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Segunda Guerra Mundial(Os Fuzileiros Navais Iniciam a Ofensiva)

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Luta no Pacífico
 
Os Fuzileiros Navais iniciam a ofensiva
	
Guadalcanal - Desembarque aliado nas ilhas Salomão
 
 
No princípio do mês de agosto de 1942, dois meses depois da vitória aeronaval decisiva de Midway, os americanos empreenderam as primeiras operações ofensivas contra os territórios que estavam em mãos dos japoneses, no Pacífico. O primeiro objetivo foi a ilha de Guadalcanal, pertencente ao arquipélago das Salomão, situado ao norte da Austrália. Esta ação fôra decidida, depois de longas controvérsias no seio do Alto-Comando americano. De fato, de acordo com o combinado com os britânicos, antes do início da guerra, em reuniões mantidas pelos respectivos estados-maiores, os americanos haviam decidido concentrar o grosso de seu esforço bélico contra a Alemanha, mantendo no Pacífico uma atitude defensiva, decidida principalmente a conter o avanço japonês.
 
O ataque a Pearl Harbor e as graves baixas que ele causou provocaram, no entanto, uma mudança de atitude, especialmente nas fileiras da Marinha. O Almirante Stark, chefe das forças navais, que havia sido um dos mais entusiastas promotores da política que dava primazia às operações contra a Alemanha, foi substituído pelo Almirante King, que desde o primeiro momento se mostrou partidário de passar à ofensiva contra os japoneses. Não somente batalhou pela participação da esquadra nas operações, como encareceu a necessidade de se empregar também forças terrestres e aéreas. Nessa posição foi resolutamente apoiado pelo General MacArthur, chefe das forças aliadas no Pacífico Ocidental Sul. Por sua vez, os governos da China e da Austrália reclamavam a intervenção decidida dos Estados Unidos no Pacífico, para conter a expansão japonesa. Desta maneira, puseram-se em marcha os planos que culminaram com o início das operações nas ilhas Salomão.
 
 
Os “Marines” se preparam
 
No dia 26 de junho de 1942, o Major-General Alexander Vandergrift, chefe da 1a Divisão de Fuzileiros-navais, chegou à cidade de Auckland, na Nova Zelândia. Vandergrift se encaminhou para a sede do Comando do Vice-Almirante Robert Ghormley, sem suspeitar das ordens que ali o esperavam. Depois de saudar o vice-almirante, Vandergrift recebeu das mãos deste uma comunicação do Alto-Comando americano, em Washington, que dizia: “Ocupe e defenda Tulagi e as posições adjacentes (Guadalcanal, Flórida e as ilhas de Santa Cruz) com o fim de arrebatar essas zonas ao inimigo, e prover os Estados Unidos de bases destinadas a futuras ações ofensivas”.
 
A primeira reação de Vandergrift não foi de surpresa. Ignorando a quem eram dirigidas as ordens, interrogou Ghormley, sem suspeitar que eram as suas próprias tropas que deviam executá-las. O almirante, laconicamente, lhe respondeu: “Será o senhor o encarregado de executá-las. As ações devem ser iniciadas a 1o de agosto”. Vandergrift logo compreendeu que, a partir daquele momento, lhe restava um período de 34 dias, durante os quais deveria agrupar suas forças, que estavam dispersas viajando através do Pacífico, efetuar um reconhecimento do terreno das futuras operações, cartografá-lo, calcular a potência do inimigo e, principalmente, dar às suas tropas, integradas em sua maior parte por soldados bisonhos e carentes de treinamento, um mínimo de preparação militar.
 
O veterano chefe dos marines, apesar das dificuldades, aceitou com entusiasmo a difícil missão. Fiel à tradição do Corpo de Fuzileiros, Vandergrift ansiava por lançar-se à ação o quanto antes, passando por cima de todas as dificuldades. Um dos seus maiores problemas era obter informações concretas acerca das características geográficas das ilhas que deveria atacar. Ao iniciar os estudos apenas contava com uma velha carta hidrográfica da Marinha, traçada 32 anos antes!
 
Posteriormente, esses informes foram ampliados por reconhecimentos aéreos, que determinaram a praticabilidade do ataque anfíbio às praias. Com base nesses dados, Vandergrift traçou o plano de ataque. A força principal, integrada pelo 1o e pelo 5o Regimentos, desembarcaria na costa norte da ilha de Guadalcanal, nas proximidades da base aérea que os japoneses estavam construindo apressadamente. Ao norte, nas ilhas de Tulagi, Flórida e nas pequenas ilhotas de Guvutu-Tanambogo, se efetuariam desembarques com forças menores.
 
No dia 11 de junho, a 1a Divisão de Fuzileiros-navais havia terminado a sua concentração na Nova Zelândia e, imediatamente seus efetivos dedicaram-se à tarefa de organizar-se e equipar-se, na tentativa de alcançar um mínimo de preparo antes do começo das operações. Onze dias mais tarde, a 22, os 19.000 marines, embarcados em 31 navios-transportes, abandonaram o porto de Wellington e se dirigiram, escoltados por unidades de guerra, ao ponto de concentração nas ilhas Fiji, onde Vandergrift propunha-se a realizar um ensaio de desembarque. Ali uniu-se a eles a frota de escolta, comandada pelo Vice-Almirante Turner, e a esquadra de porta-aviões, sob o comando do Vice-Almirante Fletcher.
 
Nas Fiji, Vandergrift recebeu a notícia de que o ataque havia sido transferido para o dia 7 de agosto e também constatou, consternado, que os porta-aviões de Fletcher dariam apenas proteção à frota de invasão durante três dias, para evitar que fossem atacados pelos aviões japoneses com bases em terra.
 
O ensaio de desembarque planejado teve que ser suspenso, pois as praias, rodeadas de recifes e perigosos bancos de coral, eram verdadeiras arapucas para as barcaças de desembarque. Finalmente, a 31 de julho, a frota rumou para o objetivo.
 
O desembarque
 
No dia 6 de agosto, ao cair da noite, a esquadra de invasão se aproximou de Guadalcanal. Da ponte de comando do seu navio-capitânia, o Almirante Turner e o General Vandergrift viram recortar-se, ao longe, a negra silhueta da costa. A frota conseguirá aproximar-se até ali sem ser detectada? Em virtude do mal tempo, os hidroaviões japoneses de observação estavam com seus vôos paralisados. A surpresa, portanto, seria total.
 
Às duas da madrugada de 7 de agosto, as forças de invasão giraram em torno do Cabo Esperança, no extremo ocidental de Guadalcanal. Enfrentaram então duas estreitas passagens em que a ilhota de Savo divide o canal de Sealark - um braço de mar que separa as ilhas de Guadalcanal e Flórida. Os barcos que conduziam a principal força de ataque penetraram no canal pelo extremo sul da ilha de Savo e as naves que conduziam o restante das forças, dirigiram-se pelo norte, diretamente para os objetivos. Antes da chegada do dia, a força de invasão estava pronta para o desembarque. Com os primeiros raios do sol iniciou-se o bombardeio da esquadra e da aviação americana contra as posições japonesas. Pouco depois das sete, os chefes das diversas unidades emitiram a ordem de ocupar as lanchas de desembarque. Assim começou a primeira ação ofensiva dos fuzileiros-navais dos Estados Unidos no Pacífico. A partir desse momento e até o fim da guerra, esse corpo seria a ponta de lança de todas as operações ofensivas americanas.
 
O principal corpo de invasão, integrado por 10.000 fuzileiros navais do 1o e do 5o Regimentos, alcançou sem dificuldades a praia designada como o nome chave de “Praia Vermelha”. Era uma estreita faixa de areia situada no centro da costa norte de Guadalcanal.
 
Dois batalhões do 5o Regimento foram os primeiros a tocar em terra e, sem encontrar resistência, deslocaram-se em colunas e se internaram rapidamente na floresta, rumo à base japonesa.
 
Os 1.700 soldados japoneses haviam abandonado o aeródromo ao se iniciar o bombardeio, fugindo para o interior da selva. Foi assim que os fuzileiros navais puderam apoderar-se da estratégica base sem disparar um só tiro. Outras unidades se deslocaram para o sul, avançando com dificuldade através da floresta, rumo ao monte Austern, cujos pontos elevados dominavam as zonas adjacentes ao aeródromo. Em poucas horas os marines se apoderaram de uma zona que media aproximadamente 10 km de leste a oeste, e5 km de norte a sul. Esse reduto seria, posteriormente, palco de sangrentos combates.
 
Enquanto essas ações se desenrolavam em Guadalcanal, o 1o Batalhão de Raiders, comandado pelo Tenente-Coronel Edson, e o 2o Batalhão do 5o Regimento desembarcaram na pequena Tulagi. Nesta ocasião, contudo, os marines encontraram resistência do inimigo. Os raiders avançaram até o extremo sul da ilha, onde estavam concentrados os japoneses, sob um violento fogo de metralhadoras e morteiros; acrescentou-se ao tiroteio a ação dos atiradores emboscados que provocaram muitas baixas entre os americanos. Chegou então a noite, sem que se consumasse a ocupação da ilha.
 
Amparados pela obscuridade, os japoneses lançaram um ataque de surpresa contra as posições defendidas pelos americanos. Dando vivas ao imperador, os japoneses avançaram com baionetas e foram praticamente aniquilados pelos americanos.
 
Estes, ao despontar o dia, lançaram-se num contra-ataque e, mantendo ferozes combates, terminaram de destruir os efetivos inimigos. Na noite de 8 de agosto, Tulagi estava nas mãos dos marines.
 
As ilhotas de Guvutu-Tonambogo foram também placo de uma luta encarniçada. Ali, os marines perderam 144 homens e tiveram 194 feridos. A luta terminou, finalmente, na manhã de 9 de agosto, com o total aniquilamento da guarnição japonesa, integrada por 750 soldados.
 
A ilha de Flórida, enquanto isso, havia sido ocupada sem luta por unidades do 2o Regimento de marines.
 
Os japoneses contra-atacam
 
Na manhã de 8 de agosto, um vigia australiano, no seu posto, numa ilha ao norte de Guadalcanal, avistou uma esquadrilha integrada por 45 bombardeiros japoneses, voando em direção à frota de invasão americana. Imediatamente, avisou o comando da esquadra. Desta forma, os americanos contaram com uma apreciável margem de tempo que lhes permitiu preparar a defesa. Os aviões-torpedeiros japoneses lançaram-se sobre os navios-transporte, porém depararam com uma intransponível barreira de fogo antiaéreo. Onze dos aparelhos atacantes foram derrubados; somente um dos aviões japoneses conseguiu alvejar com um torpedo o destróier Jarvis. Em seguida atacaram os bombardeiros de picada. Porém, surpreendidos pelos aviões do porta-aviões Wasp, que se encontravam em vôo e na expectativa, foram dizimados. Um deles, contudo, precipitou-se em chamas sobre o navio-transporte George Elliott, incendiando-o. Ao entardecer, esse navio foi a pique. Foi o primeiro de uma grande quantidade de barcos que desapareceria sob aquelas águas. Para se ter uma idéia do número de navios ali afundados, basta saber a posterior denominação da baía: Iron Bottom (fundo de ferro).
 
A essa primeira incursão da aviação seguiu-se um ataque da Marinha japonesa. Uma frota integrada por sete cruzadores, comandada pelo Contra-Almirante Mikawa, zarpou da base japonesa de Rabaul, rumo a Guadalcanal, através de um canal entre as ilhas, de quase 800 km de comprimento. Esta passagem, via de trânsito obrigatória para a frota japonesa, foi batizada com o apelido de slot (fenda).
 
Ao meio-dia do dia 8, um hidroavião de reconhecimento americano avistou as naves japonesas e deu o alarme. A informação, contudo, não foi recebida por todos os barcos que estavam cobrindo as suas entradas do canal, em torno da ilha Savo. Os cruzadores Chicago e Camberra, este último australiano, e vários destróieres da escolta custodiavam a entrada sul, entre Savo e Guadalcanal. Os cruzadores Quincy, Vincennes e Astoria estavam colocados na abertura norte. Às 11 da noite, os radares de algumas das unidades americanas detectaram aviões desconhecidos aproximando-se pelo oeste. Eram os aviões de reconhecimento do Almirante Mikawa, cujos navios navegavam a todo vapor ao encontro da frota inimiga.
 
A 1h25 da madrugada de 9 de agosto, os cruzadores japoneses, liderados pelo navio-capitânia Chokai, colocaram-se, sem ser detectados, a duas milhas das naves adversárias, com todos os canhões e tubos lança-torpedos prontos para abrir fogo. Nesse momento, o destróier americano Patterson avistou, na obscuridade, a massa de um dos barcos inimigos. Imediatamente, irradiou o alerta. Mas já era muito tarde. Os japoneses haviam conseguido o seu objetivo: cair de surpresa sobre os americanos.
 
À luz das bengalas lançadas pelos aviões de reconhecimento, os cruzadores japoneses romperam fogo com todas as suas baterias. Dois torpedos acertaram em cheio o cruzador Camberra, que foi atingido também por uma salva de projéteis de artilharia. Rapidamente foi a pique, arrastando consigo a tripulação. O cruzador Chicago, por sua vez, ficou com a proa destroçada por uma carga da artilharia inimiga.
 
Uma vez eliminada a força sul, os efetivos japoneses rumaram a toda velocidade para o norte e, focalizando os seus poderosos refletores nos cruzadores Quincy, Vincenes e Astoria, descarregaram a queima-roupa sobre eles todo o seu fogo. Os três barcos americanos, atingidos em cheio, afundaram rapidamente.
 
Ao despontar o dia, Mikawa aproara para a sua base, sem ter sofrido nenhuma perda. Apenas um projétil americano havia alvejado uma das pontes do navio-capitânia Chokai. O cruzador Aoba, por sua vez, havia sofrido ligeiros danos. A fulminante vitória japonesa fez com que o resto da frota americana e os navios-transporte que ainda não tinham desembarcado a totalidade de seus suprimentos, abandonassem rapidamente as águas de Guadalcanal. Na manhã de 9 de agosto, os marines do General Vandergrift ficaram praticamente entregues à própria sorte. A operação que fôra planejada num nível exclusivamente ofensivo, estava reduzida à categoria de manobra puramente defensiva. Os 10.000 soldados localizados em torno do aeródromo de Guadalcanal, que havia sido batizado com o nome de Henderson Field, teriam que enfrentar agora todo o peso do poderio inimigo.
 
Luta em Guadalcanal
 
Até 18 de agosto a situação se manteve estacionária. Alguns cruzadores, destróieres e submarinos japoneses realizaram incursões noturnas bombardeando as posições americanas no aeródromo e no perímetro circunvizinho.
 
Em seu posto de comando, em Rabaul, o Tenente-General Hyakutate, recebeu do Alto-Comando japonês a ordem de expulsar os americanos de Guadalcanal. Com essa finalidade, foi-lhe confiado o comando do 17o Exército, integrado por 50.000 soldados. Estas tropas, contudo, se achavam dispersas em diversos pontos do Pacífico e da China, tendo apenas duas unidades nas proximidades de campo de luta. Eram o batalhão reforçado, comandado pelo Coronel Ichiki, sediado na ilha de Guam, e a brigada capitaneada pelo General Kawaguchi, que estava no arquipélago de Palao.
 
Hyakutate emitiu imediatamente a ordem para que estas duas unidades se pusessem em movimento para as ilhas Salomão. Com uma arrogante confiança na vitória, o chefe japonês decidiu lançar o batalhão de Ichiki, composto de 2.000 soldados, à reconquista de Guadalcanal, sem aguardar a chegada do resto de suas forças. As tropas de Ichiki zarparam de Guam, rumo à base naval de Truk, de onde, a 16 de agosto. Ichiki partiu em seus velozes destróieres, com uma força de vanguarda de 900 homens. Mais atrás, em dois transportes, embarcou o restante da força, com as armas pesadas.
 
Com esta reduzida corporação, o chefe japonês, propunha-se, cego pela subestimação das tropas americanas, aniquilar os 19.000 marines do General Vandergrift. No dia 18 de agosto, as tropas japonesas desembarcaram na localidade de Taivu, a umas 20 milhas da leste do perímetro americano. Sem aguardar o resto de suas unidades, o Coronel Ichiki pôs-se em marcha rumo à zona defendida pelos marines. Na manhã do dia 19, as patrulhas americanas depararam inesperadamente com um grupo da retaguarda de Ichiki. Imediatamente se estabeleceu um combate, que resultou no total aniquilamento dos japoneses. A presença dessas tropas colocou os americanos de sobreaviso sobre o iminente ataque japonês. Imediatamente foram emitidas ordens para reforçar as defesas do flancooriental do perímetro. Estas defesas corriam ao longo das margens do rio Tenaru. Na desembocadura desse rio existiam vários bancos de areia que podiam ser utilizados pelos japoneses para atravessar o curso d’água. O chefe encarregado desse setor, Tenente-Coronel Pollock, localizou, portanto, poderosas defesas em frente aos bancos, os quais, além disso foram bloqueados com espessos alambrados de arame farpado.
 
Pouco depois de uma da madrugada de 20 de agosto, os homens de Ichiki se lançaram ao ataque através do rio, cruzando às carreiras o banco de areia. O americanos, recebendo-os com uma violenta barragem de metralhadoras e morteiros, os dizimaram. Os efetivos japoneses que conseguiram atravessar os bancos travaram um furioso combate corpo a corpo com os americanos. No entanto, com todo esse sacrifício, os soldados japoneses foram rechaçados.
 
Ao anoitecer do dia 20, o primeiro grande choque entre marines e japoneses estava concluído; 700 cadáveres de soldados japoneses jaziam no campo de luta. O triunfo americano fôra total. Arrasado pela inesperada derrota, o Coronel Ichiki mandou queimar a bandeira do seu batalhão e, fiel à sua tradição, matou-se com um tiro na cabeça.
 
Batalha naval nas ilhas Salomão
 
Diante do fracasso do primeiro desembarque, o General Hyakutate resolveu realizar um novo ataque; desta vez com os 6.000 soldados do General Kawaguchi, aos quais se somariam 1.100 sobreviventes das forças de Ichiki. As tropas seriam enviadas em navios-transporte para Guadalcanal, sob a escolta de uma frota composta pelo porta-aviões leve Ryujo, cruzadores e destróieres. Atrás deles navegaria uma segunda frota, integrada pelos grandes porta-aviões Shokaku e Zuikaku, três encouraçados e oito destróieres, com a missão de oferecer luta aos porta-aviões do Almirante Fletcher e destruí-los.
 
No dia 23 de agosto, a esquadra americana patrulhava as águas a leste do arquipélago das ilhas Salomão. Os aviões de patrulha avistaram logo a frota inimiga, que navegava rumo ao sul. O Almirante Fletcher deu, então, a ordem de sair ao encontro do inimigo em seus porta-aviões (Saratoga e Enterprise), que seriam escoltados pelo encouraçado North Carolina, quatro cruzadores e onze destróieres.
 
No dia 24, pouco depois do meio-dia, foi avistada a frota inimiga. Imediatamente, os bombardeiros de picada e os torpedeiros decolaram dos barcos americanos e se lançaram ao encontro dos japoneses.
 
Minutos depois descobriram o Ryujo e, arrojando-se sobre ele, o destroçaram com uma chuva de projéteis. Os outros porta-aviões japoneses, por sua vez, haviam lançado suas esquadrilhas contra a frota americana; 48 torpedeiros e bombardeiros, escoltados por 24 Zeros, caíram sobre a frota americana e entraram em renhido combate com os caças de proteção. Trinta aparelhos japoneses, contudo, conseguiram abrir passagem, lançando-se contra o Enterprise. Apesar do intensíssimo fogo antiaéreo das naves americanas, alguns aparelhos japoneses conseguiram picar sobre o porta-aviões e o atingiram com suas bombas. As avarias, contudo, foram rapidamente reparadas e os incêndios extintos. Uma hora depois, o Enterprise desenvolvia novamente a sua velocidade máxima. O Almirante Fletcher, no entanto, resolveu interromper a luta e ordenou ao Enterprise regressar imediatamente a Pearl Harbor para reparar a fundo suas avarias.
 
No dia seguinte, 25 de agosto, a força de transporte japonesa que conduzia as unidades do General Kawaguchi foi avistada ao norte de Guadalcanal pelos aviões da base de Henderson. Imediatamente, as esquadrilhas de bombardeios de picada saíram para interceptar o comboio e conseguiram colocá-lo em fuga, depois de danificar o cruzador Jintsu, afundar um navio-transporte e o destróier Mutsuki.
 
As tropas de Kawaguchi tiveram que ser transportadas novamente a Guadalcanal, mas à noite, para evitar os ataques aéreos. O transporte se fez, além disso, com barcaças e embarcações menores.
 
Nova derrota japonesa
 
A 6 de setembro, a brigada de Kawaguchi desembarcou na localidade de Tasimboko, no flanco oriental da posição ocupada pelos americanos. No dia seguinte, os japoneses se internaram na floresta e marcharam ao encontro dos americanos.
 
Na madrugada de 8 de setembro, 850 Raiders sob as ordens do Tenente-Coronel Edson, desembarcaram inesperadamente em Tasimboko e, depois de aniquilar a reduzida guarnição que os japoneses haviam deixado atrás, destruíram todas as armas e abastecimentos. Imediatamente, após consumado o ataque, as forças americanas reembarcaram e se dirigiram ao perímetro fortificado. Este mesmo grupo desempenharia um papel decisivo na batalha que se travou na noite de 12 de setembro.
 
Entrincheirados numa colina, a uma milha das pistas do aeródromo de Henderson, os marines de Edson enfrentaram o ataque de 4.000 soldados japoneses, apoiados pelo fogo dos destróieres e cruzadores japoneses que se aproximaram da costa. A violenta arremetida dos japoneses conseguiu deslocar as defesas americanas, porém os defensores resistiram e mantiveram suas posições. Ao amanhecer do dia 13, Edson ordenou um contra-ataque, porém fracassou. Chegou-se então, novamente, ao anoitecer. O ataque, que os japoneses indubitavelmente lançariam, teria que ser contido pelos 400 soldados sobreviventes.
 
No setor japonês existia total confiança na vitória. O General Kawaguchi ordenou a um de seus batalhões realizar um ataque de distração sobre o flanco oriental do perímetro, enquanto ele, com três batalhões, levaria a cabo, sem aguardar o apoio da artilharia naval, a investida final contra a colina defendida pelos americanos. A luta se iniciou às 18h30. Rapidamente, adquiriu violência selvagem. Os homens de Edson sabiam que de sua resistência dependeria a sorte de toda a guarnição americana em Gudalcanal. Se os japoneses conseguissem apoderar-se da colina, nada mais os impediria de consumar o seu objetivo.
 
À medida que passava as horas, a luta se tornava mais e mais intensa. No topo da colina, entrincheirados em semicírculo, os americanos se preparavam para resistir ao último ataque da brigada de Kawaguchi. Nesse momento conseguiu-se estabelecer ligação telefônica com as baterias de artilharia situadas na retaguarda. Em seguida, graças à extraordinária habilidade de um soldado americano que, de uma trincheira avançada, tomou a cargo a tarefa de orientar o fogo, os obuses de 105 mm conseguiram estender uma mortífera barreira em torno da colina. Contra essa barreira chocaram-se um após outro, os ataques japoneses. Na manhã de 14 de setembro, a luta chegou ao fim. Mais de 600 cadáveres japoneses atestavam claramente a violência do combate. A colina continuava em poder dos americanos, cujos soldados a batizaram de Bloody Ridge (Colina Sangrenta).
 
Essa vitória, porém, foi apenas o início de uma longa luta que haveria de prolongar-se durante meses, na selva de Guadalcanal.
 
Nova ofensiva japonesa
 
15 de setembro de 1942. Em Guadalcanal, os marines americanos repelem o encarniçado ataque das tropas comandadas pelo General Kawaguchi. Mais de 1.000 soldados japoneses pereceram nos sangrentos choques, travados em torno do perímetro da base aérea de Henderson Field. Kawaguchi, com os restos de sua dizimada brigada, depois da derrota retirou-se desordenadamente selva adentro. Os japoneses, desprovidos de víveres e medicamentos, viveram, durante a travessia, sofrimentos terríveis, provocados pelo clima implacável, pelas enfermidades e pelos animais que os acossavam a todo momento.
 
Contudo, apesar do fracasso, o Alto-Comando japonês estava resolvido a desalojar, a qualquer preço, os americanos de Guadalcanal. Kawaguchi embarcou num destróier e se dirigiu à base de Rabaul, sede do comando do chefe do 17o Exército, General Hyakutate. Fisicamente deprimido pela fome e pelos padecimentos, Kawaguchi apresentou-se ante o seu superior e lhe expôs a terrível situação em que seu homens se encontravam em Guadalcanal, carentes, não apenas deelementos para lançar uma ofensiva, mas também do mínimo necessário para sobreviver. O desalentador informe não alterou, contudo, a confiança de Hyakutate de obter a vitória final. Outras notícias alentadoras estavam chegando de outras fontes da frente de luta. No dia 15 de setembro, s submarinos japoneses haviam conseguido um êxito retumbante nas ilhas Salomão. Em fulminante ataque, afundaram, com seus torpedos, o porta-aviões Wasp e um destróier, avariando, além disso, o encouraçado Nort Carolina. O restante da frota dos EUA se havia afastado da luta, assim como também os transportes que conduziam a Guadalcanal as tropas de reforços do 7o Regimento de marines.
 
O passo seguinte de Hyakutate consistiu em planejar o imediato envio a Guadalcanal das forças da 2a Divisão de Infantaria, denominadas Sendai, e outros corpos auxiliares: ao todo uns 20.000 homens. O transporte seria feito por destróieres e lanchas rápidas; a concentração das forças em Guadalcanal ficaria completada nos primeiros dias de outubro. O Almirante Yamamoto, chefe da esquadra, prometeu, por seu lado, dar pleno apoio naval à campanha.
 
Contra-ataque americano
 
Enquanto os japoneses iniciavam o envio de tropas através das ilhas do arquipélago, numa operação que os americanos denominariam Expresso de Tóquio e que consistia no transporte de combatentes num ritmo de 900 homens diários, o General Vandergrift decidiu lançar uma operação ofensiva a oeste de Guadalcanal. O objetivo desse ataque era impedir que os japoneses dispusessem suas forças nas margens do rio Matanikau, situado a oeste da base de Henderson. Esse curso d’água constituía uma importante barreira defensiva, cuja posse era de vital importância para os americanos.
 
Esta operação pôde realizar-se graças ao fato de que, na madrugada de 18 de setembro, chegaram a Guadalcanal os reforços do 7o Regimento de marines, formados por 4.262 homens. Entre essas unidades se contava com o batalhão comandado pelo Tenente-Coronel Lewis Puller, apelidado Chesty (Corpulento) pelos seus homens, e que um dos chefes mais populares do corpo de marines.
 
A 23 de setembro, Puller e seus homens se internaram na selva em busca do inimigo, apoiando o movimento que, do norte, e na desembocadura do rio Matanikau, estava realizando o batalhão de Raiders, sob as ordens do Tenente-Coronel Griffith. Este grupo tinha a missão de cruzar o rio e apoderar-se da localidade de Kukumbona, para ali estabelecer uma base avançada de operações. Os homens de Puller mantiveram um violento choque com os japoneses em meio da floresta, na noite de 24. Sofreram ali numerosas baixas e Vandergrift, na emergência, teve que enviar em auxílio de Puller um segundo batalhão. Com a ajuda dessas forças, Puller prosseguiu o avanço para o rio Matanikau, percorrendo o seu curso, em direção à desembocadura. Porém, a tentativa de Puller, de cruzar o rio, foi repelida pela enérgica resistência dos japoneses.
 
O grupo de Raiders, por sua vez, fracassou também na tentativa de cruzar o rio, apesar do apoio da aviação e da artilharia. Este fato, contudo, não chegou ao conhecimento de Vandergrift, que, na crença de que suas forças haviam transposto o Matanikau, e se encontravam já na margem ocidental, determinou que uma força de assalto, em lanchas de desembarque, apoiasse, com um ataque inesperado, vindo mar, a posição dos marines que avançavam pelo interior. Desta forma, o chefe americano esperava cercar as unidades japoneses que acreditava praticamente derrotadas.
 
A unidade anfíbia de assalto, contudo, viu-se obrigada a tocar a terra num ponto distante do previsto, debaixo de contínuo fustigamento dos aviões e morteiros japoneses. Deslocando-se rapidamente através da selva, os japoneses conseguiram cercar esta última unidade, que ficou isolada no alto de uma colina, sob o fogo inimigo. Desafiando a artilharia japonesa, as lanchas americanas se aproximaram das praias para resgatar as tropas sitiadas. Os marines, combatendo furiosamente, conseguiram abrir caminho e embarcar, levando consigo todos os seus feridos.
 
Vanderfrift, então, diante do fracasso da penetração dos batalhões de Puller e Griffith, ordenou aos mesmos que retornassem imediatamente às suas posições no rio Matanikau. O contra-ataque americano fracassara.
 
Os japoneses se preparam para a ofensiva
 
No dia 4 de outubro de 1942, o Tenente-Coronel Masao Maruyama chegou a Guadalcanal, juntamente com 16 destróieres, que conduziam um grande contingente da divisão Sendai. Essas tropas, que tiveram destacada atuação nas campanhas anteriores de conquista, eram integradas por efetivos novos, perfeitamente equipados e treinados. Seu chefe, o General Maruyama, dedicou-se imediatamente a planejar o avanço sobre o rio Matanikau. Para isso, destacou como ponta de lança o 4o Regimento, comandado pelo Coronel Nakaguma. A operação devia ser levada a cabo na madrugada de 7 de outubro. Por estranha coincidência, os marines, seguindo orientação do General Vandergrift, se lançariam também nesse mesmo dia, com uma força de cinco batalhões.
 
As tropas japonesas avançaram para os seus objetivos, hostilizadas pela aviação americana. A selva, no entanto, impediu que os aviões desenvolvessem todo o seu poder ofensivo e o movimento dos japoneses continuou, tal como havia sido planejado. Chegando ao rio durante a noite, os soldados de Nakaguma se entrincheiraram, e três companhias cruzaram para a margem oposta através da desembocadura. O ataque geral se desencadearia com a aurora do dia seguinte.
 
A 7 de outubro chegaram os batalhões americanos e entraram em luta com os destacamentos japoneses de vanguarda que haviam cruzado o rio. Durante o dia 8, intensas chuvas impediram aos dois lados ativar as ações ofensivas. No dia 9, o batalhão, comandado pelo Tenente-Coronel Puller avançou, a oeste do Matanikau, deslocando-se pela crista de uma colina. Repentinamente as patrulhas avançadas avistaram ao pé da elevação, os nutridos grupos da infantaria japonesa, que marchavam sem aperceber-se da presença dos americanos. Puller ordenou imediatamente aos seus homens que abrissem fogo com toda as a suas armas. Um espantoso massacre nas fileiras japonesas foi o resultado da ação. Mais de 700 soldados pereceram sob o fogo dos fuzis, metralhadoras e morteiros dos marines. Depois de concretizada essa ação vitoriosa, os americanos se retiraram para a margem oposta do rio. Fracassou assim o ataque planejado pelo General Maruyama. A violenta e inesperada reação dos marines jogou por terra a projetada ofensiva do chefe japonês.
 
Luta no mar
 
No dia 11 de outubro, zarpou de Rabaul uma numerosa frota de navios-transporte, escoltada por cruzadores e destróieres, conduzindo grande reforços em homens, armamentos e abastecimento para as tropas japonesas em Guadalcanal. Entre as armas se contavam com quatro grandes obuses de 150 mm, com os quais os japoneses se propunham bombardear de grande distância as pistas de Henderson Field. Em frente ao Cabo Esperança, no extremo ocidental da ilha de Guadalcanal, aguardava a frota japonesa uma força naval americana, sob as ordens do Contra-Almirante Scott, e integrada por quatro cruzadores e cinco destróieres. Nessa noite, as duas forças rivais entraram em luta. Atirando mortífera e certeiramente, as naves americanas conseguiram afundar o cruzador Fututaka e avariaram gravemente o Aoba, navio-capitânia do Contra-Almirante Goto, que pereceu no combate. Outros barcos foram afundados pela artilharia naval e pelas bombas da aviação que, na manhã seguinte, juntou-se à luta. Mediante esta ação, os americanos assestaram um duro golpe no Expresso de Tóquio.
 
A 13 de outubro, desembarcaram em Guadalcanal os soldados do 164o Regimento de Infantaria do exército americano para reforçar os marines.
 
Nesse dia, a aviação japonesa conseguiu realizar, de surpresa, uma série de devastadores ataques contra o aeródromo de Henderson, a que se juntou o canhoneio dos obuses de 150 mm que haviam conseguidouma posição em terra. Os enormes projéteis dos obuses explodiram no interior do perímetro defensivo, causando grandes baixas entre os soldados do 164o Regimento de Infantaria e destroçando instalações e depósitos. Nessa noite, os encouraçados Haruna e Kongo, escoltados por cruzadores e destróieres, se aproximaram da costa sem ser interceptados, e desfecharam um bombardeio infernal contra as posições americanas, que se prolongou durante mais de uma hora. Ao despontar o dia, os obuses reativaram o fogo com implacável cadência. Mediante essa concentração incrível de projéteis, disparados do ar, mar e terra, os japoneses conseguiram arrasar a base de Henderson. Dos 38 aviões da base, apenas 4 escaparam à destruição.
 
Os americanos, porém, não cederam em sua resistência. Alguns aviões foram reparados e uma esquadrilha de reforço, de bombardeiros de picada Dauntless, conseguiu aterrissar nas pistas semeadas de crateras, semi-recuperadas pelos grupos de reparações. A 15 de outubro, e depois de suportar um novo ataque noturno, os aviões da base Henderson bombardearam seus transportes japoneses que conduziam o grosso dos abastecimentos, munições de artilharia, provisões e medicamentos destinados ao exército japonês em Guadalcanal. Três barcos foram a pique e os restantes se viram obrigados a afastar-se da ilha. Este novo ataque trouxe graves conseqüências para os japoneses, pois deixou os grandes obuses praticamente sem os projéteis que o General Maruyama pretendia empregar para apoiar a ofensiva decisiva sobre as linhas inimigas.
 
Anexo
 
Porta-aviões japoneses
Em 1919, depois da Primeira Guerra Mundial, os altos-comandos da Marinha japonesa aprovaram um plano de construções navais baseado fundamentalmente em uma força de encouraçados. A nova frota contaria, como elementos principais, com oito grandes encouraçados e oito cruzadores de combate. Somente se construiriam dois porta-aviões, cada um com 12.500 toneladas. Já em 1918, antes da aprovação do plano, se iniciara a construção do primeiro porta-aviões japonês, o Hosho, sobre cuja coberta o Tenente Shunichi Kira realizou, em 1923, a primeira aterrissagem efetuada neste tipo de barco por um piloto japonês. Em virtude da Conferência Naval, celebrada em Washington em 1921-1922, e que limitou as construções das frotas de guerra, o Japão resolveu converter dois de seus cruzadores de combate, o Akagi e o Kaga, em porta-aviões. Posteriormente, construíram-se outros três porta-aviões, o Ryujo, o Soryu e o Hiryu. Em 1936, um novo plano deu lugar à construção de dois super-encouraçados, o Yamato e o Musashi, e dois velozes porta-aviões Shokaku e Zuikaku. Em 1939, ante a proximidade da guerra com as potências aliadas, recorreu-se a uma hábil improvisação. Três grandes navios de passageiros, o Kasuga-Maru, Izumo-Maru e Kashihara-Maru foram submetidos a transformações para converterem-se em porta-aviões. Quando o conflito se iniciou, em 1941, decidiu-se construir um novo porta-aviões leve, o Unryu e, no princípio do ano seguinte, os altos-comandos da Marinha aprovaram um plano que previa o lançamento de outro super-encouraçado, dois porta-aviões de 30.000 t. e um de 17.000 t. A acachapante derrota sofrida pela frota japonesa na batalha de Midway, em junho de 1942, no decorrer da qual foram afundados o Akagi, o Kaga, o Soryu e o Hiryu, fez com que os comandos da marinha paralisassem a construção dos novos super-encouraçados do tipo Yamato. Utilizou-se então a estrutura de uma dessas gigantescas naves (74.000 t.) para construir o porta-aviões Shinano, o de maior envergadura entre todos os congêneres das potências beligerantes. O Shinano foi torpedeado e afundado pelo submarino americano Archerfish em novembro de 1944, quando realizava sua primeira viagem de prova. Resolveu-se, também, efetuar a construção acelerada de 20 novos porta-aviões. Era já, no entanto, muito tarde. A crescente escassez de matérias-primas, e os violentos bombardeios da aviação americana, jogaram por terra o projeto. Dos 20 porta-aviões planejados, apenas quatro foram ao mar.
 
 
O soldado Watson
No topo da colina, os efetivos americanos aguardavam o ataque dos homens da brigada Kawaguchi. São poucos e deverão enfrentar a um inimigo numeroso e sedento do triunfo. Não tem, por outro lado, proteção da artilharia. As perspectivas, portanto, são negativas. Mas os homens encarregados das comunicações trabalham aceleradamente em seus aparelhos. A linha com a retaguarda, interrompida em diversos lugares, está sendo percorrida por alguns voluntários, que conseguem repará-la. E se estabelece o diálogo dos “condenados da colina” com as forças da retaguarda. O primeiro chamado, urgente, é destinado a pedir proteção da artilharia. Ela é garantida. Existe apenas um inconveniente: os homens da colina deverão dirigir o fogo que, às cegas, será aberto pelas baterias da retaguarda. Rapidamente se tomam as medidas e um soldado, de nome Watson, é o encarregado de dirigir e orientar o fogo.
Watson se arrasta até a sua trincheira improvisada, e se estende ao solo, telefone na mão. Espera. Sabe que a morte está ali, ao alcance da sua mão. Porém não vacila. Está disposto a lutar pela vida, sua e de seus companheiros.
Os japoneses atacam. E Watson começa a sua tarefa. Com o telefone em punho, ordena o fogo e comunica, lenta e precisamente, as distâncias. Faz algumas correções e, por fim, minutos depois, consegue que uma cortina de fogo se interponha entre a duas posições. Quando cessa o ataque, Watson é chamado para as linhas da retaguarda.
Ninguém duvida que ele é o responsável pela vitória. E assim é recebido pelos seus chefes, que o promovem a subtenente. É um prêmio meritório, para um soldado que cumpriu uma façanha meritória: manejar com a habilidade dos mais experientes oficiais, o fogo de todas as baterias da retaguarda e não somente conter, mas desbaratar um ataque destinado a triunfar.
 
 
Quatro minutos
36 bombardeiros japoneses de picada, acompanhados por 12 aviões-torpedeiros e escoltados por 24 caças Zero, se lançam ao ataque. Os barcos americanos, entre eles o Enterprise e o North Carolina, abrem fogo antiaéreo. Os primeiros aviões japoneses que se aproximam do alvo são literalmente desintegrados no ar.
O ataque se centraliza sobre o Enterprise. De súbito, a silhueta ameaçadora de um bombardeiro japonês de picada cai sobre o porta-aviões americano. No instante preciso em que o piloto começa a elevar o nariz do seu aparelho, deixa cair a bomba. O projétil, negro e reluzente, se precipita velozmente sobre a coberta do navio. Atravessa as pranchadas e penetra profundamente no interior. Trata-se de uma bomba graduada para explodir com retardamento e, de fato, explode quando se encontra na altura da terceira ponte; 35 homens morrem na explosão e um princípio de incêndio se declara. Na coberta, as pranchas parecem retorcidas como se fossem folhas de papel. Os corpos mutilados dos marinheiros e aviadores estão espalhados ao redor. Uma segunda bomba atinge o Enterprise um minuto mais tarde. Encontravam-se no local atingido nada menos que 60 homens. A atroadora explosão arroja ao espaço os corpos destroçados de 38 deles. Alguns dos homens que se encontravam nesse local, foram literalmente volatizados pelo efeito da explosão. A terceira bomba cai instantes depois sobre a coberta de vôo. Os homens correm desesperadamente, procurando extinguir os incêndios que se declaram a bordo. E é nesse instante que notam que as baterias antiaéreas já não disparam. Olham para o alto e comprovam que, de fato, já não há aviões japoneses sobre o Enterprise.
O ataque durou exatamente quatro minutos. No entanto, os efeitos foram consideráveis. 73 homens morreram, 95 ficaram feridos.
 
 
Perdido no Pacífico
24 de agosto. 6h30. Depois de avistar os barcos inimigos, os chefes americanos determinam a imediata partida de bombardeiros e torpedeiros. Um após outro, os aparelhos levantam vôo do Enterprise, rumo ao inimigo.
Pouco depois, já nas cercanias dos barcosjaponeses, os tripulantes dos aviões americanos preparam as miras. Em seguida, em meio a um fogo antiaéreo infernal, os aparelhos americanos se lançam ao ataque.
Uma depois da outra, as bombas descrevem a sua parábola. Instantes depois, uma depois outra, explodem entre os barcos japoneses.
O fogo antiaéreo, no entanto, faz uma vítima. É um bombardeiro americano, que cai em picada, soltando uma esteira de fumaça negra. E se espatifa na superfície do mar. Aparentemente, não há sobreviventes. Instantes depois, no entanto, um corpo emerge, com dificuldade, do interior da fuselagem que está afundando rapidamente. É o único tripulante que salvou a vida. Chama-se Delmar Wiley e é metralhador.
Wiley arrastou atrás de si um bote pneumático e, nadando penosamente, se afasta do avião que desaparece. Depois, dominando a dor dos ferimentos, abre a válvula de gás do bote que é rapidamente inflado. Wiley sobe nele e deixa-se cair sobre o fundo. Assim começa a sua longa e penosa peregrinação.
Quinze dias permanecerá Wiley navegando à deriva em seu pequeno bote. Quinze dias nos quais se alimentará das magras rações contidas nas bolsas do bote, e de alguns peixes que conseguirá pescar com habilidade. Afinal, depois de quinze penosos dias divisará ao longe o vulto de uma ilhota. Desesperadamente, remando sem pausa, Wiley dirigirá a pequena embarcação para a praia longínqua, até alcança-la.
A surpresa de Wiley se transmuda em alegria, quando vê partir da ilha numerosas embarcações nativas. Pouco depois, transportado pelos indígenas, chega à praia.
A convivência de Wiley com os selvagens significa as salvação para ele. De fato: os nativos o tratarão solicitamente, curarão seus ferimentos, e lhe proporcionarão os meios para regressar a Flórida no dia 11 de abril de 1943, 218 dias depois de ter sido derrubado pelos japoneses...
 
 
“Matem Vandergrift”
14 de setembro de 1942. É dia claro e os raios do sol se filtram através do teto natural formado pelas ramagens sobre a cabeça dos combatentes. Em torno, tudo é silêncio. Em uma clareira, no meio da espessa mata, se ergue uma tenda. É o posto de comando do General Vandergrift. Alguns sentinelas vigiam, com as armas em punho. Bem próximo, entretanto, arrastando-se lentamente, cinco homens se aproximam do posto. São quatro soldados e um oficial japoneses. Sua missão, suicida, os fanatiza. Deverão eliminar o General Vandergrift.
A patrulha japonesa se aproxima cada vez mais. Minutos depois podem divisar os rostos dos soldados que guardam a tenda.
O oficial japonês estuda rapidamente a situação e decide. Dois dos soldados farão uma volta e atacarão do lado oposto. Aproveitando a surpresa, eles e os outros dois soldados restantes avançarão correndo sobre a tenda. A uma ordem do oficial, dois dos japoneses se perdem na folhagem. Os demais aguardam. Passam alguns longos minutos. Finalmente, um grito de animal selvagem, perfeitamente familiar para o oficial japonês, se escuta ao longe. É o sinal. Os dois soldados enviados para o lado oposto estão prontos para entrar em ação. O oficial japonês, sem vacilar, olha seus homens e comprova que também estão prontos. Gira novamente e, cravando seu olhar na barraca, lança por sua vez, um grito.
A resposta é imediata. Do lado oposto se escuta a corrida precipitada dos dois japoneses e seus gritos. Os sentinelas americanos, surpreendidos pela inesperada aparição, se mantêm imóveis uma fração de segundos. Em seguida, levando as armas ao ombro, apontam e descarregam uma saraivada de balas contra a folhagem. É o que o oficial japonês esperava. Imediatamente se ergue e, seguido pelos dois soldados, avança correndo. Alguém os vê, contudo. É um oficial americano que se interpõe em seu caminho. O japonês, brandindo o seu pesado sabre, se lança em cima dele, e lhe destroça a cabeça. O americano, ao cair, solta um grito aterrador. E esse grito alerta os outros soldados americanos que se voltam, e recebem os japoneses com uma rajada de balas. Minutos depois tudo está concluído. Cinco cadáveres de japoneses jazem na clareira. Entre eles, com o crânio esfacelado, o oficial americano.
O audacioso golpe fracassara.

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