho de Singapura. Um avanço sobre o estreito de Macassar colocaria os Aliados a cavaleiro de uma das principais passagens que conduziam para as Índias Holandesas. Conquistariam bases navais e aéreas que comandavam todo o mar da China, e de onde poderiam cortar as últimas linhas de comunicação entre o Japão e o império recentemente conquistado. E o que não era menos importante, recursos petrolíferos de vital importância passariam das mãos dos japoneses para as dos Aliados. O bloqueio cada vez mais estreito já fazia escassear as reservas de petróleo japonesas, e a sua produção interna era sistematicamente destruída pela aviação aliada. Capturando algumas das fontes petrolíferas mais ricas do Extremo Oriente, os Aliados não somente privavam o inimigo desses recursos, senão também que facilitariam enormemente seu problema de abastecimento em um dos seus aspectos mais essenciais.
 
O primeiro golpe foi desfechado contra a ilha de Tarakan ao largo da costa nordeste de Bornéu. Aí se encontrava um importante campo petrolífero cuja produção era de tão boa qualidade, que poderia ser usada para combustível sem precisar ser refinado, e que constituía também uma posição em que poderia ser estabelecida uma base aérea que desse cobertura às operações subseqüentes. A 1o de maio, depois de quatro dias de bombardeio preliminar por parte de cruzadores e destróieres uma brigada da 9a divisão australiana desembarcou na costa ocidental a coberto do fogo dos navios de guerra. A guarnição japonesa de 3.000 homens, em inferioridade numérica desde o começo da operação, concentrou-se atrás das defesas fixas que cobriam a cidade de Tarakan e ofereceu breve mas encarniçada resistência na cidade propriamente dita. A 6 de maio, entretanto, foram os japoneses expulsos dessa posição, e os australianos prosseguiram o avanço, capturando os principais campos petrolíferos e assegurando a posse da parte sul da ilha, auxiliados por uma força holandesa que desembarcou em meados de maio na extremidade sul. As forças japonesas remanescentes foram tangidas para o terreno montanhoso no norte, e embora prosseguisse até fins de junho o trabalho de limpeza, todos os objetivos mais importantes haviam sido capturados nos últimos dias de maio.
 
A 10 de junho, após dez dias de preparação aérea, a 9a divisão australiana atacou a ilha de Bornéu propriamente dita. O desembarque foi efetuado na zona da baía de Brunei, na costa noroeste, onde havia um ancoradouro conveniente para uma base naval avançada, e de onde poderiam ser dirigidas operações contra outra importante zona petrolífera. Os invasores conquistaram um ponto de apoio na ilha de Labuan, que comandava a entrada da baía, e estabeleceram-se em dois pontos na costa da baía enfrentando uma resistência relativamente pequena. A cidade de Brunei e os aeródromos circunvizinhos foram capturados durante a primeira semana, e o avanço prosseguiu para oeste em direção aos poços de petróleo situados em torno de Seria e Miri. A 20 de junho um ataque anfíbio a Lutong, em Sarawak, a 100 km a oeste de Brunei, colocou os americanos na orla dos campos petrolíferos de Miri, capturados durante os quatro dias seguintes, enquanto a captura simultânea de Seria pôs virtualmente fim a esta fase da campanha.
 
Restava Balik Papan, chave do terceiro dos grandes campos petrolíferos de Bornéu e posição de importância estratégica ainda maior do que as já conquistadas. Situado no litoral ocidental de Macassar, representava o principal obstáculo que o comando aliado encontrava nessa importante rota em direção às Índias. A entrada das forças navais aliadas no estreito, pela primeira vez desde 1942, constituía um novo marco no avanço para a completa supremacia naval; mas até a captura de Balik Papan os Aliados não poderiam utilizar o estreito para a sua navegação de transporte.
 
Durante os meses anteriores, as refinarias de óleo e os aeródromos em torno de Balik Papan e os navios que se encontravam no porto foram os alvos periódicos dos bombardeiros aliados. A operação de Tarakan fôra precedida de repetidos ataques durante o mês de maio, e no começo de junho foi iniciado um intenso ataque destinado a neutralizar as bases aéreas e destruir as fortificações e instalações. A 16 de junho, uma força da VII Esquadra americana, reforçada por unidades australianas, avançou pelo estreito, e sob seu fogo de cobertura, os caça-minas deram início à sua missão de limpar o caminho para a invasão próxima.
 
Durante as duas semanas que se seguiram registrou-se um duelo entre as forças navais e as defesas japonesas de costa. Os cruzadores e os destróieres que formavam a força de bombardeio eram acompanhados por um pequeno grupo de porta-aviões de escolta cujos aparelhos ofereciam cobertura efetiva contra os ataques aéreos japoneses. Mas as poderosas defesas de costa japonesas mantinham um pesado fogo contra os navios ao largo da casta e dificultavam a retirada das minas colocadas na baía de Balik Papan. Durante algum tempo pareceu difícil que o trabalho de limpeza pudesse ser feito em tempo para o desembarque marcado, mas por fim, na última semana de junho, foi possível enviar os destróieres até uma distância suficientemente próxima da costa para bater com seus canhões as defesas costeiras e obrigar as guarnições japonesas a se recolherem a suas posições fortificadas que cobriam as praias.
 
A 1o de julho as tropas assaltantes da 7a divisão australiana, cobertas por uma forte barragem de foguetes, efetuaram um desembarque em Balik Papan, encontrando uma resistência relativamente pequena. Entretanto, ao avançarem para o interior, toparam com forte oposição. A cidade propriamente dita foi capturada a 4 de julho, juntamente com o aeródromo de Manggar, a poucos quilômetros da costa, e no dia seguinte, por meio da travessia da baía, foi o controle estendido para as praias do sul. Nas semanas seguintes, entretanto, os combates adquiriram grande encarniçamento. A estreita planície costeira, que se estendia ao norte de Balik Papan para as regiões petrolíferas de Samboja e Samarinda, era orlada de montanhas e florestas, e os japoneses