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Economia aplicada à nutrição

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Economia aplicada à nutrição
Aula 1: Civilização e Alimento – Escassez e Abundância
A escassez de alimentos não é uma problemática recente. E pior: atinge mais pessoas do que imaginamos. O nutricionista, através da aplicação dos princípios definidos pela ciência da Nutrição, deve buscar em outras áreas de conhecimento instrumentos que o auxiliem na compreensão global dos fenômenos que condicionam a alimentação humana.
A humanidade, desde seu surgimento como homo sapiens, entre 100.000 e 50.000 anos atrás, obtinha seu sustento através da caça e da coleta, levando para isso uma vida nômade, seguindo de um sítio em que começava a escassear o alimento para outro onde havia relativa maior abundância.
Desde o momento em que, organizados em tribos, obtínhamos nosso sustento diretamente da natureza, através da caça e da coleta, até a produção dos alimentos através da agricultura e da pecuária, a sociedade humana vem atravessando uma longa série de transformações. Essas transformações ocorrem por causa da interrelação das possibilidades ambientais e da dinâmica de cada organização social específica.
Como alimentar grandes contingentes populacionais?
A partir desse ponto, o desenvolvimento social, político e econômico ganhou uma complexidade que permitiu o surgimento do comércio de longa distância, das grandes construções, da constituição dos grandes exércitos, das artes e das ciências e, ao fim, da própria formação do Estado.
Apenas em algumas regiões do mundo a produção de alimentos se desenvolveu de forma independente. Em outras, seus habitantes caçadores-coletores apreenderam, de outras culturas mais avançadas, as novas formas de produção.
“Em algumas regiões, seus habitantes não saíram de sua condição de caçadores-coletores e, gradualmente, foram submetidos às civilizações mais poderosas”, embora até hoje encontremos ainda sobreviventes desses grupos, como os bosquímanos na África e algumas tribos indígenas no Brasil.
Preocupações quanto à produção de alimentos
A organização social determina o que e como serão produzidos os bens, condicionada nessas escolhas, porém, pelas possibilidades oferecidas pelo ambiente circundante.
ALEXANDRE RODRIGUES
A Economia
Vimos que, a partir de uma visão histórica do desenvolvimento da civilização, que a sociedade se organiza em torno desse problema e como a produção de alimentos representou um salto gigantesco no atendimento a essas necessidades, assim como a indústria o fará mais tarde, ampliando com a tecnologia os horizontes das nossas possibilidades.
Todas as soluções encontradas ao longo da história representam uma solução específica de cada organização social na sua interação específica com os indivíduos.
A análise econômica que se faz, então, é o “estudo das economias, tanto no nível do indivíduo quanto da sociedade em seu conjunto”.
Podemos, assim, definir a Economia como “uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade escolhem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas da melhor maneira possível”.
Participantes da economia
Consumidores: que somos todos nós, tomam decisões sobre o que consumir e quanto. Ao mesmo tempo, algumas dessas pessoas tomam decisões sobre a organização da produção: são os empresários. Outras vendem sua força de trabalho: os trabalhadores.
Agentes econômicos: são indivíduos considerados pelo papel que desempenham no processo econômico, tomando decisões e organizando-se com o objetivo de produzir e consumir em sociedade.
Acesso ao alimento produzido
O que e quanto produzir vincula-se diretamente à produção de alimentos. Mas é importante também entendermos como se dá o acesso a esse alimento produzido.
Isto porque “exatamente a impossibilidade de parcelas da população ter acesso aos nutrientes necessários é uma das causas da desnutrição”, constituindo-se, claro, outra preocupação básica da Economia (para quem produzir).
A noção de segurança alimentar, isto é, a garantia de acesso aos alimentos básicos a todos, passa, atualmente, a compor não apenas as agendas econômicas domésticas, como se estende e ocupa posição central em diversas esferas das negociações internacionais, de caráter político e econômico.
Teoria econômica
Retomando a temática da Economia, sabe-se que ela é uma ciência social que busca explicar os fenômenos econômicos para que, a partir daí, se alcancem os objetivos sociais desejados.
Para tal, estabelece um conjunto de ideias sobre a realidade, o que chamamos de teoria econômica, constituindo-se, nessa acepção, em um conjunto de princípios fundamentais da ciência.
Elaboração da teoria econômica
Na sua elaboração, a teoria econômica se funda em argumentos positivos, isto é, que não envolvem juízos de valor, baseados em descrições ou medições científicas.
Quer um exemplo? Se o preço de um determinado alimento subir em relação aos outros preços, a quantidade comprada cairá.
Não estamos, nesse ponto, avaliando moralmente as causas ou consequências desse aumento, mas apenas constatando seus efeitos.
Um ponto importante a ressaltar é que essa afirmação é verdadeira em geral, para a sociedade ou grupo específico, mas não se aplica a um indivíduo especificamente. Mas por quê?
Alguém pode escolher consumir menos, por exemplo, itens de lazer, para manter inalterada a quantidade consumida do alimento.
Discussão econômica
Uma melhoria na distribuição de renda no país é algo que podemos julgar bom a priori, e pode se constituir em um objetivo da política econômica.
A economia positiva poderá indicar os instrumentos adequados para esse fim, digamos, promovendo o aumento de salário real ou combatendo a inflação.
No entanto, vamos supor que se faça um aumento puro e simples dos salários em condições de plena capacidade de produção da economia.
“Isso poderá levar a um aumento dos custos de mão de obra que, por sua vez, poderá levar a demissões, resultando no efeito contrário ao que se esperava”.
Funcionamento do pensamento econômico
1. Baseando-se nos postulados da teoria existente, formulam-se hipóteses sobre o comportamento das variáveis que se pretende medir.
2. Formulam-se hipóteses de como a sociedade se comporta.
3. Constrói-se um modelo em que são definidas as variáveis que se pretende medir e, com base na teoria, a inter-relação entre elas.
4. Deduzem-se as implicações e os resultados esperados.
5. Confrontam-se com os dados resultantes da observação da realidade.
6. Tiram-se as conclusões confirmando ou refutando a teoria, levando neste caso a sua reformulação ou a elaboração de uma nova teoria.
Aula 2: Escolhas e Sistemas Econômicos 
Custo de oportunidade
Sempre que escolhemos produzir determinado bem, devemos abrir mão de recursos que poderiam ser empregados na produção de outros bens, significando o custo de oportunidade (trade-off) na produção de um bem.
Esse é um dos conceitos mais importantes da Economia, aplicando-se tanto a alocação de recursos como as decisões entre investimentos alternativos.
O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem o custo da produção do que foi escolhido, mas corresponde ao ganho que se deixou de ter ou o sacrifício do que se deixou de produzir ao se fazer determinada escolha.
Esse dilema nas escolhas é representado pela curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação da produção).
Mercado e sistemas econômicos
A simples existência de comércio não caracteriza uma sociedade de mercado. O comércio e os locais de trocas mercantis existiram em muitas sociedades, mas apenas quando os próprios fatores de produção passam a ser objeto de comércio é que podemos falar em uma economia de mercado.
Crescimento econômico
O crescimento econômico pode ser definido como “a capacidade crescente da economia de produzir bens e serviços”.
É algo desejável por todos, pois assim, em princípio, teremos um aumento da oferta de bens e serviços que beneficiarão à sociedade como um todo.A curva de possibilidades de produção nos mostra o que significa efetivamente esse crescimento: uma expansão da capacidade máxima de produção de uma economia, resultante do aumento da disponibilidade dos fatores de produção.
Isso ocorre, por exemplo, com a introdução de uma nova tecnologia, com o aumento da população em condições de trabalhar ou com a incorporação de novas terras produtivas.
Teremos, então, um aumento da capacidade de produção da economia como um todo. Porém, essa situação pode afetar mais fortemente a produção apenas de um bem.
Esse modelo se aplica a quaisquer dos bens, considerando-se a economia como um todo, mesmo que eles não sejam aparentemente concorrentes em termos de recursos utilizados: em última análise, por exemplo, disputarão mão de obra, mesmo que a um alto custo de realocação e treinamento.
Contudo, deve-se ter em mente que se trata de uma simplificação. Não existe uma economia que produza apenas dois bens, mas que nos serve para explicar o conceito de custo de oportunidade, ou trade off, importante para entendermos a natureza das escolhas econômicas. Além disso, nos dá uma explicação para a noção de eficiência econômica e de crescimento econômico.
Sistemas econômicos únicos
Os sistemas econômicos são únicos. Cada país, por força da sua formação histórica, do peso da tradição, da organização do Estado na sua relação com a sociedade, das características do mercado, enfim, da conformação de sua sociedade, guarda uma forma de organização particular.
Eles combinam distintamente a tradição, o mando e o mercado na condução dos negócios. Em alguns, o setor primário é preponderante; noutros, a indústria lidera o crescimento econômico; noutros ainda, a força reside no setor de serviços.
O resultado se mostra no quadro das economias do planeta, algumas tremendamente avançadas tecnologicamente, outras ainda organizando-se em torno de tribos, vivendo da exploração quase exclusiva de recursos naturais.
As diferenças de desenvolvimento que se refletem no acesso da população aos bens necessários à vida são o objeto final da Economia. Entender suas causas e a forma de superar a pobreza é a tarefa na qual, ao fim, estamos todos envolvidos.
Aula 3: Como Funciona a Economia ? 
Elementos de um sistema econômico
Capital: é definido como o conjunto de ativos, máquinas, equipamentos, instalações, instrumentos e estoques de insumos, sendo entendido, nesse sentido, como um meio de produção. Os ativos financeiros, em um sentido mais amplo da definição, também são entendidos como capital.
Na sua forma física, é chamado de capital tangível, mas quando se apresenta como um título, um documento de propriedade, uma patente ou equivalente, é chamado de capital intangível.
De acordo com Marx, o capital não é apenas um meio de produção, mas uma relação social que permite a apropriação do trabalho pelo detentor dos meios de produção.
Propriedade Privada: o termo “capitalismo” define uma economia onde o capital é uma propriedade privada do capitalista e, através dessa propriedade, o capitalista se apropria de parte da renda gerada nas atividades econômicas.
No sistema capitalista, os juros, os dividendos, os lucros, os aluguéis e os direitos de exploração (royalties) dos bens de capital e das patentes são pagos aos indivíduos ou às famílias.
Divisão do Trabalho
A divisão do trabalho é considerada, a partir de Marx, em duas esferas:
Na primeira, define-se a divisão social do trabalho, que é “o sistema complexo de todas as formas úteis diferentes de trabalho que são levadas a cabo independentemente uma das
outras”. Ela constitui-se no conjunto de atividades de uma sociedade onde, por exemplo, uma parcela da população dedica-se à agricultura, outra ao artesanato, e assim por diante.
A divisão de trabalho na produção diz respeito à decomposição dos processos de produção em seus elementos constitutivos, buscando sua maior eficiência. Esta é uma característica da produção capitalista. Consiste em decompor o processo produtivo em suas atividades mais simples, de tal forma que cada uma das etapas do processo possa ser entregue a um trabalhador não tão habilidoso, mas especializado naquela tarefa.
Alienação do trabalhador
A divisão do trabalho favorece a mecanização, o uso mais intensivo de capital por trabalhador. Como resultado, um trabalhador não produz nem ao menos um objeto; apenas “pregará mangas em camisas ou atarraxará a porca nº 999 na linha de montagem”
A isso, Marx chamará de alienação do trabalhador em relação ao produto do seu trabalho, em oposição à relação que o artesão tem com o resultado de sua produção, pois produz e tem inteiro controle sobre o que produz. O trecho do filme Tempos Modernos, com Charlie Chaplin representa perfeitamente esse fenômeno.
Importância da moeda
A invenção da moeda facilitou muito o desenvolvimento dos sistemas de trocas, antes baseados no sistema de escambo, isto é, na troca direta de mercadorias por mercadorias.
Pode-se imaginar a dificuldade de negociação na troca de mercadorias contra as diferentes necessidades de seus possuidores.
Pode-se dizer que a moeda possui três funções:
1) Meio de troca, servindo à intermediação das trocas e eliminando a necessidade de escambo;
2) Unidade de conta, permitindo a comparabilidade entre os bens;
3) Reserva de valor, pois podemos usá-la ao longo do tempo; independentemente do período que a adquirimos ela preservará seu poder de troca.
Classificação dos bens produzidos
Bens de Consumo: são aqueles que servem diretamente à satisfação das necessidades humanas. Confundem-se com os bens finais, aqueles vendidos para consumo ou utilização final. Podem ser ainda classificados como:
· Não duráveis - Que se esgotam no seu uso, como alimentos, vestuários, produtos de limpeza etc.;
· Duráveis - Aqueles que têm um uso continuado ao longo de um período de tempo, como automóveis, geladeiras etc.
Bens Intermediários: são bens que entrarão na composição dos bens de consumo, como chapas de aço, plásticos etc.
Bens de Capital: são empregados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam inteiramente no processo produtivo, servindo para aumentar a eficiência do trabalho humano. São as máquinas, equipamentos, ferramentas etc.
As unidades produtoras são as organizadoras da produção, reunindo os fatores a serem empregados na produção e oferta de um bem ou serviço. Essas unidades são agrupadas em três setores:
Setor Primário: corresponde às atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. Nenhuma alteração substancial é feitas nos produtos, embora alguma atividade de beneficiamento possa ser feita, como a trituração do minério ou o polimento do arroz.
Setor Secundário: constituído pela indústria, unidades onde as transformações dos bens são feitas, em geral com uso mais intensivo dos bens de capital.
Setor Terciário: é o setor de serviços, onde bens intangíveis são produzidos, composto pelas escolas, bancos, comércio, transporte etc.
Renda
Define-se renda como a remuneração paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produção e é composta por:
· Salário
· Juros e lucro
· Aluguéis
Ambiente de concorrência
Conforme descreveu e doutrinou Adam Smith, uma economia de mercado deve se basear na liberdade dos agentes econômicos. Esses agentes buscariam sempre seu melhor benefício, seja comprando, seja vendendo algum bem ou recurso, sempre agindo individualmente.
Tal situação criaria um ambiente de concorrência, onde, em princípio, nem uma pessoa, nem uma organização atuaria senão em seu próprio benefício, e buscaria obter para si a maior quantidade de recursos possíveis. Dessa forma, cada um agindo por si e para si, resultaria em um aumento da riqueza como um todo.
O sistema capitalista visa garantir a concorrência e a liberdade de escolha, embora poucos mercados funcionem de modo plenamente concorrencial e algumas escolhas, de fato, não sejam permitidas (como drogas ilegais).
Mas funciona para atender quase todas as necessidades, pois exatamente essa busca da satisfação dos interesses individuais garante a produçãoe a circulação de mercadorias em grande quantidade.
Sistema de preços
Lado do mercado: se um bem é bastante desejado, seu preço tende a subir, e se é pouco procurado, tende a cair. Esse é um conceito que intuitivamente nós, que vivemos em uma economia de mercado, entendemos bem.
Lado da oferta: pelo lado da oferta, isto é, dos produtores, se houver excesso de oferta em relação à demanda, devido à concorrência, o preço tenderá a cair, levando a um aumento de consumo. Ao contrário, uma redução na oferta levará a um aumento no preço, pois haverá uma disputa entre os consumidores pelo bem.
O sistema de preços funciona exatamente pela conjugação das forças, ou interesses, da demanda e da oferta, determinando desta forma os preços relativos de todas as mercadorias: os bens mais desejados ou menos disponíveis tendem a ter um preço maior, e os bens poucos procurados ou muito disponíveis, um preço menor.
Aula 4: O Consumidor e a Firma 
Microeconomia
É um ramo da Economia que estuda como são as decisões sobre preços, tomadas pelos consumidores e pelas empresas
Ramos da Microeconomia
A Microeconomia, no entanto, desdobra-se em outros ramos, que apenas abordaremos eventualmente ao longo das próximas aulas. São eles:
Análise das estruturas de mercado: estuda a organização dos mercados de bens e serviços e de fatores de produção, considerando o número de participantes e os modos de oferta dos produtos.
Teoria do equilíbrio geral: busca analisar as inter-relações entre todos os mercados.
Teoria do bem-estar: objetiva alcançar soluções eficientes do ponto de vista social para o problema da alocação e distribuição dos recursos.
Teoria dos jogos: analisa a interação das decisões de todos os agentes econômicos, indivíduo, firma e governo, isto é, como se estabelecem as estratégias de ação dos agentes quando buscam antecipar o comportamento dos outros.
Estudo da regulamentação de mercados e das imperfeições de mercado: a análise de mercados que não funcionam em regime de concorrência perfeita e das ações de governo para corrigir ou regular o uso dos recursos.
Oferta e demanda
Quando falamos de oferta e demanda, estamos nos referindo ao mercado. A feira livre e o setor de energia elétrica são mercados; no entanto, é possível perceber que não funcionam da mesma forma.
Na feira livre, temos uma grande quantidade de pequenos ofertantes, sem que nenhum deles possa individualmente afetar o preço, pois pela competição os preços tenderão a estabilizar-se em torno de um mínimo possível para a manutenção dos negócios.
Já o setor de fornecimento de energia elétrica é operado por uma ou poucas empresas, tendo seus preços, por este motivo, normalmente controlados pelo governo.
Estruturas de mercado
Existem diversas estruturas de mercado, que determinam formas diferentes na formação do preço.
Concorrência perfeita: muitos ofertantes de um mesmo produto. Na verdade, esse tipo de mercado raramente é encontrado, embora o utilizemos como modelo para entendermos o funcionamento do mecanismo de preços em termos ideais.
Há poucos exemplos disponíveis: feiras livres podem se enquadrar nessa concepção; ou o setor agrícola, quando em uma região temos pequenos produtores especializados em um mesmo produto.
Concorrência imperfeita ou monopolista: muitos ofertantes de produtos diferenciados, mas substituíveis uns pelos outros. Exemplo: roupas de moda.
Monopólio: uma empresa vende um produto que não possui substitutos. Normalmente encontrados no fornecimento dos serviços públicos, como no fornecimento de água e de energia.
Oligopólio: pequeno número de ofertantes de um mesmo produto, mas que mantém certo grau de diferenciação do produto, fazendo que a ações de uma em relação ao preço e ao produto afete as demais, quer dizer afete o mercado como um todo.
É a forma predominante de organização dos mercados dos setores mais dinâmicos da economia, como o automobilístico, o de eletrodomésticos, o de produtos de higiene, entre outros. O grau de diferenciação dos produtos é identificado diretamente pela marca.
Determinação dos preços
Em um regime concorrencial, os preços resultam de um equilíbrio quase autônomo entre oferta e demanda.
Já nos regimes monopolistas, os preços são inteiramente controlados pela oferta (exceto quando há controle governamental).
Nos outros dois tipos de mercado, existe uma concorrência limitada entre os agentes e, pelas suas características, mecanismos específicos de determinação do preço.
A demanda individual
Define-se a demanda como “a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo período”.
A demanda é, portanto, o desejo de comprar, expressa como uma quantidade desejada em dado período de tempo.
Bens que têm sua demanda atrelada à demanda de outro bem são chamados de bens complementares, como o pão e a manteiga, tinta e pincel etc.
Renda e demanda
A renda é, na verdade, o primeiro condicionante do consumo. Podemos supor, com razoável certeza, que quando a renda cresce, a demanda de um bem deve aumentar, e isso parece se confirmar na maioria dos casos, porém não em todos.
Os bens podem ser classificados em três tipos, quando os examinamos em relação à renda do consumidor:
· Normais
· Bens de consumo saciado
· Bens inferiores
Aula 5: O Comportamento do Consumidor
Podemos ver o consumidor de diferentes formas:
· Como um ser biológico, satisfazendo suas necessidades fisiológicas.
· Como ser social, cuja ação resulta de suas interações com os outros.
· Como resultado da cultura, que define seu modo de vida.
Efeito substituição e efeito renda
O efeito substituição ocorre quando a alteração no preço de um bem provoca a diminuição na quantidade demandada ao mesmo tempo em que aumenta o consumo de outros bens. Válido especialmente quando o bem absorve uma pequena parcela da renda.
Nos casos em que o bem, como a alimentação ou a moradia, representa uma boa parte da renda, atua o efeito renda. Isto é, o efeito substituição é reforçado pela diminuição da capacidade de compra.
Caso seja verificado um aumento nos alimentos, o consumidor terá que consumir menos. Isto significa que diminuiu sua renda real ou o quanto ele pode comprar no total.
A renda real representa a efetiva capacidade de compra do consumidor, distinguindo-se da renda nominal, ou renda em dinheiro, que apenas é a expressão monetária dos rendimentos.
A Teoria da Escolha
A teoria da utilidade considera apenas a preferência por um bem, mantendo constante o consumo de todos os outros, o que não permite uma explicação muito boa sobre como decidimos na escolha entre diversos bens.
A chamada teoria da escolha consegue nos dar uma explicação para o comportamento do consumidor, sem lançar mão da hipótese coeteris paribus. A teoria não considera quanto ele
escolhe de um bem, mas quanto escolhe entre várias mercadorias, de modo a satisfazer o conjunto de suas necessidades e desejos.
Trata-se de identificarmos, nesse caso, as preferências do consumidor. Para tal, o conceito que se aplica é o de cesta de mercadorias.
Cesta de mercadorias
O conceito de cesta de mercadorias se define como “um conjunto de uma ou mais mercadorias associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias”
Se o consumidor preferir a cesta A em vez da cesta B e se preferir a cesta B à cesta C, significa que ele prefere a cesta A em vez da cesta C. Esta condição apenas estabelece os termos lógicos de uma escolha racional: se A é melhor que B, e B é melhor que C, então A é melhor que C; Sendo todas as mercadorias desejáveis, o consumidor sempre escolherá a cesta que contém maior número de bens no total.
O consumidor ordena as diversas cestas de consumo de acordo com a satisfação proporcionada, e escolhe aquela cesta que maximize sua satisfação, considerando sua renda disponível.
Cestas de consumo de alimentos no Brasil
Podemos entender como o consumidor fará suas escolhas de acordo com algumas variáveis. A primeira variável que afetará sua escolha será a renda. Se dispuser de uma:
Renda Alta: por maior queseja seu consumo de alimentos, não representará uma parcela significativa do que ganha, logo comprará o que deseja.
Renda Baixa: ao contrário, se sua renda for de um salário mínimo, terá que ser bem criterioso nas suas compras, pois uma parcela significativa de sua renda será destinada à alimentação.
Cesta mínima de alimentos
A cesta básica corresponde à satisfação das necessidades mínimas de uma pessoa, mas não é a única cesta que atende a essa necessidade. Outras equivalentes geram o mesmo nível de satisfação, ou são indiferentes.
Considerada a restrição orçamentária, outras combinações de consumo, que levem em conta fatores de ordem pessoal, nutricional ou de outra natureza, influem nas escolhas do consumidor.
Aula 6: A Oferta e o Equilíbrio de Mercado 
Definição de oferta
A oferta é definida como “a quantidade de um bem que os produtores desejam vender por unidade de tempo”. Assim como a demanda, devemos entender a oferta como um desejo medido como um fluxo por unidade de tempo.
A declividade da curva de oferta é positiva, isto é, quanto maior o preço do bem, maior será a quantidade que os produtores estarão dispostos a ofertar.
O que determina a oferta
Preço dos outros bens: se os preços de outros bens subirem e o preço de um dado bem considerado permanecer inalterado, sua produção se tornará menos atraente que a dos outros, resultando em diminuição da oferta.
Preço dos fatores e dos insumos de produção outros bens: esses preços constituem, em um sentido amplo, os custos de produção. A elevação desses preços implicará em diminuição da rentabilidade, tornando mais atraente a produção de bens que tenham sofrido menor aumento desses custos.
Tecnologia: atrelada ao fator de produção capital, a tecnologia merece uma consideração à parte, pois independentemente de seu custo, transformações tecnológicas podem acarretar em redução dos custos de produção.
Fatores e insumos de produção
Fatores de Produção: são bens e serviços que, no processo produtivo, transformam-se em outros bens. Incluem os insumos, compondo o fator recursos naturais.
Insumos: são os materiais consumidos ou transformados durante o processo de produção.
Equilíbrio do mercado
Em um mercado competitivo, a condição de equilíbrio se daria quando o nível de preço iguale a quantidade demandada à quantidade ofertada. O preço de equilíbrio define então o preço que será praticado pelo mercado, considerando todas as demais condições constantes.
Quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada; em contrapartida, quanto menor o preço, maior a quantidade demandada.
Elasticidade-preço
Quando falamos em efeito substituição ou efeito renda, percebemos muito naturalmente que um aumento no preço ou na renda tem um efeito diferenciado sobre os tipos de bens que consumimos.
Aula 7: O que Mantém a Economia Funcionando ?
A Macroeconomia permite entender a formação do preço em um determinado mercado, e mesmo avaliar a influência de outros mercados ou outras variáveis sobre ele.
Polêmica e desenvolvimento da Ciência Econômica
Fundada principalmente sobre o trabalho de John Maynard Keynes, a escola de pensamento da Ciência Econômica entende que sempre que ocorresse uma insuficiência de demanda – o que levaria a uma redução da atividade econômica – caberia ao Estado, através da redução dos impostos ou do aumento dos seus gastos, reestabelecer o equilíbrio de curto prazo da economia.
Portanto a participação do Estado na economia é um tema sempre atual, e um dos grandes temas de nossa ciência, que surge de forma recorrente, não apenas tratando do equilíbrio de curto prazo, mas também das questões referentes ao desenvolvimento econômico.
A macroeconomia
Tem por objetivo fundamental “analisar o comportamento das variáveis econômicas de maneira agregada, isto é, para o conjunto da economia, estudando as condições de equilíbrio estável entre a renda e a despesa de um país”.
“Para esse efeito, não se considera, por exemplo, a procura por um bem, como faz a Microeconomia, mas para o conjunto de bens e serviços disponíveis na economia, o que chamamos de consumo agregado, ou simplesmente consumo”.
Principais políticas de caráter econômico
Política Fiscal: diz respeito ao uso dos tributos e dos gastos públicos como forma de manter e controlar o crescimento da economia.
Política monetária: refere-se à gestão da moeda, do crédito e do sistema bancário do país.
Fluxo circular da renda
Ele nos mostra que, em condições de equilíbrio, existe uma igualdade entre a renda (Y) – a soma de todos os rendimentos dos fatores de produção – e os gastos desejados em bens e serviços, a despesa, indicando que toda a produção foi absorvida pelo mercado.
Medidas da economia
Para podermos analisar a economia, naturalmente vamos precisar de informações sobre os agregados econômicos.
Vamos precisar medir o quanto, em determinado ano, foi dispendido na economia em consumo, quanto foi investido ou a quanto montaram os gastos do governo.
A medida mais utilizada para expressar o nível de atividade econômica é o PIB (Produto Interno Bruto), que representa a produção de uma economia, em um dado período de tempo e a preços de mercado.
Gastos governamentais
Keynes percebeu que, introduzindo-se os gastos governamentais na equação, poderia ter uma melhor explicação e poder de intervenção sobre os ciclos de curto prazo da economia.
Consideremos que o governo efetue uma série de gastos (G), seja mantendo a burocracia estatal, seja fazendo gastos com programas sociais ou de qualquer outra natureza. Esses gastos, por sua vez, são financiados pela arrecadação de tributos (T).
Os gastos do governo são feitos no pagamento do funcionalismo, na aquisição de material de consumo, na aquisição ou aluguel de equipamentos, instalações e prédios, na contratação de serviços, enfim de todas as atividades desempenhadas pelo governo.
Os tributos são a principal fonte de receita do governo, servindo como origem dos recursos a serem gastos.
O limite de sua aplicação está nas consequências sobre os preços: o governo tem que manter um estreito balanceamento dos seus gastos para que não haja uma aceleração da inflação. Ao contrário, os tributos têm um efeito depressivo sobre a economia; um aumento dos tributos leva a uma diminuição da renda. Dessa forma, o governo passa a dispor de instrumentos de política econômica capazes de administrar os ciclos econômicos de curto prazo.
Política fiscal
Na execução da política fiscal, isto é, na execução das políticas de arrecadação e de gastos do governo, interessa-nos especialmente entender o impacto líquido sobre a sociedade. Este é o significado das políticas fiscais.
Como é uma das funções do governo estimular o crescimento econômico e como, no desempenho de suas funções, ele é chamado a gastar cada vez mais, entender e administrar o déficit público é um ponto central nas discussões sobre as finanças públicas.
Quando falamos das ações econômicas do governo, estamos nos referindo à atuação de vários órgãos que, no poder executivo, têm funções distintas no planejamento, execução e controle das políticas de governo. Vejamos os principais:
Ministério da Fazenda – MF: o órgão responsável pelo planejamento, formulação e execução das políticas econômicas nacionais, abrangendo a administração dos recursos públicos e a arrecadação tributária federal. Fazem parte de sua estrutura organizacional os principais órgãos responsáveis pela condução da economia.
Secretaria da Receita Federal do Brasil: subordinada ao MF é responsável pela administração dos tributos de competência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre o comércio exterior.
Secretaria do Tesouro Nacional: responsável pela administração e utilização dos recursos financeiros que entram nos cofres do Estado brasileiro, fazendo, também, o controle da dívida pública da União.
Banco Central do Brasil: é o principal executor da política monetária, responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo as seguintes atribuições, entre outras: emitirpapel-moeda e moeda metálica, efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais, exercer a fiscalização das instituições financeiras e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.
Obtenção de recursos do Banco Central
1. O Tesouro Nacional obtém o recurso do Banco Central.
2. O Banco Central, por sua vez, emite moeda para a compensação do déficit.
Essa dinâmica considera-se inflacionária, porque ela eleva a quantidade de moeda em circulação. Isso cria o que se chama de imposto inflacionário, isto é, uma diminuição do poder aquisitivo da população pela defasagem entre os preços e os salários, pois estes só são corrigidos após a elevação daqueles.
Isso é uma decorrência do monopólio de emissão do Banco Central e da sua capacidade de emitir quase indefinidamente, fazendo com que a moeda, pelo aumento da quantidade em circulação, perca seu valor frente aos bens e serviços ofertados.
Obtenção de recursos do setor privado
A obtenção dos recursos com o setor privado é feita com a emissão de títulos da dívida pública, trocados por moeda em circulação, o que não traria, de imediato, efeitos inflacionários, mas elevaria o montante da dívida pública.
Eventualmente, a depender das condições de crescimento da dívida, o governo poderia ser obrigado a elevar as taxas de juros oferecidas, de modo a atrair investidores internos e externos.
Uma consequência disso seria a diminuição dos investimentos no setor produtivo, que seriam voltados para os empréstimos ao governo.
O aumento da dívida, considerada uma proporção do PIB, poderia, enfim, aumentar o risco percebido pelos emprestadores e forçar uma escalada nos juros.
Aula 8: Estado e Economia
No século XIX, quando se fundavam as bases da economia de mercado, a doutrina econômica vigente reservava um papel bastante restrito à ação do Estado.
Entendia-se, a partir do pensamento liberal de Adam Smith e de outros autores que o seguiram, que a economia deveria sofrer uma intervenção mínima do Estado. O argumento era de que a iniciativa privada seria capaz de gerar, do modo mais eficiente possível, a maximização do produto.
Construiu-se em torno dessa doutrina um arcabouço conceitual bastante rígido ao circunscrever a ação do governo àquelas chamadas funções clássicas do Estado: a segurança e a justiça.
O comportamento da economia, no entanto, não confirmava essa concepção. Sucessivas depressões na atividade econômica que iriam culminar com a crise, já no século XX, de 1929, pareciam demonstrar que a iniciativa privada não era capaz de gerar períodos continuados de crescimento.
John M. Keynes, economista inglês, elaborou uma nova forma de lidar com o equilíbrio da economia. Construindo um modelo de curto prazo, ele mostrou a influência das decisões governamentais, quanto a seus gastos e tributos, sobre a economia.
A partir daí, o governo assume a função de promoção e fomento do crescimento econômico, surgindo o campo de estudos e de ação governamental, chamado de finanças públicas.
Ótimo de Pareto
De um modo geral, as necessidades do conjunto da sociedade são satisfeitas pelas empresas privadas, posto que, de acordo com tese corrente, o setor privado é mais eficiente que o governo.
Assim, mercados competitivos, sob certas condições específicas, promoveriam uma melhor alocação dos recursos. Isto resultaria na maximização das satisfações individuais, isto é, em uma situação de equilíbrio teórico, nenhum indivíduo conseguiria melhorar seu grau de satisfação sem piorar o de outro indivíduo.
Tal condição de alocação de recursos, estabelecida pelo livre jogo de mercado, é denominada ótimo de Pareto. Para atingir esse nível ótimo de alocação, é dispensável a atuação de uma entidade reguladora, de um planejador central (como o governo).
Bens públicos
São aqueles cujo consumo por um indivíduo não afeta o consumo do mesmo bem por outro indivíduo. Resulta disso que toda a sociedade se beneficia da produção de bens públicos, mesmo que alguns mais do que outros.
Monopólios naturais
Setores onde os ganhos de escala são relevantes no âmbito da produção. Ou seja, quanto maior o produto gerado, menor será o custo unitário de produção.
“Esse fenômeno ocorre em setores que possuem caracteristicamente um elevado custo fixo, implicando na queda do custo unitário conforme a produção aumente”.
São chamados monopólios naturais porque se formam como decorrência das características de operação de determinados setores, não necessitando, teoricamente, de nenhuma ação específica empresarial ou governamental que leve à concentração da oferta.
Considerando a melhor eficiência alocativa resultante da livre competição, o monopólio não trará os melhores resultados para a sociedade, já que ofertará uma quantidade menor de produto a um preço maior.
O conflito de interesses que se estabelece aí, entre a empresa monopolista e a sociedade, é evidente, podendo exigir uma ação governamental.
As políticas públicas possíveis para intervir nesse mercado assumem duas formas:
· Propriedade pública
· Regulação
Externalidades
As externalidades podem ser definidas como “impactos gerados pelas atividades de produção e consumo de agentes envolvidos em um mercado específico e que atingem outros agentes não diretamente envolvidos no mercado”
Dependendo do valor desse efeito gerado, podemos classificá-las como externalidades positivas ou negativas.
O Estado passa a ter um papel importante na redistribuição desses efeitos, tanto positivos quanto negativos, para toda a sociedade.
Assim, o Estado pode conceder subsídios para estimular ou retribuir a geração de externalidades positivas ou cobrar impostos ou multas para desestimular externalidades negativas.
Mercados incompletos
“Quando um bem ou serviço não é ofertado mesmo que seu custo de produção esteja abaixo do preço que os potenciais consumidores estariam dispostos a pagar” (Giambiagi; Além, 2011).
Essa noção aplica-se principalmente a economias em desenvolvimento, quando o mercado não é capaz de atender às demandas da economia, mesmo que estas se refiram a atividades típicas de mercado.
Isso porque nem sempre o setor privado está disposto a assumir certos riscos, ou mesmo não possui a capacidade organizadora necessária à produção.
Nos processos de industrialização, a coordenação entre os diversos agentes produtivos (empresas, bancos e outros agentes, como escola técnicas) demanda a ação do governo, posto que a iniciativa privada não possui, normalmente, essa capacidade de ação integradora.
Falhas
Falhas de informação: ocorrem porque o mercado não fornece por si todas as informações necessárias às tomadas de decisão dos consumidores e das empresas. O Estado pode então induzir essa transparência, mediante uma legislação adequada que obrigue a divulgação de determinadas informações.
“A obrigatoriedade de publicação dos demonstrativos contábeis das empresas, ou de informações sobre a composição dos produtos nas embalagens”, são exemplos da ação do Estado para garantir um fluxo de informações eficiente.
Falhas de mercado e governo: essas condições não ocorrem isoladamente, mas combinam-se de forma variada, gerando benefícios, ou malefícios, para a sociedade como um todo.
A despoluição do ar, por exemplo, gera uma externalidade positiva para todos e, ao mesmo tempo, constitui-se em um bem público, já que todos têm acesso a um ar de melhor qualidade. Além disso, por gerarem um efeito sobre toda a sociedade, essas falhas de mercado demandam necessariamente a ação governamental para sua correção, pois o mercado é incapaz de resolver a contento todas as demandas de uma população.
Política fiscal e funções do governo
Através da política fiscal, o governo cumpre, do ponto de vista estritamente econômico, três funções básicas:
Função Alocativa: se refere ao fornecimento de bens públicos, bens não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado.
Função Estabilizadora: busca alterar o comportamento dos preços e emprego, uma vez que nem a estabilidade de preços, nem o pleno emprego ocorrem de modo automático.
FunçãoDistributiva: relacionada à distribuição de renda, já o sistema de preços nem sempre leva a uma distribuição de renda desejável pela sociedade como um todo.
Efeitos da intervenção
O aumento dos gastos, por exemplo, fazendo novas compras para o setor da saúde, trará a elevação da demanda do setor, que por sua vez contratará novos empregados para atender a essa demanda.
Esses contratados naturalmente aumentarão o seu consumo por outros bens, afetando positivamente as vendas de outras empresas que, em razão dessa nova demanda, contratarão mais funcionários, gerando, por sua vez, um efeito positivo sobre outras empresas, e assim sucessivamente.
Nota-se, pelo exemplo, dois efeitos:
· O efeito positivo dos gastos governamentais, por recuperarem os níveis de demanda agregada e, com isso, o crescimento econômico.
· O efeito depressivo na economia dos tributos, por retirarem o poder de compra dos consumidores ao aumentar os impostos.
Política monetária
A política fiscal não é o único instrumento de política econômica de que o governo dispõe para cumprir as funções que vimos.
Ele tem outras formas de influir na economia como, por exemplo, através da política monetária. Essa política tem efeitos sobre a economia. Veja no caso dos juros:
Redução dos Juros: o governo reagiria a uma queda na demanda reduzindo a taxa de juros, estimulando, dessa forma, que empresas e indivíduos peguem recursos no mercado financeiro para investir ou consumir, aumentando, de qualquer forma, a demanda agregada.
Aumento dos Juros: em caso inverso, por exemplo, se o governo julga elevada a inflação, provocada por um aumento da demanda, pode elevar a taxa de juros, provocando um desaquecimento da economia.
Política cambial
Refere-se ao estabelecimento de uma taxa de troca entre a moeda local e a estrangeira, afeta os níveis de preço e o desempenho do setor externo da economia e constitui-se em outro instrumento de politica econômica de competência do Estado.
Aula 9: Orçamento Público
O Estado tem a necessidade de criar uma organização capaz de aferir, controlar e aplicar os recursos necessários ao cumprimento de suas funções, em especial no que concerne às suas atividades fiscais.
Essa organização se estabelece em dois conjuntos de diretrizes:
Política tributária: refere-se à realização da receita e a última à sistematização dos ingressos e dispêndios financeiros do Estado.
Política orçamentária: o orçamento é o instrumento de planejamento que representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos financeiros em determinado período.
Toda e qualquer movimentação financeira verificada nos cofres públicos está no âmbito das finanças públicas. No entanto, em um sentido estrito, apenas aquelas constantes no orçamento são consideradas como tais.
Obedecendo aos princípios legais, o orçamento na sua tramitação, desde a apresentação da proposta orçamentária até a sua aprovação, gerará seus efeitos com força de lei.
Na realidade, é a função orçamentária que conjuga todas, ou quase todas, as ações governamentais, estabelecendo de forma sistemática todos os ingressos e dispêndios financeiros do Estado.
E onde entra o nutricionista?
O nutricionista deve voltar sua atenção aos aspectos “relacionados à produção, à distribuição e ao consumo de alimentos pela população brasileira”.
Isso traz a necessidade de entender os caminhos decisórios percorridos dentro do Estado brasileiro para o estabelecimento das políticas públicas.
Políticas de Estado X Políticas de Governo
As políticas de Estado são aquelas definidas por lei, que estabelecem as premissas e objetivos do Estado, possuindo por isso um sentido de permanência e estabilidade, resultantes de um diálogo da sociedade através das instituições políticas nacionais, em dado momento histórico.
Assim, por exemplo, a Constituição de 1988 estabeleceu uma série de princípios de defesa do cidadão e da cidadania que se tornaram a própria doutrina do Estado brasileiro.
As políticas de Governo correspondem às orientações e ações concretas do governante no cumprimento do seu programa de governo, submetendo-se às políticas de Estado.
Instrumentos de planejamento
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): orienta a elaboração e execução do orçamento anual e trata de vários outros temas, como alterações tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências da União.
Plano Plurianual (PPA): é o instrumento de planejamento de médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas dos projetos e programas de longa duração, definindo as prioridades do governo por um período de quatro anos.
“Nenhuma obra de grande vulto ou cuja execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem prévia inclusão no plano plurianual”.
Lei de Orçamento Anual (LOA): estima as receitas que o governo espera arrecadar durante o ano e fixa os gastos a serem realizados com tais recursos.
Recursos do governo
O Governo precisa de recursos para cumprir suas funções. O conjunto desses recursos arrecadados pelo governo constitui as Receitas Públicas, definidas como: (...) todos os ingressos de caráter não devolutivo, aferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas.
Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas.
Tributos
Os recursos necessários ao Estado podem provir de uma variedade de fontes, como a prestação de um serviço, ou a venda de um bem, ou, ainda, como resultado de uma operação de capital.
Contudo, a realização de receita pelo Estado se dá, principalmente, através da arrecadação tributária. Os tributos são a principal fonte de receita do governo.
Constituem os tributos:
· Impostos
· Contribuições de melhoria
· Taxas
· Empréstimos compulsórios
· Outras contribuições
Definição de despesa pública
É o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade.
No contexto de sua realização, os dispêndios também são tipificados em orçamentários e extra orçamentários.
Programas de governo
A realização dos objetivos estratégicos do governo é feita através de programas definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos.
O programa é peça fundamental na organização da administração pública, articulando um conjunto de ações que voltadas para um objetivo comum visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade.
Um programa deve definir objetivo e indicador que quantifique a situação que tenha como finalidade modificar, além dos produtos (bens e serviços) necessários para atingir seus objetivos.
A partir do programa são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou operações especiais, especificando os respectivos valores e metas e as unidades. Veja agora alguns exemplos:
· Fome Zero
· Bolsa família
Visão crítica dos programas de governo
Há uma discussão na sociedade sobre a pertinência de estratégias como o macroprograma Fome Zero para o desenvolvimento do país. Podemos dizer que:
Os defensores preocupam-se a solução imediata do problema da fome, historicamente endêmico no país, não resolvido pelo mercado. Isto é, pelo emprego de toda ou quase toda mão de obra disponível, ou, visto de outra perspectiva, pela inclusão social de toda a população do país.
Outros, ao contrário, argumentam que tais políticas estimulam a ociosidade e sobrecarregam os cofres públicos. Ou seja, os gastos do governo.
Aula 10: Economia e Nutrição
O nutricionista deve ter a habilidade de relacionar o conhecimento de outras áreas do saber, de forma a elaborar diagnósticos e atuar na nutrição do indivíduo.
A Economia, ao lidar com as escolhas feitas para a alocação dos recursos necessários à satisfação de nossas necessidades, aponta os condicionantes à esfera da Nutrição.
Faz parte da atuação do nutricionista lidar com os processos decisórios governamentais que afetam a alimentação do brasileiro.Indicadores sociais e econômicos
O Estado, para aferir a efetividade de suas ações, utiliza-se de indicadores específicos aplicados a seus programas. Isto porque os objetivos buscados pelo Estado têm um caráter variado, não buscam apenas resultados econômicos, mas, de forma ampla, resultados de caráter social, demandando a construção de índices específicos a cada tipo de projeto.
Esses indicadores servem para medir e comparar, em nível doméstico e internacional, o grau de crescimento econômico e de desenvolvimento social, resultantes do conjunto de políticas públicas implantadas. Vamos conhecê-los:
· PIB
· PIB per capita
· Índice de Gini
· Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
O Estado é intervencionista?
Observando a História, vemos que ora se propõe um Estado intervencionista, como ocorreu a partir da crise de 1929 e, recentemente, em 2008; ora um Estado, exatamente com o mesmo objetivo de estimular a atividade econômica, restrito a algumas poucas atividades por excelência de natureza estatal, como foi proposto e feito a partir da década de 1980 até bem recentemente.
Pragmaticamente, os governos respondem da melhor forma possível aos desafios impostos pela conjuntura, combinando os instrumentos de política econômica que adequem os anseios da sociedade às condições do ambiente internacional.
O que chamamos de “anseios da sociedade”, no entanto, não é algo de fácil definição e apreensão. Quando usamos a expressão, estamos nos referindo a um complexo jogo político em que os diversos setores da sociedade, entendendo-os nas suas dimensões econômicas e sociais, disputam a influência sobre o Estado.
Desde o processo eleitoral até o processo de elaboração e execução orçamentária, é subjacente à discussão sobre a distribuição dos recursos no papel do Estado na promoção do desenvolvimento econômico e social.
Talvez seja fácil percebermos isso, em um nível bem imediato, quando examinamos todos os matizes de natureza ideológica que perpassam a discussão em torno do programa Bolsa Família, por exemplo.
A questão do desenvolvimento
As decisões tomadas pelas maiores economias têm forte influência sobre os países menos desenvolvidos.
A condução do sistema político e econômico mundial, arranjados nos subsistemas de comércio, de pagamentos, entre outros, exerce forte influência sobre as economias locais.
O desenvolvimento, que impõe a necessidade de reformas continuadas no Estado brasileiro, mostra-se complexa, como vimos, não se resolvendo apenas de um ponto de vista “técnico”. A questão passa, necessariamente, pela construção de um arranjo político que não tem, a priori, uma direção a ser seguida.
O objetivo genérico de desenvolvimento econômico e social requer que se o defina, antes de tudo. Os objetivos de desenvolvimento tecnológico, da elevação educacional do povo, do fortalecimento das instituições, da preservação ambiental, da afirmação de uma cultura brasileira, da distribuição de renda, entre tantos outros, devem surgir do debate democrático.
O governo, parte necessária desse processo, deve por seu lado desenvolver o aparato institucional e os instrumentos de política fiscal e econômica, de modo geral, que lhe permitam lidar com os desafios do desenvolvimento.

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