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Resenha Psicanálise – Prática

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Aluna: Catherine Silva da Cunha
Curso: Pós-Graduação em Psicanálise
Disciplina: Psicanálise – Prática
A Prática da Psicanálise
O prognostico, na medicina, designa um juízo antecipado sobre o curso de uma doença. É baseado no diagnostico, na possibilidade de tratamento e no estado do doente. Para ser realizado o prognostico, faz-se necessário o uso de dois tipos de saberes: o universal, que seria todo o saber clinico acumulado durante os anos sobre determinada doença, e o singular, que seria o conhecimento sobre aquele paciente especifico. Sabe-se que as doenças possuem evolução típica, porém não ocorrem do mesmo modo em todos os casos. As condições clinicas individuais influenciam de forma direta na apresentação dos sintomas, tornando assim cada caso um caso. Dessa forma a medicina busca descrever, classificar e explicar as doenças descobertas para assim facilitar o processo de prevenção e tratamento dos casos futuros. 
Na psiquiatria, os primeiros passos a serem tomados frente a doença confrontada são os mesmos, porém diferem na parte da execução, uma vez que os distúrbios mentais ou transtornos mentais não possuem base solidas como as doenças físicas. E é por conta disso que a todo momento há mudança em relação as formas de apresentação ou de tratamento de determinado transtorno, tornando assim mais difícil para o profissional desta área definir algo como certo. Aqui o prognostico não busca descobrir como a doença irá evoluir em si mesma, mas de que forma se dará sua evolução sob tratamento.
Na psicanalise, o termo prognostico é utilizado de forma mais discreta. Ele vem de forma implícita desde quando se discute as indicações da análise, as resistências e os critérios de cura. Fenichel relacionava o grau de dificuldade da analise ser realizada ao nível de profundidade da regressão patógena, sendo que quanto mais regredido, mais difícil. Seguindo este raciocínio, classificavam os quadros, indo do mais favorável ao menos favorável de obter sucesso na análise respectivamente, da seguinte forma: histerias, neuroses obsessivas, depressão neurótica, perturbação de caráter, perversões, adições, neuroses impulsivas, psicose, casos maníaco-depressivos e esquizofrenia. Apesar dessas classificações Fenichel fazia questão de deixar claro que haveriam exceções, onde poderiam haver casos de histeria mais difíceis que os de esquizofrenia. Por estas questões, faz-se de suma importância ponderar questões com a relação dinâmica geral entre as resistências e o desejo de restabelecimento, os benefícios secundários, o grau de flexibilidade de uma pessoa antes de ser traçado o prognostico.
Outros autores criaram listas que tinham como base a “força do ego”, onde sem a presença deste se torna impossível haver a psicanalise. É uma classificação sólida, baseada no escalonamento da patologia no eixo do desenvolvimento, em que os estádios freudianos são dispostos cronologicamente. Os sintomas são baseados em um ponto de fixação situado precisamente de uma forma cronológica. Eles devem conter a marca desse ponto de fixação. Porem estes mesmos autores afirmavam que as indicações de psicanálise não deveriam ser determinadas exclusivamente pelo prognóstico.
Nos anos 1950, Lacan substituiu a palavra “tratamento” por “experiência psicanalítica”, tirando assim a possibilidade de poder ou não ser indicado. A partir deste momento a demanda do sujeito em ir buscar a análise e o interesse gerado no psicanalista em atuar nessa demanda era o que criava as condições de análise. A recusa em atender um cliente não era mais vista como contraindicação. Agora, para haver analise se faz necessário apenas a existência de sintoma analítico, e que este cause sofrimento. Esses dois pontos são suficientes para gerar a transferência e assim fazer com que a experiencia se desenrole.
Outra questão muito importante é a fixação dos valores das sessões. Freud afirma que o dinheiro é objeto pulsional relacionado a fase anal e está muito envolvido em fatores sexuais, e por isso é necessário tratado de forma franca e sem hipocrisia. Freud também era contra tratamentos ofertados de forma gratuita, uma vez que isso faz aumentar a resistência do neurótico. Quando o assunto dinheiro é trazido para a análise não deve ser tratado unicamente como negócio, e sim como material a ser interpretado. Para Lacan, o gesto de pagar não se trata do negocio em si, mas sim do que o cliente deseja comprar, que seria um maior conhecimento sobre si mesma. Porém, esse desejo não é saciado, uma vez que o psicanalista não tem esse conhecimento para “vender”. Mas o fato de não existir não significa que não é importante. O fundamental a se pagar é o comprometimento com o preço da análise e, sobretudo, o responsabilizar-se por ela mesma.
A psicanalise não pode ser amansada. A negociação não pode existir, pois resultaria na sobreposição da realidade ao real, impossibilitaria a passagem ao registro da responsabilidade e o analista jamais poupa o analisante do encontro com o real. O valor cobrado numa análise é uma intervenção do analista, é o próprio manejo analítico, é o que possibilita que o símbolo alcance o real. Todo esse processo deve ser feito de forma precisa e segura pelo analista, portanto sua postura deve ser firme diante de todas as questões trazidas, inclusive o pagamento. Também é interessante a realização dos pagamentos por sessão, uma vez que isso torna o encontro com o Real constante.
A psicanálise existe para proporcionar uma vida qualificada ao sujeito, que envolve a ética, a felicidade e a singularidade de ser o que se é. Ela traz ao sujeito toda a responsabilidade do que acontece ao seu redor, fazendo com que ele tome as rédeas de sua vida. Tudo o que acontece é unicamente consequência de suas decisões, inclusive seu bem ou mal-estar. A partir do momento em que o sujeito toma consciência dessa responsabilidade é que ele começa a mudar.
Freud considerava que a psicanálise era como o jogo de xadrez, onde a abertura e o final seriam fundamentais. Através deste pensamento, seus discípulos chegaram a criar um manual a ser seguido, porém, nos tempos contemporâneos percebeu-se que não há necessidade de seguir formulas e sim analisar cada caso individualmente. A cena em que se dá a análise é importante, porém não fundamental. O que deve haver sempre, para o bom desenrolar de uma sessão, é o encontro entre analista e analisando. Encontro este onde há solidariedade e comunicação. Onde ocorre a transferência.
Apesar de Freud fazer uso do divã com seus pacientes, não recomendava tal ato para as primeiras sessões, uma vez que estas são fundamentais para determinar se o paciente tem condições ou não de seguir com o processo. Também existem casos onde o divã é contraindicado, como em casos de psicose. Esses pacientes não podem sofrer angustia e a presença invisível do psicanalista geraria este efeito. Há também a situação onde o psicanalista representa o resgate do objeto de desejo do paciente, trazendo à tona o inconsciente marcado pela falta desse objeto. Caso o analista saia de cena, no caso do uso do divã, perdesse essa importante ferramenta de manejo clinico. A presença do analista é, por assim dizer, um catalisador para que o paciente deixe de sofrer suas perdas e vá adiante.
Além das situações do setting, temos ainda as questões que o analista enfrenta ao querer utilizar as experiencias vivenciadas de forma a contribuir para a evolução da psicanalise. O ato de preparar um relato clínico já́ é uma interpretação analítica e, como tal, tem efeitos na condução da análise do paciente cujo caso é relatado. O caso clinico não existe antes de sua escrita, e esta exige toda uma preparação para poder acontecer. Primeiramente precisa-se estabelecer a aliança terapêutica para que haja a fala por parte do cliente, realizar o manejo de forma a obter material necessário para a construção do caso clinico, realizar a interpretação deste material, escolher de que ponto iniciar a narrativa e, ainda, podar as partes desnecessárias da história de forma a chegar aoleitor apenas o essencial para sua compreensão. Segundo Miller para realizar este feito é necessário adotar tanto a forma de intervenção nominalista quanto a estruturalista. Esse duplo posicionamento serve para garantir que os relatos do paciente sejam recebidos sem preconceitos ou classificações ao mesmo tempo em que procuramos encaixá-lo em sintomas ou estruturas.
Ao ingressar nesta nova modalidade, Freud acabou testando varias formas de escrita até chegar na oscilação entre o texto literário e o cientifico. Também percebeu o quanto se fazia necessária a participação de forma ativa do analista para se escrever um caso clinico, uma vez que é trabalho deste fazer a ressignificação do que é relatado de forma a dar sentido ao falar do paciente. Freud criou o que poderia ser chamado de formula para guiar sua escrita, que seguia os seguintes passos: pesquisar, onde ele observava, inquiria, formulava as hipóteses e as testava; construir a narrativa, onde construía a relevância do fato a ser narrado ao introduzir a narrativa por meio da argumentação que visava persuadir o leitor a seguir a narrativa, sempre respeitando seus aspectos estruturais canônicos; explicitar os métodos empregados para obter a verossimilhança da narrativa, criando marcações textuais que permitiam a construção de personagens, espaço e tempo claramente delimitadas, formulando assim um texto claro, cuja progressão textual é acessível a todos os leitores, inclusive aos não especialistas; e, por fim, argumentar de modo cientificamente valido, entremeava a narrativa com operações argumentativas para validar seu texto junto à comunidade interpretativa. Utilizando-se desta técnicas Freud conseguiu agregar à psicanalise casos clínicos extraordinários, servindo com referência de estudo para os profissionais da área até os dias atuais.

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