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73581463 FGV Economia Aplicada Apostila

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ii 
Sumário 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1 
1.1 EMENTA DO CURSO 1 
1.2 CARGA HORÁRIA DA DISCIPLINA 1 
1.3 OBJETIVOS GERAIS 1 
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 2 
1.5 METODOLOGIA 2 
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 2 
1.7 BIBLIOGRAFIA ADOTADA E RECOMENDADA 3 
1.8 SITES DE INTERESSE: 3 
CURRÍCULO RESUMIDO DO PROFESSOR 4 
2. INTRODUÇÃO E MICROECONOMIA 5 
2.1 ECONOMIA E MICROECONOMIA 5 
2.1.1 O CASO DOS MERCADOS COMPETITIVOS 5 
2.1.2 ELASTICIDADE E A CURVA DE DEMANDA 16 
2.1.3 ESTRUTURAS DE MERCADO 18 
3. MACROECONOMIA 25 
3.1 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS: CRESCIMENTO E INFLAÇÃO 29 
3.1.1 PIB: CONCEITO E FATORES DE CRESCIMENTO DA OFERTA AGREGADA 29 
3.1.2 O CONCEITO DE VALOR AGREGADO 32 
3.1.3 PIB E PNB 39 
3.1.4 A DEMANDA AGREGADA EM UMA ECONOMIA COMPLETA (COM GOVERNO E RELAÇÕES 
COM O EXTERIOR) 43 
3.1.5 O PIB E O CICLO DE NEGÓCIOS 47 
3.2 FINANÇAS PÚBLICAS 51 
3.2.1 DÍVIDA E DÉFICITS PÚBLICOS 51 
3.3 O MACROMERCADO MONETÁRIO: A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL E AS METAS 
DE INFLAÇÃO 55 
3.3.1 O PROCESSO INFLACIONÁRIO 55 
3.3.2 A OFERTA DE MOEDA E A DETERMINAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE MERCADO 58 
3.4 O MACROMERCADO DE CÂMBIO 66 
3.4.1 REGIMES CAMBIAIS 66 
3.4.2 AS CONTAS DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 70 
4. PEQUENO GLOSSÁRIO DE TERMOS ECONÔMICOS 76 
5. TEXTOS DE APOIO 83 
 
Economia Aplicada 
1 
1. Programa da Disciplina 
 
1.1 Ementa do Curso 
Noções de Microeconomia: Custo de oportunidade, Assimetria da informação, 
Equilíbrio de mercado, Estudos das elasticidades, Teoria dos jogos e Cartel . 
Macroeconomia, O mercado de bens e serviços: PIB e PNB, o Balanço de Pagamentos, 
o Fluxo Circular de Renda, poupança e investimento, crescimento e inflação. Meios de 
Pagamento, Políticas Macroeconômicas (Monetária, Fiscal, Cambial e Comercial) e 
Finanças Públicas. 
1.2 Carga Horária da Disciplina 
Para esta disciplina tem-se destinada uma carga horária mínima de 24 
horas/aula, para que haja um bom desenvolvimento das idéias, conceitos e teorias 
econômicas que podem ser aplicadas ao bom gerenciamento das organizações em todas 
as suas esferas. 
1.3 Objetivos gerais 
Compreender os conceitos e processos econômicos mais relevantes e suas 
aplicações dentro das organizações. Identificar os aspectos microeconômicos e ao 
mesmo tempo conciliá-los com movimentos macroeconômicos que sejam de interesse 
para as empresas e interfiram em seu processo de gestão. Permitir evoluções no 
posicionamento estratégico das empresas em antecipação às ações disseminadas nas 
políticas econômicas adotadas no âmbito nacional e internacional. Compreender 
alternativas e a lógica subjacente à condução das políticas macroeconômicas. 
Proporcionar aos gestores uma visão econômica local e ao mesmo tempo global, de 
 
Economia Aplicada 
2 
maneira que possam usufruir dos conhecimentos econômicos em suas atividades 
pessoais e profissionais. 
1.4 Conteúdo Programático 
Microeconomia 
 Oferta e demanda; 
 O conceito de elasticidade; 
 Estruturas de Mercados; 
 Teoria dos jogos no Oligopólio. 
Macroeconomia: o fluxo 
circular de renda e o 
mercado de bens e 
serviços. 
 Determinação da renda como fluxo de valor; 
 Os conceitos de PIB e PNB; 
 Poupança, investimento e crescimento econômico e 
Inflação; 
 O balanço de pagamentos; 
O mercado monetário-
financeiro 
 Políticas Macroeconômicas; 
 O papel do Banco Central: políticas de mercado; 
 Políticas de estabilização e as metas de inflação. 
O mercado cambial e 
fluxo de divisas 
 Taxas de câmbio e regimes cambiais. 
1.5 Metodologia 
Aulas expositivas com o foco em fornecer um conjunto de elementos que visam 
a discussão continuada de temas que envolvam a realidade econômica das empresas, do 
Brasil e demais componentes do mercado internacional. As atividades e discussões 
serão realizadas em pequenos grupos, com o intuito de analisar os fatos do passado, da 
atual e da futura conjuntura econômica que, de certa forma, contribuirá positivamente 
na formulação das estratégias por parte dos alunos. 
1.6 Critérios de Avaliação 
Prova discursiva envolvendo temas apresentados e amplamente debatidos 
durante todo o curso. Em algumas turmas, de acordo com apontamento do professor, a 
prova poderá envolver questões relacionadas a algum estudo de caso que tenha relação 
direta com a vida econômica das organizações. Existem casos em que parte da avaliação 
será alternativa. 
 
 
Economia Aplicada 
3 
1.7 Bibliografia Adotada e Recomendada 
CASTRO, L. B. de (e outros). Economia Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: 
Editora Campus, 2004. 
EQUIPE DE PROFESSORES DA USP. Manual de Introdução à Economia. São 
Paulo: Saraiva, 1998. 
GONÇALVES, A.C.P. (org.) e outros. Economia Aplicada. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 
2009. 
GREMAUDI, A. P. (e outros). Economia Brasileira Contemporânea. São Paulo: 
Editora Atlas, 2002. 
MANKIW, G. N. Introdução à Economia. São Paulo: Editora Campus, 2000. 
MOCHÓN, Francisco Morcillo. Introdução à Economia. São Paulo: Editora Makron, 
2002. 
OBTSFELD, N. e KRUGMAN, P. Economia Internacional: teoria e prática. Editora 
Makron Books, 2000. 
PORTER, Michael E. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro, Campus, 2005. 
SILVA, César R. L e LUIZ, Sinclair. Economia e Mercados. São Paulo: Saraiva, 2005. 
VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia: Micro e Macro. São Paulo: Ed. Atlas, 
2002. 
 
1.8 Sites de Interesse: 
• Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br 
• Banco Mundial: www.worldbank.org 
• BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: 
www.bndes.gov.br 
• Google Acadêmico: www.scholar.google.com 
• IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: www.ibge.gov.br 
• IPEA- Instituto Pesquisas Econômicas Aplicadas: www.ipeadata.gov.br 
• Ministério das Relações Exteriores: www.mre.gov.br 
• Ministério do Desenvolvimento: www.desenvolvimento.gov.br 
• SEADE- Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados: www.seade.gov.br 
• Universo Jurídico: www.uj.com.br 
 
 
 
Economia Aplicada 
4 
Currículo Resumido do Professor 
Claudio Augusto Garbi é nascido na cidade de São Paulo, SP. Formado em 
Ciências Econômicas, pela Instituição Toledo de Ensino (ITE-Bauru), e também 
graduado em Administração (CEUCLAR). Tornou-se especialista em Economia por 
escolas da USP-ESALQ e UFSCar. Estudou na Inglaterra e Estados Unidos, além de ter 
conhecido 13 países em diferentes continentes (África, América, Europa, Oriente Médio 
e Oceania). É mestre em Administração pela Universidade São Francisco-USF, e desde 
então, desenvolve estudos na área de docência e negócios na FGV, instituição esta que 
atua desde 2004 na graduação e em vários cursos dos programas de pós-graduações. Foi 
premiado pela FGV como destaque e melhor professor em Economia do FGV 
Management em 2009. É coordenador de pós-graduação e vice-diretor acadêmico da 
Faculdade de Agudos (FAAG), a qual coordena o MBA Internacional em Gestão 
Empresarial e de Pessoas na Universidade de Benguela e em Luanda, capital de Angola. 
Atua paralelamente como industrial do setor calçadista nas funções de gerente geral e de 
custos em sua empresa. Vem desenvolvendo diversos trabalhos no cenário educacional 
e de consultoria, tanto no Brasil como em outras nações. Suas pesquisas englobam as 
áreas de Gestão, Economia, Estratégia, Custos, Projetos, Teorias Micro e 
Macroeconômicas, Empreendedorismo e Sustentabilidade Socioambiental. 
 
 
 
 
Economia Aplicada 
5 
 
2. Introdução e Microeconomia 
 
 
A Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o 
indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de 
bense serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, 
com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas. (VASCONCELLOS, 2002) 
 
2.1 Economia e Microeconomia 
Pontos-chave: Custo de oportunidade; Assimetria da informação, Demanda e 
Oferta, Equilíbrio de mercado; Elasticidade; Funcionamento dos Mercados, Teoria dos 
Jogos e Formulação de Cartel. 
 
2.1.1 O Caso dos Mercados Competitivos 
Numa definição bastante geral, o objeto da Economia são as relações materiais 
entre os indivíduos, com especial atenção para aquelas que se realizam através do 
mercado, ou seja, através de relações de caráter mercantil. Um elemento básico com o 
qual trabalha a Ciência Econômica é o fato de que, na sociedade moderna, os desejos ou 
necessidades materiais dos indivíduos são, em geral, mais amplos do que a 
disponibilidade de recursos existentes. Em outros termos, podemos imaginar que não 
existe um limite, a priori, para os desejos ou necessidades materiais, ao mesmo tempo 
em que existem claras limitações à produção dos bens e serviços necessários ao 
atendimento destes desejos ou necessidades. 
 
Economia Aplicada 
6 
Este confronto entre desejos ilimitados e recursos limitados resulta no que se 
convencionou chamar ―escassez‖. Este conceito, de caráter explicitamente relativo, 
implica que a sociedade precisa encontrar meios de alocar recursos para a produção de 
bens e serviços e desenvolver formas de distribuir estes sabendo que apenas uma 
parcela dos desejos materiais dos indivíduos será satisfeita. Assim passamos a ter a 
idéia que apenas uma parcela dos indivíduos poderá satisfazer seus desejos ou 
necessidades. Quando o critério de definição de quais desejos ou necessidades será 
atendido e quais não o serão passa por relações mercantis, de forma que o problema da 
escassez se transforma em uma ―solução‖ estritamente de caráter econômico. 
Compreendida desta forma, a escassez é o elemento central que justifica a 
existência dos mercados. E os mercados são a melhor forma de ―resolver‖ este 
problema econômico — ou pelo menos é o que afirmam os economistas. 
Por mercado deve-se compreender tão somente um conceito abstrato que está 
referido, em última análise, a relações mercantis específicas entre agentes econômicos. 
Assim, quando falamos em mercado de automóveis, por exemplo, estamos nos 
referindo ao conjunto de relações mercantis que têm por objeto carros, motos, 
caminhões, etc. Se quisermos ser mais precisos, podemos falar no mercado brasileiro de 
automóveis, restringindo geograficamente a idéia de mercado. 
A relação entre a idéia de escassez e o conceito de mercado pode ser construída 
de diversas formas. Uma delas é através da dicotomia tradicional entre oferta e 
demanda. Em um mercado competitivo, temos sempre muitos ofertantes e demandantes, 
isto é, pessoas que querem se desfazer de determinado bem e pessoas que desejam 
adquiri-lo. O grande número de demandantes e ofertantes é o caso típico de mercados 
que transacionam bens relativamente padronizados e em grandes quantidades. Ainda 
que não seja o caso mais comum na história, o mercado competitivo é sempre a 
referência de análise e estudo do economista tradicional. 
A idéia de recursos escassos nos impõe o fato de que toda oferta é limitada, e se 
contrapõe a uma demanda (potencialmente) ilimitada. No caso dos automóveis, existe 
um claro limite para a sua produção; entre outros motivos, os recursos que são 
utilizados na produção de carros podem ter diversos outros usos e, certamente, a 
sociedade não estaria interessada em despender todos os seus meios produtivos 
(energia, trabalho, matérias-primas) exclusivamente na produção de automóveis. Em 
outras palavras, existe um ―custo de oportunidade‖ na produção de automóveis, 
mensurável pelo valor de todos os outros bens e serviços que deixam de ser produzidos 
 
Economia Aplicada 
7 
para que se possa fabricá-los. Por outro lado, o número de pessoas que gostaria de ter 
um, dois ou diversos carros também é elevado. 
Suponha que atualmente existe uma oferta limitada de automóveis em um 
determinado país. Agora complemente com a idéia que os vendedores percebam que 
existem mais compradores do que unidades para serem vendidas. Como resolver quem 
poderá levar as unidades disponíveis e quem ficará insatisfeito? 
Dentre todas as alternativas possíveis, a que possui maior relevância econômica 
é a elevação dos preços de venda. Tal elevação irá reduzir gradualmente o número de 
compradores, até que este iguale o número de unidades disponíveis para a venda. 
Quando isto ocorrer, o mercado de automóveis estará em equilíbrio, ou seja, estará em 
vigor um preço suficientemente alto e fará com que todos aqueles que continuem 
dispostos a (ou ainda podem) comprar seu automóvel consigam adquiri-lo, sem que haja 
nenhum consumidor em potencial não atendido. 
Mas, e se o número de compradores fosse menor que o de unidades disponíveis 
para a venda? Os vendedores estariam acumulando estoques indesejados e não estariam 
satisfeitos. A forma de resolver este problema seria reduzir os preços, até que o número 
de compradores se elevasse. O preço de equilíbrio seria aquele que deixasse 
relativamente satisfeitos tanto compradores quanto vendedores, ou seja, àquele preço, 
todos os que queriam comprar puderam fazê-lo, assim como todos os que queriam 
vender. 
Com esta descrição ilustrativa, o mercado aparece como uma forma de decidir 
quem terá acesso de fato aos bens e serviços produzidos na economia, dada sua 
escassez. 
Por trás desta visão, com um apelo intuitivo claro, estão dois princípios que 
fundamentam o funcionamento dos mercados, e que podem ser expressos de forma 
bastante simples: 
 
 
 
 
 
 
Ambos os princípios estão na base do funcionamento dos mais diferentes tipos 
de mercados. Se estivermos pensando em mercados muito específicos, como o de 
Princípio da demanda: Apresenta relação inversa entre o preço e a quantidade que os 
demandantes desejam e podem comprar de um determinado bem ou serviço. 
Princípio da oferta: Apresenta relação direta entre o preço e a quantidade que os ofertantes 
desejam e podem produzir e vender de determinado bem ou serviço. 
 
Economia Aplicada 
8 
automóveis ou, de uma forma ainda mais precisa, de automóveis populares em São 
Paulo em 2004, podemos dizer que estamos tratando de um micromercado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Suponha que a curva D1 (representada na Figura 1, abaixo) representa a 
demanda por determinado bem como automóveis populares. Através de sua 
representação gráfica, podemos notar que, ao preço de $ 30.000 a unidade, o total de 
vendas é de 2 milhões de unidades. A este preço, apenas uma pequena parcela dos 
consumidores estaria disposta a abrir mão do consumo de outros bens e serviços para 
adquirir um automóvel deste tipo. Caso o preço fosse reduzido para $ 20.000 a unidade, 
a demanda seria ampliada para 4 milhões de unidades. A este preço, um número maior 
de pessoas poderia adquirir este bem; outras pessoas acreditariam que o sacrifício (custo 
de oportunidade), mensurado pelos demais bens que deixariam de ser comprados, 
passaria a valer a pena ao preço unitário de $ 20.000. Finalmente, caso o preço fosse de 
$ 10.000 a unidade, a demanda seria de 6 milhões de unidades, isto é, um número maior 
Custo de Oportunidade: O conceito de custo de oportunidade envolve uma avaliação das 
escolhas que fazemos em tudo em nossas vidas, especialmente na esfera econômica. 
Ninguém gosta de se arrepender de suas decisões. E isso é válido também em Economia. Uma 
pessoa pode decidir aplicar seu dinheiroem renda fixa por receio do risco do mercado de ações. 
Mas, se a bolsa subir muito, essa pessoa vai avaliar a diferença entre o que ganhou em renda fixa 
e o que poderia ter ganho caso tivesse aplicado em ações. Essa diferença mede o ―tamanho‖ do 
arrependimento dessa pessoa ou o custo da oportunidade perdida. Mas existem outros exemplos 
de avaliação do custo de oportunidade que nada tem a ver com ganho financeiro. Comprar um 
apartamento e descobrir, dias depois, um novo lançamento com mais itens de conforto ou 
localização gera arrependimento. De novo, esse arrependimento é a diferença entre a satisfação 
que temos pelo imóvel comprado e a satisfação que poderíamos ter se tivéssemos esperado mais 
uns dias. 
Assimetria da Informação: Em Economia, assimetria da informação ou informação 
assimétrica é interpretada como um fenômeno que ocorre quando dois ou mais agentes 
econômicos estabelecem entre si uma transação econômica com uma das partes envolvidas 
detendo informações qualitativa ou quantitativamente superiores aos da outra parte. Essa 
assimetria gera o que se define na microeconomia como falhas de mercado. 
Esse fenômeno ocorre freqüentemente quando não se possui toda informação suficiente em uma 
negociação, ou mesmo os segredos comerciais tão resguardados por inúmeras empresas, uma vez 
que fará toda a diferença no processo comercial, afetando diretamente a atratividade dos bens ou 
serviços, ou mesmo no auxílio da formulação estratégica empresarial. 
 
Economia Aplicada 
9 
de consumidores estaria disposto a abrir mão do consumo de outros bens e serviços para 
adquirir um automóvel popular. 
Note que, para ―desenharmos‖ uma curva de demanda como D1, estamos 
fazendo a hipótese de que tudo mais permanecerá constante naquela economia (coeteris 
paribus, em latim). Isto significa que a relação entre preço e quantidade demandada, 
expressa em D1, supõe que permaneceram inalterados elementos como as preferências 
dos consumidores, o preço de todos os outros bens, a renda dos consumidores, e tudo 
mais. Em outras palavras, estamos analisando, por enquanto, apenas a relação estrita 
entre preço e quantidade, tanto do ponto de vista da demanda quanto da oferta. 
 
Figura 1 - Princípio da Demanda 
 
 
 
Agora, observe a curva D2. Para cada preço constante no eixo vertical está 
associada uma quantidade demandada maior em D2 relativamente a D1. Se, por 
exemplo, o preço unitário dos automóveis populares fosse de $ 10.000, a quantidade 
demanda seria de 10 milhões de unidades. 
A curva D2 representa uma situação onde alguma das condições antes incluídas 
em nossa hipótese coeteris paribus foi alterada (em geral, apenas uma das condições é 
alterada de cada vez nas análises econômicas, todas as demais permanecendo, 
constantes). Por exemplo, imagine que houve um aumento da renda dos consumidores 
de automóveis populares. Tudo mais constante haverá um deslocamento da curva de 
demanda de D1 para D2, conforme indicado pelas setas na Figura 1. Agora, com os 
10.000 
20.000 
30.000 
Preço 
unitário em 
R$ 
D1 
D2 
2 4 10 6 Unidades em milhões 
 
Economia Aplicada 
10 
consumidores possuindo mais renda, a cada preço unitário, a demanda por automóveis 
será mais elevada do que na situação anterior, expressa em D1. 
Agora, observe a Figura 2. Nela está representada uma expressão gráfica para o 
princípio da oferta. Quanto mais alto o preço, maior o volume ofertado. Vamos nos 
fixar novamente no caso dos automóveis populares. Observe a curva de oferta O1. Caso 
o preço de oferta seja de $ 10.000, apenas um pequeno número de carros será ofertado, 
ou seja, os fabricantes estariam dispostos a ofertar apenas 2 milhões de unidades. A este 
preço relativamente baixo, os fabricantes estarão mais interessados em modelos com 
preços mais elevados, e mesmo os comerciantes estarão desinteressados em oferecer 
automóveis deste tipo. Se o preço for de $ 30.000 a unidade, o número de automóveis 
ofertados também aumenta, passando para 6 milhões de unidades. Note que, quando o 
preço é de $ 20.000, a quantidade ofertada é de 4 milhões de unidades. 
Novamente, a curva O1 é construída com a tradicional hipótese de coeteris 
paribus. Em termos da oferta, isto significa que elementos como a tecnologia, o número 
de fabricantes, o preço dos insumos etc, são fixos e não se alteram. Mas, o que ocorreria 
caso houvesse uma alteração do número de fabricantes? Suponha que algumas novas 
empresas ingressam no mercado. Caso isso ocorra, é razoável supor que, a cada preço, 
haverá uma oferta maior de automóveis. Isto é ilustrado na Figura 2 através do 
deslocamento da curva de oferta de O1 para O2. 
Figura 2 - Princípio da Oferta 
 
 
Preço unitário 
em R$ 
30.000 
20.000 
10.000 
2 4 6 Unidades em milhões 
O3 
O1 
O2 
 
Economia Aplicada 
11 
Com mais fabricantes no mercado a disputa (ou concorrência) será ampliada e, 
ao preço de $ 10.000, por exemplo, o volume de automóveis ofertado será de 4 milhões 
de unidades, e não mais apenas 2 milhões. O mesmo ocorreria se, por exemplo, o preço 
dos insumos fosse reduzido. Caso isso acontecesse, 4 milhões de automóveis populares 
poderiam ser fabricados a um preço menor do que $ 20.000 a unidade (como estava 
expresso na curva O1); em nosso exemplo, caso esta redução de preços de insumos 
pudesse ser descrita pela curva O2, o preço unitário para uma produção de 4 milhões de 
unidades passaria para $ 10.000, exatamente como no caso do ingresso de mais um 
concorrente. 
Situações opostas, isto é, a saída de um fabricante e/ou o encarecimento dos 
insumos, levariam a uma contração da oferta. Isto significa que, para uma produção de 2 
milhões de unidades, o preço unitário deveria ser de $ 20.000, tal como expresso na 
curva O3. 
Compreendidas as formas de representação gráfica dos princípios da oferta e da 
demanda, podemos completar nosso mercado, indicando como as curvas de oferta e 
demanda interage simultaneamente. Observe a Figura 3. Ela nada mais é do que a 
reunião, em um só gráfico, das curvas D1 e O1. Da forma como foram construídas, 
estas curvas de oferta e demanda se interceptam no ponto E, no qual os preços de oferta 
e de demanda são idênticos ($ 20.000) e a quantidade transacionada é de 4 milhões de 
unidades. O ponto E (break-even point) caracteriza o equilíbrio de mercado. 
 
Figura 3 - Ponto de Equilíbrio Econômico, ou equilíbrio de Mercado 
 
 
 
10.000 
20.000 
30.000 
Preço unitário 
em R$ 
2 4 6 Unidades em milhões 
E 
D 
D1 
B A 
O1 
C 
 
Economia Aplicada 
12 
 
 
 
 
 
Na Figura 3, acima, ao preço de $ 20.000 a unidade, os consumidores estão 
dispostos a adquirir 4 milhões de unidades do bem transacionado, quantidade que é 
idêntica àquela que os produtores estão dispostos a ofertar àquele preço. Com isso, tanto 
consumidores quanto produtores estão (relativamente) satisfeitos. Os consumidores 
gostariam de adquirir um número maior de automóveis, mas apenas se o preço fosse 
mais baixo. Isto porque, a um preço menor, o custo de oportunidade (o sacrifício de 
outros bens que deixariam de ser comprados), também seria reduzido, estimulando a 
compra do bem em questão - automóveis populares. Por outro lado, os produtores 
somente estariam dispostos a ampliar a produção caso o preço fosse mais elevado; 
apenas nestas condições, o negócio de produção e venda de carros populares seria 
suficientemente atraente para fazê-los mobilizar recursos para sua produção, 
abandonando outras alternativas de negócios. 
Agora, suponha que houvesse um tabelamento de preços, e os automóveis 
populares passassem a ter um preço máximode $ 10.000 a unidade. A este preço, os 
consumidores desejam adquirir um total de 6 milhões de unidades. Por seu turno, dada a 
baixa atratividade do negócio, os produtores estão dispostos a ofertar apenas 2 milhões 
de unidades. A diferença entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada pode 
ser representada graficamente através do segmento C-D. Este segmento indica o 
excesso de demanda que ocorreria caso o preço fixado fosse baixo demais. Para 6 
milhões de 10 unidades desejadas pelos consumidores, haveria apenas 2 milhões de 
unidades disponíveis, gerando um contingente de consumidores insatisfeitos. Caso 
análogo ocorreria caso o preço fosse fixado em $ 30.000. Neste caso, porém, o 
segmento A-B ilustra o excesso de oferta, pois, a este preço, a quantidade ofertada (6 
milhões de unidades) excederia a quantidade demanda (2 milhões). 
O exemplo dos automóveis pode não parecer muito realista neste caso. Isto 
porque, dada a existência de um número muito pequeno de produtores de automóveis, 
estes em geral sabem qual a quantidade máxima que o mercado poderá absorver a cada 
preço. Em outras palavras, cada produtor conhece a curva de demanda. Este tipo de 
situação (excesso de oferta) é bastante comum quando da fixação de preços mínimos 
Conceito de equilíbrio de mercado: o equilíbrio de mercado é atingido quando, a determinado 
preço, todos os consumidores dispostos a comprar, bem como todos os produtores dispostos a 
vender, atingem seus objetivos mercantis. 
 
Economia Aplicada 
13 
para produtos agrícolas. Neste caso, como cada produtor é muito pequeno diante dos 
volumes totais de produtos transacionados, tende a elevar sua oferta quanto o preço 
mínimo é fixado em níveis muito elevados, apostando na possibilidade de poder vender 
toda sua produção àquele preço. No entanto, quando todos os produtores agem da 
mesma forma, o resultado é um excesso de oferta no mercado. 
Caso o mercado com muitos ofertantes e muitos demandantes (isto é, um 
mercado competitivo) fosse deixado para funcionar livremente, tanto os excessos de 
oferta quanto os excessos de demanda seriam automaticamente corrigidos. Isto é que se 
chama tendência automática ao equilíbrio. Situações de excesso de demanda tendem a 
gerar disputas entre os consumidores, cuja manifestação mais simples é a existência de 
filas. Havendo tal disputa, a tendência é de que os consumidores mais ―ávidos‖ pela 
aquisição do bem façam lances mais altos, como em um leilão. O resultado é uma 
elevação do preço que tende a reduzir a demanda e ampliar a oferta. Diante de lances 
mais altos, uma parte dos consumidores desiste da compra, ao mesmo tempo em que um 
número maior de unidades é ofertado. 
Na figura acima, esta tendência ao equilíbrio é mostrada nas setas que indicam o 
movimento de A e B em direção a E. Quando oferta e demanda coincidirem, não haverá 
mais pressão por alterações de preço. O mesmo ocorre quando há excesso de oferta; os 
ofertantes passariam a acumular estoques que não conseguem vender e tenderiam a 
baixar seus preços para atrair compradores, ao mesmo tempo em que reduziriam a 
produção. Diante de preços mais baixos, a própria oferta tende a reduzir-se, ao mesmo 
tempo em que um número maior de consumidores passa a demandar o produto. Este 
processo aconteceria até que oferta e demanda fossem coincidentes, quando então 
dizemos que o mercado está em equilíbrio. 
Agora, observe a Figura 4, abaixo. Ela mostra deslocamentos da curva de oferta. 
No ponto E1, podemos observar o equilíbrio de mercado quando as curvas de oferta e 
demanda são, respectivamente, O1 e D1, o preço de equilíbrio é $ 20.000 e a quantidade 
de equilíbrio é 4 milhões. A curva O3 mostra uma contração da oferta, ou seja, para 
cada preço, os ofertantes estão dispostos a colocar uma quantidade menor de produto no 
mercado (o que pode ter sido causado pela saída de produtores ou por uma elevação nos 
preços dos insumos, por exemplo). 
 
 
 
 
Economia Aplicada 
14 
Figura 4 – Deslocamentos da Oferta 
 
 
 
 
 
Podemos notar que, toda vez que a oferta se retrai, tudo mais constante, o preço 
de equilíbrio se eleva. No caso da figura acima, ele passa de $ 20.000 para $ 28.000. 
Paralelamente, a quantidade de equilíbrio se reduz, passando de 4 milhões para 2,3 
milhões de unidades. O ponto de equilíbrio que era representado por E1 passa agora a 
ser E3. Situação inversa ocorre quando a oferta se expande, passando de O1 para O2. 
Toda vez que a oferta se expande, o preço de equilíbrio se reduz e a quantidade 
transacionada se eleva. 
A Figura 5 mostra uma situação onde a curva de demanda é que se desloca: 
ocorre uma expansão de D1 para D2 e uma contração de D1 para D3. No caso de uma 
expansão de demanda, preços e quantidades transacionadas se elevam, ocorrendo o 
oposto quando a demanda se contrai. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2,3 4 5,6 Unidades em milhões 
10.600 
20.000 
28.000 
Preço unitário 
em R$ 
O1 
O2 
O3 
E3 
E1 
E2 
D1 
 
Economia Aplicada 
15 
Figura 5 - Deslocamentos da Demanda 
 
 
 
 
O funcionamento dos mercados competitivos, tal como descrito pela Economia, 
nos permite compreender uma série de fenômenos. A relação básica, por trás dos 
mecanismos que acabamos de descrever, refere-se a interação mútua entre preços e 
quantidades transacionadas de determinado bem ou serviço. 
Se tal bem ou serviço for descrito através de características bastante específicas 
(automóveis ou, de forma ainda mais precisa, carros populares, por exemplo), estaremos 
tratando de um micromercado e, portanto, estaremos no âmbito da microeconomia. No 
entanto, podemos pensar em mercados cuja principal característica seja a descrição 
bastante genérica do bem ou serviço transacionado. Por exemplo, quando analisamos o 
mercado de trabalho, estamos em um nível muito geral, sem explicitarmos nenhuma 
característica específica da ―mercadoria‖ transacionada. Afinal, estamos preocupados 
como o trabalho feminino na indústria paulista, por exemplo? Ou com o trabalho de 
recém formado em direito em Porto Alegre? Se estivermos pensando no mercado de 
trabalho global de um país, não estaremos fazendo distinções deste tipo e, portanto, não 
estaremos no âmbito da microeconomia, mas no da macroeconomia. Em outras 
palavras, quando pensamos em um mercado definido de forma bastante genérica e para 
um país como um todo, estamos tratando de macromercados. 
Apesar de sua característica de generalidade e abrangência nacional, os 
macromercados obedecem, em linhas gerais, os mesmos princípios de funcionamento 
1,8 5,3 4 
Preço unitário 
em R$ 
29.000 
20.000 
10.400 
Unidades em milhões 
D1 
D2 
D3 
O1 
 
Economia Aplicada 
16 
de micromercados como o de carros populares, utilizado acima. Assim, é possível 
pensar em oferta, demanda, preço, equilíbrio, e tudo mais que foi definido para 
micromercados. 
 
2.1.2 Elasticidade e a Curva de Demanda 
O conceito de elasticidade da demanda procura mensurar a sensibilidade dos 
agentes que desejam comprar algum bem a alterações em alguma das variáveis que 
determinam a curva de demanda, normalmente sobre a ótica do preço. As duas 
elasticidades mais importantes são a elasticidade-preço (que representaremos por Ep) e 
a elasticidade-renda (representada por Er) da demanda. Genericamente, a elasticidade da 
demanda é calculada da seguinte forma: 
 
Variação percentual na quantidade demandada 
 
 
 (Qf – Qi) / Qi 
 (Pf – Pi) / Pi 
 
Como mostra a figura abaixo, nem todas as demandas reagem do mesmo modo a 
variações no preço. Quando o preço cai de P1 para P2,observe que a quantidade 
demanda na curva A varia menos que na curva B. Assim, a sensibilidade (elasticidade) 
preço é maior para a curva B. O valor crítico para a elasticidade-preço é 1. 
Se o preço variar 10% e a quantidade demandada variar, por exemplo, 5%, 
teremos uma Ep < 1 (desprezando-se o sinal). Isso significa que a demanda é pouco 
sensível a preço como a demanda A da Figura 6. Se o preço variar os mesmos 10% e a 
quantidade varia, por exemplo, 25%, teremos uma Ep > 1. Isso significa que a demanda 
é muito sensível a preço e os impactos sofridos com qualquer elevação do mesmo será 
direto na comercialização do bem ou serviço. 
 
 
 
 
 
Variação percentual no preço ou na renda 
Ep ou Er = 
EP = 
 
 
Economia Aplicada 
17 
Figura 6 – Elasticidade-preço 
 
 
 
 
 
Na economia há basicamente três fatores determinantes da elasticidade-preço da 
demanda, são eles: 
Necessidade ou essencialidade: reagimos menos às altas no preço dos remédios 
ou da energia elétrica residencial do que às altas de igual proporção nos preços de itens 
como mensalidades de revistas ou viagens internacionais. Isso porque os dois primeiros 
itens são considerados mais essenciais que os últimos. 
Peso no orçamento: todos nós somos mais sensíveis a variações nos preços dos 
itens com maior peso em nosso orçamento. Você reagiria mais a um aumento de 15% 
no preço do cafezinho ou a um aumento dos mesmos 15% no preço da gasolina? 
Certamente, como gastamos maiores parcelas de nosso orçamento em gasolina, 
reagimos muito mais às variações de preço desse último item. Da mesma forma, pessoas 
com menor renda são mais sensíveis ao preço, pois mesmo pequenas variações nos 
preços acabam pesando demasiadamente em seu orçamento. 
Concorrência ou existência de substitutos: se houvesse uma única marca 
disputando um determinado mercado, aumentos de preço seriam seguidos de pouca 
reação dos demandantes devido à falta de opções em termos de substitutos. O mesmo 
ocorre quando há grande fidelidade do consumidor a determinada marca: mesmo diante 
de elevações de preço, como para um consumidor fiel não há substitutos perfeitos para 
sua marca preferida, a reação em termos de quantidades seria muito pequena. 
 Existe também a visão da Fidelidade por um bem ou serviço que impacta em 
sua elasticidade, porém esse item cada vez mais está sendo difícil de se conciliar, dado o 
QA1=QB1 QA2 QB2 
P1 
P2 
DA DB 
Q 
P 
 
Economia Aplicada 
18 
enorme volume de opções que o mercado apresenta rotineiramente, seja ele de bens ou 
de serviços. 
Por sua vez, a elasticidade-renda (Er) é útil para classificarmos os bens e 
serviços em superiores ou normais (―tops‖ de linha) ou inferiores (―pops‖, ou 
populares). O valor crítico para a elasticidade-renda é zero. 
No caso dos bens ―top‖ (superiores), quando a renda aumenta, a demanda pelo 
mesmo também se eleva. Com isso, na fórmula da elasticidade, teremos variações 
positivas tanto no numerador quanto no denominador. Por outro lado, quando a renda 
cai, a demanda também deste bem ou serviço também cai. Com isso, na mesma 
fórmula, teremos variações negativas tanto no numerador quanto no denominador. Em 
outras palavras, a Er dos bens superiores sempre será um número maior que zero, ou 
seja, positiva. 
Quando nossa renda aumenta, aumentamos a demanda por filé mignon, pulsos 
de telefonia celular e sessões de cinema. Esses são bens e serviços para os quais a 
demanda varia junto com a renda. Se a renda cai, a demanda por esses itens tende a cair 
também pelo fato de existirem bens mais baratos que substituem os mesmos. 
No caso dos bens ―pop‖ (inferiores) ocorre o inverso. Quando nossa renda cai, a 
demanda por eles aumenta, pois estamos substituindo os bens ―top‖ pelos mais 
populares. Mas quando a renda aumenta, fazemos o contrário. Na fórmula acima, 
teremos variações positivas divididas por variações negativas e vice-versa. Em outras 
palavras, a Er dos bens inferiores é sempre menor que zero, ou seja, um resultado 
negativo. 
 
2.1.3 Estruturas de Mercado 
Uma hipótese básica para o funcionamento do sistema descrito nas seções 
anteriores é que os mercados estejam operando com um grau elevado de concorrência. 
Numa situação limite, estaríamos em concorrência perfeita. Se os mercados estiverem 
funcionando com essa estrutura, as firmas não estarão em condições de realizarem 
conluios ou cartéis. Isso poderia ocorrer porque, caso houvesse um cartel que tentasse 
elevar preços e margens de lucro, qualquer empresa de fora poderia entrar no mercado 
com preços mais baixos e ―se apossar‖ de toda a demanda. 
O cartel é crime contra a ordem econômica previsto no art. 4º da Lei n.º 8.137, 
de 27 de dezembro de 1990. Trata-se da formação de acordo, convênio, ajuste ou 
 
Economia Aplicada 
19 
aliança entre ofertantes, visando à fixação de preços ou quantidades vendidas ou 
produzidas, prevista no inciso II, "a" do dispositivo em questão. Falamos de crime 
pessoal, cuja sanção consiste em pena de reclusão ou multa. 
O cartel é, também, crime concorrencial e, portanto, infração econômico-penal. 
Nos termos do art. 21 da Lei n.º 8.884, de 11 de junho de 1.994, trata-se de fixação de 
preço e condições de venda de bens e prestação de serviços em acordo com concorrente; 
obtenção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; divisão de 
mercados de serviços ou produtos; combinar previamente preços ou vantagens em 
concorrência pública. Os crimes concorrenciais, equiparados ao tort anglo-saxão, ao 
serem enquadrados como infrações de cunho econômico-penal, ensejam penalização 
essencialmente econômica. 
Crimes contra a ordem econômica, ao serem perpetrados pela pessoa jurídica 
(responsabilidade empresarial) ensejam punição econômica. O cartel, ao gerar a 
generalizada perda de bem-estar econômico da sociedade e de competitividade do 
próprio cartel – que assegura, ardilosamente, seu poder de mercado – deve ser 
combatido com veemência. Assim se faz necessário, uma analise como o governo pode 
caracterizar algumas situações da indústria como sendo um cartel. 
Evidentemente que isso exigiria que o produto em questão fosse altamente 
padronizado (semelhantes) e que a tecnologia1 necessária para produzi-lo fosse 
totalmente acessível. Em resumo, a concorrência perfeita é uma situação onde, por 
quaisquer motivos, todas as firmas têm que cobrar preços muito parecidos ou até 
mesmo idênticos e não há como impedir que novas firmas entrem no mercado ofertando 
o produto. Isso só seria possível se esse mercado tivesse as seguintes características: 
 
1) Transacionasse um bem padronizado, isto é, que não apresentasse diferenças 
de marca ou origem relevantes; 
2) Fosse de livre entrada para firmas que quisessem passar a operar nele; 
3) Tivesse um grande número de firmas operando. 
Ocorre que esse tipo de mercado, muito embora seja o mais estudado, não 
constitui o caso mais típico nas economias modernas. No extremo oposto da 
 
1 Por ―tecnologia‖, os economistas entendem não somente saber como fazer, mas também como 
comercializar, o que inclui o domínio de estratégias mercadológicas na definição da marca e de 
distribuição do produto. 
 
Economia Aplicada 
20 
concorrência perfeita, estaria o monopólio, isto é, o mercado dominado por uma única 
firma. Em geral, o monopólio surge devido a três causas básicas: 
1) O tamanho do mercado: imagine uma cidade pequena na qual se instala um 
hipermercado. Esse estabelecimento, por operar em escala mais ampla e ter custos de 
comercialização mais baixos, pode levar à falência todos os mercados tradicionais dacidade. Mais ainda, caso outro hipermercado se instale na mesma cidade, o movimento 
em cada um deles será tão pequeno que ambos passarão a operar com prejuízo. 
Portanto, só há mercado para uma firma. Esse tipo de estrutura de mercado é chamado 
de monopólio natural. 
2) O monopólio pode ser instituído por lei, como foi o caso diversos serviços de 
utilidade pública no Brasil até há alguns anos atrás. Esse é o monopólio legal. 
3) Por fim, o monopólio pode ser resultado de uma inovação tecnológica 
desenvolvida por uma empresa que a mantém como segredo industrial (assimetria) ou 
patente. Essa inovação pode ser a descoberta de um novo produto (caso típico da 
indústria farmacêutica), a descoberta de um novo tipo de empreendimento (como foi o 
caso da Disneylândia que, durante muitos anos, simplesmente não teve concorrentes em 
escala mundial), a conquista de uma reputação ou a ―fixação‖ de uma marca (caso típico 
de produtos de perfumaria ou moda e mesmo de informática, como certas marcas de 
perfume francês, ou softwares). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada 
21 
Quadro1 - Características das estruturas de mercado 
 
Estruturas Número de concorrentes Características básicas 
Monopólio 
Natural 
Um único ou uma empresa 
muito maior que as demais 
Tamanho do mercado não 
permite mais de uma firma. 
Legal 
Legislação que institui 
monopólio. 
Tecnológico 
Domínio de ―segredos 
industriais‖ (assimetria), 
patentes ou marcas que 
impedem a concorrência. 
Oligopólio 
Com 
combinação 
Poucos 
Produto padronizado, 
barreiras à entrada de novos 
concorrentes e preços 
uniformes. 
Produto diferenciado, 
barreiras à entrada de novos 
concorrentes e preços 
diferenciados. 
Competição Monopolística Muitos 
Produtos únicos, com 
características semelhantes 
que atendem um mercado 
específico. 
Concorrência Perfeita Muitos 
Produtos padronizados, onde 
há livre entrada de firmas e 
os preços são uniformes. 
 
Entre os dois extremos da concorrência perfeita e do monopólio, temos os 
mercados que operam com poucas firmas - isto é, ao menos duas, mas não muitas estes 
são os oligopólios. A característica básica dessa estrutura de mercado é a existência de 
barreiras à entrada, de forma que não é fácil para uma firma nova entrar no mercado e 
passar a concorrer com as já estabelecidas. 
Isso pode ocorrer por razões parecidas com aquelas que explicam a existência de 
monopólios. Por exemplo, na atualidade, o tamanho do mercado brasileiro não permite 
que existam mais de duas empresas de telefonia fixa de longa distância. Na indústria 
automobilística ou eletrônica, não é fácil dominar a tecnologia de produção. Quando o 
produto ofertado pelas empresas que operam em oligopólio é muito padronizado (como 
é o caso de papel para impressão ou baldes de plástico), dizemos que se trata de um 
oligopólio homogêneo. Nesse caso, os preços cobrados por cada ofertante não podem 
ser muito diferentes, caso contrário os consumidores simplesmente escolherão o produto 
mais barato. 
 
Economia Aplicada 
22 
Quando há uma clara diferenciação entre as diferentes ―marcas‖ (como é o caso 
e eletroeletrônicos, automóveis ou cervejas), dizemos que se trata de um oligopólio 
diferenciado. 
O Quadro 1, acima, resume as principais características das estruturas de 
mercado. Para entender como atuam os oligopólios vamos inicialmente estudar uma 
situação muito utilizada no ensino de microeconomia. Trata-se de um acontecimento 
imaginário, cujos resultados podem ser imediatamente aplicados à atuação de um 
oligopólio homogêneo de duas firmas - isto é, um duopólio. Essa situação hipotética é 
chamada de dilema dos prisioneiros, vinculado ao estudioso John Nash. 
A Teoria dos Jogos é o estudo econômico que visa representar os padrões de 
interações nos quais os resultados auferidos por qualquer participante (players) depende 
das ações de alguns ou todos os integrantes deste mercado. 
Suponha que duas pessoas foram presas e são acusadas de terem cometido um 
crime juntas. Cada uma é colocada em uma cela separada e precisa decidir se confessa 
ou não o crime, antes de saber o que o outro prisioneiro decidiu. As penas a serem 
aplicadas serão as seguintes: 
1) Caso ambos os suspeitos confessem o crime, serão condenados a uma pena de 
2 anos na prisão; 
2) Caso um confesse e o outro não, o que confessou é libertado imediatamente 
por ter colaborado com a justiça e desmascarado o outro que ficou calado, mas o 
suspeito que não confessou, por ter tentado obstruir a justiça, será condenado a 4 anos 
(2 pelo crime e mais 2 pela tentativa de obstrução); 
3) Caso nenhum dos dois confesse, eles permanecerão presos por apenas 1 ano, 
durante as investigações. 
O quadro abaixo resume o dilema dos prisioneiros. Os números entre parênteses 
representam as penas aplicadas em cada caso (o número da esquerda é a do prisioneiro 
A e o da direita é a do prisioneiro B). Note que estamos representando as penas com 
sinais negativos para indicar que cada ano na prisão é um custo ou perda. 
 
 Prisioneiro B 
 Confessa Não confessa 
Prisioneiro A 
Confessa (-2; -2) (0; -4) 
Não confessa (-4; 0) (-1; -1) 
 
 
Economia Aplicada 
23 
O que você acredita que os prisioneiros fariam? Note que o melhor resultado 
para ambos analisados em conjunto seria não confessarem os dois a um só tempo. Isso 
resultaria em apenas 1 ano de prisão para cada um. Qualquer outro comportamento faria 
com que pelo menos um deles passasse no mínimo 2 anos atrás das grades. Mas, se 
você olhar atentamente para a figura acima, vai notar que a atitude de confessar é 
sempre melhor que a de não confessar. Se, por exemplo, o prisioneiro A espera que o 
outro vai confessar, o melhor que A tem a fazer é confessar também e, assim, pegar uma 
pena de 2 anos em lugar de 4. Mas se A imagina que B não vai confessar, ele também 
prefere confessar pois, nesse caso, é solto imediatamente em lugar de ficar na cadeia por 
6 meses. 
Observando com atenção o quadro acima, é possível notar que, qualquer que a 
expectativa do prisioneiro A sobre a decisão do outro, o melhor a fazer é confessar. Isso 
também vale para o prisioneiro B. Nesse caso, dizermos que confessar é a estratégia 
dominante para ambos os prisioneiros (vamos passar a chamá-los de agentes, que é um 
termo mais leve). A hipótese de comportamento, muito razoável e racional, é de que os 
agentes escolhem sempre as estratégias dominantes, isto é, se adotar uma determinada 
estratégia é sempre melhor que adotar qualquer outra, evidentemente que o agente 
adotará essa estratégia. 
A limitação do nosso exemplo para que possamos passar a uma aplicação 
econômica do dilema dos prisioneiros é que os agentes não podem se comunicar antes 
de decidir o que farão e, obviamente, as empresas que atuam em oligopólio trocam 
informações, ainda que indiretamente. Assim, vamos alterar um pouco o exemplo, 
permitindo aos agentes uma única comunicação prévia. Suponha que os prisioneiros 
tenham feito um pacto de não confessar o crime em caso de prisão. Você acredita que 
eles manteriam o pacto depois de terem sido pegos, abandonando a estratégia 
dominante? Se o prisioneiro A acreditar que B vai manter a promessa, ele estará tentado 
a romper o acordo. Nesse caso, A confessa e é solto imediatamente e B fica preso por 4 
anos. Nesse ponto, caso B tenha receio de que A vai cair em tentação, ele prefere 
confessar também, por simples medo. Se A acha que B não acredita nele, também 
poderá confessar, confirmando o receito de B de que A confessaria, rompendo o acordo.Mas se ambos confessarem, ambos terão agido como se o pacto não existisse. 
Quando chegamos nesse ponto da análise do dilema dos prisioneiros, já estamos 
nos encaminhando para o estudo das empresas que atuam em oligopólio. Para isso, 
basta substituir a situação analisada por outra, muito parecida, mas com a mesma 
 
Economia Aplicada 
24 
estrutura. Suponha que em um mercado existem apenas duas firmas: A e B. Suponha 
que essas firmas atuam em uma estrutura de oligopólio homogêneo e estão decidindo 
sobre que quantidades deverão ofertar de um produto padronizado. Suponha ainda que 
essas firmas tenham que escolher entre dois níveis de oferta: 1 e 2. Os resultados em 
termos de lucros estão resumidos no quadro a seguir. 
 
Lucro das empresas em $ milhões. 
 Empresa B 
 Nível 1 Nível 2 
Empresa A 
Nível 1 (9; 9) (12,5; 6) 
Nível 2 (6; 12,5) (10; 10) 
 
Vamos admitir que o nível 1 seja uma grande oferta de produtos. Isso permitiria 
$ 9 milhões de lucro para cada uma. Mas, se ambas as empresas produzirem nesse nível 
alto, só conseguirão vender a produção a preços baixos, pois o mercado tenderá a ficar 
saturado. Elas podem formar um cartel e combinarem de produzir ambas no nível 2 
(mais baixo). Isso faria com que houvesse escassez do produto, elevando os preços e 
fazendo os lucros subirem de $ 9 milhões para $ 10 milhões. Acontece que, como no 
dilema dos prisioneiros, as firmas estão tentadas a desrespeitarem o cartel. Observe que, 
caso a empresa A suponha que a empresa B vai honrar o acordo e produzir no nível 2, 
ela (firma A) pode ter um lucro ainda maior ($ 12,5 milhões) caso produza no nível 1, 
rompendo o acordo e ganhando na quantidade vendida. Com isso, os preços irão baixar 
um pouco (pois o produto não será tão escasso) e a firma B terá uma redução nos seus 
lucros (que passarão para $ 6 milhões quando ela esperava $ 10 milhões). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada 
25 
 
3. Macroeconomia 
 
Em uma perspectiva empresarial, o estudo da Macroeconomia se dedica à 
análise de um conjunto de fenômenos, derivados da ação conjunta dos agentes 
econômicos, e que determina o entorno mais amplo do ambiente de tarefa da empresa. 
Muito embora cada firma esteja sempre e antes de tudo preocupada com o que ocorre 
em seus próprios mercados (de bens e serviços, em um extremo, e de insumos, no 
outro), cada um destes mercados é afetado diariamente pelas chamadas variáveis 
macroeconômicas: taxas de câmbio, carga tributária, taxa de juros, etc. Mesmo a 
empresa que não tenha nenhum tipo de relação com o exterior deve se preocupar com o 
comportamento da taxa de câmbio; mesmo a empresa que não é nem credora nem 
devedora líquida deve se preocupar com a taxa de juros, e assim por diante. Isto porque 
as variáveis macro afetam um grande número de agentes de uma só vez. Se a empresa 
não for ela própria afetada, certamente ou seus clientes, ou seus fornecedores, ou seus 
trabalhadores ou todos a um só tempo o serão. 
Figura 7 - Esferas que compõem o ambiente de tarefa da empresa 
 
 
 
EMPRESARIAL SETORIAL MACROECONÔMICA 
 
Economia Aplicada 
26 
É por isso que, se imaginarmos que o ambiente de tarefa da empresa é, na 
verdade, representado por uma sobreposição de níveis, como na figura acima, cada um 
dos quais com um determinado tipo de influência sobre suas atividades cotidianas, o 
nível macroeconômico será o mais amplo de todos, no sentido de que não se refere às 
variáveis diretamente controladas pela firma. Ao mesmo tempo, porém, os destinos dos 
negócios da empresa a longo prazo estão intimamente relacionados às tendências das 
variáveis macroeconômicas. Uma empresa jamais manterá seus preços constantes se 
houver uma inflação acelerada; jamais poderá manter-se pesadamente endividada se a 
taxa de juros for alta demais; jamais manterá um mesmo número de empregados caso os 
salários caiam fortemente, e assim por diante. 
É por razões como esta que o estudo da macroeconomia se insere na dimensão 
estratégica da firma, e pode contribuir explicitamente com a manutenção de um padrão 
adequado de gestão de seus negócios. 
A Macroeconomia pode ser compreendida através do estudo do funcionamento e 
da interação recíproca de três macromercados. Como dissemos acima, tais mercados são 
definidos da forma mais genérica e abrangente possível, e estão sempre referidos ao 
conjunto de uma economia nacional. Os três macromercados são: 
a) Bens e serviços; 
b) Moeda (e demais ativos financeiros); 
c) Câmbio. 
Como em todo mercado, cada um destes três macromercados possui preços e 
quantidades transacionadas. No entanto, os preços e quantidades nestes mercados 
possuem algumas peculiaridades. Em nosso exemplo dos automóveis populares, era 
fácil mensurar as quantidades transacionadas; tais quantidades eram simplesmente o 
número de unidades de automóveis vendidos em determinado período. No entanto, com 
fazer para ―contar‖ unidades no macromercado de bens e serviços, por exemplo? Como 
somar unidades de uma infinidade de bens e serviços, com características muitas vezes 
absolutamente distintas? 
Antes de tentarmos propor uma solução para este tipo de problema, vamos 
apresentar o que seriam os preços e as quantidades em cada um dos macromercados (ou, 
pelo menos, quais são as variáveis que fazem as vezes de preços e quantidades nestes 
mercados). 
Quando falamos do conjunto de todos os bens e serviços produzidos em um país, 
podemos avaliar seus preços através de uma média. Esta média deve ser construída 
 
Economia Aplicada 
27 
ponderando cada bem ou serviço de acordo com sua importância relativa no total de 
bens e serviços produzidos. Esta média ou preço médio é o chamado Nível Geral de 
Preços e pode ser compreendido como o preço vigente no macromercado de bens e 
serviços. No entanto, dada a infinidade de bens e serviços produzidos em um país a cada 
ano, é literalmente impossível saber com exatidão qual o nível geral de preços (ou qual 
o preço médio de todos os bens e serviços). Diante desta dificuldade, costuma-se 
estimar o Nível Geral de Preços através de índices, calculados por institutos de 
pesquisa. No Brasil, a melhor aproximação para o Nível Geral de Preços é o Índice 
Geral de Preços (IGP). As variações no IGP nos oferecem uma forma de medir a 
inflação, que nada mais é do que uma elevação do Nível Geral de Preços. 
No que se refere às quantidades no macromercado de bens e serviços, costuma-
se utilizar como aproximação o PIB ou Produto Interno Bruto. Voltaremos a tratar do 
PIB com mais detalhes adiante. Por enquanto, podemos dizer que o PIB é a soma dos 
valores de todos os bens e serviços finais, produzidos em uma economia durante certo 
período de tempo. Assim, a produção de aço, utilizada na fabricação de automóveis ou 
na construção de edifícios não entra no cômputo do PIB, uma vez que o aço não é um 
bem final e sim um insumo. O preço do aço será computado nos preços dos automóveis 
e dos edifícios, os quais já incorporam todos os custos, incluindo o preço do próprio 
aço. Isto evita que se faça dupla contagem, isto é, que somemos o preço do aço duas 
vezes, uma quando ele próprio é produzido e outra quando consideramos os preços dos 
automóveis e dos edifícios, os quais já trazem embutidos os custos com o aço. O cálculo 
do PIB nos permite somar bens e serviços com características muito diferentes, como 
casas e cortes de cabelo, ponderando cada item por seu próprio preço. 
Como em todo mercado, no macromercado de bens e serviços haverá uma oferta 
(chamada de oferta agregada) e uma demanda (chamada de demanda agregada). Os 
ofertantes são em geral empresas (também os trabalhadores autônomos) e osdemandantes são tanto consumidores quanto outras empresas. Estas últimas podem estar 
interessadas, por exemplo, em adquirir automóveis para sua frota ou contatar serviços 
de engenharia. 
No macromercado de moeda (e outros ativos financeiros), o preço é a taxa de 
juros. Isto porque a moeda pode ser emprestada, como se fosse um bem que se aluga, e 
a remuneração por este aluguel é exatamente a taxa de juros. A quantidade neste 
mercado é o volume de moeda em circulação, o qual pode ser avaliado pelo volume de 
meios de pagamento. Este conceito também será melhor explicado adiante; por 
 
Economia Aplicada 
28 
enquanto podemos definir meios de pagamento como os ativos financeiros que são 
inequivocamente aceitos para o pagamento de obrigações, isto é, a moeda propriamente 
dita (que está nas mãos das pessoas ou nas reservas dos bancos) e depósitos à vista. 
Finalmente, no macromercado de câmbio, negocia-se moeda estrangeira, 
principalmente o dólar americano. Ofertantes e demandantes são simplesmente pessoas 
querendo se desfazer ou querendo adquirir dólares (ou outra moeda estrangeira). As 
quantidades são simplesmente os fluxos de dólares transacionados e o preço é a taxa de 
câmbio. Esta última nada mais é do que o preço em moeda nacional de cada unidade da 
moeda estrangeira. Quando dizemos que US$ 1 vale R$ 2,95, estamos afirmando que o 
preço do dólar é R$ 2,95. 
Em toda nossa discussão macroeconômica, estaremos nos referindo sempre a um 
ou mais destes macromercados uma vez que o dia-a-dia da economia de um país pode 
ser descrito através do funcionamento deles. No entanto, ao contrário de alguns 
micromercados, os macromercados estão fortemente relacionados entre si e o que se 
passa em cada um deles tem conseqüências diretas e indiretas sobre os demais. Assim, 
para compreendermos este tipo de interação, faremos um percurso mais ou menos 
longo, até que, ao final desta apostila, possamos tratar novamente dos três 
macromercados, interagindo mutuamente. 
 
Figura 8 - Sistemas de Políticas Macroeconômicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os três macromercados não apenas têm relações importantes entre si como 
também são influenciados pela ação da política econômica do governo. Veremos que há 
três frentes principais de ação da política econômica: a política cambial, a política fiscal 
 
Monetário 
 
Cambial 
Bens e 
serviços 
Política Monetária Política Fiscal e 
Política Comercial 
Política Cambial 
 
Economia Aplicada 
29 
e a política monetária, cada uma delas atuando diretamente sobre cada um dos 
macromercados e, indiretamente, sobre os demais, com reflexos sobre o ambiente de 
atuação das empresas. 
 
3.1 O Mercado de Bens e Serviços: Crescimento e 
Inflação 
 
Pontos-chave: PIB como fluxo de bens, serviços e geração de renda; Valor 
agregado ou valor adicionado; PIB versus PNB; Conceitos econômicos de Poupança e 
Investimento; Fluxo circular de renda. 
3.1.1 PIB: Conceito e Fatores de Crescimento da Oferta Agregada 
As duas variáveis centrais em qualquer exercício de cenarização 
macroeconômica são crescimento e inflação. Em outras palavras, a evolução no tempo 
do Produto Interno Bruto (PIB) e do Nível de Preços (mensurado estatisticamente pelo 
Índice Geral de Preços - IGP). Esses são dois dos principais agregados 
macroeconômicos. Como o próprio nome diz, esses agregados são mega-variáveis que 
permitem acompanhar a evolução do ambiente econômico em seu nível mais geral. 
Crescimento econômico e inflação representam, portanto, o ponto de partida para 
qualquer construção de cenários em Macroeconomia. 
Vamos começar pela definição da primeira dessas variáveis. Como o próprio 
nome diz, o Produto Interno Bruto representa, em primeiro lugar, o total da produção 
em um país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Aplicada 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ocorre que realizar essa mensuração pode acarretar em erros grosseiros se a 
metodologia não for simples e inteligente em termos contábeis. Isso sem falar nas 
dificuldades estatísticas de realizar uma amostra adequada de empresas e setores. 
Assim, vamos analisar a primeira e mais direta definição de PIB, abaixo. 
 
 
 
 
Vale destacar um a um os diferentes aspectos da definição acima. Antes de mais 
nada, é preciso estar atento para o termo bem final (vide glossário). 
Ao definirmos o PIB como o somatório de todos os bens e serviços finais 
gerados em um país durante um certo período de tempo estamos evitando a chamada 
dupla contagem. Imagine que em lugar dos bens e serviços finais, tentássemos mensurar 
o PIB pela soma de todos os bens e serviços gerados em um país, fossem eles finais ou 
não. Suponha que começássemos pela produção de cimento, aço e edifícios, como 
ilustrado na figura abaixo. 
 
Principais índices de preço no Brasil 
Índices Gerais de Preço: são calculados através da média ponderada de outros três índices (60% 
IPA - Índice de Preços por Atacado, 30% IPC - Índice de Preços ao Consumidor e 10% - Índice 
Nacional de Custos da Construção). Como Duas instituições calculam, cada uma, seu próprio 
IGP: 
a) IGP-DI (disponibilidade interna) evolução dos preços do dia 30 ao 30 do mês posterior (FGV - 
contratado pelo governo federal) 
b) IGP-M (de mercado) evolução dos preços do dia 21 ao 21 do mês posterior (FGV - contratado 
pelo setor privado) 
 
Índices de Preço ao Consumidor (IBGE): como o próprio nome diz, visa monitorar o chamado 
―custo de vida‖, isto é, os preços ao consumidor tais como despesas com supermercados, 
aluguéis, serviços pessoais e de utilidade pública, etc. Os dois principais índices de preço ao 
consumidor divergem basicamente pela abrangência em termos da cesta de consumo que serve de 
referência para o cálculo. Além disso, o IPCA ganhou notoriedade desde 1999 ao ser adotado 
como meta oficial de inflação pelo Banco Central. Ambos os índices abaixo são calculados pelo 
IBGE: 
a) INPC (nacional) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre 1 e 6 Salários 
Mínimos (S.Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza, 
Salvador, Brasília, Belém e Goiânia) 
b) IPCA (amplo) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre 1 e 40 Salários 
Mínimos, com a mesma abrangência geográfica. 
 
PIB: é calculado a partir da soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos 
dentro das fronteiras de um país durante certo período de tempo (um ano, um semestre, um 
trimestre etc.). 
 
 
Economia Aplicada 
31 
Figura 9 – Valor agregado 
A relevância em se agregar valor
Aço = $ 4 bi
Cimento = $ 1 bi
$ 1 bi
$ 3 bi
$ 1 bi
Exportação
$ 9 bi
VI
$ 4 bi
Construção
VA = VP – VI
Valor Agregado = Valor do Produto – Valor dos Insumos
VP
Prof. M.Sc. Claudio A. Garbi
Transformação
VA
$ 5 bi
--------
Lucro
 
O valor da produção total de cimento em um país em determinado ano teria sido, 
digamos, R$ 1 bilhão. A produção de aço teria sido de R$ 4 bilhões e a de edifícios R$ 
9 bilhões. Se estivéssemos começando a calcular o PIB pela soma destes três setores já 
teríamos um total de R$ 10 bilhões. No entanto, sabemos que o valor total de cimento 
produzido foi vendido para o setor de construção civil e utilizado na construção de 
edifícios como insumos naquele ano. O mesmo ocorreu com 1/4 da produção de aço (ou 
seja, R$ 3 bilhões). O restante foi exportado. Isto significa que nos R$ 9 bilhões 
correspondentes à produção de edifícios já estavam embutidos na forma de custos de 
insumos R$ 4 bilhões correspondentes à utilizaçãode cimento e aço. Ao somarmos o 
valor da produção dos três setores em nossos primeiros cálculos para mensurarmos o 
PIB, incorremos no erro de dupla contagem desse valor. É por isso que todas as vendas 
de cimento e aço feitas por seus produtores aos produtores de bens finais devem ser 
contabilizadas no PIB apenas de forma indireta. Assim, os R$ 9 bi já carregam em seu 
valor R$ 1,0 bi de cimento (insumo) e R$ 3 bilhões de aço (outro insumo). Se 
considerarmos o bem final (edifícios) no cálculo do PIB, devemos excluir do cálculo do 
PIB os insumos já incorporados. Ao mesmo tempo, o valor do aço exportado deve ser 
igualmente somado, pois esse aço não foi utilizado como insumo no país em questão e, 
 
Economia Aplicada 
32 
por convenção, bem final é todo aquele que não é utilizado como insumo (ver 
glossário). E isto explica o método de cálculo do PIB, destacado acima. 
3.1.2 O Conceito de Valor Agregado 
O conceito de valor agregado ou de ―agregar valor‖ possui um uso corrente 
impreciso. Quando um artesão transforma argila em um vaso de barro cru e depois esse 
mesmo vaso é comprado por um artista que pinta esse vaso, dizemos que o artista 
―agregou valor ao vaso‖ e conseguiu vende-lo por um preço maior do que havia pago 
para o artesão. Mas, e a transformação do barro em vaso? Agora, pense na atividade de 
coleta. Uma pessoa entra na mata e colhe uma fruta. Leva a fruta para a beira da estrada 
e a vende por determinado preço. Houve agregação de valor? Esse caso difere do artista 
que decorou o vaso de barro cru, feito pelo artesão? 
Para evitar imprecisões, vamos definir de forma simples e clara o conceito de 
valor agregado (VA). Considere uma empresa que vende um produto por R$ 150. Esse 
é o valor bruto da produção (VP). Agora, suponha que a produção desse bem exija a 
compra de insumos no valor de R$ 120. Chamaremos esse valor de VI (isto é, valor dos 
insumos). Vamos definir insumos como aqueles materiais que, de alguma forma, são 
incorporados ao produto: matérias-primas, energia, material de acabamento ou de 
embalagem. O importante é que os insumos são comprados de outras empresas e só 
podem ser utilizados uma única vez, pois são incorporados ao produto final. O valor 
agregado (VA) na atividade em análise será dado simplesmente pela expressão: 
 
VA = VP - VI 
 
No caso em questão, o valor agregado será 150 - 120 = 30. Vamos voltar aos 
casos citados acima. O artesão que produziu o vaso de barro cru e o vendeu por, 
digamos, R$ 30 talvez não tenha gasto um único centavo com insumos: recolheu a 
argila e a água na natureza para moldar o vaso que secou ao sol. O valor agregado por 
sua atividade foi de R$ 30, isto é, igual ao valor da produção. O mesmo ocorre com os 
coletores de frutas que simplesmente as recolhem e colocam na beira da estrada para 
venda. Essas atividades agregam valor, ou transformando o barro ou simplesmente 
transportando as frutas para a beira da estrada. 
Agora, vamos considerar o artista que decora o vaso. Ele comprou o vaso cru, 
que é o principal insumo do vaso decorado, pagando R$ 30. Também gastou R$ 40 com 
 
Economia Aplicada 
33 
Lucro do artista, 
aluguéis, juros, salários, 
impostos embutidos no 
preço final. 
as tintas e mais R$ 15 com a energia elétrica de um forno necessário para queimar o 
vaso. Se esses foram todos os insumos e o vaso decorado foi vendido por R$ 200, o 
valor agregado será: 
 
VA = 200 - (30 + 40 + 15) = 115 
 
 Note que esse é o valor agregado total. Ele não é, necessariamente, o lucro do 
artista. Se ele vender 1000 vasos como esse por mês, teria um ganho bruto de R$ 
115.000. Essa margem total também será utilizada para pagar a folha de salários dos 
funcionários (que não é insumo!), os aluguéis da oficina (que também não são insumo!), 
eventuais juros devidos sobre o capital de giro e, é claro, os impostos embutidos no 
preço final do vaso decorado. Esses itens não são insumos, pois não estão incorporados 
ao produto final. Os trabalhadores voltam a cada mês, a oficina pode ser utilizada 
continuamente, os empréstimos podem ser renovados, etc. 
 
Figura 10 – Importância do Valor agregado 
 
 
 
 
 
 VP 
 $200 VI 
 $85 
 
 
 
Esquematicamente, nosso exemplo ficaria da seguinte forma: 
É uma situação parecida com o exemplo da construção civil, mostrado acima, 
que entrega prédios no valor de R$ 12 milhões tendo empregado insumos (cimento e 
aço) no valor total de R$ 1,5 bilhão. 
Para que possamos discutir quais os fatores que podem contribuir com o 
crescimento do PIB ao longo do tempo será conveniente desagregar (dividir) esse 
agregado econômico a fim de refinar a análise. Assim, o PIB pode ser separado em 
subconjuntos de bens e serviços de diversas formas. Uma maneira seria por setor de 
 
VA 
$115 
Energia 
$15 
 
Tintas 
$40 
Vaso cru 
$30 
 
Economia Aplicada 
34 
atividade: agricultura, indústria e serviços. Para qualquer país, é possível calcular o PIB 
industrial, o PIB agrícola e o PIB do setor de serviços, cuja soma corresponde ao 
produto interno bruto em sua totalidade. 
Outra forma é separar os bens em duas categorias básicas: os bens de consumo e 
os bens de investimento. Esta separação nos permitirá analisar em mais detalhes o que 
se chama de consumo agregado e investimento agregado. 
Suponha inicialmente que um determinado país não possui governo, nem se 
relaciona com o resto do mundo através de importações e exportações. É uma situação 
meramente hipotética que se convenciona chamar de economia fechada e sem governo. 
Toda a produção de bens e serviços finais só pode ser classificada em duas categorias: 
bens de consumo, que se destinam a satisfazer necessidades ou desejos dos 
consumidores, e bens de investimento, adquiridos pelas empresas para viabilizar a 
produção de outros bens e serviços. Assim, podemos representar o PIB pela igualdade 
abaixo: 
 
PIB = consumo agregado + investimento agregado, ou 
(3.1) PIB = C + I 
 
Esta representação apresenta o PIB sob a ótica da produção. Isto é, os bens e 
serviços produzidos na economia em um determinado ano são classificados ou como 
bens de consumo ou como bens de investimento. No entanto, em uma economia fechada 
e sem governo, as empresas acabam transformando sua produção agregada (ou produto 
agregado) em renda agregada. 
A ótica da renda agregada permite outra representação do PIB. Ao venderem 
seus produtos aos preços de mercado, as empresas obtêm um faturamento que é 
transferido às pessoas (físicas) através do pagamento de salários, juros, aluguéis, lucros 
e dividendos. Isto é o que se chama remuneração dos fatores de produção. Os fatores de 
produção são os elementos essenciais para que uma economia possa produzir. Em 
última instância, os fatores de produção são o capital e o trabalho. A remuneração do 
trabalho é feita através dos salários. Já a remuneração do capital se desdobra em várias 
categorias. Aquele que aluga um escritório para instalar sua firma se utiliza dele como 
capital, e tem que remunerar o dono deste capital através do pagamento de aluguéis. 
Aquele que toma dinheiro emprestado para utilizar como capital de giro paga juros ao 
 
Economia Aplicada 
35 
dono do dinheiro. Já o empresário, quando é dono de sua empresa, tem direito aos 
lucros que a empresa gera.
2
 
Por seu turno, a renda agregada pode ser transformada em gasto (o gasto 
agregado). Em uma economia fechada e sem governo, o gasto somente pode se dar 
através da aquisição de bens e serviços de consumo ou de investimento, fechando o 
ciclo. Os bens de consumo são adquiridos pelas pessoas (físicas), ao gastarem parte de 
suarenda. Já os bens de investimento são adquiridos pelas empresas (pessoas jurídicas). 
No entanto, se a empresa transfere todo o seu ganho na forma de remuneração dos 
fatores produtivos, como ela poderá adquirir bens de investimento? Na Macroeconomia, 
costuma-se supor que todo o investimento é financiado com recursos de fora da 
empresa. Por exemplo, se a empresa acumula lucros para financiar seus projetos de 
investimento, tudo se passa como se os donos da empresa decidissem emprestar parte 
do lucro a que têm direito para sua própria empresa. Por enquanto devemos lembrar que 
os bens de consumo são adquiridos pelas pessoas (físicas), através do gasto de parte de 
sua renda, e que os bens de investimento são adquiridos de algumas empresas que 
compram de outras, e que se financiam tomando recursos emprestados. 
Este movimento através do qual a produção é vendida, viabilizando a geração de 
renda que, por sua vez, se transforma em gasto que nada mais é do que a compra 
daquela mesma produção é o chamado fluxo circular de renda, o qual está representado 
esquematicamente na figura abaixo. As setas representam fluxos financeiros. 
 
Figura 11 – Fluxo Circular da Renda 
 
Fluxo circular de renda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2
 É interessante notar que a Economia considera fatores como terra e tecnologia como formas de capital. 
A terra sendo uma espécie de ―capital natural‖ e a tecnologia como ―capital intelectual‖. 
PRODUÇÃO 
GASTOS RENDA 
 
Economia Aplicada 
36 
Na comparação do PIB de diversos países, é usual utilizar o método chamado de 
Paridade do Poder de Compra (Puchased Power Parity). Esse método consiste em 
desprezar a taxa de câmbio corrente, sujeita às grandes oscilações no dia a dia, e 
empregar uma taxa de câmbio alternativa para transformar o valor do PIB de um país de 
sua própria moeda para dólares. Essa taxa de câmbio alternativa é calculada reunindo-se 
uma cesta de bens e serviços idêntica em todos os países. Se essa cesta custa, por 
exemplo, R$ 2.100 no Brasil e US$ 1.000 nos EUA, a taxa de câmbio segundo a 
Paridade do Poder de Compra será R$ 2,10. Veja abaixo como ficam os valores PIBs 
dos mesmos países listados anteriormente segundo a Paridade do Poder de Compra: 
 
Valores em US$ Trilhões em 2009 
 
1- Estados Unidos- 14,266 2- Japão- 5,048 
3- China- 4,757 4- Alemanha- 3,235 
5- França- 2,634 6- Reino Unido- 
2,198 
7- Itália- 2,089 8- Brasil- 1,481 
9- Espanha- 1,438 10- Canadá- 1,319 
Fonte: Fundo Monetário Internacional - World Economic Outlook Database, 
2010. 
 
Numa economia fechada, isto é, sem relações com o exterior, vale sempre a 
igualdade entre produto agregado, renda agregada e gasto agregado. Mas a 
representação do fluxo circular de renda, no qual a produção agregada, a renda agregada 
e o gasto agregado são necessariamente iguais, nos permite representar uma outra 
relação, tão importante quanto a relação (3.1), mostrada acima. Se a produção se 
transforma em renda (alguns autores usam o jargão PIB => RIB, ou seja, Produto 
Interno Bruto gerando a Renda Interna Bruta) a renda, por sua vez, não poderia ser 
desagregada, da mesma forma que desagregamos o PIB? De que forma as pessoas em 
geral alocam sua renda em uma economia fechada e sem governo? 
Nesta situação hipotética, só há duas coisas que se pode fazer com a renda: 
consumir ou poupar. Se o seu consumo for menor que sua renda, então sua poupança 
será positiva, isto é, haverá um excedente de renda que poderá ser emprestado. Mas 
emprestado para quem? Se alguém possui gastos maiores que sua renda, terá uma 
 
Economia Aplicada 
37 
poupança negativa, isto é, precisará pedir emprestado (caso esta pessoa não tenha ela 
mesma poupado no passado). Além disso, como vimos, as próprias empresas precisam 
de recursos de terceiros para investir. Assim, neste exemplo hipotético, aqueles que têm 
poupança positiva podem emprestar para aqueles que têm poupança negativa ou que 
precisam investir. Ainda assim, só há duas coisas a fazer com a renda: consumir ou 
poupar. E como a renda agregada é igual ao produto agregado (que nada mais é do que 
o PIB), chegamos à seguinte relação: 
 
PIB = consumo agregado + poupança agregada, ou 
(3.2) PIB = C + S 
 
Agora observe. Vamos colocar lado a lado as relações (3.1) e (3.2) apresentadas 
acima
3
: 
 
(3.1) PIB = C + I Produto e Gasto Agregados 
(3.2) PIB = C + S Renda Agregada 
 
Considerando estas duas igualdades (na verdade, estas duas identidades, pois 
resultam de uma definição do que seja o PIB e a Renda Agregada), podemos derivar 
uma segunda relação de grande importância: 
PIB = C + I = PIB = C + S 
C + I = C + S 
(3.3) 
 
 I = S 
 
3
 Note: em Macroeconomia, investimento não é sinônimo de aplicação financeira. Neste contexto, 
investimento significa a produção de bens e serviços que são utilizados na produção de outros bens e 
serviços sem serem transferidos diretamente para estes novos produtos. Assim, bens de investimento são, 
tipicamente, máquinas, equipamentos, instalações industriais, implementos agrícolas, automóveis que são 
utilizados por empresas de transporte de passageiros (taxis, ônibus, etc). Os bens que se transferem para 
os produtos (areia na construção civil, tinta nos automóveis, plástico na indústria de brinquedos) não são 
bens finais, mas insumos ou matérias-primas. Do mesmo modo, como veremos adiante, poupança não é 
sinônimo de caderneta de poupança, representando apenas a parcela da renda agregada não consumida no 
período corrente. 
 
Economia Aplicada 
38 
Poupança (=Investimento) em países selecionados como percentual do PIB: 
 China: 39% Índia: 30% 
 Coréia: 30% Espanha: 28% 
 Turquia: 26% Japão: 24% 
 Brasil: 19% Argentina: 19% 
 EUA: 18% Bolívia: 12% 
 
Os dados acima mostram que os países com maior potencial de crescimento 
sustentado a longo prazo são os que têm maiores taxas de investimento e poupança. Um 
país com a China pode manter a taxa de crescimento do PIB perto de 10% ao ano em 
média graças a um nível de investimento próximo a 40% do próprio PIB. Outros países 
como Brasil e Argentina têm crescido muito pouco nos últimos dez anos (em média), 
pois não investem o suficiente para sustentar o crescimento. Em algum momento, países 
que se deparam com baixos níveis de investimento ou terão falta de capacidade 
produtiva ou terão que importar bens e serviços em escala crescente (caso dos EUA). 
A identidade (3.3) mostra que, em uma economia fechada e sem governo, o 
investimento agregado é necessariamente igual à poupança agregada. Caso o país 
hipotético em questão consuma demais, haverá menos recursos disponíveis para o 
investimento. A capacidade produtiva estará sendo destinada prioritariamente para a 
geração de bens de consumo. Agora, caso as pessoas decidam consumir menos e, 
portanto, poupar mais (não há nada mais a fazer com a renda que não consumir ou 
poupar), sobrarão recursos que poderão ser emprestados para as empresas que poderão 
investir. Como, em geral, os projetos de investimento são feitos, mesmo que 
parcialmente, com recursos tomados de empréstimo, o investimento agregado poderá 
ser expandido com a ajuda do aumento da poupança. 
Note um detalhe importante. Caso as firmas decidam, por exemplo, reter uma 
parcela dos lucros gerados para financiar seus próprios projetos de investimento, tal 
retenção de

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