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O pensamento geográfico brasileiro, v. 3 resenha

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PERSPECTIVA ISSN 1981-4801 UNIOESTE V.7, N.8 2012 
GEOGRÁFICA 
 
RESENHA 
 
MOREIRA, Ruy. O pensamento geográfico brasileiro: as matrizes brasileiras . Vol. 3. São 
Paulo: Contexto, 2010, 169 p. 
 
Micheli Danzer 
Mestranda em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/ Campus de Marechal 
Cândido Rondon. 
E-mail: micheligeo09@hotmail.com 
 
 
Este ensaio tem por objetivo a realização de uma análise dos aspectos considerados 
relevantes da obra “O pensamento geográfico brasileiro: as matrizes brasileiras”, publicada no 
ano de 2010. Elaborada pelo professor Ruy Moreira, nela o autor completa uma trilogia, 
concluindo uma análise a respeito da evolução do pensamento geográfico brasileiro, a partir 
de uma extensa abordagem pautada sobre as produções de Josué de Castro, Aziz Ab’Saber, 
Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, Bertha Becker, Milton Santos, Horieste Gomes, 
Armando Correa da Silva, Orlando Valverde, Manuel Correia de Andrade e Pedro Pinchas 
Geiger. 
O terceiro volume chega dando sequência a abordagem realizada nos livros anteriores, 
onde merecem destaque as correntes clássicas e as matrizes da renovação do pensamento 
geográfico brasileiro influenciado pelo ideário mundial. O autor destaca nesta produção a 
análise das bibliografias nacionais que formam o pensamento geográfico brasileiro. Ao longo 
da obra são apresentadas cinco partes, sendo que a primeira se remete a um retrospecto das 
relações existentes com a Geografia mundial, já analisada nos dois primeiros volumes. Obras 
que moldam o pensamento geográfico brasileiro são expostas na segunda parte. De forma 
sequencial, em um terceiro momento, o autor apresenta em seu trabalho uma análise com 
destaque para sete livros que buscam unificar a Geografia por meio de uma teoria geral. A 
quarta parte caracteriza-se por entrecruzar entre si a literatura brasileira analisada e a literatura 
mundial. Em seguida, na quinta e última parte são evidenciadas as conclusões referentes à 
trilogia. 
 O livro proporciona um importante debate a respeito da compreensão e teorização das 
origens e da consolidação do pensamento geográfico no Brasil, a partir de uma intensa análise 
Micheli Danzer 
PERSPECTIVA ISSN 1981-4801 UNIOESTE V.7, N.8 2012 
GEOGRÁFICA 
 
pautada sobre os contextos de obras da literatura geográfica brasileira e que formam, enfim, o 
quadro analítico do pensamento geográfico brasileiro. 
A obra de Ruy Moreira possui objetivo de trazer para o debate os principais 
pensadores da Ciência Geográfica brasileira, juntamente com seus apontamentos conceituais e 
teórico-metodológicos para a construção de uma análise da história do pensamento geográfico 
brasileiro. O autor disserta a respeito do avanço e das transformações que ocorreram no 
campo da Geografia brasileira, bem como também se remete a fase de institucionalização da 
Geografia, que coincide com os apontamentos de uma distinção entre a Geografia informal e a 
Geografia formal. Nessa direção, Moreira não exclui do contexto histórico da formação do 
pensamento geográfico brasileiro a importante contribuição desempenhada pela Geografia 
informal, onde prevalece sua principal característica, a interpretação dos elementos que 
compunham a paisagem através do método da descrição, ou seja, uma Geografia voltada 
principalmente para memorização, tendo como objetivo fundamental o fornecimento de 
conhecimento de caráter informativo. O autor aponta ainda, para a relevância de estudos 
relacionados à diferenciação dos lugares por meio da percepção dos fenômenos naturais e 
observações da natureza, inicialmente, protagonizadas pela Geografia informal. 
Moreira destaca ainda o surgimento e importância da Geografia formal no Brasil, que 
desponta com a implantação e consolidação da Geografia universitária e que consigo permite 
a criação dos institutos de pesquisa. Nesse período, ressaltam-se o aparecimento dos diversos 
campos de estudo dentro da Geografia, chamados pelo autor de especializações setoriais e é 
também nesse momento que se torna possível ressaltar o aparecimento de um saber orientado 
na teoria e na explicação metódica. A partir da obra, pode-se identificar que o processo 
colonizador trouxe consigo importantes contribuições para a concretização da Geografia 
brasileira, uma vez que, o início do pensamento geográfico brasileiro foi produzido durante 
esse período por intermédio de uma visão geral integrada de todos os elementos formadores 
da paisagem. 
O livro proporciona ampla análise sobre as origens discursivas nacionais e mundiais, 
contribuindo para elaboração de um diálogo no qual os diversos autores citados por Moreira, 
acabaram estabelecendo através de suas obras as matrizes da construção do pensamento 
geográfico brasileiro, as quais se encontram na base de pesquisas realizadas pela Geografia no 
Brasil. Uma estrutura de análise é perceptível no trabalho desenvolvido por Moreira, 
apontando, portanto, para algumas limitações, especialmente quando nos remetemos à 
Micheli Danzer 
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complexidade e impossibilidade de sistematização completa de todo o pensamento geográfico 
dos grandes clássicos da Geografia brasileira. 
Ruy Moreira, Geógrafo brasileiro, considerado um dos expoentes da Geografia Crítica. 
Sua formação caracteriza-se por possuir Graduação em Geografia (1970) e Mestrado (1984) 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de Doutorado em Geografia Humana pela 
Universidade de São Paulo (1994). Atualmente é professor aposentado do Departamento de 
Geografia da Universidade Federal Fluminense. O autor possui também pesquisas e obras 
publicadas que expressam sua ampla experiência em retratar as relações existentes nas 
transformações que ocorrem entre sociedade-natureza-espaço, com destaque na área da 
Epistemologia e (Re)estruturação dos espaços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha recebida em novembro de 2013 e aceita em janeiro de 2014

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