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2 
 
 
 
 
 
 
Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do curso de Investigação Criminal 2. 
Nesta unidade do curso você estudará o processo da investigação criminal, os métodos e as técnicas 
utilizadas neste processo. 
Tal qual como ocorreu com a primeira unidade, a proposta desta unidade é criar condições para que 
você obtenha conhecimentos básicos e possa exercitar algumas habilidades necessárias ao serviço 
profissional da área de segurança pública, em colaboração à investigação criminal, compreendendo a 
aplicação prática de aspectos conceituais e metodológicos pouco explorados no universo investigativo 
policial. 
Como você estudou na unidade 1, a investigação criminal é um processo científico, multidisciplinar, 
que depende dos referenciais de conhecimento de cada um dos profissionais da segurança pública. 
Como processo científico, depende de métodos e técnicas que serão aplicados pelo investigador com 
o apoio de cada um daqueles que colaboram com a busca da prova de um delito. Exige de seus executores 
postura lógica e percepção sistêmica do problema em estudo. 
Para cumprir sua missão de cientista da investigação criminal, o investigador deve compreendê-la como 
um conjunto de ações cronologicamente definidas e interdependentes que conduzam à elaboração de uma 
versão verossímil de um fato ocorrido. Nesse aspecto, pode ser promovida em etapas sistêmicas que são: 
Planejamento; Coleta, registro e análise de dados; Confirmação de hipóteses e Conclusão. 
Como dito, os cursos Investigação Criminal 1 e 2 fazem parte de um processo de construção e 
desenvolvimento de uma nova percepção da prestação dos serviços de segurança pública, voltado à 
formatação de novos modelos para a formação permanente dos profissionais da segurança pública no 
Brasil. 
Pronto para começar? 
 
 
Objetivo do curso 
 
Ao final do curso, você será capaz de: 
• Caracterizar cada uma das etapas do processo de investigação criminal; 
• Identificar métodos e técnicas de coleta e análise de dados, conhecimentos que deverão ser validados 
para sustentar uma versão verossímil de um fato classificado como crime e a respectiva identificação de seu 
autor; 
• Reconhecer a importância de adotar uma postura de cientista no desenvolvimento do processo da 
investigação criminal. 
 3 
 
Estrutura do curso 
 
Este curso abrange os seguintes módulos: 
 
• Módulo 1 – Planejamento da investigação criminal; 
• Módulo 2 – Coleta de dados e informações na investigação criminal; 
• Módulo 3 – Métodos de coleta de dados; 
• Módulo 4 – A divisão didática da investigação; 
• Módulo 5 – Análise de dados e gestão do conhecimento produzido pela investigação; 
• Módulo 6 – Elaboração do relatório; 
• Módulo 7 – Aspectos práticos da investigação de homicídios; 
• Módulo 8 – A transversalidade da ética e dos direitos humanos na investigação criminal; 
• Módulo 9 – Estudo de casos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Toda atividade humana representa a utilização de recursos e energia para a obtenção de um 
determinado resultado em um prazo específico. É muito comum, entretanto, que as pessoas realizem ações de 
forma tão repetitiva que acabem por automatizar seus atos sem parar para refletir sobre sua essência, lógica e 
melhor forma de execução. 
Essa realidade é comum em ações simples do cotidiano de qualquer pessoa, mas, infelizmente, é 
também observada na prática de processos complexos de pesquisa, como no caso da investigação criminal. 
Nesse aspecto, ainda que se tenha um objetivo definido – esclarecer um crime e comprovar sua autoria 
– o percurso que conduz o investigador desde o início até a conclusão da investigação se torna mais difícil e, 
não raras vezes, ineficaz. 
O planejamento, portanto, apresenta-se não como um luxo ou acessório à investigação criminal, mas 
parte inicial e imprescindível em todo e qualquer caso. 
Suponhamos que você pretenda comprar um apartamento ou realizar uma viagem internacional. É até 
possível que sem planejar você possa alcançar o resultado pretendido, mas, além de ser pouco provável, ainda 
que consiga, terá desperdiçado recursos, tempo e energia que, em alguns casos, permitiriam um resultado 
melhor. Pense que nessa hipótese específica, isso poderia ser um imóvel de 3 quartos no lugar daquele de 2 
que foi adquirido ou uma permanência de 15 dias na Europa, em vez de um período mais curto. 
Então, é necessário que você compreenda a essência e a importância de planejamento! 
 
Neste módulo, você estudará sobre a aplicação e a importância do planejamento na Investigação 
Criminal. 
 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Compreender o conceito e a importância do planejamento; 
• Listar os tipos de planejamento; 
• Elaborar um plano operacional para a investigação criminal. 
MÓDULO 
1 
PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 5 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo abrange as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Planejamento; 
• Aula 2 – Tipos de planejamento; 
• Aula 3 – Como elaborar um plano operacional da investigação criminal. 
 
Aula 1 – Planejamento 
 
1.1 O que é planejamento? 
Parta do seguinte raciocínio: a compra do apartamento ou a viagem à Europa não acontecerão 
apenas porque você quer. Seu querer define apenas o objetivo a ser alcançado, mas não garante que ele seja 
realizado. 
 
Pare por um momento para lembrar de tantas coisas que você já desejou fazer e que não foram 
realizadas! Certamente você verá que duas coisas podem ter faltado: o desejo verdadeiro de defini-las como um 
objetivo a ser alcançado e o planejamento das ações necessárias para fazer daquele objetivo uma realidade. 
 
Se o “querer” é verdadeiro a ponto de estabelecer o objetivo, falta a construção metódica desse 
“querer”, isso é, a elaboração do planejamento das ações para que ele se torne realidade. 
Para comprar um apartamento, é preciso definir sua especificação, analisar limites de preços viáveis, 
decidir quanto à localização, realizar pesquisa de campo e visitação, dentre tantas outras questões. 
Se uma ação “simples” como a compra de um apartamento, exige tantos detalhes, imagine uma 
investigação criminal que exige a reconstrução de um fato ocorrido e que envolve diversos interesses, 
pessoas e coisas, podendo demorar anos inclusive!!! 
“Planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e prever as formas 
alternativas de ação para superar as dificuldades e/ou alcançar os objetivos desejados” (Dr. Romero Meneses) 
 
Já é possível ter uma ideia do que é o planejamento? 
 Veja alguns conceitos: 
- Planejar é conhecer e entender o contexto; é saber o que se quer e como atingir os objetivos; é 
saber como se prevenir; é calcular os riscos e buscar minimizá-los; é preparar-se taticamente; é ousar as 
metas propostas e superar-se de maneira contínua e constante. Planejar não é só vislumbrar o futuro, é também 
uma forma de assegurar a sobrevivência e a continuidade dos negócios. Isso ocorre à medida que se 
formalizam programas e procedimentos que capacitam os profissionais a atuarem de modo consciente e 
consequente, face às eventualidades que se apresentam no cotidiano das organizações. (CHIAVENATO & 
SAPIRO, 2004) 
 
 6 
- Para Zimmermann (Curso Gestão de Projetos), planejar é “tornar claro aonde se quer chegar, tomar 
as decisões e escolher as ações que acreditamos que possam nos levar ao objetivo desejado”. 
- E o filósofo romano Sêneca também nos leva a refletir sobre o planejar quando afirma:“Se você não 
sabe para onde vai, todos os ventos parecerão desfavoráveis”. 
E isso não é verdade? Antes de qualquer tomada de decisão, você acha que a atitude mais conveniente 
é estabelecer um rumo, um objetivo ou um ponto de chegada? 
O planejar é um processo que envolve um modo de pensar que nos leva a indagações, e essas nos 
conduzem a questionamentos sobre o que fazer, como fazer, quanto fazer, para quem fazer, por quê, por 
quem e onde fazer. 
Contextualizando a investigação com esses raciocínios, pode-se afirmar, de maneira simples e objetiva, 
que planejar a investigação significa definir qual o objetivo e de que forma ele será alcançado, definindo-se 
recursos, tempo e ações. 
Aplicando planejamento à investigação criminal, você precisa compreender dois pontos específicos 
para realizá-la de forma adequada: 
 
Qual o ponto de partida? ------------------------- Qual o ponto de chegada? 
 
Enxergar o ponto de partida significa entender a partir de qual dado a investigação terá início, o que é 
essencial para estabelecer o caminho a ser percorrido até o ponto de chegada, ou aonde se pretende chegar. 
Toda investigação, via de regra, pode partir de duas situações distintas bem definidas. A primeira é a 
notícia do fato, como por exemplo, um homicídio, uma ameaça, um roubo, um furto, um estupro, etc. Nesse 
caso, parte-se do crime noticiado (ponto de partida) para identificar e sustentar a sua autoria (ponto de 
chegada). 
Exemplo: A equipe de investigadores é acionada para comparecer ao local de uma morte violenta 
indicativa de homicídio. O início da investigação, portanto, é o fato em si: morte violenta. Não se sabe nada, 
ainda, sobre o autor, circunstâncias e motivação. 
 
Na segunda situação, parte-se de um objeto ou sujeito a ser investigado, como por exemplo, no tráfico 
de drogas, em que o início da investigação ocorre com a identificação de uma pessoa ou grupo de pessoas que, 
em tese, estão comercializando drogas, ou ainda, de um determinado território em que esse comércio estaria 
ocorrendo. Nota-se aqui, que se parte do suspeito (ponto de partida) para identificar e demonstrar o crime 
praticado (ponto de chegada). 
Exemplo: A equipe de investigadores é designada para investigar o tráfico de drogas praticado pela 
quadrilha de Marquito III. Não há um local de crime propriamente definido, e o início da investigação, portanto, 
é o suposto autor e não o crime em si. Ainda, não se sabe nada sobre o local desse crime e a forma como ele é 
praticado. 
 
 
 7 
Assim há... 
Hipótese 1 Hipótese 2 
 
CRIME (FATO) 
 
 
 
SUSPEITO (AUTOR) 
 
SUSPEITO (AUTOR) 
 
 
 
CRIME (FATO) 
 
 
O planejamento descreverá de forma global o objetivo definido e o caminho a ser percorrido entre o 
ponto de partida e o ponto de chegada, incluindo aí o que será feito, quais os recursos utilizados, de que forma, 
em que prazo, onde, por quem, etc. 
- O que fazer? 
- Como fazer? 
- Quando fazer? 
- Por que? 
- Onde fazer? 
 
1.2 Variáveis a serem consideradas 
O planejamento não é o engessamento da investigação, como se poderia se pensar. É um caminho 
definido previamente, mas sujeito a fatores diversos que o influenciarão, denominados de variáveis, como: falta 
de recursos, greves, morte de testemunhas, fuga do suspeito, etc.. Ou seja, mesmo com o planejamento, é 
necessária a reavaliação permanente das ações e estratégias por meio de um processo decisório constante e 
sujeito a interferências externas e internas da agência de investigação. O fato é que, sem o planejamento pode 
ser impossível lidar com as variáveis, que podem ser externas ou internas. 
As variáveis externas estão em contínua alteração com diferentes níveis de intensidade de influência, 
e decorrem de fatores que não estão sob controle do investigador ou da agência de investigação. 
Exemplo: Decisão judicial mandando suspender uma diligência, evolução tecnológica possibilitando 
novos métodos para a investigação, uma nova lei que descriminaliza uma conduta. 
As variáveis externas podem ser vistas como AMEAÇAS. 
Ameaças: referem-se a características negativas do ambiente externo, não controláveis pela 
organização, que podem prejudicar a execução dos planos e o cumprimento das metas. 
As variáveis internas resultam de fatores integrantes da instituição e possivelmente estão sob controle 
do investigador ou da agência de investigação. 
Exemplo: Efetivo reduzido e sobreposição de agendas para determinada atividade. 
 
 
 
 
 8 
1.3 Princípios do planejamento 
Alguns princípios operacionais dão o norte, a direção do planejamento. Dentre os princípios gerais 
podem ser ressaltados: 
Princípio da precedência: Significa que o planejamento deve ser a função administrativa que vem 
antes das outras, na busca da resolução dos problemas. Em resposta ao “como vai ser feito”, o planejamento 
assume o início do processo. 
Princípio da maior penetração e abrangência: Consiste no fato da atividade de planejamento 
provocar uma série de modificações nas características do sistema, com envolvimento da conduta das pessoas 
e atividades na absorção de novas tecnologias. 
Princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade: Consiste no fato que o planejamento deve 
procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. 
 
Para Oliveira (2007), tais princípios têm os seguintes significados: 
Eficiência: 
• Fazer as coisas da maneira adequada; 
• resolver problemas; 
• cuidar dos recursos aplicados; 
• cumprir o dever e reduzir custos. 
 
Eficácia 
• Fazer as coisas certas; 
• produzir alternativas criativas; 
• maximizar a utilização dos recursos; 
• obter resultados e aumentar o lucro. 
 
Efetividade 
• Manter-se sustentável no ambiente; 
• apresentar resultados globais ao longo do tempo; 
• coordenar esforços e energias sistematicamente. 
 
Aula 2 – Tipos de planejamento 
 
2.1 Níveis de planejamento 
O planejamento divide-se em três níveis: 
Planejamento estratégico 
Diz respeito à formulação de objetivos de longo prazo e à seleção dos recursos de ação a serem 
seguidos. Define o resultado pretendido por uma determinada organização em um prazo específico e cuida das 
 9 
políticas necessárias para o alcance desse resultado, estando a cargo, via de regra, da cúpula das organizações 
(empresas ou órgãos policiais) ou Instituições (Estado). 
Exemplo: O plano plurianual da Secretaria de Segurança Pública de redução dos crimes violentos no 
estado. 
 
Planejamento tático 
Relaciona-se aos objetivos de mais curto prazo, com estratégias e ações que, geralmente, afetam só 
parte da instituição. Seria a decomposição dos objetivos, das estratégias e políticas estabelecidas no 
planejamento estratégico e é desenvolvido pelos níveis organizacionais intermediários. 
Exemplo: O plano da Polícia Civil estabelecendo estratégias para enfrentamento ao crime de roubo a 
banco no estado, durante seis meses. 
 
Planejamento operacional 
É a formalização, via de regra, por meio de documentos escritos, da metodologia de desenvolvimento 
e de implantação estabelecida. 
Nesse nível estão os planos de ação ou os planos operacionais. 
Exemplo: O plano operacional da delegacia especializada na apuração de roubos a bancos, detalhando 
a prática operacional do enfrentamento aos roubos a banco. 
 
Nota 
Por uma questão metodológica do curso, será abordado com maior ênfase, o planejamento operacional 
da investigação criminal. 
 
2.1.1 Plano operacional da investigação criminal 
 
Para compreender o plano operacional da investigação criminal, é preciso colocá-lo dentro de um 
contexto. 
Você percebeu que o plano estácontido em um processo que é o planejamento. Esse processo é parte 
de outro contexto maior que é o projeto. 
 
O que é um projeto? 
Projeto: projectum do verbo em latim proicere, (antes de uma ação). 
Pró: precedência, algo que vem antes. 
Projeto: antes de uma ação. 
Projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência lógica de 
eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido 
por pessoas dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. (PMBOK, 
2000) 
 
 10 
Segundo Zimmermann (Curso Gestão Projetos), “projeto é um conjunto de atividades inter-
relacionadas e direcionadas à obtenção de um ou mais produtos (bens ou serviços) únicos, com tempo e 
custos definidos.” 
 
Características do Projeto 
As principais características dos projetos são: 
- Planejados, executado e controlado; 
- Desenvolvidos em etapas e continuam por incremento com uma elaboração progressiva, realizados 
por pessoas; 
- Temporários, possuem um início e um fim definidos; 
- Entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos; 
- Com recursos limitados. 
 
Os projetos e as ações que o compõem são, via de regra, registrados de alguma forma e materializados 
por determinado instrumento. 
No caso da investigação criminal, o conjunto de ações será materializado por meio do inquérito policial, 
mas não se confunde com esse procedimento escrito previsto no Código de Processo Penal. 
Segundo Couto (2015), (...) “embora do ponto de vista teórico exista uma diferença patente entre 
investigação e inquérito, na prática essas duas instâncias se confundem a ponto de tornarem-se uma totalidade 
indivisa na consciência dos operadores.” 
Uma coisa, portanto, é a atividade em si de descobrimento de um crime, que significa a investigação. 
Outra é o registro escrito das atividades que foram desenvolvidas, que é o inquérito policial. 
 
Importante! 
No planejamento da investigação, o plano operacional é a ferramenta utilizada para organizar as ações, 
detalhando prazos, responsabilidades, custos, os subprodutos a serem obtidos, como será 
acompanhado e os instrumentos necessários para tal. 
 
Existem diversas espécies de crimes ocorrendo em meios sociais específicos, de forma que não é 
possível tratá-los de maneira isonômica. É preciso, antes, compreender quais são os crimes que afligem e 
impactam um determinado território (pode ser um bairro, um conjunto de bairros, uma região, etc...) e, em 
seguida, analisar essa dinâmica criminal para atuar sobre um problema e não, apenas reativamente sobre os 
incidentes causados por ele. A única forma de alcançar o nível desejado de excelência na tratativa do fenômeno 
criminal é atuar de maneira profissional. Esse conhecimento sobre o tipo de criminalidade e os padrões de 
conduta é imprescindível ao investigador moderno. 
 
Como conseguir isso? -------------------------------------->Como conseguir isso? 
 
 11 
Charles Darwin dizia que as espécies vivas que sobrevivem não são as mais fortes e nem as mais 
inteligentes, são aquelas que conseguem adaptar-se e ajustar-se às demandas do meio ambiente. 
Esse é o segredo para a investigação criminal conseguir resultados satisfatórios. Ser organizada 
e planejada, o suficiente para conseguir ajustar-se e adaptar-se a um diagnóstico específico, próprio a um 
território definido e a padrões específicos de crime. 
O êxito de um plano depende da correta previsão de recursos necessários, de forma a assegurar que 
eles estarão disponíveis no local e no momento adequado para realizações das atividades. 
 
Importante! 
Ainda que se tenha um planejamento bem definido, é possível e até provável que surjam imprevistos 
exigindo alteração de rota e até improvisos. Sem o planejamento, entretanto, será impossível lidar com 
eles. 
 
 
Aula 3 – Como elaborar um plano operacional da investigação 
criminal 
 
O plano operacional da investigação é a organização escrita das etapas, recursos e responsáveis 
pelas atividades em uma determinada investigação. Será mais ou menos sofisticado, conforme a complexidade 
da investigação. 
 O plano permitirá a diminuição dos riscos, incertezas, a identificação e restrição dos erros, antes 
que ocorram na prática. 
 
 
3.1 5W e 1H 
Para elaborar um plano operacional da investigação, você poderá utilizar algumas ferramentas que 
possibilitam a colocação ordenada das metas e estratégias para alcançá-las. 
A figura a seguir demonstra uma ferramenta denominada de 5W e 1H. A nomenclatura decorre da 
grafia, em inglês, dos termos. Trata-se de uma ferramenta cuja metodologia poderá ser facilmente 
adaptada para o plano de uma investigação criminal. 
Veja a seguir, como a mesma metodologia pode ser aplicada no planejamento operacional da 
investigação, variando apenas a forma. 
O QUÊ?: Ações a serem desenvolvidas: descrever as atividades que compõem o conjunto da 
investigação que será realizada a ser executada. 
QUEM?: Executores: individualizar os responsáveis por cada atividade. Obrigatoriamente definindo 
pessoas e não unidades ou equipes, viabilizando o monitoramento e cobrança dos resultados. 
POR QUÊ?: Justificativa: descrever as razões de cada atividade e o resultado esperado. 
 
 12 
QUANDO?: Período de execução: estimar os prazos necessários para a realização de cada atividade, 
atentando-se para o prazo limite do inquérito policial, embora seja possível a dilação de prazo. Ainda que 
existam variáveis, é fundamental prever o tempo necessário à execução das ações. 
ONDE?: Local das atividades: situar os locais onde serão realizadas as atividades e de onde serão 
coordenadas. 
COMO?: Técnicas: especificar de que forma as atividades serão desenvolvidas, atentando-se para a 
eficácia dos instrumentos de acordo com os fins pretendidos. 
 
3.2 Plano operacional da investigação X Plano estratégico da investigação 
No plano operacional, o nível da informação é detalhado, analítico, contemplando pormenores 
específicos de uma ação. O êxito da investigação planejada é o de encontrar elementos de autoria e 
materialidade. Diz respeito ao detalhamento, no nível de operação, das ações e atividades necessárias para 
atingir os objetivos e metas fixadas no plano estratégico da investigação. 
O plano estratégico da investigação pode ser representado por dois objetivos interdependentes e 
igualmente relevantes. 
O primeiro é a individualização da autoria do crime e o fornecimento de provas suficientes à 
deflagração da ação penal que objetivará a responsabilização do autor conforme o direito penal. 
O segundo é a compreensão da dinâmica criminal em uma base territorial definida, especialmente 
em crimes recorrentes como homicídios e roubos em locais determinados, permitindo-se estruturar ações de 
intervenção na origem dos problemas. 
 
Saiba mais... 
O guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK) é um conjunto de práticas na gestão de 
projetos organizado pelo instituto PMI e é considerado a base do conhecimento sobre gestão de projetos por 
profissionais da área. 
Na REDE-EAD Senasp há um curso específico de Gestão de Projeto. Aproveite e matricule-se! 
 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você: 
• Teve oportunidade de conhecer os tipos de planejamentos que poderão ser aplicados na 
investigação criminal. 
• Conheceu, também, técnicas que irão habilitá-lo a elaborar um plano operacional para os 
procedimentos da investigação criminal. 
• Entretanto, nada disso repercutirá na qualidade e na eficácia da coleta de provas de um delito 
se você não refletir sobre a importância do planejar suas ações de investigação e não adotar atitudesque 
interfiram na construção dessa eficácia. 
 13 
• No próximo módulo, você terá oportunidade de conhecer e discutir conhecimentos sobre 
técnicas de coleta de dados e informações para a investigação criminal. 
 
 
Exercícios 
 
1. De acordo com os princípios do planejamento, o princípio da precedência significa que: 
 
a. O planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. 
b. O planejamento deve ser a função administrativa que vem antes das outras, na busca da resolução 
dos problemas. 
c. A atividade de planejamento deve provocar uma série de modificações nas características do sistema, 
com envolvimento da conduta das pessoas e atividades na absorção de novas tecnologias. 
 
2. Relacione os itens da primeira coluna com seu correspondente na segunda coluna. 
 
(1) Eficiência 
(2) Eficácia 
(3) Efetividade 
 
( ) Manter-se sustentável no ambiente; apresentar resultados globais ao longo do tempo; coordenar 
esforços e energias sistematicamente. 
( ) Fazer as coisas da maneira adequada; resolver problemas; cuidar dos recursos aplicados; cumprir o 
dever e reduzir custos. 
( ) Fazer as coisas certas; produzir alternativas criativas; maximizar a utilização dos recursos; obter 
resultados e aumentar o lucro. 
 
3. Dentre as alternativas abaixo, qual delas é um exemplo de planejamento estratégico? 
 
a. O plano operacional da delegacia especializada na apuração de roubos a bancos. 
b. O plano plurianual da Secretaria de Segurança Pública, de redução dos crimes violentos no estado. 
c. O plano da Polícia Civil estabelecendo estratégias para enfrentamento ao crime de roubo a banco no 
estado, durante seis meses. 
 
4. Em relação ao plano operacional da investigação é correto afirmar que: 
 
a. O plano operacional da investigação é um documento onde serão descritos os objetivos da 
investigação e os passos necessários para que esses objetivos sejam alcançados. 
 
 14 
b. Mesmo bem elaborado, o plano não permitirá a diminuição dos riscos, incertezas, a identificação e 
restrição dos erros, antes que ocorram na prática. 
c. A utilização de ferramentas que possibilitam a colocação ordenada das metas e estratégias para 
alcançá-las, pouco poderão auxiliar na elaboração do plano operacional da investigação. 
 
5. Considerando a natureza científica da investigação criminal, faça uma análise crítica sobre a 
importância do planejamento no processo da coleta da prova de um crime. 
 
 
 
 
 15 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letra B 
2. Resposta Correta: 3-1-2 
3. Resposta Correta: Letra B 
4. Resposta Correta: Letra A 
5. Orientação de resposta: A investigação criminal deve ser concebida como uma pesquisa 
metodológica de cunho científico, com a definição clara de objetivos e de hipóteses a serem testadas, 
apontando-se uma conclusão. Não é possível que se desenvolva uma pesquisa nestes termos, sem 
que haja um planejamento adequado, envolvendo um cronograma de ações a serem desenvolvidas. 
 
 
 
 16 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Concluída a primeira fase da investigação, o planejamento, o investigador parte para a coleta de dados 
e informações. Nesta fase, busca-se obter informações a respeito da realidade específica, ou seja, as 
circunstâncias em que ocorreu o delito, e quem o teria praticado. 
É preciso ter em mente que a investigação criminal é uma pesquisa que reúne dados de fontes 
diversas e as organiza para elaborar uma versão verossímil de um fato classificado pelo direito penal como 
crime. Essa versão é denominada no direito processual penal e na prática policial de VERDADE REAL. 
Neste módulo você estudará os métodos e as técnicas utilizadas na busca desses dados. 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Definir dados, informações e conhecimentos; 
• Identificar as técnicas básicas para a investigação criminal; 
• Reconhecer a importância da utilização adequadas de técnicas na investigação criminal. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo abrange as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Coleta de dados 
• Aula 2 – Utilização adequada das técnicas de investigação 
• Aula 3 – Técnicas básicas de investigação criminal 
 
 
 
MÓDULO 
2 
COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES NA 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 17 
Aula 1 – Coleta de dados 
 
1.1 Dados X informação 
Você acha que há diferença entre dados e informação? Qual é a utilidade prática desses conceitos para 
a investigação criminal? E conhecimento, você sabe o que é? 
Pense um pouco a respeito dessas 3 palavras: o dado, a informação e o conhecimento. 
Para SANTIAGO Jr, dados podem ser considerados: “Uma sequência de números e palavras, sob 
nenhum contexto específico. Entretanto, quando os dados são organizados com a devida contextualização, há 
a informação. Já o conhecimento é a informação organizada, com o entendimento de seu significado.” 
(SANTIAGO Jr., 2004, p. 27) 
 
Ainda com dúvidas? Não se preocupe, a seguir, vamos ver um pouco mais a respeito de cada um. 
Dados – São informações fora de um contexto, sem valor suficiente para compreensão de um 
fenômeno, ou seja, o meio pelo qual a informação e o conhecimento são transferidos. 
Exemplos: Datas, local, hora do crime, perfil da vitima, um fragmento de impressão digitado, um 
respingo de sangue, etc. 
Fora de um contexto histórico e geográfico específicos, esses registros não têm compreensão suficiente 
para explicar o fato em apuração. 
 
Informação – São dados organizados, manipulados e tratados dentro de um contexto, contendo algum 
significado como explicação do fato em apuração. 
Exemplos: A notícia de que alguém foi visto, pouco antes do crime, saindo da casa onde foi encontrado 
o cadáver da vítima. A significação dada às gotículas de sangue encontradas na cena do crime como indicativas 
de que a vítima teria sido conduzida para aquele ambiente já ferida ou de que o autor teria saído da cena do 
crime com alguma lesão. 
 
Conhecimento é a informação organizada, contextualizada e com o entendimento de todos os seus 
significados. É resultado da interpretação da informação e de sua aplicação em algum fim, especificamente para 
gerar novas hipóteses, resolver problemas ou tomar decisões. 
Exemplo: A pessoa que foi vista saindo da casa onde foi encontrado o cadáver da vítima era seu ex-
marido, que, enciumado, deu-lhe dois tiros no peito e depois fugiu para Madri levando as duas filhas menores. 
 
1.2 Tipos de fontes 
As diversas fontes de onde serão extraídos os dados podem ser classificadas em dois grandes grupos 
igualmente importantes: 
- Pessoas - testemunhas, informantes, vítimas e suspeitos; e 
- Materiais - documentos, objetos, locais físicos, imagens, ilustrações, relatórios financeiros, extratos 
bancários, etc. 
 
 18 
Os dados coletados a partir dessas fontes serão analisados em um contexto único, afinal, buscam 
elucidar um fato específico que ocorreu em um ou mais locais e em datas e horários determinados. Não se pode, 
portanto, acreditar que um ou outro dado, isoladamente, poderá levar à apuração do crime. 
Exemplo: Um único depoimento ou até mesmo a confissão de um suspeito, por si só, não pode 
sustentar a versão final da investigação. Da mesma maneira, um laudo pericial não será capaz de determinar o 
que exatamente aconteceu, tratando-se de mais uma peça do quebra-cabeça que se busca montar com a 
investigação criminal. 
São diversas as formas de coleta desses dados - que serão transformados em informações - e é 
primordial que existam padrões a serem seguidos, muito embora, haja uma diversidade de variáveis que 
poderãoincidir no trabalho investigativo. Lamentavelmente, na prática policial, quase não há protocolos que 
orientem o passo a passo em cada instrumento de coleta de dados, limitando-se à experiência policial, ao 
tirocínio ou às formas jurídicas próprias dos tribunais, o “como fazer”. 
Vale lembrar que, na medicina, por exemplo, muito embora se tenha uma infinidade de variáveis em 
cada pessoa a ser examinada (investigada) para se determinar um diagnóstico (versão verossímil chamada de 
verdade real), os checklists representaram uma verdadeira revolução no tratamento e salvamento de vidas. E 
não é diferente na vida pessoal e profissional de cada um. Os benefícios são inúmeros. 
 
1.3 Metodologia da investigação criminal 
Como você estudou, anteriormente, a atividade do investigador é muito semelhante àquela que é 
desenvolvida em outros ramos profissionais em que se usa a investigação. Na medicina, por exemplo, o médico 
reúne dados, transforma-os em informações e as organiza para sustentar um diagnóstico. Essas informações 
advêm tanto dos dados apresentados por pessoas (paciente, parentes, etc.) quanto de exames (que poderiam 
ser chamados de laudos por analogia). É a análise indivisível e sistemática dessas informações que permitirá 
uma determinada conclusão. 
O mesmo ocorre com um engenheiro que precisa identificar as razões de uma rachadura ou 
desabamento em um imóvel. Ele realizará uma investigação na qual recorrerá a pessoas (testemunhas, 
moradores, etc.) e a exames (laudos), de maneira que a interpretação conjunta de todas essas informações é 
que permitirá um diagnóstico. 
A estrutura comum dessas investigações diz respeito à metodologia própria de toda pesquisa 
científica que, afinal, nada mais é que uma investigação. 
No caso da investigação criminal, a principal especificidade é que o objeto de estudo é um fato 
classificado como crime pelo direito penal, muitas vezes com grande impacto e repercussão na sociedade em 
que ocorre. 
Na investigação criminal, o fato pode também revelar-se não criminal ao final da mesma. Um 
afogamento pode ser acidental. 
 
 
 
 19 
Importante! 
Tal como nas demais pesquisas científicas, o investigador policial precisará desenvolver a investigação 
de modo a se permitir compreender os caminhos percorridos até a conclusão apresentada. E mais, é 
preciso que a coleta dos dados tenha ocorrida de forma legal e transparente, transmitindo, portanto, a 
credibilidade necessária. O método científico consistirá em uma série de procedimentos realizados 
pelo investigador, o qual, da mesma forma que o cientista puro, se empenha para reduzir a 
possibilidade de erro. 
 
A produção do conhecimento probatório de um delito é desenvolvida por meio de metodologia 
própria. 
Método é a forma ordenada de proceder ao longo de um caminho. O conjunto de processos ou fases 
empregadas na investigação, na busca de conhecimento. Ele será, necessariamente, um procedimento que 
envolve operações intelectuais e operacionais de forma indissociável. 
Metodologia é a maneira concreta de realizar a busca de conhecimento. Engloba tudo o que é feito 
para adquirir as informações desejadas, de maneira racional e eficiente. 
Metodologia é o estudo dos métodos e especialmente dos métodos da ciência, enquanto método é 
o modo de proceder, a maneira de agir, o meio propriamente. Assim, metodologia é a ciência integrada dos 
métodos. 
Técnica é a prática, o como fazer a investigação. 
 
Os métodos investigativos podem ser estabelecidos a partir da sistematização das ações práticas de 
sucesso que são observadas, conforme a tipologia criminal que se pretende apurar. É possível, por exemplo, 
definir uma metodologia para a apuração dos crimes de homicídio, na qual são percorridas as seguintes etapas: 
Mecânica, Últimos passos mediados, Últimos passos imediatos, Motivação e Autoria. 
Lamentavelmente, no Brasil, é preciso frisar que são praticamente inexistentes os métodos 
sistematizados conforme o tipo de infração penal, já que, comumente, toma-se como método aquilo que está 
prescrito legalmente como procedimento jurídico, ou seja, o inquérito policial e suas etapas que, na 
realidade, são apenas instrumento de formalização de atos realizados durante a investigação e não o seu 
método. Por isto, a importância desse curso. 
 
Aula 2 – Utilização adequada das técnicas de investigação 
 
2.1 O que considerar na escolha da técnica 
No caso da investigação criminal, como você estudou no módulo 1, a definição das técnicas utilizáveis 
dependerá do tipo de percurso a ser realizado: 
1. A investigação parte de um crime para chegar no criminoso, isto é, de um local ou corpo de delito 
do qual se teve notícia sem que se saiba quem é o autor (como no caso do homicídio sem autoria conhecida 
por exemplo). 
 
 20 
2. A investigação parte de um suspeito cuja notícia dá conta de que teria praticado ou estaria 
praticando determinado delito (como no caso de alguém apontado como responsável pelo tráfico de drogas 
em determinado local). 
Na primeira hipótese, é inegável que deverão ser realizados, imediatamente, exames no local do fato. 
Não exclusivamente às coisas e vestígios, mas também, com igual relevância, às pessoas que tenham qualquer 
dado sobre o fato. 
Na segunda hipótese, também parece ser incontestável que, imediatamente, inúmeros dados e 
informações sobre o suspeito serão coletados e organizados, de forma que se permita analisar os meios de se 
comprovar a prática do delito. 
Obrigatoriamente, as técnicas de investigação não se excluem e devem ser utilizadas 
concomitantemente conforme a especificidade do dado a ser trabalhado. No caso do homicídio, ainda no local, 
serão realizados exames para buscar elementos físicos (exames periciais) que devem ser analisados em 
consonância com os dados fornecidos por pessoas (entrevistas). 
Paralelamente, é possível que alguém esteja realizando uma campana em outra área, enquanto exames 
médicos são realizados no corpo da vítima. O crucial para o sucesso de qualquer investigação é compreender 
que as técnicas de investigação não podem ser concebidas e operacionalizadas de forma fragmentada, mas 
indivisível e integral. 
É como consta no relatório denominado “Modernização das Polícias Civis Brasileiras – aspectos 
conceituais, perspectivas e desafios”, elaborado por uma comissão de policiais civis de várias partes do Brasil, 
sob a coordenação da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça: 
A investigação policial é indivisível, resultando dos esforços conjugados de conhecimentos 
criminológicos e criminalísticos, tecnicamente estruturados pelo método científico e juridicamente 
ordenados pelas disposições legais vigentes. (SENASP, 2005, p. 25) 
 
2.2 Técnicas preliminares de investigação 
Diante de um fato, o investigador precisa executar um processo preliminar de observações e 
reflexões para poder formular as primeiras hipóteses sobre a natureza do problema que lhe é 
apresentado (se é crime e que tipo), o autor (quem teria interesse, meios e oportunidade para praticá-lo) e as 
circunstâncias em que possa ter ocorrido (quando, onde e como aconteceu). 
Para isso, terá que recorrer a algumas técnicas preliminares que estão em um contexto chamado 
de estudo exploratório. 
 
2.2.1 Estudo exploratório 
Estudo exploratório é um estudo de diagnóstico desenvolvido para análise de “onde se está” e “como 
se está”. Visa um maior conhecimento do fenômeno apresentado e não necessita de uma hipótese. 
Envolve levantamento de dados das circunstâncias e do ambiente onde ocorreu o evento. São estudos 
preliminares para demonstrar a realidade existente, a partir de uma observação sistêmica paraconfiguração do 
diagnóstico do fato que é colocado para investigação. 
 21 
 
 Referencial do estudo exploratório 
O estudo exploratório utiliza os dados de: 
- Fontes secundárias: “Referem-se ao material conhecido e organizado segundo um esquema 
determinado.” (DENKER, 2007, p. 156) São informações que não têm relação direta com o caso, mas guardam 
alguma relação com ele. 
Exemplos: Publicações de jornais, reportagens de TV, mapas, catálogos telefônicos, bases de dados e 
banco de dados. 
 
2.2.2 Estudo de caso 
É uma forma de colocar o investigador diante de uma situação prática, onde irá refletir e praticar 
conceitos e técnicas. O caso é um problema vivido pela organização que exige uma análise ou decisão. Aplicado 
ao estudo exploratório para o plano de investigação, será a análise de uma situação investigada anteriormente, 
similar ao fato objeto do planejamento atual. É a oportunidade de aprendizagem com os erros e acertos já 
praticados. Esse tema será tratado em unidade própria. Há certos padrões na prática de crimes, o que é 
facilmente observado pelos investigadores que já atuaram em vários casos. 
Exemplo: Um homicídio praticado com uma arma branca pertencente ao local do crime (uma faca de 
uma cozinha) tende a indicar que o desejo (pretensão) e a consumação (execução) surgiram (em) um momento 
muito próximo ou até idêntico, de maneira que o autor utilizou aquilo que estava ao alcance da mão. 
Diferentemente, no caso de um homicídio praticado com uma pistola semiautomática por meio de vários 
disparos, sugere que o desejo (pretensão) e a consumação (execução) surgiram em momentos distintos, 
havendo tempo hábil para o planejamento do crime e a utilização de uma das armas mais eficazes. É provável 
que situações semelhantes indiquem circunstâncias semelhantes, permitindo-se ao investigador, ainda na cena 
do crime e antes mesmo de identificar a vítima, distinguir uma hipótese de crime ocasional de uma execução 
premeditada. 
 
2.2.3 Identificação e análise de meios e modos (DINÂMICA DO CRIME) 
O estudo exploratório também serve para levantamento dos meios e modos aplicados pelo infrator na 
prática do delito, o que é chamado de “modus operandi”. 
Modus operandi (plural: modi operandi) é uma expressão em latim que significa: "modo de 
operação" (modo de fazer). Utilizada para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma 
atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos. Esses procedimentos são como se fossem 
códigos. 
Em administração de empresas, modus operandi designa a maneira de realizar determinada tarefa 
segundo um padrão pré-estabelecido que dita as maneiras de como agir em determinados processos. 
Os meios dizem respeito à técnica aplicada. Os instrumentos utilizados do planejamento, ao 
exaurimento da conduta delituosa, que poderão ser: documentos, armas, equipamentos de comunicação, etc. 
Meios = técnicas aplicada 
 
 
 22 
Os modos dizem respeito à metodologia do crime. O criminoso observou a conduta diária da vítima? 
Fez uma abordagem velada? Utilizou métodos de simulação, etc.? 
Modos = metodologia do crime 
 
No caso dos assassinos em série, o mesmo modo é usado para matar as vítimas: este modo identifica 
o criminoso como o mesmo autor de vários outros crimes. 
 
2.2.4 Reconhecimento 
O reconhecimento é uma técnica de observação visual direta ou por meios eletrônicos, que requer 
memorização e descrição dos dados observados. É uma atividade preliminar de investigação que também ocorre 
durante o estudo exploratório. 
No reconhecimento buscam-se as primeiras informações sobre as atividades do investigado, as 
características ambientais e geográficas de um determinado sítio local. 
“Reconhecimento é o ato pelo qual o agente examina atentamente as pessoas e o ambiente, através 
da correta utilização dos sentidos, olhando com atenção todos os aspectos e circunstâncias, e o maior número 
possível de dados, para posteriormente condensá-los em relatórios (croquis)”. (FERRO & DANTAS, p.32) 
É uma técnica que busca a coleta de dados sobre o ambiente operacional e o alvo específico. 
Oferece parâmetros para a percepção do grau de risco do procedimento investigatório. 
A análise dos riscos deve ser feita durante a elaboração do planejamento da investigação, definindo 
todos os cuidados que deverão ser adotados para os planos se concretizarem. Dependendo do grau de 
dificuldade da investigação, poderão ser identificados os tipos de controles que deverão ser implementados a 
curto, médio e longo prazo. (Fonte: PORTO, 2008, p. 2.) 
O reconhecimento descreve a localização exata do alvo, endereço completo com mapas, fotos, 
desenhos e pontos de referência; características do alvo com uma descrição generalizada da área urbana, 
(mapas da cidade, favela, região industrial, comercial residencial, etc.); descrição específica de dimensões, tipo 
de construção, atividades desenvolvidas; usuários e frequentadores do ambiente, instalações; vias de acesso e 
fuga, segurança, cobertura; meios de transportes, itinerários, horários, dias da semana; locais de 
estacionamento, sentidos, entradas e saídas; condições climáticas; postos de observação, fixação de bases de 
vigilância, etc. (FERRO & DANTAS, p. 32) 
O reconhecimento elabora um retrato fiel do ambiente onde será desenvolvido o procedimento 
policial. É uma visão antecipada do cenário da investigação. Ajudará a formulação das hipóteses preliminares 
do fenômeno investigado. 
Dependendo do grau de risco tanto para a eficácia da investigação quanto para integridade física 
do investigador, do investigado e demais pessoas que possam vir a ser envolvidas, o reconhecimento poderá 
ser ostensivo ou velado, com ou sem meios de disfarce do observador. 
 
 
 
 23 
Importante! 
O reconhecimento é fundamental para o desenvolvimento de um planejamento eficaz e para a 
reavaliação dos planos operacionais. 
 
 
Aula 3 – Técnicas específicas de investigação criminal 
 
A técnica é o como fazer a investigação. Estabelecido o objetivo da investigação, vem a escolha da 
técnica a ser adotada. 
A técnica é a execução da investigação em concreto. Portanto, escolher o meio correto de investigação 
é fundamental para sua eficácia. A escolha depende da natureza do crime e das informações a serem colhidas. 
Como em toda atividade profissional, é preciso seu total domínio pelo investigador. 
 
Importante! 
É importante também lembrar que uma técnica não exclui a possibilidade do uso de outra. Numa 
investigação, poderão ser aplicadas várias técnicas. 
Neste curso, serão analisadas algumas técnicas que são elementares em toda investigação criminal. 
 
 
3.1 Elementos básicos das técnicas de investigação 
 As técnicas de investigação criminal têm como elementos básicos: 
 
Observação: Os instrumentos primários da investigação são os sentidos do investigador. A intensidade 
sensorial tem relação direta com o resultado da investigação. Quanto maior sua capacidade de percepção 
global do ambiente, maior será a probabilidade de compreender e encontrar a explicação correta para o delito. 
Investigar é observar a realidade. Grande parte das informações que o investigador procura poderá 
ser obtida pela observação direta dos fatos. Muitas dessas informações estão codificadas e precisam de uma 
leitura cuidadosa. 
Exemplo: Anúncios em jornais poderão conter códigos de comunicação entre membros de uma 
quadrilha que pratica tráfico de seres humanos. 
A cena do evento é sempre rica em informações que dependem de criteriosa observação para serem 
vistas. 
 Questões básicas na observação 
Segundo Denker (2007, p. 127), seja qual for o propósito da investigação, o investigador deveráresponder a quatro questões: 
- O que deve ser observado: Um documento? Uma pessoa ou grupo de pessoas? Um ambiente? Um 
vestígio? Um fato? O plano deverá fazer constar a natureza do alvo observado e a finalidade da observação, ou 
seja, que tipo de evidência você pretende encontrar no ambiente, pessoa ou objeto observado que possa 
estabelecer uma relação entre ele (ou outra pessoa) e o fenômeno investigado. 
 
 24 
- Como registrar as informações: Diz respeito à ferramenta que será utilizada para registro das 
informações que o investigador pretende encontrar. A tecnologia de hoje é rica em equipamentos para esse fim 
e isso terá que ser previsto nos recursos necessários, para que não haja o risco do investigador deixar de registrar 
o dado ou a informação observada. 
- Quais processos devem ser adotados para garantir a exatidão: O investigador deverá indicar no 
plano quais são os procedimentos que poderão garantir a confiabilidade dos dados coletados. 
 
Denker (2007) cita os seguintes exemplos de processos para verificação da confiabilidade dos dados: 
• Permanência prolongada no campo de observação. Quanto mais tempo demorar a observação e 
quanto maior for o número de detalhes registrados, maiores serão as possibilidades de verificação da 
confiabilidade das informações colhidas; 
• O questionamento por pares. Pedir a colaboração de outros investigadores envolvidos na 
análise dos dados; 
• A triangulação, ou seja, investigar um mesmo ponto mais de uma maneira; e 
• A análise de outras hipóteses. O investigador deverá analisar outras possíveis hipóteses para o 
caso e cruzá-las com a que está sendo verificada. 
 
- Qual relação deve existir entre o observador e o observado: Esse processo é fundamental, 
principalmente nas técnicas de entrevista e infiltração, onde o observador interage diretamente com o 
observado. Esse critério poderá evitar erros que ponham em risco a investigação e o próprio investigador. 
 
De olho no cinema 
 No filme Operação França (the French Connection) você poderá ver uma observação em ação. 
 
Memorização 
A memorização é o primeiro processo adotado para o registro das informações colhidas ou dados 
observados, durante a investigação criminal. 
 
Importante! 
O desempenho da memória é a chave para o sucesso da observação, bem como para a qualidade da 
atividade profissional do investigador. 
 
A memória é que nos define como indivíduos. Ela permite que você administre sua vida pessoal e 
profissional. Ela não é um simples banco de dados; influencia seu modo de ver a vida, de reagir diante dos fatos. 
Uma memória ativa e poderosa é a base da nossa qualidade mental global. Entretanto, a memória 
poderá falhar temporariamente devido ao estresse, cansaço ou trauma, afetando as atividades da pessoa. 
 25 
As faculdades da memória são responsabilidades da parte do cérebro chamado de córtex. As 
informações sensoriais são enviadas, a todo o momento, ao córtex, e o recebimento dessas informações é 
coordenado pela parte do cérebro chamada de hipocampo que as organiza em memórias. 
Há entre o córtex e o hipocampo uma rede de circuitos programados para formar associações entre 
diferentes informações sensórias sobre o mesmo objeto, evento ou comportamento. 
Embora o cérebro seja inundado de informações pelos sentidos, nem todas elas são vitais para a nossa 
sobrevivência, por isso o processo de filtragem feito pelo hipocampo, guardando aquilo que precisará ser 
relembrado no futuro. É o processo de associações multissensoriais do cérebro que irá permitir que você 
lembre das informações armazenadas. 
Exemplo: Quando você encontra uma pessoa, seu cérebro liga um nome a algumas informações 
sensoriais como a aparência, o timbre de voz, e o faz lembrar do nome vinculado àquelas informações. 
 
 Importância para a investigação 
Na investigação é fundamentalmente a coleta de dados e informações e, dependendo da técnica 
aplicada, o suporte de registro inicial será apenas a memória do investigador. 
Você verá que algumas técnicas, como a infiltração, exigirão do investigador a plena capacidade de 
memorizar informações de forma segura para que possa ser revista depois. 
 
Durante o processo de observação, quanto maior for a rede sensorial do investigador, mais segura será 
a retenção dessas informações para acesso futuro, ou seja, quanto maior for o número de sentidos que você 
utilizar para registrar informações sobre um objeto, pessoa ou evento, maior será a possibilidade de registrá-
las e lembrá-las prontamente. 
Exemplo: Ao conhecer uma pessoa, se você usar apenas a visão, terá menor possibilidade de relembrar 
seu nome. Entretanto, se você, ao conhecer uma pessoa, usar todos os sentidos, ao tentar lembrar seu nome, irá 
ter mais informações associativas, como uma calvície, a aspereza da pele da mão, forte cheiro de cigarro, voz 
macia, etc. 
O processo associativo é fortalecido pela capacidade de utilização de todos os nossos sentidos na 
coleta de dados e de informações, facilitando sua consolidação. 
Pesquisas científicas demonstram que a utilização dos sentidos é um processo que precisa ser 
estimulado diariamente sob pena de que seja reduzido gradativamente. 
 
Saiba mais.. 
O potencial de memória tem relação direta com a capacidade de coleta de dados pelo 
investigador. 
 
Dica 
Muitas vezes, mesmo usando as técnicas para uma melhor memorização do ambiente, das pessoas etc., 
pelas razões já ditas, como o estresse, a memória pode não corresponder às expectativas. Por essa razão, sempre 
que possível, o investigador deve se socorrer da tecnologia para registro do que está sendo observado. 
 
 26 
Descrição. 
Depois de observar os dados e informações, vem a necessidade de registrá-los para que possam ser 
analisados e validados como confirmação da hipótese levantada. 
Descrever é expor, narrar de forma circunstanciada pela palavra escrita ou falada tudo o que foi 
observado pelo investigador. 
No sistema jurídico brasileiro, onde o inquérito policial é uma peça escrita, a investigação resulta em 
relatos escritos, que tanto poderão ser informações de pessoas (testemunhas) ou resultados de exames 
(laudos). 
O investigador irá descrever, em sua informação, ambientes, circunstâncias, objetos, pessoas e suas 
próprias conclusões a respeito da hipótese levantada. 
 
 Descrição de pessoas 
Você já tentou descrever uma pessoa depois de observá-la? 
Fazer a descrição de pessoas não é tão simples como parece. Requer metodologia própria que 
possibilite ao encarregado da análise a reunião coerente e organizada das observações, num processo de 
verificação de sua confiabilidade como resposta ao problema. 
A descrição terá que ter dados suficientes para confirmar ou não a hipótese levantada, por exemplo, 
sobre o suspeito de autoria. Nesse caso deverá responder a pergunta: A pessoa observada e registrada tem 
as características do suspeito descrito pela testemunha? 
 
Finalizando... 
 
• Neste módulo, você estudou sobre a importância da coleta de dados e informações no processo 
de investigação criminal. 
• As diversas fontes de onde serão extraídos os dados podem ser classificadas em dois grandes 
grupos igualmente importantes: pessoas e materiais. 
• Ainda neste módulo, você teve a oportunidade de verificar que o estudo exploratório possibilitará 
ao investigador decidir sobre quais serão os métodos e técnicas necessários às fases posteriores, cujos 
elementos básicos são: a observação, a memorização e a descrição. Contudo, é importante lembrar que as 
técnicas não se excluem, podendo ser empregadas em uma mesma investigação, metodologias e técnicas 
diversas. 
• São diversas as formas de coleta desses dados -que serão transformados em informações - e é 
primordial que existam padrões a serem seguidos, muito embora, haja uma diversidade de variáveis que 
poderão incidir no trabalho investigativo. 
• No próximo módulo, você aprofundará seus estudos sobre as formas de coletas de dados. 
 
 
 27 
Exercício 
 
1. Considerando o segundo momento do processo da investigação criminal – a coleta de dados – 
associe a primeira coluna à segunda: 
(1) São informações fora de um contexto, sem valor suficiente para compreensão de um fenômeno, 
ou seja, o meio pelo qual a informação e o conhecimento são transferidos. 
(2) São dados organizados, manipulados e tratados dentro de um contexto, contendo algum 
significado como explicação do fato em apuração. 
(3) É a informação organizada, contextualizada e com o entendimento de todos os seus significados. 
É resultado da interpretação da informação e de sua aplicação em algum fim, especificamente para gerar novas 
hipóteses, resolver problemas ou tomar decisões. 
(4) É a forma ordenada de proceder ao longo de um caminho. O conjunto de processos ou fases 
empregadas na investigação, na busca de conhecimento. Pode ser um processo intelectual e operacional. 
 
( ) Método 
( ) Dados 
( ) Informação 
( ) Conhecimento 
 
2. Considerando a metodologia de escolha da técnica de investigação criminal, é correto afirmar: 
 
a. Que a técnica que será empregada em cada investigação não depende do problema que está 
sendo investigado, dos objetivos e da disponibilidade de recursos para realização do projeto. 
b. Que não é recomendável iniciar a investigação por um estudo exploratório, para tomar 
conhecimento da situação. 
c. Que o estudo exploratório possibilitará ao investigador decidir quais serão os métodos 
necessários às fases posteriores. 
d. As técnicas se excluem; não podendo serem empregadas em uma mesma investigação, 
metodologias e técnicas diversas. 
 
3. Considerando o processo de coleta de dados na investigação criminal, assinale as afirmativas 
corretas: 
 
a. Fontes secundárias referem-se ao material conhecido e organizado, segundo um esquema 
determinado, como os depoimentos das testemunhas. 
b. Fontes secundárias são informações que não têm relação direta com o caso, mas dizem do caso 
ou do ambiente onde ele aconteceu. 
c. Modos dizem respeito aos meios empregados no crime. 
 
 28 
d. O reconhecimento é uma atividade preliminar de investigação que tem como objetivo examinar 
apenas o ambiente em que ocorreu o fato. 
 
4. Ainda considerando a coleta de dados na investigação criminal, relacione a primeira coluna à 
segunda: 
 
1) Poderá ser aplicada na fase que antecede o planejamento de outras modalidades de investigação, 
como a campana e a infiltração, que serão vistas em outra unidade. 
2) Diz respeito à ferramenta que irá ser utilizada para registro das informações que o investigador 
pretende encontrar. 
3) Visa um maior conhecimento do fenômeno apresentado e não necessita de uma hipótese. 
4) Elementos básicos das técnicas de investigação criminal. 
 
( ) Observação, memorização descrição. 
( ) Como registrar as informações. 
( ) O Reconhecimento. 
( ) Estudo exploratório. 
 
5. De acordo com as técnicas de descrição de pessoas, estudadas neste módulo, observe atentamente 
esta fotografia e elabore um pequeno relato com o registro do maior número de dados possíveis. 
 
 29 
 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: 4-1-2-3 
2. Resposta Correta: Letra C 
3. Resposta Correta: Letra B 
4. Resposta Correta: 4-2-1-3 
5. Orientação de resposta: Numa descrição de pessoas devem ser registrados os dados imutáveis. 
Por outro lado, a descrição deve ser honesta, realista, sem influências pessoais ou preconceituosas. Devem ser 
particularizadas, pois as descrições genéricas pouco servem para a investigação. Observe no indivíduo não o 
que de comum possa existir, mas o que de particular apresenta, pois isso permitirá uma identificação mais 
segura. 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Você estudou no módulo anterior que as diversas fontes de onde serão extraídos os dados podem ser 
classificadas em dois grandes grupos igualmente importantes: pessoas e materiais. 
Estudou também que são diversas as formas de coleta desses dados - que serão transformados em 
informações - e é primordial que existam padrões a serem seguidos, muito embora haja uma diversidade de 
variáveis que poderão incidir no trabalho investigativo. 
Sendo assim, neste módulo, você estudará as formas de como a coleta de dados pode ser feita. 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Caracterizar os métodos de coletas de dados para o processo de investigação; 
• Enumerar as etapas fundamentais para a utilização de informantes por investigadores 
profissionais; 
• Classificar os tipos de campana; 
• Descrever os elementos que deverão estar presentes no plano de operação de campana; 
• Reconhecer a importância do planejamento da infiltração; 
• Analisar os aspectos legais relacionados à infiltração; 
• Diferenciar entrevista de interrogatório; 
• Enumerar as técnicas de entrevista e interrogatório; 
• Descrever as fases da entrevista; 
• Descrever as etapas do interrogatório de acordo com a técnica REID; 
• Reconhecer a importância da coleta de dados para a busca de prova e elucidação de crimes. 
 
 
 
 
 
MÓDULO 
3 
MÉTODOS DE COLETAS DE DADOS 
 31 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo contempla as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Coleta de dados por meio de informantes; 
• Aula 2 – Coleta de dados por meio da campana; 
• Aula 3 – Coleta de dados por meio da infiltração; 
• Aula 4 – Coleta de dados por meio da entrevista e interrogatório. 
 
Aula 1 – Coleta de dados por meio de informantes 
 
1.1 O que é um informante 
A coleta de dados por meio do informante é uma busca de informações para auxiliar na investigação. 
A atuação do informante ainda é muito precária e carece de regulamentação na investigação criminal 
no Brasil. É muito comum que o informante seja visto como alguém de contato e vínculo pessoal com 
investigador, cuja identidade é desconhecida e cuja existência não possui qualquer registro junto ao órgão 
policial. Essa situação é absolutamente temerária, seja para a credibilidade da investigação, seja para a segurança 
do investigador. 
 
Importante! 
Não confunda a figura do informante com a figura do suspeito que aceita acordo de delação premiada, 
conforme estabelecido na Lei nº 12.850/13. 
 
O informante não é uma testemunha do evento. É alguém que tem informações complementares à 
investigação. 
Diferentemente da testemunha, o informante é alguém que deseja contribuir com a investigação 
fornecendo informações relevantes, sem que sejam registradas de maneira ostensiva e sem que ele seja 
identificado ou necessite confirmá-las em qualquer instância, seja policial ou judicial. A ideia é que as 
informações prestadas pelo informante conduzam à produção de provas consistentes. Portanto, ele acaba sendo 
um meio para se alcançar um fim, qual seja a produção de provas pela apreensão de documentos e coisas, 
prisão de pessoas em flagrante, buscas em locais específicos, etc. 
Em primeiro lugar é preciso compreender quais as razões/motivações do informante, até como forma 
de análise de segurança e credibilidade de sua utilização, já que, diferentemente de outros países, não há no 
ordenamento jurídico brasileiro a disciplina de pagamento pelas informações, como em alguns Estados dos 
Estados Unidos da América e, dessa forma, não há retribuição financeira oumaterial para a atuação do 
informante. 
 
 
 
 32 
1.1.1 Fatores de motivação do informante 
Os motivos que podem levar alguém a prestar uma informação ao investigador, vão desde a simples 
vontade de colaborar, passando pela consciência do seu papel de cidadão e chegando até ao motivo de 
vingança. 
Esses motivos deverão ser conhecidos e avaliados. A avaliação é facilitada pela verificação da 
pertinência da informação oferecida. Significa analisar sua vinculação com o contexto da investigação e se é 
efetivamente essencial. 
Os motivos que levam alguém a informar são variados: Medo, Vingança, Vaidade, Desejo de 
reparação – legalista/justiça, Mercantilismo – contrapartida, Altruísmo – amor ao proximo – abnegação. 
Em seguida, há que se notar que, via de regra, os informantes frequentam algum meio criminoso e, 
alguns casos, até participam de práticas delituosas, de forma que seu contato com ele pode, não raras vezes, 
colocar você sob suspeita. 
 
JÁ PENSOU NISSO? 
Imagine que você esteja em contato permanente com o seu informante para receber informações sobre 
a venda de drogas em determinado local ou realizada por determinada quadrilha. Suponha que, sem que você 
saiba, esse informante esteja sendo investigado por outra equipe e que a vigilância sobre ele esteja tendo como 
consequência, vários registros de diálogos e encontros pessoais, onde se fala sobre drogas. Se não há o cadastro 
desse informante e se você não faz um registro detalhado dos meios e conteúdos desses encontros, será 
facilmente acusado de estar praticando crimes, correndo relevante risco de ser injustiçado. 
 
Por essas e outras razões, não há que se conceber mais a ideia do informante cuja existência e 
identidade não possa ser provada ou comprovada, colocando em risco a segurança do policial e da própria 
investigação, pois essa é sustentada em uma relação absolutamente informal e extraoficial. 
Compreendidas essas questões iniciais, é hora de conhecermos etapas fundamentais para a utilização 
de informantes por investigadores profissionais: o recrutamento e o cadastramento. 
 
1.2 Critérios para atuação de informantes em investigações 
Não há previsão legal para o figura do informante no sistema jurídico pátrio: seu uso deve ser sempre 
feito com ressalvas pelo agente policial e suas informações tendem a ser corroboradas, evitando assim a 
utilização do sistema policial para fins particulares. 
Para que a investigação conte com a colaboração de informantes, é preciso que regras sejam 
estabelecidas e seguidas, sob pena de colocar em risco toda a equipe e o sucesso da apuração. Dentre várias 
disciplinas que podem ser estabelecidas, listamos algumas que parecem ser fundamentais: 
1 – Compreenda de forma bem clara qual a motivação do seu informante; 
2 – Estabeleça uma relação de profissionalismo e cordialidade, não permitindo que seja estabelecida, 
em hipótese alguma, um vínculo de intimidades; 
 33 
3 – A segurança do informante é prioridade absoluta e não pode ser colocada em risco para beneficiar 
a investigação; 
4 – O informante não deve ter acesso às informações da investigação. Ele é fornecedor e não 
destinatário de informações; 
5 – O informante não pode, em hipótese alguma, se colocar em situação que o obrigue a exercer 
atividades próprias de um investigador; 
6 – As informações fornecidas pelo informante devem ser checadas e contrapostas, antes de darem 
causa a qualquer tipo de ação, especialmente, no caso de sugerirem intervenções operacionais específicas; 
7 – Se você é o único que sabe da existência do seu informante e se não é capaz de comprovar de 
forma satisfatória o conteúdo das informações decorrentes de sua relação com ele, você está em situação de 
vulnerabilidade e pode ser acusado da prática de crimes; 
8 – Em hipótese alguma, o informante estará autorizado a praticar crimes sob a justificativa de obter 
informações; 
9 – É fundamental que você mantenha um registro detalhado dos contatos, meios, datas e conteúdos 
tratados com seu informante. 
 
DATA E HORÁRIO LOCAL OU MEIO ASSUNTO CONTEÚDO 
14/01/2015 às 
15h10min. 
Telefone número 
XXXXXXX. 
Local de armazenamento 
de droga. 
Informante noticiou o 
endereço de suposto imóvel 
onde a droga está 
armazenada. 
 
 
Aula 2 – Coleta de dados por meio da campana 
 
A campana (ou vigilância) é outra modalidade técnica da investigação criminal. A campana será 
utilizada para observar pessoas, estabelecer rotinas, identificar ligações e conexões, capturar pessoas ou 
apreender quaisquer tipos de provas necessárias à investigação criminal. 
 
Campana 
É a observação contínua e discreta de pessoas, ambientes, objetos ou circunstâncias, com o objetivo de 
obter dados que formulem informações relacionadas com a prova do delito. 
Kasales (apud por FERRO & DANTAS, s.d.), define o termo vigilância como: A sistemática observação 
e registro de um espaço aéreo, locais, pessoas, lugares, coisas, por meios visuais, auditivos, eletrônicos, 
fotográficos e filmagens. 
 
 
 
 34 
2.1 Tipos de campana 
Na campana, a observação deverá ser sistemática e contínua, pois qualquer lacuna poderá 
comprometê-la ou até inutilizá-la por completo. 
A campana poderá ser móvel ou fixa. 
Estude a seguir sobre cada uma delas! 
 
2.1.1 Campana móvel 
É aquela em que o investigador segue a pessoa observada em seu deslocamento, a pé ou em um 
veículo. 
Exemplo: Observação de pessoa que se desloca por vários pontos da cidade, durante o planejamento 
e execução de um delito. 
 
Modalidades de campana móvel 
A execução da campana poderá ser feita por uma ou mais pessoas. Tudo depende da complexidade da 
diligência, do tempo de duração e do grau de risco que é imposto à diligência. 
Clique nos links e veja mais detalhes sobre os diferentes tipos de campana. 
• Campana realizada por um só homem; 
• Campana AB e ABC; 
• Campana Progressiva. 
 
Meios 
A campana móvel poderá ser executada tanto a pé como com o uso de automóveis, motocicletas, etc. 
A campana com o uso de veículos é um tipo com maior grau de dificuldade que precisa ser bem 
planejada e treinada para oferecer resultado eficaz. Como no caso de pessoas, poderá ser empregado um ou 
vários veículos. 
 
2.1.2 Campana fixa 
É aquela em que a observação é feita de um ponto fixo, do qual o investigador não se desloca. 
Exemplo: Observação da janela de um apartamento do movimento de um ponto de tráfico de drogas. 
 
Modalidades de campana fixa 
Essa modalidade tanto poderá ser realizada por um investigador como por um grupo. Só que nesse 
caso a observação será feita em um posto fixo. Mesmo assim, não perde a característica de discrição. 
Poderão ser utilizados como postos uma casa, um edifício, ou até mesmo a viatura velada, em local 
onde estejam vários outros veículos estacionados, permitindo uma ocultação. 
Persianas possibilitam uma observação segura. O investigador, se possível, não deverá deixar de utilizar 
binóculos, máquinas fotográficas, filmadoras, ou qualquer outro instrumento que facilite a sua observação. 
O local a ser utilizado deverá ser escolhido de forma que dê ampla visão do ponto a ser observado. 
 35 
 
Na campana fixa poderá também ser aplicada uma técnica mista, onde serão utilizadas duas ou mais 
modalidades. 
Exemplo: Sendo constatada a necessidade de acompanhamento do alvo, no momento em que se 
ausenta do local onde executa as atividades observadas, o ideal é que haja sempre uma equipe de apoio à 
campana fixa, para que entre em imediata execução da vigilância móvel, que poderá ser motorizada ou a pé. 
 
2.2 Planificação da campana 
Foi vista a importância do planejamentona investigação criminal. Sem ele, é pouco provável que se 
atinja seu objetivo de forma eficaz. Ele evita improvisações, desperdícios de tempo e recurso. 
O plano de operação é a materialização das metas propostas e de como executá-las. Cada diligência 
deverá ter seu plano, por mais simples que seja. 
O investigador não deve se lançar despreparado à campana, sem ao menos um plano. Imprevistos 
poderão ocorrer pondo em risco não só a investigação, mas sua própria segurança. 
 
Importante! 
Acredite, somente em filmes americanos é que os policiais realizam campanas de diversas maneiras 
sem que sejam notados. Na vida real, é um trabalho complexo e condicionado ao planejamento 
adequado. 
 
2.2.1 Plano operacional da campana 
Para elaboração do plano de ação, o investigador deverá ter ampla informação sobre o objetivo da sua 
observação, o que deve ser observado, como deve ser registrado e como deve ser sua relação com o ambiente 
e o alvo a ser observado. Portanto, o plano deverá conter: 
 
1. A diligência que será feita – descrever a modalidade de campana. 
2. Explicar a necessidade da diligência – descrever sobre o resultado esperado e de sua 
importância. 
3. Recursos necessários, humanos, material e financeiro – descrever toda a logística necessária. 
Pessoas, veículos, armas, equipamentos, dinheiro, material de disfarce, etc. 
4. Os responsáveis pela execução – dividir as equipes, nomeando membros e líder. 
5. Estabelecer o local de comando da diligência – onde será o posto de comando de decisões. 
6. Estabelecer o prazo – quanto tempo de duração. 
7. Os procedimentos que serão adotados – métodos de execução. Definir as estratégias. 
 
 
 
 
 
 36 
Aula 3 – Coleta de dados por meio da infiltração 
 
Em algumas investigações sofisticadas e complexas, é necessário que o investigador seja inserido em 
uma realidade como se dela fizesse parte, objetivando alcançar provas inviáveis por outro meio. 
Nessa hipótese, o agente infiltrado passa a fazer parte do meio criminoso e estabelece alguma 
convivência com as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o crime ou os crimes a serem investigados. 
 
Infiltração 
É um meio de prova descrito na Lei nº 12.850/2013, que consiste em retardar a intervenção policial ou 
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob 
observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de 
provas e obtenção de informações. Basicamente, o que ocorre é um retardamento da prisão em flagrante, ou 
seja, mesmo que a autoridade policial esteja diante da concretização do crime cometido por organização 
criminosa, aguarda o momento oportuno visando à obtenção de mais provas e informações para que, quando 
de fato ocorrer a prisão, seja possível atingir um maior número de envolvidos e, especialmente, atingir a 
liderança do crime organizado. 
 
Saiba mais... 
Não se pode negar que o Brasil ainda não possui cultura policial e jurídica que torne a infiltração um 
meio de investigação frequentemente utilizado, embora o ordenamento jurídico já a contemple. 
 
3.1 Como operacionalizar esse procedimento? 
A infiltração consiste na penetração velada e dissimulada em meio ambientes onde são 
planejadas ou executadas atividades delituosas, para a coleta de dados que possam explicar as 
circunstâncias e autoria desses delitos. 
O plano operacional para execução da infiltração, além de cuidar das necessidades comuns, como 
definir os tipos de dados que deverão ser coletados, recursos, procedimentos a serem adotados, requer outros 
cuidados específicos. 
O plano de ação também deverá prever os procedimentos a serem adotados pelo infiltrado na fase 
final da diligência. Nessa fase, ele já terá as informações que procurava, em muitos casos, a confirmação da 
prática do delito ou a identificação e paradeiro de pessoas e coisas, quando então poderá haver uma ação 
policial de repressão. 
Nos contatos com a base de gestão da diligência, o infiltrado passa circunstâncias que propiciarão 
um plano para a fase final. Serão respondidas questões como: Quando deverá ocorrer a prisão do infrator 
observado? Quando e como deverá ocorrer o resgate do infiltrado? 
Contudo, como regra geral, não deverá o infiltrado agir sozinho no desfecho da diligência, 
executando, por exemplo, prisões. 
 
 37 
Importante! 
Qualquer que seja a forma do desfecho da diligência, terá que haver extremo cuidado com a retirada 
do investigador infiltrado. 
 
De olho no cinema 
O filme “Donnie Brasco” (1997) exemplifica o trabalho infiltrado de um policial dentro da máfia. 
 
 
Aula 4 – Coleta de dados por meio de entrevista e interrogatório 
 
Como você estudou, as pessoas são fontes de informação de imprescindível relevância para a 
investigação, em razão do volume e da qualidade do conteúdo que podem transmitir, revelando detalhes e 
circunstâncias dificilmente alcançáveis por outro meio de prova. 
Não há relação hierárquica entre as informações reveladas por pessoas e as informações “reveladas” 
por coisas ou objetos, por meio de exames específicos. A questão crucial gira em torno da credibilidade (das 
pessoas que prestam as informações) e do registro dessas informações, o que repercute na própria credibilidade 
de prova produzida. 
Se tratando de pessoas, é comum referir-se a prova “subjetiva”, o que se considera pernicioso pelo fato 
de sugerir que seu conteúdo deriva do “achismo” ou “interpretação subjetiva” de cada pessoal, possuindo menos 
valor que a denominada “prova objetiva”. Essa praxe de denominação das provas está superada como 
demonstram os melhores estudos disponíveis em literatura internacional (COUTO, 2015). É preciso que se 
compreenda que não se faz ciência apenas com cálculos matemáticos e exames laboratoriais, mas de forma 
integral em uma investigação pautada na cientificidade. Nesse sentido, prefira os termos prova testemunhal e 
prova pericial, tendo em vista que: 
1. As informações fornecidas por pessoas são relevantes, desde que obedecida uma cadeia de 
custódia que cuide da legalidade, transparência e credibilidade da prova. 
2. As informações fornecidas por exames periciais objetivam responder a questões limitadas e 
específicas e não o esclarecimento do crime de forma isolada por esse único meio de prova. 
Para extrair informações de pessoas, temos dois instrumentos distintos: a entrevista e o 
interrogatório. 
 Estude, a seguir, sobre cada um deles. 
 
4.1 Entrevista X Interrogatório 
A entrevista é outra técnica aplicada na busca de dados para apuração do delito. Seu objetivo é obter 
informações sobre o fato objeto da investigação, por meio de testemunhos. 
A entrevista consiste em um diálogo livre entre entrevistador (investigador) e entrevistado (vítima, 
testemunha ou suspeito) com o fim de coletar o maior volume possível de dados e informações. 
 
 38 
Nesse sentido, possui algumas características específicas que, inclusive, a diferenciam do interrogatório. 
São elas: 
• Possui cunho informativo porque tenta extrair o maior número possível de informações. 
• Consiste em uma abordagem não-acusatória de forma que se estabeleça o vínculo necessário 
entre entrevistador e entrevistado. 
• Pode ser realizada a qualquer tempo e em qualquer ambiente (cena do crime, residência da vítima 
ou do entrevistado, delegacia de polícia, via pública, etc.). 
• Deve ser fluente, embora possua tópicos predeterminados, de forma que o entrevistado se sinta 
à vontade para falar. 
 
O interrogatório possui características próprias e distintas da entrevista: 
- É persuasivo porque tem como objetivo convencer o suspeito a contara verdade e até mesmo a 
confessar eventualmente; 
- É acusatório porque exige uma confrontação direta entre interrogador e interrogado para vencer a 
resistência natural de qualquer suspeito; 
- Possui momento adequado para sua realização porque exige um volume adequado de evidências 
contra o suspeito de forma a sustentar a suspeição; 
- Exige a existência de um ambiente controlado e devidamente organizado; 
- Deve ser estruturado em etapas descritas em algumas técnicas possíveis. 
 
Critério Entrevistas Interrogatório 
Objetivo Informações Confissão 
Abordagem Não-acusatória Acusatória 
Momento Indiferente Específico 
Ambiente Indiferente Controlado 
Formato Fluente Estruturado 
Quadro Sinóptico de Diferenças 
Fonte: elaborado pelo conteudista com base em Couto, 2015, pág. 99. 
 
Importante! 
É importante esclarecer que o momento da produção da prova testemunhal não é sempre indiferente. 
Deve-se considerar também que uma testemunha pode ser reinquirida várias vezes, assim como 
também que o suspeito pode ser reinterrogado quantas vezes forem necessárias. Nos dois casos, há que 
se ter presente a conveniência da investigação. Como, por exemplo, o que já se sabe e ainda se 
pretende saber, não só sobre o crime, mas sobre a credibilidade da própria testemunha. 
 
 
 39 
4.2 Métodos de entrevista 
A entrevista pode ser aplicada de duas maneiras: quanto ao modo de formulação dos quesitos e quanto 
às circunstâncias em que ocorre. Quanto ao modo de formulação dos quesitos, a entrevista pode ser: 
- Estruturada – Elaborada com perguntas determinadas. O entrevistador elabora quesitos pré-
determinados. 
- Semiestruturada – Permite maior liberdade ao entrevistado, pois as perguntas, apesar de 
determinadas a um tema ou temas, são formuladas livremente. 
- Cognitiva – Busca maximizar a quantidade e a qualidade de informações obtidas de uma testemunha. 
- Mista – O entrevistador utiliza uma junção das técnicas anteriores. 
 
Quanto às circunstâncias em que ocorre, pode ser: 
Ostensiva – Quando, em situação de normalidade, o entrevistador não precisa esconder sua identidade 
funcional. 
Encoberta - Quando, por conveniência da investigação, o entrevistador precisa ocultar sua identidade 
funcional, assumindo outra que lhe permita acesso ao entrevistado, sem revelar a finalidade da entrevista. 
 
4.3 Fases da entrevista 
A entrevista tem três fases distintas: 
 
• Preparação da entrevista; 
• Execução da entrevista; 
• Análise da entrevista. 
Estude, a seguir, cada uma delas. 
 
4.3.1 Fase de preparação da entrevista 
 A preparação da entrevista é de grande importância, pois é quando serão definidos os objetivos e, em 
razão deles, a estratégia a ser adotada. 
O tempo de duração de uma entrevista poderá ser bastante curto, mas com resultado duradouro e de 
efeito extraordinário na investigação. O investigador poderá sair de uma entrevista com todas as informações 
que esperava ou sem qualquer informação relevante. Tudo depende de como planejou e executou o processo. 
A seleção do alvo da entrevista deverá considerar fatores que possam habilitá-lo a isso. A entrevista 
busca conhecimentos dos quais o entrevistado terá que ser um potencial depositário. Para avaliar essa 
potencialidade, o investigador terá que tomar cuidados prospectivos que serão adotados em estudo 
exploratório. 
No contexto da investigação, o entrevistador precisa identificar as pessoas com potencialidade de 
informações que interessem para a resolução do crime. 
 
 
 
 
 40 
Cuidados prospectivos 
De acordo com Gastón Berger (s.d) “A atitude prospectiva significa olhar longe, preocupar-se com o 
longo prazo; olhar amplamente, tomando cuidado com as interações; olhar a fundo, até encontrar os fatores e 
tendências que são realmente importantes; arriscar, porque as visões de horizontes distantes podem fazer mudar 
nossos planos de longo prazo; e levar em conta o gênero humano, grande agente capaz de modificar o futuro”. 
 
Importante! 
O estudo exploratório deverá municiar o investigador com todo o fundamento teórico necessário para 
a execução da entrevista. 
 
O entrevistador fará um inventário com todos os dados conhecidos sobre o caso e sobre o alvo da 
entrevista (perfil), para elaboração do plano da entrevista. 
As informações colhidas, especialmente na cena do crime, servirão de referencial para as questões a 
serem feitas. 
 
Ele fará um esquema das perguntas-chave que servirá de roteiro para a entrevista. 
Com relação às testemunhas de crimes de homicídios, porém, aplicável à investigação como um todo, 
em sua pesquisa sobre a investigação de homicídios, Mingardi (2006, p. 64 e 65) diz que é comum se entrevistar 
seis tipos de testemunhas: 
• Testemunhas oculares; 
• Pessoas que tenham conhecimento das circunstâncias do crime; 
• Pessoas que tenham conhecimento da hora da morte (ou do crime); 
• Pessoas que possam conhecer a vítima; 
• Pessoas que possam saber algo do suspeito; e 
• Pessoas que possam ter informações sobre o motivo do crime. 
 
Mingardi (2006), ressalta que na entrevista de testemunhas, principalmente as oculares, o investigador 
deverá ter o cuidado em relação à importância das informações, visto a possibilidade de equívocos por diversos 
motivos, dentre eles, os seguintes: 
• Distância física em relação ao incidente 
• Capacidade física da testemunha 
• Condição emocional no momento da ocorrência 
• Experiência e aprendizado prévio 
• Preconceito e parcialidade 
 
Esses fatores deverão ser conhecidos do entrevistador para que possa levá-los em consideração quando 
da elaboração do plano de entrevista. 
 41 
Como todo o processo da investigação, entrevista também precisa de um plano de ação bem 
elaborado para que possa ter possibilidade de êxito. 
 
Saiba Mais... 
Antes de passar para a próxima fase da entrevista, leia o texto “Elaboração do plano da entrevista”. 
 
4.3.2 Fase de Execução da entrevista 
A entrevista é, fundamentalmente, um processo de comunicação. Portanto, sua condução deverá aplicar 
os princípios de relações humanas. 
Muito embora a palavra seja a linguagem mais comum na transmissão de mensagens entre as pessoas, 
há também a linguagem gestual que deverá ser observada pelo entrevistador, pois sempre estará carregada de 
mensagens que complementam a manifestação verbal. 
A comunicação é um processo bilateral que, para existir, precisará da interação entre um emissor e um 
receptor, num processo constante de retroalimentação. 
Entrevista = interação entre pessoas 
 
Uso de métodos e técnicas na condução de entrevistas 
Alguns métodos e técnicas possibilitam a ampliação da comunicação na fase de execução da entrevista, 
dentre eles, destacam-se, a escuta ativa e a leitura a frio. 
Estude, a seguir, sobre eles. 
 
A escuta ativa na entrevista 
O entrevistador deverá criar um ambiente de empatia para que receba o feedback necessário do 
entrevistado. Uma questão absolutamente fundamental é escutar ativamente a pessoa e não apenas ouvi-la. 
Quem possui capacidade regular de audição é capaz de ouvir sons e pessoas, mas escutá-las 
efetivamente requer a absorção do conteúdo que está sendo transmitido. Nesse sentido, é importante conhecer 
e praticar a escuta ativa. 
A escuta ativa é um conjunto de técnicas que objetivam reduzir as emoções do entrevistado, 
desenvolver afinidade entre ele e o entrevistador, coletar informações e incentivar o diálogo, simultaneamente. 
As técnicas da escuta ativa são as seguintes: 
- Declarações e perguntas abertas: são declarações ou perguntas que permitem respostas 
abrangentes e amplas sem restrição. 
Exemplo: “Conte-me o que aconteceu...”- Incentivadores Mínimos: palavras e gestos que indicam que o entrevistador está presente, 
conectado e efetivamente escutando o que está sendo dito. 
Exemplos: assentir com a cabeça e dizer “aham...” 
- Paráfrases: reformular o significado com as próprias palavras demonstrando compreensão. 
Exemplo: se o entrevistado disser “eles não me escutaram”, o entrevistador afirma “compreendo, eles 
não te deram ouvido”. 
 
 42 
- Reflexão/Espelho: repetir as últimas poucas palavras do entrevistado como um papagaio. 
Exemplo: “Era tarde da noite” – “sim, tarde da noite”. 
- Rotulação de Emoções: identificar a emoção que o entrevistado está sentido, demonstrando 
compreensão. 
Exemplo: “percebo que você está com raiva e compreendo”. 
- Recapitulação: uma revisão periódica recapitulando tudo o que foi dito até então, de forma a 
confirmar as informações e organizar as ideias comunicadas. 
Exemplo: “Então, vejamos se eu entendi, o que você me disse até agora foi que...” 
- Pausas Efetivas: silenciar diante da interrupção da fala pelo entrevistado de forma que ele tenderá a 
retomá-la para preencher o vazio do silêncio. 
- Colocações Pessoais: são palavras que demonstram compreensão do entrevistador e fortalecem o 
vínculo entre ele e o entrevistado, deixando-o mais à vontade e confiante para fornecer as informações: 
“entendo bem o que você está me dizendo, passei por situação semelhante quando estive em...” 
 
Saiba mais... 
Os textos a seguir o ajudarão a compreender melhor o processo de comunicação. Leia-os! 
Sendo um processo que se estabelece entre pessoas, a comunicações poderá sofrer “curtos-circuitos” 
provocados por fatores que precisam ser conhecidos, percebidos e controlados. O investigador deverá ter 
conhecimento ou, não sendo possível, se prevenir com estratégias de superação dessas barreiras. O texto 
“Barreiras à comunicação” aborda esses fatores e como minimizá-los. 
 
Saiba mais.. 
As pessoas falam com o corpo coisas que não conseguem, não podem ou não querem dizer com a fala 
verbal. O investigador deve ficar atento para essas informações, pois, muitas vezes, estão carregadas de códigos 
que o ajudarão na busca da verdade do fato. 
 
Leitura a frio 
Você percebeu a importância da atenção do entrevistador para com a linguagem que o 
entrevistado emite por meio de sinais que não a palavra falada? 
Há um método de leitura dessa linguagem simbólica bastante aplicado por terapeutas, videntes, 
astrólogos, vendedores e comunicadores, chamado de leitura a frio. 
A atenção do entrevistador deve estar voltada às reações do entrevistado, como entonação das 
palavras, linguagem corporal, padrões de respiração, dilatação ou contração das pupilas, que o permitirão ver 
se está diante de fontes de informações importantes para a investigação. 
 
A investigação criminal moderna tem procurado maior aplicação dos conhecimentos científicos na 
busca da prova fidedigna. 
 
 43 
Condução da entrevista 
Segundo Heráldez (s.d.) – falsas recordações -, somente a partir do uso adequado das informações 
decorrentes da investigação científica, será possível se assegurar níveis mais altos de justiça nos processos 
judiciários. 
Para o mesmo autor, a psicologia tem exercido importante papel na aplicação dos métodos científicos 
na busca da prova de um crime, principalmente, na valoração das causas e consequências humanas do delito. 
Esse processo é mais claro na obtenção e análise das provas testemunhais. 
A prova testemunhal é parte importante da verdade real do fato, objeto principal da investigação 
criminal e do processo penal. Muitas vezes, é a prova mais significativa dessa verdade, e portanto, deverá receber 
o trato necessário à sua fidedignidade. 
O testemunho fidedigno também depende da correta inquirição, segundo ensino de Arend (apud STEIN 
(s.d)). 
 
Nota: 
A psicologia tem propiciado estudos científicos que explicam melhor o funcionamento da memória 
que, para Arend (apud STEIN (s.d)), é o “coração” da prova testemunhal, criando métodos de inquirição que 
podem contribuir para a prevenção das “falsas recordações”. 
 
Estude, a seguir, as técnicas de entrevista. 
 
Técnicas de entrevista 
A metodologia aplicada na elaboração do conteúdo deste curso está ligada à proposta de 
conhecimentos básicos para as práticas da investigação criminal. Ela ficará restrita a duas técnicas aplicadas à 
entrevista na investigação de delitos penais pelas polícias, muito práticas para a coleta de provas testemunhais. 
São elas: entrevista cognitiva e entrevista estruturada. 
 
Entrevista cognitiva 
Uma das técnicas pesquisadas e aplicadas pela psicologia é a entrevista cognitiva, que busca dar 
confiabilidade e validade aos depoimentos. 
Mas, o que é entrevista cognitiva? 
 
A entrevista cognitiva “é um processo de entrevista que faz uso de um conjunto de técnicas para 
maximizar a quantidade e a qualidade de informações obtidas de uma testemunha”, segundo Pergher (2005) e 
Stein (s.d). 
Segundo Heráldez (s.d.), a entrevista cognitiva recebe tal denominação pelas seguintes razões: 
• Porque em seu procedimento se assegura que as perguntas não sugiram respostas; e 
• Porque se dá orientações sobre o tipo de perguntas que podem ser elaboradas de acordo com a 
idade, história educativo-cultural e outras características de seu desenvolvimento cognitivo. 
 
 
 44 
Cognição 
Etimologicamente, a palavra “cognição” deriva das expressões latinas “cognitio” ou “cognoscere”, que 
por sua vez conotam as operações da mente humana que permitem que se possa estar ciente da existência 
de objetos, pensamentos ou percepções. Nela estão incluídos aspectos da percepção, pensamento e memória. 
A cognição é, portanto, um processo pertinente às operações mentais da inteligência humana. (FERRO & 
DANTAS (s.d)). 
Muitas vezes o investigador, diante de informação que considera falsa, poderá concluir que o 
entrevistado está mentindo deliberadamente quando então reagirá com alguma prática coativa. 
 
Foi possível perceber a importância do conhecimento da natureza das lembranças, como motivadora 
do respeito à dignidade da pessoa entrevistada? 
 
Falsa memória 
No estudo do tema que trata das técnicas de entrevista, é importante o conhecimento de um fenômeno 
que é fator de grande importância no resultado do processo, o qual os psicólogos denominam de falsa memória. 
Para Heráldez (s.d.), falsa memória ou falsa recordação, é toda informação memorística em que há total 
ou parcial diferença com os fatos de interesse. 
Esse fenômeno alerta para o cuidado e preparo que o investigador deve ter com a prova testemunhal. 
A falsa memória poderá se transformar em causa de injustiça na aplicação de uma pena, caso não seja 
devidamente detectada pelo entrevistador, que tanto poderá ser o próprio investigador, como o promotor de 
justiça, o advogado, o juiz, ou ainda, os psicólogos e assistentes sociais forenses. 
 
Importante! 
As falsas memórias deverão ser detectadas para evitar erros na aplicação da pena. O investigador deve 
ter sumo cuidado na análise das informações memorísticas, a partir do processo de coleta das 
informações. 
 
Características da falsa memória 
Seguindo o ensinamento de Heráldez (s.d), há dois tipos básicos de falsa memória: espontânea e 
implantada. 
 - Falsa memória espontânea – Resulta de mecanismos internos de distorções da memória. Sua origem 
pode estar em qualquer mecanismo memorístico de formatação da informação. 
Ao convidar a testemunha a fazer esforço para descrever com clareza todos os fatos, o entrevistador 
poderá estar destruindo a possibilidade da criação de falsas recordações. 
- Falsa memória implantada – Resulta da exposição do entrevistadoà falsa informação e da 
incorporação da mesma ao seu repertório de conhecimento. Sua origem está em um terceiro recurso de 
informação. 
 45 
Exemplo: Um comentário que alguém faz sobre um fato e a testemunha ou vítima incorpora em seu 
conhecimento como se fosse informação do evento presenciado por ela. Ou, ainda, o entrevistador ao formular 
a pergunta, faz de tal maneira que nela está embutida a sugestão de resposta, como: “O suspeito não tinha 
barba?” 
 
Otimização da qualidade dos depoimentos 
Para Bruky & Ceci (apud HERÁLDEZ, s.d), a implantação de falsa memória obedece tanto a mecanismos 
cognitivos como socioculturais. 
 
Arend (apud STEIN, s.d) diz que existem pesquisas científicas que constataram que tanto a verdadeira 
memória como a falsa podem apresentar as mesmas características de consistência da versão apresentada ao 
longo da entrevista, como confiança no relato, depoimentos completos e fidedignos, mesmo após múltiplos 
interrogatórios. 
A sugestão de Arend (apud STEIN, s.d), é de que, para otimização da qualidade dos depoimentos, o 
entrevistador deverá, dentre outras técnicas, realizar perguntas abertas, minimizar o número de interrogatório 
e de livre relato dos fatos. 
 
Importante! 
No afã de colher informações bem detalhadas e claras, o investigador acaba por desenvolver 
entrevistas através das quais, involuntariamente, poderá provocar informações baseadas em falsa 
memória. 
 
As perguntas 
Frequentemente, as perguntas são sugestivas ou exigem que o entrevistado relembre a experiência por 
ele vivida: 
Exemplo: Como era a pessoa que viu assaltando a vítima? Era grande? Branca? Usava casaco? De que 
cor? Estava calçado com tênis de corrida? 
Além disso, há sempre outro fator a ser considerado. Normalmente, o ambiente em que ocorre a 
entrevista é um cenário estressante, como a sala da delegacia ou um local de crime, sempre muito carregado 
de emoções. 
O entrevistado também poderá ser levado a responder sem atentar para o fato da resposta estar ou 
não completamente correta, quando submetido a perguntas intimidativas. 
Exemplo: Sabes que serás processado se estiveres prestando informação errada? 
Sua reação poderá ser a busca de falsa memória para satisfazer o entrevistador e, com isso, se perde a 
verdade do fato. 
 
Mecanismo da falsa memória 
Que mecanismo está por trás das falsas memórias que precisa ser conhecido e evitado pelo 
entrevistador? 
 
 46 
Brainerd e Reyna (1995) propõem que os mecanismos de conformação das falsas memórias não são 
diferentes dos mecanismos que conformam as memórias verdadeiras. A origem de ambos depende do tipo de 
informação que se memoriza (de sentido forma combinada de algumas delas), quando se avalia a memória 
(imediatamente ao tempo depois de ocorrido o fato) e é, a partir disso que procedimentos se seguem para a 
lembrança (via reconhecimento ou livre recordação) (HERÁLDEZ, s.d). 
 
Saiba mais... 
Heráldez (s.d.), diz da existência de estudos que garantem que as crianças são mais susceptíveis à 
influência de terceiras pessoas à implantação de falsas memórias. As causas são de ordem social, cognitivo e até 
de personalidade. Esses são fatores que influenciam o intercâmbio de informação entre pessoas. 
Contam para isso, também, sua limitada capacidade de analisar as informações com profundidade, de 
elaborar raciocínios complexos e a limitada representação que tem sobre a lei. 
 
Entretanto, segundo o autor, há também pesquisas que indicam a mesma susceptibilidade por parte 
de adultos. 
Essas informações significam que o entrevistador deverá adotar a postura adequada para evitar que 
sua maneira de formular as perguntas não venha implantar informações falsas no entrevistado. 
 
Importante! 
Quanto maior for o tempo entre a entrevista e o evento investigado, maior é a probabilidade de que 
sejam implantadas falsas memórias, principalmente quando as perguntas forem sugestivas de 
respostas. 
 
Perguntas sugestivas 
Perguntas sugestivas são aquelas que na formulação oferecem informações sobre as quais o 
entrevistado não tenha se reportado anteriormente (HERÁLDEZ, s.d.). 
Exemplo: Num caso em que o entrevistado não havia declarado sobre o tipo de arma usada pelo 
infrator, lhe é feita a seguinte pergunta: Você disse que o assalto foi a mão armada, o assaltante portava uma 
pistola ou um rifle? 
Dizem os pesquisadores que, ainda que seja de forma involuntária, o entrevistador acaba contribuindo 
para a formação de falsas memórias no entrevistado. 
 
Entrevista estruturada 
Outra técnica de coleta de provas testemunhais na investigação criminal é a entrevista estruturada. Essa 
técnica é organizada com o objetivo de colher o máximo de informações com um mínimo de contaminação 
com falsas memórias. A entrevista estruturada se desenvolve, basicamente, em três passos. Veja-os a seguir. 
Primeiro passo: O entrevistador formulará perguntas abertas, procurando estabelecer o menor grau 
possível de condução da entrevista. Procurará deixar que a narrativa seja espontânea. Depois dessa fase inicial 
 47 
é que serão formuladas perguntas mais específicas e de forma progressiva. Inicialmente deverá provocar um 
relato livre com perguntas, como: Por favor, procure narrar, com o maior número de detalhes possíveis, tudo o 
que presenciou do fato. 
Segundo passo: Nessa etapa serão introduzidas perguntas com o final aberto. A pergunta com final 
aberto tem a mesma estrutura da pergunta aberta, entretanto, se refere a um personagem específico do evento. 
Exemplo: Por favor, procure narrar, com o maior número de detalhes possíveis, tudo o se recorda sobre 
a pessoa que você viu atirando na vítima. 
Nesse momento, o entrevistador terá que estar preparado para não introduzir no depoimento, 
informações e detalhes que não sejam os que foram oferecidos pelo entrevistado. O entrevistador passará a 
formular perguntas específicas sobre os detalhes, para que, exaustivamente, os deixe bem claros. Não poderá 
haver dúvidas sobre as informações, pois delas poderão decorrer procedimentos injustos, como prisão e 
condenações de inocentes. 
Terceiro passo: A fase final da entrevista aplicada com a técnica de perguntas estruturadas tem o 
objetivo de eliminar todas as dúvidas, confirmando a fidedignidade do depoimento. O entrevistador deverá 
solicitar ao entrevistado que relate, novamente, todos os detalhes do fato. É o momento de consolidar as 
informações coletadas em um processo de cruzamento com outras informações. 
 
4.3.3 Fase de Análise da entrevista 
Terminada a coleta da informação, é necessário que o investigador submeta todo seu conteúdo a uma 
análise global para avaliar seu grau de credibilidade como prova de um delito. 
 
Segundo Arce & Fariña (s.d.), a credibilidade dos depoimentos ocorre em função de dois parâmetros: 
Validade* + Confiabilidade** 
* A validade serve para estabelecer a admissibilidade da análise de conteúdo. 
** A confiabilidade diz respeito à indicação de realidade contida na declaração. 
 
Importante! 
A análise da validade da declaração deve ocorrer dentro de um contexto onde sejam consideradas 
todas as provas colhidas, tanto testemunhais como materiais. 
 
Considere outros testemunhos e outras declarações que o entrevistado tenha dado em momentos 
diversos, como no local de crime para o investigador cartorário ou para o perito, ou ainda, para o primeiro 
policial a entrevistá-lo. 
Considere também as informações colhidas pelos peritos e registradas em seus relatórios (laudos 
periciais). 
Para Arce & Fariña (s.d), há dois sistemas de análise sistemática da validade das declarações: o SRA 
e o SVA. 
 
 
 48 
4.4 O Interrogatório 
Conforme vocêestudou, entrevista e interrogatório são meios de extração obtenção de informações 
de pessoas, cada qual com suas características. 
Características de um ambiente controlado próprio à realização de um interrogatório. 
O interrogatório deve ser realizado em ambiente controlado, que possua, portanto, as seguintes 
características (COUTO, 2015, págs. 100 e 101): 
- Privacidade: Durante o interrogatório devem estar presentes apenas o investigador e o suspeito, 
admitindo-se, excepcionalmente, a presença de um observador se necessário, como um advogado ou 
representante legal. 
- Lembretes de consequência: Devem ser suprimidos do alcance visual, dentro da sala de 
interrogatório, quaisquer objetos capazes de trazer à consciência do suspeito as prováveis consequências de 
uma confissão, como armas, algemas, distintivos, fotos de operações policiais, etc. 
- Isolamento: A sala de interrogatório deve possuir um isolamento acústico e visual, capaz de torná-la 
independente da atmosfera da unidade policial; grades, fechaduras e movimentação típica de uma delegacia 
funcionam também como lembretes de consequências. 
- Distrações: A sala de interrogatório deve, ainda, estar livre de fatores potenciais de distração, como 
telefones, janelas, quadros, objetos, etc.; objetos eventualmente trazidos pelo suspeito (óculos, bolsa, jornal, 
etc.) devem ser deixados sobre uma mesa fora do seu campo de visão. 
- Iluminação: A luz ambiente da sala de interrogatório deve ser equilibrada, permitindo uma adequada 
percepção das expressões faciais do suspeito sem, contudo, produzir ofuscamento. 
- Mobília: As cadeiras do investigador e do suspeito, ambas com encosto e pés fixos, devem ficar 
alinhadas frontalmente, sem obstáculos (sem mesa entre elas), a uma distância de aproximadamente um metro 
e meio.” 
 
Os nove passos práticos da Técnica REID de Interrogatório. 
1º passo: Confrontação direta 
O interrogador se apresenta, preferencialmente, ainda em pé, enquanto o suspeito já está sentado e 
inicia com uma acusação categórica demonstrando que a investigação foi conclusiva em apontá-lo como autor 
do crime. 
Descrição das ações do interrogador: 
- a acusação deve ser enunciada de forma segura, confiante e pausada, pois o suspeito não vai admitir 
algo que contrarie seu interesse se não sentir absoluta confiança no investigador. 
- é preciso que o investigador trate o suspeito pelo primeiro nome, sem utilizar apelidos ou pronomes 
de tratamento, exigindo, em contrapartida, tratando formal, criando-se uma atmosfera de vulnerabilidade 
psicológica. 
- é preciso que se dê ênfase na consistência das provas reunidas contra o suspeito, portando inclusive 
um procedimento volumoso em mãos no momento inicial. 
- não se deve utilizar terminologia jurídica para a conduta do suspeito, narrando o fato em si. 
 49 
- a confrontação será menos incisiva quanto menor for o grau de convicção acerca da participação do 
suspeito como autor do crime. 
 
2º passo: Introdução do tema de interrogatório 
O tema de interrogatório é um monólogo em que o investigador sugere razões ou circunstâncias que 
objetivam atenuar ou justificar o sentimento de culpa do suspeito, no aspecto psicológico. Essa empatia com o 
suspeito pode ser estabelecida de algumas formas: 
- dizendo que qualquer pessoa, naquelas circunstâncias, teria feito a mesma coisa; 
- dizendo que o que aconteceu não é tão grave; 
- dizendo que terceiros também são responsáveis pela conduta, como a própria vítima ou um cúmplice; 
- induzindo o conflito entre vários suspeitos. 
 
3º passo: A administração de negações 
Independentemente da condição de culpado ou inocente, a reação natural e automática do suspeito, 
ao ser confrontado, é a negação por palavras ou gestos. É o que se espera, via de regra, em um interrogatório. 
No momento da confrontação direta, as negações devem ser ignoradas, exceto se forem muito contundentes a 
ponto de exigir uma repetição da confrontação com as mesmas características. 
A negação manifestada durante a apresentação do tema de interrogatório deve ser, entretanto, 
rechaçada, porque quanto mais tempo se permite que ele repita as negações, mais vínculos psicológicos ele cria 
com a versão, tornando mais difícil a confissão. Portanto, são quatro os objetivos da administração da negação: 
Antecipação: É afastar a negação antes mesmo que ela seja concluída ou manifestada completamente, 
exigindo que o investigador identifique os sinais de que ela está na iminência de ocorrer. Note que a negação 
do inocente é espontânea e natural, enquanto a do culpado, precede de indicações de que ela vai acontecer. 
Censura: Antecipada a negação, é hora de prender a atenção do suspeito para a importância de tudo 
o que está sendo dito. O inocente, provavelmente insistirá na manifestação da negação, enquanto o culpado é 
mais cauteloso nesse instante. 
Avaliação: É a análise das negações que não foram impedidas, com objetivo de se identificarem sinais 
de sinceridade ou dissimulação. O inocente costuma ser enfático, persistente, indignado, sem receio de contato 
com os olhos e de proximidade. 
Resposta: O investigador que avaliar como pertinentes as negações do suspeito deve, paulatinamente, 
reduzir o tom acusatório e buscar compreender as razões da suspeição equivocada, trazendo inclusive o suspeito 
para o seu lado. Em caso contrário, prosseguirá. 
 
4º passo: A reversão de objeções 
Quando o suspeito percebe que suas negações (atitudes meramente defensivas e usadas tanto por 
culpados como por inocentes) foram frágeis, a tendência é mudar de estratégia e passar a utilizar objeções 
(argumentos que tentam convencer o investigador sobre a falsidade das acusações). 
Nesse momento é hora de minar essa resistência por meio da seguinte postura do investigador: 
 
 50 
Reconhecimento: Estimular o suspeito a apresentá-la completamente, perguntando inclusive “por 
que” quando o suspeito disser que é impossível que algo tenha acontecido de tal forma. 
Recompensa: O investigador não deve demonstrar irritação ou surpresa com a objeção, tampouco 
irritar-se, mas agir com a segurança e a tranquilidade de alguém que sabia que ela era previsível e iria acontecer. 
Exemplos: “eu estava contando que você diria isso”, “foi bom você mencionar isso, porque demonstra que a 
ideia não partiu de você”. 
Reversão: O investigador deve reverter a objeção em benefício do tema do interrogatório (apresentado 
anteriormente). Exemplo: “Como eu posso ter atirado nele se nem arma eu tenho?” – “É importante que você 
tenha dito isso porque demonstra que se alguém não tivesse te entregado uma arma você não teria atirado. 
Talvez você até tenha sido forçado de alguma forma a fazer isso”. 
 
5º Passo: A fixação da atenção 
No instante em que o suspeito percebe que suas negações e objeções não se sustentaram, ele recorre 
ao isolamento psicológico, passando a ignorar o tema e abandonando as tentativas verbais de convencer o 
investigador. É perceptível o instante em que o suspeito se fecha (cruzando os braços, desviando o olhar, 
franzindo a testa, etc.) e se silencia. 
Nesse momento, o investigador precisa recapturar a atenção do suspeito e fixá-la, utilizando-se de 
cinco meios adequados: 
Reconhecimento: Reconhecer o isolamento é o primeiro passo. A apatia, a desatenção, o olhar 
desviado, a quietude, etc., são sinais característicos dessa fase. 
Aproximação: Se você confirmar que está nessa fase, o investigador deve aproximar sutilmente a sua 
cadeira, demonstrando interesse e simpatia. 
Contato de olhos: O investigador deve estabelecer contato de olhos, colocando-se sutilmente na linha 
de visão do suspeito. 
Auxílio visual: É hora de o investigador utilizar roupas, objetos, fotografias,desenhos, relatórios, etc., 
como forma de reconquistar a atenção do suspeito. 
Perguntas retóricas: O investigador deve elaborar perguntas retóricas para retomar a atenção e o 
interesse do suspeito. 
 
6º Passo: O reconhecimento da resignação 
É de se esperar, nessa fase, que o suspeito esteja se sentindo fragilizado e sem autoconfiança para 
permanecer mentindo, em razão da boa operacionalização das fases anteriores. É o momento de ápice no 
desenvolvimento do “tema de interrogatório”, estabelecendo um clima amigável e convidando o suspeito a 
contar a verdade. 
Sinais de resignação do suspeito: 
 alteração da posição de braços e pernas, adotando-se postura menos defensiva; 
 acenos de aquiescência com a cabeça; 
 fixação do olhar baixo, no chão; 
 51 
 olhos cheios d’água e sonorizações nasais. 
 
7º Passo: Introdução da questão alternativa 
É uma forma de facilitar ao suspeito a pressão psicológica inerente ao início do processo de confissão, 
tornando-a mais leve e menos penosa, observados os seguintes critérios: 
• ter continuidade ou desdobramento do tema de interrogatório; 
• ter como foco algum detalhe ou circunstância específica do crime; 
• possibilitar ao suspeito duas explicações para esse aspecto focado, de forma que uma seja 
positiva e outra negativa, mas desde que ambas impliquem em admissão de culpa. Exemplo: “se você agiu assim 
porque quis impor sua condição, sua conduta seria inaceitável, mas se fez por causa da raiva que sentiu por ter 
sido humilhado, é importante que isso fique claro.” 
• afastar qualquer tipo de ameaça ou barganha ilegal. Exemplo: “se você não disser nada vai passar 
30 anos na prisão. 
• evitar expressões com tom emocional; 
• transformar as possibilidades de explicação em perguntas fechadas e diretas. Exemplo: se você 
não tivesse atirado é você que estaria morto agora, certo? 
 
8º Passo: A Confissão Oral 
É o momento em que o suspeito adere a uma das possibilidades apresentadas na fase anterior e conta 
a verdade, admitindo a culpa, ainda que apresente circunstâncias distintas. 
Nesse instante, é fundamental que o investigador demonstre o mesmo alívio que o suspeito apresenta 
por ter se desfeito do peso da mentira, estimulando-o, encorajando-o e buscando transformar a admissão de 
culpa em confissão completa. 
É necessário se atentar para o ritmo do próprio suspeito e esse deverá ser respeitado, sem forçar a 
aceleração dos detalhes. 
 
9º Passo: A Confissão Escrita 
Depois de ter narrado a verdade e contado os detalhes de sua confissão e, especialmente, se ela não 
foi filmada (o que é o ideal), deve-se proceder ao registro escrito da confissão, sob pena de que, havendo 
considerável lapso temporal que permita a intervenção de terceiros ou a reflexão do próprio suspeito, ele venha 
a se retratar do que disse. 
Embora ainda não seja frequente no Brasil, é urgentemente necessário que os interrogatórios passem 
a ser filmados, com registro de áudio e vídeo, permitindo a análise pormenorizada de linguagem corporal de 
forma a agregar valor à prova, mas também, paralelamente, garantindo a transparência necessária à 
credibilidade dela em momento posterior. 
 
Lembre-se 
É inútil a obtenção de uma boa prova se ela é incapaz de sobreviver ao tempo! 
 
 
 52 
Finalizando... 
 
• Neste módulo você estudou os métodos de coleta de dados: informantes; campana; infiltração e 
entrevista e interrogatório. 
• Para que a investigação conte com a colaboração de informantes, é preciso que regras sejam 
estabelecidas e seguidas, sob pena de colocar em risco toda a equipe e o sucesso da apuração. 
• A campana será necessária para observar pessoas, estabelecer rotinas, identificar ligações e 
conexões, capturar pessoas ou apreender quaisquer tipos de provas necessárias à investigação criminal. 
• É um meio de prova descrito na Lei nº 12.850/2013, que consiste em retardar a intervenção 
policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que 
mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à 
formação de provas e obtenção de informações. 
• Para extrair informações de pessoas, temos dois instrumentos distintos: a entrevista e o 
interrogatório. 
 
Exercícios 
 
1. Considerando o modo de formulação dos quesitos da entrevista, relacione os itens da 
primeira coluna com o seu correspondente, na segunda coluna. 
(1) Mista 
(2) Cognitiva 
(3) Estruturada 
(4) Semiestruturada 
 
( ) utiliza uma junção de técnicas. 
( ) elaborada com perguntas determinadas. 
( ) permite maior liberdade ao entrevistado. 
( ) busca maximizar a quantidade e a qualidade das informações. 
 
2. A modalidade técnica de investigação criminal denominada campana ou vigilância pode ser 
classificada, quanto ao tipo, em: 
a. móvel ou fixa. 
b. real ou virtual. 
c. direta ou indireta. 
d. planejada ou improvisada. 
 
 53 
3. Comente sobre a importância do informante para a busca da prova e de que forma você 
poderia contribuir para o recrutamento deles em sua atividade diária. 
 
 
 
 
 54 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: 1-3-4-2 
2. Resposta Correta: Letra A 
3. Seu papel é fornecer dados preliminares ao investigador, auxiliando-o na leitura preliminar do 
caso, para que possa formular as hipóteses também preliminares. O recrutamento depende, muitas vezes, de 
exaustivo trabalho de convencimento. O grau de dificuldade tem relação direta com a confiabilidade do cidadão 
na instituição policial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 55 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
A investigação, conforme você já estudou, é uma pesquisa que reúne elementos de fontes diversas 
(pessoas e coisas) objetivando organizá-los para elaborar uma versão verossímil de um fato ocorrido, de forma 
que seja aceita como o mais próximo daquilo que de fato ocorreu. 
Historicamente muito se falou sobre a divisão da investigação em dois momentos, o que, entretanto, 
está equivocado. Na realidade, a investigação é uma pesquisa única, integral e indivisível, que pode se 
estender por considerável lapso temporal, frequentando e refrequentando diferentes e diversos espaços físicos 
ou não nesse período. 
De maneira didática e para fins exclusivamente pedagógicos, divide-se a investigação em preliminar 
e de seguimento. 
 
Esses dois momentos formam o tema desse módulo. 
 
 
Nota 
A divisão didática da investigação em dois momentos será relevante em casos em que ela se 
inicia na cena do crime, como no homicídio, via de regra. 
 
 
Objetivos do Módulo 
 
Ao final desse módulo, você será capaz de: 
 
• Reconhecer a investigação como um processo de uma pesquisa única, integral e indivisível; 
• Compreender a divisão didática da investigação; 
• Listar os objetivos da investigação preliminar; 
• Identificar os métodos da investigação de seguimento. 
 
 
 
MÓDULO 
4 DIVISÃO DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 
 
 56 
Estrutura do módulo 
 
Este módulo contempla as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Divisão didática da investigação 
• Aula 2 – Investigação preliminar: a investigação no local do crime 
• Aula 3 – Investigação de seguimento 
 
 
Aula 1 – Divisão didática da investigação 
 
Na apresentação da aula você estudou que a investigação está dividida didaticamente em preliminar 
e de seguimento. Esta divisão será relevante em casos em que ela se inicia na cena do crime, como no homicídio, 
via de regra. 
 
1.1 Conceituando os dois momentosNos casos em que a investigação parte do crime para o criminoso – estudada no módulo 1, a 
investigação preliminar, inicia-se, via de regra, no local onde o fato ocorreu. É provável que as coisas e pessoas 
ali presentes sejam as mais importante testemunhas do crime, especialmente em ambientes fechados onde 
podem ser mais ricos e menos suscetíveis a alterações dos vestígios materiais e em circunstâncias em que 
pessoas presenciaram o delito. 
Tem-se, portanto, como investigação preliminar, a busca de provas no espaço físico onde o crime 
ocorreu ou naqueles que guardem relação direta com o delito. É chamada de preliminar porque ocorre no 
primeiro contato dos investigadores com o fato a ser investigado e ocorre em meio ao calor do acontecimento. 
A investigação preliminar envolve a chamada cautelaridade do local do crime, já que todas as alterações 
ali existentes e que foram provocadas pela conduta delituosa, tendem a desaparecer em pouco tempo, razão 
pela qual precisam ser custodiadas regularmente através do registro adequado das informações de forma que 
subsistam de maneira legal, transparente e com credibilidade no decorrer da apuração e de eventual processo 
judicial futuro. 
 
Refletindo sobre a questão... 
Toda e qualquer prova é produzida para um momento futuro, portanto, de nada adianta parecer eficaz 
no momento em que é produzida, se será invalidada posteriormente em razão de qualquer irregularidade 
procedimental. 
 
 
 
 57 
Exemplos 
As marcas de sangue ou de pegadas no local desaparecerão em breve. É preciso que um laudo 
perinecroscópico as registre de forma que sejam eternizadas porque não se poderá repetir essa prova por 
impossibilidade de reconstrução daquelas alterações. Da mesma maneira, o depoimento de uma testemunha, 
embora possa ser repetido várias e várias vezes, poderá conter informações mais relevantes e robustas quando 
registrado logo após o crime, já que diversas circunstâncias poderão intervir na qualidade desses dados quando 
tiver passado muito tempo do crime. 
 
Como investigação de seguimento, podem se chamar todas as pesquisas realizadas depois de tratado 
o local do crime. Essas pesquisas poderão ocorrer em momentos, locais e de maneiras distintas, envolvendo 
exames periciais, depoimentos, bancos de dados, etc. 
 
Aula 2 – Investigação preliminar: a investigação na cena do crime 
 
2.1 Ampliando a questão sobre a cena do crime 
Como você já estudou, nos casos em que a investigação tem início no espaço físico em que o crime 
ocorreu, é provável que as pessoas e coisas ali existentes tenham informações absolutamente relevantes para a 
apuração do delito, especialmente, repita-se, quando ocorrido em ambientes fechados e menos suscetíveis a 
alterações posteriores. Daí a importância histórica que se dá à cena do crime. 
Historicamente, contudo, construiu-se uma relação da cena do crime com a realização de exame 
pericial, levando-se a crer que o local do crime é importante exclusivamente pelos vestígios materiais que possa 
guardar, o que, entretanto, é incompleto e inadequado. O raciocínio que construiu essa cultura traz de forma 
subjacente a ideia de que o local do crime é onde se têm sangue, pegadas, esperma ou outro tipo de material 
biológico que permita a identificação do autor, mas é preciso que se tenha em mente que existem inúmeros e 
diversos locais de crime, nem sempre materializados por um espaço físico definido. 
 
O que dizer, por exemplo, dos crimes cibernéticos? Qual o local ou os locais em que ocorrem? E no caso 
de fraudes arquitetadas e executadas por meios e etapas distintos, envolvendo diversos locais, reais e 
virtuais? 
 
O local do crime, portanto, quando considerado como o espaço físico onde ele ocorreu, é importante 
para todas as fontes de informação, para a análise de acessos, de possibilidades e impossibilidades, de trajetos 
e percursos e, portanto, para todo o conjunto investigativo. Ademais, um vestígio, isoladamente, é incapaz de 
possibilitar a apuração do crime por si só, tratando-se de mais um elemento importante na montagem do 
quebra-cabeças investigativo. 
Nesse sentido, é imprescindível que seja isolado e preservado, sob todos os aspectos. 
Segundo Mingardi 2006, uma pesquisa conduzida pela Rand Corporation 21 coloca a questão da 
seguinte forma: 
 
 58 
A maioria das soluções de casos ocorre graças ao trabalho dos policiais de patrulha, a quem se devia a 
identificação do criminoso no local do crime ou a procedimentos policiais de rotina. (MINGARDI, 2006, p. 37). 
A cena do delito é o ambiente de maior evidência da integralidade ou indivisibilidade da 
investigação criminal. Os dados e informações ali extraídos pelos investigadores em suas diversas funções 
(agentes, peritos, médicos, etc.) pertencem a uma realidade fática única e indissociável, de forma que devem 
ser considerados em um mesmo contexto, sob pena de indução a erro. 
O primeiro mito a ser derrubado é a supervalorização da prova pericial, que é equivocada. De acordo 
com Espíndula (2006, p.6), a ideia tão comum e disseminada ao longo de décadas em livros de criminalística, 
como a de que(...) 
onde quer que ele (autor) ande, o que quer que ele toque ou deixe, até mesmo 
inconscientemente, servirá como testemunho silencioso contra ele. Não impressões 
papilares e de calçados somente, mas seus cabelos, as fibras das suas roupas, os 
vidros que ele quebre, as marcas de ferramenta que ele produza, o sangue ou sêmen 
que ele deposite. Todos esses e outros transformam-se em testemunhas contra ele. 
Isto porque evidências físicas não estarão equivocadas, não perjuram contra si 
mesmas. (ESPINDULA, 2006, pág. 6)” 
 
(...)precisa ser desmistificada por uma simples razão. Os vestígios materiais encontrados em um local 
de crime não falam por si, sendo submetidos inevitavelmente à interpretação dos agentes que os manuseiem. 
Não possuem, portanto, o nível pretendido de objetividade tão propagado. Ademais, há de se considerar que 
os elementos materiais existentes na cena do delito podem sim ser consequência do crime que foi praticado, 
mas também podem ser plantados, manipulados ou intencionalmente dirigidos como forma de induzir os 
investigadores a erro. Por fim, é preciso que se tenha sempre em mente a ideia inequívoca de que o crime é 
resultado da conduta humana e quando existe o chamado resultado naturalístico (que altera o mundo físico) 
este somente poderá ser considerado no contexto de todo um conjunto probatório que não pode ser 
fragmentado. 
Exemplo: É possível que se encontrem fios de cabelo, impressões digitais e outros materiais biológicos 
de uma determinada pessoa que, em algum momento, esteve na cena do crime, não significando que ela tenha 
ligação com o crime. É possível ainda que uma mulher seja estuprada e morta por um autor que use preservativo, 
sendo que minutos antes ela tenha tido relação sexual consensual com o parceiro, restando em seu corpo 
material biológico que o identifique, sem que ele tenha qualquer relação com o delito. A ideia de que elementos 
físicos não se equivocam remete a uma equação matemática nos seguintes termos: se ela foi estuprada e morta 
e se há esperma de fulano de tal no corpo significa que fulano de tal a estuprou e matou em seguida. 
 
2.2 Os objetivos da investigação no local de crime 
Nunca é demais frisar que a investigação é uma pesquisa única e indivisível e que, nas hipóteses em 
que se iniciar no local do crime, alguns cuidados e conceitos devem ser compreendidos, como exposto na aula 
anterior. 
 59 
Tão importante quando esses conceitos e cuidados é a compreensão sobre o objetivo da investigação 
no local do crime. É evidente que toda a investigação objetiva a apuração do crimepor meio da identificação 
de seu autor, da prova de que o crime tenha sido efetivamente realizado e dos elementos que o conectem ao 
seu agente. 
É necessário compreender, entretanto, que a partir da divisão pedagógica da investigação pra fins 
didáticos (preliminar e seguimento), existem objetivos específicos quanto ao exame do local da infração e que 
não são simplesmente a identificação do seu autor. 
O ponto de partida para a investigação do local do crime é um roteiro de perguntas específicas cujas 
respostas serão alcançadas a partir da conexão das informações captadas (de forma legal e transparente a ponto 
de gerar credibilidade): 
ROTEIRO 
• O que aconteceu = qual foi a conduta e qual foi o resultado; 
• Como aconteceu = qual a forma, os meios e instrumentos utilizados; 
• Onde exatamente aconteceu = quais os espaços físicos em que as principais ações da conduta 
foram executadas e em quais os resultados relevantes aconteceram; 
• Quando aconteceu = qual o horário mais aproximado possível e quanto tempo durou a ação; 
• Como se deu o acesso ao local = de que forma o autor conseguiu adentrar ou se posicionar no 
espaço físico onde o crime aconteceu; 
• Qual o percurso provável do autor = de onde veio e como se locomoveu até o local. 
 
Esse roteiro é apenas exemplificativo e pode ser adaptado, conforme o tipo de crime a ser apurado, 
sem que deixe de trazer os elementos estruturais que permitam a compreensão mais clara possível da dinâmica 
do crime. 
A análise pericial do local deverá ser considerada em consonância com as informações testemunhais 
de pessoas ou sistemas de gravação e somente em conjunto é que poderão trazer as respostas adequadas às 
questões propostas. 
Tão importante quanto a coleta dessas informações é o registro imediato quando possível. Há de se 
considerar os registros e encaminhamentos fotográficos e por meio de filmagem, hoje facilmente acessíveis por 
meio de aparelhos telefônicos comumente utilizados. É necessário inovar na captação de elementos, não se 
atendo aos instrumentos clássicos e documentais elaborados somente em momento posterior (laudos e termos 
de depoimento em unidades policiais). 
A partir dos elementos de informação coletados no local do crime, os investigadores terão um fato 
específico construído e detalhado que representa o fato a ser investigado. A partir dele, devem estabelecer outro 
roteiro que será perseguido por meio da investigação de seguimento, isto é, de todo o conjunto de pesquisas 
realizadas depois de exaurida a cena do crime. De maneira geral, serão buscadas respostas para as seguintes 
perguntas: 
• Qual o objetivo do crime? 
• Por qual razão o autor praticou o crime? 
• Quais as etapas e locais ele necessariamente realizou e visitou até o resultado final? 
 
 60 
• Quem são as pessoas, coisas, documentos ou locais que auxiliarão na reconstrução de todo o 
crime? 
 
Aula 3 – Investigação de seguimento 
 
3.1 Conceitos necessários 
 
3.1.1 Local de crime 
Local de crime é o espaço físico onde tenha ocorrido um delito ou onde se encontre qualquer vestígio 
relacionado com a preparação, execução ou consumação desse delito. 
Também pode ser considerado como o espaço virtual ou o conjunto de espaços físicos ou físicos e 
virtuais em que etapas distintas e componentes de um crime, foram realizadas, e ainda, locais em que possam 
existir informações relevantes de um delito praticado. 
Exemplo: Em operações atualmente comuns, nas quais se investiga a prática de fraudes e desvios de 
recursos em diversas licitações e contratos públicos, praticados por agentes e empresas distintas. São inúmeros 
os espaços que podem ser considerados como local do crime. Desde aqueles em que houve a presença física 
de alguém para a entrega de valores até os sistemas de informática que guardem registros de transações, 
transferências, saques e pagamentos que configurem crime. 
 
3.1.2 Critérios de classificação do local de crime 
 Classicamente, o local de crime é classificado quanto a idoneidade e quanto a sua relação com o 
resultado do crime, como você verá a seguir. 
Quanto à idoneidade 
- Idôneo – aquele cujos elementos físicos são resultantes da prática do crime e não de intervenções de 
terceiros; 
- Inidôneo – aquele cujos elementos físicos sofreram intervenções de terceiro, perdendo a condição 
natural de consequência da conduta humana. Essa intervenção pode ocorrer intencionalmente ou culposamente, 
de forma injustificada ou justificada (como no caso de prestação de socorro à vítima) 
 
Importante! 
Em hipótese alguma, deve o investigador registrar no Boletim de Ocorrência simplesmente que o local 
é inidôneo para a realização de exame pericial. Essa informação genérica não é absoluta 
 
Mesmo com as intervenções intencionais ou culposas, muitos vestígios continuam presentes no local 
de crime e poderão ser validados, uma vez colhidos, no âmbito das outras provas, por exemplo, da prova 
testemunhal. A constatação das eventuais intervenções deve ser devidamente registrada e esclarecida no 
decorrer da investigação. 
 61 
 
Importante! 
A suposta idoneidade do local, noticiada por terceiros, não é justificativa para a não realização do 
exame pericial adequado, que deverá ser feito e constatadas eventuais intervenções identificadas. 
 
Quanto à relação com o resultado do crime 
- Imediato – É o local propriamente dito. Aquele onde ocorreu a execução do delito e onde, via de 
regra, seu resultado foi produzido. 
 - Mediato – É o espaço físico constituído pelas adjacências do local imediato, onde existam vestígios 
do delito. Geralmente, são os locais próximos por onde vítima e/ou autor tenham passado, já durante a 
ocorrência do crime, mas antes de consumado. 
- Relacionado – É todo espaço físico ou virtual que guarde relação com alguma das etapas da prática 
do delito, com sua execução direta ou indireta e também com o seu resultado. 
 
A diferença entre os locais mediato e relacionado é que o local mediato está fisicamente ligado ou 
nas proximidades do local imediato, enquanto o relacionado não. 
 
3.1.3 Isolamento e preservação do local de crime 
O isolamento e a preservação são medidas essenciais que antecedem a coleta de dados deixados na 
cena do crime. São procedimentos fundamentais para o sucesso da investigação no ambiente em que ocorreu 
o delito. 
 
 Isolamento de local de crime 
O isolamento é a primeira providência a ser adotada pela polícia ao tomar conhecimento do delito. 
Isolar é, no sentido literal do termo, separar de qualquer contato com pessoas e coisas que não estejam 
relacionadas com ele ou com a investigação. Portanto, dele não poderão ser retirados ou alterados quaisquer 
elementos físicos até que se inicie a investigação. Da mesma forma, nele não poderão ser inseridos quaisquer 
outros dados que alterem os vestígios do delito. Essas medidas evitarão que o ambiente seja adulterado e 
possibilite erros na interpretação dos dados ali observados e colhidos. 
É crucial que órgãos oficiais cheguem rapidamente ao local do crime a fim de preservá-lo ou mesmo 
que medidas de busca e apreensão sejam efetuadas como forma de não se permitirem perdas nos elementos 
relevantes à apuração. 
No caso de espaços físicos definidos, não há uma regra geral que indique o tamanho ou a extensão do 
isolamento, mas há uma orientação fundamental para que ele seja providenciado de forma eficaz. 
 
Até onde, pelas circunstâncias do fato imediatamente percebidas, podem existir elementos materiais 
que tenham relação com o fato? 
 
 62 
É que muitas vezes os elementos físicos são perceptíveis a olho nu, outras vezes não. A resposta a essa 
pergunta deve ser construída conjuntamentepela equipe de investigadores e considerar, quando existentes, 
informações imediatas de testemunhas presenciais. 
Lamentavelmente, o Brasil ainda não possui a cultura de isolamento adequado do local do crime. 
 
 Preservação do local de crime 
A coleta dos vestígios deixados no local de crime requer sua preservação tal como foram deixados pela 
conduta do criminoso. 
A delimitação e o isolamento são as fases preliminares da preservação. Sem esse processo, é muito 
difícil ou impossível executar a preservação, pois essa é a consequência das fases anteriores. Preservar o local 
do crime é garantir a inviolabilidade e a permanência das informações ali deixadas. 
A preservação diz respeito, também, à prova testemunhal. Ela deverá ser identificada e preservada para 
prestar as primeiras informações sobre o que sabe do delito. 
A eficácia da preservação do ambiente do delito tem relação direta com a eficácia da investigação. 
Muitos dos fracassos na coleta de provas têm origem no descuido com o local de crime. 
 
3.2 Métodos de investigação de seguimento 
Não há que se falar em distinção de métodos no momento seguinte à investigação preliminar, 
denominado didaticamente de investigação de seguimento. A questão é que, agora, via de regra, a busca de 
informações pode alcançar inúmeros e diferentes espaços físicos ou não e se perpetuar no tempo, conforme a 
especificidade e o grau de dedicação em cada caso. 
Ainda que ocorra a prisão em flagrante do suspeito, a investigação prosseguirá para permitir a coleta 
de todas as informações necessárias à elaboração da versão verossímil final que será encaminhada à Justiça 
como reconstrução daquilo que de fato ocorreu, mesmo porque a custódia em flagrante decorrerá da existência 
de elementos de fundada suspeita naquele momento, sendo possível que um suspeito preso em flagrante não 
seja apontado como autor do delito na conclusão da investigação. 
 
Dessa maneira, os métodos da investigação de seguimento são todos aqueles possíveis a uma 
investigação de forma geral, dentre os quais é possível citar: 
• Análise de imagens: verificação de imagens de CFTV, de emissoras ou de cinegrafistas amadores 
não só no local do crime, mas nos locais de trajeto e percurso de suspeito, vítima e testemunha; 
• Entrevistas: diálogo sistematizado e técnico com pessoas que tenham informações sobre o crime; 
• Interrogatório: diálogo sistematizado, direto, inquisitivo e acusatório com o suspeito do crime; 
• Buscas e apreensão de documentos, coisas, armas, etc.; 
• Pesquisas em bancos de dados; 
• Verificação de casos semelhantes; 
• Reconhecimento; 
• Acareação; 
 63 
• Interceptação telefônica e de dados; 
• Sequestro de bens. 
 
Dentre os métodos de investigação de seguimento, destacam-se neste curso dois deles: o 
interrogatório e a análise de vínculos. 
O interrogatório é muito falado, mas ainda pouco compreendido. Você teve a oportunidade de 
estudá-lo no módulo anterior, por meio de uma técnica específica de interrogatório (REID) com o passo a passo 
para sua realização, lembra? 
A análise de vínculo é uma ferramenta moderna e atual, mas ainda desconhecida e muito pouco 
utilizada pelos investigadores. 
Para Couto (2015), análise de vínculos, resumidamente, consiste em: 
 
Uma técnica especializada de importação, depuração, organização, interpretação e 
diagramação de dados brutos, que permite ao usuário detectar padrões e 
relacionamentos existentes entre elementos constitutivos do universo da 
investigação. 
 
A análise de vínculos é realizada por meio de softwares específicos, dentre os quais, destacam-se 
alguns mais conhecidos 
 
 i2 Analyst's Notebook (IBM) - www-03.ibm.com/software/products/br/pt/analysts-notebook 
 Sistema de Inteligência Investigativa e Estratégica - IDSeg (Dígitro) - www.digitro.com 
 Caseboard (4Sec) - www.4secbrasil.com.br 
De maneira objetiva, a análise de vínculos poderá apresentar dois resultados distintos: 
- Demonstrar conexões já conhecidas dos investigadores com o auxílio de ilustrações gráficos que 
agregam valor ao conjunto probatório; 
- Revelar conexões até então desconhecidas no universo de dados obtidos em uma investigação e, 
portanto, invisíveis, sem o auxílio do software. 
Como produto, a análise de vínculo apresentará diagramas construídos por analistas criminais, a 
partir de bases diversas como ocorrências policiais, comunicações telefônicas, dados bancários, lugares, 
veículos, armas, visitas e/ou permanência em unidades prisionais, etc. 
 
3.2.1 Outros Métodos de investigação de seguimento 
Além das informações colhidas com testemunhos, com os vestígios encontrados na cena, no próprio 
corpo do suspeito e na sua história antecedente, há outras possibilidades bastante eficazes para apuração do 
delito: 
Fazer o reconhecimento direto do suspeito: O suspeito poderá ser submetido ao reconhecimento 
por testemunhas ou vítima (ou até por outro autor ou suspeito) do fato. 
 
 64 
Formalizar, de imediato, todas as informações das testemunhas e vítimas: O depoimento formal 
evitará dificuldades futuras no inquérito para localização das pessoas e servirá de fundamento para o 
requerimento de prováveis atos judiciais cautelares como prisões e buscas e apreensões. 
Como o inquérito policial é formal (escrito), logo após a seção de entrevistas, os depoimentos das 
testemunhas e vítimas deverão ser tomados por escrito pela autoridade competente. 
 Intercâmbio policial: Manter intercâmbio permanente com outras delegacias para o confronto de 
informações que indiquem pistas da autoria. 
Consulta aos bancos dados disponíveis: A consulta aos bancos de dados é uma ferramenta 
importante para a investigação criminal. 
 
Finalizando... 
 
• Neste módulo você estudou a divisão didática da investigação que apresenta dois momentos: a 
investigação preliminar, a busca de provas no espaço físico onde o crime ocorreu ou naqueles que guardem 
relação direta com o delito, e a investigação de seguimento, que envolve todas as pesquisas realizadas depois 
de tratado o local do crime. 
• A cena do delito é o ambiente de maior evidência da integralidade ou indivisibilidade da 
investigação criminal. Os dados e informações ali extraídos pelos investigadores em suas diversas funções 
(agentes, peritos, médicos, etc.) pertencem a uma realidade fática única e indissociável, de forma que devem 
ser considerados em um mesmo contexto, sob pena de indução a erro. Por isto, a importância de isolá-lo e 
preservá-lo. 
• Dentre os métodos de investigação de seguimento, destacam-se neste curso, dois deles: o 
interrogatório e a análise de vínculos. 
• O interrogatório, muito falado, mas ainda pouco compreendido, você teve a oportunidade de 
estudar no módulo anterior, por meio de uma técnica específica de interrogatório (REID) com o passo a passo 
para sua realização, lembra? 
• A análise de vínculo é uma ferramenta moderna e atual, mas ainda desconhecida e muito pouco 
utilizada pelos investigadores. 
• Além das informações colhidas com testemunhos, com os vestígios encontrados na cena, no 
próprio corpo do suspeito e na sua história antecedente, há outras possibilidades bastante eficazes para 
apuração do delito. 
 
 
 
 
 
 
 65 
Exercícios 
 
1. Considerando o que estudou sobre investigação preliminar, marque (V) para as sentenças 
verdadeiras e (F) para as falsas: 
a. Nos casos em que a investigação parte do crime para o criminoso, a investigação preliminar, inicia-
se, via de regra, no local onde o fato ocorreu. 
b. Na investigação preliminar tem-se a busca de provas no espaço físico onde o crime ocorreu ou 
naqueles que guardem relação direta com o delito. 
c. É chamadade preliminar porque ocorre no primeiro contato dos investigadores com o fato a ser 
investigado e ocorre em meio ao calor do acontecimento. 
d. A investigação preliminar e de seguimento possuem os mesmos objetivos específicos. 
 
2. De acordo com a investigação de seguimento é incorreto afirmar que: 
a. Como investigação de seguimento pode-se chamar todas as pesquisas realizadas depois de tratado 
o local do crime. 
b. Nas situações onde ocorre a prisão em flagrante do suspeito não há necessidade da investigação 
de seguimento. 
c. As pesquisas realizadas pela investigação de seguimento poderão ocorrer em momentos, locais e de 
maneiras distintas. 
d. Exames periciais, depoimentos e bancos de dados são exemplos de pesquisas realizadas na 
investigação de seguimento. 
 
3. Marque a alternativa correta. Primeira providência a ser adotada pela polícia ao tomar conhecimento 
do delito. 
a. Preservação do local do crime 
b. Isolamento do local do crime 
c. Investigação preliminar 
d. Investigação de seguimento 
 
4. Marque a alternativa correta. Técnica especializada de importação, depuração, organização, 
interpretação e diagramação de dados brutos, que permite ao usuário detectar padrões e relacionamentos 
existentes entre elementos constitutivos do universo da investigação. 
a. Interrogatório 
b. Entrevista 
c. Análise de vínculos 
d. Análise de imagens 
 
 
 66 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: V-V-V-F 
2. Resposta Correta: Letra B 
3. Resposta Correta: Letra B 
4. Resposta Correta: Letra C 
 
 67 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Feita a coleta dos dados, o investigador deve concentrar sua atenção na análise e interpretação das 
informações formatadas. 
O objetivo é dispor as informações de maneira sistematizada, para que possam ser transformadas em 
respostas ao problema posto inicialmente. Para que isso ocorra é necessária uma análise da credibilidade 
dessas informações como prova do delito em apuração. 
Você estudou na análise das informações colhidas em depoimentos de testemunhas, vítimas e 
suspeitos, que a credibilidade passa pelos parâmetros de validade e confiabilidade. 
A interpretação dará sentido mais amplo aos dados, possibilitando sua conexão com o conhecimento 
existente (a história do fato). 
 Neste módulo, você estudará a metodologia dessa análise e como a tecnologia da informação pode 
auxiliá-lo nesse trabalho. 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Identificar as etapas do processo de análise dos dados da investigação; 
• Visualizar a aplicação da tecnologia da informação na análise do conhecimento produzido pela 
investigação criminal. 
 
Estrutura do módulo 
 
Este módulo está dividido nas seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Análise, interpretação e gestão dos dados da investigação; 
• Aula 2 – Uso da tecnologia da informação (TI). 
 
 
MÓDULO 
5 
ANÁLISE DE DADOS E GESTÃO DO 
CONHECIMENTO PRODUZIDO PELA 
INVESTIGAÇÃO 
 
 68 
Aula 1 – Análise, interpretação e gestão dos dados da investigação 
 
1.1 Metodologia de análise 
O princípio da indivisibilidade impõe que todos os dados da investigação sejam analisados em um 
único contexto, de forma indivisível. 
Esse contexto envolve todas as informações colhidas pela investigação em suas funções distintas – 
depoimentos, relatórios do agente investigador, laudos periciais, reconhecimentos, relatórios de atividades 
financeiras, relatórios sobre atividades fiscais, etc. 
Para reforçar esse conhecimento e demonstrar alguma praticidade, veja alguns métodos postos para 
análise de dados que poderão ser adequados à investigação criminal. Segundo Davenport & Prusak (apud 
Santiago Jr. 2004, p. 29), a transformação da informação em conhecimento é possível a partir da: 
Comparação: Entendimento sobre como as informações relativas a um determinado assunto podem 
ter alguma relação ou aplicação em outras situações. 
Consequência: Implicação que determinada informação pode trazer para a tomada de alguma decisão 
e/ou ação. 
Conexão: Relação entre a informação adquirida e um conhecimento já existente. 
Conversação: Interpretação daquela informação a partir do entendimento sobre o que as pessoas 
pensam sobre ela. 
René Magritte disse: “Tudo quanto vemos esconde alguma coisa”. 
A prática e a pesquisa científica têm confirmado essa assertiva. Na investigação de um delito, o 
investigador deve ter a habilidade de sempre esgotar todas as possibilidades de manipulação e observação 
dos dados colhidos, para poder inseri-los ou filtrá-los do contexto da prática delituosa objeto da 
apuração. 
Não há dúvidas que a investigação criminal é um sistema complexo de coisas, fatos ou circunstâncias 
que formam uma rede de dados, exigindo cuidados especiais na gestão e na análise, para que dela sejam 
extraídas as informações que serão validadas como prova. 
Gestão e análise dos dados da investigação remetem ao conceito de qualidade, pois o objetivo desse 
processo é moldar a prova com as condições necessárias para explicação do fato investigado. 
O produto final da investigação é a prova da prática de um delito e de sua autoria. Esse produto deverá 
ter qualidade para ser eficaz no que se propõe. A matéria-prima da prova é o conhecimento produzido com as 
explicações sobre fato delituoso. 
E o que é qualidade? 
 
1.2 Qualidade no processo de coleta de provas 
O conceito moderno de qualidade, de acordo com a ciência da Administração, trata da satisfação do 
cliente quanto à adequação do produto ao uso. 
 
 69 
Importante! 
Não é apenas uma questão de perfeição técnica. Não basta que a prova esteja adequada ao modelo 
descrito na lei. Ela terá que ser adequada às necessidades de explicação jurídica de um determinado 
delito. 
 
Uma mancha de sangue coletada em um local de crime poderá estar, tecnicamente, adequada à 
metodologia descrita na lei, mas não ser a prova ideal para aquele delito. 
A qualidade dessa prova depende de cuidados durante sua produção, análise dos dados e gestão do 
conhecimento deles decorrente. 
 
Aula 2 – Uso da tecnologia TI 
 
Você estudou que o processo de coleta de provas para apuração de um delito, dependendo da 
complexidade do evento, poderá produzir um grande número de informações. 
A análise das informações envolve o processo cognitivo e esse envolve operações mentais da 
inteligência humana. 
 
Importante! 
Faz parte desse processo a visualização da informação, ou seja, a inteligência visual que é parte 
essencial da inteligência humana, na sua capacidade de percepção ou cognição dos símbolos, códigos e 
sinais, conforme ensinam Ferro & Dantas (s.d). 
 
A análise das informações geradas pela investigação nos leva ao laborioso e complexo estudo de dados, 
impondo elevado grau de dificuldade para a compreensão de sua credibilidade como prova. 
Veja o comentário de Few (apud por Ferro & Dantas, s.d): 
 
(...) frequentemente o melhor da nossa compreensão emerge quando olhamos para 
“desenhos dos dados”. Isto, segundo Few, ocorreria em função da visão ser o sentido 
dominante nos seres humanos. No mesmo passo, o autor ensina que ao 
examinarmos dados propriamente apresentados visualmente, algumas vezes 
experimentamos “rasgos de reconhecimento” que somente ocorreriam, após horas 
de laborioso estudo para possibilitar a mesma espécie de “descoberta. Tal 
descoberta seria o ápice do processo cognitivo.” (FERRO & DANTAS, s.d). 
 
Essa capacidade de melhor percepção e compreensão dos dados visualizados se torna ineficaz diante 
de um cenário extremamente complexo. 
 
A palavra ‘complexo’, em sua etimologia, deriva de “plexus”,cujo significado original, 
em latim, remonta a descrição anatômica de uma rede de nervos, vasos sanguíneos 
 
 70 
ou linfáticos entrelaçados (vínculos). Vem daí que o termo refere-se à qualidade do 
que é complexo, ou, derivadamente, entrelaçado. (...) Ao reconhecer a existência de 
organizações onde o ambiente contém sistemas não-lineares, sem equilíbrio estável 
e de dinâmica imprevisível, é necessário considerar um novo paradigma de cognição 
dessa complexidade. (FERRO & DANTAS, s.d) 
 
MORESI (2001, apud Ferro & Dantas, s.d) ressalta a aplicação da cognição da complexidade em outra 
áreas, como por exemplo, na física para elaboração de escala planetária, envolvendo a emissão de gases 
poluentes à camada de ozônio, as correntes marítimas e o aquecimento da Terra; na biologia, principalmente, 
em relação aos seres humanos com seus múltiplos sistemas e aparelhos interagindo para manter a homeostasia 
e nas ciências sociais, onde a complexidade pode ser observada no fenômeno da comunicação, cujos avanços 
tecnológicos possibilitam interações (conectividade) cada vez mais rápidas entre pessoas, povos e nações. 
 
2.1 A complexidade e a moderna atividade investigativa criminal 
De acordo com Ferro & Dantas (s.d), um sistema complexo se caracteriza pela imprevisibilidade do seu 
comportamento, resultado da ação conjunta e aleatória de fatores internos e externos. 
O sistema complexo pode ser compreendido por meio da construção de modelos ou simulações do 
próprio comportamento, possibilitadas pela observação do todo (Análise global). O grau de complexidade de 
um determinado sistema é medido pelo levantamento do número de inter-relações (vínculos) entre seus 
elementos constitutivos, atributos e respectivos graus de organização. 
Apesar do aparente caos formado pela complexidade das informações que deverão ser analisadas, elas 
não estão soltas no contexto, e sim, interligadas, vinculadas, estabelecendo uma conexão que precisa ser 
ressaltada à percepção do investigador. 
A tecnologia da informação (TI) entra como ferramenta importante na visualização dessa rede de 
vínculos que irão possibilitar a percepção de todo o contexto do delito. Com ela surge a chamada inteligência 
artificial (IA) formatada a partir de tecnologia surgida com a moderna ciência da computação. 
 
2.2.1 Tecnologia da informação 
A TI é uma ferramenta estratégica e facilitadora na análise e gestão do conhecimento na investigação. 
Ela permite a transmissão e o acesso rápido a um enorme volume de informações, tornando ágil seu processo 
de tratamento, manipulação e interpretação. 
O uso da tecnologia permite ao investigador ter acesso a interpretações de dados e informações sobre 
ligações telefônicas, registros, sinais, cadastros e conversas, de forma ágil e sistemática. 
 
Com aplicação da TI é possível descobrir e interpretar vínculos que, a olho nu, são imperceptíveis ao 
investigador, que se encontra diante de um grande volume de dados. 
 
 
Saiba mais... 
 71 
Pela clareza do ensinamento, vale a leitura do texto de Ferro & Alves (2005) sobre as investigações 
policiais contemporâneas. 
 
2.2.2 Objetivo da análise global 
 
Você deve estar se perguntando: 
Qual o sentido da análise global das informações coletadas pela investigação criminal? 
 
É a consolidação de sua credibilidade como prova. Não basta supor, por exemplo, que um grupo de 
pessoas investigadas pela prática de roubos e extorsões, formava uma quadrilha. É preciso que a investigação 
demonstre que entre elas havia uma associação com vínculos psicológicos, destinada à prática de delitos. 
Da mesma forma, no caso de crime organizado, não basta, diante de uma série de informações, como 
depoimentos, registros bancários, contas telefônicas, registros patrimoniais, etc., afirmar que se trata de uma 
organização criminosa, sem que os fatores que determinam as características de uma organização sejam 
devidamente demonstrados na investigação. 
Para Ferro e Dantas (s.d), nesse caso, terá que ser demonstrado que o grupo formava uma associação 
estruturalmente organizada e vinculada, caracterizada por hierarquia, divisão de tarefas e diversificação de áreas 
de atuação, com o objetivo de delinquir visando à obtenção de lucro financeiro e, eventualmente, vantagens 
político-econômicas e controle social, adquirindo dimensão e capacidade para ameaçar interesses e as 
instituições nacionais e estaduais, conforme conceito difundido pela Escola de Inteligência da Agência Brasileira 
de Inteligência. 
 
2.2.3 Benefícios das informações colhidas 
A análise das informações é a sistematização do conhecimento construído na investigação, 
consolidando os vínculos recíprocos entre atores do delito e desses com a conduta delituosa. 
A análise é o processo de testificação, validação e codificação das informações para transformá-las em 
um conhecimento chamado de prova, que irá fundamentar o processo de julgamento do infrator. 
Esse conhecimento não deve se perder nas burocracias de um processo sem que reverta em benefícios 
para a gestão de novos casos. 
 
Importante! 
As informações colhidas durante a investigação formam um ativo intangível que agrega valores às 
demais atividades da polícia como prestadora de serviço público. 
 
Nesses conhecimentos há um know-how técnico, criatividade e inovações que precisam ser mantidos 
ao alcance da organização policial para o processo de reutilização no aprendizado de seus agentes. 
Aplicando-se à segurança pública os ensinamentos de SANTIAGO (2004, p. 24), pesquisas comprovam 
que iniciativas voltadas para a gestão do conhecimento podem trazer grandes benefícios para: 
• Tomada de decisão do coordenador da investigação 
 
 72 
• Gestão dos atores envolvidos no processo de investigação 
• Resposta às demandas apresentadas pelo problema investigado 
• Desenvolvimento de habilidades dos profissionais da investigação criminal 
• A produtividade da investigação 
• Eficácia dos resultados 
• Compartilhamento das melhores práticas com outras polícias 
• Redução de custos 
Esses são fatores que nem sempre são levados em consideração pelo sistema penal – Polícias, Ministério 
Público e Poder Judiciário. Quase sempre as informações colhidas na investigação não são revestidas em 
benefício de políticas públicas voltadas para o bem estar da comunidade, no enfrentamento da violência. 
 
Finalizando... 
 
• Nesse módulo você teve oportunidade de estudar sobre a importância da análise dos dados e 
conhecimentos colhidos durante o processo da investigação. 
• Estudou também métodos e técnicas que poderão ser aplicadas no processo de análise de todas 
as informações que são colhidas pelo investigador enquanto apura provas de um delito e sua autoria. 
• Compreendeu que não basta um amontoado de dados, pois esses terão que ser transformados 
em informações, que depois de analisadas e interpretadas, se transformarão em conhecimentos que serão 
validados ou não, como prova de um delito. 
• Importante é que, para serem consideradas provas, não basta a análise das informações colhidas, 
é preciso estabelecer o vínculo de cada informação com o fato em apuração e de cada uma com as demais, para 
se formar a rede que irá retratar o contexto detalhado de informações sobre a natureza do delito, as 
circunstâncias em que ocorreu e quem o praticou. 
• No próximo módulo você irá estudar a parte final do processo científico da investigação criminal 
que é a elaboração do relatório. 
 
Exercícios 
 
1. Considerando o texto seguinte, assinale a alternativa correta. 
 
Dentro do tema “análise de dados”, segundo DAVENPORT & PRUSAK (2004), a transformação da 
informação em conhecimento é possível a partir da:a. Comparação, consequência e conexão. 
b. Conexão, consequência, método e testificação. 
c. Comparação, conexão, consequência e conversação. 
d. Conexão, comparação, conversação e método. 
 73 
 
2. Assinale as alternativas verdadeiras: 
 
a. Conversação é o entendimento sobre como as informações relativas a um determinado assunto 
podem ter alguma relação ou aplicação em outras situações. 
b. O objetivo da análise e interpretação das informações colhidas na investigação criminal é dispor as 
informações de maneira sistematizada, para que possam ser transformadas em resposta ao problema posto 
inicialmente. 
c. A análise de vínculo é uma técnica de busca de dados, com a possibilidade de estabelecer conexões 
entre esses dados, desenvolvendo modelos baseados em padrões dessas relações. 
d. A análise é o processo de testificação, validação e codificação das informações para transformá-las 
em dados. 
 
3. A análise das informações é a sistematização do conhecimento construído na investigação, 
consolidando os vínculos recíprocos entre atores do delito e desses com a conduta delituosa. 
Explique o que você entende por consolidar os vínculos na investigação criminal. 
 
 
 
 74 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letra C 
2. Resposta Correta: Letras B e D 
3. Resposta Correta: Letra B 
4. Orientação para resposta: Na investigação de um grupo de pessoas que praticavam roubos e 
extorsões, para se provar que formavam uma quadrilha, não basta supor. É preciso que a 
investigação demonstre que entre elas havia uma associação com vínculos psicológicos, 
destinada à prática de delitos. 
 
 
 
 
 75 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
A fase final da investigação, tal qual na pesquisa científica, materializa-se por meio do relatório final. 
 
O processo de elaboração do relatório será o item dessa aula. 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Reconhecer a importância do relatório da investigação criminal; e 
• Identificar os tipos de relatórios. 
 
Estrutura do módulo 
 
Este módulo contempla as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – O relatório da investigação criminal 
• Aula 2 – Outros tipos de relatórios 
 
Aula 1 – O relatório da investigação criminal 
 
1.1 Finalidade do relatório 
Tão importante quanto coletar as provas necessárias e elaborar uma versão verossímil que seja aceita 
como sinônimo da verdade real, é a capacidade de comunicar todo o conteúdo investigativo e sua conclusão, 
de forma adequada. 
O relatório final deve apontar de maneira objetiva, clara e coerente, o fato que foi apurado e a 
metodologia de investigação, nesse caso, consistente na apresentação das provas coletadas e de sua 
contextualização no raciocínio lógico que conduziu o investigador até a conclusão. 
É possível estabelecer padrões de relatórios conclusivos, conforme a tipologia criminal, sendo 
importante que se compreendam alguns aspectos: 
MÓDULO 
6 
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO 
 
 76 
- O relatório conclusivo vai ser lido, o que demanda tempo, portanto, é imprescindível a objetividade 
sem que se percam os elementos essenciais. 
- O relatório conclusivo pode e deve utilizar de meios ilustrativos como fotografias e referências à 
filmagens e mídias que podem ser anexadas. 
- O relatório conclusivo deve ser claro e conciso, sendo desnecessário reescrever conteúdos existentes 
em relatórios intermediários que compõem o inquérito policial, bastando que sejam mencionados. 
- O relatório conclusivo deve ser técnico e impessoal, não fazendo constar expressões de emoção ou 
jargões policiais. 
 
1. Estrutura do relatório conclusivo 
 
A estrutura do Relatório Conclusivo contempla as seguintes partes: 
• Identificação 
• Fato 
• Materialidade 
• Circunstâncias 
• Diligências 
• Autoria 
• Conclusão 
 
Você poderá encontrar relatórios que contemplem mais elementos, ou os mesmos com outros nomes. 
 
Aula 2 – Outros tipos de relatórios 
 
Além do relatório conclusivo, vários outros relatórios, denominados de intermediários, serão 
produzidos ao longo da investigação. 
 
Importante! 
É muito importante o relatório elaborado pela equipe de campo e investigação pois vai subsidiar o 
relatório final da autoridade policial registrado de forma sistematizada. 
 
Os laudos periciais, por exemplo, são relatórios que trazem uma análise específica em torno de um 
objeto que foi submetido a exame. Os relatórios produzidos pelos agentes apontando testemunhas, locais, 
documentos etc., também são exemplos de relatórios intermediários, em relação aos quais é importante que 
sigam uma ordem cronológica, permitindo-se compreender o contexto em que provas foram produzidas e 
pessoas foram identificadas, também de forma objetiva, impessoal e técnica, sem a utilização de jargões ou a 
manifestação de emoções e sentimentos pessoais do investigador. 
 77 
 
Importante! 
Não há na legislação, via de regra, a disciplina da formatação de relatórios, de forma que o importante 
é que se compreenda a sua finalidade de agregar informação a um conjunto probatório de maneira 
clara, direta e acessível, isto é, de fácil entendimento pelo leitor ou destinatário. 
 
Também há que se compreender que existem relatórios que serão gerados automaticamente por 
softwares específicos como no caso de extratos bancários para análise de movimentação. Nesses casos, é preciso 
que se conheçam os requisitos de sistema para que se estabeleça a forma adequada de solicitar as informações, 
permitindo-se a utilização adequada de todas as potencialidades tecnológicas. 
 
Finalizando... 
 
• Neste módulo, você teve oportunidade de estudar o tema que trata a elaboração do relatório 
conclusivo da investigação. 
• No que diz respeito à sua formalidade, você viu que para atender sua funcionalidade como peça 
informativa, o investigador não pode deixar de considerar que se trata de uma peça literária que precisa ser lida 
e fique compreendida pelo seu destinatário. 
• Quanto à sua função técnica, é o instrumento que irá possibilitar a leitura lógica da cadeia de 
evidências das provas, permitindo uma visão permanente e global da investigação, além das necessárias 
tomadas de decisões. 
 
Exercícios 
 
1. Relembrando a aula “Processo científico da investigação criminal”, do módulo que trata da lógica 
aplicada à investigação do curso “Investigação criminal 1”, leia o caso discutido naquela unidade e elabore um 
relatório preliminar da investigação. 
 
Caso: 
Francisco das Chagas Soares Araújo 
Curso Investigação criminal 1 – Fundamentos 
 
O cadáver de uma mulher jovem é encontrado no aterro sanitário que fica fora da área urbana. Estava 
sem a cabeça e as duas mãos que haviam sido decepadas. Junto ao corpo, também decepados, estavam os 
membros inferiores da vitima. 
No primeiro momento a única informação é de que houve a morte de uma mulher, cuja cabeça e 
membros foram decepados. 
 
 78 
Na cena são observadas informações que levam à formulação das primeiras hipóteses. Exemplo: 
Houve um homicídio. O crime não ocorreu no local onde foi encontrado o cadáver. 
As circunstâncias conhecidas sugerem essas possibilidades. Não há marcas de luta nem manchas de 
sangue que sugiram ser aquele o local da prática do evento. 
A hipótese preliminar aponta para a possibilidade de que o crime tenha ocorrido em outro lugar. Essa 
hipótese está fundada no resultado da observação do local de encontro do cadáver que resultou na localização 
de um tíquete de estacionamento pago, que levou a um prédio de escritórios, daí a uma sala e às testemunhas 
que apontaramum suspeito. 
Há constatação de que o suspeito foi visto, tarde da noite, colocando uma caixa pesada no porta-malas 
de seu veículo, fato comprovado pelo vídeo das câmeras do circuito interno do prédio. Com base nessa 
constatação é formulada a hipótese de que, provavelmente, o conteúdo da caixa seria o cadáver da vítima. 
A investigação pericial feita no veículo e no escritório do suspeito constata a presença de sangue da 
vitima. 
A hipótese é de que se a caixa não estava junto do cadáver, provavelmente fora abandonada em algum 
lugar. Uma busca constata estar na lixeira do prédio onde reside o suspeito e dentro dela uma faca suja de 
sangue. Na caixa há uma etiqueta com o endereço do escritório do suspeito, manchas de sangue e fragmentos 
de impressões digitais. 
Exames periciais indicam que o sangue é da vítima e as impressões digitais, do suspeito. Observações 
detalhadas no cenário onde estava o cadáver indicam sinais de que os membros decepados da vitima foram 
ocultados naquele mesmo local. Com as impressões digitais foi possível fazer a identificação da vítima. 
Também, sob as unhas do cadáver há fragmentos de tecidos de pele humana, constatando-se, por 
exame de DNA, serem do rosto do autor. 
Testemunhas informaram que a vítima frequentava o escritório. Fotos e bilhetes, ali encontrados, 
comprovam que ela era amante do autor que ameaçava terminar o romance e resolveu matá-la diante da 
ameaça que ela fazia de revelar o caso para sua esposa. 
No nosso caso, há comprovação de um homicídio praticado pelo suspeito, motivado pela reação a 
uma chantagem. 
 
 
 
 
 
 79 
Gabarito 
 
1. Orientação para resposta: Orientação: Relatório preliminar (ou informação) é o registro feito pelo 
investigador dos dados e informações que serão submetidas à análise e interpretação do gestor da investigação. 
O relatório preliminar tem importância fundamental na formatação da ordem lógica da 
investigação. É ele que irá possibilitar o desenho 
 
 
 80 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Um dos crimes de maior repercussão na investigação criminal é o homicídio, certamente porque atinge 
o mais importante bem jurídico tutelado pelo ordenamento: a vida. 
Por essa razão, apresenta-se um módulo específico, o qual você estudará agora. 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
• Listar alguns aspectos práticos de suma importância na investigação de homicídios; 
• Enumerar as etapas do método M.U.M.A. 
 
Estrutura do modulo 
 
• Aula 1 - Padrões observados nos crimes de homicídio 
• Aula 2 - Método M. U. M. A. 
 
 
Aula 1 – Padrões observados nos crimes de homicídio 
 
A investigação criminal de homicídio possui duas faces indissociáveis e igualmente importantes: 
 
 apuração do fato em si (autoria e materialidade); e 
 diagnóstico de criminalidade territorial. 
A apuração do fato em si, tem como objetivo propiciar a responsabilização criminal do autor, 
enquanto o diagnóstico da criminalidade territorial busca compreender em que contexto estão ocorrendo 
homicídios em uma determinada área territorial. 
 
Entre os anos de 1980 e 2010 ocorrem mais de 1.000.000 casos de homicídios no Brasil, levando a crer 
que se trata de uma explosão criminal fora de controle. Entretanto, conforme a pesquisa “Panorama dos 
Homicídios no Brasil”, da SENASP, a estratificação dos dados referentes a esses homicídios demonstram 
MÓDULO 
7 
ASPECTOS PRÁTICOS DA INVESTIGAÇÃO DE 
HOMICÍDIOS 
 81 
padrões que permitem atuar de forma incisiva no problema e não exclusivamente nos incidentes (homicídios) 
causados por ele. 
 
Problema ----> Incidente -----> Investigação policial 
 
Trata-se da atuação clássica e típica. A Polícia investiga cada caso específico de homicídio que ocorre. 
Embora necessária essa atuação, ela não pode se limitar ao caso em si, exigindo-se a compreensão do fenômeno 
que causa homicídios em uma determinada área e permitindo que o problema seja atacado e não 
exclusivamente sua consequência. 
Na mesma pesquisa, demonstra-se que, entre 2007 e 2009, na região metropolitana de Belo Horizonte, 
56% das vítimas morreram a uma distância de até 400 metros de casa e 83% das vítimas morreram até 800 
metros de casa. 
Essas e outras informações permitiram identificar padrões na criminalidade de homicídios e que foram 
confrontados em regiões distintas do país, mantendo similaridade. 
Nesse aspecto é possível, portanto, compreender o fenômeno para atuar na causa e não exclusivamente 
na consequência. 
No aspecto específico de cada caso, é preciso compreender que existem padrões inegáveis ao crime 
de homicídio. A interrupção da vida humana de forma violenta e desejada ocorre, via de regra, pelos mesmos 
instrumentos e motivos. 
É possível, portanto, estabelecer alguns padrões gerais que são observados nos crimes de homicídio, 
dentre os quais destacam-se: 
 Em 99,99% dos casos existe uma relação direta entre autor e vítima. Significa que, em algum 
momento da vida, essas duas pessoas se encontraram diretamente ou não. Uma pisou literalmente na história 
de vida da outra e, é provavelmente essa relação que desencadeou a motivação para o crime. Observa-se que 
o que se entende por relação pode ser uma briga de trânsito que durou 30 segundos ou uma relação conjugal 
de 30 anos e não existe necessariamente entre o executor e a vítima, mas entre esta e o autor na concepção 
geral que inclui o mandante; 
 O instrumento utilizado no crime é indicativo de circunstâncias de sua prática. Dentre os vários 
meios de se matar alguém, a arma de fogo permanece como meio mais utilizado e eficaz para esse objetivo. De 
maneira geral, pode-se indicar a existência de três grupos de instrumentos de crime de homicídio com as 
respectivas indicações de circunstâncias: 
- Armas de fogo (fabricadas para matar): A decisão de matar (pretensão) e a execução do crime 
ocorreram em momentos temporais distintos, permitindo-se o planejamento. Comum em execuções. 
- Armas que não são de fogo (instrumentos fabricados para ferir a integridade material de coisas. 
Exemplos: faca, foice, machado, etc.): A decisão de matar (ou de ferir) e a execução do crime ocorreram em 
momentos muito próximos, quase imediatos. Comum em crimes ocasionais e passionais. 
- Objetos que não são armas, mas podem ser utilizadas como tais (instrumentos comuns utilizados 
como arma em ocasiões específicas. Exemplos: cadeira, tijolo, pedaço de pau, etc.): A decisão de matar (ou de 
ferir) e a execução ocorreram em momentos quase idênticos. Comum em crimes ocasionais e passionais. 
 
 
 82 
Em quaisquer das hipóteses é preciso que se descubra se o instrumento utilizado pertence à cena do 
crime, o que, em caso positivo, indicará de maneira ainda mais contundente a ocasionalidade do crime e, 
portanto, o fato de que sua motivação deve estar em algo que envolve emoções espontâneas, imediatas e 
fortes, como discussões acaloradas. 
 
Aula 2 – Método M. U. M. A. 
 
Um aspecto fundamental na investigação criminal do homicídio é o adequado percurso metodológico 
desde o início até o fim da investigação. 
Esse objetivo pode ser alcançado com a utilização do MÉTODO M.U.M.A. 
O método M.U.M.A compreende as seguintes etapas: 
• Mecânica; 
• Últimos passos da vítima; 
• Motivação; e 
• Autoria 
 
Estude a seguir a respeito de cada uma delas! 
 
 
2.1 MECÂNICA 
 
As primeiras respostas a serem obtidas por meio das duas fontes de informações (coisas e pessoas) 
dizem respeito a: 
 Como aconteceu? 
 O que aconteceu? 
 Quem acionou a polícia? 
 Quando aconteceu? 
 Háregistro de imagens? 
 Há testemunhas oculares? 
 Quais as possibilidade de acesso pelo autor ao local do crime? 
 O instrumento utilizado indica qual circunstância? 
 
Respondidas a essas questões, o investigador está apto a adentrar na segunda fase da investigação e 
analisar a vida da vítima. 
 
 
 
 
 
 83 
2.2 ÚLTIMOS PASSOS DA VÍTIMA 
 
Últimos passos imediatos: É preciso “acordar” com a vítima naquele dia e rever seus últimos passos 
em detalhes até ter chegado à cena do crime. Essa retrospectiva permitirá uma análise relevante sobre a atuação 
do autor e, nos casos de crimes ocasionais, leva rapidamente à apuração. 
Últimos passos mediatos: É preciso levantar a história de vida da vítima. Como era a vida pessoal e 
profissional da vítima? Quem era ela? O que fazia? Em que trabalhava? Quais são as pessoas com as quais se 
relacionava e quais as relações podem ser potencial fonte de motivação para o crime? 
 
 
Importante! 
A exaustiva e completa análise dos últimos passos da vítima, via de regra, fará surgir naturalmente 
uma ou mais linhas de investigação, ou seja, motivações para o crime. 
 
 
2.3 MOTIVAÇÃO 
É razão relevante pela qual alguém possa decidir matar uma pessoa. Inevitavelmente, quando surgem 
as possíveis motivações, já trazem consigo os suspeitos identificados. É importante compreender duas situações 
que dificultam a investigação criminal de homicídio. A primeira é a ausência de motivação, especialmente 
quando a vítima possuía algum tipo de vida dupla e absolutamente desconhecida pelas pessoas de seu convívio. 
A segunda é a multiplicidade de motivações, sendo necessário estabelecer qual será chegada primeiro. 
 
2.4 AUTORIA 
É evidentemente a identidade do autor do crime. Não se trata, entretanto, de saber quem é o autor, é 
preciso provar a tese. Daí decorre a importância de seguir com disciplina o método M.U.M.A. 
Com relação a investigação de homicídio é o adequado percurso metodológico desde o início até o 
fim da investigação. 
 
 
Finalizando... 
 
• Neste módulo, você estudou que a investigação criminal de homicídio possui duas faces 
indissociáveis e igualmente importantes: a apuração do fato em si (autoria e materialidade); e o diagnóstico 
de criminalidade territorial. 
• Estudou também que é possível, portanto, estabelecer alguns padrões gerais que são observadas 
nos crimes de homicídio. São eles: em 99,99% dos casos existe uma relação direta entre autor e vítima e o 
instrumento utilizado no crime é indicativo de circunstâncias de sua prática, sendo este último indicativo da 
decisão de matar e da execução do crime. 
 
 84 
• Um aspecto fundamental na investigação criminal do homicídio é o adequado percurso 
metodológico desde o início até o fim da investigação. Esse objetivo pode ser alcançado com a utilização do 
MÉTODO M.U.M.A: Mecânica – últimos passos da vítima – motivação – autoria. 
 
Exercícios 
 
1. Considerando os instrumentos de crime de homicídio com as respectivas indicações de 
circunstâncias, marque a alternativa correta: 
 
a. A utilização de armas de fogo sugere que a decisão de matar (ou de ferir) e a execução do crime 
ocorreram em momentos muito próximos, quase imediatos. 
b. Armas que não são de fogo (instrumentos fabricados para ferir a integridade material de coisas. 
Exemplos: faca, foice, machado, etc.) sugerem que a decisão de matar (pretensão) e a execução do crime 
ocorreram em momentos temporais distintos, permitindo-se o planejamento. Comum em execuções. 
c. Objetos que não são armas, mas podem ser utilizadas como tais (instrumentos comuns utilizados 
como arma em ocasiões específicas. Exemplos: cadeira, tijolo, pedaço de pau, etc.), sugerem que a decisão de 
matar (ou de ferir) e a execução ocorreram em momentos quase idênticos. 
d. A utilização de armas de fogo é comum em crimes ocasionais. 
 
 
2. Com base nas etapas do método M.U.M.A., associe a segunda coluna de acordo com a primeira: 
 
1. Mecânica 
2. Últimos passos da vítima 
3. Motivação 
4. Autoria 
 
( ) Identidade do executor do crime. 
( ) Razão relevante pela qual alguém possa decidir matar uma pessoa. 
( ) Para compreendê-la obtém-se dados e informações de duas fontes: coisas e pessoas. 
( ) Análise de vida da vítima. 
 
 
 
 85 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letra C 
2. Resposta Correta: 4-3-1-2 
 
 
 86 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Na Unidade 1 do curso, você estudou sobre a abordagem sistêmica e interdisciplinar da investigação 
criminal. Lembra? Agora, nesta Unidade, irá analisar a dimensão transversal da ética e dos Direitos Humanos no 
processo investigatório. 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
 Analisar criticamente os aspectos conceituais da relação transversal da ética e dos direitos 
humanos com a investigação criminal; e 
 Reconhecer a relação prática da ética e dos direitos humanos no processo investigatório. 
 
 
Estrutura do módulo 
Este módulo contempla as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 – Aspectos conceituais 
• Aula 2 – Ética e direitos humanos práticos na investigação criminal 
 
Aula 1 – Aspectos conceituais 
 
 1.1 O que é Transversalidade? 
 Assim como a interdisciplinaridade, a transversalidade é uma dimensão metodológica, isto é, um 
modo de se trabalhar o conhecimento. 
Segundo Cordeiro e Silva (2005), enquanto a interdisciplinaridade possibilita a correlação de disciplinas 
e uma abordagem integrada sob um mesmo objeto de estudo, a transversalidade tem uma natureza um pouco 
diferente das disciplinas convencionais, pois se refere aos temas sociais que permeiam os conteúdos das 
diferentes disciplinas, exigindo uma abordagem ampla e diversificada, não se esgotando num único campo 
de conhecimento. 
MÓDULO 
8 
A TRANSVERSALIDADE DA ÉTICA E DOS 
DIREITOS HUMANOS NA INVESTIGAÇÃO 
CRIMINAL 
 87 
Os temas transversais expressam valores fundamentais às práticas profissionais. Dentre eles estão a 
ética e os direitos humanos, cujos conceitos e valores estão embutidos na Constituição Federal como suporte 
da democracia e da cidadania que têm na investigação criminal uma das ferramentas de sua defesa, conforme 
visto inicialmente. 
 
Ética e direitos humanos permitem que o profissional da segurança pública 
compreenda o conceito de justiça baseada na igualdade. Permitem, também, que 
perceba sua responsabilidade na construção de uma sociedade justa, adotando 
atitudes de solidariedade e cooperação. 
 
Segundo o professor Eduardo Chaves, citado em texto do Instituto Paulo Freire/Programa de Educação 
Continuada, o tema transversal base é a ética. Ela é elemento constitutivo de todos os temas. 
A ética e o respeito aos direitos humanos são dimensões do conhecimento e das relações 
interpessoais. Seus valores permeiam as práticas sociais, especialmente no que diz respeito ao exercício 
profissional, pois esse afeta a qualidade de vida das pessoas. 
Foi visto que a investigação criminal está em uma dimensão política de garantias fundamentais 
baseadas em valores de submissão à legalidade e respeito à dignidade das pessoas. Nessa dimensão, o caráter 
da investigação criminal é de prestação de serviço público, portanto, deverá ser adequado às demandas da 
sociedade. 
A transversalidade da ética e dos direitos humanos nas atividades de segurança pública significa que 
esses temas, como dimensão de valores necessários à configuração da tutela dos direitos de cidadania, pelo 
Estado, perpassam cada uma delas, tornando-se um eixo comum. 
A investigação criminal é uma dessas atividades que gira, com as demais,em torno desse fio condutor 
que reflete nas relações intrínsecas do investigador com o investigado, a testemunha e a vítima. 
A análise de Cordeiro & Silva (2005), sobre o tema, é de que o conhecimento tem a dimensão prática 
nas respostas operacionais aos problemas sociais numa relação com a realidade. Nessa relação está o saber agir 
na sociedade que se pauta no conhecer para agir e no participar de forma efetiva do coletivo social. 
É nessa dimensão que está contido o exercício das competências do profissional da segurança pública 
na sociedade. 
 
1.2 Prestação de serviço e proteção 
O conceito teórico e prático de ética e direitos humanos pode ser resumido no trinômio: 
orientar, servir e proteger o cidadão. 
Exemplificando essa presença simbiôntica desses valores na atividade policial, Rico (1983) diz que a 
polícia e seus valores éticos, com as normas correspondentes, servem de termômetro para medir o grau de 
respeito de uma comunidade aos direitos humanos. 
 É possível perceber que dentro dessa perspectiva de prestação de serviços e proteção da polícia à 
sociedade, numa relação de causa e efeito, resulta no importante papel que ela tem na qualidade de vida de 
uma comunidade. 
 
 88 
O reflexo da investigação criminal na qualidade de vida do cidadão é a restituição da confiança na 
possibilidade de proteção do Estado ao usufruto de direitos fundamentais à subsistência comunitária. 
 
1.3 Código de conduta para funcionários encarregados de fazer cumprir a lei 
Na natureza da atividade policial está entranhado o potencial risco de abuso aos direitos fundamentais 
do cidadão. Essa possibilidade é evidente na investigação criminal, cuja metodologia legal é de reação e não de 
prevenção pura. 
Preocupada com a garantia e proteção dos direitos e interesses dos cidadãos, a Organização das 
Nações Unidas – ONU editou um código deontológico que formula paradigmas de valores éticos e de respeito 
aos direitos humanos à conduta dos agentes de segurança pública. 
O Código de conduta para funcionários encarregados de fazer cumprir a lei é consequência e 
complemento da aprovação de normas anteriores, como: a Carta das Nações Unidas, a Declaração dos Direitos 
Humanos, os Pactos internacionais de direitos humanos e a Declaração sobre a proteção de todas as pessoas 
contra a tortura e outros tratos e penas cruéis, inumanas ou degradantes. 
 
1.3.1 Proposta do código de conduta da ONU 
O conteúdo da norma é no sentido de que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei defendam 
os direitos humanos no exercício de suas atividades. Proíbe a tortura e corrupção, estabelece que a força só 
deve ser aplicada dentro da estrita necessidade e exige proteção completa para a saúde das pessoas detidas. 
As Nações Unidas, de forma sábia, levam o profissional da segurança pública a pensar suas práticas 
com a percepção do efeito que tem na integralidade na vida do cidadão, quando coloca como uma das razões 
para implantação da norma de conduta, a consciência de que: 
 
“a natureza das funções de aplicação da lei para a defesa da ordem pública e a forma 
como essas funções são exercidas, têm uma incidência direta sobre a qualidade de 
vida dos indivíduos e da sociedade no seu conjunto”. 
 
Sem dúvida, o respeito a esses valores transcende a ficção das normas escritas e se instala nas práticas 
diárias de cada agente. Essas práticas, tal como preconiza o código, têm uma relação de causa e efeito com a 
qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, com o bem-estar da comunidade. O resultado disso é o 
estado de felicidade, segundo leitura do Dalai Lama. Para o religioso, essa felicidade é um processo cuja principal 
fonte é a tranquilidade e a paz. 
A filosofia desse pensador moderno nos leva a reflexão de que a compaixão é a fonte desses valores 
de respeito às pessoas, possibilitando uma visão sistêmica, de interdependência, cujo resultado é a capacidade 
de ampliação da realidade, de que a vida de cada um depende do ambiente que o circunda. 
A esse respeito diz o Dalai Lama (2001): 
 
Essa perspectiva ou visão mais ampla, automaticamente, vai resultar em um senso 
de comprometimento e preocupação com os outros, e isso não por razões religiosas 
ou sagradas, mas porque o futuro de cada um depende desses fatores. Essa visão 
 89 
não só é realista, mas também é a base da ética moral secular. (DALAI LAMA, 2001, 
p. 103) 
 
É esse comprometimento que a ONU coloca como fundamento das atividades do profissional da 
segurança pública. A investigação criminal está nesse contexto, pois é uma das ferramentas de execução dos 
atos de aplicação da lei. 
 
Aula 2 – Ética e Direitos Humanos práticos na investigação 
criminal 
 
Os valores de respeito à dignidade da pessoa humana, garantidores de uma vida feliz, terão que se 
refletir nas atitudes e ações do investigador, consolidando uma dimensão prática e efetiva da conduta ética e 
de respeito aos direitos humanos. 
Diretos humanos e ética são duas dimensões que se complementam numa relação simbiôntica. 
Uma é o reflexo da outra. 
Segundo Kidder, a ética não é um luxo e tampouco uma opção. Ela é essencial para a nossa 
sobrevivência. 
Sobrevivência remete a ação. Agir positivamente diante de um problema. Agir é tomar as decisões 
certas diante das demandas, usando as habilidades adequadas para dar uma resposta apropriada. 
 
 
2.1 Postura ética 
Para que o investigador possa cumprir a missão de gerador do bem-estar do grupo, ele terá que adotar 
uma postura de ação inspiradora de confiança no cidadão. A ação ética não pode depender de estímulos 
externos para se manifestar – uma norma ou uma censura social. Ela terá que ser um estado de consciência que 
permeie todo o processo de interação com o ambiente e as pessoas. 
A ética no exercício da investigação tem relação direta com as competências profissionais do 
investigador, se consolidando no processo de construção das respostas sobre o que ele precisa saber, o que 
irá fazer e que atitude deverá ter diante das situações-problema. 
Como tornar isso prático, e conhecer a força que deve mover o investigador: 
- Como tornar isso prático na investigação? 
A primeira reflexão a ser feita é de que a conduta ética decorre de princípios para convivência social. 
Exemplo: Ainda que haja fundadas suspeitas de que uma senhora está transportando drogas dentro 
de suas roupas íntimas, mesmo que a demora na busca pessoal permita a “dispensa” da substância, é 
conveniente à equipe masculina que a está seguindo, numa campana, aguardar a chegada da policial para a 
revista. 
- Força de movimentação do investigador: A força maior que deve mover o investigador ao respeito à 
dignidade do ser humano envolvido na investigação, seja como autor, vítima ou testemunha, não é a coerção 
 
 90 
da lei, mas valores básicos da honestidade, da responsabilidade, do respeito, da justiça, da compaixão e da 
imparcialidade. 
Esses valores se refletem no cuidado com o sigilo das informações, no respeito mútuo entre os atores 
que desempenham a investigação, no cuidado para não emitir juízos de valores que possam comprometer a 
validade das informações colhidas, como aqueles baseados em preconceitos. 
 
Importante! 
Não há relativismo ético. Os valores éticos terão que ser uma constante na vida funcional e particular 
do agente de segurança. A compreensão de honestidade, responsabilidade e respeito pelo próximo 
deverá ser padrão de atitude nos dois campos da vida social. 
 
 
Finalizando... 
 
• Neste módulo você estudou temas que tratam da transversalidade da ética e dos valores 
humanos na investigação criminal. 
• Você teve oportunidade de refletir sobre valores quedevem perpassar por todo o processo de 
apuração de provas. São valores de respeito à dignidade das pessoas envolvidas no processo e respeito às 
normas legais e morais de uma comunidade. 
• Os atos da apuração de provas pela polícia estão no contexto dos serviços de segurança pública, 
tidos como tutelares de direitos e garantias, limitados a valores de respeito e compaixão pelas pessoas 
envolvidas. 
• No último módulo serão apresentados alguns casos em que você terá oportunidade de aplicar 
os conhecimentos adquiridos no curso para a resolução dos problemas. 
 
 
Exercícios 
 
1. Leia o texto abaixo e comente como é possível torná-lo prático nas atividades de investigação 
criminal. 
“O conceito teórico e prático de ética e direitos humanos pode ser resumido no trinômio: orientar, 
servir e proteger o cidadão”. 
 
2. Leia o texto do Código de Conduta dos Profissionais da Segurança Pública, editado pela ONU, 
e comente momentos da investigação criminal passíveis de ocorrer essa necessidade prevista no código. 
Aponte as medidas que adotaria para dar cumprimento à norma. 
Artigo 6° - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a proteção da saúde 
das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar as medidas imediatas para assegurar os cuidados médicos 
 91 
sempre que necessário. (CÓDIGO DE CONDUTA DA ONU PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA 
APLICAÇÃO DA LEI) 
 
 
 
 
 
 
 92 
Gabarito 
 
1. Orientação para resposta: A ética e o respeito aos direitos humanos são dimensões do 
conhecimento, das relações interpessoais. Seus valores permeiam as práticas sociais, especialmente, no que diz 
respeito ao exercício profissional, pois esse afeta a qualidade de vida das pessoas. A investigação criminal está 
em uma dimensão política de garantias fundamentais baseadas em valores de submissão à legalidade e respeito 
à dignidade das pessoas. Nessa dimensão, o caráter da investigação criminal é de prestação de serviço público 
e deverá ser adequado às demandas da sociedade. 
 
2. Orientação para resposta: Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei 
devem assegurar cuidados médicos às vítimas de violação da lei ou de acidentes que decorram no decurso de 
violações da lei. (Código de conduta da ONU para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apresentação do módulo 
 
Neste módulo você terá a oportunidade de aplicar o conteúdo estudado a partir da análise de casos. 
 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Aplicar, em situações práticas, os conhecimentos adquiridos no curso; e 
• Reconhecer a dimensão emocional do investigador na busca ordenada e legal da prova de um 
crime e de sua autoria. 
 
Estrutura do módulo 
 
O conteúdo deste módulo contempla a seguinte aula: 
 
• Aula 1 – O uso do caso no ensino da investigação criminal. 
 
Bons estudos. 
 
 
Aula 1 – O uso do caso no ensino da investigação criminal 
 
A técnica do estudo do caso é um método de ensino-aprendizagem utilizado, inicialmente, pela Escola 
de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com inspiração no sistema de precedentes 
jurisprudenciais do direito americano, posteriormente adotado pela Escola de Administração daquela 
universidade. 
Tal qual a proposta no ensino da Administração, na investigação criminal, o uso do caso é uma tentativa 
de aproximar a Academia de Polícia da realidade que o investigador irá encontrar. Aproximar a teoria da prática. 
 
MÓDULO 
9 
ESTUDO DE CASOS 
 
 94 
Você viu que a investigação criminal é, fundamentalmente, o estudo e a análise de problemas que 
precisam ser explicados no contexto jurídico de uma sociedade. 
Segundo Cordeiro e Silva (2005), “os estudos de casos requerem que os participantes exercitem suas 
habilidades profissionais, quando respondem a eles e apliquem os conhecimentos aprendidos”. 
 
Leia os casos a seguir e responda as perguntas. 
 
Primeiro caso 
O estudo de caso permite, de forma dinâmica, a participação ativa do aluno no processo de 
aprendizagem, aproximando o conteúdo que lhe fora passado, da realidade cotidiana de sua profissão. Você 
terá, nas próximas unidades, a oportunidade de confrontar-se com problemas reais, que irão permitir o 
desenvolvimento de sua capacidade analítica e a tomada de decisão num cenário de riscos e incertezas. Veja o 
primeiro caso. 
A segunda-feira foi tranquila no distrito policial. Entretanto, às 21h, o delegado de plantão recebeu 
uma desesperada mãe comunicando que sua filha de 15 anos de idade havia desaparecido. 
Indagada, esclareceu que a filha havia saído às 15h para fazer um trabalho escolar na casa de uma 
colega de escola. Às 17h30 havia telefonado avisando que estava saindo para o ponto de ônibus onde pegaria 
o transporte para casa. 
Esclareceu também que a adolescente era boa filha, obediente e não tinha namorado. Informou ainda, 
que, refazendo o caminho da filha até o ponto de ônibus, ouviu de um vendedor ambulante a informação de 
que uma jovem com as características de sua filha, fora vista entrando em um Honda Civic onde já estavam duas 
pessoas. 
O delegado registrou o boletim de ocorrência e, com base em estatísticas que demonstram que 80% 
dos adolescentes desaparecidos retornam para casa nas vinte e quatro horas seguintes, encaminhou o caso para 
a seção de investigação cartorária fazer a investigação de segmento no dia seguinte. 
• Você está diante de um problema com repercussão no mundo jurídico? 
• A polícia deu a solução para o problema? 
• Em sua opinião, a solução foi adequada ou há outras alternativas que poderiam ser consideradas? 
Quais? 
 
Anote suas respostas e confira a orientação para resposta no final deste módulo. 
 
Segundo caso 
Às 2h da manhã, o telefone toca no plantão do distrito policial. Do outro lado da linha, um homem, em 
desespero, diz ter encontrado sua esposa morta na área de serviço de seu apartamento. 
A equipe de plantão se desloca para o local onde encontra o seguinte cenário: o cadáver de uma mulher 
em princípio de enrijecimento, em posição de decúbito ventral na área de serviço, apresentando uma lesão na 
parte posterior do crânio. 
 95 
Não havia qualquer sinal de luta nos compartimentos do apartamento que ficava no segundo andar do 
bloco residencial. Entretanto, o aparelho de DVD havia desaparecido e, segundo o esposo da vítima, a porta da 
cozinha estava destrancada no momento em que ele encontrara o corpo da esposa. 
A versão contada pelo esposo da vítima é de que os dois estavam vendo um filme quando, ao acordar, 
pouco antes de ligar para a delegacia, percebeu que sua esposa não estava deitada. Como ouvira o barulho da 
TV na sala, levantou-se para chamá-la. 
 
Ao levantar-se, encontrou o cenário já descrito. 
 
• Você está diante de um problema? Formule as hipóteses preliminares. Aponte as soluções de 
investigação viáveis para o caso com o cenário descrito. 
 
Anote suas respostas e confira a orientação para resposta no final deste módulo. 
 
Terceiro caso 
Numa manhã de domingo, quando de tudo já havia acontecido na noite anterior, compareceu à 
delegacia de polícia o assessor de um alto funcionário do Governo Federal, senhor Romeu, comunicando que 
sua esposa, senhora Julieta, havia desaparecido quando voltava de uma festa de final de ano com colegas de 
trabalho, na madrugada daquele dia. 
Desesperado, segundo ele, por volta das seis horas, se deslocou até a casa de eventos ondeocorrera a 
festa, que fica há 15 quilômetros de sua residência, quando, além de colher informações com funcionários, fez 
o trajeto que ela faria de lá até sua casa, na tentativa de encontrar indícios do seu paradeiro. 
Chegando em casa, recebeu um telefonema de alguém que dizia ter sequestrado sua esposa e pedia 
um resgate de cem mil reais. 
Acionado o grupo especializado em investigação de extorsão mediante sequestro, os dados iniciais 
indicavam que Romeu vinha sendo investigado por atos de corrupção, com os quais Julieta não concordava e 
os levava a constantes desavenças. 
Havia registros em boletins de ocorrências dando conta de que, por duas vezes, Romeu agredira 
fisicamente Julieta tendo, inclusive, a ameaçado de morte. Na busca da formulação de hipóteses preliminares, 
os investigadores também colheram a informação de que Romeu vinha sendo ameaçado por membros da 
quadrilha de corrupção, por não ter distribuído parte do dinheiro de subornos que havia recebido. 
Julieta já havia noticiado que, por duas vezes, fora seguida por pessoas estranhas quando ia do 
cabeleireiro para casa. Nas escutas telefônicas autorizadas para apuração dos atos de corrupção, havia registro 
de uma conversa onde Romeu perguntava a alguém do grupo se ele estaria mandando seguir sua esposa e o 
ameaçava caso ocorresse alguma coisa com ela. Entretanto, na mesma escuta havia registro de conversa entre 
Romeu e Julieta, quando se agrediam verbalmente e ela ameaçava contar para a polícia tudo o que sabia. Romeu 
fechava a conversa dizendo que ela não sabia com quem estava se metendo. 
O desaparecimento de Julieta ocorreu dois dias antes de seu depoimento à polícia. 
 
 
 96 
Já no quarto dia, após o desaparecimento de Julieta, nenhum outro contato fora feito pelos possíveis 
sequestradores. 
 
• Eis uma situação. Quais são os problemas? 
• Você tem as soluções? 
 
Anote suas respostas e confira a orientação para resposta no final deste módulo. 
 
Finalizando... 
 
Você chegou ao final do curso Investigação Criminal 2. 
• Neste curso você teve oportunidade de conhecer e discutir cada etapa da investigação da prova 
de um crime e sua autoria. Foi possível, também, comprovar que a investigação criminal é realmente um 
processo científico, onde é colocado ao investigador um problema, sobre o qual ele é obrigado a formular 
hipóteses que irão conduzir à sua natureza, circunstâncias em que ocorreu e quem o praticou. 
• Você teve, acima de tudo, a possibilidade de visualizar o processo sistêmico da investigação 
criminal, que muito embora seja missão específica de alguns profissionais da segurança pública, não abstrai a 
participação de cada uma das organizações que formam esse grande sistema chamado de justiça criminal em 
que está incluída a segurança pública. 
• Cada um dos profissionais da segurança pública tem um papel importante no processo da busca 
da prova. A polícia judiciária, ainda que detentora institucional da missão de coleta das provas de um crime, 
depende da participação coesa de cada um dos profissionais do sistema de segurança pública, que envolve a 
Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros Militar, a Guarda Municipal, os agentes do sistema penitenciário e os 
agentes do serviço de trânsito, além das Polícias do Executivo Federal e dos Poderes Legislativos. Essa 
importância é ressaltada com toda ênfase na cena do crime que, invariavelmente, requer a presença de todo o 
sistema. 
• De grande importância também, é a percepção da transversalidade dos valores éticos e de 
direitos humanos em todo o processo da investigação. 
• Sem compreender que a busca da prova, além de forjada nas normas legais, também é sustentada 
nos valores de respeito à dignidade das pessoas e às regras morais de convivência e sobrevivência social, não 
haverá investigação criminal eficiente e eficaz a um processo penal para um julgamento justo e reparador. 
 
• Reflita! Reveja os temas com uma visão crítica, buscando a possibilidade de aplicá-los nas 
atividades profissionais que executa. 
 
 
 
 
 97 
Orientação para respostas 
 
1. A primeira indagação a ser feita é sobre a natureza do problema que está sendo noticiado. Há 
indícios de que houve um crime? O desaparecimento da adolescente, nas circunstâncias em que ocorreu, denota 
a probabilidade que ela tenha sido vítima de algum delito? 
Nessas circunstâncias, a forma mais possível de confirmação dessa primeira hipótese é desenvolvendo 
alguma diligência que aponte para alguma resposta. 
É pouco provável que apenas a análise de dados estatísticos possam ser suficientes para dar resposta 
a essa indagação inicial. 
É provável que, tendo havido algum delito, o desencadeamento da investigação preliminar leve a 
polícia às provas que estarão fora de seu alcance se for esperar pela investigação de seguimento vinte e quatro 
horas depois. Provavelmente, a busca de algumas informações preliminares, pela equipe de plantão, aponte 
respostas elucidativas. 
 
2. Analise a versão apresentada pelo esposo da vítima, comparando-a com as informações 
encontradas no cenário e formule a hipótese preliminar do caso. 
 Veja os dados encontrados no cenário: o corpo da vítima, deitado em decúbito ventral, na área de 
serviço, com uma lesão na parte posterior do crânio, a porta da cozinha aberta e a subtração de um DVD. 
A lesão no crânio é indicativa de que a vítima fora agredida por trás. 
 
3. As informações colhidas, preliminarmente, possibilitam a hipótese de que Julieta seja vítima de uma 
ação criminosa. 
Vejas os dados: seu marido faz parte de uma quadrilha, de cujas atividades ela sabia e ameaçava contar 
para a polícia. Os dois discutiram e terminaram em tons de ameaças mútuas. A formulação das hipóteses deve 
seguir a trilha de informações colocadas no caso. 
 
Agora é com você! 
Na apuração da prova penal adote uma postura de cientista e colabore com a construção de um Estado 
verdadeiramente democrático e de direito. 
 
 
 
 
 
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