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Aula 5 Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Doriam Borges 2 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Meta Apresentar as diferentes formas de sintetizar séries de dados em uma única medida e os riscos de tendenciosidade em cada uma delas, de forma a orientar a escolha da medida apropriada para descrever com- portamentos padrões na área da segurança pública Objetivos Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Calcular as Medidas de Tendência Central; 2. Selecionar a medida mais adequada para representar um conjunto de dados. 3 Estatística Aplicada à Segurança Pública Como representar um conjunto de dados em apenas uma medida? Você viu, na última aula, que a apresentação de dados em tabelas e gráficos possibilita uma análise mais simplificada e detalhada das in- formações disponíveis em pesquisas ou registros administrativos. Nesta aula, você vai descobrir que é possível descrever um conjunto de infor- mações e representá-lo por uma única medida que seja capaz de sinte- tizar o comportamento e fornecer informações referentes aos aspectos gerais do conjunto de dados,independentemente do tamanho da amos- tra que esta sendo utilizada.As medidas ou estatísticas pontuais são uma forma especial de resumir a informação dos dados. Este resumo é feito através de um único número que dá uma ideia da localização dos valo- res, da sua variabilidade e da sua distribuição, e vai fornecer uma esta- tística que descreve o comportamento dos dados. A medida que vamos trabalhar nesta aula é conhecida como Medida de Tendência Central. Ela considera cada valor da variável com a mes- ma importância no conjunto de dados e verifica qual número representa o comportamento da variável na população. As medidas de tendência central, como o próprio nome diz, devem indicar, na reta do conjunto de números reais, em que posição está determinado dado: perto do iní- cio, do centro ou do fim do conjunto. Medidas de tendência central: vamos aprender? Como você viu acima, o principal objetivo das medidas de tendência central é resumir o comportamento de um conjunto de dados em um único número que sirva de parâmetro para a análise de todo o conjunto. Entretanto, apesar da facilidade em utilizar essas medidas, é importante você entender que em alguns casos, utilizar apenas uma medida, como a média, pode ser perigoso, tendo em vista que o fenômeno estudado pode sofrer a influencia dos valores extremos da variável. Imagine só a média da renda da população brasileira. Você acha que essa medida representa bem o conjunto de informações? Com certeza, não, pois o valor dessa medida aparece mais alto do que acreditaríamos que fosse, por conta das poucas pessoas que possuem altas rendas mensais, como grandes empresários ou apresentadores de televisão. Para solucionar esse tipo de problema e verificar se os dados se concentram ou se dis- persam em relação à média, utilizamos as outras medidas de tendência 4 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • central, como a mediana ou a moda. Cada uma delas vai olhar a centra- lidade dos dados por diferentes óticas: • Média – centro em termos dos dados • Mediana – centro real • Moda – centro em termos de concentração A variabilidade dos dados pode permitir concluir sobre a ho- mogeneidade ou heterogeneidade dos valores obtidos em relação à média aritmética: • homogêneos: a distribuição dos valores se concentra em torno da média; • heterogêneos: a distribuição dos valores se dispersa afastando-se da média. Média aritmética simples A ideia da média aritmética simples, ou simplesmente média, é a de encontrar um valor que seja um ponto de equilíbrio entre todos aqueles observados na amostra. Para este tipo de média, todos os valores obser- vados possuem um mesmo peso. A definição do cálculo da média é bem simples: a soma dos valores dividida pelo número de valores observa- dos, e é expressa por: ∑− == N Xi i 1X N onde, N é o número de elementos da amostra, e Xi se refere ao i-ési- mo valor observado, com i variando de 1 (primeiro) até N (N-ésimo valor observado). Exemplo 1: Observe o exemplo: Calcule a média de X: 13, 14, 17, 19 e 10 Para calcular a média aritmética, você precisa somar todos os nú- meros e dividir pelo número de elementos. Quantos elementos há neste exemplo? Cinco. Então, vamos calcular? 5 Estatística Aplicada à Segurança Pública = + + + +∑= = = = 5 i ix 13 14 17 19 10 73X 14,6 5 5 5 Logo, a média aritmética de X é 14,6. Exemplo 2: Vamos fazer outro exemplo? Um produto é adicionado em lotes contendo cada um deles 10 uni- dades; só é aprovado se apresentar um peso superior a 40 quilos. Se as unidades que compõem determinado lote pesam: 3; 4; 3,5; 5; 3,5; 4; 5; 5,5; 4; 5, este lote será aprovado? Qual a média do peso dos produtos? Primeiro, vamos verificar se o lote é aprovado? Mas como vamos fazer isso? Somando o peso das 10 unidades dos produtos: SOMA = 3 + 4 + 3,5 + 5 + 3,5 + 4 + 5 + 5,5 + 4 + 5 = 42,5 Logo, o lote foi aprovado, por pesar mais do que 40 quilos. Agora, precisamos calcular a média do peso dos produtos. + + + + + + + + + = = = 3 4 3,5 5 3,5 4 5 5,5 4 5 42,5X 4,25 10 10 O peso médio dos produtos é 4,25. Atividade 1 Atende ao Objetivos 1 Calcule a média aritmética dos seguintes números: a) 120 e 150 b) 17, 19, 5, 10 e 22 c) 7, 7, 7, 7, 7 e 7 d) 7, 5, 6, 10, 7, 8, 7, 37, 7, 15, 7, 7, 20 e 13 6 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Resposta Comentada a) += = =120 150 270X 135 2 2 b) + + + += = =17 19 5 10 22 73X 74,6 5 5 c) + + + + += = =7 7 7 7 7 7 42X 7 6 6 d) + + + + + + + + + + + + + += = =7 5 6 10 7 8 7 37 7 15 7 7 7 20 13 156X 11,1 14 14 + + + + + + + + + + + + + + = = = 7 5 6 10 7 8 7 37 7 15 7 7 7 20 13 156X 11,1 14 14 Média aritmética ponderada A ideia da média aritmética ponderada é muito semelhante à da mé- dia aritmética simples, apenas levando em consideração que, por algum motivo, os valores observados não possuem o mesmo peso. Então, para cada valor Xi, existirá um peso associado, pi . A média aritmética ponderada será, então, calculada como: ∑ − == ∑ = K pXi i i 1 KXp pi i 1 7 Estatística Aplicada à Segurança Pública onde K é o número de valores distintos (logo ficará mais claro o porquê da troca de N por K). Além disso, a média aritmética ponderada possui a mesma unidade de medida da série original (X). Exemplo3: A tabela abaixo representa os salários pagos a 100 funcionários de uma empresa. Salário em R$ (X) Nº de funcionários 1.500,00 2.000,00 2.500,00 2.700,00 4.000,00 40 30 10 15 5 Total(K) 100 Qual é o salário médio dos funcionários desta empresa? Nesse caso, a variável que vamos analisar e calcular a média é o salá- rio dos funcionários. O peso(pi) é o número de funcionários que possui cada salário, ou seja, o peso do salário R$ 1.500,00 é 40, e assim por diante. E qual é o número de elementos nesse exemplo(K)? É a soma dos pesos, ou seja, 100 funcionários. Vamos calcular essa média? ( ) ( ) ( ) ( ) ( )× + × + × + × + × + + + + + + + = + = = = 1.500 40 2.000 30 2.500 10 2.700 15 4.000 5 40 30 10 1 X 205.500 5 5 40 30 2.055 100 10 5 0 10 15 A renda média dos funcionários desta empresa é R$ 2.055,00. Exemplo 4: Vamos fazer outro exemplo? Digamos que no curso de estatística aplicada à segurança pública, você tenha feito três provas e tenha tirado as seguintes notas: 10, 8 e 3. Na última hora, você fica sabendo que a nota média seria calculada atribuindo-se um peso diferentea cada prova: a primeira prova teria peso 3; a segunda, peso 5; a terceira, peso 2. A nota mínima para passar nesta disciplina é 7. E aí, você vai ser aprovado na disciplina? 8 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Vamos calcular a sua média final antes que você fique nervoso... Cada prova tem um peso diferente; então, temos que utilizar uma mé- dia ponderada, certo? ( ) ( ) ( ) + + = = × + × + × + = + = 30 40 6 76X 7,6 10 1 10 3 8 5 3 2 3 02 5 Parabéns, a sua média ponderada foi 7,6, e foi acima de 7,0. Atividade 2 Atende ao Objetivo 1 O Serviço 190 está com interesse de tornar o atendimento de chamadas emergenciais mais rápido. Para tanto, resolveu fazer um levantamento de 500 casos, para saber qual o tempo médio entre o momento em que a unidade recebe a chamada e aquele em que a viatura chega ao local. O levantamento constatou a seguinte distribuição: Tabela 5.1: Tempo que a viatura leva para chegar ao local do crime após o recebimento da chamada. Tempo (em minutos) Nº de chamadas telefônicas 3 4,5 6,5 7 10 15 146 121 47 111 49 26 Total 500 Calcule o tempo médio de atendimento das chamadas emergenciais encaminhadas ao 190. 9 Estatística Aplicada à Segurança Pública Resposta Comentada Neste caso, as chamadas telefônicas são o peso para o cálculo da média ponderada. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )× + × + × + × + × = + × + = = + + + + + + + + + = 3 146 4,5 121 6,5 47 7 111 10 49 15 26 146 121 47 111 49 26 438 544,5 305,5 777 49 X 2.945 5,9 500 500 0 390 O tempo médio em que a viatura chega ao local depois da chamada no 190 é de 5,9 minutos. Mediana A mediana indica o “meio” da série, o valor mais central. Mas este “meio” da série não pode ser pensado senão sobre uma série que já este- ja ordenada (em geral, de forma crescente). A ideia, por detrás disso, é que o valor mais central estaria livre da influência de valores discrepantes, gerados, por exemplo, por erros de digitação ou transcrição da informação. Quando se tem poucos valores, é fácil obter a mediana, pareando os elementos mais exteriores até chegar ao centro da série. O problema aparece, então, quando se deseja obter a mediana de uma série com um grande número de elementos. Neste caso, existe uma fórmula de cálculo para a mediana, que depende da paridade do tamanho da série. e) N é ímpar: Neste caso, existirá um único valor central na série e sua posição na série ordenada será igual a [(N+1)]/2. 10 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Ao escrevermos este cálculo, usamos parênteses dentro de col- chetes, para indicar que estamos indicando certo termo dentro da série ordenada. Então, pode-se escrever Me = X[[(N+1)]/2], ou seja, é o valor da série ordenada X, cuja posição é [(N+1)]/2. Exemplo 5: Qual é a mediana do seguinte conjunto de números: 15; 20; 25; 30; 35? Nesse caso, vai ser fácil achar a mediana (o N é ímpar). Quantos ca- sos existem? N=5. Então, a posição da mediana será [(5+1)]/2=3 15; 20; 25 ; 30; 35 A mediana é 25, ou seja, o centro real b) N é par: Neste caso, existirão dois valores no centro da série, e é preciso de- finir o que fazer com eles. O mais comum é tomar a média dos dois valores centrais, cujas posições serão (N/2) e o seu sucessor, [(N/2) +1]. Exemplo 6: Qual é a mediana do seguinte conjunto de números: 1; 2; 3; 4; 5; 6 ? Nesse caso, nós temos seis números, ou seja, o N agora é par. N=6. Então, a posição da mediana estará entre (6/2)=3 e [(6/2)+1]=4, ou seja, [(3+4)/2]=3,5 1; 2; 3; 4; 5;6 3,5 11 Estatística Aplicada à Segurança Pública A mediana é 3,5. Está entre 3 e 4. OBS.: 1. A mediana possui a mesma unidade de medida da série, 2. À semelhança da mediana, outras medidas de tendência central po- dem ser determinadas com base no percentual de dados acima ou abai- xo de seu valor. Exemplo 7: Qual é a mediana de X: 13, 14, 17, 19 e 10 ? A primeira coisa que você precisa fazer é ordenar os dados. X: 10, 13, 14, 17, 19 Depois que você ordenou os dados, você pode descobrir qual é a mediana. N=5, então a posição é [(5+1)]/2=3, logo a mediana de X é 14. Exemplo 8: Usemos novamente a tabela com o tempo em que o 190 recebe uma chamada e a viatura chega ao local. Vamos calcular a mediana dessa série? Tabela 5.1: Tempo que a viatura leva para chegar ao local do crime após o recebimento da chamada. Tempo em minutos (X) Nº de chamadas telefônicas 3 4,5 6,5 7 10 15 146 121 47 111 49 26 Total 500 12 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Diferentemente dos outros exemplos, agora os nossos dados estão agregados em uma tabela de frequência. Mas a ideia continua sendo a mesma. Temos que ver quantos casos temos: N=500. Como o número de casos é par, então a mediana estará entre o [N/2] e o [(N+1)]/2. Logo, a mediana do tempo em que as viaturas chegam aos locais depois das chamadas está entre os pontos [500/2]=250 e [(500/2+1)]=251, ou seja, a mediana está entre o ponto 250 e 251. Vamos achá-lo na tabela? Figura 5.1: Encontrando a mediana de uma série quando os dados estão agregados em forma de tabela. A mediana do tempo em que o 190 recebe uma chamada e a viatura chega ao local é 4,5 minutos. Atividade 2 Atende ao Objetivo 1 A nota final do curso de Estatística Aplicada à Segurança Pública mi- nistrado para 10 alunos foi: 1, 4, 3, 9, 9, 4, 5, 9, 2, 10. Calcule a média e a mediana das notas dos alunos. Considerando que o aluno, para ser aprovado direto, precisa ter uma nota maior ou igual à média da turma, quantos destes alunos irão fazer prova final? 13 Estatística Aplicada à Segurança Pública Resposta Comentada O cálculo da média das notas dos alunos deve ser feita da seguinte forma: + + + + + + = = + + = +1 4 3 9 9 4 5 9 56X 5,6 11 0 2 10 0 A média das notas dos alunos foi 5,6. Para calcular a mediana, é preciso ordenar as notas: X: 1; 2; 3; 4; 4; 5; 9; 9; 9; 10 Como temos um número par de notas, então a mediana estará entre [10/2]=5 e [(10/2)+1]=6, logo a mediana será: X: 1; 2; 3; 4; 4; 5; 9; 9; 9; 10 A mediana de X é 4,5. Os valores da mediana e da média foram bem parecidos, o que mostra que a distribuição dos dados é equilibrada para os dois lados. Mas esse resultado não dá informação suficiente para afirmarmos que a distribui- ção dos dados é homogênea ou heterogênea. Respondendo à pergunta sobre a prova final, considerando a média de 5,6, verificamos que apenas quatro alunos conseguiram ser aprovados. Medidas de Posição Quartil (Qii = 1,2,3) Os quartis são pontos que dividem a série em quatro pedaços, onde cada parte contém 25% dos dados. Assim, o primeiro quartil (Q1) deixa 25% dos dados abaixo dele e 75% acima dele. Q2, o segundo quartil, deixa 50% dos valores antes dele e outros 50% depois, sendo, portanto, igual à mediana. O terceiro quartil (Q3) deixa 75% dos dados antes dele e 25% depois. 5,5 14 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Decil (Dii =1,2,...,9) Análogos aos quartis, os decis dividem a série em 10 pedaços, dei- xando entre eles 10% dos dados. Assim, por exemplo, D1 deixa 10% dos dados antes dele e 90% depois; D5 deixa 50% dos dados antes e 50% depois (sendo igual a Q2 e à mediana); D9 deixa 90% dos dados antes e 10% depois. Percentil (Pi i =1,2,...,99) Os percentis (ou centis) dividem a série em 100 pedaços, deixando 1% dos dados entre eles. Assim, P1 deixa 1% dos dados antes e 99% de- pois; P50 deixa 50% antes e 50% depois (igual a D5, Q2 e Me); P99deixa 99% antes e 1% depois. Exemplo 9: Vamos achar os quartis da variável X: 6, 47, 49, 15, 42, 41, 7, 39, 43, 40, 36 A primeira coisa que precisamos fazer é ordenar os dados: X: 6, 7, 15, 36, 39, 40, 41, 42, 43, 47, 49 A ideia é muito parecida com a da mediana 15 Estatística Aplicada à Segurança Pública Q1 = 15 Q2 = 40 = Mediana Q3 = 43 Moda É o valor mais “em moda”, mais frequente na série, ou seja, aquele que tem associado a si a maior frequência. No exemplo: Idade (anos) F 15 120 20 1362 265 1075 35 731 Total 3288 Mo = 20 anos, pois teve associada a si a maior frequência (f = 1362). Repare que a moda possui a mesma unidade de medida da série. Uma série pode não ter uma moda (série amodal), quando todos os seus elementos têm a mesma frequência. Ela pode ser bimodal, quando existem dois valores que têm a mesma maior frequência (em relação aos demais). Existem ainda séries trimodais, quadrimodais, etc... E podemos defi- nir como multimodal aquela série que possui várias modas... Atividade 3 Atende aos Objetivos1 e 2 Dado o conjunto de dados X: 5, 10, 12, 7, 6, 150, 6, a) calcule a média da série; b) encontre a mediana; c) defina a moda da série; d) decida qual dessas medidas de tendência central e de posição melhor representa o conjunto, e justifique a sua escolha. 16 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Resposta comentada a) + + += + + + = =5 10 12 7 6 6 196150X 28 7 7 A média para esse conjunto de dados é 28. b) X: 5, 6, 6, 7, 10, 12, 150 Lembre-se que a mediana é o número do meio do conjunto. O conjunto de dados é formado por um número ímpar de casos (N=7). A mediana estará na posição [(7+1)/2]=4, ou seja, a mediana é o valor 7. c) Podemos verificar, no conjunto dos dados, que a moda de X é 6. Agora vamos olhar para os dados mais de perto. Quase todos os núme- ros são muito baixos. Na verdade, apenas um deles é bem alto, (150) e fez com que a média se torne mais alta, ou seja, para longe da tendên- cia central. Se substituíssemos 150 por 15, a média seria 8,7, e dentro do conjunto de dados que varia entre 5 e 15, este valor representaria uma boa indicação de medida de tendência central. Mas para o nosso conjunto de dados, por outro lado, seis dos sete números caíram muito abaixo da média. Por conseguinte, a média não é um bom indicador da tendência central. Considerando o objetivo de saber qual é a medida que representa a po- sição central do conjunto dos dados apresentados nesta atividade, verifi- camos que, usando a mediana em vez da média, isso nos ajuda a corrigir a falha da heterogeneidade causada pela discrepância dos valores de X. A mediana é mais apropriada do que a média, quando o conjunto de dados for muito assimétrico. Como você viu, a média pode ser aferrada pelos valores atípicos, enquanto a mediana não. Nossa resposta é usar a mediana nesse caso. 17 Estatística Aplicada à Segurança Pública Conclusão Nesta aula, você pôde aprender sobre as estatísticas que descrevem o centro de um conjunto de dados quantitativos. A média, a mediana e a moda são medidas complementares. Elas podem ser fundamentais no processo que descreve diferentes aspectos dos dados. Tome cuidado como vai utilizar as medidas e como as vai analisar, procurando evitar o uso de uma estatística, quando outra seria mais informativa. Uma su- gestão é explorar os dados antes de escolher a medida, e, dependendo da situação, apresentar diferentes estatísticas de tendência central. Atividade 4 Atende aos Objetivos1 e 2 Calcule a média e a mediana do número de vítimas de homicídios do- losos registrados no Estado do Rio de Janeiro pela Polícia Civil para cada mês, a partir da tabela a seguir. O objetivo desta atividade é avaliar qual(is) o(s) mês(ES) com maior e menor incidência de homicídios do- losos, a partir de um histórico de 10 anos. Analise os resultados. Número de vítimas de homicídios dolosos por mês e ano no Estado do Rio de Janeiro Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2003 589 583 613 585 599 546 527 500 512 489 528 553 2004 578 540 529 514 605 502 505 521 507 522 570 545 2005 607 619 682 526 561 488 580 562 533 503 495 464 2006 480 521 607 579 548 475 478 471 521 552 527 564 2007 526 486 640 572 466 445 457 524 447 486 528 556 2008 538 505 522 465 411 402 413 430 435 557 516 507 2009 551 556 588 542 522 439 397 432 433 420 438 476 2010 448 473 493 434 361 347 324 344 360 406 364 417 2011 426 368 374 403 370 313 331 371 323 318 339 345 2012 324 383 393 340 344 315 296 292 323 312 319 389 2013 391 359 394 415 424 362 310 406 379 384 416 460 Fonte: Instituto de Segurança Pública - ISP 18 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • 19 Estatística Aplicada à Segurança Pública Resposta Comentada Vamos calcular a média e a mediana para cada um dos meses e depois comparar os resultados. + + + + + + + + + = + = =jan 589 578 607 480 526 538 55 5458X 496 1 1 448 426 32 3 11 4 1 91 Ordenando os valores... MedianaJan = 526 + + + + + + + + + = + = =fev 583 540 619 521 486 505 55 5393X 490 1 6 473 368 38 3 11 3 1 59 Ordenando os valores... MedianaFev = 505 + + + + + + + + + = + = =mar 613 529 682 607 640 522 58 5835X 530 1 8 493 374 39 3 11 3 1 94 Ordenando os valores... MedianaMar = 529 + + + + + + + + + = + = =abr 585 514 526 579 572 465 54 5375X 489 1 2 434 403 34 4 11 0 1 15 Ordenando os valores... MedianaAbr = 514 + + + + + + + + + = + = =mai 599 605 561 548 466 411 52 5211X 474 1 2 361 370 34 4 11 4 1 24 Ordenando os valores... MedianaMai = 466 + + + + + + + + + = + = =jun 546 502 488 475 445 402 43 4634X 421 1 9 347 313 31 3 11 5 1 62 Ordenando os valores... MedianaJun = 439 20 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • + + + + + + + + + = + = =jul 527 505 580 478 457 413 39 4618X 420 1 7 324 331 29 3 11 6 1 10 Ordenando os valores... MedianaJul = 413 + + + + + + + + + = + = =ago 500 521 562 471 524 430 43 4853X 441 1 2 344 371 29 4 11 2 1 06 Ordenando os valores... MedianaAgo = 432 + + + + + + + + + = + = =set 512 507 533 521 447 435 43 4773X 434 1 3 360 323 32 3 11 3 1 79 Ordenando os valores... MedianaSet = 435 + + + + + + + + + = + = =out 489 522 503 552 486 557 42 4949X 450 1 0 406 318 31 3 11 2 1 84 Ordenando os valores... MedianaOut = 486 + + + + + + + + + = + = =nov 528 570 495 527 528 516 43 5040X 458 1 8 364 339 31 4 11 9 1 16 Ordenando os valores... MedianaNov = 495 + + + + + + + + + = + = =dez 553 545 464 564 556 507 47 5276X 480 1 6 417 345 38 4 11 9 1 60 Ordenando os valores... MedianaDez = 476 21 Estatística Aplicada à Segurança Pública Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média 496 490 530 489 474 421 420 441 434 450 458 480 Mediana 526 505 529 514 466 439 413 432 435 486 495 476 Analisando os resultados, você pode verificar que o mês com maior mé- dia foi março. A maior mediana também foi encontrada nesse mês. Esse resultado reforça a ideia de que o mês de março é aquele com maior in- cidência de homicídios, a partir de um histórico de 11 anos. Ao estudar os meses de janeiro e fevereiro, você poderá ver que. depois de março, esses são os meses com maior incidência de homicídios dolosos. Preste atenção na mediana. Para esses dois meses. ela foi alta, sobretudo em janeiro (526). Isso significa que em cinco anos do período analisado, o número de mortespor homicídio neste mês ultrapassou a marca das 526 vítimas. Ou seja, o mês de janeiro também é um mês crítico no que se refere a esse tipo de violência. Alguns estudiosos creditam esse período (janeiro, fevereiro e março) como sendo mais violento devido às férias de verão, com mais pessoas nas ruas, Carnaval, maior exposição, etc. Por outro lado, o período de junho a setembro parece ser o menos vio- lento do ano. Vale ressaltar que o mês com menor média e mediana do ano foi julho. É interessante verificar que, a partir de setembro, a média do número de vítimas aumenta gradativamente até chegar o próximo ano (janeiro). Resumo As medidas de tendência central e as de posição constituem uma forma mais sintética de apresentar os resultados contidos nos dados observa- dos, pois representam um valor central, em torno do qual os dados se concentram. As medidas trabalhadas nesta aula foram: a média aritmé- tica, a média ponderada, a mediana, a moda e o quartil. A seguir, você poderá ver um quadro-resumo de conceitos básicos. 22 Aula 5 • Resumindo séries de dados às suas Medidas de Tendência Central Aula 5 • Aula 5 • Quadro-resumo de conceitos básicos para Medidas de Tendência Central e de Posição Medidas de tendência central e de posição Média Ponto de equilíbrio da variável em termos de massa Mediana Ponto central da distribuição de dados separa o conjunto em dois grupos de 50% cada um Moda É o valor mais frequente no conjunto de dados Quartil Pontos que dividem a distribuição em quatro partes iguais (25%) Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, você poderá dar continuidade à análise descritiva de dados e ao estudo de medidas, mas a partir da perspectiva da varia- bilidade dos dados. Serão introduzidos o conceito de Medidas de Va- riabilidade, e você poderá relacioná-lo com as Medidas de Posição ou Tendência Central. Leitura Recomendada AGRESTI, Alan; Barbara FINLAY. Métodos Estatísticos para Ciências Sociais. Ed. Penso, 2012 BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. Ed. UFSC, 2008.