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Morcegos do Brasil unlocked Parte68

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Morcegos do Brasil
NOWAK, 1994). Esta espécie possui o focinho
pontudo e ausência de folha nasal; os lábios chei-
os, sendo o superior um “lábio leporino” e o infe-
rior possui dobras de pele no queixo, assemelhan-
do-se a um “bulldog”. As orelhas são grandes, del-
gadas, pontudas e separadas. A cauda é longa e
sua ponta é livre. O calcâneo é grande, mas não
tanto quanto em N. leporinus, que, assim como seus
membros posteriores, é adaptado para pescar. Pos-
sui um odor almiscarado, característico da Família
(HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK,
1994; HOOD & JONES-JR, 1984).
Noctilio albiventris é insetívoro
(GARDNER, 1977a) e usa ecolocalização para
encontrar os insetos na superfície ou próximo da
água. Os animais forrageiam em pequenos bandos
e seu padrão de atividade inclui dois picos, um
após o pôr-do-sol e outro após a meia-noite
(HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK,
1994; NOGUEIRA & POL, 1998; EISENBERG
& REDFORD, 1999).
Quanto à reprodução, a espécie possui ci-
clo poliestro bimodal, tendo sido encontradas fê-
meas lactantes em Minas Gerais no período de abril
e outubro e nascimentos no início e no final do
período chuvoso (NOGUEIRA & POL, 1998),
sendo um filhote por gestação (HOOD &
PITOCCHELLI, 1983; EISENBERG &
REDFORD, 1999). Os jovens começam a voar
após 35 a 40 dias de vida e se tornam independen-
tes da mãe após o desmame, entre 75 a 90 dias
(EISENBERG & REDFORD, 1999).
Parece estar associado primariamente a
florestas tropicais úmidas e habitáts próximos a
cursos d’água, abrigando-se em ocos de árvores,
folhagens e construções (HOOD &
PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994;
EISENBERG & REDFORD, 1999).
Noctilio albiventris não se encontra na lista
das espécies ameaçadas, para o território nacio-
nal, de acordo com dados do MMA (2003) e da
IUCN (2003,2006).
Noctilio leporinus (Linaeus, 1758)
Noctilio leporinus distribui-se desde o leste
e oeste do México, na América do Norte, e se es-
tende ao sul, para a América do Sul, desde as
Guianas e o Peru, até o norte da Argentina e Su-
deste do Brasil, e compreendendo, ainda, as
Bahamas e a maioria das ilhas do Caribe na Amé-
rica Central (HOOD & JONES-Jr, 1984;
NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD,
1999; SIMMONS, 2005). No Brasil, assim como
Noctilio albiventris, distribui-se tanto em áreas lito-
râneas quanto continentais, ocorrendo nos Esta-
dos do AM, AP, BA, CE, ES, GO, MS, MT, PA,
PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Localidade tipo:
Suriname.
Esta espécie possui a pelagem curta, com
a coloração variando do laranja claro ao escuro,
ou laranja acinzentado e marrom-avermelhado ou
ferrugíneo, com uma faixa mediana e dorsal mais
clara. O ventre é mais claro do que o dorso, vari-
ando do amarelo claro ao cinza ou laranja claro
(HOOD & JONES-Jr, 1984; NOWAK, 1994;
EISENBERG & REDFORD, 1999). De acordo
com BORDIGNON & FRANÇA (2004), os ma-
chos possuem uma variação mais ampla na colo-
ração da pelagem do que as fêmeas e, indepen-
dente do sexo, há um escurecimento nos matizes de
cor, nos indivíduos adultos em relação aos jovens.
 O comprimento da cabeça e corpo em
Noctilio leporinus varia entre 98-132 mm, o compri-
mento do antebraço entre 70-92 mm (NOWAK,
1994) e possui peso sempre acima de 50 g (HOOD
& JONES-JR, 1984; NOWAK, 1994). É, portan-
to, maior que N. albiventris e suas características
externas também se assemelham às desta espécie,
com exceção de seus membros posteriores, que são
maiores e mais robustos, e de suas garras e pés,
que são bem mais desenvolvidos e fortes, adapta-
135
Reis, N.R. dos; Veduato, P. M. M. & Bordignon, M. O. Capítulo 09 - Família Noctilionidae
dos para a pesca (HOOD & PITOCCHELLI,
1983; HOOD & JONES-JR, 1984; NOWAK,
1994). De acordo com FISH et al. (1991) as modi-
ficações nos membros posteriores de N. leporinus
surgiram a partir de adaptações dos morcegos
insetívoros primitivos. Em um estudo utilizando
análises de DNA mitocondrial, LEWIS-ORITT et
al. (2001) chegaram à conclusão de que a piscivoria
em N. leporinus é recente (entre 280 e 700 mil anos
atrás), tendo ocorrido a partir de um processo de
especiação de um ancestral insetívoro, hábito este
que se mantém em N. albiventris.
Noctilio leporinus é piscívoro (GARDNER,
1977a) e utiliza as longas garras de seus pés para
capturar os peixes na superfície da água, com au-
xílio da ecolocalização, através da agitação que os
cardumes causam na água pelos seus movimen-
tos. Seu padrão de atividade é semelhante ao de
N. albiventris, com dois picos, um após o pôr-do-
sol e outro após a meia-noite, forrageando indivi-
dualmente ou em grupos de 5 a 15 indivíduos
(HOOD & JONES-JR, 1984; FISH et al., 1991;
NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD,
1999; BORDIGNON, 2006b). BORDIGNON
(2006b), estudando sua dieta, encontrou oito es-
pécies de peixes, além de insetos, crustáceos e
aracnídeos, que complementam sua alimentação,
conforme a disponibilidade de recursos durante as
estações. Neste mesmo estudo, foi observado que
os hábitos alimentares dos machos e das fê-
meas são diferenciados, sendo que estas
podem incluir mais insetos em sua dieta, do
que os machos.
Em outro estudo, BORDIGNON
(2006c) observou que o deslocamento dos
cardumes de pequenos peixes de superfície,
tais como o peixe-rei (Atherinella brasiliensis),
a sardinha (Harengula clupeola) e a manjuba
(Cetengraulis edentulus) influenciam a ativida-
de de forrageamento, na medida em que pro-
curam deslocar-se pelo ambiente, conforme
o ciclo da maré.
Assim como observado em N.
albiventris, esta espécie também tem ciclo
poliestro. A gestação ocorre no período en-
tre verão e outono e inverno e primavera e
os nascimentos nos meses de abril a junho e
de outubro a dezembro, com um filhote por
gestação (HOOD & JONES-Jr, 1984).
São encontrados, sobretudo, em
habitáts de planícies tropicais, preferencial-
mente associados a cursos d’água. Abrigam-
se em colônias de dezenas e até centenas de
indivíduos, geralmente em ocos de árvores,
cavernas e fissuras de rochas (HOOD &Noctilio leporinus (Foto: A.L. Peracchi).

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