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Formação do Psicólogo e a Massificação do ensino superior

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU 
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – CPPG 
ÀREA: EDUCAÇÃO 
CURSO: DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR 
JULIO CESAR GALVES GOMES MANGINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO E A 
MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, SP. 
2014
 
 
 
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU 
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - CPPG 
ÀREA: EDUCAÇÃO 
CURSO: DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR 
JULIO CESAR GALVES GOMES MANGINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO E A 
MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
Professora Orientadora: Maria Cecilia Carrara Modenesi Ribeiro 
 
 
 
São Paulo, SP. 
2014
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em 
Docência do Ensino Superior da FMU – 
Faculdades Metropolitanas Unidas, como parte 
dos requisitos para a conclusão do curso e 
obtenção do título de especialista. 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todos os psicólogos que se dedicam a 
essa ciência profissão.
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer primeiramente a Fabia, que me deu irrestrito apoio, aos meus 
filhos que me dão forças e aos meus mestres que ao mostrarem o caminho, tornaram esse 
trabalho possível.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“É no problema da educação 
que assenta o grande segredo 
do aperfeiçoamento da 
humanidade.” 
Immanuel Kant 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
RESUMO 
 
O bom exercício profissional depende, fundamentalmente, da formação do profissional em 
questão. Considerando a importância social da profissão, especificamente no caso dos 
psicólogos, pode se avaliar o quanto é destrutiva uma má atuação desses profissionais que 
atuam na mais variadas demandas que lhe são impostas. Há mais de um século a Psicologia 
busca seu espaço entre as ciências, ainda que apresentando um rigor diferente do proposto 
pelo positivismos radical. Hoje vive se um viés nessa busca, pois no senso comum imagina se 
que a Psicologia seja capaz de dar respostas que não lhe confere dar. Mas o maior problema é 
quando o psicólogo não tem ciência de miserabilidade da Psicologia e aceita ocupar um 
espaço que não lhe cabe como profissional e nem a psicologia como ciência-profissão. Ter 
consciência de si e da profissão que escolheu é um desafio ao psicólogo, desafio esse que 
deveria ser lhe outorgado e incentivado a nutri lo ainda na cadeira acadêmica, mas 
infelizmente é negligenciado e esquecido, sendo que muitos graduam se e partem para a 
prática profissional sem sequer tomar conhecimento desse desafio. 
Buscando isso, esse trabalho revisou a literatura com o fim de fomentar o debate acerca da 
formação do psicólogo, levando em consideração os fenômenos acerca do ensino superior e 
suas vicissitudes, bem como de uma análise referencial teórica sobre a massificação do ensino 
superior. São levantadas algumas questões propostas por autores dedicados ao assunto para 
fomento e aprimoramento da prática profissional do psicólogo, assunto de grande relevância 
social. 
 
Palavras-chave: Psicólogo; Massificação do ensino superior; Psicologia. 
 
 
ABSTRACT 
 
Good professional practice depends fundamentally on the training of the professional in 
question. Given the social importance of the profession, specifically in the case of 
psychologists can assess how much destructive bad these professionals that work in the most 
varied demands are imposed. For more than a century psychology seeks its place among the 
sciences, although showing a different rigor proposed by radical positivism. Today he lives is 
a bias in this quest, as in common sense realize that psychology is able to provide answers 
that give not give you. But the biggest problem is when the psychologist is unaware of the 
misery Psychology and accepts occupy a space that does not fit you as a professional and not 
as science-psychology profession. Aware of himself and of their chosen profession is a 
challenge to the psychologist, this challenge should be granted to him and encouraged him to 
further nurture the academic chair, but unfortunately is neglected and forgotten, and many 
graduate and leave for professional practice not even be aware of this challenge. 
Seeking it, this work reviewed the literature in order to stimulate debate about the training of 
psychologists, taking into account the phenomena about higher education and its vicissitudes 
as well as a theoretical framework for analyzing the massification of higher education. Some 
questions posed by writers dedicated to the subject for promotion and enhancement of the 
psychologist, the subject of great social relevance are raised. 
 
Keywords: Psychologist; Massification of higher education; Psychology. 
 
 
8 
 
 
 
Introdução 
 
 
Esse artigo pretende fomentar o debate sobre a formação do psicólogo com o fim de subsidiar 
o aprimoramento da atuação desse profissional e, consequentemente, valorizando a Psicologia 
como ciência-profissão. A partir da revisão bibliográfica acerca do assunto pode se analisar os 
fenômenos acerca da formação do psicólogo e sua correlação com a massificação do ensino 
superior. Considerando se as criticas na literatura científica acerca da Psicologia e de suas 
limitações, bem como da mercantilização do ensino superior, pode se avançar na busca da 
melhoria do processo educacional na graduação assim como, consequentemente, da melhoria 
na atuação do psicólogo. 
Ao trazer a luz dos debates acadêmicos questões sobre esses fenômenos espera se contribuir 
para esse desafio primordial à nossa sociedade. 
O artigo está dividido em cinco sessões, sendo a introdução, Capítulo I – Psicologia, 
psicodiagnóstico e papel social; Capitulo II – Formação do Psicólogo; Capítulo III – O 
caminho; e as considerações finais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Capítulo I – Psicologia, psicodiagnóstico e papel social 
 
A Psicologia ocupa inicialmente importante espaço social ao se colocar como pilar cientifico 
à busca da saúde mental, sendo também requerida por vários setores da sociedade que 
imputam à ela a única forma de se indicar à a verdade ou, em outros momentos, a melhor 
decisão a ser tomada por aqueles que requerem sua manifestação. Ainda que o solicitante não 
esteja adstrito à opinião do psicólogo, este vem sendo de maneira substancial utilizado como 
determinante nas decisões. Segundo Shine (2003) são raríssimas as exceções em que as 
decisões são contra senso da indicação do psicólogo, portanto há que se dispensar a 
importância devida a manifestação, seja ela a forma que for, do psicólogo, já que ela é tida 
como indicador da verdade, tornando extremamente nocivo se a postura desse profissional 
não atender aos princípios éticos, científicos e técnicos. Primeiramente deve se entender que o 
diagnóstico, por exemplo, é o resultado de um processo de avaliação psicológica e a ela deve 
estar articulado (GUZZO & PASQUALIi 2001), portanto para que haja um diagnóstico 
fidedigno é mister que se atenha a validade teórica na avaliação psicológica. Nessa linha de 
pensamento Villemor-Amaral (2008 p.99) defende que “Um grande desafio atualmente, na 
área da avaliação psicológica, é comprovar a validade de certos procedimentos diagnósticos 
face ao imperativo ético de se chegar a conclusões confiáveis, fidedignas e, sobretudo, úteis, 
apoiadas emmetodologias científicas atuais”. Para se superar esse desafio é fundamental que 
se tenha profissionais formados adequadamente para o desempenho da profissão, o que não 
vem ocorrendo no Brasil, segundo Paula, Pereira & Nascimento (2007 p.33) que defenderam 
que: 
A Psicologia é cercada de diversos desafios que podem ser relacionados, 
principalmente, com a formação, com a sua construção como ciência, com as suas 
técnicas de avaliação e de intervenção e com os aspectos éticos relacionados à 
pesquisa e à atuação profissional. Refletir sobre a formação dos psicólogos é 
relevante, uma vez que ela afeta a qualidade dos serviços prestados pelos 
profissionais. 
 
Dada a importância Social da Psicologia nos dias atuais, podemos considerar o poderio 
destrutivo da atuação de um psicólogo mal formado, como muito bem conceitua Mello e Patto 
(2012 p. 20): 
Estamos diante de um quadro gravíssimo e inaceitável, não só porque há psicólogos 
vitimando pessoas, mas também porque a credibilidade de um saber e de uma 
profissão que contam com excelentes pesquisadores e profissionais, capazes de 
10 
 
 
contribuir para a construção da cidadania, está ameaçada. Está mais do que na hora 
de o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia tomarem três 
medidas: cobrar das autoridades educacionais uma avaliação rigorosa dos cursos de 
Psicologia que proliferam no país; instaurar e coordenar uma profunda e duradoura 
discussão nacional sobre a formação de psicólogos; e discutir formas de impedir o 
exercício da profissão por quem não está preparado para isso. 
 
Portanto deve se considerar que o problema da atuação do psicólogo e, consequentemente, da 
intervenção do profissional da psicologia em diversas áreas, inicia se na má formação do 
psicólogo se encerrando nos limites e procedimentos não reconhecidos da profissão-ciência. 
Em relação ao alcance da Psicologia quanto a determinação da verdade ou do certo ou errado, 
pode se entender que a crítica que Foucault (1961) fez quanto ao totalitarismo do saber sobre 
a loucura em relação a psicanálise poderia ser a pedra angular para reflexões sobre a falsa 
ideia do suposto saber do psicólogo quanto as demandas colocadas à ele, tornando se um viés 
periculoso socialmente se esse saber não se respaldar na teoria e técnica, consequentemente, 
reconhecendo suas limitações e a relativa miserabilidade na sua atuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Capitulo II – Formação do Psicólogo 
 
Segundo Esteves (2008 P.102) as três concepções de Universidade, sendo elas a liberal, a de 
investigação e a de serviços, foram afrontadas pelos novos moldes em que se fez potencializar 
os conflitos e contradições antes superados. Com a massificação do ensino superior 
fenômenos se chocam e se contradizem, como a mercantilização da educação versus a 
“contribuição essencial para humanização dos seres humanos”. Esteves emerge questões 
trazidas por Hannah (1957 P.499) sobre o conflito educacional entre o ser e saber fazer. 
Esteves diz: 
Contudo, é forçoso reconhecer que a sociedade parece reclamar dois tipos de 
produtos bem diferenciados: a formação de quadros meramente executivos que 
actuam de acordo com conhecimentos consagrados (e que inexoravelmente se 
desactualizarão em prazos cada vez mais curtos) e a formação de quadros criativos, 
capazes de inventar soluções novas para problemas existentes ou que venham a 
existir. A massificação do ensino superior que se verificou já num certo número de 
sociedades fez avultar a primeira destas tendências, ao mesmo tempo que sistemas 
cada vez mais sofisticados e pressionantes de avaliação vão identificando como 
centros de excelência, aqueles que respondem à segunda das exigências acima 
mencionadas. 
 
 Portanto há que se preservar o ensino com o desenvolvimento de conhecimentos 
específicos da profissão, articulados ao desenvolvimento concomitante do senso crítico, capaz 
de proporcionar ao profissional, condições de exercer plenamente a profissão, atualizando se e 
tendo condições de aplicar a teoria e técnica aos casos concretos e específicos que sua atuação 
exige. 
Especificamente sobre a catástrofe que é a contemporânea formação inadequada do psicólogo 
no Brasil Patto (2012 p.19) afirma que: 
 
O que certamente encanta muitos desses profissionais mal formados intelectual e 
profissionalmente é o poder de dizer sobre o íntimo das pessoas que lhes é 
socialmente outorgado e considerado o único discurso competente para esse fim. 
Inebriados por essa autorização, muitos deles sentem-se livres para dizer o que 
entendem, certos da impunidade. Essa suposta competência indiscutível advém da 
crença de que as ciências humanas produzem conhecimentos acima de qualquer 
suspeita, garantidos por métodos de pesquisa que se dizem objetivos e neutros. 
Poder que, para não ser questionado, não pode ouvir crítica filosófica quanto ao 
conceito hegemônico de cientificidade e não pode admitir que, em uma sociedade 
12 
 
 
dividida, há concepções geradas pela Psicologia, que têm em seu cerne 
compromissos políticos conservadores – ou seja, que participam das relações de 
poder ao justificarem a exploração e a desigualdade inerentes ao modo de produção 
em vigor. 
 
Ao consenso da afirmação anterior e contrariando a alínea b do artigo 1.º do Código de Ética 
Profissional do Psicólogo, muito desses profissionais aceitam, de forma leviana, antiética e 
inconsequente, participar de demandas sem estarem preparadas a elas, tendo uma atuação 
muito aquém do que a Psicologia pode oferecer, demonstrando sequer ter consciência da 
importância social que seu trabalho produz, decidindo sobre vidas e, na maioria das vezes, 
ignorando o item 2.1 da resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) N.º 007/2003, 
ensejando e perpetuando a segregação, a violação dos direitos humanos e a manutenção de 
estruturas de dominação e violência através da chancela de um pseudoconhecimento 
fundamentado pela condição em ser psicólogo. 
 Impreterivelmente isso leva a se questionar sobre fenômenos como a atuação do psicólogo no 
sistema jurisdicional; avaliações psicológicas e laudos psicológicos, levando-nos ao cerne da 
questão, que é a formação desse profissional, Mello & Patto (2012 p.19/20) afirmam que, 
apesar de antiga, a crítica filosófica de teorias da Psicologia tidas como puramente ideológica, 
que visam fundamentar e perpetuar uma sociedade injusta, não são contempladas na maioria 
dos cursos superiores de formação de psicólogos que: 
 
Cada vez mais, limitam-se ao fornecimento de algumas receitas técnicas de 
avaliação psicológica e de psicoterapia, sem qualquer atenção para uma formação 
intelectual dos psicólogos que lhes permita pensar o próprio pensamento da 
Psicologia que lhes é ensinada. Um profissional cujo trabalho é realizado no âmbito 
de uma instituição que o coloca no âmago de sentimentos tumultuados inerentes aos 
dramas familiares não pode, em momento algum, deixar de ter presentes os dilemas 
maiores da profissão. Trabalhar com juízes, peritos, crianças e famílias às voltas 
com a justiça exige não só uma formação teórica à altura dos desafios que o 
psicólogo vai enfrentar, mas também reflexão, sensibilidade ética e atenção 
redobrada às pessoas envolvidas a às propostas oficiais para a solução de seus 
problemas. 
 
Diante disso, é urgente que se repense a democratização do ensino superior em detrimento a 
massificação que já demonstrou seu fracasso e seu perigo social. 
 
13 
 
 
Capítulo III – O caminho 
 
Diante do exposto no capítulo anterior há que se fomentar o debate sobre a formação do 
psicólogo,com o intuito de avançar nas questões acerca da prática profissional de um modo 
geral e principalmente, ao que nos propomos discutir, nas intervenções que subsidiam a 
demanda jurisdicional e, consequentemente, decidem sobre as vidas das pessoas envolvidas. 
Para tanto é mister que se amplie o debate sobre os fenômenos da massificação e da 
mercantilização do ensino superior, que priorizam o “saber fazer” em detrimento a formação 
crítica necessária as diversas profissões humanistas que ensejam o “ser” (ARENDT, 1957). 
Nesse sentido destaca se os quatro pilares, apresentados por Jacques Delors (1998) no 
Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, que deveriam ser 
norteadores da política educacional, sendo eles: Aprender a ser; a fazer; a viver juntos e a 
conhecer. Apesar de ter entusiasmado a comunidade educacional brasileira quando da sua 
apresentação, esses quatro eixos estão distantes de serem predominantes em nosso sistema 
educacional. 
Além desses quatros eixos norteadores, devia se introduzir como elementos essenciais para 
toda politica educacional em nosso país, os sete saberes fundamentais apresentados por Morin 
(1999 p.13): “Há sete saberes fundamentais que a educação do futuro deveria tratar em toda 
sociedade e em toda cultura, sem exclusividade nem rejeição, segundo modelos e regras 
próprias a cada sociedade e a cada cultura”. 
Sendo esses saberes: 
I – As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. Todo conhecimento comporta o risco do 
erro e da ilusão (p. 19). Esse primeiro saber, proposto por Morin, vem totalmente ao encontro 
do cerne das questões nesse artigo levantadas, pois o primeiro saber trata da miserabilidade do 
saber, ou seja, que o saber, para considerar se como tal, necessita da permissão de limitar se a 
profundidade; espaço; e tempo. Sendo assim, já na sua formação, o psicólogo deve se 
apropriar das limitações impostas à psicologia, como ciência humana, sem entretanto diminuir 
seu valor epistemológico. 
II- Os princípios do conhecimento pertinente. 
 
O conhecimento dos problemas chaves, das informações-chave relativas ao mundo, 
por mais aleatório e difícil que seja, deve ser tentado sob pena de imperfeição 
cognitiva, mais ainda quando o contexto atual de qualquer conhecimento político, 
14 
 
 
econômico, antropológico, ecológico... é o próprio mundo. A era planetária 
necessita situar tudo no contexto planetário. (p.35) 
Articular os conhecimentos inerentes à profissão que se pretende atuar com os demais 
conhecimentos é fundamental à boa pratica humana. É necessário que o profissional tenha 
uma visão sistêmica de mundo, mesmo que, naturalmente, sua atuação seja respaldada por 
uma abordagem específica, esse enfoque deve se considerar o saber que o cerca, muitas vezes 
concordando ou refutando aquilo em que se defende. Pois o saber psicológico não pode 
ignorar o saber advindo da filosofia, sociologia, antropologia, como muitos outros saberes. 
III- Ensinar a condição Humana. “A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e 
universal, centrado na condição humana”. (p.47). É fundamental na formação do ser humano 
que esse se reconheça como ser humano, bem como aqueles que o cercam, pois é a partir do 
reconhecimento de sua própria humanidade que se acessa a sociedade, considerando seu 
contexto e diversidade cultural, entretanto não se esquecendo que a condição humana é única 
e o saber deve situar o ser em seu universo e não separá-lo dele. 
IV- Ensinar a identidade terrena. “É preciso que compreendam tanto a condição humana no 
mundo como a condição do mundo humano, que, ao longo da história moderna, se tornou 
condição da era planetária”. (p.63) 
Bem como é fundamental o conhecimento sobre a condição humana, ter consciência da 
condição do mundo é imprescindível a formação do ser, pois a condição humana é inerente a 
condição do mundo e somente a partir do conhecimento dessas premissas que se poderá ter 
uma consciência de ser-no-mundo e, por consequência, ser um cidadão-profissional 
consciente de si e do mundo, tendo responsabilidade em suas ações. 
V- Enfrentar as incertezas. “Ainda não incorporamos a mensagem de Eurípedes, que é a de 
estarmos prontos para o inesperado. O fim do século XX foi propício, entretanto, para 
compreender a incerteza irremediável da história humana”. (p.79). 
As mudanças são inerentes à história da humanidade, estar consciente dessa dinâmica, 
portanto é fundamental que em sua formação o ser perceba a imperenidade do saber, bem 
como do ser. 
VII- A ética do gênero humano. 
 
Os indivíduos são mais do que produtos do processo reprodutor da espécie humana, 
mas ao mesmo processo é produzido por indivíduos a cada geração. As interações 
entre indivíduos produzem a sociedade e esta retroage sobre destas interações, 
reúne-as, pois, em sentido pleno: apoiam-se, nutrem-se e reúnem-se. 
 
15 
 
 
Não há que se falar em um saber sustentável se esse não se pautar em um saber ético. 
Compreender a ética do gênero humano, sua dinâmica e vicissitude é fundamental na 
construção do “ser” se sobrepondo a formação do “saber fazer”. 
Partindo dessas premissas educacionais, bem como as demais propostas apresentadas, pode se 
avançar em questões tidas como complexas, mas possíveis de serem superadas no que tange 
ao ensino superior e a verdadeira formação profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
Considerações finais 
 
O fenômeno da instrumentalização do ensino superior para que se atenda a lógica capitalista e 
mercantilista não é recente. Segundo Schwartzman (1992), há muito que a única exigência ao 
que sai da universidade é que se desempenhe sua profissão de modo a atender o que o 
mercado exige. Como muito bem disse Arendt (1957), o “saber fazer” se sobrepõe a formação 
ética e consciente do ser humano e profissional. É preciso que a academia retorne ao seu lugar 
de construção do saber e, consequentemente, de seres capazes de realmente dar sua 
contribuição para a elaboração de uma sociedade mais justa (DELORS 1998). 
Diante dessas premissas que esse artigo se propõe a fomentar essa dinâmica, que não tem 
outro caminho se não o de reconhecer as falhas e interesses envolvidos no ensino superior. Há 
interesses para quem lucra com esse mercado, bem como para quem lucra com o desempenho 
da mão de obra oriunda dele. Somente a partir de um amplo debate e com uma luta incessante 
contra esses interesses é que poderemos avançar nessa questão tão fundamental a qualquer 
tipo de desenvolvimento que se possa imaginar para nossa sociedade. 
Para tanto é necessário que os profissionais envolvidos com a prática psicológica assim como 
a sociedade como um todo, se mobilizem em torno do que poderia ser chamado de marco 
inicial dessa luta ou, ainda, como três compromissos com a Psicologia e com a própria 
sociedade, propostos por Sylvia Leser de Mello e Maria Helena Sousa Patto (2012 p. 20), já 
citados aqui. 
Esses três compromissos em que sociedade e profissionais cobram das autoridades na área do 
ensino superior, do Conselho Federal de Psicologia e dos Conselhos Regionais de Psicologia: 
 
1º: Que se faça uma avaliação rigorosa dos cursos de Psicologia, com o intuito de se pensar na 
democratização do ensino superior e não na massificação mercantilista nociva à toda 
profissão; 
 
2º Que o Conselho Federal de Psicologia fomente uma discussão nacional, ampla e contínua 
sobre a formação de psicólogos. Deve se evitar o risco que tal discussão siga o caminho do 
controle e patrulhamento ideológico, que muitas vezes mais atende o apelo da reservade 
mercado do que da evolução da ciência profissão em si, como ocorre com outras áreas do 
17 
 
 
saber, entretanto é extremamente necessário que esse fórum permanente seja instituído, para 
que a Psicologia seja pensada e repensada desde as cadeiras acadêmicas, podendo assim 
contribuir para a produção do conhecimento científico em torno dela. Para tanto é conveniente 
o debate sobre o currículo e avaliação no ensino superior, tornando os conveniente ao 
contexto que eles servem; 
 
3º A impunidade já percebida e declarada por Patto (A Formação de Psicólogos e relações de 
poder: Sobre a miséria da Psicologia. 2012) e por Shine (A espada de Salomão: a disputa de 
guarda dos filhos, 2003 e Andando no fio da navalha: riscos e armadilhas na confecção de 
laudos psicológicos para a justiça, 2009) colabora e alimenta à má atuação de muitos 
psicólogos, muito bem conceituado por Mello e Patto (2012): 
 
O que certamente encanta muitos desses profissionais mal formados intelectual e 
profissionalmente é o poder de dizer sobre o íntimo das pessoas que lhes é 
socialmente outorgado e considerado o único discurso competente para esse fim. 
Inebriados por essa autorização, muitos deles sentem-se livres para dizer o que 
entendem, certos da impunidade. P. 19... Estamos diante de um quadro gravíssimo e 
inaceitável, não só porque há psicólogos vitimando pessoas, mas também porque a 
credibilidade de um saber e de uma profissão que contam com excelentes 
pesquisadores e profissionais, capazes de contribuir para a construção da cidadania, 
está ameaçada p. 20 
 
Além dessa importante análise feita por Mello e Patto, deve se considerar também as 
estatísticas trazidas por Shine (2005) que foi pesquisado um grupo de processos disciplinares 
no Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-06) contra psicólogos em que se foi 
constatada apenas 3,2%, dentro da amostragem, de punições com suspensão de exercício da 
profissão por 30 dias (in PATTO 2012, pag. 44), ou seja, relativamente uma punição branda 
perto do universo de casos e potencial ofensivo dos atos praticados. Por isso é extremamente 
urgente e necessário que o Conselho Federal de Psicologia e seus Conselhos Regionais 
busquem mecanismos eficazes que possibilitem apurações isentas sobre a má conduta 
profissional, respeitados os Direitos Constitucionais do contraditório e ampla defesa, evitando 
assim a caça as bruxas, mas também o corporativismo, imputando a restrição ao exercício da 
profissão de psicólogo por quem não está preparado para isso. 
Ao se assumir esses três compromissos, automaticamente se inicia uma nova dinâmica de 
recuperação do ensino superior em Psicologia e, automaticamente, o resgate dessa importante 
18 
 
 
Ciência e Profissão, possibilitando o retorno ao seu lugar de fomento da cidadania e paz 
social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMARAL, A. & MAGALHÃES, A. (2000). O conceito de Stakeholder e o novo 
paradigma do ensino superior. Rev. Portuguesa de Educação, v 13, n. 002, p. 7-28. 
ANASTASI, A. (1968). Testes psicológicos. (D. M. LEITE, trad.) (2ª. ed.). São Paulo: EPU. 
(1977). 
ANASTASI, A., & URBINA S. (2000).Testagem psicológica. (M. A. V. Veronese, trad.) (7ª 
ed.). Porto Alegre: Artmed. 
ARENDT, H. (1957). A crise na educação. Partisan Review, V.,25, n. 4, pp. 493-513. 
BRITO, L., AYRES, L. & AMENDOLA, M. (2006). A escuta de crianças no sistema de 
justiça. Psicologia & Sociedade. Vol.18, n.3, pp. 68-73. 
CESCA, T. B. (2004). O papel do psicólogo jurídico na violência intrafamiliar: possíveis 
articulações. Psicologia & Sociedade, vol. 16, n. 3, pp. 41-46. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n.º 007/2003, de 14 de junho de 
2003. Institui o Manual de elaboração de documentos escritos produzidos pelo psicólogo, 
decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP n.º 017/2002. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 03 jul 2003. p. 49. 
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