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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/324018182 Fundamentos de Administração Pública -Curso de Capacitação para Servidores do Ministério da Saúde do Brasil Book · April 2008 CITATIONS 0 READS 266 2 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Administração Pública no Brasil View project Relações de Poder no Comércio Justo View project L. Moretto. Neto Centro Universitário de Busque 123 PUBLICATIONS 71 CITATIONS SEE PROFILE Valentina Schmitt Looking for a new challenge 46 PUBLICATIONS 18 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by L. Moretto. Neto on 26 March 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. Fundamentos de Administração Pública Fundamentos de Administração Pública Professores Luís Moretto Neto Valentina Gomes Haensel Schmitt Universidade Federal de Santa Catarina Centro Sócio-Econômico Departamento de Ciências da Administração Fundamentos de Administração Pública Professores Luís Moretto Neto Valentina Gomes Haensel Schmitt Florianópolis 2008 Copyright 2008 © Departamento de Ciências da Administração CSE/UFSC. M845f Moretto Neto, Luís Fundamentos de administração Pública/Luís Moretto Neto, Valentina Gomes Haensel Schmitt. – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2008. 80p. : il. Acompanha 1 CD-ROM Inclui bibliografia Curso de Aperfeiçoamento em Gestão da Inovação e da Produtividade em Saúde a Distância ISBN: 978-85-61608-40-8 (Coleção) ISBN: 978-85-61608-41-5 1. Administração Pública. 2. Serviço público. 3. Processo Administrativo. 4. Desenvolvimento organizacional. 5. Inovações Tecnológicas. 6. Educação a distância. I. Schmitt, Valentina Gomes Haensel. I. Título. CDU: 35 Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA SAÚDE José Gomes Temporão SECRETÁRIA EXECUTIVA Márcia Bassit Lameiro da Costa Mazzoli SUBSECRETÁRIO DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS José de Ribamar Tadeu Barroso Jucá COORDENADORA GERAL DE RECURSOS HUMANOS Elzira Maria do Espírito Santo COORDENADOR DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Rubio Cezar da Cruz Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA REITOR Alvaro Toubes Prata VICE-REITOR Carlos Alberto Justo da Silva CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DIRETOR Maurício Fernandes Pereira VICE-DIRETOR Altair Borgert DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO CHEFE DO DEPARTAMENTO João Nilo Linhares SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO Alexandre Marino Costa PROJETO MINISTÉRIO DA SAÚDE/UFSC/CSE/CAD COORDENADOR Gilberto de Oliveira Moritz COORDENADOR PEDAGÓGICO Alexandre Marino Costa COORDENAÇÃO TÉCNICA Marcos Baptista Lopez Dalmau Alessandra de Linhares Jacobsen CONSELHO EDITORIAL Luiz Salgado Klaes (Coordenador) Allan Augusto Platt Altamiro Damian Préve Liane Carly Hermes Zanella Luís Moretto Neto Raimundo Nonato de Oliveira Lima Rogério da Silva Nunes COORDENADOR DA BIBLIOTECA VIRTUAL Luís Moretto Neto COORDENADOR FINANCEIRO Altair Acelon Mello COORDENADOR DE APOIO LOGÍSTICO Sílvio Machado Sobrinho DESIGNER INSTRUCIONAL Denise Aparecida Bunn METODOLOGIA PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Denise Aparecida Bunn Fabiana Mendes de Carvalho Patrícia Regina da Costa Rafael Pereira Ocampo Moré REVISÃO DE PORTUGUÊS Sérgio Meira PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Annye Cristiny Tessaro ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO Luís Moretto Neto Valentina Gomes Haensel Schmitt Prefácio Queremos inicialmente cumprimentar a todos os servidores e servidoras do Ministério da Saúde, e ao fazê-lo estaremos praticando a forma mais direta e desejável de comunicação que, nas atribuições do dia-a-dia, nem sempre nos permitimos fazer. Alcançar o maior número possível de pessoas de forma direta, ime- diata, com transparência e abrangência, democratizando o ambiente de trabalho e o acesso à informação é sem dúvida um de nossos maiores desafios. A evolução das tecnologias de informação e comunicação nos per- mite, hoje, inúmeras escolhas e estratégias para lidar com essa crescente produção e disseminação de conhecimentos e informações, que por vezes até alimentam mais as nossas dúvidas do que sugerem soluções. A gestão do conhecimento e o desenvolvimento de uma inteligência em saúde são imprescindíveis para o cumprimento do preceito constituci- onal do direito à saúde – nosso objetivo maior. Neste sentido, o Ministério da Saúde está lançando um programa de educação a distância, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, que nos permitirá capacitar nossos servidores, inclusive aqueles cedidos a Estados e Municípios em razão do SUS e que desde então não têm sido alvo da política de capacitação do Ministério. Trata-se do projeto “O Saber para conquistar um lugar”, que, junta- mente com outras iniciativas, trará importante contribuição, quer pela reconhecida excelência dos trabalhos oferecidos pela UFSC, quer pelo empenho de nossas unidades responsáveis pela capacitação no apoio à utilização desse novo instrumental. É igualmente importante que todos conheçam o projeto e as oportu- nidades de aprendizagem que ele apresenta, de modo a assegurar o seu aproveitamento pleno e potencial. Acreditamos que desta forma estamos superando mais uma etapa, rumo à consolidação do Sistema Único de Saúde e da saúde cidadã. Agradecemos a atenção, na expectativa de que todos procurem cada vez mais um envolvimento significativo com esta questão e que aprovei- tem ao máximo o Programa de Educação a Distância. Elzira Maria do Espírito Santo Coordenadora-Geral de Recursos Humanos Sumário Sobre o Curso........................................................................................... 11 Apresentação.......................................................................... 13 UNIDADE 1 Introdução à Administração Pública Administração Pública.............................................................................. 17 Resumo..................................................................................... 24 Atividades de Aprendizagem.................................................................... 25 UNIDADE 2 Parceria Público-Privada Parceria Público-Privada......................................................................... 29 Resumo..................................................................................... 35 Atividades de Aprendizagem.................................................................... 36 UNIDADE 3 Administração por Resultados Administração por resultados.................................................................. 39 Resumo..................................................................................... 44 Atividades de Aprendizagem.................................................................... 45 UNIDADE 4 Accountability ou Responsabilização Accountability................................................................................... 49 Resumo..................................................................................... 53 Atividades de Aprendizagem.................................................................... 54 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 10 UNIDADE 5 Gestão e Mudanças Gestão e mudanças.................................................................................. 57 Resumo..................................................................................... 63 Atividades de Aprendizagem....................................................................64 UNIDADE 6 Mudança e Governo Eletrônico – (e-gov) Mudança e Governo eletrônico – (e-gov)...................................... 67 Resumo..................................................................................... 74 Atividades de Aprendizagem.................................................................... 74 Referências..................................................................................... 76 Minicurrículo..................................................................................... 80 Fundamentos de Administração Pública 11 Sobre o curso Curso de Aperfeiçoamento Gestão da Inovação e da Produtividade em Saúde. Disciplina Fundamentos de Administração Pública. Objetivo Refletir aspectos relacionados à aplicação de princípios gerenciais em organizações públicas do campo da saúde; aplicar métodos e técnicas de gestão para o aumento da eficiência, eficá- cia e efetividade das entidades envolvidas. Público-alvo Servidores do Ministério da Saúde com escolaridade mínima de nível superior completo. Promoção Ministério da Saúde, SAA/CGRH/CODER. Execução Departamento de Ciências da Administração do Centro Sócio-Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 12 Carga Horária 15 horas – Introdução à Educação a Distância 30 horas – Fundamentos de Administração Pública 30 horas – Prospecção de Cenários 45 horas – Gestão da Inovação 30 horas – Técnicas de Criatividade e Desenvolvimento de Novos Conceitos 30 horas – Produtividade em Saúde Período de realização De 15 de setembro a 17 de dezembro de 2008. Horário de atendimento De segunda a sexta-feira, das 9h às 21h. Fundamentos de Administração Pública 13 Apresentação Prezado participante! A gestão, enquanto campo da ciência social aplicada, deman- da a incorporação e a atualização continuada de métodos e técni- cas, bem como de conhecimentos específicos. No setor público, dada a sua complexidade, particularmente, no campo da saúde, cujas demandas são diversificadas e descentralizadas, cabe ao gestor es- tar atento ao processo de mudanças em curso na sociedade para acompanhar o processo e garantir a eficácia, a eficiência e a efetividade organizacional. Revestidos desse propósito, o presente curso estabelece um dialogo teórico-prático com aspectos ineren- tes à administração pública, a partir da abordagem de aspectos relacionados à accountability, ao governo eletrônico, à gestão e à mudança. Para sua consecução, os aspectos relativos à transpa- rência, à prestação de contas e ao pronto atendimento do usuário foram considerados determinantes na seleção dos tópicos aborda- dos. Afinal, a comunicação em tempo real, acompanhada da trans- parência dos atos para o atendimento das demandas sociais, é ponto prioritário na agenda governamental. Bons estudos! Professores Luís Moretto Neto e Valentina Gomes Haensel Schmitt Introdução à Administração Pública Introdução à Administração Pública UNIDADE 1 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 16 Objetivo Nesta Unidade você estudará as características essenciais a serem consideradas pelo gestor nos processos de produção e distribuição de serviços públicos: autonomia, responsabilização, transparência, eficácia, descentralização do processo decisório, e eficiência. E, por fim, analisará a accountability enquanto mecanismo de gestão e transparência dos atos administrativos. Fundamentos de Administração Pública 17 Administração Pública Caro Participante! No estudo a distância você deve ter atitudes, hábitos e respon- sabilidades bem diferentes dos que são normalmente desen- volvidos no ensino presencial. Sua meta deve ser aprender, compreender o que estuda, aplicar esse saber à sua realidade e sintetizar, organizar e relacionar o conhecimento novo com o que você já possui. Portanto, o sucesso no curso a distância depende da sua organização pessoal. Para facilitar seus estudos recomendamos que registre suas análises, as conexões que puder estabelecer entre a teoria e sua prática, suas reflexões e conclusões, pois elas poderão orientar a realização das atividades, os contatos com o tutor e os debates com seus colegas através dos fóruns. Finalmente, resta colocar-nos à disposição para qualquer aju- da que possamos oferecer. Estaremos agora dando os primei- ros passos ao estudo da Introdução à Administração Pública. O estudo que vamos desenvolver a seguir trata de uma pre- sença constante em nossas vidas. Este tema é bastante comentado nos dias atuais, de maneira nunca antes tão divulgada, democráti- ca ou socializada. A partir do advento dos veículos e recursos que proporcio- nam acesso à “informação em tempo real” (através das TVs a cabo, transmissões via satélite, internet, canais de notícias, rádios jornalísticas e transmissões ao vivo de toda a sorte de episódios relacionados à Administração do Estado) muitos cidadãos passa- ram a estar inteirados dos mais diversos aspectos e/ou instâncias relacionadas ao assunto. Sendo assim, nosso objeto de estudo é hoje tema de profundo domínio público e constante debate popular, ventilado em todas as camadas e segmentos da sociedade. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 18 A discussão ampla sobre Administração do Estado, denomi- nada Administração Pública, é cada vez mais presente no cotidia- no e, portanto, merece estudo mais esclarecedor e aprofundado a respeito do que consiste e como se dá. A Administração do Estado, que passaremos a nos referir como Administração Pública, tem por objetivo e função gerar con- dições que garantam o bem-estar do cidadão, visando supri-lo de condições básicas para o exercício de seus direitos, nos campos da saúde, educação, moradia, segurança, transportes, dentre outras dimensões da vida associada. Entendamos aqui por cidadão, todo o indivíduo a que se refe- re à Declaração Universal dos Direitos Humanos, em qualquer ida- de (criança, jovem, adulto e idoso), independente de raça, credo, crença, religião, sexo ou escolha sexual. Vale lembrar que a Administração Pública trata também do gerenciamento, da normatização, da vigilância e da preservação de aspectos relativos ao meio ambiente, fauna, flora e o que com- preende o espaço físico e político do Estado. De modo amplo entendemos Administração Pública como: sistema de governo, conjunto de idéias, atitudes, normas, proces- sos, instituições e demais formas de conduta humana que deter- minem o exercício da autoridade política visando o atendimento dos interesses públicos, bem como idéias e atitudes dos gestores e servidores públicos quando no exercício de suas atividades. Com- preende, ainda, as normas e processos que regem o exercício, direi- tos e deveres dos servidores em todo e qualquer setor e instituições criadas para intermediar o processo de prestação de todos os servi- ços ao cidadão. Sendo o Estado responsável pela criação de estruturas bá- sicas, a administração pública desempenha um papel cen- tral nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, traça- dos pelas Organizações das Nações Unidas – e amparados pelo governo brasileiro – uma vez que há a necessidade de aparelhamento e melhoria da capacidade para promovê-los (BRESSER-PEREIRA, 2005). Fundamentos de Administração Pública 19 Para maiores informa- ções sobre os objetivos do milênio consulte http:// www.objetivosdomilenio.org.br Para que possamos ter um melhor entendimento da afirma- ção acima, faz-se necessário lembrar o que consistem os objetivos do milênio. São eles: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e trabalho conjunto pelo desenvolvimento. Muitos são os desafios enfrentados pelos gestores, ou seja: dificuldades encontradas na atuação dos responsáveis (nas secre- tarias, ministérios, setores administrativos) por gerir, administrar e proporcionar a prestação de serviços satisfatórios e o atendimen- to digno das necessidades dos cidadãos. Em alguns casos pode ser percebida a infra-estrutura insufi- ciente, e em outros o desconhecimento de técnicas gerenciais espe- cíficas do setor público. A rotatividade dos gestores a cada alternância de grupos gestores e, conseqüentemente, mudanças nas políticas públicas, também são fatores a serem considerados, visto que muitos proje- tos eficientes e eficazes, em andamento, são substituídos por ou- tros ou até mesmo, cortados, voltando tudo à estaca zero. No entanto, Nakamura (2005) aponta que o maior de todos os problemas é a perda de crédito do governo por parte do público: as pessoas – cidadãos, pagadores de impostos – não acreditam em seus gestores. Trata-se de um fenômeno universal, que ocorre tan- to em regiões em desenvolvimento como naquelas desenvolvidas. Vamos então entender a estrutura básica da Administração Pública! Curso de Aperfeiçoamento a Distância 20 Assim como no meio empresarial existem clientes, prestadores de serviço e um produto final, os clientes são os cidadãos, pagado- res de impostos, que esperam do Estado a prestação de serviços que garantam seu bem-estar – o produto final. Os prestadores de serviços são os gestores e servidores públi- cos, que por intermédio de suas ações buscam satisfazer os seus clientes – os cidadãos. O foco do nosso estudo está centrado nas ações dos gestores públicos. A prática da Administração Pública está estruturada em prin- cípios, que, segundo Bresser-Pereira (2005, p. 4-5), são guiados por duas idéias centrais: 1. Cada departamento e agência dentro do aparelho do Estado, ou financiado pelo aparelho do Estado, deve ter um plano estratégico – guiado por objetivos, metas, e de- cisões; e 2. Cada agência deve ser responsabilizada por seus objeti- vos e pelo uso eficiente dos recursos para alcançá-los. Os princípios que regem a gestão do bem público podem ser classificados em três grupos, sendo eles relacionados à estrutura do Estado, ao serviço público e às práticas de gestão – princípios esses que são adaptados às necessidades e circunstâncias de cada governo. Os princípios relacionados à estrutura do Estado tratam: do provimento de atividades e controle dos recursos do Estado, exclusivamente por intermédio de servidores estatutários; e da terceirização de atividades, que deve ser realizada atra- vés dos princípios de competitividade empresarial, para atividades auxiliares e organizações não-governamen- tais, no caso de fornecimento de serviços sociais e cientí- ficos. Os princípios relacionados ao serviço público envolvem a éti- ca, o comprometimento e a remuneração. Para tanto, os servido- res públicos devem ser habilitados para o exercício ético de sua Fundamentos de Administração Pública 21 atividade, sendo motivados com incentivos e benefícios que remu- nerem suas atividades e o esforço pela maior produtividade. Tais princípios relacionados às práticas de gestão destacam: a necessidade de autonomia do servidor no processo decisório; a responsabilização pelas ações e resultados – por inter- médio da administração por resultados, competição ad- ministrada, e controle social; adoção da política de transparência - envolvendo os con- ceitos de “accountability*” e ferramentas como a Internet; aumento da eficácia das instituições, adaptando-se aos valores e sentimentos da sociedade bem como ao senso de ética; descentralização do processo decisório, bem como valo- rização do desempenho obtido; e aumento da eficiência, fazendo uso de ferramentas e tecnologias disponíveis. A partir do conteúdo anteriormente exposto, podemos cons- tatar a relevância de estudarmos a temática Administração Públi- ca, visando ampliar a percepção a respeito da mesma e, con- seqüentemente, os resultados obtidos. Ainda que trabalhando com uma gama de variáveis, note que o objetivo central é o mesmo. Tente lembrá-lo! Vamos fazer uma breve recapitulação! GLOSSÁRIO *Accountability – remete para dimen- sões como presta- ção de contas, res- ponsabilidade soci- al, verificação da qualidade de servi- ço prestado, escru- tínio público, etc. Fonte; http:// webjornal.blogspot.com/ 2 0 0 5 / 0 1 / accountability-um- c o n c e i t o - d e - traduo.html. Acesso em: ago. 2008. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 22 Administração Pública constitui o sistema de gover- no, conjunto de idéias, atitudes, normas, processos, ins- tituições e demais formas de conduta humana que determinem o exercício da autoridade política visan- do o atendimento dos interesses públicos. Idéias e ati- tudes dos gestores e servidores públicos quando no exercício de suas atividades. Normas e processos que regem o exercício, direitos e deveres dos servidores. Instituições criadas para intermediar o processo de prestação de serviços ao cidadão. Para que recursos do Estado sejam disponibilizados aos gestores, faz-se necessário o entendimento das fun- ções básicas da administração geral, bem como a no- ção da responsabilização pelos resultados obtidos. Os princípios que regulamentam a Ad- ministração Pública estão definidos no direito administrativo, caracterizados como princípios da excelência na gestão pública, e definem cri- térios das práticas gerenciais a partir da: le- galidade, impessoalidade, moralidade, publi- cidade, eficiência, razoabilidade, supremacia do interesse público, e da motivação. Vejamos no Quadro 1: Para saber mais *Vamos lembrar as funções básicas da ad-funções básicas da ad-funções básicas da ad-funções básicas da ad-funções básicas da ad- ministração ministração ministração ministração ministração (LACOMBE, 2003): 1. PlanejarPlanejarPlanejarPlanejarPlanejar: pensar antecipadamente sobre os recursos e meios necessários para o alcan- ce do que se deseja; 2. OrganizarOrganizarOrganizarOrganizarOrganizar: processo de identificar, dividir e alocar o trabalho; 3. Coordenar ou prover recursos huma-Coordenar ou prover recursos huma-Coordenar ou prover recursos huma-Coordenar ou prover recursos huma-Coordenar ou prover recursos huma- nosnosnosnosnos: formar equipes, habilitando-as para o tra- balho; e 4. LiderarLiderarLiderarLiderarLiderar: conduzir e influenciar o comporta- mento do grupo para atingir os objetivos de- terminados. Fundamentos de Administração Pública 23 Princípio Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Razoabilidade Supremacia do interesse público Motivação Característica Só é permitido fazer o que a lei autoriza. Impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. Proporcionalidade entre os meios e os fins a atingir. É realizada pela inserção do ato no Diário Oficial ou por edital afixado no lugar próprio para divulgação de atos públicos, para conheci- mento do público em geral. Necessidade de produzir o efeito desejado, de modo igualitário perante a lei, de modo objetivo e imparcial. Proteção dos direitos funda- mentais para com as condu- tas administrativas e legislativas do Poder Público. Direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum. Formalização dos atos administrativos deve trazer a narrativa escrita dos motivos de sua prática(motivos de fato), suas razões jurídicas (motivos de direito) e a demonstração de pertinência lógica entre ambos. Fator distintivo Na esfera particular é permitida a realização de tudo que a lei não proíbe. O fim legal é unica- mente aquele que a norma de direito indica, expressa ou virtualmente, como objetivo do ato, de modo impessoal. Relação custo-benefício imposta à sociedade. O cliente final, cidadão, tem direito de acompa- nhar os atos do Estado. Focado na razão de ser do Estado, a prestação dos serviços sociais essenciais à população, usando os meios legais e morais para satisfação do bem comum. Visa proteger-se de conteúdo arbitrário ou desproporcional. Alcance da finalidade pública. Garantia da plena possibilidade de contro- le, inclusive jurisdicional, de sua validade. Quadro 1: Princípios que regulamentam a Administração Pública Fonte: adaptado de Lima (apud ZUNGMAN, 2006) Curso de Aperfeiçoamento a Distância 24 Os grandes desafios da Administração Pública, diante dos princípios essenciais são: legalidade: ser excelente, prestar serviços de qualidade observados os critérios legais; prestar serviços públicos observados os critérios de moralidade coletiva; ser impessoal e ao mesmo tempo ser cordato, ágil, gerar confiança diante dos usuários de maneira geral; e fazer a publicidade dos atos ser um efetivo instrumento de transparência, e ao mesmo tempo de controle social. RESUMO A administração pública tem por objetivo e função ge- rar condições que garantam o bem-estar do cidadão, de modo a supri-lo de condições básicas para o exercício de seus direitos. Os princípios que regem a gestão do bem pú- blico podem ser classificados em três grupos, sendo eles relacionados à estrutura do Estado, ao serviço público e às práticas de gestão. Complementarmente observam-se os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, da razoabilidade, da supre- macia do interesse público, e da motivação. Fundamentos de Administração Pública 25 Atividades de aprendizagem Com intuito de reforçar o até aqui estudado vale desenvol- vermos uma atividade de reforço! Assim que respondê-las encaminhe-a ao seu tutor através do Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem. 1. O que é Administração Pública? 2. Qual o objetivo da Administração Pública? 3. Quais são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio? 4. Aponte os problemas enfrentados pelos gestores. 5. Qual a relevância de estudarmos a temática? 6. Como está estruturada a Administração Pública? 7. Descreva as idéias centrais em que os princípios da prática da Administração Pública estão estruturados. 8. Relacione quais e no que consistem esses princípios, suas ca- racterísticas e fatores distintivos. 9. Cite alguns dos princípios que se destacam relacionados às práticas de gestão. 10. Faça um breve resumo deste tema. Parceria Público-PrivadaParceria Público-Privada UNIDADE 2 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 28 Objetivo Nesta Unidade você compreenderá as especificidades e a necessidade de criação de condições para o controle e acompanhamento das atividades propostas quando da realização de parcerias. Fundamentos de Administração Pública 29 Sobre a Lei nº. 11.079 acesse: <http:// www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2004- 2006/2004/Lei/ L 1 1 0 7 9 . h t m > Parceria Público-Privada Olá! Nossa Unidade 2 tratará de analisar as especificidades e a necessidade de criação de condições para o controle e acompanhamento das atividades propostas quando da rea- lização de parcerias. Lembre-se: sua leitura, a realização das atividades e os contatos com seu tutor e os professores têm um só objetivo: ajudá-lo no processo de construção do co- nhecimento e no desenvolvimento que caracterizarão seu novo perfil profissional ao final deste curso. Bons estudos! As parcerias público-privadas, no Brasil como em outros pa- íses, ocorreram devido à necessidade de investimentos na infra- estrutura, em contrapartida à escassez de recursos por parte do Estado. Contudo, muitos países desenvolvidos exercem esta prática, por entender que a mesma dá maior grau de flexibilidade, além de proporcionar um mecanismo mais eficiente de gestão, sem onerar a estrutura governamental. Sua regulamentação veio por intermédio da Lei nº. 11.079, de 30 de dezembro de 2004, a qual permite a instituição de parce- ria público-privada, por toda a Administração Pública, nas três es- feras de governo – Município, Estado e Distrito Federal, e União. De modo simplificado, Nascimento (2006, p. 272) explica que: Trata-se de contrato administrativo de concessão de obras ou serviços públicos que poderá ser firmado com os órgãos da administração pública direta, os fundos especiais, as autarquias, fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades contro- ladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Dis- trito Federal e Municípios. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 30 O autor complementa apresentando dois conceitos essenci- ais: o de concessão patrocinada e o de concessão administrativa. Concessão patrocinada: envolve a concessão de ser- viços públicos, além da tarifa dos usuários e a contraprestação orçamentária do público ao privado – o retorno sobre o investimento é coberto pelas tarifas so- bre o serviço, além de complementação pelo parceiro público. Concessão administrativa: ocorre quando a Admi- nistração Pública é a usuária dos serviços, direta ou in- diretamente – não havendo cobrança de tarifa, mas a complementação do parceiro público para o retorno do capital investido. Ambas têm como finalidade o aumento de produtividade e garantir melhoria dos serviços prestados ao cidadão. As parcerias público-privadas acompanham a idéia de descentralização e parti- cipação por intermédio de organizações funcionais, parcerias que visam o aumento de desempenho (NAKAMURA, 2005). Trata-se de uma forma de resposta à ineficiência de setores sem competição afirmam Osborne e Gaebler (1995, p 22): Diferente das empresas, que trabalham em regime de competição, governos atuam, predominantemente, em sistema de monopólio, buscando servir a todos igualmen- te – independentemente da capacidade de pagar pelo ser- viço prestado ou da demanda por esse serviço – não al- cançando o mesmo nível de eficiência das empresas, que funcionam no mercado. Parte-se, portanto, do princípio de que há atividades que as empresas fazem melhor do que o governo, mas o governo faz melhor outras tantas (OSBORNE; GAEBLER, 1995). Ao analisar a obra Reinventando o Governo, de Osborne e Gaebler, De Paula (2005) destaca que os autores evitam estabele- cer uma relação, uma identificação automática entre a gestão empresarial e a pública, embora apontem dimensões assemelha- das entre os dois campos: o público e o privado. Na essência, a reflexão dos autores pode ser sintetizada em alguns pontos-chave: Fundamentos de Administração Pública 31 a função catalisadora do Estado, como um ente que es- tabelece parcerias e busca, em outras esferas de governança, o apoio essencial ao alcance de seus objeti- vos – a geração do bem-estar e o desenvolvimento sus- tentado; a condição de pertencente à comunidade, ou seja, o prin- cípio da co-responsabilidade, seja no sucesso ou fracasso das ações empreendidas – afinal o Estado é a expressão da sociedade e, portanto, necessita adquirir condições de flexibilidade e proximidade com os entes sociais; a condição de competitividade na distribuição de servi- ços públicos, como mecanismo da eficiência operacional de melhoria da qualidade, da inovação e da mobilização dos atores sociais como contexto; a condição de um ente orientado por missões objetivos, suplantando as suas estruturas funcionais, as funções predefinidas e convergindo a cada momento, com inte- resses coletivos mutantes, num ambiente mutável; o empreendimento de ações voltadas para resultados, com a busca continuada da superação, a busca de resultados e o aprendizado com os fracassos experimentados; a distribuição de serviços em sintonia com as aspirações dos usuários; afinal, a razão de ser do Estado é a cons- trução de condições de desenvolvimento sustentado, nas sociedades em que atua; a condição empreendedora, que avalia constantemente a eficiência operacional, que busca mitigar efeitos nega- tivos, e a eliminação de desperdícios; a condição de um ente preventivo, que busca antecipar- se às mudanças do ambiente externo, que está em cons- tante adaptação estratégica e operacional, e que deman- da dos atores sociais envolvidos a internalização de uma cultura de aprendizado e abandono das idéias superadas; a condição de um agente descentralizado, que encontra nas novas tecnologias da informação, e nas parcerias pú- blico-privadas, mecanismos efetivos, eficientes e efica- zes para mobilização da sociedade, para a gestão participativa e para o empowerment*; e GLOSSÁRIO *empowerment – princípio da admi- nistração de recur- sos que sustenta que a motivação indivi- dual e os resultados melhoram quando são dadas às pessoas oportunidades de participar com mai- or envolvimento e poder decisório no seu trabalho e nas metas a ele perti- nentes, aumentando seu comprometi- mento com a orga- nização. Fonte Lacombe (2004). Curso de Aperfeiçoamento a Distância 32 a condição de um ente que caminha pelo mercado e que busca a internalização de métodos e técnicas gerenciais factíveis à sua realidade organizacional. Muitos autores que analisam as novas abordagens da Admi- nistração Pública destacam que a obra Reinventando o Governo, de autoria de David Osborne e Ted Gaebler, apresenta um caráter apologético ao neo-liberalismo britânico, dos anos 1980, que ge- rou um movimento de transformação do mundo capitalista. En- tretanto, desconsideram que na sociedade contemporânea a con- dição de mudança é um imperativo organizacional, cujos efeitos demandam expressivos desafios aos gestores, seja no desenho das estruturas, no perfil das pessoas, ou nas tecnologias de produção e da informação incorporadas no processo produtivo. Estranho na sociedade contemporânea é querer conceber o Estado e seus agen- tes produtivos nos moldes do início do Século XX. Paralelamente, surgem as parcerias entre o governo e as Or- ganizações Não-Governamentais (ONGs) ou as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público Social (OSCIPs). Tais organizações, nem públicas, nem privadas, sem fins lu- crativos ou “não econômicos”, constituem o denominado Terceiro Setor. Assim, aparecem três setores atuantes na administração. São eles: o Público, o Privado e o Terceiro Setor. As ONGs e as OSCIPs são entidades (fundações, associações) de iniciativa da Sociedade Civil, oriundas de Movimentos Sociais voltadas às necessidades e lutas por direitos não contemplados ou atendidos insatisfatoriamente, descumpridos ou desrespeitados em seguimentos sociais específicos. De outra perspectiva ocorre a crítica ao modelo burocrático, predominante no Setor Público, e a premissa baseada no fato de que o governo não deveria interferir no ambiente privado enquan- to as empresas não deveriam envolver-se com o governo. Ainda que existam estudos e comprovações práticas de que o Modelo Burocrático dificulta, torna morosa e, por vezes, emperra o atendimento e o bom andamento e a transparência da coisa pú- blica, continua sendo aplicado. Fundamentos de Administração Pública 33 Esse modelo, que mais dificulta que auxilia o controle racio- nal, a administração e a vida do cidadão, permanece em vigor no Brasil e se faz presente em todas as instâncias do cotidiano da na- ção. Apresenta-se de forma geral, desnecessário, ineficiente, obso- leto e sujeito a ser burlado, facilitando a corrupção, os desvios e, contraditoriamente, dificultando tanto a objetividade nas ações do governo quanto a vida do contribuinte. Devido à necessidade de melhor utilizar recursos (financei- ros, humanos e materiais) essa percepção, gradativamente, mas em processo ainda moroso, passa a ser modificada de modo a sur- girem parcerias público-privadas - além das parcerias com Orga- nizações Não-Governamentais e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público Social. Os três setores, por sua vez, estabelecem parcerias entre si. Vejamos algumas diferenças entre esses atores no Quadro 2. Quadro 2: Diferenças entre os setores Público, Privado e o Terceiro Setor Fonte: adaptado de Osborne e Gaebler (1995) Governo Gerenciamento de políticas governa- mentais Regulamentação das atividades públicas Manutenção da eqüidade Prevenção da discri- minação ou explora- ção de grupos e pessoas Garantia da conti- nuidade e prestação de serviços Defesa da coesão social Empresas Tarefas econômicas. Inovações. Repetição de experi- mentos bem-sucedidos. Adaptação às mudan- ças rápidas. Abandono de ativida- des obsoletas ou inúteis. Execução de tarefas técnicas ou complexas. Terceiro setor Tarefas econômicas. Inovações. Repetição de experi- mentos bem-sucedidos. Adaptação às mudan- ças rápidas. Abandono de ativida- des obsoletas ou inúteis. Execução de tarefas técnicas ou comple- xas. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 34 A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, intitulada Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, estabelece normas de finanças mediante políticas públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, ações em que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, desta- cando-se o planejamen- to, o controle, a transpa- rência e a responsabilização como premissas básicas. Estas e outras informa- ções disponíveis em: <http:// www.stn.fazenda.gov.br/ hp/ lei_responsabilidade_fiscal.asp>. Acesso em: 8 ago. 2008 Compreendendo as diferenças entre os atores notamos que a junção de seus objetivos facilita o alcance efetivo, eficaz e eficiente no atendimento das necessidades sociais. O foco na decisão por parcerias estrutura-se na noção de que quando os governos contratam a execução de certas atividades, esses governos continuam a tomar decisões políticas e a conceder o financiamento correspondente. E para fazer isso bem, é preciso que sejam governos de boa qualidade (OSBORNE; GAEBLER, 1995). No caso específico das parcerias público-privadas, dentre as principais características Nascimento (2006) destaca: contratos de valores superiores a R$ 20 milhões; período de prestação inferior a 35 anos e superior a 5 anos; celebração de contratos através da criação de sociedade específica; ocorrência de licitação na modalidade de concorrência; despesas públicas devem respeitar a Lei de Responsabili- dade Fiscal; contrapartida do parceiro público de até 70% do investi- mento; a existência de Fundo Garantidor de Parcerias, visando a segurança de pagamento ao parceiro privado; (asse- gura o pagamento das dívidas da União); e limite de contratação de parcerias – 1% sobre o total da Receita Corrente Líquida do ano anterior, aliada ao li- mite de 1% sobre a Receita projetada para os dez anos subseqüentes. A crescente demanda por serviços públicos na sociedade con- temporânea tem exigido dos gestores corporativos o ajuste das es- tratégias organizacionais, bem comoo alinhamento das estrutu- ras derivadas para materialização das atividades projetadas e rea- lizadas. Neste contexto é crescente o estabelecimento de parcerias Fundamentos de Administração Pública 35 entre os entes dos setores público e privado nacional, além do ter- ceiro setor, embasados nos princípios de cooperação, articulação, troca complementar e sinergia produtiva com vistas à otimização dos resultados e à redução dos custos derivados das demandas so- ciais. O campo da saúde nacional é rico em exemplos bem sucedi- dos dessa prática, os quais demonstram o crescente aprendizado dos gestores e os progressivos benefícios gerados à sociedade civil nacional, derivados de parcerias público-privada. RESUMO Nesta Unidade você estudou que atingir objetivos organizacionais, numa sociedade complexa e com deman- das diversificadas, é um desafio a todas as organizações de produção. Para as entidades do setor público, com deman- das sociais de expressiva complexidade, faz-se necessário o estabelecimento de parcerias do Estado com as empresas privadas e o terceiro setor, para, através da cooperação e da troca complementar, atingir os objetivos finalísticos de gerar o bem-estar social e o desenvolvimento sustentável. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 36 Atividades de aprendizagem Esta Unidade tratou de analisar as especificidades e a neces- sidade de criação de condições para o controle e acompa- nhamento das atividades propostas quando da realização de parcerias. Para certificar-se que entendeu toda a discussão, responda às atividades propostas e encaminhe-as ao seu tu- tor através do Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem. Importante: não é desejável que você responda ou reflita somente o que está no livro. Desejamos que você tenha uma opinião crítica sobre os assuntos tratados e a exponha nas respostas apresentadas nas atividades. 1. Cite qual a Lei que regulamentou as parcerias público-priva- das no Brasil e do que trata. 2. Em quais esferas atuou essa lei? 3. Quais são e no que consistem os conceitos essenciais que norteiam essa forma de parceria? 4. O que são concessão patrocinada e concessão administrativa? 5. No que difere das empresas a forma de atuação do governo? 6. O que é Terceiro Setor? 7. Que formas existem e como acontecem as parcerias com ONGs? 8. Descreva brevemente diferenças entre as formas de parcerias. 9. Por que ocorre necessidade de controle e acompanhamento das atividades propostas quando da realização de tais parcerias? 10. Faça um resumo do assunto aqui estudado. Fundamentos de Administração Pública 37 Administração por ResultadosAdministração por Resultados UNIDADE 3 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 38 Objetivo Nesta Unidade você estudará a aplicação eficiente e eficaz dos recursos produtivos, através de métodos e técnicas gerenciais que busquem a racionalização dos recursos disponíveis, aliada à satisfação dos usuários atendidos. Fundamentos de Administração Pública 39 Administração por resultados Caro participante! Estamos iniciando a Unidade 3. Aqui você estudará a apli- cação eficiente e eficaz dos recursos produtivos, através de métodos e técnicas gerenciais que busquem a racionaliza- ção dos recursos disponíveis, aliada à satisfação dos usuári- os atendidos. É importante que você reflita ao longo de toda a leitura e se questione sobre a importância de cada assunto que está sendo colocado, inclusive relacionando-o com a realidade de sua instituição. Bons estudos! A gestão por resultados surge como uma das respostas à impessoalidade das normas, outra característica do Modelo Buro- crático, que, por conseqüência da sua aplicação (comumente ca- racterizado pela rigidez), acaba transformando um padrão descri- tivo de critérios, que proporciona ao gestor a possibilidade de aná- lise do contexto – e relações, em um padrão prescritivo. Este pa- drão, por sua vez, aponta à alternativa “supostamente” correta. Nesse contexto, o elemento humano acaba, em diversas si- tuações, sendo mal-aproveitado tanto em termos de conhecimen- tos ou habilidades como na sua criatividade. Conforme aponta Matias-Pereira, o modelo predominante baseia-se na gestão pública burocrática. “Por decorrência aconte- ce a acomodação de interesses dos membros das organizações” (MATIAS-PEREIRA, 2007, p. 45). A adoção da Administração Pública burocrática foi desen- volvida como forma de combater a corrupção e o nepotismo* patrimonialista*, acarretando na busca de maior controle. GLOSSÁRIO *Nepotismo – favo- ritismo para com parentes, especial- mente pelo poder público. Fonte: Houaiss (2001). *Patrimonialismo – forma de organiza- ção social que se sustenta no patrimônio conside- rado como conjunto de bens, materiais e não materiais, mas com valor de uso e de troca, e que po- dem pertencer a um indivíduo ou a uma empresa, pública ou privada. Fonte: Houaiss (2001). Curso de Aperfeiçoamento a Distância 40 A partir de então, a atribuição do funcionalismo públi- co centrou-se no controle, perdendo a missão principal de servir os cidadãos. Ou seja, o objetivo final – servir à sociedade – teve a sua importância reduzida frente ao meio – controle por intermédio da burocracia. Por outro lado: O novo modelo de administração publica, denominado ad- ministração pública gerencial é centrado na identifica- ção das necessidades do cidadão, ajustamento às reais ne- cessidades de modo a atender as demandas sociais, inclu- sive acompanhando as mudanças de contexto (MATIAS- PEREIRA, 2007). O foco nesse caso está em alcançar a eficiência*, eficácia* e efetividade* nas ações dos gestores públicos, no que diz respeito à utilização dos recursos para o alcance de objetivos determinados. São objetivos da administração pública moderna a melhoria da qualidade da oferta de serviços à população, aperfeiçoamento do sistema de controle social, aumento da transparência, combate à corrupção, promoção da valorização do servidor público, dentre outros (MATIAS- PEREIRA, 2007). Logo, aspectos até então predominantes no ambiente em- presarial/privado passam a fazer parte do ambiente de gestão públi- ca. O atendimento deficiente das necessidades dos cidadãos gera a crise da relação entre administração pública e usuário de serviços. Para melhor compreensão do aqui relatado, vejamos no Qua- dro 3 as diferenças predominantes entre os dois modelos de gestão. Note que um modelo tem como elemento central os meios, en- quanto o outro está situado nos fins. GLOSSÁRIO *Eficiência – está relacionada aos meios e à forma uti- lizados para atingir os resultados. Fonte Lacombe, 2004. *Eficácia – capaci- dade de determinar metas corretas e medidas certas para alcançá-las. Fonte Lacombe, 2004. *Efetividade – qua- lidade do que atinge os seus objetivos es- tratégicos. Fonte: Houaiss (2001). Fundamentos de Administração Pública 41 Quadro 3: Diferenças predominantes entre os dois modelos de gestão: Administração Pública Burocrática e Administração Pública Gerencial Fonte: adaptado de Matias-Pereira (2007) Administração Pública Burocrática Apóia-se na noção geral de interesse público. Garante cumprimento de responsabi- lidade. Obedece às regras e aos procedimentos. Opera sistemas administrativos. Concentra-se no processo. É auto-referente. Define procedimentos para contratação de pessoal, compra de bens e serviços. Satisfaz às demandas dos cidadãos. Controla procedimentos. Define cargos rígida e fragmentadamente; Tem alta especialização. Administração Pública Gerencial Procura obter resultados valoriza- dos pelos cidadãos. Gera accountability;e Eleva as relações de trabalho. Compreende e aplica as normas; e Identifica e resolve problemas. Separa serviços e controle; Cria apoio para as normas; Amplia a escolha do usuário; Encoraja ação coletiva; Cria incentivos; e Define, mede e analisa resultados. Orienta-se para resultados. Foca o cidadão. Luta contra o nepotismo e a corrupção. Evita adotar procedimentos rígidos. Define indicadores de desempenho - utiliza contratos de gestão. É multifuncional; e Flexibiliza as relações de trabalho. Osborne e Gaebler (1995) apontam as vantagens dos gover- nos orientados por missões, sendo essas: mais racionalidade do que naqueles orientados por nor- mas; maior efetividade, gerando melhores resultados; mais inovações; maior flexibilidade; e moral da equipe superior. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 42 Os mesmos autores defendem ainda que: Os governos orientados por missões têm características empreendedoras, diferenciando-se no fato de que, organi- zações financiadas em princípios de resultados têm maio- res razões para se esforçar na busca por desempenho. Logo, a força dos mecanismos de avaliação de desempenho está alicerçada nos seguintes aspectos (OSBORNE; GAEBLER, 1 9 9 5 ) . Pode ser constatado em contrapartida que: tudo o que é avaliado se realiza; se os resultados não forem avaliados, não há como dis- tinguir sucesso de insucesso; quem não reconhece o sucesso não pode recompensá-lo; quem não pode recompensar o sucesso, pode estar re- compensando o fracasso; quem não vê o sucesso não aprende com ele; se não vemos o fracasso, não há como corrigi-lo; e quem consegue mostrar resultado, consegue o apoio pú- blico. Reforçando destacamos: [...] o núcleo estratégico do governo precisa contar com serviços públicos profissionais de nível superior da mais alta qualidade, que trabalhem ao lado dos políticos eleitos na tomada de decisões governamentais. Por outro lado, cada governo deve criar uma estrutura de Estado descen- tralizada, e fazer com que as agências sejam responsáveis mais por resultados do que por procedimentos, a fim de fornecer com eficiência os serviços sociais e científicos que caracterizam as democracias modernas (BRESSER-PEREI- RA, 2005, p. 1). No mesmo estudo, esse autor afirma que o foco da gestão não deve estar na estrutura do Estado, mas nos serviços a serem prestados, nas necessidades a serem sanadas para o bem da socie- Fundamentos de Administração Pública 43 dade (educação, saúde, infra-estrutura, dentre outros). A estrutu- ra deve ser conseqüência dos objetivos e estratégias. Ressalta ainda que na moderna Administração Pública exis- tem objetivos claramente traçados, que delimitam o processo decisório seja para a realização de parceiras, terceirização ou seja para prestação direta de serviços – através de servidores públicos estatutários. Apenas os serviços que envolvem atividades específicas do Estado, aquelas que envolvem o uso do poder do Estado, ou con- trole de recursos do mesmo, devem ser prestadas por servidores estatutários. Por conseguinte, demais atividades financiadas pelo Estado, as consideradas atividades auxiliares – como o fornecimento de refeições, a construção ou os serviços de limpeza – são terceirizadas visando à presença da maior competitividade vigente no ambiente empresarial. De outra parte, os serviços sociais e científicos “devem ser terceirizados para agências descentralizadas ou organizações não- governamentais da sociedade civil, mas mantidos sob firme con- trole do núcleo estratégico do Estado, formado por políticos e altos servidores” (BRESSER-PEREIRA, 2005). A idéia central da proposta de Bresser-Pereira propõe que, na medida em que atividades secundárias são terceirizadas – os servi- ços sociais e científicos para organizações não-governamentais, e demais atividades para o ambiente empresarial –, os servidores públicos necessários à estrutura do Estado são poucos e de alto nível. Por fim, mais um aspecto é destacado no foco dos objetivos definidos. Os governos que estão preocupados com o rumo da socie- dade, na sua essência, esforçam-se em modelar suas co- munidades, estados e nações. Suas decisões estão focadas no processo decisório de políticas e orientações para as ins- tituições econômicas e sociais. Assim, ao invés de inchar a estrutura, com mais funcionários e recursos, geram condições para que outras instituições prestem os servi- Curso de Aperfeiçoamento a Distância 44 ços que não fazem parte do seu foco de trabalho - atenden- do indiretamente às necessidades dos cidadãos (OSBORNE; GAEBLER, 1995). Por analogia, os governos tradicionais ficam tão preocupa- dos em remar que acabam por esquecer de indicar o rumo da soci- edade. Nakamura (2005) destaca: “... aqueles que iniciam o proces- so de gestão por resultados devem relembrar que o objetivo final é reconquistar a confiança pública”. E complementa lançando a seguinte dúvida: “Qual modelo de administração de resultados no se- tor público ajudaria a reduzir a falta de credibilidade pe- rante a população?” Para finalizar, sugerimos um reflexão em torno desse questionamento! RESUMO Nesta Unidade você estudou que a essência da gestão de resultados é a aplicação dos recursos de produção, se- jam eles materiais, tecnológicos, humanos e financeiros, em convergência com os objetivos organizacionais. Numa sociedade com expressivas demandas sociais, particular- mente nos campos da saúde e assistência social, a gestão por resultados tem seu foco na aplicação de métodos e téc- nicas que busquem de maneira continuada a eficiência operacional e a eficácia das ações governamentais. Fundamentos de Administração Pública 45 Atividades de aprendizagem Chegamos ao final da Unidade e, para ajudá-lo a certificar- se de que entendeu o que foi discutido, elaboramos as Ativida- des de aprendizagem. Então, não perca tempo, faça logo e encaminhe-as ao seu tutor através do AVEA. Caso encontre dificuldades procure esclarecê-las antes de seguir adiante. 1. Qual a principal característica do modelo burocrático? 2. Quais as conseqüências da aplicação desse modelo? 3. Com que finalidade foi adotada a Administração Pública bu- rocrática? 4. Qual deveria ser missão central e o objetivo final do funcio- nalismo público? 5. No que está centrado e qual é o foco do modelo de Adminis- tração Pública Gerencial? 6. Cite os objetivos da Administração Pública moderna. 7. Relacione as atividades financiadas pelo Estado que são con- sideradas atividades auxiliares. 8. Quais seus objetivos no que concerne ao governo? 9. Descreva com suas palavras a idéia central da proposta de Bresser-Pereira. 10. Faça um resumo breve deste tópico. Accountability ou Responsabilização Accountability ou Responsabilização UNIDADE 4 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 48 Objetivo Nesta Unidade você conhecerá os novos conceitos (Accountability ou responsabilização e Governança), seus aspectos e parâmetros incorporados à Administração Pública. Fundamentos de Administração Pública 49 Accountability Prezado participante! O termo accountability, assunto que vamos estudar daqui em diante, encontra-se, atualmente, entre os mais utilizados na literatura gerencial, particularmente nas escolas e organi- zações dos denominados países desenvolvidos. Constitui o objeto central para análise do tema da governança. Nesta Unidade vamos discutir os dois conceitos, analisando como a perspectiva da accountability é fundamental para o entendimento da prática da boa Governança. Conte conosco! Estaremos sempre à sua disposição. Bons estudos! Com base no conteúdoaté aqui analisado notamos que no- vos aspectos são incorporados à Administração Pública. Durante a realização da reunião do Comitê de Especialistas em Administração Pública das Nações Unidas, realizado em abril de 2005, Akira Nakamura indicou quatro elementos merecedores de consideração especial, que são resumidos em: “Eficiência e eficácia, processo decisório eqüitativo, transparência e responsabilização, e encorajamento da descentralização – considerados componentes críticos da administração pública no futuro”. A eficiência e a eficácia na Administração Pública, como já observadas na Unidade 3, contribuem para o desenvolvimento de parâmetros regulamentadores de investimentos e do setor público. Paralelamente, há a necessidade de administração de taxas aos prin- cípios de eqüidade, levando à redução de margens para a corrupção e ao aumento de performance. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 50 O processo decisório eqüitativo deve incluir os setores mais deficientes da sociedade, ser sensível às questões sociais e, princi- palmente, ser responsável. O desenvolvimento do sistema transparente e responsável pode alocar recursos sem o surgimento de dúvidas quanto ao favorecimento de interesses individuais ou questionamentos ne- gativos. Portanto, merecem destaque os princípios da transparên- cia, do controle – e da conseqüente prestação de contas –, e da resposta aos questionamentos do público. O encorajamento da descentralização deve acontecer focado nas demandas e desejos da comunidade. A distribuição de poder reduz custos – financeiros, temporais e materiais – e garante a maior distribuição de responsabilidades e participação social. Todavia, Melo (2007) argumenta que quanto mais com exis- tência do paradoxo de que quanto mais o poder é fragmentado menor a clareza de responsabilidade e, conseqüentemente, mais limitada a capacidade dos cidadãos controlar os governos. Nakamura propõe, então, o Programa de Performance Go- vernamental fundamentado em quatro variáveis independentes - gestão financeira, gestão de recursos humanos, gestão de capital, e tecnologia da informação –, caracterizadas por ele como agen- tes críticos para o melhoramento da capacidade de gestão. Entre- tanto, destaca ainda que, ao passo que essas variáveis sejam mantidas independentes, as suas conexões se mantêm pequenas, no que se refere à transparência, responsabilização, participação, ou de pouca conexão e eqüidade. Por fim, propõe que o foco da análise dos gestores seja invertido, centrando-se naqueles que hoje são considerados variáveis independentes. O objetivo central, da análise, reside na noção de gerar condições de governabilidade, ou seja, dotar o estado de condições substantivas e materiais de exer- cício de poder e de legitimidade, para prestar serviços que alcan- cem os múltiplos interesses sociais, seja em curto, médio ou longo prazo (MATIAS-PEREIRA, 2007). Fundamentos de Administração Pública 51 O mesmo autor destaca que a governança é conseqüência dos atos dos servidores e agentes públicos que possibilitam a for- mulação e a implementação adequada das políticas públicas de- terminadas. Uma boa governança está apoiada em princípios de re- lações éticas, conformidade, prestação responsável de con- tas e transparência – este último é visto pelo autor como condi- ção essencial ao progresso socio0econômico e consolidação de de- mocracias. O termo accountability resgata a idéia de responsabilização dos gestores públicos, através de mecanis- mos e procedimentos de prestação de contas à sociedade. Quanto maior a possibilidade de os cidadãos poderem discernir se os governantes estão agindo em função do interesse da coletividade e sancioná-lo apropriadamente, mais “accountable” é um governo (MATIAS-PEREIRA, 2007, p. 36). Para tanto, faz-se necessário: a clara identificação e articulação das definições de res- ponsabilidades; a compreensão do relacionamento entre as partes inte- ressadas e sua estrutura de administração de recursos e entrega de resultados; e o suporte para a administração. Bresser-Pereira (2005) sugere que, essencialmente, há três formas básicas de responsabilização, próprias à gestão pública moderna: a administração por resultados contratados; a competição administrada visando à excelência na pres- tação de serviços; e os mecanismos de controle social, nos quais os conselhos de cidadãos e as organizações de defesa de interesses públicos da sociedade civil desempenham um papel im- portante. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 52 No entanto, visando sua implementação, Matias-Pereira (2007, p. 59) ressalta que [...] em governos descentralizados torna-se mais fácil in- troduzir a “accountability”, bem como a participação dos cidadãos nas políticas públicas. Uma vez que os cidadãos têm maiores chances de participar ativamente nas deci- sões que afetam a sociedade, da qual fazem parte, de modo geral . Segundo Melo (2007), para que a responsabilização seja apli- cada de forma efetiva devemos observar que as dificuldades de responsabilização também se potencializariam, em ambientes institucionais marcados pela multiplicidade de pontos de veto. Este autor propõe que os projetistas de instituições – os gestores – devem buscar a maximização de valores e objetivos (por exemplo, a legitimidade) visando impactar na eficiência. Reforçando a relevância da accountability, percebe-se que essa é interpretada como pré-condição para a promoção da ética nas organizações, de modo eficaz. Vejamos no Quadro 4 os elementos e os pressupostos entre a relação ética X accountability: Quadro 4: Elementos e pressupostos entre a relação ética X accountability Fonte: adaptado de Matias-Pereira (2007) Elemento Gestão Orientação Controle Pressuposto Criação de condições sólidas para o serviço público. Engajamento das lide- ranças, códigos que exprimam valores, padrões e socialização. Quadro normativo. Resultado esperado Política efetiva de recursos humanos. Educação e treinamento. Garantia da independência dos procedimentos de investigação e processo, prestação de contas e envolvimento do público. Fundamentos de Administração Pública 53 Note, portanto, que a idéia de responsabilização, e por conse- qüência maior ética, passa pela conscientização dos gestores e ser- vidores públicos no atendimento aos valores primários do Estado – o atendimento das necessidades dos cidadãos – de modo claro e transparente que permita o envolvimento de seus usuários – os cidadãos – no processo de gestão. Por fim, cabe enfatizar que a responsabilização trata de um meio para lutar contra a corrupção visando a moralidade, uma vez que, tornando a atribuir responsabilidades, há maiores chances de construir a confiança do público para com o governo. Por conta da relevância do tema accountability/ responsabilização, gradativamente, tornou-se a di- mensão privilegiada no debate sobre a boa governança, tendo aumentado o volume de publica- ções e referências, no Brasil, alcançando a marca de 115 milhões de registros (MELO, 2007). RESUMO Nesta Unidade você estudou que empreender ações com transparência na aplicação dos recursos, possibilitando o controle continuado por parte da sociedade civil e, ao mes- mo tempo, dar respostas às demandas sociais, é um desa- fio da gestão que encontra na accountability um impor- tante aliado. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 54 Atividades de aprendizagem Chegamos ao final da Unidade, em que um desafio foi lan- çado a você: o de entender e reconhecer os novos concei- tos (Accountability ou responsabilização e Governança), as- pectos e parâmetros incorporados àAdministração Pública. Para saber se o desafio foi cumprido, responda às ativida- des sugeridas, encaminhe-as ao seu tutor através do AVEA e, mais uma vez, saiba que pode contar conosco para auxi- liar e esclarecer as suas dúvidas. 1. Qual o significado de accountability? 2. Nesse contexto quais novos aspectos são incorporados à Ad- ministração Pública? 3. Por ocasião da reunião do Comitê de Especialistas em Admi- nistração Pública das Nações Unidas, em abril de 2005, Akira Nakamura indicou quatro elementos merecedores de conside- ração especial. Descreva-os. 4. Quais as variáveis dependentes e independentes, com suas respectivas conexões, apontadas pelo autor acima? 5. No que consiste o objetivo central dessa análise? 6. Do que resulta e no que se apóia a “governança”? 7. Cite mecanismos e procedimentos de prestação de contas à sociedade a serem resgatados pelos gestores. 8. Diga as três formas básicas de responsabilização, próprias à gestão pública moderna, destacadas por Bresser-Pereira. 9. Relacione os elementos e pressupostos entre a relação ética X accountability: Fundamentos de Administração Pública 55 Gestão e MudançasGestão e Mudanças UNIDADE 5 Curso de Aperfeiçoamento a Distância 56 Objetivo Nesta Unidade você analisará as interfaces entre o processo de mudanças organizacionais e o gerenciamento das mesmas; e caracterizará as mudanças induzidas pela incorporação de novas tecnologias no processo gerencial. Fundamentos de Administração Pública 57 Gestão e mudanças Olá! Nesta Unidade, vamos tratar de Gestão e Mudanças. Para que você possa ter bom entendimento dos temas, sugeri- mos que trace como meta, durante a leitura, o aprendizado e a compreensão do que está sendo estudado e relacione este saber à sua realidade. Para tanto, ao longo da leitura vá registrando suas análises, dúvidas, reflexões e conclusões, pois elas poderão orientá-lo na realização das atividades, nos contatos com o tutor e o professor, e nos debates com seus colegas. E não se esqueça: você não está só; estamos à sua disposição para auxiliá-lo no que for necessário. A palavra mudança é muito presente no discurso dos gestores e a sua materialização exige uma revisão continu- ada dos objetivos organizacionais, das es- tratégias prioritárias e o alinhamento da estrutura e dos recursos mobilizados no pro- cesso produtivo. O exercício da administração tem nas funções administrativas definidas por Fayol – planejamento, organização, comando, con- trole e coordenação – forte esteio e balizador para a condução das organizações de produ- ção de bens e serviço, no alcance dos seus ob- jetivos finalísticos. Dentre as funções definidas por Fayol e aplicadas regular- mente ao processo gerencial, o planejamento apresenta relação muito próxima à mudança, quando existe sincronia e articulação entre os processos. Ou seja, quando a mudança é resultante do Para saber mais *Henri FayolHenri FayolHenri FayolHenri FayolHenri Fayol (1841 - 1925) – Engenheiro de minas e administrador francês, foi um dos pri- meiros estudiosos a analisar a natureza da atividade empresarial, a formular uma teoria completa de gestão e a definir as principais atividades do gestor dentro das organizações: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Foi, juntamente com Frederick Taylor, um dos grandes precursores da Teoria Clássi- ca da Administração, a qual enfatiza a estrutu- ra das organizações. Fonte: <http:// www.knoow.net/cienceconempr/gestao/ fayolhenri.htm>. Acesso em: ago. 2008. Curso de Aperfeiçoamento a Distância 58 planejamento. Utopia? Exercício de natureza exclusivamente aca- dêmica? Não. A adoção do planejamento, no contexto das organizações de produção de bens e serviços, é um exercício continuado e um desa- fio constante aos gestores, na medida em que é aplicado para o estabelecimento de uma direção. O planejamento é a definição pré- via dos objetivos, das metas e dos indicadores de desempenho pes- soal e organizacional. No contexto das organizações complexas, a ação desprovida do planejamento, enquanto processo continuado, articulado de aprendizagem e alinhamento, é um risco, uma ame- aça e um despropósito, particularmente, quando o objeto da ação é viabilizado a partir da aplicação de recursos de natureza pública. A adoção do planejamento, entretanto, não garante em sua plenitude a eficácia e a eficiência da ação empreendida, particu- larmente, em segmentos produtivos que apresentam expressiva volatilidade das demandas e estão sujeitos a fortes modificações de ordem tecnológica ou mesmo no tecido social. A título de exemplo, podemos resgatar uma ação de planejamento acompanhada do desenvolvimento de um conjunto de políticas públicas voltadas à erradicação de determinada doença no território. Ou mesmo à garantia de padrões de qualidade nos processos de produção de dis- tribuição de itens que sejam levados à mesa dos brasileiros. Um fato ocorrido em outra área do planeta, sobre o qual os órgãos go- vernamentais não disponham de controle algum, pode derivar uma crise ou mesmo uma pandemia que comprometam parte das ações e políticas públicas em curso. Portanto, a mudança derivada de aspecto que foge ao con- trole pode ser uma ameaça ao conjunto das atividades em curso. Este exemplo demonstra que a adoção do planejamento busca a adaptação ou mesmo a definição de aspectos presentes no ambi- ente externo da organização, sob os quais os gestores não dispõem de controle, que podem ser indutores de fortes e irreversíveis mu- danças organizacionais. Embora a mudança integre o discurso gerencial, em muitas organizações de natureza pública, privada ou mesmo do terceiro se- Fundamentos de Administração Pública 59 tor, nem todos os entes produtivos estão de fato preparados para in- duzir ao processo de mudança de dentro para fora ou incorporar in- ternamente as mudanças derivadas de aspectos do ambiente externo. A gestão teoricamente busca a mudança, entretanto, é da natureza do homem e acaba sendo materializada nas práticas organizacionais a resistência à mudança. Mudar, no escopo organizacional, significa alterar a forma de produzir e/ou de distribuir um bem ou um serviço. A mudança organizacional adquire diversas formas de concretização, sendo que as derivadas do ambiente externo demandam atenção especial, de modo a garantir a continuidade produtiva e longevidade corporativa. Pensar a gestão sem mudanças é interpretar o con- texto organizacional numa perspectiva estática, em modelo fecha- do, conduzido por atores sociais deslocados da realidade ambiental. A natureza do universo, do homem e das organizações como frutos da criatividade humana repousa na mudança e ali encontra espaço para as transformações e aperfeiçoamentos dos produtos e dos processos produtivos. No ambiente organizacional a mudança pode ser de nature- za estrutural, de modificação de processos, cultural, ou mesmo para redução de custos (BEER, 2003). Nas relações organizacionais com seu entorno, aspectos re- lacionados às dimensões de quantidade e/ou qualidade, as movi- mentações sociais nos territórios, as alterações de ordem política, econômica ou mesmo os fatores culturais, acabam refletindo em mudanças parciais ou totais para as organizações. Na sociedade contemporânea, a dimensão tecnológica, par- ticularmente, tem sido determinante no processo de mudanças organizacionais e um forte desafio aos gestores em geral e de modo especial aos agentes públicos. Como enfrentar ou induzir à mu- dança a partir do processo gerencial de entes públicos que têm a responsabilidade de produzir e distribuir bens e serviços em quan- tidade e qualidade que atendam as demandasda sociedade civil? Este questionamento, não raro, é tratado como uma questão de natureza exclusivamente, pública, o que denota uma visão parci- Curso de Aperfeiçoamento a Distância 60 al, pois a solução é também, e principalmen- te, uma questão de natureza gerencial. Ao mesmo tempo em que se apresenta como de- safio aos atores sociais investidos em cargos e funções de natureza pública, integra a agen- da diária para a condução das organizações e a aplicação dos recursos de produção à dispo- sição para moldar e acompanhar os proces- sos irreversíveis de mudança experimentados na sociedade contemporânea. No processo gerencial da administração pública nacional, independente da área de pro- dução analisada, é visível a predominância do modelo burocrático de gestão organizacional, seja nos entes da administração direta e/ou indireta. Isto significa uma ameaça? A Burocracia, em sua concepção pura, desenvolvida pelo sociólogo alemão Max Weber apresenta características e especificidades que, aplicadas stricto sensu em organizações de produção, têm como objetivos centrais: busca da máxima eficiência na aplicação dos recursos produtivos; concepção de homem organizacional que cumpre fun- ções e papéis, no exercício de sua atividade produtiva; ausência de conflitos perceptíveis nas relações produti- vas e a hegemonia dos objetivos organizacionais, em de- trimento dos objetivos individuais; e a organização como um ente formal; dentre outras ca- racterísticas (CHAMPION, 1979). A dimensão de previsibilidade e de total controle organizacional em relação aos atores sociais e às variáveis presen- tes e/ou latentes, nos ambientes interno e externo, é fator determinante da concepção burocrática de Weber. Para saber mais *Max WeberMax WeberMax WeberMax WeberMax Weber (1864 - 1920) – Sociólogo, his- toriador e político alemão considerado, junto com Karl Marx e Émile Durkheim, um dos fun- dadores da Sociologia e dos estudos compa- rados sobre cultura e religião, disciplinas às quais deu um impulso decisivo. A sua aborda- gem se diferenciava da de Marx, que utilizou o materialismo dialético como método para ex- plicar a evolução histórica das relações de pro- dução e das forças produtivas. Contrastava igualmente com as propostas de Durkheim, que considerava ser a religião a chave para enten- der as relações entre o indivíduo e a socieda- de. Para Weber, o núcleo da análise social con- sistia na interdependência entre religião, eco- nomia e sociedade. Fonte: <http:// w w w . n e t s a b e r . c o m . b r / b i o g r a f i a s / ver_biografia_c_1166.html>. Acesso em: ago. 2008. Fundamentos de Administração Pública 61 Num ambiente social e produtivo marcado e transformado de maneira continuada por mudanças, particularmente, de ordem tecnológica, a concepção purista de Weber se depara com o incer- to, o imprevisível, o incontrolável! O que fazer? Como adaptar para sobreviver? Como modificar para continuar distribuindo serviços e atendendo a segmentos da sociedade? Estes desafios que estão pre- sentes na agenda dos gestores contemporâneos encontram na con- cepção do Desenvolvimento Organizacional* uma resposta. A mudança organizacional pode ser empurrada ou puxada, a partir da identificação de um problema. O que é um problema? Segundo Loriggio (2002), problema* é o fator que exige do gestor a análise dos fatos em curso e a identificação de alternativas de soluções. Num ambiente de mudanças, inúmeros problemas e desafi- os integram a agenda gerencial. A questão central que compete aos gestores é identificar os problemas existentes e ter a capacida- de de compreender o que é essencial e o que é acessório. Não raro, nos deparamos em reuniões, encontros de chefias para discutir pro- blemas, e dedicamos grande parte da agenda coletiva para tratar de questões acessórias. A compreensão dos problemas gerenciais, a identificação das causas e dos efeitos derivados dos mesmos, no ambiente organizacional, a construção coletiva de alternativas de soluções baseadas em factibilidade e aplicabilidade, a seleção da decisão a ser incorporada no coletivo, bem como o comprometi- mento dos atores sociais para a materialização das escolhas, são fatores chaves de sucesso da mudança. A análise dos problemas divorciada da tomada decisões é a certeza de que a organização não enfrentará a mudança. No concerto da teoria organizacional, a visão oblíqua e “bu- rocrática”, bem como a resistência dos atores sociais, pode ser um forte obstáculo e determinantes impeditivos da mudança. Quando este quadro é presente, a Teoria do Desenvolvimento Organizacional, enquanto estratégia educacional baseada no comportamento dos atores sociais presentes no ambiente interno, propõe a mudança como uma questão de sobrevivência (BENNIS, 1972). GLOSSÁRIO *Desenvolvimento Organizacional – é uma estratégia edu- cacional adotada para se chegar a uma m u d a n ç a organizacional pla- nejada. Fonte: Bennis (1972). *Problema – desejo de algo que não se sabe como obter; ameaça à sobrevi- vência; resultado que necessite corre- ção. Fonte: Loriggio (2002, p. 35). Curso de Aperfeiçoamento a Distância 62 Ao tratar os problemas humanos com os quais as organiza- ções contemporâneas se defrontam, Bennis (1972) destaca os rela- cionados à integração, influência social, colaboração, adaptação, identidade e revitalização. Na análise do fator adaptação, o autor destaca que o comportamento reativo às mudanças induzidas pelo ambiente, bem como a identidade relacionada à adesão dos atores sociais aos ajustes organizacionais, podem ser impeditivos à mu- dança pretendida (BENNIS, 1972). Corroborando a visão de Bennis (1972), Blake afirma de maneira contundente que a mudança é um complexo, que envolve a estrutura em sua plenitude e deman- da o comprometimento, o envolvimento e a condução por parte dos dirigentes (BLAKE, 1972). No cotidiano das organizações de produção nos deparamos, amiúde, com mudanças de natureza: estrutural: adaptação orgânica às estratégias organi- zacionais definidas para um determinado período de ges- tão; de custos: enxugamento de partes da estrutura; ajustes de processos: derivados de novas demandas ou de modernas tecnologias; de natureza cultural: alinhamento entre gestores e liderados (BEER, 2003). A mudança, portanto, demanda a aprendizagem dos atores sociais envolvidos, a partir de processos de crítica e autocrítica para o aperfeiçoamento continuado e a negação da complacência e do acomodamento social (TUSHMAN, apud STRAKEY, 1997). Acompanhando ou mesmo induzindo a mudança no ambi- ente das organizações de produção é possível identificar alguns programas que influenciaram o processo gerencial para garantir a longevidade dos entes produtivos. Neste contexto, merecem desta- ques o Just-In-Time*; Automação; Qualidade Total; Terceirização; Downsizing* e a Reengenharia, dentre outros, os quais foram trabalhados em cursos conexos a este programa de capacitação empreendido pelo Ministério da Saúde. GLOSSÁRIO *Just-in-time – ex- pressão da línguas inglesa que significa “no exato momen- to”, e se refere a um método de produ- ção. Fonte: Lacombe (2004). *Downsizing – ex- pressão da língua in- glesa que significa literalmente reduzir o tamanho de uma organização, especi- almente pela redu- ção planejada do nú- mero de empregados e de níveis hierárqui- cos da organização. Fonte Lacombe (2004). Fundamentos de Administração Pública 63 Dos programas mencionados vamos resgatar algumas notas relacionadas ao processo de automação que as organizações de
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