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ARTIGO CRIMES COMUNS E HEDIONDOS

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FACULDADES SÃO JOSÉ
CURSO DE DIREITO
MICHELLE SOUZA DE FREITAS FONTELA
THAIS DA SILVA CARVALHO
SERGIO EXPEDITO MACHADO MOUTA
PROGRESSÃO DE REGIME CUMPRIMENTO DE PENA DOS CRIMES COMUNS E HEDIONDOS
Rio de Janeiro
2018
PROGRESSÃO DE REGIME CUMPRIMENTO DE PENA DOS CRIMES COMUNS E HEDIONDOS
PROGRESSION OF REGIME FULFILLMENT OF COMMON CRIMES AND HEDIONDES
Michelle Souza de Freitas Fontela
Thais da Silva Carvalho
Graduandas em Direito
Sergio Expedito Machado Mouta
Prof. Ms.em Direito
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de analisar a aplicabilidade do Código Penal brasileiro, Decreto-lei N. 3.689, de 3 de outubro de 1941, da Lei de Execução Penal, Lei n° 7.210 de 11 de julho de 1984, e Lei Crimes Hediondos, Lei n° 8.072/90 de 25 de julho de 1990, com relação à aplicação da progressão de regime, bem como a influência das modificações trazidas pela Lei n° 11.464/07. Elaborando um estudo, referente à progressão de regime, destacando os regimes e seu efetivo cumprimento, atuando em pesquisa bibliográfica, conceitos e descrevendo ainda os requisitos para que seja concedida a progressão do preso, dando a oportunidade de gradativamente, voltar à convivência em sociedade.
Palavras-chave: Progressão, Ressocialização e Sociedade.
ABSTRACT	 
The purpose of this article is to analyze the applicability of the Brazilian Penal Code, Decree-Law No. 3.689, of October 3, 1941, of the Criminal Execution Law, Law No. 7,210 of July 11, 1984, and the Hediond Crimes Act , Law no. 8,072 / 90 of July 25, 1990, regarding the application of the regime progression, as well as the influence of the changes brought by Law n. 11.464 / 07. A study was carried out regarding the progression of the regime, highlighting the regimes and their effective compliance, working in bibliographical research, concepts and also describing the requirements to be granted the progression of the prisoner, giving the opportunity to gradually return to living in society.
Key-words: Progression, Socialization and Society
INTRODUÇÃO:
	O presente trabalho se faz relevante na medida em que se apresentarão estudos referentes à progressão de regime de pena, no que se refere aos crimes comuns e crimes hediondos. Trazendo conceitos através de estudo à doutrina, as leis, e indicando os requisitos para que seja concedida a progressão do regime de pena do preso, dando a oportunidade de, gradativamente, o preso voltar à convivência em sociedade, destacando os regimes e seu efetivo cumprimento.
O estudo é direcionado à sociedade como um todo, tendo em vista uma maior divulgação e acessibilidade às informações pertinentes com uma linguagem compatível ao leitor. Analisando a aplicabilidade da Lei de Execução Penal, Lei n° 7.210 de 11 de julho de 1984, e Lei Crimes Hediondos, Lei n° 8.072/90 de 25 de julho de 1990, com relação à aplicação da progressão de regime, bem como a influência das modificações trazidas pela nova lei de crimes hediondos, Lei n° 11.464/07.
Apontando pesquisa bibliográfica e descrevendo os requisitos para que seja concedida a progressão, utilizando da metodologia descritiva. A partir de fontes secundárias, descrevemos a progressão de regime relacionando os conhecimentos adquiridos com leitura de artigos científicos que tratam deste tema, através da lei, mais especificamente do Código Penal brasileiro em sua parte geral, Súmulas do STF concernentes ao tema e leis específicas, como a Lei de Crimes Hediondos. 			Através de conceitos, fica apresentando essa metodologia de pesquisa, descrevendo como acontece a progressão do regime no sistema prisional brasileiro.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	
Conforme Greco (2014, p. 505), “ A progressão é uma medida de política criminal que serve de estímulo ao condenado durante o cumprimento de sua pena. A possibilidade de ir galgando regimes menos rigorosos faz com que os condenados tenham a esperança de retorno ao convívio social”.
	Segundo o Manual de Direito Penal citado por Cunha (p. 445, p. 447 e p. 448 )
Três são os regimes iniciais de cumprimento de pena: - Regime Fechado; A pena no regime fechado, deve ser cumprida em penitenciária, alojando-se o condenado, ao menos consoante proclama Lei de Execução Penal, em cela individual, salubre e aerada, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, além de área mínima de seis metros quadrados (art. 87 e 88 da LEP). Regime Semiaberto; O regime semiaberto (intermediário) será cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o apenado ser alojado em compartimento coletivo, desde que atendidas às condições adequadas à existência humana previstas para as celas individuais próprias do regime fechado. Regime Aberto; O regime aberto (menos rigoroso) se baseia na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. 36 do CP). 
Como bem observa Bitencourt (2012, p. 558) “O maior mérito do regime aberto é manter o condenado em contato com a sua família e com a sociedade, permitindo que o mesmo leve uma vida útil e prestante”.
	Com efeito, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período do noturno e nos dias de folga (art. 36, §1°, CP).
CORPO DO TRABALHO/DESENVOLVIMENTO
A vida em sociedade demanda o equilíbrio entre regras a serem seguidas e deveres a serem cumpridos e, que sejam impostos limites para que a convivência seja pacífica. Sem regras, cada indivíduo agiria conforme seu interesse, com isso, condutas são proibidas e caso haja descumprimento, haverá punição. Essa punição é imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal, essa infração ocorre quando é cometido fato típico, ilícito e culpável.
O Estado brasileiro se constitui em democrático de direito, ou seja, não apenas é regido por leis, mas essas leis são frutos da soberania popular quando elegemos nossos representantes, ou seja, nós como povo dizemos quais serão consideradas condutas proibidas e puníveis de maneira indireta.
A Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso XXXIX determina que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, além deste, temos o principio da personalidade, onde nenhuma pena imposta passará da pessoa do condenado, art 5°, inciso XLV, do mesmo dispositivo. Mas nem sempre foi assim o nosso sistema penal. Antes da evolução com a chegada da Constituição Federal, que visa proteger a dignidade da pessoa humana, já foi extremamente cruel, como por exemplo, as execuções em praça pública. O nosso Código Penal, prediz a finalidade da pena como reprovação e prevenção ao crime, seguindo os critérios da Constituição Federal, que proíbe expressamente as penas de morte, perpétuas, trabalhos forçados, banimento e penas cruéis, assim limitando as penas. Considerando que, por mais grave que tenha sido o delito, todos terão direito ao arrependimento, bem como, proporcionando nesse sentido, a volta do preso à sociedade.
As penas atualmente são classificadas em privativas de liberdade, restritiva de direito e pena de multa. A pena privativa de liberdade é a mais rígida, pois o condenado terá seu bem mais poderoso limitado, a vida. Quanto a pena restritiva de direito, são aplicadas a crimes menos graves, para criminosos cujo encarceramento não é o mais aconselhado, nesta ocorre com a prestação de serviço à comunidade gratuitamente. A pena de multa impõe ao condenado o pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada pelo juiz na sentença condenatória, o não pagamento desta, implica dívida ativa com a Fazenda Pública.
Para a realização de uma punição deve-se respeitar o princípio do devido processo legal, art 5°, inciso LIV da Constituição Federal, este garante a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais e da Convenção Internacional de Diretos Humanos. Logo, tipificada conduta, pela prática do delito, sendo esta típica,ilícita e culpável aplicando-se assim as regras processuais para haver a condenação e a aplicação da pena, atendendo o critério trifásico do CP, o juiz irá fixar a pena base, e sem seguida considerará as circunstancias atenuantes e agravantes, por último as causas de diminuição e aumento da pena, critérios esses aplicados pelo artigo 68 e 59 do CP. Nesse momento, o juiz determinará qual será o regime inicial, se fechado, semiaberto ou aberto, de acordo com o artigo 33 §1° do CP. Após o cumprimento da pena, o condenado deveria estar ressocializado para viver de maneira harmônica em sociedade, evitando o cometimento de novos crimes.
Fixam as alíneas do § 2° do art. 33 do CP que serão cumpridos nos regimes fechado quando a pena em concreto for superior a 8 (oito) anos. A pessoa inicia o cumprimento dentro de uma unidade prisional, sendo proibida a saída do local, e serão definidas quantas horas diárias de trabalho e de sol o detento poderá ter. O regime semiaberto é determinado para as penas seja maior que 4 (quatro) anos e não exceda 8 (oito) anos e não seja o réu reincidente, nesse tipo de regime, a execução da pena ocorre em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, permitindo que a pessoa trabalhe ou faça curso fora da prisão. O regime aberto é determinado para as penas igual ou inferior a 4 (quatro) anos e que não seja o réu reincidente, a detenção é feita em casa de albergado ou estabelecimento adequado, nesse regime o preso pode ausentar-se do local de cumprimento da pena durante o dia para trabalhar ou exercer outras atividades autorizadas, sendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. Nestas duas últimas hipóteses, há necessidade da verificação da reincidência, caso seja procedente, determina o cumprimento da pena em regime fechado.
A progressão de regime é a passagem do preso que cumpre pena privativa de liberdade de um regime mais rigoroso para outro de menor rigor, atendendo a uma das finalidades da pena consagrada pela Convenção Americana de Direitos Humanos, o objetivo da Lei de Execuções Penais, e a finalidade da sanção criminal, que é a obtenção da ressocialização do condenado, reintegrando-o ao convívio social. Um dos instrumentos da ressocialização é a progressão. Essa progressão serve de estímulo ao preso, onde ele vê a possibilidade de com bom comportamento carcerário gerar a esperança de progredir de regime. É exatamente permitir que aquele que iniciou o cumprimento no regime fechado progredir para o semiaberto, e quem iniciou no regime semiaberto progredir para o aberto. Trata-se de privilegiar o condenado que apresenta mérito durante o cumprimento de sua pena. Esse benefício não pode ser negado quando preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos, que é um misto de tempo mínimo do cumprimento da pena, com o mérito do condenado. Assim estarão sendo respeitados os princípios da dignidade da pessoa humana, da humanidade da pena, e da reeducação.
A pena privativa de liberdade nos crimes comuns será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6 da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, atestado pela direção da unidade prisional. Já a progressão para os crimes hediondos, a progressão é mais severa, sendo a progressão de regime concedida após o cumprimento de 2/5 se o apenado for primário, e de 3/5 se reincidente.
A Lei n° 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) quando nasce anuncia regime integralmente fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparado, ou seja, os condenados não tinham direito a progressão de regime. Esse regime foi declarado inconstitucional pelo STF por violar inúmeros princípios, como da dignidade da pessoa humana.
 O STF com a súmula vinculante 26:
 “ Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. 									
Esta súmula determinou aos tribunais que se aplicassem, sobre os crimes hediondos e equiparados, as regras da Lei nº 7.210/84 a respeito da progressão de regime (cumprimento de 1/6). Por isso, para os autores de delitos hediondos ocorridos até a entrada em vigor da Lei nº 11.464/07, dessa maneira, não retroage, pois mais rigorosa. Para esses agentes, portanto, continuam a incidir as regras da Lei de Execução Penal. A súmula ainda faz alusão à necessidade do exame criminológico, atualmente se trata de estudo facultativo devendo o magistrado fundamentar sua necessidade, como prediz a súmula nº 439 do STJ:  Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. 	
O STJ firmou seu posicionamento com a súmula 471: 
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional., 
Sustentando a orientação de que a progressão de regime nos crimes hediondos praticados antes da lei 11464/07 (que alterou a progressão em crimes hediondos) é de 2/5 para primários e 3/5 para reincidentes, deve ser aplicado o art. 112 da LEP, ou seja, 1/6 para a progressão. Isso porque a lei dos crimes hediondos, antes da lei 11464/07 proibia a progressão de regime nos crimes hediondos, mas o STF considerou tal vedação inconstitucional, passando a aplicar 1/6, nos termos da LEP. Essa lei tem que respeitar os fatos pretéritos, não pode retroagir, evitando-se a retroatividade maléfica. 
O Brasil não admite na lei a progressão per saltum (por saltos), como prediz a súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. (Súmula 491, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012)”, que é a passagem direta do regime fechado (mais rigoroso) para o aberto (menos rigoroso), pois obrigatoriamente tem que cumprir uma parte da pena no regime semiaberto (intermediário), além, evidentemente, da demonstração do mérito, consistente no cumprimento dos requisitos de ordem subjetiva que são: aptidão, capacidade e merecimento. Mas na pratica a progressão per saltum acaba acontecendo, pois em decorrência da ineficiência do Estado na prestação do devido processo executivo penal, o condenado nem no regime aberto ficará, ele vai aguardar o surgimento de vaga no regime adequado cumprindo pena na prisão domiciliar, pois a aplicação de uma pena mais severa, é considerada cruel, e no Brasil, segundo a Constituição federal, não se pode aplicar penas cruéis.
 Mesmo a prisão domiciliar tendo um rol taxativo, o qual prevê quatro hipóteses, nas quais seria possível o cumprimento da pena em residência particular, sendo elencado no artigo 117, da Lei de Execução Penal, que prediz: 
“Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.” 
Não restando opção por motivo da falta de vagas, para que o condenado seja imposto a um regime mais rigoroso, do que aquele estipulado em sentença condenatória ocorre à permissão da substituição da Casa de Albergado, pela própria residência do condenado, com todas as limitações inerentes para tal regime, diversamente do que acontece nas hipóteses do artigo 117 em que o legislador não estipula forma de cumprimento. Caso o condenado não cumpra o que lhe for imposto, poderá ocorrer então a regressão do regime.
Conforme o entendimento do STJ a respeito do caso:
“Esta Corte Superior tem entendido pela concessão do benefício da prisão domiciliar ou albergue, a par daquelas hipóteses contidasno art. 117 da Lei de Execução Penal, aos condenados que vêm cumprindo pena em regime mais gravoso do que o estabelecido na sentença condenatória ou que foram promovidos ao regime intermediário, mas não encontram vaga em estabelecimento compatível. Ordem concedida, em que pese o parecer ministerial em sentido contrário, para determinar que o paciente permaneça no regime aberto até o surgimento de vaga em estabelecimento adequado” (STJ, HC 186065/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Dje 1º/7/2011).
Observando-se a falta de vagas nas unidades prisionais para o cumprimento do regime fechado, que de acordo com o art. 33 do Código Penal, devem ser cumpridas em estabelecimento de segurança máxima ou média, com o acontecimento das superlotações dos presídios. Nos regimes semiaberto e aberto, como supracitado, a realidade não é diferente, pois o número de condenados que deveriam estar cumprindo sua pena nesses regimes não condiz com o número de colônias agrícolas, industriais ou estabelecimento similar existente para o cumprimento do regime semiaberto, e com número existente de casa de albergado ou estabelecimento adequado para cumprimento do regime aberto. 
Tendo em vista a precária condição do sistema carcerário, e a deficiência estatal em prover vagas no regime adequado ao condenado, surge a súmula vinculante n° 56 do STF: 
“A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.”
Esta que reconhece que não é possível manter o preso em regime prisional mais gravoso por falta de vagas no regime adequado. Com isso, o condenado deve cumprir a pena no regime prisional correspondente, nem mais brando, e nem mais gravoso. No entanto, se o Estado não reúne condições mínimas para oferecer o regime prisional adequado, o condenado vai para o regime mais brando. O condenado não pode pagar o preço pela omissão do Estado. 
Antes dessa jurisprudência do STF, devido à falta de vagas no regime semiaberto, o condenado que tinha direito a progressão para o regime semiaberto, aguardava o surgimento dessa vaga em regime fechado. Com isso, o STF consolidou na súmula vinculante n° 56, que os condenados que tem direito a progressão de regime, e não tendo vaga no regime semiaberto, devem aguardar o surgimento de vaga no regime aberto, e não em regime fechado como acontecia antes da criação da súmula. O grande problema que surge é que se não há vagas no regime semiaberto, muito menos existem vagas no regime aberto. Pois no Brasil praticamente não existe casa de albergados funcionando. Com isso, na pratica o condenado vai aguardar o surgimento de vaga para o regime semiaberto na prisão domiciliar, ou até mesmo livre, com uso de tornozeleira eletrônica ou mediante comprovação de trabalho.
De acordo com o site de noticias “Migalhas”, (em 29 de janeiro de 2014), apenas em 11 capitais os condenados ao regime semiaberto ficam reclusos exclusivamente em colônias agrícolas industriais e estabelecimentos similares. São elas: Rio Branco/AC, Salvador/BA, Goiânia/GO, Campo Grande/MS, Recife/PE, Teresina/PI, Curitiba/PR, Rio de Janeiro/RJ, Natal/RN, Porto velho/RO, Porto Alegre/RS e Palmas/TO
	UF
	Capital
	Dorme e passa o dia em colônia agrícola, industrial ou similar
	Trabalha durante o dia e dorme em colônia agrícola, industrial ou similar
	Dorme e passa o dia em penitenciária
	Dorme em penitenciária e sai para trabalhar durante o dia
	Fica em prisão domiciliar
	Fica livre, mas com tornozeleira eletrônica
	Fica livre mediante comprovação de emprego
	AC
	Rio Branco
	X
	X
	-
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	-
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	AL
	Maceió
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	X
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	-
	AM
	Manaus
	-
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	X
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	AP
	Macapá
	X
	X
	X
	X
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	BA
	Salvador
	X
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	CE
	Fortaleza
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	DF
	Brasília
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	ES
	Vitória*
	-
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	GO
	Goiânia
	X
	X
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	MA
	São Luís
	X
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	MG
	Belo Horizonte
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	MS
	Campo Grande
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	X
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	Cuiabá
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	X
	PA
	Belém
	X
	X
	X
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	X
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	PB
	João Pessoa
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	X
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	PE
	Recife
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	PI
	Teresina
	X
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	PR
	Curitiba
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	RJ
	Rio de Janeiro
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	Natal
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	Porto Velho
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	RR
	Boa Vista
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	Porto Alegre
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	SE
	Aracaju
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	SC
	Florianópolis
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	São Paulo
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	TO
	Palmas
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	X
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Informações válidas para detentos homens.
Como supracitado, a finalidade da progressão é a ressocialização do condenado para seu retorno ao convívio em sociedade, porém cada vez mais, há superlotação nos presídios piorada com a questão da reincidência, o que prova a ineficácia do sistema carcerário, uma vez que é concedida ao preso a liberdade sem a devida ressocialização, pois não pode usufruir de condições favoráveis, na pratica a recuperação em alguns casos se da exclusivamente por vontade e mérito do condenado.													 O Estado tem a responsabilidade de proporcionar tais condições de favorecimento para a volta do condenado ao convívio social e não somente a progressão de regime visando o esvaziamento das prisões, uma vez que o art 1° da LEP (Leis de Execuções Penais) expressa o objetivo da execução penal.			Segundo ranking divulgado pela organização de sociedade civil mexicana Segurança, Justiça e Paz, que faz o levantamento anualmente com base em taxas de homicídios por 100 mil habitantes, o Brasil é o país com o maior número de cidades, entre as 50 áreas urbanas mais violentas do mundo, 17 estão no Brasil.		Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde (MS). Isso equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil. O Ipea constatou que um a cada quatro ex-condenados voltam a obter condenação por algum outro crime em menos de cinco anos. Analisando principalmente o Rio de janeiro, observa-se que o estado vive uma crise de segurança pública, visto a taxa de crescimento de 29,4 em 2016 para 32 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado.											Podemos apontar como os principais efeitos para reincidência, guerra de facções criminosas, o crescimento do tráfico de drogas proporcionado pela corrupção notória no país, a falta de oferta de emprego, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018, o desemprego ficou em 13,1% no primeiro trimestre e ao todo, 13,7% milhões de pessoas procuram emprego no país neste período. Considera-se também o baixo investimento na educação juntamente com sua ineficácia, uma vez que o perfil dos condenados e reincidentes é formado por jovens com baixa escolaridade. 	 Com a superlotação, a falta de políticas públicas ativas e eficientes no sistema prisional e o aumento da criminalidade no país, a progressão tem funcionado apenas como esvaziamento das prisões. Na redação da legislação brasileira deveria funcionar bem este sistema, mas devido à estrutura social no Brasil juntamente com condições precárias e ineficazes dos presídios, bem como vale ressaltar os interesses inversos dos representantes do Estado, demostrando principalmente nos dias atuais a falta de interesse no povo, dados os exemplos de corrupção notórios que estamos vivenciando de forma desmascarada. É um ciclo de criminalidadeque parece ser infindável.
	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Para fins conclusivos, fica constatado que, a progressão de regime não atende a finalidade prevista na Convenção Americana de Direitos Humanos, e ao objetivo previsto na Lei de Execução Penal, que é a ressocialização do condenado, reintegrando-o ao convívio social. Isso se dá em razão da ineficiência do Estado na prestação do devido processo executivo penal. 
A realidade seria outra se houvesse estabelecimentos prisionais bem estruturados a fim de proporcionar meios aptos para progressão do preso do sistema penal para o retorno do convívio em sociedade. Isso diminuiria o numero de reincidência ao sistema penal, baseando-se em pesquisas, estatísticas e opiniões no que tange a aplicabilidade das medidas adotadas no nosso ordenamento jurídico. 
 Então, estamos expondo fatos baseando-se em dados obtidos através de pesquisas, considerando nossa percepção no que se refere ao tema apresentado, não tanto técnicas a respeito de somente uma de várias situações de desordem no sistema penitenciário nacional, o que contribui para se chegar a conclusão de quão é complexa as falhas que ocasionam o seu mau funcionamento e contribuem para o agravamento do problema social.
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratato de Direito Penal. 17º ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 4° ed. Salvador: JusPODIVM, 2016.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 16° ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. 17° ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p. 586.
BRASIL. Lei n° 7.210, 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal. Brasília, julho de 1984. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm > Acesso em 04 nov. 2017.
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, dezembro de 1940. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm >. Acesso em 04 nov. 2017.
BRASIL. Lei n° 8.072, 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5°, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina as providências. Brasília, julho de 1990. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm >. Acesso em 04 nov. 2017.
BRASIL. Lei n° 11.464, 28 de março de 2007. Da nova redação art 2° da lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art 5° da Constituição Federal. Brasília, março de 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11464.htm >.Acesso em 04 nov. 2017.
BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula vinculante n° 56. A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=3352> Acesso em 14 nov. 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula vinculante n° 26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1271 > Acesso em 14 nov. 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Súmula n° 471. Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Disponível em < http://www.conteudojuridico.com.br/sumula-organizada,stj-sumula-471,31412.html > Acesso em 14 nov. 2017.
TOMÉ, FERNANDES SEMIRAMYS. Progressão de regime. 2018. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/51824/progressao-de-regime-a-ineficiencia-do-estado-em-proporcionar-tal-benevolencia-ao-apenado-para-fins-ressocializatorios> Acesso em: 16 jun 2018.
Agência CNJ de Notícias. Critérios para progressão de regime de penas. 2018. Disponível em:<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84557-criterio-de-juizes-para-pena-a-preso-em-regime-aberto-semi-aberto-e-fechado> Acesso em: 16 jun. 2018
CERQUEIRA, DANIEL. Atlas da violência 2018. 2018. Disponível em< http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=33410&Itemid=432 > Acesso em: 16 jun 2018.
NEWS, BRASIL. Estas são as 50 cidades mais violentas do mundo. 2018. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43309946 > Acesso em: 16 jun 2018.
ECONOMIA UOL. 2018. Disponível em < https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/04/27/desemprego-pnad-ibge.htm > Acesso em 16 jun 2018.

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